Dez anos de idade. Morava na rua.
Os outros não sabiam onde. Nem tinha tanta importância.
Aproximou-se, envergonhado — posso jogar?
Depois, sempre o último escolhido no par ou ímpar.
A maioria usava kichutes, com cadarços ao redor das canelas.
As solas dos pés dele eram vulcanizadas no asfalto.
***
Quem tinha mãe distraída jogava até anoitecer: o que viesse primeiro.
Vadio, descalço e sem ninguém — naquela noite, o menino ficou ali.
***
Mosquitos e mariposas chuviscavam nas lâmpadas dos postes — fornilho do cachimbo aceso no escuro. Entreviu um vulto negro, hesitante. Tremendo de fome, infestado por sarna, quase sem respirar. Desistiu-se no chão.
Sentiu. Muita. Pena. Por ele.
***
Do alto, a pedra de calçada atingiu o cão na cabeça.
Nem ganiu. Mas não morreu nessa hora.
***
Laércio, ex-menino, ergueu-o num abraço.
E apertou, contra o peito, todo o remorso e a revolta do mundo.
Cara, o final desse conto tem algo a ver com a violencia doméstica, por que eu sinto muito mas eu não consegui entender.
௫ Idade da Pedra (Lev Yashin)
ஒ Estrutura: Texto belo, tanto na escrita, quanto na estética. Lev entende. Soube aproveitar o limite pequeno escolhendo bem as palavras e organizando as ideias. Parabéns!
ஜ Essência: É um conto triste. Vemos o fim da inocência e a falta de empatia do mundo. Estamos sozinhos, não é? Bem, enquanto não nos conhecemos, estamos. E o menino indefeso com certeza passará muito tempo sozinho.
ஆ Egocentrismo: Gostei da reflexão e da escrita. A leitura também foi agradável. Adoro textos que adotam uma abordagem simples com um tom poético leve. Lev merece os parabéns.
ண Nota: 10.
Trama interessante, instigante. Boa criatividade.
Confesso que não entendi o motivo da violência no final. Talvez o autor quisesse chocar. Não sei. Critério do autor.
Boa sorte.
Olá, Yashin!
Entendi bem ao terminar de ler o seu conto o significado do título. E a dor de consciencia por matar um animal. Isto me lembrou de uma vez quando eu mesmo era menino. Foi uma passagem da minha vida que me marcou bastante, e que me fez sentir empatia com o seu conto.
Eu tinha feito um estilingue “porreta”. E atirava em tudo o que se mexia. Até que um belo dia, eu vi um joão de barro no alto de um choupo. Não pensei duas vezes. Foi um “pelotaço” certeiro. Rapidamente cheguei perto daquela massa de sangue e penas. O bichinho olhou para mim, como que me perguntando: “que direito voce tem de me tirar a vida?”. Baixou a cabecinha no chão e fechou os olhos. Cara, chorei muito. Fiquei com aquilo na cabeça por semanas. Joguei fora a atiradeira e jurei que nunca mais ia fazer aquilo.
Por isso me identifiquei tanto com este conto. Afora estar bem estruturado e escrito. Abraço e boa sorte!
Mais tristeza e miséria, mas com um enfoque interessante porque coloca o piá pobre também um pouco como vilão, ainda que se arrependa. A frase truncada não funcionou, mas fora ela, gostei do ritmo da escrita.
.:.
Idade da Pedra (Lev Yashin)
1. Temática: Exclusão social.
2. Desenvolvimento: Os *** provocam cortes textuais, legal a ideia – justifica os cortes e os saltos.
3. Texto: ‘Sentiu muita pena por ele’. Seria essa a ideia?
4. Desfecho: Entendi a revolta do mundo, mas qual o porquê do remorso? O que ele fez, além de ser vítima?
Kichutes – essa palavra me reportou aos tempos da minha infância. ‘Desistiu-se no chão.’ – que figura linda! Reflexivo, sim.
Adorei!
Kichutes – essa palavra me reportou aos tempos da minha infância. ‘Desistiu-se no chão.’ – que figura linda! Adorei!
