EntreContos

Detox Literário.

No Limiar da Eternidade (Gustavo Araujo)

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Ainda me lembro das mãos dele. Frias, enrijecidas, paralelas ao corpo inerte. Eram mãos pequenas demais para um sujeito tão alto. Demorei alguns segundos até me desvencilhar daquela visão. Talvez porque as mãos dele se parecessem com as minhas.

Lauro – esse era seu nome – entrou no centro cirúrgico com um diagnóstico irreversível. Seu crânio fora parcialmente esmagado. Culpa de um acidente de trânsito. O trauma foi tão profundo que atingiu o cérebro. Por isso fui chamado às pressas. Sou neurocirurgião e, em tese, poderia salvá-lo.

Era um sujeito forte – aparência de 50 anos – e talvez resistisse por vinte ou trinta minutos. Se tivéssemos tempo, poderíamos reconstituir a região atingida com células-tronco. O problema era a velocidade de degradação das sinapses. Não havia alternativa senão implantar o chip de transferência memorial imediatamente.

Foram quarenta minutos de agonia.

***

Desde que Cartwright e Lewis redesenharam o DNA, em 1972, apenas fatos imprevisíveis e incontroláveis encerravam de modo cabal a existência de alguém. Naquela ocasião, a dupla de neurocientistas de Cardiff revolucionou a medicina ao controlar o encurtamento dos telômeros. A partir daí, envelhecer passou a ser uma opção e não o fim inexorável de qualquer pessoa.

Havia implicações, contudo. O cérebro humano jamais armazenaria informações infinitas. Estimava-se que os 100 bilhões de neurônios podiam guardar o equivalente a 70 terabytes de dados, o correspondente, em média, a 90 anos de existência. Vidas mais longas importavam em seleção memorial, levando ao desaparecimento de recordações menos significativas em detrimento de mais relevantes e recentes.

Em todo caso era possível salvar as memórias descartáveis com o auxílio de computadores Dwave. Havia só um detalhe: essas máquinas utilizavam processadores quânticos e isso, dado o Princípio da Incerteza de Heisenberg, poderia, teoricamente, levar à perda completa de informações cerebrais. Todas as informações, quer obsoletas, quer essenciais. Como resultado, praticamente ninguém aderia a essa espécie de back up, deixando que a seleção de memórias seguisse seu curso natural.

Havia uma hipótese em que o download de informações era utilizado independentemente de consentimento. Quando a morte do corpo se mostrava inevitável, passava-se à transferência emergencial para servidores de alta performance. Acreditava-se que em pouco tempo seria possível inseri-las em clones especialmente desenvolvidos. Na prática, isso significava ressuscitação. Em breve, trazer os mortos de volta seria algo corriqueiro. Bastava esperar. A prova de que Deus é um invento, uma máquina.

***

Desde o início era óbvio que Lauro não resistiria. Só restava transferir suas informações cerebrais por meio do chip implantado no hipocampo e torcer para que não houvesse perdas significativas.

Sequer pudemos torcer por ele.

O chip não suportou a descarga elétrica produzida pelo colapso neuronal.  Corpo, mente e informações, tudo foi perdido para sempre. Lauro morreu de verdade. Para sempre.

Foi quando segurei sua mão esquerda, tentando estabelecer uma conexão impossível. Senti o calor se esvaindo, os dedos sem vida.

***

Lauro era meu pai. De acordo com a teoria da seleção memorial, em cem ou duzentos anos a angústia por sua partida seria uma lembrança recôndita. Isso me consolava. Assim ocorrera em relação à minha mãe, vítima fatal de uma doença degenerativa antes da revolução da telomerase. O sofrimento por sua perda havia sido guardado em um campo remoto de minha memória, deixando à mostra apenas uma ponta de tristeza que eu recobria com lembranças mais reconfortantes.

Uma semana depois de que meu pai se foi cheguei à casa em que ele havia passado os últimos anos de sua existência, um lugar retirado e que eu não visitava há tempos. Ao entrar, reconheci alguns móveis e fotografias. Havia um quadro na parede da sala que estava ali desde que eu podia me lembrar. Era uma releitura de ”No Limiar da Eternidade”, de Van Gogh, a conhecida cena de um homem velho em profunda tristeza. À frente, uma mesa de mogno com seis lugares, cercada por cadeiras com encostos de treliça, me trouxe a lembrança de jantares de Natal. Não pude evitar um sorriso amargo. A imortalidade com que fomos contemplados pela ciência teve uma consequência nefasta: o rígido controle de natalidade. Um mundo de poucas crianças.

Desci ao porão por uma escada em curva. Acendi a luz e observei. Desde garoto, a coleção de livros de meu pai me impressionava, mas ele nunca permitiu que eu tivesse acesso à biblioteca. Devia haver mais de mil exemplares dispostos cuidadosamente nas amplas prateleiras. As lombadas denunciavam romances, clássicos, novelas, autores consagrados e outros de quem eu nunca ouvira falar.

No canto esquerdo do cômodo, uma poltrona listrada provavelmente macia convidava à leitura. Livros em papel haviam se tornado peças para colecionadores há pelo menos cinquenta anos. Meu pai, porém, um sujeito muitas vezes ambíguo, que misturava tradição e tecnologia, adorava dedicar-se àquelas peças de rara beleza.

Aproveitando a liberdade que a ocasião me oferecia, tirei um livro da prateleira, liguei um rádio antigo sintonizado em uma emissora qualquer e me sentei. A música de Schubert se derramou dos autofalantes.

O livro, encadernado em capa dura, chamava-se “Bósforo”. Ao virar as primeiras páginas, descobri que se tratava de um manuscrito, um livro escrito à mão livre na melhor tradição medieval. Estudei a caligrafia por alguns instantes, a intensidade, o sentido e a direção da escrita, os pontos de pressão e de alívio nos traços. A letra de meu pai.

Tratava-se do relato de uma viagem que ele e minha mãe fizeram a Istambul. Achei interessante. Jamais imaginei meu pai como turista em qualquer lugar do mundo, muito menos na Turquia. Mas lá estavam descrições que somente um visitante in loco poderia fazer. Muito além de Hagia Sophia, da Mesquita Azul e do Grande Bazar. O que havia nos relatos eram abordagens filosóficas, alusões a pessoas, conversas, chás de maçã e tentativas frustradas de barganha em compras de tapetes.

O texto me atraiu desde o início. Não consegui deixá-lo de lado por conta da maneira como fora escrito. Em certos momentos, era como se ouvisse a voz de meu pai em minha cabeça, contando aquelas desventuras, confessando seus medos e segredando seus anseios. Deixei-me levar. Súbito, sem que me desse conta, não eram meus pais que eu via caminhando pelas ruas apertadas de Sultanahmet. Éramos eu e uma garota. Ela estava ao meu lado enquanto caminhávamos mas eu não sabia seu nome. Ou pelo menos não me lembrava. Estava hipnotizado por sua expressão frágil e ao mesmo tempo desafiadora, por aqueles olhos de um verde profundo, emoldurados por sobrancelhas arqueadas, pelo rosto redondo, pelos cabelos puxados para trás em um rabo-de-cavalo.

***

A biblioteca revelou-se um tesouro. Sempre que havia tempo, eu deixava o hospital e seguia à casa de meu pai para ler seus diários. Não me recordava de qualquer menção dele às suas viagens – havia várias delas – mas era possível que eu tivesse simplesmente descartado essas informações. De todo modo, estar ali, em meio aos seus livros, me permitia redescobri-lo. Mais do que isso, às vezes tinha a sensação de que redescobria a mim mesmo.

