EntreContos

Detox Literário.

Viagem (Neusa Fontolan)

imagem coqueiro

Como vim parar aqui? Que lugar é esse?

Foi o que me perguntei naquele dia. Olhava em volta e via o paraíso! Sob meus pés uma areia branca e tão brilhante que, com medo de feri-los, fechei os olhos por alguns segundos. Ainda de olhos fechados, eu brincava com os dedos dos pés sentindo a enorme maciez da areia. Ela deslizava por entre meus dedos como um carinho. Deixei os pés parados, ela continuou, subindo e descendo em seu acalanto.

Abri os olhos, precisava comtemplar aquele lugar que fugia a minha abrangência, contudo, muito bem vindo.

Praia…? Era uma praia, porém tão diferente… Tão insólita… Fantástica! Tudo brilhava. E as cores?  Cores com vida, com movimentos… Eu via movimento nas cores… Via seu pulsar de vida e, mesmo sem entender, ouvia suas vozes.

Fixei meu olhar em um coqueiro, suas palmas balançavam em câmera lenta e como um neon mudava de cor, de verde escuro foi clareando aos poucos, verde, verde claro, verde limão, amarelo limão, amarelo claro, amarelo ouro, amarelo escuro, azul escuro, azul céu, azul bebê, depois voltava para o verde… Isso fazendo movimentos, como se as cores corressem uma atrás da outra. Elas me viram! Percebi que as cores tinham me visto, e eu senti que meus braços podiam alcançar qualquer coisa, e eles queriam alcançá-las. Estiquei os braços e as cores se expandiram envolvendo-os. Fiquei fascinado! Elas serpenteavam, se enrolando pelo meu braço, em um ato contínuo, sempre mudando de cor.

Minha atenção foi desviada por um barulho, um grito agudo vindo do alto e olhei… Pareciam pássaros, porém fiquei na dúvida, já que eram maravilhosos! Muitos deles voavam em círculos, asas grandes e brancas… Eles emitiam um fulgor que explodia como raios para todos os lados, tornando a aura feita de luz dez vezes maior que seus corpos. Deduzi que só podiam ser anjos.  Sentei-me na areia e minha contemplação foi maior, não conseguia tirar os olhos daqueles seres, e só os desviei quando voaram para longe.

Voltei meus olhos para o mar. Meu coração estava acelerado, assim como eu via o mar. Rápidas, suas ondas detonavam, mostrando-me em suas arrebentações, criaturas magníficas… Seres que lembravam deuses da mitologia eclodiam saltando fora d’água, para depois se desmancharem em meio à espuma branca.

Fiquei em pé em um segundo, quando vi monstros saindo do mar. Não conseguia ver com clareza, suas formas se distorciam com movimentos rotativos, braços e pernas se alongavam e retrocediam. Entrei em pânico, já que, eles vinham em minha direção gritando com suas bocas disformes. Só tinha uma coisa a fazer, correr, e foi o que tentei. Não conseguia, da areia surgiam mãos tentando me segurar. O desespero me fez reunir forças para, aos tropeços, ir em frente… Os monstros se aproximavam…

Vi a minha frente uma torre alta, era um mastro longo com uma cobertura em sua extremidade. Sem pensar escalei aquele mastro até chegar a tal cobertura e minha surpresa foi grande. Eram plumas negras que jaculavam luz! Elas envolveram meu corpo como uma mãe acalentando seu bebê, e por alguns instantes desfrutei daquele deleite.

Os monstros alcançaram o pé do mastro e fiquei horrorizado, com medo de que eles subissem para me pegar, contudo, não subiram… Eles viravam suas cabeças medonhas em minha direção e gritavam. Seus uivos eram estridentes e feriam meus ouvidos. Tentaram sacudir o mastro para que eu caísse, e, com muito medo agarrei-me as plumas. Puseram-se a andar em volta do mastro, sempre gritando ou uivando em minha direção. Eu estava encurralado! Eu não tinha como sair dali, se descesse eles me pegariam.

Depositei minha atenção nos monstros, eles seguiam o mesmo padrão, andavam em volta do mastro e gritavam tentando me pegar. Eu tremia desesperado! Apavorado! Petrificado, era como me sentia.

Sem aviso eles foram embora. Mas a dúvida bateu. Será que tinham partido mesmo? E se, eles estivessem escondidos para me enganar? Se fosse o caso, assim que eu descesse, eles me pegariam.

Horror… Horror… Horror… O pavor que eu sentia era tanto que me acalmei… Não tinha mais nada que pudesse fazer, então, acomodei-me nas plumas e fiquei admirando o céu. Sorri ao ver estrelas, milhões de estrelas coloridas de um brilho intenso. Todas as cores conhecidas e o dobro em cores desconhecidas.

