Solstício de inverno. Sentei-me próximo a lareira de minha casa. Afoito, receoso, ansioso como sempre. Uma sensação de tristeza profunda. Os dias não têm sido normais. Às vezes, sinto um exorbitante calafrio percorrer a espinha. A dor é forte, dilacerante. Sinto como se perdesse todas as minhas forças. Uma voz ecoa na minha cabeça.
— Não venha. Ela diz.
Dias frios são bizarros. Eu os odeio. Eles sempre me trazem a sensação de morte iminente. A inquietude do silêncio me deixa apreensivo, angustiado.
Venho carregando um fardo terrível. A dor de não conhecer meus verdadeiros pais e, a grande vontade curar a pessoa que mais amo neste mundo.
Minha mãe adotiva fora diagnosticada com câncer há alguns anos. Seu tratamento não está sendo nada eficaz. Quase sempre a presencio chorando. Em desespero por não saber o que fazer para se livrar desta apavorante doença.
— Maldita seja.
Não tenho mais palavras para confortá-la. Dentro de mim, não existe desespero maior que o medo de perdê-la.
Sou filho único. Uma pessoa cheia de sonhos e, claro, muitos defeitos. Meus pais não puderam ter filhos. Aliás, este fora um dos motivos pelo qual minha mãe desenvolveu o raro tipo de câncer que acomete sua vida. Ela tentou, foram numerosos os procedimentos, mas, nenhum pode permiti-la ser mãe de sangue. Fui adotado quando tinha apenas dois anos. Entregue em um lar onde mães que rejeitam seus filhos os deixam para adoção. Não era o meu caso. Até onde sei, minha mãe biológica me amava. Apesar de toda dificuldade sou uma pessoa afortunada. Fui acolhido por uma família de grande influência na cidade onde moramos. Proporcionalmente muito bem de vida.
Aos dezoito entrei para a universidade e, foi ai que tudo mudou. Meu pai era advogado. Minha mãe uma renomada médica esteticista. Segui os caminhos de meu pai e fui para o ramo advocatício.
Na época, parecia ser o melhor a fazer. Em pouco tempo me destaquei entre as turmas. Meus pais se orgulhavam.
No dia dezessete de dezembro do ano de 1986 perdi meu pai, em razão de um grave acidente automobilístico. Minha mãe não se conformou. Desde então, somos apenas eu e ela. Faltava pouco para me formar. Fiquei dois anos confinado, reservado na minha dor. Meus sofrimentos eram tantos e tão substanciais que, basicamente me exilei do mundo. Dediquei-me a arte, a escrita e, qualquer movimentação que me levasse à fantasia de mundos diferentes. Cinco anos mais tarde voltei aos estudos, me formei na escola de artes de Coimbra. Tornei-me uma pessoa completamente diferente de quando meu pai era vivo. Deixei a barba crescer, tatuei seu nome no meu peito junto à palavra fé. Fernando Lourenço, este fora o nome de meu pai. Ele deixou tudo que pode para mim. Casa, carro, bens materiais, uma vida absolutamente estável. Há pouco tempo encontrei uma carta sua me dizendo o que fazer caso ele partisse. Minha mãe a guardou sob seus cuidados. Nela, ele cita sua doença e fala da minha responsabilidade em cuidar dela. Seu amor por mim sempre fora tão grandioso que ele confiou a mim sua maior preciosidade em vida. Mesmo sem encontrar aquela carta eu sabia que esta era a minha missão em vida. Porém, eu a negava, profundamente. Não aprendi lidar com sua ausência.
A dor e a ansiedade sempre tomaram conta de mim. Meus pais nunca souberam do meu real mundo interior. Tentei negá-lo, tentei fingir que este não existia. Ledo e absurdo engano. Descobri recentemente que carrego comigo os estigmas de um passado que vêm passando de geração em geração.
— Você precisa me escutar. Esta voz me diz.
De fato, não há mais como negar sua presença. Ela faz parte de mim. Por causa de meu pai tornei-me uma pessoa muito inteligente, mas, ao mesmo tempo deveras, atrapalhado. Meu dom era o de me atrasar. Não importa o que eu fizesse e nem como o fizesse eu sempre me atrasava nos momentos mais importantes da vida. Foi assim na minha formatura, no meu primeiro encontro, no nascimento do filho do meu melhor amigo.
