EntreContos

Detox Literário.

Dezembro (Gustavo Moura)

 

É difícil saber do que se trata quando alguém sorri ao longe, olhando, aparentemente, para ti. Decerto há um encontro nas feições de quem se admira, seja o recanto de saber aquilo que já sabe, ou um traço engraçado que se destaca em um rosto completamente desconhecido — e que agora não será mais esquecido. Ou, ainda, para o desespero do ego e a crença dos mais céticos, talvez não exista encontro nenhum, somente um olhar vago, sorrindo por um bobo devaneio. Bonifácio questionava-se qual desses motivos seria a causa da leve alegria da mulher no outro lado da rua da mesma forma que inquiria de sua língua quantas colheres de açúcar tinham mergulhado naquele café.

Decidiu crer que fosse apenas um devaneio da parte dela, provavelmente porque a vista de ninguém seria tão boa para distinguir um vulto em uma janela de uma casa mal iluminada. E o café tinha colheres demais. Pôs a xícara sobre a mesa de madeira e recostou-se na cadeira, fazendo um pequeno estralo que não soube dizer se vinha do encosto ou de sua própria coluna. Nesses momentos costumava suspirar e pensar “Nada na minha idade é fácil”. Refugiou sua vista no pedaço de céu ainda não coberto pelos prédios, mas não conseguiu parar de pensar em como as coisas não eram fáceis.

— O que farias se encontraste alguém que te cumprimentasse e tu sequer saberes de quem se trata, Jussara? — Indagou Bonifácio.

Jussara, a empregada doméstica do senhor Bonifácio, estava sentada logo atrás dele, no sofá. Ela tinha um pouco mais de quarenta, cabelos graciosos e loiros, corpulenta, com olhos frágeis e meigos. Era agradável olhar para ela, não pela beleza cravada na sua baixa estatura, porém, pelo ar que expirava que tornava tudo mais leve do que deveria ser. Poderia ter algumas rugas em seu rosto claro, ressaltadas quando estava cansada, mas que eram irrelevantes para todo o resto da composição. Até mesmo lembrava um pouco o jeito de ser da finada esposa de Bonifácio. Era uma mulher cuidadosa e que prestava atenção aos detalhes. E gostava de café doce.

— Apenas cumprimentaria e sorriria de volta, ora… — suspirou já sabendo que o seu patrão queria chegar a algum lugar. — Mas por que a perguntas, senhor?

Ambos haviam desenvolvido um hábito de tomar café juntos no final do expediente. Entretanto, hoje, Jussara estava apressada, pois tinha um compromisso com seu filho mais novo; o garoto insistiu muito para que sua mãe concordasse em ir a um encontro com seus colegas de escola, alegando, por meio de uma vaidade infantil que perdura até a vida adulta, que todos iriam e não queria ser o único a ficar de fora. De todo modo, não era muito longe de onde moravam, mas não sabia como estaria o transito naqueles dias de dezembro.

— Essa época do ano me incomoda, por tantos motivos quanto se possa imaginar. Um deles são as pessoas que me cumprimentam sem eu saber de quem se trata, parecem que zombam de mim por eu estar velho e minha memória não ser como antes.

Jussara virou seu rosto para Bonifácio. Ele não parecia tão velho quanto sempre resmungava que era. Seu cabelo era completamente grisalho, extremamente bem cuidado, barba sempre feita, sua barriga um pouco saliente e um rigor em relação a sua vestimenta. Quiçá os resmungos que ele proferia a cada instante o faziam se sentir mais velho.

— As pessoas se sentem mais solidárias nessa época do ano e acabam ficando mais comunicativas — retrucou Jussara.

— Solidárias?

— Sim, senhor.

— Não usaria essa palavra para descrevê-las. Passam o ano em rixas bobas com o nariz levantado e como num passe de mágica se tornam humildes por causa de um mês?

— Por causa de Cristo — corrigiu a mulher.

— Antes fosse.

Um breve e leve silêncio pairou sobre a sala. Jussara terminou seu café e ergueu-se, lembrando a seu patrão do compromisso com seu filho e que a roupa de Papai Noel estava sobre a cama.

— Jussara, obrigado por… — O aparelho celular de Bonifácio tocou e rapidamente ele atendeu. — Alô? Como assim? Em cima da hora? Vamos para o Central? Tudo bem… — ficou calado por dois minutos. — Certo.

Ao desligar o telefone, havia apenas ele na sala. Bem, o que viria em seguida, pensava, eram as pessoas estranhas e algumas crianças mal educadas. Todos animados em consumir coisas que vão durar menos que dois meses. Hipocrisia e consumismo exacerbado, ótima época do ano. Claro que havia alguns pequenos que desejavam algo mais altruísta ou inusitado, mas não eram dessas crianças que ele queria se queixar — ou agradecer. Bonifácio caminhou até seu quarto e olhou para seu uniforme de Papai Noel, que era exatamente igual e tão quente quanto ao de tantos outros Papais Noéis. Não demoraria em ficar pronto, gostava apenas de elaborar bem o encaixe da peruca e da barba falsa.

Esse era o primeiro ano em que Heitor passaria seu Natal com a família completa, então ele estava animado. Seus filhos não conheciam os avós nem os tios, ele havia mudado de estado há uma década e atualmente tinha esposa e crianças. Não conseguia ver a hora da troca de turno da portaria do condomínio para poder ir para casa e começar a fazer as malas. Por isso, quando ele viu aquela mulher baixa e tão receptiva, que, por algum motivo, o fazia lembrar-se da infância, não resistiu em contar tudo a ela.

