Era pouco depois do jantar. H olhou a lua, da varanda, abriu um sorriso. Passava um bando de drones, quase superpostos, laminados, faiscando. Os meninos, sentados na mureta, ocupados com os jogos nos celulares, nem olharam para o espaço. O barulho sibilante somente lhes coçava os ouvidos.
H voltou para dentro, pegou o tablete. O noticiário anunciava a próxima guerra dali a sete minutos. A batalha não seria transmitida; era um país montanhoso, cheio de cavernas e grotas… O homem balançou a cabeça, esticou os braços; seria uma noite monótona.
Olha aí… Mais gente com tino excepcional para FC Urbana. Profundo. Objetivo. Entrelinhas. Muito bom. #teamfc
Excelente! O tom desolador e de pouca importância de uma guerra é muito palpável e também muito atual. Poucas linhas e muito significado!
São esses sentimentos de impotência e aridez que me alimentaram ao criar este conto. Grata pela leitura e comentário.
O conto aborda um tema importante: observando o tédio do protagonista, temos a naturalização da barbárie num mundo cada vez mais inumano, com a preeminência da tecnologia sobre os sentimentos. Mais que isso, é a espetacularização da selvageria via tv, mostrando uma excepcionalidade: a guerra em questão “[…] não seria transmitida”, o que significa que as anteriores o foram.
A camada de fundo exposta no conto é facilmente perceptível na “vida real”, nesse mundo contemporâneo em que, cada vez mais, os sujeitos perdem suas identidades, substituindo-as (algumas vezes voluntariamente) por “personagens reais”. Nesse contexto, faz todo o sentido o personagem não ter nome, apenas ser identificado por uma letra. Coisa triste.
Olá, Eduardo. Você leu exatamente o que quis passar. Obrigada.
Oi Fátima, ótimo conto!! Será que chegaremos a 2020?? Você fez parecer tão árido… mas sinto que a realidade pode ser ainda pior… Um abraço!!