Algum tempo depois encontrei relatos que falavam de sua vida quando criança. Um mundo novo para mim. Lá estavam descritas passagens sobre os primeiros dias de escola, sobre seus primeiros amigos, primeiras frustrações e primeiras descobertas. Fiquei imaginando meu pai escrevendo aquilo tudo. Como a maioria das pessoas, ele não confiava no armazenamento informatizado de memórias remotas e, para garantir que nada se perdesse, havia decidido colocar tudo no papel.

Algumas páginas adiante encontrei uma folha solta com versos infantis.

Era uma vez uma menina

Que mais lembrava uma flor;

Abandonada na esquina

Precisava de muito amor.

 

Um dia um menino chegou

E ficou com pena dela

Para a flor então ele olhou

E disse baixinho para ela

Te levo para minha casa

Porque gosto de flor amarela.

 

Li e reli a composição. Pude jurar que já a conhecia. Num átimo, surgiu em minha mente a mesma garota que eu havia imaginado me acompanhar em Istambul. O rosto redondo, os olhos verdes brilhantes e as sobrancelhas em arco. Desta vez percebi que ela usava uma camiseta branca com leves manchas arroxeadas. Eu a via dizendo: “é de tanto comer jabuticaba!”

Balancei a cabeça espantando aquele devaneio e voltei aos versos. Talvez fosse algo que meu pai, ou mesmo minha mãe, tivessem composto, uma criação para me acalmar quando criança, algo que ficou guardado em minhas recordações longínquas. Ressurgia agora, tão forte que eu me sentia capaz de recitá-lo de trás para frente.

À medida que eu prosseguia nas leituras outras passagens se mostravam incomodamente familiares. Era como se das páginas brotassem cidades, casas e pessoas que eu conhecia. Percebia as texturas, os sabores, as cores. Podia sentir o calor do asfalto numa tarde de verão, o cheiro inebriante de café, o gosto doce do bolo de fubá. Num átimo, deixei-me levar pela ideia de que aquelas histórias diziam respeito a mim, que refletiam memórias minhas e não de meu pai. Claro, no segundo imediatamente posterior, eu me içava à realidade. Naturalmente, meu deslumbramento era fruto de uma habilidade incomparável de meu pai: ele sabia escrever.

Na verdade, estava surpreso com a quantidade de informações que eu desconhecia ou que havia esquecido a respeito dele. Contemplando os diários entre os inúmeros livros cheguei a me perguntar se vida longa com a qual tínhamos sido presenteados não se tratava, ao revés, de uma maldição. De que adiantava viver tanto se depois esqueceríamos tudo? Ou quase tudo?

Cheguei aos cadernos sobre sua adolescência e do início de sua vida adulta, fatos que tiveram lugar antes da revolução da telomerase. A certa altura, um nome surgiu nas páginas.

Isabel.

Um arrepio subiu-me pelas costas e eu, involuntariamente fechei os olhos. Novamente, a menina da camiseta de manchas arroxeadas. Isabel. Era esse o nome dela.

Meu pai tivera o cuidado de descrevê-la. Olhos verdes, sobrancelhas pronunciadas e rabo-de-cavalo. Fechei o diário, como quem termina uma leitura corriqueira. Apoiei os cotovelos na poltrona e segurei a cabeça com ambas as mãos, incrédulo.

Tentei retomar a leitura, mas paralelamente procurava uma explicação para aquele déjà vu. Superficialmente, me aferrava à lógica, dizendo a mim mesmo que tudo não passava de um reflexo, algo que, num passado distante, meu pai teria me contado e eu, por conta da seleção memorial, esquecera.

No entanto, quando liberava minha mente, era inevitável ponderar que eu, na verdade, era a pessoa que havia escrito aquilo tudo. Talvez eu fosse mais velho, bem mais velho do que imaginava. Pior que isso, talvez as memórias que eu guardava atualmente não fossem exatamente minhas, mas pertencentes a outra pessoa e que haviam sido implantadas em minha mente de modo a apagar registros indesejáveis.

Naquela noite sonhei com Isabel.  Éramos crianças. Ela fazia um desenho e eu soprava em sua direção os versos sobre a flor amarela. Em resposta ela ria, um riso gostoso de olhinhos apertados.

Levei uma semana para voltar à biblioteca de meu pai, preferindo me concentrar em minha rotina no hospital. Quando tornei a casa dele, enfim, tudo o que queria era encontrar informações sobre Isabel. Já não me interessavam as viagens, os estudos e os questionamentos filosóficos que permeavam seus escritos. Àquela altura, meus olhos procuravam apenas as letras que compunham aquele nome. O “i” maiúsculo tombado para o lado direito, num desenho elegante, finalizado por um “el” comprido, como que numa tentativa de se prolongar a referência.

Retirei incontáveis livros das prateleiras em busca de qualquer dado sobre ela. Ao mesmo tempo me perguntava por que meu pai fizera tudo aquilo? Por que escondera tantas informações… Por que nunca me disse nada?

Ao passo em que as anotações surgiam, minhas próprias abstrações rompiam o silêncio. Por vezes eu me surpreendia com uma imagem não constante dos diários, um fato qualquer em que Isabel se fazia presente. Um passeio à sorveteria, um beijo roubado durante uma peça de teatro. Vívidas, coloridas, intensas. Não deveriam ser lembranças minhas, mas de meu pai. Todavia ela estava lá, diante de mim, sorrindo e segurando minhas mãos enquanto meu coração disparava.

O que houve, em nome de Deus, que fez essa menina, essa mulher, desaparecer da minha vida? Àquela altura eu já não alimentava dúvidas de que eu, e não meu pai, é que havia escrito aquilo tudo. Ao inferno com a lógica e com a razoabilidade. Meu pai não podia ter feito aquilo comigo. Não era justo…

Passei os meses seguintes separando livros, retirando-os da ordem em que haviam sido guardados e organizando-os à minha maneira, tentando enxergar uma ordem cronológica. Pilhas e pilhas se espalhavam no chão enquanto eu continuava a pesquisa. Os comentários sobre Isabel cessaram quando de sua ida à faculdade. Psicogeriatria, era o que estava escrito.

Psicogeriatria. Por que diabos alguém se importaria com aquilo? Eu via a mim mesmo proferindo essas palavras com acentuada indignação, enquanto Isabel desvanecia.

Tomos, páginas, folhas. Tudo lido e examinado. Certo dia percebi o que havia feito. Livros pelo chão. Anotações em blocos soltos. Copos d’água pela metade. E nenhuma informação sobre o paradeiro dela. Resignado, apaguei a luz, saí e tranquei a porta. Melhor seria deixar que as memórias se apagassem. Era isso mesmo que iria acontecer.

Subi as escadas e passei pela sala de jantar. Observei mais uma vez a mesa e as cadeiras de treliça. Depois mirei o quadro na parede. A releitura de “No Limiar da Eternidade”, de Van Gogh. Senti um estalo. Caminhei até ele e examinei-o de cima a baixo. Nada. Retirei-o do gancho e olhei na parte de trás. Ali estava o nome de quem o pintou. Isabel.

***

Cartwright e Lewis descobriram como frear o envelhecimento, mas nem todo mundo optou por ter uma vida presumivelmente eterna. Poucos, é verdade, preferiram deixar que o corpo humano seguisse seus desígnios, envelhecendo com dignidade. Morrendo de causas naturais, fosse em suas próprias residências, junto aos parentes e amigos, fosse em casas de repouso, assistidos por profissionais de saúde, médicos, enfermeiros. E psicogeriatras.

Demorei alguns meses, mas consegui encontrar referências a Isabel em uma clínica que prestava serviços a uma comunidade de idosos no norte do Estado. Um lugar para pessoas como o homem no quadro de Van Gogh. Depois de algumas semanas, resolvi que era tempo de encontrá-la, acabar com a angústia que me cercava. Vê-la, enfim, poderia solucionar ao menos parte de minhas dúvidas: quem eu era e se minhas lembranças eram minhas de fato.

