EntreContos

Detox Literário.

Entregar os Pontos (André Lima)

Como contar uma história de amor através de uma visão cosmológica? Houve uma história impressa no tempo, uma história que sua protagonista jurava fazer parte do mito criador da própria Terra, da própria existência.

Trata-se de uma menina que foi responsável pela criação do mundo em seu ato inicial: que haja luz era uma mera tradução de choro de recém-nascido; e de Lucas, um complexo primata simiiforme que ela conhecera aos sete anos de idade, na escola, e nutria uma paixão inelutável até os dias dessa narrativa, aos onze.

Como se apaixonara por Lucas? Ela saberia mais tarde que se tratava da alquimia das reações químicas de seu organismo. Mas essa paixão tinha uma peculiaridade: ela a machucava. Era dolorosa, intensa. A dor se traduzia em um latejo na cabeça, como uma enxaqueca que impiedosamente ia e vinha. Ela sentia essas dores principalmente na escola, quando o via, mas também sentia em casa com seus pais, ou no curso de inglês.

E sentia dores quando olhava para o monstro que habitava seu quarto. Sim, um ser mutante não-fecundador, único, que parecia ter surgido abiogenicamente. No início, Sabrina, a menina em questão, contemplava apenas uma massa de aminoácidos acima de seu guarda-roupas, mas logo esses aminoácidos se transformaram em um ser pluricelular. Ela não compreendia como tudo havia acontecido, mas o monstro se espalhou por todo o móvel. Era um ser intrigante e amedrontador. Era dual, pois tinha cor de lenha queimada, enquanto possuía raízes e galhos vivos que saíam de sua base e começavam a ocupar o quarto. A cabeça era deformada, lembrava um coração em putrefação, os braços (porque havia braços) eram assimétricos e cada mão possuía um número diferente de dedos. Analisando as bactérias que habitavam seu corpo, concluía-se que o monstro veio de planeta distante e chegou à Terra, ela acreditava, através de algum corpo celeste que entrou em contato com a atmosfera. Eram bactérias resistentes ao calor extremo.

O monstro que Sabrina via diariamente foi se expandindo ao ponto de suas raízes cobrirem a cama, a televisão, e os galhos tampavam as janelas. Ele finalmente abriu os olhos. Se revelou um ser consciente e disse que sabia seu nome, que era Doxa, mas não sabia quem de fato era e de onde veio, assim como nós, humanos. Mas Sabrina não acreditava. Ela tinha a intuição de que Doxa sabia muito mais, pois as conversas a cada noite eram muito instrutivas.

Ele revelava maravilhas da biologia. Contou-lhe até que seus leucócitos eram mini-naves espaciais e que cada célula de todo ser vivo, e isso incluía Lucas, carregava em si um projeto, um design, como se fossem verdadeiras deusas. Naquela semana, as dores de amor por Lucas haviam migrado de sua cabeça para especificamente seu olho direito, e ela se queixava enquanto dormia.

Sabrina confrontou Doxa em uma noite. Disse que sabia do conhecimento que o monstro ousava esconder. Pediu para que enfim lhe contasse seus mistérios. E ele decidiu mostrar, conectando o cérebro da menina em suas vísceras através de um cordão artificial que se assemelhava ao umbilical. E a menina vivenciou a experiência cosmológica. Em sua mente, ela percorria galáxias, cinturões, e finalmente atingia a atmosfera terrestre, com força, sentindo o calor colossal arder a pele, de modo que perdia por completo a consciência e os pelos do corpo. Ela entendeu que sua teoria estava correta, Doxa era mesmo um E.T.

— Quero saber mais – disse Sabrina.

Do alto de sua sabedoria clorofilática, ele respondeu:

— Revelo o que a madame quiser.

A menina pensou, os processos bioquímicos em sua cabeça rodavam as engrenagens.

— Quero saber a origem de tudo.

— Como você não sabe a origem de tudo? – perguntou Doxa. – O mundo se originou de uma grande explosão.

— O Big Bang?

— Muito mais poderosa que isso – o ser deformado se arrastava por todo o quarto enquanto sustentava uma expressão de reflexão. – O que os ditos sabidos dizem sobre o Big Bang é apenas uma explosão da explosão da explosão – e contou com os dedos para conferir o número exato. – O mundo, minha querida, se iniciou de dentro pra fora, com uma simples pedra, anterior ao Big Bang.

— Mas… Antes do Big Bang só existia o nada. Aliás, me disseram que é burrice perguntar o que havia antes

— Mas houve um antes. Houve uma coisa que sempre existiu. Uma coisa primeira. Sempre há uma primeira, querida e não, não foi o Big Bang – o monstro agora tocava o queixo com as pontas de seus dezenove dedos da mão direita. – Veja só, você foi a primeira filha de seus pais.

A menina desdenhou.

— Eu sou a única filha dos meus pais.

— Que é a única, nesse caso, senão a primeira? E logo mais haverá uma segunda. Ops, não sei se deveria te contar… Mas não se preocupe, há sempre uma mística que envolve a primeira. Assim como envolve a primeira pedra.

— Eu não compreendo como uma pedra pôde criar o mundo.

Doxa fez uma expressão de felicidade, erguendo suas antenas.

— E é por isso que eu trouxe uma surpresa. Um presente bem oportuno. Você entenderá o porquê.

O monstro tirou um pacote de uma de suas dobras do tórax. Ele o ofereceu, ainda em seu embrulho, para Sabrina. Ela o fitou por um instante e, no instante seguinte, aceitou. Desembrulhou e rasgou o pacote, revelando o presente de Doxa.

— Um… um olho? – perguntou enquanto fazia uma expressão mista de nojo e curiosidade.

— Não um simples olho, madame. Eu ouvi suas reclamações recentes, mas entenda, tudo não passa de uma grande coincidência. Eu já ia dar-lhe este olho.

— Para quê?

— Este é o Primeiro Olho. Sim, o primeiro olho formado pelas mutações genéticas da escala evolutiva. O primeiro. Provavelmente pertenceu a alguma criatura primitivíssima que nadava pelo fundo do mar. Quem sabe a algum réptil?

A menina se interessou pelo objeto e seu nível de excitação foi percebido pela voz.

— Que genial! Isso é belíssimo! Mas que utilidade tem?

— Você ainda não entendeu? O primeiro olho viu coisas que nenhum humano jamais viu. Imagine que a pedra hoje se encontra no magma terrestre, com seus sedimentos se espalhando somente até o núcleo externo… Mas antes ela era titânica, gigantesca, imponente como a maior coisa que poderia preencher a mente de quem a imaginasse. Quem tentasse imaginá-la apenas sentiria uma agonia imensa por não poder compreender suas dimensões. Você consegue elaborar o que aconteceu quando o primeiro olho viu a primeira pedra?

Ela queria compreender. Ela queria vê-la.

— Algo extraordinário – arriscou.