Maldito seja este dia. Maldito seja este início de tarde. Fria, gélida. Chega a congelar as minhas entranhas. Estive sozinho em casa por um longo período. Minha mãe não vai nada bem, encontra se hospitalizada. Eu, sequer imaginava que este pudesse ser o seu último dia de vida.
O telefone tocou inúmeras vezes. Mas, eu não o atendi. Ouvi a campainha tocar. Nada. Eu não me mexia. Foi como se estivesse cativo.
Senti minha alma sendo puxada para fora do meu corpo. Meu coração estava acelerado, meu corpo imobilizado. Eu queria, queria muito ter atendido a porta, mas, não conseguia.
Alguém gritou bem alto do lado de fora da casa.
— Pablo. Você esta ai? É urgente.
— Sua mãe já esta sendo velada.
— Velada? Eu me indaguei.
Meu Deus. Isso não. Isso não pode estar acontecendo comigo. De novo não.
— Como isto foi acontecer?
Nesta tarde, eu deveria ter ficado perto dela. Este deveria ter sido o meu último compromisso para com ela.
Acontece que, desta vez, exagerei, este não era um compromisso comum. Uma despedida, o irrevogável momento que a vida nos reserva para olhar quem amamos pela última vez. A dor e a saudade dilaceram tão logo recebemos a notícia da perda de alguém. Esses sentimentos trazem a tona lembranças de momentos que sabemos, não poderão mais voltar. Sem entender o que, de fato, acontecera, fui me refazendo.
Tomei um banho quente, fiz a barba, coloquei minha melhor roupa para vê-la, calcei meu melhor par de sapatos e borrifei algumas gotas do perfume doce que ela tanto gostava. Em meu rosto marcas do meu sofrimento. Olhos inchados depois de tantas lágrimas. Faltava pouco para que eu pudesse vê-la pela última vez.
A mulher que me acolheu em vida, a quem aprendi a chamar de mãe estava indo embora. Eu não podia acreditar. Não pude lidar com sua ausência.
Olhei no espelho e vi minha expressão de acabado. Não tinha dormido por duas noites seguidas preocupado com o estado de saúde dela. Infelizmente neste dia ela não suportou. Deus resolveu levá-la para junto de seu encontro. Resolvi que deveria me recolher alguns minutos, o suficiente para recuperar completamente as minhas forças e estar pronto para carrega lá.
Maldito fora este meu pensamento!
Assim que recostei minha cabeça na almofada perdi completamente a consciência. Acordei horas depois com o brilho da lua entrando pela janela.
— Deus, por favor, diga-me que ainda tenho tempo.
Não sabia o que fazer, sai correndo, não encontrava a chave do carro, tropecei na calçada, torci o tornozelo, tudo estava dando errado. Lembro-me de segurar alguma coisa.
— Eu só queria olhar para ela uma ultima vez!
Não tem jeito, não adianta mais gritar para o mundo a minha saudade. Provavelmente a enterraram sem mim.
— Por que eu tinha que ter esse dom detestável de me atrasar para tudo?
Assim que cheguei no cemitério encontrei os portões fechados. Não havia ninguém. Era meia noite. Os sinos da igreja badalavam as horas para anunciar o tamanho do meu desespero. Meu coração batia no ritmo daquele som fúnebre que só os sinos conseguem ecoar.
Eu não queria saber, simplesmente entrei. Pulei o muro do cemitério e fui ao encontro dela. Haviam muitas, muitas coroas sob o jazigo de nossa família. Permaneci ali pedindo perdão pelo meu atraso, pedindo a Deus uma chance de poder senti-la perto de mim uma vez mais.
— Mãe, “EU TE AMO”, não queria que fosse. Não queria ter dormido e não ter tido a chance de estar aqui para me despedir.
Comecei a ver sombras, vultos me cercavam naquele lugar tenebroso. Silhuetas de pessoas de todas as idades, idosos, crianças, adultos, homens e mulheres, imagens rústicas. O cheiro de morte era terrificante.