Gostei muito do conto, só não consegui entender tanto a inserção do cão… talvez quis dizer que o menino se sentia como um? e concordo com alguns colegas que disseram que a frase “Sentiu. Muita. Pena. Por ele.” ficou bem estranha.
Meu caro Lev Yashin, aí vão minhas observações:
TEMÁTICA: saudosismo misturado com crítica social. Nem sempre funciona, mas aqui não ficou ruim.
TÉCNICA: interessante jogo de palavras do título. O que me causou estranheza foi, realmente, o uso da pontuação na frase “Sentiu. Muita. Pena. Por ele.” Acho que poderia melhorar. E a divisão com asteriscos me lembrou muito os contos do Dalton Trevisan.
TRANSCENDÊNCIA: a história é um misto de memória de infância com denúncia social. A gente sabe que existe, mas é difícil ver acontecendo e por isso, não acredita. Ainda mais que uma criança possa fazer uma coisa dessas…
AO CONTRÁRIO DE OUTRO CONTO anteriormente por mim comentado, neste o laconismo funciona muito bem, na medida em que as emoções entrincheiradas nas frases, orações e parágrafos pedem essa brevidade de quase silêncio. O que grita alto, a ponto de muitos certamente preferirem tapar os ouvidos, não é a forma do texto,e sim o seu discurso altiloquente. Uma narrativa que tentasse os mesmos propósitos com uma forma que privilegiasse a palavra talvez não atingisse a eloquência deste.
É o tipo de texto que facilmente é acusado de demagógico ou coisa parecida, pois ainda é muito forte nos autores brasileiros, iniciantes ou não, a ideia elitizada e elitizante de que literatura é um espaço higienizado. O conceito de belo passa por isso. O sujeito e a situação que no real empírico é posto à margem da sociedade, na literatura também não tem direito à cidadania.
É feio.
É de mal gosto.
É demagógico.
É emoção fácil.
Tudo isso porque, em uma sociedade que sobrevaloriza a coisificação do sujeito, sua obediência automática a um discurso que faz dele objeto que produzirá lucro, o humano incomoda. Mas, indo para a literatura, não é o humano clichê, que este é muito bem vindo. A pulga atrás da orelha é posta quando esse humano literário desnuda tais valores e mostra o homem por detrás das estruturas.
Aí é feio.
Aí é de mal gosto.
Aí é demagógico.
Aí é emoção fácil.
Não se pode dizer que a narrativa seja um panfleto. A literariedade dela é patente, e vai desde o uso incomum da palavra, passando pela sintaxe e chegando ao subentendido. No primeiro caso, causando um pelo efeito de sentido, cito a passagem “desistiu-se no chão”, referindo ao cachorro, em que o verbo desistir é usado na voz reflexiva, o que a gramática não admite.
Ora, a gramática…
No segundo caso, temos uma construção sintática fora dos padrões em “sentiu. Muita. Pena. Por ele”, utilizada de modo a causar não a sensação de choro entrecortado, pois no trecho o menino ainda não chora. Pelo menos explicitamente. Antes, a sensação é de ira, revolta entrecortada por um choro interior ou pelo cálculo de quem admite a hipótese de vingança. Apesar do efeito, é certamente uma subversão que tem maior potencial para gerar a estranheza pura e simples do que qualquer outra coisa.
No terceiro caso, o subentendido, cito o trecho “Laércio, ex-menino, ergueu-o num abraço”. Como a ação se dá logo após a morte do cachorro, fica bem claro o efeito de “ex-menino”: Laércio é um adulto forjado pelo sofrimento. Adulto na alma, apenas.
Ainda há outro aspecto, bastante literário: o cachorro não está na estória para emocionar o leitor, fazê-lo enxergar a miséria que está na sua esquina, apenas e tão somente: o cachorro é, alegoricamente, o próprio menino. É a infância dele assassinada pelas estruturas sociais, o que faz com que “adulteça” rapidamente, para prorrogar o dia de sua morte, essa grande pedrada na cabeça atirada pela vida, tal como ela é ordenada hoje. Por isso, o título.
Parabéns.