— Algo sublime, certamente. Algo que impressionou… E as impressões são marcas, correto? E você tem a chance de desvendá-las agora.

E ali, naquele quarto sem luz, cercada por raízes e galhos do monstro que o habitava, ela entendeu o que deveria se suceder. Doxa olhava o primeiro olho, e olhava também o olho de um número incontável, de uma ordem impossível de compreender, que habitava a cavidade ocular de Sabrina. Ela aceitou. Com um movimento bem sutil e demorado, Doxa arrancou o olho direito da menina. E ela sentia cortar, fio por fio, as ligações do seu corpo para com o globo ocular dolorido. Fazendo movimentos contrários, o monstro colocou o primeiro olho na cavidade ocular antes vazia. Fechou a pálpebra e tocou-a com os lábios de madeira. E disse:

— Está pronto, madame.

E ela o abriu. O primeiro olho mostrou os segredos do mundo e a menina os compreendeu. Viu a pedra, a origem. Sua magnitude era de fato assombrosa, suas dimensões indescritíveis, o temor que causava era esplêndido. Ela viu a maior coisa que já existiu, e essa coisa, a pedra, mostrou-lhe Lucas, a segunda maior. E Sabrina concebeu seu passado, assimilou seu futuro, acreditou entender a origem de tudo, desde a origem dos micróbios até a origem de suas dores de cabeça. E viu, com o primeiro olho – o artefato maior da sabedoria histórica – a composição hidrocarbônica de Lucas… E viu além disso… E o amou ainda mais, ainda mais dolorosamente.

O primeiro olho, que não a incomodava com dores como o olho anterior, dava-lhe a impressão de que seria capaz de adquirir qualquer sabedoria. Bastava apenas que fitasse seu objeto de estudo. Mas a excitação por ter conseguido tal artefato foi substituída por uma frustração que parecia ter atingido até mesmo seus pais. Se não sentia mais dores no olho e na cabeça, agora sentia em seu peito. Não, não era a saudade, não era o amor enjaulado que nutria por Lucas, era uma dor diferente e entristecedora. Nas semanas seguintes, ela já não queria mais sair de seu quarto, ir à escola ou passear com os pais. Naquele ambiente, com Doxa, era onde ela se sentia melhor.

Mas mesmo seu quarto agora estava envolto por uma névoa inusitada. As folhas de Doxa estavam murchando. Imaginou se não haveria uma falta de absorção de sol, se o sol não se fora como na estrambótica era glacial que o primeiro olho lhe mostrara.

— Não é a falta de sol, madame. É a fumaça. Meus estômatos já não conseguem respirar com tranquilidade.

E naquele ambiente cada vez mais inóspito, ela tossia e via Doxa definhar, mas ainda prestando uma boa companhia. Até a noite derradeira em que ele a comunicou:

— Minha estadia chegou ao fim, madame. Lamento, mas já não consigo respirar com facilidade.

Uma lágrima brotou do outro olho de Sabrina.

— Oh não, não chore. Só há uma pessoa que te fez chorar até agora e eu não quero me comparar a ela – o monstro a acariciou. – Eu me vou, mas ainda tenho um último presente.  Amanhã, às quatro horas da tarde. Oh, minha querida, você não perde por esperar.

E ele se foi. Suas raízes se contorceram e foram diminuindo gradativamente, assim como seus galhos. Seu corpo foi se consumindo, mas sua expressão inalterada. Era aquele mesmo rosto medonho, deformado, observando os olhos de Sabrina. Até que ele se resumiu a apenas uma folha, ali, caída no chão do quarto que agora se mostrava diferente para ela, com outros móveis, outra cor.

A noite demorou para passar. Ela dormiu apenas alguns minutos. Os picos de adrenalina liberados pela ansiedade a impediam de ter uma boa noite de sono. O dia também se arrastou. Nada a distraía, nem mesmo os palhaços que foram na parte da manhã tentar alegrá-la.

Às quatro da tarde, quando já não aguentava mais, ele entrou pela porta. Mal podia acreditar. Era Lucas vindo ao seu encontro. Ao encontro de um século totalmente vazio. Ele parou ao seu lado e depositou a flor na mesinha de cabeceira.

— O pessoal da escola vem amanhã, mas eu não poderia vir, então pedi para que meus pais me trouxessem. Como… Como você…

— Estou ótima agora. Você veio. Eu não acredito.

O menino olhou para os pés, embaraçado.

— Sei que não nos falávamos muito, mas sentimos sua falta na escola.

Ela umedeceu os lábios e tomou coragem.

— Você alguma vez soube?

O menino a contemplava.

— Alguma vez soube que sou apaixonada por você? – Sabrina fez a pergunta mais corajosa de sua vida.

Lucas coçou a cabeça demonstrando sinais de vergonha.

— Bem, já me falaram. Mas eu nunca tive certeza. Agora tenho.

A lágrima escorreu do olho esquerdo de Sabrina.

— Eu estou tão feia assim.

— Você… – Lucas sorriu. – Você está linda.

E o menino acariciou a cabeça careca de Sabrina. Um gesto que encheu-a de um sentimento jamais sentido por alguém, incompreensível. Ele beijou-a na testa e, ao vê-la fechando os olhos, conferiu se estava sendo visto para enfim tocar seus lábios nos dela. E ela o amou mais ainda.

Finalmente entregou os pontos. Finalmente perdeu. Depois disso, ela pôde, enfim, compreender verdadeiramente a função da Pedra Inicial. E entendeu que era ela quem olhava para o primeiro olho… Ah era ela… Que fariam seus pais, chorando ao apito impiedoso que as máquinas emitiam? As bactérias comeriam o primeiro olho e Sabrina veria, em seu próprio monumento, em sua própria pedra gravada com seu nome, as duas datas mais importantes da História: a criação e o fim do mundo.

86 comentários em “Entregar os Pontos (André Lima)

  1. Laura Brandão
    29 de junho de 2018

    Adorei!!

  2. Cirineu Pereira
    27 de abril de 2018

    Demorei a atinar com as figuras de linguagem e, a certa altura, precisei parar a leitura e reiniciá-la com outros olhos. Tudo muito apropriado, o monstro e a criança num universo lúdico, fantasioso. Porém, pergunto-me, qual público público esse conto almeja? Para o público infantil ou adolescente, ele é de certo complexo. Para o público adulto, ele é definitivamente ingênuo, possivelmente até um tanto piegas. Possivelmente atingiria a todos os públicos se se extraísse da estória o sentimentalismo exagerado (apelativo, ao meu ver) e se compensasse isso com considerações, ainda que indiretas, porém melhor elaborados,

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Muito obrigado pelo comentário, Cirineu. A ideia de experimentação de linguagem era justamente essa interseção. Uma narrativa de história de amor contada com uma linguagem de sci-fi, com algumas passagens lúdicas. Acho que nesse quesito não consegui passar muito bem minha ideia. O que é uma pena… Mas estou pronto para o próximo desafio.