— Estou delirando?
— Devo ter enlouquecido com a perda.
Fui tocado no ombro por um velho que usava vestes brancas. Em seu pescoço havia um extenso cordão vermelho sangue e uma chave com o formato do infinito no cabo.
— Você quer vê lá? Perguntou-me o velho.
Olhei para ele fixamente. Eu não estava com medo, não estava assustado, não pensei em correr, nada, eu só queria mesmo poder ver a minha mãe.
— Sim, eu quero Senhor. Respondi imediatamente.
— Pegue!
— Segure a bem firme em suas mãos.
— Esta chave vai levar você até ela uma última vez.
— Você terá duas opções com esta chave. Entretanto! Deve escolher se quer vê lá uma vez mais no teu passado ou se deseja vê-la em seu futuro.
— A sua frente existe duas portas. Na traseira do túmulo de sua mãe, escolha uma delas e siga em frente, não pare, não olhe para trás ou tudo acabara. Este caminho não deve ser observado pelos homens.
— Quando chegar lá sua mãe o estará esperando e, você poderá ter a chance de se despedir.
— Mas, preciso alertá-lo! Por qualquer uma das portas que você entrar haverá um preço a ser pago. Não se pode invadir o passado, nem, tampouco, o futuro, sem que um preço seja cobrado por essa visita.
Rapidamente o agradeci, peguei a chave e sem pensar muito escolhi a porta do futuro. Precisava saber como minha mãe estaria depois de sua partida. Em minha mente só pensava que ela continuaria sua vida no reino dos céus e sua trajetória de luz permaneceria.
Quando entrei pela porta do futuro luzes brancas saíram de mim, comecei a sentir meu corpo pesado, a gravidade daquele estreito corredor fazia-me arrastar por entre os pequenos espaços cheios de terra e lama. Devo ter rastejado por horas naquele estreito local.
O velho me disse para não olhar pelos corredores adjacentes e, haviam muitos, muitos corredores que se ligavam ao que eu estava percorrendo.
Finalmente, pude ver uma porta feita de madeira de lei, um clarão saia por entre as suas lacunas. O corredor foi ficando maior e, por fim, pude-me reerguer. Assim que abri aquela porta me deparei com uma paisagem confusa. De um lado ilhas com labaredas de fogo, demônios, a terra queimava e ardia em brasas, chamas azuis, avermelhadas, em tons de amarelo ouro. Nunca imaginei nada igual. Em outros, ilhotas, árvores com diversos tipos de frutas, aves cantando, silhuetas de anjos. Eu estava entre um e outro mundo, sob um imenso penhasco, prestes a me jogar.
Minha mãe sentava-se embaixo de uma monstruosa árvore ressequida. Exuberante, ela usava um vestido marfim e, observava o mesmo horizonte que eu.
Lancei-me ao encontro dela. Desta vez nada poderia me impedir de abraça – lá uma última vez.
— Você veio meu filho.
— Sabia que você viria.
— Eu estou aqui mãe. Me perdoe.
— Mãe, eu sinto muito, me desculpe, não queria ter apagado, ter me atrasado na sua despedida. Eu te amo tanto mãe. Só queria agradecê-la por toda felicidade que você me deu.
— Ah, meu filho, minha vida toda foi por você, desde que te conheci ainda pequenino eu sabia que você era a minha luz e, agora você está aqui meu pequenino.
— Você esta lindo, esta muito bem meu filho. Exatamente como sempre quis ver você. Por favor, continue sua vida sendo sempre a melhor pessoa que conseguir ser. Nunca se esqueça das palavras e dos sonhos de sua mãe. Da alegria que deu a mim e a seu pai.
— Mas! Não temos tempo.
— Você precisa ir agora! Eu devo ser julgada muito em breve e seguir por um destes lugares que você vê.
— Mãe, por favor, não vá!
— Meu filho, vá agora, vá depressa, não olhe pra trás, siga pelo mesmo caminho de onde veio, aproxime se daquele local que o trouxe até aqui. Vá bem rápido.
— Eu achei que a veria no seu futuro mãe, que estaríamos bem. Não queria vê-la presa aqui aguardando um julgamento.