Ao chegar à recepção uma mulher jovem veio me atender. Tinha os cabelos escuros, cortados na altura dos ombros. No peito, uma placa de metal indicava seu nome: Olívia.

“Bom dia”, eu disse, tentando controlar o nervosismo, “gostaria de conversar com uma moça que trabalha aqui. Chama-se Isabel.”

Olívia sorriu e pediu desculpas. Não havia nenhuma funcionária com aquele nome.

“Mas eu encontrei a informação no banco de dados do Conselho Médico”, insisti. Ela olhou o papel impresso e fez que não, novamente se desculpando.

“É psicogeriatra”, eu disse, minha tentativa derradeira.

O rosto de Olívia se iluminou. “Ah, sim, claro… O senhor é parente?”

Achei a pergunta despropositada, mas preferi ignorar. Respondi simplesmente: “sou um amigo distante. Há tempos não nos vemos, mas eu gostaria…”

“Entendi, pode me acompanhar.”

Isabel estava em uma cadeira de rodas, à sombra de uma figueira. Fazia calor, mas ela não dispensava o cobertor sobre as pernas. As mãos repousavam sobre o colo, os dedos finos cruzados uns aos outros, as juntas revelando sinais de artrite.

Isabel estava com 94 anos, disse Olívia. Sofria de demência senil. Estágio avançado. Há tempos não reconhecia qualquer pessoa.

“Ninguém a visita”, disse Olívia. “Talvez seja bom para ela… O senhor sabe… Conversar com alguém diferente”.

Ajoelhei ao lado dela enquanto Olívia se afastava. Isabel olhou-me de soslaio e depois me examinou sem dizer palavra. Os mesmos olhos verdes, as mesmas sobrancelhas arqueadas.

“Sou eu… o Érico…”, falei, sem saber como começar. “Você… Éramos amigos…”

Isabel não reagiu. Parecia concentrada no gorjeio de um passarinho.

Guardei silêncio por alguns instantes. Ela, inerte, estava alheia à minha presença.

“Nós… viajamos a Istambul, sabia? Tomamos chá de maçã…”, tentei novamente.

Não houve reação. Nem um suspiro, sem um olhar. O silêncio só era quebrado pela brisa que serpenteava os galhos mais altos da figueira.

Mil possibilidades passaram pela minha mente. Eu me via repetindo os versos infantis da menina que se parecia com uma flor, ou oferecendo a Isabel um punhado de jabuticabas. Em meus devaneios ela despertava e sorria ao me reconhecer.

Isso jamais aconteceria. Contemplei-a mirando o infinito. Fios de cabelo esvoaçavam. Serena, parecia gostar do carinho. Era isso que procurava, um sentido para a vida, algo que só nos surge ao enxergarmos o ocaso.

Enxuguei os olhos e respirei fundo. A eternidade é uma grande trapaça.

Permaneci calado até que um rapaz vestido de branco pediu-me licença, informando que precisava levar Isabel para repousar. Eu sabia que jamais a veria novamente. Mais do que isso, percebi como seria difícil aceitar sua partida. Pela segunda e derradeira vez. A única maneira de lidar com essa perda seria, uma vez mais, apagando minhas memórias.

***

Muitos anos hão de se passar até que alguém encontre a casa de meu pai nos limites da zona rural de nossa pacata cidade grande. Até que isso ocorra, o tempo – esse senhor que pensamos dominar – se encarregará de promover as desconstruções necessárias. Entre os inúmeros manuscritos da biblioteca, deixo esta missiva, como prova de que um dia, há muito, muito tempo, existi. A quem interessar.

78 comentários em “No Limiar da Eternidade (Gustavo Araujo)

  1. Iolandinha Pinheiro
    27 de agosto de 2016

    Adoro ler contos como o seu, Gustavo. Que fazem o leitor desvendar seus mistérios de forma paulatina e apaixonante. O seu texto é muito bem dosado: suspense, sensibilidade, descobertas, de modo a nos conduzir de maneira hipnótica e irresistível até o deslinde fantástico. A partir de um certo momento, comecei a suspeitar do que seria o fim, mas isso em nada atrapalhou a beleza do conto, apenas confirmou os indícios que o autor espalhou, de modo brilhante e num timing perfeito, aos seus leitores atentos. Sorte minha. Iolanda.

  2. Fátima Carvalho
    8 de fevereiro de 2016

    A leitura é boa quando ela nos transporta para o texto. E eu estive ali, embaixo daquela figueira, com os mesmos sentimentos ali narrados. Parábens.

  3. Jef Lemos
    7 de janeiro de 2016

    Você tem um dom para tocar as pessoas, Gustavo, e isso é uma coisa fantástica!

    Sua narrativa é suave, e, em alguns aspectos, você e o Fabio são muito parecidos. Na habilidade, por exemplo.

    Gostei dos sentimentos que afloram durante a leitura. A primeira parte é boa, mas o final é que é tocante. Confesso que eu não gostava de contos dramáticos ou qualquer coisa desse tipo antes, mas o EC (contos como esse) me fez ver com outros olhos.

    Parabéns, realmente deveria estar entre os primeiros!

    • Gustavo Castro Araujo
      8 de janeiro de 2016

      Obrigado, Jeffe! Valeu mesmo por passar aqui mesmo com o desafio encerrado! Sentimos sua falta! Grande abraço!!

  4. Fabio D'Oliveira
    5 de janeiro de 2016

    ௫ No Limiar da Eternidade (Vicente Góes)

    ஒ Físico: Texto escrito de forma magistral. Vicente é muito bom no que faz. A narrativa flui naturalmente e o estilo é carregado de uma delicadeza admirável. Merece apenas um coisa: CLAP, CLAP, CLAP, CLAP!

    ண Intelecto: O enredo é bem cuidado, percebendo o apreço que o escritor tem por ele. O texto não é apenas esteticamente bonito, também é maravilhoso por dentro, em sua mensagem. Por que nos apegamos tanto na eternidade? Por que temos que viver para sempre? O que realmente importa? O maior problema é o tamanho do conto. Não dá para explorar toda a situação, o protagonista, apenas breves nuances de seu ser. Sem mencionar que as partes explicativas, que são necessárias, dão um toque artificial ao texto da forma como foram inseridas.

    ஜ Alma: A biblioteca ganhou muita força no início da metade, mas o foco mudou completamente até o final do conto. Mas ela continuou sendo um cenário de importância. O autor mostrou muito potencial para escrever estórias longas e reflexivas. Apostaria nele como romancista ou novelista.

    ஆ Egocentrismo: Adorei a estória, voltado para a importância do contato humano. A agonia do personagem ficou bem crível. Amei, na verdade! Parabéns!

    • Gustavo Castro Araujo
      5 de janeiro de 2016

      Caro Fabio, agradeço muito o seu comentário. Considerando que o desafio já se encerrou, a sua passagem por aqui revela muito da pessoa que você é e do apreço que você tem por este espaço e pelas pessoas que aqui escrevem. Muito obrigado por suas observações oportunas, apontando as qualidades e os defeitos do conto. Gosto da maneira como você expõe suas idéias, dividindo as impressões em tópicos, sempre com uma abordagem peculiar e, por que não dizer, poética. Grande abraço!

  5. André Lima dos Santos
    2 de janeiro de 2016

    A idéia é interessante e o autor se mostrou habilidoso com as palavras.

    Mas algumas conclusões filosóficas do conto não me agradaram. Dar vida de volta a alguém prova que Deus não existe? Independente do ateísmo de cada um (kkk) não há como se concluir algo assim.

    Mas o conto é bom, eu adoro contos que tem essa pegada de vida e morte.

    • Gustavo Castro Araujo
      5 de janeiro de 2016

      Olá, André! Obrigado pelo comentário! As conclusões a que você se refere não são necessariamente minhas (autor), mas muito mais do narrador-personagem, realizadas com o intuito único e descarado de tirar o leitor da zona de conforto. Fico feliz por ter visto em suas impressões esse resultado. Grande abraço!