      Abraços e, novamente, obrigado!

  3. M. A. Thompson
    27 de abril de 2018

    Olá autor(a).

    Seu conto foi um dos melhores que li, com uma narrativa muito bem construída em uma mistura de fantasia e realidade. O desfecho foi realmente inesperado e a própria escrita revela um(a) autor(a) habituada a tecer as mais saborosas linhas, para o nosso deleite.

    Por outro lado o experimentalismo passou longe, uma vez que a narrativa seguiu os padrões já esperados de personagem-trama e não trouxe algo que eu pudesse identificar como experimental.

    Boa sorte no desafio!

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Muito obrigado pelo comentário. De fato, minha estratégia de experimentação de linguagem não foi suficiente para a maioria dos avaliadores. Tomei como aprendizado e virei mais preparado para os próximos desafios.

      E muito obrigado por classificá-lo como “um dos melhores que li”. É uma verdadeira honra.

  4. Bianca Machado
    27 de abril de 2018

    Olá, autor/autora. Não me sinto em condições de fazer comentários muito técnicos dessa vez. Então tentei passar as minhas impressões de leitura, da forma como senti assim que a terminei. Desde já, parabenizo por ter participado!

    Então, vamos ao que interessa!
    ————————————————

    Seu texto foi o último que li, e eu sempre espero que as leituras terminem com um conto que me surpreenda, que me emocione, que tenha aquele gostinho de “valeu a pena”. Ao menos um desses três, se forem os três, então, é chave de ouro! O seu foi uma grata surpresa. Não imaginava tanta sensibilidade ao ver a imagem que ilustra o seu texto. No começo eu confesso que torci um pouco o nariz, mas aos poucos o texto me prendeu. Tive uma sensação igual à que tive ao ler “O Mundo de Sofia”, lá pelos 20 anos. Não que sejam parecidos, mas talvez a sensação causada. E parabéns pela forma como abordou a temática da doença da menina. Enfim, só elogios.

    Algumas coisas poderiam ser cortadas, revistas, mas esse é o normal de praticamente todos os contos. Mas o material para se trabalhar é muito bom. Parabéns!

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Muito obrigado pelo comentário, Bia. Agradeço demais pela referência. O Mundo de Sofia é uma obra inspiradora para qualquer escritor.

      Seu conto foi uma das maiores notas que dei no desafio. Simplesmente genial.

      Mais uma vez, obrigado!

  5. Ana Carolina Machado
    27 de abril de 2018

    Oiii. Achei o conto muito bem elaborado. Gostei muito mesmo de como a história foi narrada e achei muito criativa a reviravolta. Quando lemos o conto de novo percebemos que desde o começo tem dicas de qua menina estava doente, como por exemplo as dores de cabeça e depois no olho que ela sentia, o fato dela ter perdido um dos olhos e até mesmo o monstro que morava no quarto dela ter começado com um amontoado de células que é exatamente como começa o câncer e assim como o tumor o monstro tinha raízes que eram metáforas da capacidade da doença de se enraizar, fazendo até com que a menina perdesse um de seus olhos por causa da doença que deve ter se espalhado pro globo ocular dela. O final foi muito triste e aquele momento em que o et/monstro diz que está fraco por causa da fumaça pode ser uma referência ao tratamento que ao mesmo tempo que matava a doença enfraquecia a criança. Parabéns. Abraços

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Obrigado por essa leitura perfeita sobre a trama. Fico muito feliz que eu tenha conseguido me expressar da forma que queria! Agradeço demais pelo comentário!

  6. Amanda Dumani
    27 de abril de 2018

    Seu conto é cativante. Eu reli para colher todas as migalhas que você deixou no caminho só pra ter certeza que você amarrou o final muito bem desde o início. Ótimo uso de metáforas e alegorias, o texto transborda emoções mesmo que disfarçadas numa primeira leitura. Se posso apontar algo negativo é o pouco envolvimento no tema do desafio.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Obrigado pelo comentário, Amanda. De fato, acho que eu deveria ter experimentado um pouco mais. Mas muito obrigado pelos elogios!

  7. Sabrina Dalbelo
    26 de abril de 2018

    Olá,
    Um texto muito bonito que surpreende no final, com um desfecho bem criativo.
    Interessante as metáforas utilizadas… e a linguagem ajudou na fluidez da leitura.
    Além disso, sou suspeita né… queria que minha xará Sabrina se desse bem. Espero que tanto o que ela viu no começo, como no fim do mundo, tenham sido imagens e sensações agradáveis, porque ela merece.
    Parabéns, histórias de amor são sempre bem-vindas!

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Acredito que sua xará tenha se dado bem. Afinal, é preciso ter muita força para enfim entregar os pontos, não é?

      Foi a primeira vez que me arrisquei em escrever uma história de amor (Mesmo que dessa maneira maluca). Gostei da experiência. Vou produzir mais sobre! haha

      Obrigado pelo comentário!

  8. Daniel Reis
    26 de abril de 2018

    Taí mais um texto com forte pegada e que me surpreendeu. Acho que, apesar de ter desconfiado na metade do texto, não tinha certeza de que seria esse o desfecho – que considero certo ter ficado em aberto. Apenas reparo que o encontro dos dois no hospital fica um tanto artificial, mas justifica toda a história. Recomendaria reconstruir o diálogo. Excelente trabalho, parabéns!

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Olá Daniel! A ideia do diálogo era justamente contrastar o clima de sci-fi/filosofia com um diálogo mais lúdico, infantil, que remetesse a nós mesmos quando éramos crianças.

      Agradeço demais pela dica e pelos elogios!

  9. angst447
    24 de abril de 2018

    O conto conseguiu me surpreender de forma bem agradável. Pensei que se tratava de outro tipo de narrativa, algo que iria para o sobrenatural, o monstro sendo talvez uma metáfora de um inimigo, um pedófilo, sei lá. No entanto, era a doença, o tumor ganhando cada vez mais espaço e interferindo nas sensações da menina.
    O conto está muito bem escrito, com frases bem bacanas e um ritmo que facilita a leitura. Foi fácil seguir a narrativa fluída.
    A criação e o fim do mundo gravadas em uma pedra seriam a data de nascimento e a data de morte da Sabrina em uma lápide? Acho que foi isso.
    Lucas ter dado o beijo na menina foi meigo e me lembrou o príncipe beijando a bela adormecida para fazer com que despertasse. E Sabrina despertou, mas para outra realidade.
    Boa sorte!

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      A ideia inicial do conto era falar sobre egocentrismo. E mesmo depois que descartei a ideia e mudei o foco, ainda deixei um resquício na trama. A criação e o fim do mundo, tendo a perspectiva do nascimento e morte de um indivíduo, é uma referência a isso. E ficou muito feliz que você tenha percebido.

      Agradeço demais o seu comentário!

  10. Gustavo Aquino Dos Reis
    24 de abril de 2018

    A obra é de uma densidade impar.