Vi que muitos comentaram que as pausas, dadas por “***”, atrapalharam a fluidez do texto, mas discordo: creio que a narrativa teria ficado confusa sem elas.
Quanto à trama, ela parece ser um retrato de um dia na vida de um menino de rua, juntando acontecimentos desconexos. Fiquei com a sensação de que era justamente essa a ideia: mostrar o caos que a vida de uma pessoa como ele pode ser. No final, ficou a dúvida: a morte do cachorro foi uma tentativa de abreviar o sofrimento dele ou um ato impensado de raiva?
Só não entendi porque o menino parou de fumar sua pedrinha para maltratar do cão. Ele já estava sob efeito do crack, certo? Quero dizer, não foi algo racionalmente pensado?
“A maioria usava kichutes, com cadarços ao redor das canelas.
As solas dos pés dele eram vulcanizadas no asfalto.”
Achei este trecho muito legal.
Boa sorte.
Não há como negar a qualidade do autor(a). A construção da narrativa revela uma técnica de quem conhece do riscado.
A densidade colocada em 150 palavras é admirável e por isso ficará entre os melhores desse desafio.
Uau. Gostei. Gostei muito! Reli o conto e… gostei ainda mais!
Que escrita linda! Diferente, sutil, poética… muito bonita!
Passa uma imagem tão forte, tão… sufocante. A realidade de um garoto sem mãe, sem calçado, sem amor. Nos coloca em sua pele, nos faz sentir sua tristeza e solidão. Tudo envolto de um tom poético muito diferente dos textos que li até agora. O autor tem o seu estilo próprio, ao mesmo tempo exótico e arrebatador.
“Sentiu. Muita. Pena. Por ele.”. Cada pausa, um passo. Cada pausa, um suspiro e tempo para pensar.
Parabéns Lev Yashin! Um dos contos que mais admirei por aqui!
Gostei desse micro-conto. O espaço foi bem utilizado e no final não senti falta de algo a mais, mostrando que a história foi bem montada e concluída. Você tem muito talento.
Parabéns e boa sorte!
O grande objetivo deste conto é comover o leitor com algo muito triste, mesmo sendo essa uma tarefa extremamente difícil devido ao limite escasso de palavras (150).
Comigo não funcionou. Acho que justamente pelas poucas palavras, tive dificuldade de sentir o que foi proposto (o que não é culpa do autor, mas sim culpa do limite baixo do desafio).
Apesar do conto estar esteticamente muito bem organizado, e da leitura estar fluida, houve algumas passagens que eu simplesmente me enrosquei e não consegui compreender. Tais passagens não me pareceram poéticas e nem lógicas… Mas mesmo assim, gostei do autor de utilizado essa construção ousada para o conto.
Meus colegas aqui disseram que o menino matou o cachorrinho no final. Eu reli algumas vezes e não consegui sacar isso. Acho que, no final das constas, eu é que sou um leitor ruim (não estou sendo irônico, eu realmente estou sofrendo um pouco nesse desafio, pois não sou tão bom de deduçào para compreender o que está ocorrendo nas entrelinhas dos contos).
Boa sorte.
E aí, Lev. Tudo bem?
“Quem tinha mãe distraída jogava até anoitecer: o que viesse primeiro.” Que passagem primorosa!
Uma história muito bem escrita, muito condizente com a realidade em que vivemos. O uso dos *** talvez tenha quebrado um pouco o ritmo da leitura… mas não chegou ao ponto de causar algum dano. A escrita é muito boa, e é notável o cuidado que tivestes ao escrever seu conto. Não encontrei erros ou frases fracas. Tudo muito bem feito.
Um dos meus prediletos, pela temática, o tom, a escrita… saltou aos olhos.
Abraço!
Um bom conto. Entendi que o menino matou o cachorro. Mas tipo, um menino de dez anos ter coragem para matar o cachorro e aliviar a dor? Bom, em outro caso eu fecharia a cara, mas como se trata de um personagem que vive na rua, calejado na vida, sofredor, eu aceitei de boa. E ficou bom também ver que o cão não morreu na hora, provavelmente devido a pouca força do menino. Gostei.
Olá, Lev.