  6. Rubem Cabral
    2 de janeiro de 2016

    Olá, Vicente. Gostei bastante do conto, em especial pela sinestesia evocada por algumas descrições criativas e pelas ideias levantadas sobre este mundo futuro.

    Eu já fui a Istambul uma vez e fiquei feliz em notar alguns aspectos da cidade no texto, feito o detalhe de se tomar chá de maçã, por exemplo. Já a parte de negociar preços, na verdade é bem fácil por lá, pois eles jogam os preços iniciais lá em cima, já contando com a barganha.

    Pessoalmente, eu teria acrescido alguns diálogos para causar um tanto a mais de empatia pelas personagens.

    Parabéns. Muito bom conto.

    • Gustavo Castro Araujo
      5 de janeiro de 2016

      Obrigado, mestre Rubem! Pena que você não votou haha Sou péssimo em barganhar preço. Nesse trecho, o conto traz uma confissão pessoal. Quanto aos diálogos, concordo. O problema, como você bem sabe, é o limite imposto, que nos amarra um pouco. Valeu, meu amigo!

  7. Jowilton Amaral da Costa
    2 de janeiro de 2016

    O conto é muito bom. Bem escrito, tem ótimo ritmo, vai nos instigando no mistério de quem será o narrador, ou quem será Isabel. Há algumas imagens muito sentimentais, ao meu ver, exageradas, digamos assim, acho que uma característica do autor, que acho que sei quem é. Parabéns.

  8. Simoni Dário
    2 de janeiro de 2016

    O texto me lembrou o filme “O Diário de Uma Paixào” e também “Brilho Eterno de Uma mente Sem Lembranças” e ambos tratam de belíssimas histórias de amor, com abordagens diferentes mas com paralelo bem interessante. Lembrei também de “Interestelar”, que entre idas e vindas no tempo fala de amor de uma forma muito profunda. O conto é belo, bem escrito e bem narrado. Funcionou comigo porque trata de uma linda e emocionante história de amor.
    Bom desafio!

  9. Bia Machado
    1 de janeiro de 2016

    Gostei muito do conto, que me fez lembrar do primeiro de ficção científica que escrevi, chamado “Brincando de Deus”, para uma antologia que participei. Como não sabia de que jeito escrever FC, fui pelo caminho da FC soft. Aqui não é o mérito se o conto é de FC ou não. Pra mim não é, mas tem toques. Uma FC soft, talvez? Rsss… Mas depois de viagem no tempo, a memória é o meu segundo tema preferido em ficção especulativa. Talvez eu não saiba, de repente ele é até o preferido, porque já tenho um livro na metade com esse tema e tenho ideias para outras histórias relacionadas a memória também… Curiosamente, meu maior medo é um dia vir a sofrer de Alzheimer. Bem, desculpe as lembranças que seu conto me trouxe, mas é que ele valeu, para mim, caro autor reconhecido, justamente por isso, pelas lembranças que me trouxe. E aí posso encaixar seu texto no time daqueles que valeriam a pena reler.

    • Gustavo Castro Araujo
      5 de janeiro de 2016

      Creio que esses são temas universais, Bia. Memória, vida eterna… É difícil criar um conto que aborde esses aspectos sem resvalar na ficção científica. Queria muito ler esse seu conto, que não conheço. Poderíamos publicá-lo na seção off, quem sabe? Grande abraço, amiga!

      • Bia Machado
        5 de janeiro de 2016

        Opa, podemos sim! Vou procurar por ele e fazer uma segunda versão, pra ver se melhora alguma coisa e te passo. 😉

  10. Philip Klem
    1 de janeiro de 2016

    Boa tarde.
    Gostei bastante da sua escrita.
    Você tem uma escrita bem madura e desenvolvida, no nível de escritores profissionais e já com anos de experiencia nas costas.
    Seu conto foi muito interessante de se ler. Todo o mistério em torno dos diários do pai, da isabel e das memórias implantadas foi muito bom.
    Todos os pequenos detalhes que você usou, como a descrição a caligrafia do nome Isabel, enriqueceram seu conto ainda mais. Não houveram pontas soltas.
    Você sabe envolver o leitor com suas palavras, e isso é talento. Meus parabéns autor.

    • Gustavo Castro Araujo
      5 de janeiro de 2016

      Obrigado pelo comentário, Phillip (até agora tenho dúvidas se é com um ou dois “L”). Um abraço!

  11. Leandro B.
    1 de janeiro de 2016

    Oi, Vicente.

    Costumo dizer que tenho certa dificuldade em apreciar FC. Quase sempre me deparo com muita informação que tenta se levar a sério demais, com diversos termos tecnicos que acabam me afastando um pouco. Sinto muita ênfase na “ciência” e pouca na história.

    Não foi o caso aqui.

    A exposição se deu de maneira gradativa e a naturalidade com que o autor escreveu me envolveu com facilidade na trama. O mundo apresentando ficou bem convincente.

    A narrativa e a história em si foram bem envolventes; Em nenhuma parte fiquei agarrado. Temi que a história fosse se direcionar para a surpresa meio óbvia de que o escritor havia sido Érico, mas já pela metade do conto a provável possibilidade se anuncia e a narrativa segue para o que teria acontecido com a figura de Isabel.

    Particularmente, talvez eu preferisse o final não tão fechado, sem saber o que teria acontecido com Isabel. Por outro lado, isso significaria abrir mão do último parágrafo, que está excelente, imo.

    Se não me engano é o terceiro conto que leio aqui que trata da questão da imortalidade e fez isso com muita competência.

    Parabens pelo trabalho.

    • Gustavo Castro Araujo
      5 de janeiro de 2016

      Obrigado pelo comentário, Leandro! Esse final dividiu opiniões, mas eu achei que deveria deixá-lo exatamente assim. Fico contente que você tenha gostado. Grande abraço!

  12. Evie Dutra
    1 de janeiro de 2016

    O conto é muito, muito bem escrito. Sua escrita me deixou maravilhada. Até agora, o conto mais bem escrito deste desafio. A história me envolveu até ao final. Achei um conto maduro e muito bem construído.
    No entanto, esperava mais do final. Confesso que fiquei um pouco desapontada quando li o último parágrafo.. é que todo o conto foi tão bom, que no final eu estava esperando algo grandioso, como os finais das sonatas do período Clássico. Independente disso, seu talento é indescritível. Parabéns.

    • Gustavo Castro Araujo
      5 de janeiro de 2016

      Obrigado pelo comentário, Evie. O final realmente me deu certo trabalho. Pensei em alguma coisa de impacto, mas isso significaria, talvez, cair no óbvio. Preferi um arremate mais aberto, mesmo sabendo que poderia não ser do agrado de todos. Mas fico contente por você ter gostado do resultado no geral 🙂 Um abraço!

  13. G. S. Willy
    1 de janeiro de 2016

    Um conto muito bem escrito, com boas descrições e ótimos devaneios. Senti falta de uma explicação do motivo de, nesse mundo, a história ter tomado outro caminho, diferente do nosso mundo. O que aconteceu nesse 1972, que não aconteceu no nosso 1972? Outro ponto também é que senti total desnecessidade de mencionar tantas vezes a possibilidade de armazenar as memórias se ninguém o faz. Acho que teria muito mais força se todos fizessem e ainda pudessem acessar sempre que quisessem, mas o personagem resolvesse escrever para não ter fácil acesso. É apenas uma ideia. Ficção científica é cheia de possibilidades.

    No geral, um ótimo conto, parabéns.