    O drama é comovente e gera empatia no leitor. Em termos de escrita, temos um autor(a) competente e que traz consigo boas construções.

    Porém, infelizmente, o experimental aqui não brilha. Ou se brilha, é um brilho opaco.

    Eu amei o conto, mas, me atendo ao Desafio, ele não experimenta.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      É uma honra receber elogios de um dos gigantes do Entrecontos. E concordo, a minha estratégia de experimentar de forma sutil acabou não saindo como eu esperava. Obrigado pelo comentário!

  11. Amanda Gomez
    22 de abril de 2018

    Olá,

    Um conto bastante denso, muitas metáforas uma narrativa carregada de dramaticidade, o leitor fica perdido sem saber se trata-se de um conto de fantasia que permeia pelo inusitado ou algo que esteja apenas na imaginação do personagem. Fiquei esperando por essa resposta, a doença da menina foi uma surpresa… não sei se algo que combinasse com todos as cenas mirabolantes de início, mas que explica algumas coisas, ou pelo acho que sim.

    A questão do primeiro amor, colegial essas coisas destoa bastante da filosofia do conto em minha opinião,fica parecendo duas histórias diferente, mas a ‘’moral da história’’ o final, o arremate agrada, nos faz pensar, achei uma bonita analogia.

    Não é um conto muito fácil de ler, você tem que se deixar levar mesmo que o caminho pareça estranho. A questão do experimentalismo acredito que seja a forma científica como ele é narrado, biológica.

    Enfim, um bom trabalho, parabéns e boa sorte no desafio.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Fico feliz que tenha captado a essência do conto. É exatamente da forma que você descreveu. Eu queria deixar em aberto as interpretações, principalmente sobre a figura do personagem Doxa. Obrigado pela crítica!

  12. Renata Afonso
    22 de abril de 2018

    Oi, Átomo!
    Gostei do seu conto. A história da menina que tem câncer em estágio avançado, vive o primeiro amor, possui uma inteligência certamente muito desenvolvida, com abstrações e comparações que deixariam qualquer um pensativo, analisando o quanto de biologia e filosofia há na metáfora toda, da pedra, da primeira e última visão, a morte e a vida, tudo muito bem contado, bem escrito, li fácil,não fiquei voltando pra ler de novo e tentar entender, mesmo tendo uma boa complexidade. Parabéns, é um mérito.
    Seu conto é excelente e nem estou pensando se é ou não experimental.
    Sucesso!

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Fico muito feliz que tenha gostado da obra. Agradeço demais pela crítica!

  13. Andre Brizola
    21 de abril de 2018

    Salve, Átomo!

    Gostei muito do conto e de como ele sugere imagens razoavelmente impossíveis, o monstro, a pedra, o primeiro olho, todos elementos alheios à nossa realidade, mas que adquirem peso real em nosso pensamento durante a leitura.
    O enredo é bastante interessante e o paralelo da garota doente com câncer (assim presumo) com a chegada do monstro que se instala em seu quarto funciona muito bem. Também achei muito elegante a utilização do fato da garota estar careca para demonstrar a doença, sem ter que dizê-lo de fato. Toda a linguagem utilizada, aliás, é bastante elegante e sóbria. Não apela para sentimentalismo, mas não o descarta, também.
    Há algum experimentalismo no texto, acredito. Mas por esse prisma acredito que ele careceu de um pouco mais de ousadia. Não é uma falha, pois acho que o conto ficou bom do jeito que está. Mas talvez ele esteja um pouco deslocado nesse desafio.

    É isso! Boa sorte no desafio!

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Salve, xará. Após ler os comentários que recebi no conto, concordo integralmente que, em um outro desafio, provavelmente eu teria conseguido notas melhores. Mas já estou extremamente satisfeito, pois o nível foi altíssimo!
      Agradeço pelos elogios e pela crítica construtiva! Abraços!

  14. Jorge Santos
    21 de abril de 2018

    Tal como o título indica, temos de entregar os pontos ao ler este texto. Pessoalmente, costuma gostar da chamada Ficção Especulativa, a qual é o tema principal deste conto. A adequação ao tema do desafio é mais complicada de encontrar, tal como é complicado perceber o final do texto.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Prometo me esforçar mais no próximo desafio! Muito obrigado pela crítica!

  15. Rose Hahn
    20 de abril de 2018

    Caro Autor, alinhada com a proposta do desafio, estou “experimentando” uma forma diferente de tecer os comentários: concisa, objetiva, sem firulas, e seguindo os aspectos de avaliação de acordo com a técnica literária do “joelhaço” desenvolvida pelo meu conterrâneo, o Analista de Bagé:

    . Escrita: Singela;
    . Enredo: Tocante. perguntei-me por que raios os palhaços entraram na história, e daí quando entendi que a menina tinha câncer, arrancou-me um sorriso bucólico de canto de boca;
    . Adequação ao tema: É um conto, faltou o experimentalismo, mas ele é tão fofo…;
    . Emoção: Amor, leucócitos, galáxias, ET, tudo amarradinho, e o câncer no final.
    . Criatividade: Muita, Stephen Hawking ficaria orgulhoso.

    . Nota: Mais do que vc. imagina.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Fofo é o seu comentário! haha Muito obrigado pelos elogios!

  16. Priscila Pereira
    19 de abril de 2018

    Olá Átomo,
    Seu conto é de uma delicadeza tocante! Nunca vi um conto que tratasse desse tema de uma forma mais criativa, inteligente e eficiente. Eu amei! A Sabrina é esperta e interessante, com seu amor pré adolescente é conversas profundas com seu monstro. E eu gostei demais do Lucas, ele ( estando também apaixonado ou não) fez uma menina feliz no final da vida. Já sou fã dele!
    Ótimo conto! Parabéns e boa sorte!!

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Priscila, fiquei extremamente feliz com seu comentário, pois a intenção de experimentação de linguagem foi justamente essa: narrar uma história de amor de uma forma totalmente não-convencional. Fico feliz que minha proposta tenha funcionado para você!

      Muito obrigado pelo seu comentário!

  17. Mariana
    18 de abril de 2018

    O conto me arrancou uma lágrima. O seu grande mérito é tratar de um tema tão dolorido de uma forma tão bonita, sem a pieguice que implora emoção. O amor juvenil foi adorável também, mesmo. Como já colocaram, as passagens tem um clima Labirinto do Fauno, com uma fantasia meio maluca / meio melancólica. O experimental aqui não apareceu, mas nem senti falta dele. Parabéns por tamanha sensibilidade e boa sorte no desafio.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Fico extremamente feliz em saber que pude te emocionar com meu conto! Sentimento de dever cumprido.

      sade fucks kafka in the hellhole é uma verdadeira obra prima, um dos meus favoritos na competição! Portanto, fico lisonjeado com as palavras! Obrigado!