— Não se preocupe meu filho. Essa é a grande transição entre a vida e a morte. Daqui seguirei para um lugar melhor.
Olhei pra trás e vi anjos descendo, demônios se elevando. Que lugar assustador.
— Eu não vou deixá-la, não posso ir embora. O que está acontecendo?
Vir-me-ei por um instante e a porta desapareceu, uma janela surgiu. Uma variação no tempo permitiu-me ver meu próprio corpo caído sobre o túmulo de minha mãe. Havia pessoas me olhando, me puxando, tentando me acordar. Foi então que percebi que já era dia.
Muitas horas haviam se passado desde que entrei no futuro de minha mãe. Eu estava atrasado demais para voltar.
Aquela voz ecoou de longe. — Pablo, você deve voltar agora. Volte rápido, imagine a porta da saída uma vez mais.
Eu não segui, não imaginei porta alguma. Segui correndo para junto da minha mãe. Foi então que senti algo me atravessar com muita força. Aquilo rasgou o meu peito. Fui levado para bem longe, tragado para um lugar sujo e fétido. Olhei para os meus pés e vi meu corpo inerte ao chão. Eu estava todo ensanguentado com uma arma na mão. Através daquela imagem contemplei meu passado. Um passado presente, bem diante do meu futuro. Num instante tudo escureceu e, ela finalmente se manifestou.
A dama de negro. A fada que assoviou em meu ouvido os ventos da morte.
— Eu morri? Perguntei assustado.
— Seu tempo aqui se esgotou. Ela me disse.
— Eu o avisei para não vir até aqui.
— Esta voz? É a mesma que me abordou no momento em que eu repousava frente à lareira de meu pai. Não tenho dúvida. É ela. Isso me manteve cativo.
— O que você quer de mim?
— De você nada. Eu só precisava dela.
— Por que você se matou?
— Me matar?
—Entendo.
Dei-me conta do tamanho vazio que me destruirá. Tudo que vivenciei até então foram os resultados de minhas próprias decisões.
— Não há mais como chegar até onde eles estão. Suas escolhas o tiraram deste mundo. Esta é a maldição que carregam nossos antecessores. Mortem.
— Tentei alertá-lo. Mas, você não me ouviu.
Comecei a perceber os resultados de minhas ações. A morte não fora minha inimiga. Ela me avisara para não seguir por este caminho de trevas.
— Posso ver o seu rosto? Perguntei a ela.
— Non habeo faciem. Ela me respondeu deixando uma enorme alabarda cair de sua mão. A foice da deusa morte. Recolhi-a do chão.
Imediatamente ela se transformou na mulher mais linda que vi. Sem que percebesse, eu também tinha mudado. Tons escuros tornaram minhas vestes enegrecidas. Um capuz recobriu meu rosto.
— Gratias. Ela me disse.
Rapidamente percebi o que acabara de acontecer. Pude livrá-la de seu fardo. Assumi-lo, dando continuidade à missão que me fora passada pelos meus predecessores.
— Adeus. Eu me despedi. Ela seguiu sorrindo.
Não havia mais dor, tristeza, frio, nada. Eu me tornei um com aquele objeto enorme. A ceifadora de vidas que me tirou da pessoa que mais amei.
— Adeus minha mãe.
Tudo que me consola, é que pude me despedir.
Um século depois e ainda sigo com a minha missão. A longevidade terrena vem aumentando cada vez mais. Este se tornou o presente que pude oferecer a humanidade fazendo uso correto do maior dom que Deus me deu.
Olá, autor(a),
Tudo bem?
Resumo:
Em depressão, o personagem narra, em primeira pessoa, como a morte da mãe culminou no fato de ser ele, agora, a própria morte.
Meu ponto de vista:
O ponto alto desta narrativa, ao menos para mim, está na premissa. O(a) autor(a) conduz a trama com uma cadência quase melodramática, até culminar na revelação final e, de certa forma, conseguindo ganhar o leitor neste momento de clímax.
Pergunto-me, entretanto, se tal estratégia é um bom caminho para se conquistar um leitor. Aqui, claro, estamos todos em um desafio, no qual, de fato, nos propomos a ler tudo com atenção. Mas, e no “mundo real”? Terá o leitor paciência para ler toda uma trama, que, pode até soar meio clichê, a menos que ele siga até o final para descobrir que não?