    • Gustavo Castro Araujo
      5 de janeiro de 2016

      Grande Willy, obrigado pelo comentário. Preferi não explicar os motivos dessa realidade paralela por considerar que isso como irrelevante para o verdadeiro propósito do conto, que é discutir a imortalidade e suas implicações. Mas sei que para o público de FC essa opção pode ter sido decepcionante em alguns aspectos. De todo modo, fico contente por você ter apreciado o conto no geral. Um abraço.

  14. Wilson Barros Júnior
    1 de janeiro de 2016

    Um bom conceito para imortalidade. Aliás, há algo semelhante na “Diaspar” de Arthur Clarke (o livro foi publicado no Brasil com o nome “A Cidade e as Estrelas”, podem ler, é espetacular. Notem que “Diaspar”, o nome da cidade, é quase um anagrama para “Paradise”). A ideia do seu conto é fabulosa, tão fabulosa que tenho certeza que há muita coisa ainda aí para ser explorada. Tomando emprestada a fala da Simoni Dário, a comparação com o filme “Questão de Tempo” é inevitável. Quanto às consequências da vida eterna, podem ser encontradas, claro, nas Viagens de Gulliver ( de Jonathan Swift, um dos maiores escritores que este débil planeta já teve a honra de hospedar), quando ele encontra os STRULDBRUGS. Um conto muito interessante, parabéns (e também, evidentemente, reconheço a autoria, hahaha, brincadeira).

    • Brian Oliveira Lancaster
      4 de janeiro de 2016

      Diaspar… boas lembranças. Um dos meus livros preferidos.

    • Gustavo Castro Araujo
      5 de janeiro de 2016

      Mestre Wilson, obrigado pelo comentário sempre oportuno e recheado de dicas. Não conhecia essa obra do Clarke (como tantas outras de FC). Considerando sua indicação, terei que correr atrás. Valeu!

  15. piscies
    31 de dezembro de 2015

    Parabéns ao autor. Um conto belíssimo e filosófico, abordando questões antiquíssimos como “o que nos faz nós mesmos?” e “não seria perder a memória apenas outra forma de morrer?”

    O fato aqui é que escrever é uma forma de viver para sempre. Acho que, no fim, nós como escritores sempre sabemos disso e mantemos este “mantra” em nossa cabeça enquanto escrevemos. A escrita é a nossa tentativa de falar com o futuro e dizer “Ei, eu existi! Lembrem-se de mim!”

    Gostei do conto. A escrita é perfeita, a ambientação maravilhosa. O tema do desafio foi muito bem abordado, tornando-se personagem principal. Parabéns e obrigado por me proporcionar esta bela leitura.

    Boa sorte no desafio!

  16. JULIANA CALAFANGE
    27 de dezembro de 2015

    Gostei muito do conto. Poderia ter ficado no clichê do tema, já bastante visitado, mas não. Vc seguiu com maestria o caminho da sutileza, das relações humanas de afeto, que em tese sobrevivem à morte e até a uma tecnologia que “apaga” memórias. Muito bonito o final, quando ele encontra Isabel, a maneira como vc descreve o estado senil dela e é quando vemos de forma explícita que o tempo é uma coisa que nos escapa e sempre será assim. Só nos resta aproveitar o momento, pra que ele não se apague tão rápido. E eu me transportei pra debaixo daquela figueira… Vc escreve muito bem, o texto flui e não cansa. Acho q encontrei um pequeno erro de digitação: “Não houve reação. Nem um suspiro, sem um olhar.” Imagino que fosse “nem um suspiro, nem um olhar”. Parabéns!

    • Gustavo Castro Araujo
      5 de janeiro de 2016

      Obrigado pela leitura atenta, Juliana. De fato, há um erro de digitação no ponto citado por você. Fico contente que você tenha gostado do conto 🙂 Um abraço!

  17. Thiago Lee
    27 de dezembro de 2015

    Que conto!
    Já começa de forma fenomenal (sou fá de FC e ciência em geral) e emocionante, com uma premissa muito intrigante.
    Lá pelo meio entretanto, o texto dá umas flutuadas e desprende a atenção do leitor. Houve momentos em que precisei dar aquela respirada e reler alguns trechos. Mas no final o ritmo é retomado e fecha muito bem a história. Parabéns!

  18. Claudia Roberta Angst
    25 de dezembro de 2015

    O início do conto pareceu-me bem ficção científica, com as explicações sobre clones, chips, etc. Não sou muito fã de FC,mas a narrativa desenvolveu-se em outro tom, abordando as lembranças do narrador (ou do seu clone).
    Fiquei imaginando a menina de blusa branca manchada do roxo das jabuticabas. Uma bela lembrança, alegre e simples. Funcionou para mim como sinestesia – Pude sentir o gosto e o cheiro das jabuticabas, ver o colorido das manchas, ouvir a risada da menina.
    O conto está muito bem escrito, com passagens bonitas que nos levam a viajar com as lembranças que temos e aquelas das quais nos apropriamos das leituras que fizemos.
    Também fiquei refletindo sobre a questão da vida eterna – Isso seria realmente bom?
    Não encontrei lapsos de revisão.
    Boa sorte!

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pelo comentário, Claudia. Obrigado, sobretudo, por perceber que o conto não é sobre ficção científica. Um abraço!

  19. Antonio Stegues Batista
    24 de dezembro de 2015

    Há uma confusão entre Juventude Eterna, transferência de memória para um chip e indivíduos clonados. Algumas implicações celulares e neurais tornam os fatos improváveis.

    “Em breve, trazer os mortos de volta seria algo corriqueiro. Bastava esperar. A prova de que Deus é um invento, uma máquina.” São considerações do autor.
    Deus criou o universo de FORA para dentro e tudo o que o Homem consegue criar é com o que está DENTRO, portanto, ele não pode ser considerado Criador do que já foi criado, inclusive a sua inteligência e evolução tecnológica.

    Acho que, quando Lauro morre, quem passa a narrar o texto é o próprio Lauro, aliás, um clone dele com as memórias dele. O final ficou legal mas as informações no inicio não teve muita lógica.

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Olá, Antonio,

      Interessante essa interpretação a respeito do Lauro. Não tinha pensado nisso, mas, como alguém por aí disse, depois que a gente escreve, a obra deixa de nos pertencer. Com base nisso, dá para aceitar sua tese também.

      Quanto ao embasamento científico, é provável que eu tenha falhado na missão de explicar os detalhes. Tentei ser claro, mas ao que parece, não foi o suficiente para convencê-lo, de modo que me desculpo. Vou tentar ser mais didático:

      — A imortalidade foi conquistada pelo domínio da telomerase. Os telômeros são uma “tripinha” do DNA, o pedacinho que nos faz ficar velhos. Ao controlar seu desgaste, os cientistas “frearam” o envelhecimento. É algo teoricamente possível.

      — Com as pessoas vivendo para sempre, o cérebro não consegue reter todas as informações acumuladas. Daí a necessidade do chip para download das memórias, para que nada se perca.

      — Essas memórias podem ser implantadas, seja em outras pessoas, seja em clones, preenchendo seus cérebros com informações alheias.

      Por fim, me perdoe por discordar de você, mas o parágrafo que você mencionou não traduz, necessariamente, a opinião deste autor. Certamente você reparou que o texto é em 1ª pessoa; logo, o que está ali é a opinião do narrador/personagem, seja ele quem for.

      Acho um pouco temerário afirmar que se trata da opinião deste participante, afinal, desculpe-me lembrar (não quero parecer grosseiro), você não sabe quem sou eu e, mesmo se soubesse, jamais teria a certeza das convicções filosóficas e religiosas que se digladiam em meus pensamentos, não é verdade?

      Mas fico contente por você ter feito essa “confusão”. Sinal que a escrita o incomodou, no bom sentido.

      Obrigado pelo comentário.