Uma história triste e bem contada. O uso dos “***” quebrou um pouco o ritmo da leitura, mas no final o resultado ainda foi positivo
A imagem final se formou nitidamente em minha cabeça, e tive aquela sensação de ruas vazias e repleta de restos de gente; poeria e fumaça. A luz amarelada iluminando o mundo de um jeito artificial e incomodo.
Parabéns e boa sorte!
Idade da Pedra, bem bolado o nome. Uma critica aos tempos atuais, ao descaso e violência com o próximo. É um conto triste, com imagens cativantes, nostálgicas (meu irmão também tinha Kichut) e que procura traduzir o ato de ser humano. Me lembrou o poema de Manuel Bandeira >>>>>
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
É a mesma ideia, mas dessa vez o Bicho não está na condição descrita, e sim, aquele que tem os direitos humanos negados como se fosse bicho, porém este tem atitude mais humana do que o considerado humano — nessa linha.
Boa ideia
Sucesso.
Mais um muito bom! Consegue construir o personagem em dois parágrafos e contar o que tem pra contar nos outros. Só não gostei dos *** dividindo. Quebrou o ritmo da leitura pra mim, que poderia ter fluido melhor.
Parabéns!
Gostei bastante deste conto, conseguiu passar diversas passagens ao leitor, mas sem ser (muito) confuso. O que é um trunfo! Também curti a estética, mesmo achando aquele parágrafo cheio de pontos um pouco truncado. Dá uma bela identidade ao texto!
Ao final acho que não peguei 100% o que aconteceu aí. E vi algumas interpretações diferentes nos comentários, mas isso é o de menos. Acaba sendo outro ponto positivo, quando gera diversos pontos de vista.
BODE (Base, Ortografia, Desenvolvimento, Essência)
B: Bom retrato de um cotidiano comum de quem já brincou nas ruas. – 8
O: As divisões incomodaram um pouco, mas como o intuito era transmitir a passagem de tempo, funcionaram. – 8
D: O título casou bem com a ideia geral. Final singelo, que retrata de forma certeira os sentimentos conflitantes de uma criança. Foi a parte que mais gostei. – 8
E: Dá aquela sensação nostálgica, mesmo sem grandes acontecimentos. – 8
Quase acertou em cheio no conto, a única coisa que vou dizer é que a construção não ficou boa, como já foi dito.
Com certeza estará entre meus favoritos, boa sorte!
“desistiu-se no chão”, “ex-menino”, deram um toque guimarãesmiacoutozesco. A história é muito interessante, retrata os atos que cometemos por impulso, e o arrependimento posterior. Nada contra, até agora entre os meus favoritos.
Gostei bastante do conto. A trama é triste e, apesar do pouco espaço, foi bem desenvolvida. Para isso, o autor deixou vários aspectos implícitos o que valorizou o texto. Parabéns e sucesso!
Bom conto. A estética dele não me agradou, cada frase num parágrafo, e aquelas separação com estrelinhas, pra mim não ficou bom. Gosto de drama, contudo, achei que esse raspou a pieguice. Boa sorte.
Uma estética interessante. A maneira como você escolheu as palavras foi criativa, e o enredo também é interessante.
Eita! Que forte!
Só na segunda leitura saquei que ele tinha matado o cachorrinho… acho q eu nao queria ver isto.. rsrs
Ele não podia cuidar nem de si mesmo, qt mais do caozinho…
Triste, muito triste.
Com o recurso tão apertado vc conseguiu fazer divisões na historia e ainda desenvolver o personagem! Parabens por isto!
Realmente o choro não ficou legal.. talvez reticências?
Abraço
Eu até achei muito legais as descrições da infância, com uma trama que inicialmente me trouxe lembranças boas (mesmo que, se pensarmos bem, não tenham se passado muitos anos desde minha última brincadeira de rua); porém a quebra de fluxo e alguns trechos muito pausados acabaram não funcionando muito bem para mim. Boa sorte!