Entenda, autor(a), esta não é uma crítica, mas sim, apenas uma reflexão de alguém que, assim como você, pretende aprender sempre, a fim de aprimorar sua escrita.
Então, fica o convite para o exercício da reflexão nesse sentido. Em que momento devemos ganhar nossos leitores para mantê-los conosco até o ótimo e surpreendente final? Até que ponto devemos segurar o segredo-clímax de nossa trama, sem com isso deixar que nosso leitor perca seu interesse? Devemos soltar algumas pistas durante o percurso, a fim de manter viva a chama da curiosidade?
Eu que sei? Nada. Apenas o(a) artista criador(a) sabe das escolhas que faz para a sua obra.
Parabéns por escrever.
Fique conosco nos próximos desafios. Garanto que por aqui se aprende muito.
Beijos
Paula Giannini
Um homem senta-se junto à lareira. Não conhece os pais e a mãe adoptiva tem cancro. Avisam-no que ela está sendo velada, ele vai despedir-se tendo de escolher ir ao passado ou ao futuro. Escolheu o futuro.
Depois da despedida encontrou uma dama de negro. Então percebeu a sua missão como um dom de Deus.
Conto bem escrito e com muita imaginação.
Resumo: O personagem principal conta ao longo do texto sobre sua vida e como foi perder seu pai e sua mãe. A morte de sua mãe em específico foi extremamente dolorosa para ele e o deixou traumatizado principalmente porque ele se atrasou para o enterro dela, só chegando ao cemitério quando o local já se encontrava fechado. Mesmo assim o personagem entra no cemitério e próximo ao jazigo de sua mãe encontra um velho que lhe oferece reencontrar sua mãe uma última vez, podendo escolher entre ir ao seu encontro no passado ou futuro. O personagem narrador escolhe ir para o futuro e encontra sua mãe em uma espécie de limbo ou purgatório, enquanto aguardava um julgamento que determinaria para onde seria encaminhada. O narrador precisa retornar mas na tentativa de fazê-lo termina por encontrar a própria morte personificada em uma figura feminina que lhe repassa o fardo de encarnar o papel da morte ao longo dos séculos..
Comentário: O conto possui uma narrativa superficial. Os acontecimentos do fim somente mantêm relação com o resto do texto por um único aspecto: a voz que o narrador ouvia de vez em quando. Tive a sensação de que o autor não se interessou em desenvolver corretamente o texto considerando que a conclusão é muito divergente do que vinha sendo contado. Acho que por causa disso mesmo, o final é confuso, com diálogos que em certas ocasiões deixam o leitor sem saber quem realmente está falando. Algumas questões me pareceram repetitivas como os constantes retornos à questão da doença da mãe. Não houve também aprofundamento dos personagens, nem mesmo do próprio narrador, são todos muito superficiais, sem profundidade. Sobre a mãe do narrador não sabemos quase nada, apenas que o adotou, lhe tratou bem e morreu de câncer. O constantes erros na escrita atrapalham em muito a leitura e a própria identidade do texto.
Forma: Em todo o texto há um claro problema no uso das crases já que foi deixada de lado quando tinha uso obrigatório, sugiro uma revisão bem criteriosa nesse aspecto.
O uso do tempo verbal no pretérito mais que perfeito também precisa ser revisado pois acredito que não foi corretamente utilizado em algumas passagens.