— E tu, Jussara, o que vais fazer hoje? — questionou após receber as congratulações dela.

— Estou para indo casa, Heitor. Vou levar meu filho para ver o Papai Noel — respondeu animada. — Agora preciso ir, estou atrasada e boa sorte com a viagem — sorriu.

Bonifácio se olhava no espelho com toda aquela fantasia. Não conseguia se reconhecer, parecia realmente encarnar o velhinho do Polo Norte. Pelo menos, assim, sabia o porquê de ser cumprimentado na rua e eram poucos os que o reconheciam como o senhor Bonifácio — seus trejeitos deveriam ser bem distintos. De toda forma, ainda seria importunado.

Seu olhar escorregou vagarosamente até estagnar no retrato em cima da cômoda. Se Laura ainda estivesse viva, jamais permitiria que seu marido trabalhasse dessa maneira. Ela cuidava de tudo relacionado às festas de fim de ano e exigia que a família estivesse presente. Quero que sejamos mais felizes, dizia. Mas agora ele estava cansado de todas essas coisas; a forma como as pessoas se reuniam parecia tão individual que ninguém estava realmente unido. Sorrisos amarelos, acusações disfarçadas de gentileza, sussurros maldosos e olhares severos mascarados com os desejos de felicidades de boca para fora. Em que momento as pessoas se tornaram tão desprezíveis e mesquinhas? Ninguém era feliz mais. Laura jamais permitiria que… Bem, Laura já não estava mais aqui. Ele preferia se ocupar durante esses períodos de festa para não ter se encontrar com sua família. Talvez ele apenas sentisse muita a falta de sua esposa.

Na portaria, Heitor quis agradecer ao Papai Noel pelo presente de poder levar seus filhos para conhecer o lado paterno da família, alegando que tinha sido um bom garoto.

— Tu foste um menino mal, por isso vai se reunir com a família — retrucou Bonifácio, enquanto Heitor sorria pensando que aquilo havia sido uma piada.

Um pouco mais cedo, na ligação recebida, o contratante do senhor Bonifácio avisou que o local de apresentação tinha mudado. Agora ele iria para o shopping conhecido como Central por motivos indiferentes a ele. Na prática, isso somente alterava a distância que teria que percorrer até chegar ao seu trono de Papai Noel, lá seria a mesma coisa: quero brinquedos, brinquedos, brinquedos.

Teria sido realmente assim se uma criança não tivesse feito um pedido completamente diferente. Mas essa criança já tinha chamado a atenção de Bonifácio ainda na fila. A fila estava formidável, não era imensa, mas grande o bastante para que ele conseguisse ver perfeitamente uma mulher baixa de cabelos claros chegar com um garoto. Por um breve instante pensou ser Laura, entretanto, logo percebeu que se tratava de Jussara. E o garoto deveria ser o filho mais novo dela.

Bonifácio se deu conta que não sabia nada sobre ela. Não sabia o nome do menino, nem que ela morava perto do Central. Ou ela não morava? Nenhuma outra criança na fila parecia conhecer o filho dela e, pelo que ela havia dito, era um passeio com os colegas de escola.

Jussara olhou para o Papai Noel sorrindo. Bonifácio, na dúvida se ela estava realmente olhando para ele ou não, cumprimentou-a com um aceno de mão. Ela demorou um pouco, mas logo cumprimentou e sorriu de volta, sem parecer surpresa. Sabia que ele era o Papai Noel? Após isso, ela deixou o garoto sozinho na fila, sumindo na multidão.

O velho Noel ouviu uma dúzia de crianças antes de chegar a vez do filho de Jussara. Então ele perguntou qual era seu nome — hou hou hou.

— Meu nome é Otávio, Papai Noel — de perto, Otávio não parecia com sua mãe, tinha alguns traços que os assemelhavam, porém ele devia ser mais parecido com o pai. — Eu fui um bom menino esse ano! Tirei notas boas na escola e não deixei minha mãe chateada.

— Que bom, hou hou! Moras aqui perto, garotinho?

— Hmm, não sei. Acho que sim — crianças, pensou o velho.

— E o que queres ganhar de presente esse ano, hou hou?

— Eu quero que o patrão da minha mãe seja feliz! — disse sem hesitar.

Bonifácio ficou atônito. Seu coração de alguma forma parecia mais quente, batendo mais forte. Aquele desejo genuíno de uma criança que sequer o conhecia. Lembrou-se de Laura. Seus olhos pareciam marejados, mas não queria verificar e perder a compostura. Esses pequeninos possuíam um coração puro, afinal, cheio de altruísmo e solidariedade. A imagem de seus netos veio à mente. Talvez uma parte da família ainda pudesse ser salva de toda a hipocrisia dos adultos. Heitor tinha razão de estar contente. Demorou uns segundo para voltar a si e teve que fazer um pequeno esforço para não sair do personagem.

— Que coisa bonita de pedir, garotinho! Hou hou! Tenho certeza que nesse momento o patrão da sua mãe já está feliz.

— Sério? — questionou Otávio meio incrédulo.

— Sim, tenho certeza que sim!

— Ah, que bom! Minha mãe sempre diz que pessoas felizes se importam menos com dinheiro.

— Como assim? — Bonifácio dissipou um pouco a aura de Papai Noel.

— Se ele for feliz, vai dar um aumento para minha mãe, então ela vai poder comprar mais brinquedos para eu mostrar aos meus colegas! — Brinquedos.

