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Viagem ao Inevitável – Conto (Rafael Penha)

A nave seguia na direção não desejada.

Frank estava sentado com o queixo apoiado nas costas das mãos. Pela centésima vez em 5 minutos, xingou o maldito Anatoly.

O miserável desligou o controle automático e fizera aquilo. Esperara a tripulação dormir pra fazer a manobra impensável.  Mas agora, ele mesmo não veria o fruto de sua imprudência.

Olhou para o corpo do astronauta russo, caído à dois metros dali. “Filho da puta! “

A velocidade da nave agora aumentava assustadoramente. Não adiantava acordá-los.  

Frank sentou na poltrona do piloto, afivelando bem o cinto. Tentou relaxar e ser positivo. Iria onde nenhum humano foi antes e, com um pouco… bastante sorte, e ajuda do ser divino que renegara para se tornar cientista, sairia ileso desta, direto para figurar entre os maiores da humanidade.

A velocidade da astronave agora era indizível. Barulhos e luzes piscavam por todos os painéis enquanto ela sacudia violentamente. Um caleidoscópio de luzes e radiação brilhou atingindo a nave de frente, como se tentasse impedi-la de seguir o rumo inevitável adiante.

Agora, ouvia-se incontáveis pancadas atingindo o casco por fora, como se a nave fosse um tanque aliado alvejado por milhares de projéteis em pleno território chinês, na Última Guerra.

Ele tentou focar no pensamento positivo, mas a força sobre ele colava seu cérebro na caixa craniana e lhe sugava os sentidos, tomando lhe qualquer pensamento que não fosse se manter vivo. Enquanto isso, sem se importar, a nave continuava acelerando, cruzando o horizonte de eventos.

4 comentários em “Viagem ao Inevitável – Conto (Rafael Penha)

  1. Brian Oliveira Lancaster
    18 de abril de 2017
    Avatar de Brian Oliveira Lancaster

    Gosto de contos curtos e sem solução fácil. A atmosfera cativa, mas ficou um tanto aberto demais ao fim, diminuindo um pouco o impacto (contos enxutos praticamente exigem isso). Adendo: nem todos os cientistas renegam o divino, conheço alguns que possuem suas crenças e se mantém equilibrados no que acreditam, em ambos os lados. É bom ver mais veias, teias e malhas de FC por aqui.

    • Rafael Luiz
      18 de abril de 2017
      Avatar de Rafael Luiz

      Obrigado pelo comentario Brian,
      A ideia era deixar em aberto de propósito. Oleitor imagina o que acontece no final. Talvez tenha ficado aberto demais realmente. O lance dos cinetistas, concordo com vc, mas foi uma particularidade apenas de nosso protagonista. Grande abraço!

  2. Priscila Pereira
    16 de abril de 2017
    Avatar de Priscila Pereira

    Oi Rafael, seu conto é bem interessante, mas me parece que é o começo de um livro ou de um conto longo. Sozinho assim não faz muito sentido. Continue a estória, ficaria ótima, fiquei curiosa em saber mais…

    • Rafael Luiz
      17 de abril de 2017
      Avatar de Rafael Luiz

      Obrigado pelo comentário Priscila. A ideia é deixar essa curiosidade mesmo rsrs. Deixar pontas em aberto para o leitor criar a história em sua cabeça. Grande abraço!

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Publicado às 14 de abril de 2017 por em Contos Off-Desafio e marcado .