Fluídez – 10/10 – cadencia certa, sem erros, texto rápido;
Estilo – 10/10 – soma-se a isso o uso correto da sintaxe, frases curtas, pontuação bem demarcada, parágrafos concentrados;
Verossimilhança – 10/10 – narrativa bem desenvolvida, personagens bem construídos;
Efeito Catártico – 10/10 – final plurissignificativo que somado à significação do título ganha ainda mais força.
Minhas impressões de cada aspecto do conto antes de ler os demais comentários:
📜 História (⭐⭐▫): o clima nostálgico de infância (joguei muito bola na rua de kichute) permeia o texto. Não percebi de primeira a inserção do cachorro. Na segunda leitura, vi o vulto negro com sarna. O menino matou o coitado que estava nas últimas? Ficou um pouco confusa essa parte.
📝 Técnica (⭐⭐▫): é boa, não vi nenhum erro grave, mas as separações com “***” atrapalharam mais q ajudaram (geralmente são usadas para fazer cortes e mudanças bruscas de cena). O trecho “Sentiu. Muita. Pena. Por ele” não funcionou muito bem. Esse artifício só funciona na fala de alguém, qdo é realmente muito pausada ou com palavras que funcionam sozinhas como frase.
💡 Criatividade (⭐▫▫): nada de novo nesse quesito.
🎭 Impacto (⭐▫▫): pra um texto que fala sobre infância e morte de cachorro, temas que costumam fazer efeito em mim, achei que faltou alguma coisa, talvez maior envolvimento com a criança.
Os cortes não são necessários, deixam o texto truncado sem necessidade. A frase cheia de pontos foi a pior parte, ficou ruim mesmo. Normalmente usa-se o recurso para reforçar o sentido, mas nessa frase nem todas as palavras mereciam ter seu sentido reforçado. O enredo não é excepcional, mas é bom. A melhor parte foi o título, muito bem pensado.
olá, me desculpa mas não gostei daqueles cortes no texto, penso que não contribuíram para a tua história, talvez resultante do pouco tempo para montar a trama. De resto nada mais a dizer, somente parabéns e boa sorte no desafio
Dois perdidos em uma noite, talvez sempre suja. Eles dois no mesmo caminho, a procura de companhia, amparo e piedade. Mas a vida é cruel e se fez, novamente, para eles. A puberdade de um perdida e assolada por tristeza, marcante, e do outro, a morte vinculada a uma brutalidade sem sentido. Bem descrito e emocionante. Parabéns!
Evocando sentimentos meio “Marley e Eu”, misturados com meninos de rua, o tetxo tenta comover o leitor.
Obteve até certo sucesso, devo confessar.
Mas todas essas quebras não me agradaram, dado o espaço diminuto do conto.
– Quem tinha mãe distraída jogava até anoitecer: o que viesse primeiro.
>>> Eu entendi, mas a frase não ficou legal. Esse “o que viesse primeiro” não tem sentido aí do jeito que está.
Abraço!
A ideia de trazer à tona mais um caso de menor abandonado e viciado em drogas, ainda mais no Brasil, é algo deverás clichê. Mas, e daí? A vida é clichê: as pessoas nascem, crescem, alguns reproduzem, morrem e fim…
Desta fonte de verdade, destaca-se, então, o modo de viver de cada um, a poesia nas entrelinhas, mensagem que marca a trajetória do conto e dos seres humanos.
Nesta jornada dolorosa o autor conseguiu registrar sua marca, ainda mais com o duplo significado do título empregado.
A estrutura da escrita foge da regra e essa diferença dá uma originalidade válida. As palavras sem formar a frase completa, dentro de um tempo e espaço tornando-se compreensível e por si só se explica.. O enredo é bom.
Também tive dificuldade em aceitar a frase entre pontos. Mas foi boa a tentativa, entendi a intenção. De resto, o conto é lindo, bem escrito, um tanto poético, com estilo de escrita marcante. Dou muito valor a estilo marcante. Um dos melhores até agora.
Conto comovente, mas meio clichê. Achei meio confusa a construção do relato. Penso que se fosse narrado em primeira pessoa, pelo protagonista, a história ganharia mais intimismo. Os diálogos distanciam o leitor e quase não dá pra saber se a expressão “cão” se refere a um animal ou a algum morador de rua designado metaforicamente. Existem termos soltos como o “vulto negro, hesitante?” Fora isso, vejo que o autor tem talento. Boa sorte!