O pedido não era tão altruísta quanto ele tinha suposto.  Já era tarde demais para qualquer um, todos estavam contaminados. E isso tinha sido uma farsa? Uma coincidência? Ela tinha reconhecido ele? Como Jussara saberia onde ele estava… O telefonema! Quando ele desligou, ela já não estava na sala, mas ele não viu quando ela saiu. Era quase surreal e tão confuso quanto.

Depois que ele dispensou Otávio, o menino sumiu na multidão também. Ele não conseguia parar de tentar compreender o que se sucedeu, hou hou. Decerto em uma coisa ele acreditava, apesar de tudo.

No dia seguinte, enquanto tomavam café no fim do expediente, Bonifácio contou para Jussara que era o Papai Noel do Central na noite anterior. Ela parecia um pouco surpresa e tentou balbuciar algo, porém foi interrompida.

— Teu filho, Otávio, pediu para o Papai Noel que eu fosse feliz — uma expressão radiante se esboçou no rosto de Jussara.

— E tu estás, senhor?

— Não.

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40 comentários em “Dezembro (Gustavo Moura)

  1. Gustavo Azure
    31 de março de 2019

    Obrigado pelo comentário, Ana. 🙂 Era comédia

  2. Ana Carolina Machado
    30 de março de 2019

    Oiiiii. Um conto que conta a história de seu Bonifácio que na época dos feriados de fim de ano trabalhava como papai Noel para se manter ocupado. Durante a narrativa ele reflete sobre as festas de fim de ano e como tem gente que é meio hipócrita nessa época, também reflete sobre a esposa Laura que se foi. Ele demonstra sentir muita falta dela. A rotina dele como papai Noel segue normal até que o filho da empregada chega querendo fazer um pedido para o papai Noel. A criança chamada Otávio pede para o papai noel que o patrão da mãe seja feliz. Em um primeiro momento parece ser uma atitude bonita e de amor. Seu Bonifácio até começa a ficar mais esperançoso, achando que ainda existe pessoas altruístas, mas no fim o menino apenas queria que o patrão ficasse mais feliz para que a mãe recebesse um aumento e ele mais brinquedos. No fim o senhor conta para a empregada Jussara sobre o pedido do filho e encerra dizendo que o pedido não se realizou. É bem interessante como o leitor assim como seu Bonifácio é levado a acreditar que o menino realmente estava pedindo aquilo por bondade, estilo aqueles filmes de época de Natal. Devido a isso é uma reviravolta divertida quando ele diz o real motivo e como no final das contas seu Bonifácio continuou achando o que sempre achou e como ele disse não estava feliz do mesmo jeito. Talvez se o menino tivesse deixado de fora a parte do porque do pedido a Jussara tivesse até ganhado um aumento e seu Bonifácio um novo animo para ser papai Noel. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Obrigado pelo comentário, Ana 🙂 Fico feliz que tenha gostado. Sim, se o garoto não tivesse sido tão sincero, talvez as coisas estariam melhor agora

  3. Gustavo Araujo
    27 de março de 2019

    Resumo: a história de Bonifácio e Jussara. patrão e empregada, durante o Natal. Bonifácio é um velho rabugento que se veste de Papai Noel e, por acaso, recebe Jussara e o filho para uma rápida visita; o menino faz um pedido que a princípio enternece o velho, mas que depois se mostra (o pedido) um tanto interesseiro.

    Impressões: o conto tem uma faceta interessante escondida por detrás da aparente singeleza, que é a critica social à festa mais popular do ocidente, voltada que se tornou para o aspecto material e comercial. Esse é o melhor aspecto do texto. Contudo, creio que a execução deixou um pouco a desejar. Primeiro, pela parte gramatical, com os erros de concordância, com o uso equivocado da segunda pessoa a certa altura, e com os plot holes (Heitor, por exemplo, é um personagem completamente dispensável nessa narrativa). Também não curti muito os diálogos. Achei-os um tanto teatrais. A boa notícia é que vejo um ótimo potencial no autor. Creio que com um pouco mais de experiência por aqui poderá alçar voos mais altos. Digo isso porque tratar de temas corriqueiros, abordando cenas urbanas, não é tão fácil e nesse sentido o conto se sobressaiu positivamente pela ousadia. Mas, como eu disse, a meu ver, há pontos a melhorar. De todo modo, parabéns e boa sorte no desafio.

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Obrigado pelo comentário 🙂 Fico honrado em saber que vê potencial em mim. Quanto a gramática, realmente me embolo um pouco quanto ao uso das pessoas e, às vezes, sem perceber, também troco os gêneros. Vou me concentrar mais nisso. O Heitor foi realmente um plot hole, usei ele para fazer o corte de cena e também mostrar um pouco a personalidade dos protagonista, reforçando a ideia de união e família no Natal. A crítica ao Natal usei como meio para criticar, também, o que conhecemos das outras pessoas, não quis deixar explícito se Jussara realmente queria manipular Bonifácio, quis deixar aberto a interpretações. Não sei se consegui, mas é isso. Vou me concentrar nas falhas apontados, obrigado pela sensibilidade

  4. Shay Soares
    27 de março de 2019

    Dezembro – Traz a história de Bonifácio, um idoso rabugento que trabalha como Papai Noel desde a morte de sua esposa.

    Consegui desenhar o personagem com facilidade, Jussara ajudou muito nessa construção. Particularmente, adorei os personagens do texto, até mesmo o ganancioso filho caçula. Consegui ter uma ideia de quem era Laura e da falta que ela fazia na vida de Bonifácio.