  20. Fil Felix
    23 de dezembro de 2015

    Pegou a velha fórmula da vida eterna e seus problemas e acrescentou algo muito interessante, que é a perda de memórias. Não sei até que ponto é ficção ou fato, mas gostei muito de como tratou o limite humano, do descarte de lembranças. Acaba gerando diversos questionamentos, isso. O que é descartável e o que não é? Quais critérios nosso corpo utiliza?

    A narrativa também está muito boa, só tiraria a parte mais técnica, pois contrasta com o estilo mais romantizado que o conto pega no meio pra frente. Talvez não estamos assim tão longe dessa realidade. Quem costuma escrever algum diário, ou relembrar a infância/ adolescência, muitas vezes se depara com “eus” tão diferentes que custamos a acreditar que realmente éramos nós.

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pelo comentário, Fil. Como tentei explicar ao Antonio, aí em cima, o controle do desgaste dos telômeros é a chave para a imortalidade. Cientificamente comprovado.

      Concordo com você sobre o contraste da parte técnica com o resto do conto. No entanto, o trecho romantizado, como você diz, se apóia nos dados técnicos. Daí a necessidade.

      Agradeço a leitura atenta! Um abraço!

  21. Pedro Luna
    22 de dezembro de 2015

    Um bom conto naquele estilo relatão, que deixa o leitor preso a leitura. A narrativa é show e o resultado é muito bacana. Se for para sugerir alguma mudança, eu diria que o autor poderia tentar encurtar um pouco alguns trechos. Digo isso porque a revelação de que os livros falam do narrador fica óbvio pro leitor logo de cara (não sendo óbvio, pelo menos desperta a dúvida), então alguns parágrafos onde o narrador ainda permanece na dúvida poderiam ser cortados ou retrabalhados.

    A premissa de apagar as memórias não é novidade, mas isso não incomodou em nenhum momento. O autor tem habilidade com as palavras e é como já disse, o texto prende. Outro ponto positivo é que até a parte em que o narrador vai a casa do pai, não sabemos direito do que tudo irá se tratar. Outro ponto positivo. O texto não se entrega logo no início. Uma experiência bacana de leitura.

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pela leitura e pelas sugestões, Pedro. Vou levá-las em consideração quando revisar o texto. Um abraço!

  22. Evandro Furtado
    22 de dezembro de 2015

    Olá, seguem as considerações

    Fluídez – 10/10 – texto gostoso de ler, apesar de longo. Pausas nos momentos corretos que geram dinamismo;
    Estilo – 10/10 – uma narrativa perfeita, ótimas combinações nas frases, vocabulário extenso, imagens belíssimas;
    Verossimilhança – 10/10 – a história ultrapassa a tela do computador e põe o pé na realidade. Conecta com o leitor de forma excepcional;
    Efeito Catártico – 10/10 – essa é daquelas histórias que incomodam e ficam na cabeça por vários dias, ruminando, refletindo.

  23. Lucas Rezende de Paula
    21 de dezembro de 2015

    Muito bom!
    Outro candidato ao título. Adorei a história, a forma que ele vai aos poucos descobrindo que os diários são lembranças perdidas. A memória de Isabel também aos poucos se firmando.
    No fim quase escorreu suor masculino por todo o meu rosto, hahaha.
    Ficou perfeito no fim ela não se lembrar dele, a vida é assim afinal.
    Boa sorte.

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Hahahaha “suor masculino” foi excelente! Obrigado pela leitura e pelo comentário, Lucas! Um abraço!

  24. Daniel Reis
    21 de dezembro de 2015

    Muito bom o conto, desde a premissa, até a pesquisa evidente, feita para validá-la. Depois da leitura, fique pensativo sobre a função da memória como representação da existência, e a escrita como manifestação dessa mesma memória. Bom encontrar um texto que faz a gente pensar nele por um tempo após a leitura. O único ponto que me pareceu sujeito à observação foi uma certa frieza do narrador, acho que ele poderia ter “sentido” mais a perda do pai e, depois, a sua descoberta – expressando esse sentimento na carta, que é, afinal, a narrativa.

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Olá, Daniel! Concordo com você: o trecho com relação à perda do pai poderia ter ficado melhor. O problema foi o limite de palavras a que estávamos sujeitos. Mas vou levar em conta sua sugestão quando for revisar o texto, já livre das amarras. Obrigado pela leitura e pelo comentário!

  25. Rogério Germani
    20 de dezembro de 2015

    Olá, Vicente!

    Esta junção de arte com ficção científica ficou bem elaborada: há sentimentos permeando as informações e isto é muito bom para atingir um público mais amplo.
    Acrescentaria apenas alguns diálogos nos momentos de lembrança do protagonista.

    Boa sorte!

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pela leitura, pelos comentários e pelas sugestões, Rogério!
      Um abraço!

  26. Neusa Maria Fontolan
    20 de dezembro de 2015

    Um bom conto de ficção científica. Fiquei aqui pensando… Será que se apagarmos nossas memorias, não seria o mesmo que morrer?
    Parabéns e boa sorte.

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Oi, Neusa! Obrigado pela leitura. Fico feliz que o conto tenha gerado questionamentos. Um abraço!

  27. Leonardo Jardim
    19 de dezembro de 2015

    Caro autor, seguem minhas impressões de cada aspecto do conto antes de ler os demais comentários:

    📜 Trama (⭐⭐⭐⭐▫): muito interessante, muito legal mesmo. Tenho lido muito histórias que falam sobre imortalidade ultimamente, mas essa parte da memória tornou tudo muito mais cruel. O fim me lembrou o ótimo Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças: o que é mais terrível? Possuir uma lembrança triste corroendo a alma ou esquecê-las junto com os bons momentos que ela trazia? Pra ser chato, descontei uma estrela apenas porque a parte em que ele descobre que era o autor dos textos não chegou a ser uma reviravolta, pois se desenvolveu muito lentamente.

    📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): muito boa, narra com eficiência e passa as sensações com bastante facilidade. Só não ganhou cinco estrelas, pois senti falta de metáforas e figuras de linguagem mais elaboradas.

    🎯 Tema (⭐▫): a biblioteca não é o foco da trama, mas seu conteúdo.

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): como já disse, imortalidade e exclusão de partes memória já foram usadas em outras histórias, mas a junção dessas duas coisas tornou a história bastante criativa.

    🎭 Emoção/Impacto (⭐⭐⭐⭐▫): o texto é bonito e a história é bastante interessante, fiquei satisfeito com a leitura, embora não tenho sentido muito a emoção do personagem. Se a reviravolta fosse mais forte, talvez o impacto fosse melhor.

    💬 Trecho de destaque: “Em meus devaneios ela despertava e sorria ao me reconhecer.” 😢

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pelo comentário embasado, Leonardo. Só vou chorar quanto ao “tema”, já que a biblioteca “É” o conto. Sem ela, nada se desenvolveria. E no fim, lá está ela, destruidazinha da silva, rs

      • Leonardo Jardim
        26 de dezembro de 2015

        Hum, ela tem até sua importância na trama, embora o texto seja sobre memória e relacionamentos. Vou refletir mais um pouco sobre sua alegação 😉

  28. Gustavo Castro Araujo
    18 de dezembro de 2015

    Há algum tempo rascunhei um conto sobre imortalidade. A história tratava das repercussões da vida eterna em uma sociedade distópica, o que criava — pelo menos na minha cabeça — um questionamento sobre até que ponto era válido permanecer vivo.

    Este conto segue o mesmo caminho, ainda que de maneira diversa, ao tratar da velhice como uma opção ainda válida. De fato, ao menos no plano teórico, é de se perguntar o que faríamos caso a humanidade fosse contemplada com uma vida sem prazo para acabar. Acredito que num primeiro momento, todo mundo escolheria a eternidade, mas, talvez, com o tempo, a situação mudasse. Realmente, o que faz a vida valer a pena é saber que, de uma hora para outra, tudo pode ir para o vinagre, rs.