Algumas impropriedades:
“estar pronto para carrega lá” (carregá-la)
“Haviam muitas” (haver no sentido de existir não flexiona o verbo para o plural)
“Você quer vê lá” (vê-la)
“A sua frente existe duas portas” (À sua frente existem duas portas)
“por fim, pude-me reerguer” (pude me reerguer)
“sob um imenso penhasco” (“sobre um imenso penhasco” – sob é estar abaixo)
“abraça – lá” (abraçá-la)
“Vir-me-ei por um instante” (acho que o que se queria dizer é “virei-me por um instante”)
Oiiii. Um conto que conta a história de um rapaz que tinha o dom de sempre se atrasar e que pelo que entendi era filho da morte, tendo inclusive herdado isso dela no fim da história. Logo no começo é citado o fato dele não ter conhecido os pais verdadeiros e de sua mãe adotiva está doente. Logo depois ela vem a morrer e ele consegue se atrasar duas vezes: uma para a ver no hospital e outra para o velório. Mas consegue a ver no futuro dela, em outro mundo. E além de ver a mãe adotiva um pouco depois ele tem a chance de conhecer a sua mãe verdadeira e assumir o lugar dela. E pelo que entendi do dialógo que ele teve com ela desde o começo ela tentou lhe alertar para que não fosse, a voz no início era dela. Uma narrativa criativa e interessante, mas que em alguns momentos fiquei em dúvida sobre o que realmente ocorreu. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.
Um jovem cujos pais são adotivos conta sobre ambos e como foi sua vida com estudos, trabalho e uma peculiaridade que é a de ter o dom para se atrasar para as coisas importantes da vida. Cita a doença de sua mãe e como a dor o faz se sentir paralisado.
Acaba perdendo o velório da mãe e ao correr para o cemitério recebe uma chave que permite que ele entre por uma porta no passado ou futuro.
Ele faz sua escolha, vê a mãe pela última vez, desobedece a regra de não olhar para trás e encontra-se com a Morte.
No final, torna-se ele próprio a Morte.
Apesar de me envolver com a história e sentir pena da mãe e do pai do rapaz, não consegui me conectar com ele. Achei muito interessante a ideia de ter o dom pra se atrasar para tudo na vida, como isso fica evidenciado e é mostrado com outras implicações até o final do texto. Uma ideia bem criativa e simples que deixou a história muito interessante.
Achei coerente até a parte que ele desobedece a regra e olha para trás ao encontrar a mãe no futuro.
Desse ponto em diante acho que os acontecimentos e falas ficaram um pouco confusos para mim.
Gostei muito do desfecho, ele virou a Morte.
A DAMA DE NEGRO
RESUMO
Deprimido; doença da mãe adotiva e medo de ficar órfão novamente; porém, apesar de adotado se sente um privilegiado; perda do pai adotivo, o faz ter uma vida diferente, extrovertida; tem o sentido muito aguçado para com o além; perde a mãe adotiva e diante das circunstâncias fica imóvel; tenta recuperar o tempo, mas impossível; encontro com os espíritos e principalmente com aqueles que os dominam; diante da escolha no segundo plano espiritual tem dificuldades com o percurso escolhido; finalmente …o encontro com mãe, porém muito incerto. Um suicídio confuso? Uma confusão mental? Realidade ou o início de uma outra vida em um outro plano?
COMENTÁRIOS
O conto é bastante atraente e prende a atenção do leitor. Creio o autor ter o propósito de deixar o leitor intrigado com o enredo, isso foi muito bacana, porque dá asas à imaginação.
Entretanto, o desenrolar da prosa do indivíduo no conto com a outra pessoa, algumas vezes, não deixa claro sobre a prosa. Creio que a regra para com os travessões não foi seguida corretamente.
Porém, é um belo conto que prende a atenção do leitor.
10 – A dama de negro
Resumo; esta obra nos remete a paisagens europeias. Até parece que o conto se deu apenas no cemitério e a casa dele que fica bem à frente, ao relatar como eram os dias. Parecem sempre dias “feios”, sem graça, coisas típicas de quem vive nestas regiões.
A história é sobre um estilo de vida um tanto incomum, há muitas “viagens” além-terra. O modo como tudo aconteceu, o céu, inferno, julgamento. Muito bem escrito, parabéns.
Considerações; um estilo de arte que não sou muito bom para opinar, não leio estas obras. Contudo, o autor desenha no imaginário do leitor, muito bem o que quer passar.