  18. Thata Pereira
    17 de abril de 2018

    É um conto experimental? Não sei dizer… talvez eu não esteja conseguindo captar a intenção do autor quanto ao experimentalismo. Bom, mas prometi que eu não ia me apegar a isso, por ser relativo, apesar do tema.

    Não tira o mérito do conto. Uma história amarrada 100%, bem conduzida, bem escrita e muito bonita, do começo ao fim. São muitos os detalhes do monstro, que fazem associação ao câncer, tantos que acho que devo até deixado alguns passar. Isso para mim é considerado uma boa história: eu não precisei voltar a ler porque não entendi, mas porque entendi e desejo voltar a ler para resgatar aquilo que posso ter deixado passar.

    E isso que achei que foi o ponto forte: apesar das metáforas (nesse caso é metáfora? Acho que sim), não ficou um texto cansativo ou confuso. Para um desafio como o Entre Contos, que temos que ler diversos contos de autores diferentes, acho essa simplicidade importante.

    Lindo conto.

    Boa sorte!!

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Thata, seu conto foi minha única nota 10 no desafio, eu o achei simplesmente genial! Já virei seu fã. Muito obrigado pela crítica!

  19. rsollberg
    16 de abril de 2018

    Fala. Átomo!

    O conto está muito bem escrito, uma pegada infanto-juvenil existencial, filosófica no melhor estilo “Mundo de Sofia”, porém com um visual que me lembrou esteticamente “Onde vivem os monstros” e “Labirinto de Fauno”.
    A história avança de modo ágil e seu arremate é triste, porém, belo. Ainda que o Universo não seja nosso próprio umbigo, é lógico que ele também é. Afinal, nossa perspectiva é essa, nascemos e morremos num mundo coletivo, mas através de nossa visão, ou seja, um mundo existe e continua apesar de nós, mas o nosso mundo começa e termina com a gente, Somos nosso próprio big bang e armagedom.
    Sabrina é bem construída, contudo, senti que Lucas poderia ser melhor esperado, justamente para criar maior empatia na derradeira cena.

    Apesar do conto ser muito competente, não consegui visualizar plenamente o “experimental”. É certo que o conteúdo tem algo de original, mas o desenvolvimento é ordinário.

    De qualquer modo, parabéns e boa sorte

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Obrigado pelas palavras! Foi estratégico esse afastamento do Lucas. Não queria que ele roubasse a cena da protagonista, então preferi mantê-lo como uma figura enigmática, distante, para, no fim, ele arrematar.

  20. Luís Amorim
    14 de abril de 2018

    Uma história muito bonita com diversas metáforas num enredo de amor mas com outros estados de alma como a angústia e diversos desapontamentos. Falhou no experimentalismo mas fez um belo conto.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Obrigado, Luís! Ficarei mais atendo no próximo desafio!

  21. Anderson Henrique
    12 de abril de 2018

    O conto me pareceu muito com o sete minutos depois da meia noite. A história é boa, mas ela é lenta e talvez peque pelo excesso. O primeiro parágrafo, por exemplo, é totalmente dispensável e faz parecer que o autor pede desculpas antes de entrar na história. Relendo o segundo, vejo-a também como dispensável. Corte e vá direto para “Como se apaixonou por Lucas?”. Pronto, tá aí um conflito, já na primeira frase. De qualquer forma, o conto é bom e as metáforas funcionam. Acho que é apenas o caso de enxugar um pouco. Apenas esbarrou no experimentalismo, mas dá para aceitar pela relação entre gênese e vida, morte e fim dos tempos. Parabéns.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Obrigado pela crítica, Anderson! Vou dar uma olhada em “Sete Minutos Depois da Meia Noite”, pois não conheço a referência!

  22. iolandinhapinheiro
    12 de abril de 2018

    Olá!

    Um conto que se utiliza de metáforas e filosofia para contar a história de uma menina com câncer. Doxa seria a doença que cria ramificações como o tumor que se espalha pela cabeça de Sabrina e pressiona seu olho. A pedra é o túmulo, e a origem e o fim do universo são os seus nascimento e morte.

    Sua história me remeteu ao filme Labirinto do Fauno e ao livro O Mundo de Sofia. Acho que Doxa apareceu para que a criança pudesse entender o que estava acontecendo com ela, e aceitar a própria morte.

    Até pensei que com o perecimento do Doxa a menina sobreviveria. Mas tudo já estava escrito.

    O grande mérito e também o grande problema do seu conto é tirar o leitor da sequência de um história comum e levá-lo a transitar por revelações, por um mundo interno e externo, que se enriquece e destaca este conto dos outros, também acaba deixando a leitura mais difícil, o texto prolixo, a atenção a beira de escapar pelos dedos.

    A sua escrita é muito elegante, e se vê que houve pesquisa ou conhecimento prévio de assuntos vários, o que me encanta. Todavia o pecado da falta de fluidez fez que o conto perdesse alguns pontinhos na minha avaliação.

    Parabéns pelo trabalho e sucesso no desafio.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Muito obrigado pela crítica! Adorei o adjetivo “elegante”, haha. Valeu pelo puxão de orelha. É tarefa difícil deixar um conto tão denso com uma fluidez melhor. Uma pena não ter conseguido nesse desafio!

  23. Catarina Cunha
    11 de abril de 2018

    Frase para se pensar por milênios: “Quem tentasse imaginá-la apenas sentiria uma agonia imensa por não poder compreender suas dimensões.”
    O conto é meio lento e prolixo. Mas não entreguei os pontos e fui até o fim pensando que algo deve acontecer além de toda essa densidade emocional científica. Só no último parágrafo pude admirar a trama; mas antes tarde do que nunca. Foi uma grata surpresa.
    O estilo em si não me agradou pela forma padronizada da escrita, sendo experimental apenas a subjetividade metafórica da trama.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Muito obrigado pela crítica, Catarina! Vou tentar tornar os próximos contos mais atrativos em todas as fases. Obrigado pelo puxão de orelha! haha

  24. Luis Guilherme Banzi Florido
    8 de abril de 2018

    Boa tarrrde! Tudo bem?

    Olha, sendo totalmentr sincero, eu nao tava gostando do conto, ate chegar ao desfecho, que é muito bom!

    Achei que o conto ficou muito cansativo, e em determinado momento eu queria terminar logo. Mas como disse, o final muda tudo. Finalmente compreendi as metaforas, que ate entao eram apenas uma confusao na minha cabeça.

    Quando entendi, achei bem bonito! Doença, ainda mais infantil, é sempre um tema tocante, e voce explorou bem. Foi muito triste saber que, tao nova, chegava ao fim de sua vida. Mas, ao menos, experimentou o amor antes de partir, nao é? Afinal, acho que nao é a extensao da vida que define seu valor, mas sim como vivemos cada instante.

    Parabens e boa sorte!

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Fico feliz que tenha resistido até o final! hahaha Obrigado pelas críticas construtivas. Vou avaliar para, num momento futuro, tentar tornar o texto mais atrativo em todas as fases!