Eu adorei seu conto. Eu me senti dentro da história e vivenciei tudo que você descreve. Tenho certeza de que estará entre os melhores. Parabéns!
Um micro conto bastante sensível e delicado.
Parabéns!!!
Olá, Lev Yashin.
Na minha opinião, um dos melhores até aqui (estou lendo aleatoriamente). Seu conto me fez lembrar de uma passagem de “Crime e castigo”, onde Raskólnikov assiste atônito às violentas chicotadas que um mujique desfere contra um cavalo. Quando o animal estrebucha, Raskólnikov, menino, se aproxima e abraça o animal.
Não vejo outra maneira de tecer essa história, eu faria o mesmo. Parágrafos curtos, às vezes telegráficos. O final foi sublime, a passagem abrupta da inocência para a crueza adulta. Parabéns.
Sucesso neste desafio.
INÍCIO não empolgou, depois pegou embalo. O FILTRO, ousado na pontuação, valorizou o ESTILO marcante. TRAMAs esfaceladas são complicadas de concluir. Você conseguiu. O PERSONAGEM é complexo como sua vida. O FIM é encantador.
Belo conto! Há um ar de nostalgia que faz com que nós, meninos dos anos 80, nos identifiquemos de imediato com a atmosfera criada, com o futebol, com os kichutes, com os joelhos ralados e com as mães prontas a nos puxar as orelhas quando voltássemos para casa, já à noite.
Mas o conto vai além. Não se trata de um texto que busca cativar pela nostalgia. Com efeito, embora presente no início, dá lugar às agruras de quem não tem para onde retornar. Uma reviravolta de coragem, caro autor, pois abandona-se uma premissa que certamente conquistaria fãs, em favor de uma abordagem social mais pungente e perigosa.
O garoto sem família, que tem nas ruas sua fonte de diversão e sustento. E, talvez, sua única companhia.
Ótimo texto. Parabéns!
Ah, indo contra a maré, achei bem sacada a ideia do chorou.muito.por.ele. 🙂
Um conto comovente.
Traz a história de um garoto abandonado, perdido no mundo, sem entender muito bem o seu papel. É possível que ele tenha se visto no próprio cachorro, dai a sua explosão e raiva injustificada. Ou, em uma releitura, uma espécie de eutanásia, para que o outro não sinta o que ele sente.
A morte do cachorro representa para o menino, a entrada na vida adulta, muito bem destacado pelo autor :”Laércio, ex-menino”. Esse ato cruel, na verdade, representa em muitas culturas essa emancipação forçada. Triste, mas absolutamente fiel.
Meu único porém vai para esse trecho: “Sentiu. Muita. Pena. Por ele”. Não sei qual foi a intenção, mas me soou quase como um código morse. Tirou um tantinho da agilidade do texto, tão bem dividido.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Comovente, boa história, uma poesia. A cereja do bolo foi usar a frase sobre o ex- menino, faz pensar, refletir e a constatação dói no peito. Parabéns!
Boa sorte!
O conto retrata uma realidade triste, de pés descalços e amadurecimento forçado.
A frase final foi bem impactante e sensível, comovente mesmo, eu diria.
Texto bem escrito, atingiu o objetivo de sensibilizar sem cair em clichês.
A frase dividida em três, com a intenção de simular soluços, ficou mesmo um pouco esquisita, mas nada grave.
Boa sorte!
Um texto muito tocante apesar de alguns erros de concordância.
Final dez – “Laércio, ex-menino, ergueu-o num abraço.
E apertou, contra o peito, todo o remorso e a revolta do mundo”, exprime a indignação de uma criança que se torna adulto ainda na infância.
Adorei!
Boa sorte!
Conto interessante. Retrata o sofrimento de ambos aquela dura vida que levam. Parabéns!
Acho que falar de pobreza e miséria é um recurso fácil para comover e conseguir elogios, ainda mais colocando cachorrinho sofredor junto… Bem, o texto até que foi poético, mas as emoções foram forçadas e inconvincentes, na minha opinião. Um conto com qualidades, mas que poderia ser muito melhor do que foi.