    Chego a me imaginar sendo a pessoa que cumprimenta um velhinho (simplesmente pelo fato de ser um idoso), mas nunca havia pensado que ele poderia ficar tão incomodado. Ele trabalhar como Papai Noel só deixou isso com mais graça rs

    Se eu tivesse que eleger algo que não me agradou eu diria que o encontro com Otávio pareceu faltar alguma coisa, que não sei bem o quê. Não o que aconteceu, mas como foi contado, talvez a sequência do que aconteceu ou as palavras escolhidas, sei lá, algo ali pareceu não estar sintonizado com o restante.

    Parabéns pelo texto 🙂

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Fico contente que tenha conseguido se aproximar tanto dos personagens, Shay! O que me chama mais atenção em narrativas são os personagens, tentei me esforçar em construí-los sem serem enfadonhos. A parte do Otávio eu tive que parar por um tempo para organiza-la melhor antes de continuar escrevendo, talvez por se tratar das últimas cenas, acabei me apressando para terminar e esqueci de algo no caminho. Obrigado pelo comentário, vou tentar escrever com mais calma e não deixar nada para trás 🙂

  5. Estela Goulart
    25 de março de 2019

    Resumo: Bonifácio é um senhor amargurado e triste. Todo mês de dezembro se veste de Papai Noel e alegra as crianças em algum lugar, no caso, o shopping. Reflete consigo sobre o capitalismo exacerbado, sobre a superficialidade humana. Encontra o filho da sua empregada, Jussara, numa dessas situações e o menino lhe faz um pedido bonito no início, para logo então se dar conta que todos também são superficiais por dinheiro.

    Comentários da história: no início, achei meio monótona. Mas no decorrer da história consegui assimilar e gostei da reflexão sobre o capitalismo de Bonifácio. Não sei a associação disso ao Certame de Fantasia ou Comédia.

    Comentários da narrativa: arrastada, mas você conseguiu manter bem ao longo da história.

    Comentários da gramática: confusa. Não que esteja errada a utilização da segunda pessoa do singular, mas alguns pontos é difícil compreender. Uma revisão pode ser boa nos próximos contos, mas nada que impeça a leitura.

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Obrigado pelo comentário, Estela! Fico feliz que tenha te fisgado um momento da história. Algumas outras pessoas comentaram sobre esse ponto da gramática, vou focar bastante nisso. Quanto ao tema, quis fazer comédia utilizando a ironia. Focarei nos pontos indicados para melhorar na próxima 🙂

  6. Elisa Ribeiro
    24 de março de 2019

    Bonifácio é um homem entrado na idade, amargo e ranzinza, que no Natal se fantasia de Papai Noel. Vive sozinho e tem como companhia eventual a empregada doméstica, Jussara, uma criatura aparentemente doce.

    Jussara se apressa em sair do trabalho para levar o filho a um encontro com colegas. Bonifácio é avisado de um compromisso inesperado como Papai Noel. Bonifácio reflete sobre a a falta de espírito natalino das pessoas em geral enquanto se apronta. Na verdade atua como Papai Noel para se ocupar durante o período de festas para evitar a nostalgia da esposa falecida.

    O compromisso de Jussara com o filho na verdade é levá-lo para ver o Papai Noel. Na fila do shopping, Bonifácio e Jussara trocam acenos embora não fique claro se Jussara o reconhece. Bonifácio a princípio julga que Otávio, o filho de Jussara, é um menino bom e emociona-se por o garoto desejar a felicidade do patrão de sua mãe, ou seja, ele próprio. Mas logo em seguida o menino diz que só quer que o patrão seja feliz para se tornar mais generoso e dar um aumento para a mãe.
    No dia seguinte, Bonifácio conta a Jussara que Otávio disse que desejava sua felicidade. Jussara fica toda feliz achando que vai ganhar um aumento, mas Bonifácio frustra sua expectativa.

    Uma comédia de enganos, parece-me, foi a intenção do autor. O enredo é engenhoso. O personagem Bonifácio, cuja melancolia se exteriorizada como ranzinzice e negatividade, me pareceu bem construído. Com relação à Jussara, se é que entendi bem o enredo, senti falta de um pouco mais de clareza na apresentação de seu caráter dissimulado.

    Um aspecto bem positivo é a construção do ambiente cotidiano dos personagens.

    Com relação à linguagem, achei bem estranha a construção usada na fala do personagem Bonifácio no seguinte trecho:
    “O que farias se encontraste alguém que te cumprimentasse e tu sequer
    saberes de quem se trata, Jussara? “

    Por se tratar de uma fala, fiquei na dúvida se o autor reproduziu alguma variação linguística regional que desconheço. De qualquer forma fica o registro do meu estranhamento.

    Desejo sucesso do desafio e em tudo mais. Abraço.

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Fico contente pelos elogios. Não deixei a dissimulação da Jussara aparente, porque quis deixar aberto a interpretações, se tudo foi um engano ou se ela estava manipulando o filho, talvez não tenha ficado claro. Algumas pessoas comentaram sobre a gramática, vou me atentar mais a isso. Grato pelo comentário, Elisa! 🙂

  7. Paulo Luís
    22 de março de 2019

    Olá, Hyzowda, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.

    Resumo: Um cidadão observa de sua janela um olhar absorto em busca de outro olhar. A partir de indagações passa a conjeturar sobre a época natalina e seu próprio modo de vida, enquanto se prepara para vestir seu personagem de Papai Noel. Quando ao atender crianças em um shopping depara-se com um pedido inusitado do filho de sua empregada.