      Muito obrigado!

  25. Ana Maria Monteiro
    6 de abril de 2018

    Olá, Átomo. Saltei a ordem dos comentários quando passei pelo seu conto. Isso não sucedeu por acaso. Eu não queria comentar este conto. Decidi até, na altura, que continuaria e se encontrasse mais de três contos que não quisesse mesmo comentar, aceitaria ser desclassificada e não os comentaria. Mas não encontrei mais nenhum e estamos a poucas horas do término do prazo de envio. Então, tenho de comentar.
    Você escreve muito bem, muito melhor que eu. Gostei imenso do que li se não juntar tudo e quiser dar-lhe nexo. Mas se procuro este último,não o encontro. Afinal o que é o monstro? ou quem? a doença? a imaginação da menina? vive dentro do seu corpo? ou fora dele e no seu quarto? Por muito bem escrito que esteja, por mais que pretenda entregar ao leitor uma interpretação, por mais que seja figurado, tudo o que se prende com essa figura serviu para me confundir. Um conto que seria lindíssimo se esse monstro fosse um amigo imaginário (poderia deixar aberta a porta da fantasia para uma presença protectora e imaterial), mas que representando simultaneamente a doença que acontece dentro do corpo da menina, não me faz o menor sentido.
    A escrita é primorosa, a arte de escrever está presente, o conto é lindíssimo, mas, para mim, esse Doxa ubíquo e de duas caras estragou tudo.
    Desta vez fui até ler os comentários e vejo que a generalidade dos colegas gostou muito, mas no que toca ao Doxa, aceitaram mas também não compreenderam.
    Pode ser burrice minha, mas se está confuso não digiro bem.
    E custa-me muito fazer este comentário a alguém que escreve tão bem. Mas repare, não é nada contra o autor/escritor, é antes a manifestação sincera de alguém que não gosta de se deparar com este tipo de construção na leitura.
    Mas a qualidade da sua escrita é excelente e merece os parabéns e boa sorte no desafio.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Foi a primeira vez que li um conto seu no desafio e já virei fã. Foi um dos contos preferidos no desafio, portanto, discordo veementemente da frase “você escreve muito bem, muito melhor que eu”! haha

      Então, Ana, a ideia era justamente essa confusão, foi a parte experimental do meu texto! Queria contar uma história de amor com uma linguagem totalmente diferente do que é contado, mais chegada à ficção científica. Por isso deixei muitas coisas em aberto! Queria dar margem a quem interpretaria tudo de uma forma metafórica, mas também queria deixar para quem quisesse ver que Doxa era de fato um monstro alienígena que vivia no quarto da protagonista (A versão que mais gosto, inclusive).

      Mas concordo totalmente com você, acho que essa confusão toda não foi a estratégia adequada para esse desafio, pois perdi muitos pontos nesse quesito (Tema).

      Agradeço DEMAIS as palavras!

      • Ana Maria Pires Monteiro
        28 de abril de 2018

        André, continuo a discordar da si. Creio que o seu conto foi o único cuja primeira frase me fascinou instantaneamente. Você escreve de fazer inveja a qualquer um. Não fosse a confusão dada por esse Doxa e teria sido um 10 garantido. Agradeço as suas palavras aqui e também o seu comentário ao meu conto. Babei. Um abraço.

  26. Rubem Cabral
    3 de abril de 2018

    Olá, Átomo.

    Achei um conto muito bom. Foram bem criativas as ideias apresentadas: câncer vs. monstro, criação do universo e fim do mesmo: nascimento e morte de Sabrina, dor do amor vs dor física, etc. Gostei dos conceitos citados, do primeiro olho, da pedra que existia antes da existência.

    Penso somente que houve pouco experimentalismo: o conto é mais uma metáfora ou versão fantasiosa de fatos. Namora com certo surrealismo, mas ainda é um texto que segue um padrão quase clássico, inclusive com um plot-twist ao final.

    Abraços e boa sorte no desafio.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Pois é, Rubem, a ideia era narrar uma história de amor utilizando um tipo de linguagem diferente, com um climão de ficção científica… Pensei que seria suficiente essa experimentação de linguagem. Mas serviu de aprendizado para o próximo desafio, haha. Obrigado pelas palavras!

  27. werneck2017
    2 de abril de 2018

    Olá, Átomo.

    O belo conto é uma grande analogia à nossa passagem existencial com tudo a que se tem direito: o primeiro amor, a doença, a descoberta, a morte. Tudo visto sob uma perspectiva cosmológica muito bem redigida com riqueza vocabular adequada ao contexto cosmogônico onde se especula sobre a existência do cosmos ou de seres sencientes. Daí que a palavra grega ‘doxa’ é bem empregada, significando um conjunto de juízos que uma sociedade elabora em um determinado momento histórico julgando tratar-se de verdade óbvia, mas que para a filosofia não passa de crença ingênua a ser superada para a obtenção do verdadeiro conhecimento.

    O amigo doxa não é o ET parceiro, mas a doença companheira que definha ao mesmo tempo que faz a menina definhar pois dela se alimenta.

    Se o texto é experimental? Não saberia responder. Talvez quanto ao conteúdo. Talvez. Mas diante de tanta beleza, isso nem mais importa, não é mesmo? Parabéns pelo texto.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Obrigado demais por comentar! Fico feliz que tenha gostado tanto do trabalho. Pelo seu nick, não consegui perceber quem é e qual conto escreveu para poder dar nome e sobrenome a quem agradeço, haha. Mas saiba que fiquei muito grato mesmo pelo comentário!

  28. Paula Giannini
    30 de março de 2018

    Olá, autor(a),

    Tudo bem?

    Agora desanimei… Escrevi quase um tratado sobre o seu conto e o wordpress travou…

    Seu conto me arrebatou. Lindo no que toca a literatura. Lindo na construção da trama.

    Um texto escrito em terceira pessoa onisciente, um daqueles trabalhos que lança o leitor direto para dentro da cabeça da protagonista. Assim, na dor cósmica do amor e da morte, não sabemos se é a menina a narrar em um tom quase épico tudo o quanto vive, suas emoções à flor da pele, suas dores (físicas, da alma, do coração). Ou, se quem nos fala é o monstro, a doença, a dor encarnada em inimiga e companheira, o que, no final das contas, também seria ela, menina, a nos traduzir sua história e a dualidade de viver tudo pela primeira e última vez a um só tempo.

    Um trabalho incrível do qual eu poderia ficar falando por horas. Dissecando cada camada, cada momento de puro lirismo, cada instante em que o(a) autor(a) lança seu leitor, mesmo em uma história simples, às grandes questões da humanidade. Creio, entretanto, que isso não se faça necessário. Quando a força do trabalho nos arrebata, o melhor é nos deixar sentir e saborear aquilo que as palavras calaram em nós.

    Parabéns!

    Sucesso no desafio.