    De todo modo, apesar da premissa interessante, há aspectos no desenvolvimento que merecem melhor atenção. O primeiro deles refere-se ao uso de ficção científica para explicar a maneira como a imortalidade foi conquistada. Da maneira como foi exposta, a justificativa pode afastar quem não curte muito o assunto e, ao mesmo tempo, pode deixar insatisfeitos os entusiastas da matéria. Talvez o melhor fosse simplesmente dizer que a partir do ano tal a humanidade passou a viver eternamente e ponto, sem muitos porquês.

    Outro item que poderia ser repensado é a menção à viagem a Istambul. Pareceu um tanto pedante, como se o autor quisesse exibir um conhecimento que, no frigir dos ovos, não tem muita utilidade para a trama principal. Talvez fosse o caso de eliminar esse tipo de informação, uma vez que pode ser entendida como encheção de linguiça. Às vezes, menos é mais. Pense nisso.

    Enfim, no geral, a premissa é boa, mas há pontos a melhorar numa revisão futura.

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pelo comentário e pelas sugestões, Gustavo. É certamente algo a se pensar. Um abraço!

      • Brian Oliveira Lancaster
        4 de janeiro de 2016

        Esquizofrenia detected…

  29. Andre Luiz
    18 de dezembro de 2015

    Achei o conto super válido e interessante, principalmente porque não foi cansativo lê-lo e o apego emocional aos personagens foi muito bem empregado. Apenas senti falta de um pouco mais do processo em si da “imortalidade” como descoberta científica, o que para mim poderia ter sido mais explorado. Porém, não retiro mérito nenhum do autor. Parabéns e boa sorte!

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pelo comentário e pela leitura, André. O conto não é sobre o processo da imortalidade, mas sobre suas consequências. Daí a preferência em abordá-las em detrimento das explicações. Um abraço!

  30. Davenir Viganon
    16 de dezembro de 2015

    Achei interessante o conto. Senti falta de diálogos, para poder me afeiçoar aos personagens. O conto pareceu um resumo de um livro. A pesar disso me agradou pela profundidade e pelo bom entrosamento entre os elementos científicos e a parte artística. Não me fisgou, mas o saldo é positivo!
    Um abraço!

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pela leitura, Davenir. Sinto por não tê-lo fisgado. Quem sabe na próxima vez?

  31. Cleber Duarte de Lara
    16 de dezembro de 2015

    CRÍTICA
    Perdoem-me os demais participantes, eu juro que tentei seguir com o esquema, postar crítica em todos e tal. Até li, dei um tempo e li novamente. Mas a única coisa que poderia falar à titulo de crítica é uma licensa poética que possui um valor estrutural no texto, um elemento pivô do que vem a seguir, a saber, a exacerbação do príncipio de incerteza ao ponto de mesmo depois de desenvolvido um dispositivo e testado e ajustado como é de praxe nesses casos, tudo piscar e obliterar-se numa inversão de polaridade aleatória. Como disse, trata-se de uma licensa poética, se não for ignorancia crassa de minha parte à esse respeito.

    PONTOS POSITIVOS

    Universo paralelo: Trata-se de uma linha temporal onde houve uma segunda revolução biomolecular do vulto da ocorrida na década de 50, com Watson e Crick. Telômeros são marcadores de desgaste celular e controlam efetivamente a taxa de regeneração celular e o acúmulo de erros de replicação que (basicamente) denominamos envelhecimento.
    Neurociência: Mais uma vez, ou trata-se de um autor que é da área médica, biológica, etc. ou é um pesquisador de boa divulgação nestas áreas. As referências ao hipocampo como “centro de armazenamento” ou o HD do cérebro, às limitações da memória, são bastante verossímeis.
    Há um jogo com o leitor, do impessoal e linear – a progressão da tecnologia e o desenvolvimento de perscetivas no futuro próximo e as repercussões nas biografias pessoais -, ao pessoal e vertical aprofundamento da psique do personagem, feito de cobaia viva para o leitor das supraditas implicações do alongamento da vida sem o devido ajuste na capacidade de armazenamento e organização mnemônica.
    Há na visão humana, uma região nítida, mais ou menos central, denominada fóvea, e o resto é construção cerebral a partir de padrões gerados por “softwares” cerebrais e memória visual, a partir principalmente das expectativas geradas pelas experiencias visuais anteriores interpretadas por várias camadas de emoção e racionalização. Como comparação, o personagem aqui, possui uma “fóvea” densa e bem clara em relação às memórias mais recentes e significativas desse período e toda uma vasta região sombreada e cheia de fantasmas. Nesta zona estão infância, momentos em família – notem a surpresa com o desconhecimento da biografia de seu pai em certo trecho – e a misteriosa menina, a flor amarela amante de jabutucabas.

    Quanto à menina misteriosa, é só juntar os pontos:
    1)”Assim ocorrera em relação à minha mãe, vítima fatal de uma doença degenerativa antes da revolução da telomerase. O sofrimento por sua perda havia sido guardado em um campo remoto de minha memória, deixando à mostra apenas uma ponta de tristeza que eu recobria com lembranças mais reconfortantes.”
    2)”Tratava-se do relato de uma viagem que ele e minha mãe fizeram a Istambul.”
    3) “Súbito, sem que me desse conta, não eram meus pais que eu via caminhando pelas ruas apertadas de Sultanahmet. Éramos eu e uma garota. Ela estava ao meu lado enquanto caminhávamos mas eu não sabia seu nome. Ou pelo menos não me lembrava. Estava hipnotizado por sua expressão frágil e ao mesmo tempo desafiadora, por aqueles olhos de um verde profundo, emoldurados por sobrancelhas arqueadas, pelo rosto redondo, pelos cabelos puxados para trás em um rabo-de-cavalo.”

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pela leitura atenta e pelo comentário bem fundamentado, Cleber. É sempre gratificante perceber que o leitor foi além do texto a ele oferecido. De fato, você fez a lição de casa ao pesquisar a questão dos telômeros e do hipocampo com tanto empenho. Também me deixa feliz ver sua interpretação sobre os desatinos do narrador/personagem.

      Quanto à licença poética, vou dizer que entendo seu argumento, mas na verdade não há, até hoje, qualquer indício de que um dia superaremos a questão posta por Heisenberg, o embrião da física quântica. Não é possível saber, ao mesmo tempo, o local e a velocidade do elétron.

      Einstein posicionou-se contra esse dogma, ao dizer que “Deus não joga dados”, defendendo, assim, a tese de que tudo pode ser determinado. Cientistas posteriores como Niels Bohr, porém, asseveraram que a incerteza, no nível subatômico é um fato insuperável. Claro, podemos imaginar que no futuro (quando?) será possível determinar as duas variantes ao mesmo tempo, mas hoje isso é algo fora de cogitação.

  32. Eduardo Selga
    16 de dezembro de 2015

    O texto em prosa artística, quando cala fundo, é porque de um modo geral, carrega consigo uma dimensão para além da estória mesma; quase sempre ele mostra e oculta um subtexto. Como se dá esse jogo de mostrar sem ser explícito, esse ocultar o corpo deixando a ponta da saia de fora, esse é um dos elementos que faz um texto ser literário.

    A biblioteca não é, no conto,apenas um lugar, como nós o conceituamos no cotidiano: é uma boa alegoria do espaço da mente onde funciona o mecanismo da memória. A biblioteca é, portanto, “físico” e mental; denotativa e conotativa, simultaneamente. Toda a vez que o protagonista adentra o espaço de memória imagens são ativadas do passado e passam a fazer parte de seu presente. Mas isso não acontece por um motivo qualquer: como a memória não é algo aleatório (embora às vezes pareça), por tem uma função auxiliadora do sujeito em sua vida presente, as lembranças no conto mostram seu motivo: uma espécie de preparação e incentivo para o encontro do personagem com Isabel.