A Dama de Negro
Resumo
Em um dia frio, o protagonista narrador se sente angustiado por não ter conhecido seus pais biológicos e por sua mãe adotiva estar enfrentando o câncer há alguns anos. Neste momento, ele ouve uma voz que o alerta para que ele não vá ao seu encontro. O fato de ter perdido o pai em um acidente de carro o fez se isolar do mundo e o transformou em uma pessoa diferente do que ele era antes de tal tragédia. Ele fala sobre uma espécie de mania que o faz se atrasar em compromissos importantes. E, justamente naquele dia angustiante, sua mãe morre e ele se atrasa para seu enterro. Ao chegar ao cemitério e encontrar os portões fechados, ele pula o muro, se deparando com um homem de roupas brancas que lhe oferece uma chave e duas opções de encontrar a mãe novamente, no passado ou no futuro. Ele escolhe o futuro e a encontra diante de dois mundos, um retratado como o céu e, o outro, o inferno. O filho pede perdão e a mãe diz que ele é a pessoa mais importante de sua vida. Prestes a ser julgada e enviada par um dos dois mundos, ela pede que o filho vá embora. Mas ao tentar retornar, ele não encontra a porta e tenta voltar para a mãe. Então, como forma de punição por ter desobedecido as regras, ele sente algo rasgar seu peito. Surge a dama negra, que ele descobre ser a fada que havia falado em seu ouvido anteriormente. Ela explica que as escolhas erradas do protagonista o levaram àquele lugar e que ela o havia alertado para que ele não seguisse o caminho de trevas. O protagonista pega a foice da dama negra e ela se transforma em uma linda mulher, como se ele a tivesse libertado. Ele ganha roupas escuras e um capuz, assumindo a missão de seus predecessores. Diz que está nessa missão há um século e que tem feito uso de seu dom para ajudar a humanidade.
Comentário
A dama de negro é um conto criativo. Não perdi o interesse na leitura até o final.
Em alguns momentos o conto ficou um pouco confuso. No final, ele é cobrado por suas escolhas erradas, pela opção pelo caminho das trevas, mas senti falta de trechos que explicitassem melhor essa escolha.
Algumas coisas ficaram sem explicação. Não entendi qual era a missão dele e qual era a maldição de seus antecessores. A relação dele com a dama de negro e o papel dela na história também não ficaram claros para mim.
Percebi alguns equívocos no uso do pronome, como nos casos: vê lá, abraça – lá, aproxime se, encontra se, carrega lá. pude-me reerguer e vir-me-ei.
Houve alguns casos de erro na colocação da vírgula, como em: ela usava um vestido marfim e, observava. Era a minha luz e, agora você está…
Acentuação como em a (no lugar de à) lareira. Saia, no lugar de saía. Você esta lindo, esta muito bem, faltando o acento agudo no está.
Equívoco no plural, como em Haviam muitas e existe duas portas.
Outro problema que encontrei foi com relação ao uso dos travessões. Acredito que em casos onde o narrador fala consigo mesmo, em pensamentos, poderiam ser utilizadas as aspas, deixando os travessões para os diálogos. Com relação aos diálogos, em alguns casos, a mesma pessoa fala duas vezes consecutivas e estas duas falas aparecem em parágrafos distintos, confundindo um pouco o entendimento.
Um drama familiar em que o personagem central passa pela perda dos pais naturais e adotivos. Seu atraso em estar presente no momento do falecimento da mãe adotiva, precipita o desfecho da trama.
Achei curioso esse personagem que tem no costume de se atrasar o defeito causador de seu infortúnio. Como sou uma atrasada contumaz, me identifiquei.
A fantasia aparece na forma de seres sobrenaturais e na figura da Dama Negra que dá nome ao conto.
Com relação ao estilo, notei certo excesso de adjetivos. Outra coisa que também me soou estranha foi o tom solene, um pouco antiquado, do narrador. Embora, se é que eu entendi o final do conto, o personagem narrador tenha mais de cem anos, a história é contemporânea (o conto cita que a morte do padrastro ocorreu em 1986). Para mim, esse narrador soaria mais adequado se usasse uma linguagem mais em acordo com a sua própria época. Como não sou muito leitora do gênero fantasia, entendo que talvez o tom solene seja uma convenção do gênero, nesse caso, desconsidere meu comentário.
Alguns probleminhas com a gramática, sobretudo no uso das formas pronominais dos verbos. (carrega lá ao invés de carregá-la; vê lá ao invés de vê-la; Vir-me-ei ao invés de virei-me). Outro probleminha é a paragrafação dos diálogos. Às vezes me confundi por você separar com parágrafo duas falas do mesmo personagem.