    Beijos
    Paula Giannini

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Hahaha não desanime pelo tratado que o wordpress jogou fora, pois seu comentário já foi perfeito para mim do jeito que veio! Eu agradeço demais a crítica inspiradora!

      E parabéns pelo pódio mais que merecido!

  29. Matheus Pacheco
    23 de março de 2018

    Que bonito, o monstro que visitava Sabrina me fez lembrar muito de “O labirinto do Fauno” e “3 minutos depois da meia noite”? não sei se esse era o nome do filme, mas os conselhos de uma criatura abiotica para uma menina doente sempre serão bem vindo…
    Adorei o conto justamente por esse sentimento de “esperança” e a mescla da biologia.
    Abração ao escritor

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Obrigado, Matheus! Fico feliz pela referência, pois adoro o filme O Labirinto do Fauno. Obrigado pelo comentário!

  30. Ricardo Gnecco Falco
    23 de março de 2018

    PONTOS POSITIVOS = Uma história muito bonita e tocante. As metáforas desenvolvidas com maestria e levadas até bem perto do finzinho trazem uma carga dramática sem resvalar para o piegas. A doença, a angústia, as memórias, anseios, dores e amores — e até mesmo a morte — são apresentadas de forma poética e reflexiva, trazendo ao texto uma qualidade e brilho característicos de uma grande obra. Parabéns!

    PONTOS NEGATIVOS = A falta de um experimentalismo mais “fora da caixinha”. O(a) autor(a) demonstrou ser capaz, caso “ousasse ousar” mais, de trazer para este Desafio um trabalho que atendesse (ao meu ver, é claro) ao tema proposto; o que — infelizmente — não ocorreu aqui.

    IMPRESÕES PESSOAIS = O(a) autor(a) contou uma boa e tocante história; fato. Mas, pareceu-me mais preocupado(a) em contar (muito bem contada, diga-se de passagem) a sua história de seu modo do que contar a sua história do modo que lhe foi proposto pelo Desafio.

    SUGESTÕES PERTINENTES = Uma pena esta falta de ousadia… Pois certamente teríamos — todos — um(a) grande concorrente nesta edição do campeonato!

    Boa sorte no Desafio!

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Muito obrigado pela crítica. Pois é, acabou por não ser a estratégia correta o tipo de experimentação que escolhi. Mas, de todo modo, valeu o aprendizado!

  31. Jowilton Amaral da Costa
    21 de março de 2018

    Achei um contaço. A narrativa é envolvente, você fica pregado nela sem saber onde vai parar. Pelo que entendi no fim, a menina estava doente, associei a careca com a doença. O monstro seria o câncer que a consumia, e as dores que ela sentia eram de amor e de enfermidade. E o mundo foi criado quando ela nasceu e se acabou quando ela se foi, faz muito sentido. Ou ela se curou? ótima técnica, alta criatividade. Boa sorte no desafio.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Outro escritor que sou fã. Seu conto foi um dos meus preferidos nesse desafio! Eu agradeço demais as palavras inspiradoras!

  32. Evelyn Postali
    19 de março de 2018

    Eu acho que antes de ser experimental ele é reflexivo e mesmo nos remetendo a cosmologia, nos remete à relações muito próximas de nossa vida miúda. Começo e fim seriam importantes se o entremeio não fizesse sentido. Eu quero dizer que poderíamos nos preocupar com o começo e o fim da nossa existência se não houvesse o recheio e se esse não fosse significativo. Eu vejo o que há entre o começo e o fim muito mais importante do que os extremos. Por isso me fez refletir. Sem dizer que está bem escrito, é coerente e intrigante.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Fico muito feliz com esse comentário, pois eu fiz um esforço homérico para ficar com esse climão nostálgico, da infância… Então me deu uma alegria enorme quando pude ler sua crítica, haha. Muito obrigado mesmo!

  33. Fernando Cyrino.
    19 de março de 2018

    Que conto mais lindo você me trouxe, Átomo. Achei fantástico esse jeito “experimental” que encontrou de me apresentar a menina e o seu monstro estendendo seus tentáculos, suas raízes. A pedra final com as duas datas do início e do fim do mundo. O nascimento e a partida de Sabrina vencida pelo monstro, é uma cena que parece de cinema. O olho primordial… A maneira bonita com a qual ela lida com a doença, como que domesticando o monstro, tornando-se amiga dele. Se voei totalmente na maionese não tem problema, pra mim valeu demais. Meu abraço forte de Parabéns.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Agradeço demais, Fernando! E fico feliz pela crítica, pois seu conto foi um dos que mais gostei nesse desafio!

      E espero poder criar mais coisas que façam voar na maionese! haha

  34. Evandro Furtado
    19 de março de 2018

    Esse talvez seja o primeiro conto a conseguir exercer o experimentalismo no conteúdo com sucesso. Até então, a forma parecia ser o caminho mais fácil, mas aqui temos um exemplo de como fazê-lo na história.
    A trama, em si, é facinante, muito bem construída, e seguindo por caminhos até bastante conhecido. Tem um pouco de Labirinto do Fauno, BFG e A Monster Calls, mas consegue manter a sua própria essência.
    A escrita é quase poética e combina bem com a história e com o tema. É uma viagem etérea que o autor propõe e o leitor vai junto.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Muito obrigado pela crítica, Evandro! Seu comentário foi um dos que mais me inspiraram e me motivaram a prosseguir no desafio, pois confesso que por um momento pensei em desistir por não ter, justamente, experimentado na forma.

  35. Higor Benízio
    17 de março de 2018

    Bom conto, com momentos interessantes e meio malucos. Algumas passagens ficaram meio infantis (alguns momentos com o ET, e o final também, por exemplo), visto que o conto começa querendo tratar de questões existências. Talvez reescrevê-lo sob um prisma mais coeso seria uma boa.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Obrigado pela crítica, Higor! A ideia era justamente brincar com a linguagem, ter essas passagens infantis, falar de uma história de amor de forma lúdica e, em contrapartida, falar também de questões existenciais. Essa dualidade foi a parte experimental da coisa… Mas lamento que não tenha funcionado da maneira que eu planejei.

  36. Regina Ruth Rincon Caires
    15 de março de 2018

    Texto bem escrito, bem construído, intrigante. É a eterna discussão sobre o início e fim, vida e morte, magistralmente traduzida neste conto. Excelente narrativa.

    Observando a predominância de termos técnicos, pressuponho que o autor tem profunda ligação com a área da Biologia. Vamos lá: “primata simiiforme, alquimia das reações químicas, não-fecundador, abiogenicamente, massa de aminoácidos, ser pluricelular, bactérias, maravilhas da biologia, leucócitos, células, cérebro, vísceras, cordão umbilical, sabedoria clorofilática, processos bioquímicos, mutações genéticas, micróbios, composição biocarbônica, estômatos”… Se o cabra não for biólogo, está a caminho…

    O monstro imaginário, que assimilei, seria a vida em seus últimos suspiros, a entrega, o fim da luta, o fim do sonho, da esperança. Tudo fica disforme, feio, arrastado… O conto faz uma mescla linda de vida, morte, paixão, amor filial. É um texto original, lindamente trabalhado. O início de tudo, o final de tudo… Nascimento e morte, simples assim. Será que “viajei” em excesso?!