    Gramática: Percebi alguns problemas de construção de frases, como: (“e tu sequer saberes de quem se trata”, “Mas por que a perguntas, senhor?”, “Estou para indo casa”). Mas acredito que uma revisão mais atenta se resolva.

    Tema/Enredo: O conto começa muito bem em seus dois primeiros parágrafos, quando parece enveredar para uma temática mais psicológica, mas logo descamba para triviais conflitos pessoais. Com uma trama meio confusa. Ao tratar ao mesmo tempo da memória da esposa falecida, depois com o personagem de nome Heitor, que não diz a que veio. Introdução do filho da empregada, meio sem sentido. Dificultando a compreensão do que exatamente o autor quis dizer. O enredo, ainda peca por alguns deslizes para fora do tema como nesta sentença; e uma construção que precisa ser revista. (Jussara estava apressada, pois tinha um compromisso com seu filho mais novo; o garoto insistiu muito para que sua mãe concordasse em ir a um encontro com seus colegas de escola, alegando, por meio de uma vaidade infantil que perdura até a vida adulta, que todos iriam e não queria ser o único a ficar de fora. De todo modo, não era muito longe de onde moravam, mas não sabia como estaria o transito naqueles dias de dezembro.) Ainda me deixou uma dúvida quanto ao tema: Fantasia ou Comédia? Não enxerguei indícios de ou de outro. O tema tem tudo para se fazer um bom conto. Mas com pouco mais de empenho em outros rumos, acredito eu.

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Obrigado pelo comentário, Paulo! 🙂 Vou levar todas críticas em consideração para engradecer minha escrita. Quanto ao tema, tentei fazer comédia com o uso da ironia, provavelmente fui muito ousado e perdi a mão. Fica para a próxima!

  8. Fernanda Caleffi Barbetta
    20 de março de 2019

    Resumo
    Bonifácio é um senhor que se veste de papai noel quando chega o mês de dezembro, mas não se sente feliz com esta atividade pois acredita que as pessoas só pensam em dinheiro e presentes na época natalina. Ele é um homem descrente e triste principalmente por causa da perda de sua esposa, Laura. Um dia, antes de se dirigir ao shopping para atuar novamente como o bom velhinho, Bonifácio conversa com Jussara, moça que arruma sua casa, como costumava fazer. Porém, naquele dia, Jussara está apressada para levar seu filho a um passeio com os amigos da escola. Antes de Jussara deixar a casa, o celular do Sr. Bonifacio toca e o avisam de que deveria ir para outro shopping, diferente daquele que haviam combinado anteriormente. Quando chega ao shopping, Bonifacio vê Jussara com uma criança, que julga ser seu filho. Quando o garoto se aproxima dele, faz o seu pedido: que o patrão de sua mãe fosse mais feliz. Naquele momento, Bonifácio fica emocionado e passa a crer que talvez as crianças ainda tivessem um bom coração. Mas o menino logo revela que deseja aquilo para que o patrão desse à mãe um aumento e ele ganhasse mais presentes. Quando encontra Jussara, Bonifácio conta o ocorrido a ela, que o questiona se o desejo do garoto foi realizado. O que ele nega.

    Comentário
    Gostei da crítica social no texto.
    Achei que o conto possui elementos demais, com muita informação e muitos conflitos em pouco espaço.
    Logo no primeiro parágrafo, como inicia o texto em primeira pessoa e depois altera para terceira pessoa, separaria estes dois casos em parágrafos diferentes, começando o segundo parágrafo em “Bonifácio questionava-se”.
    Algumas partes, julgo serem desnecessárias, como: o garoto insistiu muito para que sua mãe concordasse em ir a um encontro com seus colegas de escola, alegando, por meio de uma vaidade infantil que perdura até a vida adulta, que todos iriam e não queria ser o único a ficar de fora. De todo modo, não era muito longe de onde moravam, mas não sabia como estaria o transito naqueles dias de dezembro.
    O personagem Heitor entrou na história um pouco sem contexto. Acredito que seja desnecessário para a trama.
    A frase: “A fila estava formidável” me deixou um pouco confusa com relação à sua intenção com o uso deste advérbio.
    Em alguns momentos, o tempo verbal foi usado erroneamente: O que farias se encontraste (encontrasses) alguém que te cumprimentasse e tu sequer saberes (soubesses) de quem se trata (tratava).
    Travessões um pouco confusos e em excesso. Talvez se os colocasse em parágrafos distintos ficasse mais fácil a leitura. Exemplos: “— O aparelho celular de Bonifácio tocou e rapidamente ele atendeu. — Alô? Como assim? Em cima da hora? Vamos para o Central? Tudo bem… — ficou calado por dois minutos. — Certo”. “— Meu nome é Otávio, Papai Noel — de perto, Otávio não parecia com sua mãe, tinha alguns traços que os assemelhavam, porém ele devia ser mais parecido com o pai. — Eu fui um bom menino esse ano! Tirei notas boas na escola e não deixei minha mãe chateada.”
    Neste caso: “— Hmm, não sei. Acho que sim — crianças, pensou o velho”, no lugar de itálico, eu usaria aspas.
    O uso do aqui também está confuso porque dá a impressão de que o narrador está na história. “Bem, Laura já não estava mais aqui.”

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Obrigado pelo comentário dedicado, Fernanda! 🙂 Vou levar em consideração o que foi apontado para aprimorar minha escrita.

  9. Felipe Takashi
    18 de março de 2019

    Sinopse: Dezembro é uma época de festas, dentre as quais, a mais famosa com certeza é o Natal. Festa comemorada no mundo todo. Duas coisas comuns aos festejos natalinos é o consumismo e a busca dos valores, como a piedade e caridade. Bonifácio é um homem que irá ter ume experiência bem “peculiar” sobre o Natal.