Bom, sinceramente achei original, até bem ousado o formato, mas com ele a estória perdeu o clímax que atingiria.
Os diálogos também não ficaram bons, me distanciaram. Talvez apenas a narrativa explorando a estória tornasse o conto mais direto, envolvendo-me mais.
Num apanhado geral achei que o autor(a) tem talento e é claro que eu possa estar falando um monte de asneiras, o conto é seu e você escreve como achar melhor…hehe.
Brincadeiras a parte lhe parabenizo pelo enredo que se sobressai aqui, e lhe desejo sorte!
Um forte abraço!
Obrigado a todos que já comentaram. Como vários apontaram o mesmo estranhamento, explico: realmente, eu tinha uma intenção ali, naquele período, de usar quatro palavras/frases entrecortadas (Sentiu. Muita. Pena. Por ele.) Deveriam parecer soluços de choro, mas o efeito não deu certo, pelo jeito (rsrsrs). Com base nos comentários, vou tentar reescrever esse trecho de uma forma mais clara, acho dá pra melhorar, sim. Valeu, é para isso que a gente mostra aqui os nossos textos – para ouvir sugestões e críticas assim, de leitores como vocês.
Muito legal esse. Tocante. Concordo com os colegas em relação à quebra do trecho “Sentiu. Muita. Pena. Por ele.” A menos que haja alguma explicação para esse formato foi um erro. No entanto, não tira o brilho do texto, que conseguiu cativar. Parabéns.
Triste. A frase “Sentiu. Muita. Pena. Por ele” travou um pouco da minha leitura no final, Fiquei sem entender uma coisa: foi o menino que matou o cachorro? Porque me soou como se matando-o Laércio acabasse com o próprio sofrimento, como se tivesse feito com o cachorro o que gostaria que acontecesse com ele próprio, justificando a expressão ex-menino. Fica mais cruel ainda, quando pensei assim.
Boa sorte!
Olá.
Conto triste e bonito, com boa escrita. Só não gostei muito da frase “Sentiu. Muita. Pena. Por ele.”, talvez eu tirasse ao menos um desses pontos.
O “ex-menino” no final é referência ao abrupto amadurecimento do garoto?
Abraços e boa sorte.
Oi Rubem, acho que você matou a charada (veja o meu comentário avulso e a resposta ao primeiro comentário). Tirando um ponto, só, já fica melhor: “Sentiu. Muita pena. Por ele.” O que acha? Já insinua o choro do menino? Obrigado!
Gostei, muito triste, dolorido mesmo imaginar essas cenas que narrou. Quantos meninos há como esse, infelizmente… A frase “Sentiu. Muita. Pena. Por ele.” ficou estranha mesmo. Talvez se deixar “Sentiu muita pena. Por ele.” fique melhor, mas há outras formas… Parabéns!
Bem triste a história. Tem poesia, sem deixar de ser um conto. Um bom conto.
Forte e cruel, um retrato da realidade. Muito bom, me emocionou de verdade. Só não gostei da frase “Sentiu. Muita. Pena. Por ele.”.
Obrigado, Renata, realmente essa frase acabou estranha, mas quis deixar como um teste. De alguma forma, eu queria insinuar que menino está chorando (sobre o cachorro e sobre ele mesmo), e as minifrases deveriam parecer soluços. Tentei “Soluçou. Muita pena. Por ele.” para chegar mais perto e e me pareceu bizarro – soluçar penas. “Chorou”, fiquei com medo de ser muito óbvio. Então, arrisquei dessa maneira, mas acho que você sentiu certo, não engatou esse sentido ali. Numa revisão, com certeza, vou mexer aí. Talvez assim: “Chorou. Muito. Por ele.” O que acha? Um abraço!
Só me intrometendo: “Chorou. Muito. Por ele.” Eu gostei, rs. 😉
Olá, Lev Yashin! Sim, eu compreendi a intenção, e dessa forma que vc disse que ficará após a revisão está perfeito! Vc é um dos meus 15. Parabéns!