    Parabéns, Átomo!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Engraçado, sabia que o grande sonho da minha infância era ser biólogo? Eu via os programas do Steve Irwin e sonhava em imitá-lo um dia. Esse conto foi, de certo modo, uma homenagem que fiz à Biologia, essa ciência tão nobre que fui me afastando a medida que fui crescendo.

      Sobre a viagem: agradeço demais a crítica, seu comentário foi mesmo inspirador.

  37. Antonio Stegues Batista
    15 de março de 2018

    O texto ficou bacana, bem escrito, criando imagens surreais, que na verdade era imaginação da menina com câncer, o monstro se espalhando pelo corpo dela. Achei um erro afirmar que a pedra era muito grande. Se era única, como compará-la com outra coisa? Vamos imaginar uma estrela no vazio, não podemos dar-lhe uma dimensão nem tempo, pois é a unica coisa no espaço. Se você colocar outra estrela, aí sim, poderá fazer comparações. existirá dimensão e tempo, uma surgiu depois da outra e haverá distância, uma da outra, mas isso são apenas divagações minhas. Boa sorte.

    • Átomo
      15 de março de 2018

      O que o texto nos diz é que a Pedra foi vista pelo primeiro olho. Ou seja, havia algo para comparar.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Obrigado pelo comentário e pelas divagações também! haha

  38. Fheluany Nogueira
    14 de março de 2018

    “Doxa” é palavra grega que designa um conjunto de juízos que, supostamente, seja uma verdade óbvia, e de onde se originaram as palavras modernas ortodoxo e heterodoxo. Aqui, materializado em um monstro que acompanha a menina na transição para a morte, e a orienta em relação à sua paixão infantil. O lirismo da narração foge do transitório, pois não há derramamento romântico. Conto experimental quanto ao conteúdo, com situações expressionistas e/ou surrealista. Gostei do “olho primeiro”, das imagens cosmológicas, da ternura do primeiro amor e da dose de suspense até percebermos a doença da menina.
    Parabéns pela ideia! Boa sorte no desafio. Abraço!

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Adorei sua leitura sobre o conto e me deu uma sensação de dever cumprido. Acho que consegui passar todas as minhas ideias e você as captou muito bem! Obrigado pelo comentário!

  39. André Lima
    13 de março de 2018

    O conto é TOTALMENTE experimental. Trata-se da narrativa de duas histórias que, por fim, se entrelaçam: a luta contra o câncer e o amor platônico de uma pré-adolescente. Tudo isso sob uma perspectiva cosmológica.

    O insólito está presente em toda a obra, desde a figura de um extra-terrestre com saberes surrealistas sobre biologia e filosofia, até a própria personagem principal que é a responsável pela criação do mundo. O final é um ponto de conexão com o início que, por um momento, havia ficado em aberto. Tudo isso com uma delicadeza enorme, com uma poesia irresistível.

    É um excelente conto que, embora não experimente na linguagem propriamente dita, experimenta no DISCURSO.

    Boa sorte no desafio!

  40. Paulo Luís Ferreira
    12 de março de 2018

    É um bonito conto, mas não passa de um conto como um outro qualquer, embora com enredo bem contado e gracioso, cheio de invencionices extraterrestre, com suas figuras surreais. Dando uma forte aparência de misto de ficção científica e lenda infantil, entretanto como escrita experimental ficou devendo. Ficando apenas no surreal das imagens, como já disse.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Pois é, acho que minha estratégia foi meio furada. Pensei justamente nessa mistura de ficção científica e lenda infantil para contar uma história de amor… Pensei que seria experimentação suficiente.

      Vivendo e aprendendo! haha Muito obrigado pelo comentário!

  41. José Américo de Moura
    12 de março de 2018

    Muito bom, será esse conto experimental? Com certeza que sim, muita imaginação para contar uma história de amor, viajei nesse conto, parabéns.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Muito obrigado, José Américo! Fico feliz que meu conto tenha te agradado e te feito viajar!

  42. Fabio Baptista
    12 de março de 2018

    É um conto excelente. Consegue passar vários sentimentos para o leitor e construir belíssimas imagens. Senti uma pegada de “Sete minutos depois da meia noite” e também algo de Neil Gaiman (o lado bom do Neil Gaiman) e na minha cabeça formaram-se imagens malucas como se estivesse assistindo a um filme do Del Toro.

    Toda a parte do primeiro olho e da primeira pedra me prenderam e conseguiram a proeza de me fazer desejar que o conto tivesse mais e mais palavras. Eu poderia continuar nessa viagem primordial por um bom tempo sem enjoar. O encontro com o menino no final é de uma ternura ímpar.

    Muito bom mesmo. Meu único porém é em relação ao “experimentalismo” da coisa… mas não é algo que vá tirar muitos pontos, de qualquer forma.

    Abraço!

    PS: consegui me controlar e não apontar a cacofonia “ela tinha”. Um dia de cada vez.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Fábio, eu como um verdadeiro FÃ do seu trabalho, só tenho a te agradecer pelas palavras.

      Pois é, eu sabia que o “experimentalismo” podia pegar mal pro meu lado. Queria fazer algo diferente, pois previa que a galera toda ia vestir a camisa e usar o experimentalismo em níveis extremos. Quis algo mais sutil e parece que não deu muito certo.

      Mas já fico muito feliz por ler comentários como o seu! Um muito obrigado de um fã!

  43. Angelo Rodrigues
    12 de março de 2018

    Olá, Átomo,

    história bem legal. Gostei.
    Algumas passagens existenciais, outras cosmogônicas, outras que falam do amor juvenil, da doença.
    O conto começa com o amor da menina por Lucas (Planeta dos Macacos? acho que era esse o nome do macaco primordial, se não estou viajando), de repente pula para o monstro que habita seu quarto e ele rouba a cena. Então Lucas retorna para desfiar o final da trama.
    Achei um distanciamento muito grande entre uma coisa e outra. Talvez observar não perder de vista o semiiforme Lucas durante a narrativa, tornando-o mais presente.

    Boa sorte no desafio.

    • André Lima
      28 de abril de 2018

      Muito obrigado pelo comentário! A ideia era justamente esse distanciamento como parte do experimentalismo da obra. Era narrar uma história de amor com a linguagem totalmente diferente, com uma pegada de Ficção Científica (Por isso agradeço demais a referência que você deu de Planeta dos Macacos), para que, no fim, quando a história de amor de reaproximasse, o leitor tivesse quase esquecido dela e se surpreendesse.

      Muito obrigado mesmo pelo comentário!

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Publicado às 12 de março de 2018 por em Experimental e marcado .