    Comentário: Esse título tem um humo bem ácido, pois faz uma crítica justo ao Natal. Através de uma criança, o autor brinca com o materialismo humano. O autor parece ser português, pois escreve de modo formal, à moda lusitana.

    Lista de contos Felipe Takashi

    1º – A Dama Rubra
    2º- O Dia Em Que Acordei Morto
    3º – Betiron, um Reino
    4º- Os Dois Lados da Penteadeira
    5º- Dezembro
    6º – Sensitu
    7º- Uma Canção Para Nara
    8º – O Animalismo
    9º- Lúcia no Mundo das Coisas
    10º- Passageiro 3J
    11º- Apenas Um Dia Comum

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Felipe, eu sou made in Brazil mesmo 😉 Obrigado pelo comentário

  10. Cicero
    18 de março de 2019

    Bonifácio é um senhor que inicia sua narrativa questionando se recebeu um sorriso de uma desconhecida e se o café foi adoçado adequadamente. O senhor Bonifácio tem uma empregada doméstica de nome Jussara que pelo tempo em que trabalha com ele, já alcançou o status de amiga. É dezembro próximo ao Natal e Bonifácio faz um bico de Papai Noel. Diferente do bom velhinho, Bonifácio não é uma pessoa muito otimista, bem ao contrário é um sujeito amargo que não encontra muito motivos para sorrir. Durante a sua encenação do “Santa Claus” ele recebe um pedido inusitado de um menino, que por coincidência ou razão do destino, é o filho pequeno de Jussara. O moleque diz que deseja que o patrão de sua mãe seja um homem feliz, porque em assim sendo, ele seria mais desapegado ao dinheiro e com certeza daria um aumento a mãe dele em consequência resultaria na condição dele, o menino, receber mais presentes. De volta a casa, o velho é interrogado por Jussara sobre o seu dia e Bonifácio demonstra que os últimos acontecimentos não serviram para torná-lo menos azedo.

    Considerações: imagino que o autor nos propõe um texto cômico, anedótico… Para mim, é uma história mais melancólica que alegre e alguns pontos são ruidosos e de pouca verossimilhança… Mas, como dizia Pirandello, que se dane a coerência se a própria vida não é coerente. Se não disse exatamente isso foi algo parecido. Mas o ponto em questão é que a história a mim não convenceu, que o querido autor (a), não me deseje mal, está bem escrito e bem construída, o problema, talvez seja eu que não gosta de contos natalinos.

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Não se preocupe, Cicero, não vou te desejar mal, só não vou te desejar bem [brincadeira, ou não]. Também não gosto de histórias natalinas, ironicamente. Obrigado pelo comentário 🙂

  11. Michele barão crot
    10 de março de 2019

    O conto descreve um viúvo solitário que se esquiva do espírito de natal, inclusive do restante da família mas em contrapartida se disfarça de papai noel para ouvir crianças e seus pedidos.
    Torci pra que o personagem tivesse outro desfecho, afinal, núcleo e personagens não faltaram para isso.

    Leitura atraente, desenvoltura e português bem colocados.

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Obrigado pelos elogios, Michele! 🙂 Minha mãe queria que eu mudasse o final para que Bonifácio realmente se tornasse feliz, mas quebraria toda a estrutura que quis construir. Fico contente que tenha se atraído pela leitura

  12. Elisabeth Lorena Alves
    10 de março de 2019

    Dezembro…
    RESUMO
    O conto é uma reconstrução de algumas realidades humanas. Tem como pano de fundo um papai noel profissional, desiludido com os sentimentos familiares, que ocupa-se de entreter outros, sem ficar impressionado com as histórias que ouve das crianças. Nas semanas que antecede o Natal, o homem tem uma agradável surpresa, quando o filho da sua servente faz um pedido original: que o patrão da mãe seja feliz, entretanto, a satisfação é efêmera, já que a criança tem um interesse específico: quer que sua mãe lhe compre presentes melhores e condiciona isso à felicidade do patrão dessa.
    COMENTÁRIO
    Da perspectiva técnica, é um texto bem construído. O Conto tem um início entre o poético, e o reflexivo. O narrador mescla sua ironia com os sentimentos do personagem, construindo uma narrativa aparentemente linear. Narrador e personagem fundem-se no pessimismo, não há como dissociar um do outro e, para o Conto em questão, isso é fenomenal. De certa forma, apesar de o Conto não ter o final que eu esperava, ou principalmente por isso, causa certo impacto, é desconfortável. E por isso, muito bom.

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Agradeço a sua sensibilidade! Aparentemente, pelo que percebi, você mergulhou fundo no conto e se deixou ser conduzida. Gosto muito de usar esse “favoritismo” do narrador onisciente, principalmente mesclando-o com o interior dos personagens e não mostrando tudo que sabe. Fico contente que tenha gostado 🙂

      • Elisabeth Lorena Alves
        31 de março de 2019

        Grata…

  13. LUCIANO DO NASCIMENTO ALVES
    7 de março de 2019

    RESUMO:
    A história discorre sobre algumas reflexões de um senhor (Bonifácio) que costuma ser o Papai Noel em um shopping. Há um diálogo central entre ele e a empregada (Jussara). Conversam sobre alguns valores da vida, que são contraditórios em suas visões. Há um evento no shopping onde ele se encontra com o filho da empregada e é onde se percebe uma maior tensão no enredo. E caminha dali para o desfecho com algumas conclusões de Bonifácio.