Havia uma estrela, menor que as outras. Sua luz se expandia em proporções enormes, para depois se retrair, expandia novamente e continuava como o lento pulsar de um coração. Depositei minha atenção nela e descobri que falava comigo. Dizia enquanto se expandia, ”sou você”, e quando se retraia “você é eu”.

Nada mais importava! Tudo a minha volta perdeu o significado… Os monstros não mais me assustavam… Os anjos deixaram de ser divinos… O mar tornou-se pequeno e as cores perderam o valor. A minha vida parou de ser.

Tudo que importava era aquela estrela e eu. Com os olhos fixos nela formamos um coro, tendo como fundo musical, o som do meu coração. Ficamos repetindo sem parar, “sou você, você é eu”. Tum-Tum… Tum-Tum…

Devo de ter adormecido ou me fundido com a estrela, não sei… Só sei que despertei ouvindo gritos… Não eram monstros querendo me pegar… Eram meus amigos me chamando pelo nome.

— Luiz? Luiz! Desce daí cara! Faz três dias que você está empoleirado neste coqueiro, desse jeito vai morrer. Mas, que raio de ácido foi esse que você tomou?

xxx

Esta história foi-me contada por alguém próximo. Isso aconteceu depois que ele experimentou LSD, quando andava pelo Estado da Bahia seguindo o movimento hippie. Questionei os três dias em cima do coqueiro, mas ele jura que aconteceu. Diz que o coqueiro era bem alto, ele não sabe como subiu, nunca tinha feito isso antes e nunca mais o fez.

E já que estamos no assunto, para que ninguém pense que tomar LSD é algo maravilhoso, ou acuse meu conto de incentivo às drogas, me deixa relatar outra coisa que ouvi de um conhecido. Este era viciado.

Naquele dia, este meu conhecido junto com um amigo, tomaram LSD em um beco sujo. Quando ele voltou da “viagem”, foi antes do amigo. Ele sentado todo jogado no chão, viu o amigo de quatro e comendo merda de cachorro… Como se fosse a coisa mais saborosa do mundo! Ele me disse que o horror que sentiu foi pior que uma “bad trips,” mesmo porque não sabia se, em suas muitas viagens, tinha feito coisa parecida ou, talvez, até pior. Foi quando ele, decidido, procurou seus familiares e implorou por ajuda.

…………………………………………………………….

Este texto foi baseado no tema “LSD”, sujeito ao limite máximo de 1500 palavras.

89 comentários em “Viagem (Neusa Fontolan)

  1. Tamara padilha
    28 de abril de 2015

    Que fantástico! Adorei o seu modo de retratar alguém envolvido pelos efeitos do LSD. A euforia, as neuras de ter gente atrás, tudo muito bem descrito.
    A escrita está muito boa também. Adequação fantástica, parabéns também a quem teve a criatividade de indicar um tema desses e a você que teve a capacidade fortíssima de escrever sobre ele.
    Fiquei imaginando mesmo que você tivesse escrito isso baseado em algo real. Aliás, a emoção foi forte, quase me senti na pele de uma pessoa sob esses efeitos.

  2. Wender Lemes
    28 de abril de 2015

    Olá, Maluco Beleza! Tema complicado de se trabalhar, em? A descrição que fez dessa viagem foi interessante, psicodélica como imagino que seria e cheia de detalhes. Não é um conto com grandes reviravoltas, no entanto. Mostrou que possui um vocabulário vasto, mas ainda há espaço para melhoras na técnica (em relação à repetição de expressões como “Depositei minha atenção…”, por exemplo). Continue se aprimorando, boa sorte!

  3. Wilson Barros Júnior
    28 de abril de 2015

    O começo realmente já indica uma alucinação provocada por LSD, e extremamente nítida. A tal da “estrela” acontece mesmo, o drogado tem a impressão de estar plenamente integrado ao universo, fazendo parte dele e perdendo sua individualidade, panteísmo, mesmo. Não achei que você estivesse fazendo uma apologia às drogas – acontece que os entorpecentes produzem euforia, ânimo, prazer realmente. O problema são as desvantagens, as conseqüências. A dependência de doses cada vez mais altas, a depressão, a transformação do ser humano em algo sem vontade, mero marionete de substâncias químicas. Nascemos para ser livres, não escravos de drogas e seus fornecedores. Parabéns pela extrema criatividade.

  4. mkalves
    28 de abril de 2015

    Um relato não é, necessariamente, um conto. Não rolou nenhuma identificação com a personagem, nenhum efeito produzido durante ou ao término da leitura.