    Ao contrário do que costuma acontecer em narrativas que se utilizam da memória como elemento central, o encontro não causa uma mudança substancial no protagonista (certa melancolia mostrada por ele ao fim do conto já era exibida antes), apesar do potencial para que isso acontecesse, demonstrado pela saudade que o protagonista sente de Isabel.

    Não será porque a memória que o protagonista tem de Isabel não é de fato dele, e sim um implante? Nesse caso, a tecnologia mostra alguma incompatibilidade com o organismo humano. Noutros termos, a briga do homem contra a sua natureza animal, reflexão de uma perigosa obsessão de nossa espécie: descolarmos da natureza.

    Particularmente relevante, do ponto de vista estético, uma mudança de tom no discurso do protagonista. No início, ele, médico, apresenta uma linguagem bastante fria e com termos do jargão científico. Após o falecimento do pai, seu paciente, a linguagem adquire mais colorido e ternura, culminando com alguma tristeza pelo fato de existir.

    A existência eterna é mostrada como uma praga, na medida em que falta sentido para a vida. Uma maldição da tecnologia, cujos avanços sempre são mostrados como positivos para a humanidade, por “facilitar a vida” e teoricamente fazer sobrar mais tempo para ser feliz. No conto, ao contrário, o sentido da vida é associado à necessidade de a vida material um dia fenecer.

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pela análise, Eduardo. É recompensador, para quem quer que escreva, ter seu texto dissecado e interpretado de forma tão dedicada e abrangente. De fato, me parece que você conseguiu extrair todas as mensagens subliminares que tentei inserir. Fico contente com isso. Um exame que vale cada segundo empregado na elaboração do conto. Um abraço!

  33. catarinacunha2015
    15 de dezembro de 2015

    TÍTULO sugestivo e poético. O FLUXO me entediou por sua constância e passagens desnecessárias. Mas isso não é “defeito técnico” e sim estilo. A TRAMA foi bem costurada com um enredo seguro e controlado. PERSONAGEM muito bem trabalhado com a dubiedade entre o que era sua memória ou não. O FINAL fortaleceu a imagem e importância da biblioteca. Não me cativou, mas foi bem escrito.

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Olá, Catarina. Obrigado pela leitura e pelo comentário! Sim, o TÍTULO é poético porque se trata do quadro do Van Gogh, que é mencionado no decorrer do conto. Como bem observado, o FLUXO representa estilo, na medida em que as passagens se mostram necessárias para o desenvolvimento da TRAMA e do PERSONAGEM. Sem esses dados, não teria sido possível chegar ao FINAL desejado. De todo modo, sinto por não a ter cativado. Quem sabe com um texto mais curto — e que não tenha qualquer menção a ficção científica — eu consiga? Um abraço!

  34. Brian Oliveira Lancaster
    15 de dezembro de 2015

    MULA (Motivação, Unidade, Leitura, Adequação)

    M: A atmosfera melancólica, mesmo com os teores explicativos, cativa e muito. Um texto bem pé no chão, apesar de se passar relativamente no futuro.
    U: A escrita é leve e flui sem atrapalho. Só achei um uso excessivo da palavra “átimo”.
    L: Estes textos mais intimistas são próprios para se criar conexão. Você o fez aqui, de maneira suave e com deslocamentos entre eventos que seguram o suspense. As reflexões sobre a memória são adequadas ao contexto. Já estava esperando ideias mirabolantes quando o protagonista não sabe quem escreveu os livros, mas você preferiu ser mais simples e direto, o que foi ótimo. O final, sem saída fácil, quebra o clichê. Infelizmente o parágrafo final deu uma quebra brusca
    no tom, mas não estragou a experiência.
    A: Aqui, novamente, temos a essência física da biblioteca, mas com várias camadas de sentimentos aplicados. Não é apenas parte da mobília.

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pela carona na mula, Brian! Comentário anotado! Um abraço!

  35. Daniel I. Dutra
    13 de dezembro de 2015

    Gostei do conto.

    Uma boa ficção-científica com uma premissa que, apesar de não ser original (e o que é original hoje em dia?), funciona bem e tem personalidade própria. Desconheço o quanto de plausibilidade científica tem a explicação apresentada, mas o importante é que ela convence, soa científica o suficiente, independente de ter fundamento ou ser apenas licença poética do autor.

    Sobre isso entra a nefasta polêmica do “mostre, não conte”. Nesse conto em particular não vi o “contar” como um problema porque o “contar” é meio que uma sina do gênero ficção-científica, principalmente quando se precisa expor conceitos científicos ou explicar o universo.

    No caso o autor driblou o mau-uso do “contar” porque ele não começa o conto explicando o contexto, mas apresentando os personagens numa situação que instiga a leitura.

    Uma vez tendo “fisgado” o leitor com o “mostrar”, ele ganha certa liberdade para usar o “contar” sem ser cansativo.

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pelo comentário, Daniel. E obrigado, principalmente, por defender a tese de que, às vezes, é necessário “contar” a despeito de “mostrar”. Um abraço!

  36. Anorkinda Neide
    12 de dezembro de 2015

    Poxa, até que enfim li uma ficção científica que não só gostei mas emocionei 🙂
    Obrigada por isto e parabéns.
    Tudo o que eu disser daqui pra frente será só pra encher linguiça e o chefe não me desclassificar como comentarista que não diz nada… ^^
    .
    Achei todo o enredo superlegal, com a imortalidade e o drama que na verdade isto é, amei claro, obviamente a turma dos rebeldes que optaram por envelhecer naturalmente e mais ainda das memórias escritas em livros caprichados. Uau!
    parece eu que escrevo todas minhas poesias em caderninhos, não confio no digital de forma nenhuma.
    Realmente um trabalho primoroso.
    Abraços!

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pelo comentário, Anorkinda Neide! Fico feliz que tenha gostado do conto, mesmo com o contexto científico. Acho que, na verdade, o texto é muito mais sobre memórias, no sentido da emoção, do que sobre tecnologia. Fico contente por você ter percebido isso. Um abraço!

  37. Fabio Baptista
    10 de dezembro de 2015

    Gostei!

    A princípio não gostei do excesso de “contar” (velha história do contar/mostrar), ao expor os avanços científicos como se
    fossem recortes de jornal. Depois, a narrativa engrenou e toda a parte das lembranças na casa do pai prenderam minha
    atenção e me instigaram a “desvendar o mistério”. Porém, devo dizer que infelizmente, apesar de bem narrada, essa parte
    chamou mais atenção pelo mistério que pela emoção – não consegui “sentir” o que o personagem estava sentindo ao
    relembrar, saca? A leitura foi gostosa mais pela curiosidade (o que não é ruim) do que pelo envolvimento (eu,
    pessoalmente, prefiro).

    Esse envolvimento emocional até chegou na reta final, mas já estava um pouco tarde. Um final mais impactante, aqui nesse
    caso, poderia ter contribuído para marcar mais emoção nas memórias do leitor (o velho truque de fisgar no primeiro
    parágrafo ou na última linha).

    As reflexões sobre vida eterna e suas consequências foram empregadas com naturalidade e na dose certa.

    No balanço, saldo positivo!

    Abraço.

    • Vicente Góes
      25 de dezembro de 2015

      Obrigado pelo comentário, Fabio. Acho que um bom tema para o canal seria essa questão do “show/tell”, não é mesmo? Acho que prefiro a explicação do Daniel Dutra, aí em cima, rs Um abraço!

      • Fabio Baptista
        31 de dezembro de 2015

        Olá, Vicente!

        Já rolou um vídeo de contar/mostrar no canal. Pelo visto você não está ligado lá nas novidades!

        Cadê o patrão pra me ajudar no puxão de orelha aqui? kkkkkkk

        Abraço!

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Publicado às 9 de dezembro de 2015 por em Imagem e marcado .