    CONSIDERAÇÕES:
    Introdução muito bacana, descontraída. Bem estruturado. Podemos seguir a história sem perder o assunto. Finaliza com uma amarração de uma questão levantada no meio do discurso, interessante.
    Algumas falhas gramaticais certamente por conta de revisão. Uso de umas palavras que não me soaram bem no enredo (quiçá, finada, indagou) talvez porque envelheçam o texto, mas o ocorrido pareceu mais atual.

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Grato pelos elogios! Vou me atentar mais quanto às falhas. Obrigado pelo comentário 🙂

  14. Fabio Monteiro
    3 de março de 2019

    Resumo: O enredo sugere a relação fraternal entre o empregador Sr. Bonifácio e sua empregada Jussara. No texto uma mulher que se revela graciosa e bem cuidada. Ele, no entanto, um homem de idade que tem o hábito de se vestir de papai noel.
    Apesar da rotina criada entre ambos, o hábito de tomar café juntos, eles descobrem que não se conhecem tão bem assim. O acontecimento marcante acontecera quando Bonifácio vestido de papai noel reconhece o filho da empregada no shopping. Apesar da empregada e o garoto não reconhece-lo, ele decide testa-los. Quando pergunta ao garoto o que ele deseja de natal, o garoto responde que deseja a recuperação da saúde do patrão de sua mãe. O final parece chocar com o inicio do conto, deixando um questionamento se os acontecimentos ocorridos com a fala do menino são, de fato, sinceros.

    Considerações: Achei a narrativa muito envolvente. Confesso que me prendeu do inicio ao fim. Mudaria a ordem de algumas falas, mas, no contexto geral, gostei muito do conto. Fugiu um pouco a temática de fantasia.

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Tentei fazer um humor irônico, mais ácido. Talvez tenha arriscado demais, talvez não. Fico grato pelos elogios 🙂

  15. Cirineu Pereira
    3 de março de 2019

    Resumo
    A história de Bonifácio, um senhor solitário que, em Dezembro, costuma trabalhar fantasiado de Papai Noel. Coincidentemente, Jussara, empregada doméstica de Bonifácio, leva o filho para ver o Papai Noel no shopping em que Bonifácio está a se passar pelo bom velhinho, não sendo reconhecido pela empregada e o filho. O garoto inicialmente comove Bonifácio, pois seu desejo para Papai Noel é que o patrão da mãe seja feliz, mas se decepciona ao descobrir que as razões do menino não são nada altruístas.

    1. Aplicação do idioma
    1. “seja o recanto de saber aquilo que já sabe” 2. “O que farias se encontraste alguém que te cumprimentasse e tu sequer saberes de quem se trata…” 3. “Mas por que a perguntas, senhor?” 4. “Ele preferia se ocupar durante esses períodos de festa para não ter se encontrar com sua família”

    2. Técnica
    Há, na introdução, uma aparente tentativa de se abrir a narrativa com referência à prosa poética, mas que não atinge o efeito desejado (pelo leitor). Percebe-se, na narrativa, uma boa mescla entre fatos, meras ruminações e memórias do protagonista, porém, muito bem colocadas pelo narrador, inclusive com a inserção da onomatopeia que representa a gargalhada do Papai Noel. Neste texto específico, o autor demonstra ter noções sólidas de recursos literários, ainda que não seja possível perceber o quão consciente o próprio autor está sobre a aplicação desses recursos.

    3. Título
    Um título adequado, porém pouco incitante.

    4. Introdução
    Requer a releitura face à construção confusa, truncada.

    5. Enredo
    Um enredo cotidiano, com motivação comportamental, mas sem a devida profundidade. A trama é simples, concebendo à narrativa ares de crônica.

    6. Conflito
    O conflito é interessante, porém, talvez, devesse receber maior ênfase.

    7. Ritmo
    Em alguns pontos, a construção truncada, confusa e com erros de concordância, prejudica o ritmo. De qualquer forma, não se percebe alternâncias de ritmo relacionadas à trama.

    8. Clímax
    O clímax recebe pouca ênfase. A narrativa falha na valorização dos pontos altos do conto, de forma a não incitar ansiedade, contrariedade, surpresa ou quaisquer sentimentos mais fortes no leitor, o qual é absorvido mais pelas descrições estéticas, e dos fatos em si, que pelas reflexões, diálogos e estado emocional dos personagens.

    9. Personagens
    Os personagens são razoavelmente bem construídos, não obstante Jussara, a empregada doméstica surpreendentemente loira, pareceu-me um tanto misteriosa, senão mal explorada.

    10. Tempo
    O tempo é bem administrado. O autor consegue construir um conto cotidiano sem recorrer a longas regressões históricas sobre os personagens, demonstrando que não é necessário recorrer ao passado de cada personagem para atribuir-lhes um bom perfil psicológico.

    11. Espaço
    O autor mostrou-se hábil em ambientar o conto, sem recorrer a longas descrições, mas inserindo as informações pertinentes ao contexto juntamente com a narrativa dos fatos.

    12. Valor agregado
    Apesar dos propósitos não terem ficado totalmente claros, o conto remete à crítica social ao citar a solidão do viúvo senil que banca o Papai Noel tentando resgatar sua crença no ser humano e a empregada que tenta manipulá-lo.

    13. Adequação ao Tema
    Não foi possível encontrar referência aos subgêneros fantástico ou cômico propostos no concurso, ficando a impressão de que o autor interpretou a expressão “fantasia”, como tema ou mote para o enredo, ou seja, fantasia de Papai Noel.