O que mais gostei no seu conto foi a descrição da sala onde a mãe do protagonista espera o seu julgamento.
Parabéns pela participação, amigx entrecontista! Um abraço.
Resumo: Pablo é um homem que tem o dom de se atrasar para tudo e ouve vozes. Quando sua mãe morre, ele não é capaz de vê-la a última vez e fica transtornado. Vai ao cemitério e encontra um homem, que lhe dá uma chave para encontrá-la em um mundo espiritual. Ele não aceita voltar. Encontra uma mulher, Dama de Negro, e esta o deixa em seu lugar.
Considerações da história: é um conto bem interessante, apesar de que tinham muitas ideias misturadas e, no final, não soube muito bem onde tudo foi parar. Pode ter sido erro de interpretação meu; caso for, peço desculpas. A ideia do mundo espiritual embaixo do cemitério foi um ótima jogada e aquele velho da chave pareceu bem macabro, foi realmente legal. Você poderia só ter desenvolvido mais e explicado melhor o “dom que Pablo tinha”.
Considerações da narrativa: fluiu bem no início, mas com muitas interrupções pelo excesso de pontos (ver mais em gramática). Você pareceu ter começado bem, mas no fim tive a sensação de que ansiava por acabar o conto logo. Tanto que, à medida que lia o texto me confundia ainda mais. Teve descrição demais em alguns momentos, faltou em outros ou simplesmente não consegui entender os diálogos. Novamente, peço desculpas se estiver errada. Ainda assim, a narrativa não me cansou e você foi simples. Um ponto positivo.
Considerações da gramática: seria boa uma revisão quando for escrever para o próximo certame. Reeditar alguns trechos, ajeitar um pouco; lembrando que não há problema com um ou dois erros, isso é natural quando a história é mais importante. Mas aqui não posso ignorar, porque foi um dos pontos que me deixou confusa.
A Dama de Negro.
Olá companheiro de jornada, tudo bom?
No começo o narrador mostrou um personagem extremamente depressivo, e narrou muito bem o que se passava em seu interior.
Depois começou a falar do câncer e do sofrimento da mãe. A seguir datou a morte do pai, após o fato se asfaltou do mundo por um tempo, apareceu mostrando ser uma pessoa diferente, tatuada, barbuda e que se dizia formada na faculdade de Coimbra, mas não definiu a profissão. Nesse ponto no meu ver, me pareceu que as mudanças do personagem eram apenas físicas. Ele continuava sentindo a mesma melancolia, mostrando estar em conflito interno como no começo do texto, notei certa contradição na explicação desse fato.
A localização e o tempo da trama não estavam bem descritas, não deu para saber bem onde e em que época o personagem estava.
No início da trama quando o personagem fala de si mesmo o texto flui bem, depois relata a doença da mãe, até aí tudo bem. Do meio para frente a narrativa perde força e mãe, o ser lhe das duas opções entre passado e futuro, que são explicadas muito rasamente. Entra num túnel, chega a uma espécie de purgatório que fica entre o céu e o inferno, a seguir falou com a mãe, nessa hora ele poderia ter criado um bom diálogo entre mãe e filho, mas ficou num assunto banal e sem relevância.
Enfim apareceu numa espécie de vale dos suicidas, sangrando; até que apareceu uma personagem nova: “A Dama de Negro”, que deixou cair a foice, depois se transformou numa figura com outra roupa. O personagem tomou o lugar dela, se transformando na figura de ceifador.
Tudo muito confuso e mal explicado.
Para finalizar, o personagem apareceu um tempo depois seguindo sua missão, e ainda deu de presente aos terrestres um aumento na sua longevidade.
Para concluir: me parece que tem três histórias diferentes dentro de uma mesma trama, mas que não foram bem amarradas, dificultando a vida de quem lê e deixando a trama desinteressante, tem erros de gramática e o narrador se perde na história.
Pontos positivos: o autor tem enorme criatividade, força para descrever seu mundo interior e escreve muito bem sobre ele.
Boa sorte