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Obrigado pelo comentário bem dedicado! Vou analisar cada aspecto apontado para melhorar minha escrita. Eu tentei fazer um humor irônico e ácido. Falhei?
      Provavelmente. Mas é focar na próxima! 🙂

  16. Roque Aloisio Weschenfelder
    1 de março de 2019

    Bonifácio conversa com Jussara sua empregada. Ele, mais tarde, é o Papai Noel na escola em que estuda o filho de Jussara. Já é viúvo e gosta de reclamar com as dificuldades da sua idade – velhice, ou quase. Surpreende-se, enquanto sempre tem presente o espectro de Laura, a falecida esposa, quando Otávio, o filho de Jussara expressa seu desejo que é o de que o patrão de sua mãe seja feliz. Ele pensa e até diz para a empregada de que não é feliz, após a pergunta dela se ele era ou não.

    O conto têm algumas falhas na concordância, frases um pouco atrapalhadas e um tanto de descrições em demasia. A história narrada é mais ou menos clara, mas parece trocar nomes – Heitor – Bonifácio. Pelo menos não deixa explícito o que a troca significa.

  17. Vera Marta Reis.
    27 de fevereiro de 2019

    Resumo:
    Dezembro ( Hyzowda)

    Patrão e empregada tomam café todo final de expediente.
    Jussara se apressa a levar o filho num evento escolar.
    Falam da época do ano, tempo de hipocrisia e consumismo.
    Ligação sobre mudança de local de apresentação.
    Ao sair Bonifácio cumprimenta o porteiro Heitor.
    Lembra que Laura, não o deixaria trabalhar tanto.
    Vestido a rigor, na fila vê Jussara e o filho Otávio.
    O pedido ao papai Noel: Que patrão da mãe seja feliz.
    Entre emocionado e surpreso, ouve dizer.
    Feliz, ele daria aumento de salário e poderíamos comprar mais.
    A farsa descoberta, fim do altruísmo.

    Considerações.
    Achei bem interessante e adequado ao tema.
    No final humor sutil. O não do patrão para a pergunta sobre estar feliz.
    Frases marcantes. Natal tempo de hipocrisia e consumismo.

  18. Felipe Takashi
    20 de fevereiro de 2019

    Sinopse: Bonifácio é um homem que tem Jussara como empregada doméstica. No período natalino ele resolve se vestir de Papel Noel e se surpreende com o pedido de uma criança.

    Considerações: outro conto que fugiu as duas temáticas propostas, acredito que os autores não leram o edital do desafio literário. É uma pena, pois não posso julgar contos de fantasia ou humor quando não apresentam nenhuma dessas características.

    Nota: 2

    • Gustavo Azure
      31 de março de 2019

      Oi, Felipe! Obrigado pelo comentário. Eu li o edital inteiro, algumas partes mais de uma vez. Tentei fazer um humor menos óbvio, mais relacionado com a ironia e a acidez. Talvez não tenha sido bem sucedido, mas acredito que o humor é algo bem subjetivo. Também acredito que se o conto não foi desclassificado na primeira etapa, em algum dos dois temas ele se encaixa, até porque a inadequação ao tema é causa de desclassificação e isto está no edital 🙂

  19. Virgílio Gabriel
    19 de fevereiro de 2019

    Um senhor que trabalha muito e que perdeu a mulher, se preocupa com a sua idade avançada. Apesar do agitamento, ele se veste de papai noel para crianças. Sua empregada doméstica, que talvez soubesse disso, leva o filho para vê-lo vestido. A criança, a pedido da mãe, ou não, diz que o chefe dela (ele) tem que ser feliz, para dar um aumento à mãe (empregada doméstica dele). No outro dia, já na casa do Bonifácio, ao saber do contato to patrão com o filho, Jussara pergunta se este é feliz. E ele diz, de forma inteligente: – não.

    Bom, vou confessar que a comédia aqui está muito sutil. Completamente implícita. Sempre que começava a achar o conto engraçado, vinha um drama para cortar o clima. Se não fosse pela ultima palavra do conto, juraria que não é uma comédia.

    A história é bonitinha, e apesar de alguns erros gramaticais, não há nada de muito grave a apontar. Meu único desapontamento foi com a falta de comédia por quase todo o conto, só aparecendo realmente no final.

    Boa sorte!

  20. anasophyalinares
    19 de fevereiro de 2019

    Interessante. Bonifácio Gosta de Jussara, a trata respeitosamente. No entanto, ela comete um erro que muitos pais fazem: promete ao filho mais brinquedos se o patrão, Bonifácio, for feliz, pois ‘pessoas felizes se importam menos com o dinheiro’. A principio, com o pedido da criança, que seja feliz, Bonifácio se alegra, pois julga vir da inocência de uma criança. Quando ouve a explicação, fica desiludido. E, disposto a ser frontal com Jussara, lhe conta no dia seguinte que era ele o Papai Noel do Central na noite anterior. Jussara se atrapalha. Bonifácio lhe revela que o filho de Jussara, Otávio, lhe pedira que fosse feliz. Aí, Jussara questiona Bonifácio se está. Ao que Bonifácio, sabendo a razão porque o filho de Jussara queria que fosse feliz, lhe responde um rotundo não.
    Gostei da história, está bem escrita. Só não sei se é apenas de mim, mas não percebi se é comédia ou fantasia.
    Nota 2.

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Publicado às 17 de fevereiro de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 1, Série C-Final, Série C2 e marcado .
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