  5. Bia Machado
    26 de abril de 2015

    Não conseguiu prender a minha atenção, senti um pouco de cansaço da “viagem”. Achei até engraçado o negócio do coqueiro, mas sabe quando você não é cativado? Infelizmente, comigo foi isso. Talvez seja o excesso de descrição: acho que o conto pedia mais ação direta, ou talvez uma dosagem menor do que foi escrito. Faltam muitas vírgulas, e o finalzinho, a parte em que ele procura ajuda, não achei que fosse necessária, só acrescenta uma lição de moral, a meu ver.
    Emoção: 0/2
    Enredo: 1/2
    Criatividade: 1/2
    Adequação ao tema proposto: 2/2
    Gramática: 1/1
    Utilização do limite: 1/1
    Total: 6

  6. Ricardo Gnecco Falco
    25 de abril de 2015

    Uma viagem que estava indo bem dentro do que o tema sorteado pedia. Até a parte do “posfácio”, que para mim mostrou-se completamente desnecessário. Se bem que, separando o conto em duas partes, poder-se-ia analisá-lo da seguinte forma: a primeira, a viagem legal; a segunda parte, a ‘bad trip’. 😉
    Boa sorte!
    Paz e Bem!

  7. vitor leite
    24 de abril de 2015

    muito boa “descrição” e muito sensorial, parece-me que a preocupação de mostrar que o texto não é um elogio às drogas acaba por tirar força à história, mas de qualquer modo, parabéns pelo desenvolvimento e resultado final

  8. Leonardo Jardim
    24 de abril de 2015

    ♒ Trama: (2/5) o conto se baseia numa cena psicodélica. Em algum momento se torna mais do mesmo e eu perdi o interesse. A trama por trás é muito simples: o rapaz toma ácido, viaja e vai parar num coqueiro. Simples e previsível.

    ✍ Técnica: (2/5) alguns erros de português, principalmente de pontuação. Muita descrição e poucos acontecimentos.

    ➵ Tema: (2/2) LSD (✔).

    ☀ Criatividade: (1/3) foi exatamente o que eu esperava de um conto sobre LSD. Sem nenhuma novidade.

    ☯ Emoção/Impacto: (2/5) no fim, não gostei muito. Na metade, os delírios ficaram cansativos. O fim, simples, não ajudou. O texto panfletário após o conto também não me agradou (acredito que todos sabem os malefícios das drogas).

    Problemas que encontrei:
    ● como um neon (entre vírgulas)
    ● Vi *à* minha frente uma torre alta (vi *ao* meu lado)
    ● Sem pensar *vírgula* escalei
    ● Sem aviso *vírgula* eles foram embora
    ● E se, *sem vírgula* eles estivessem escondidos
    ● O pavor que eu sentia era tanto que me acalmei (achei estranho essa frase, difícil imaginar)

    • Neusa Maria Fontolan
      1 de maio de 2015

      Obrigada Leonardo, o seu apontamento aos meus erros serão de grande ajuda. Eu nunca sei onde colocar uma vírgula, ou que pontuação usar, apanho pra caramba nisso. Fique a vontade para me corrigir sempre que notar um erro, isso só vai me ajudar.

      • Leonardo Jardim
        3 de maio de 2015

        Não é meu objetivo pegar todos os erros do conto, mas sempre que encontro anoto com objetivo de ajudar a revisão do autor.

        Sobre vírgula, talvez as professoras do grupo possam explicar melhor, mas imagine a frase com sujeito + verbo + predicado + complementos. Os complementos, em geral são advérbios. Se você escrever nessa ordem, não precisa de vírgula. O que é muito comum é deslocarmos um deles. E qdo deslocados, precisam ser separados por vírgula(s).

        Exemplo: “Eu escalei o coqueiro sem pensar” está na ordem correta. “Sem pensar” é o complemento. Se você coloca ele na frente, precisa de vírgula: “Sem pensar, eu escalei o coqueiro”. Ou ” Eu, sem pensar, escalei o coqueiro”. Sacou? 😉

        Claro que existem várias outras regras, mas acho essa a mais importante.

  9. Swylmar Ferreira
    19 de abril de 2015

    Conto interessante. O texto atende perfeitamente ao tema e está dentro do limite estipulado.Bem escrito (vi apenas um erro, pode haver mais), a trama é uma viagem – bem colocada pelo autor. Tema dificil de escrever mostra a competência do autor(a).
    Parabéns!

  10. Cácia Leal
    16 de abril de 2015

    Suas notas:

    Gramática: 9
    Criatividade: 7
    adequação ao tema: 10
    utilização do limite: 10
    emoção: 6
    enredo: 4

  11. Carlos Henrique Fernandes Gomes
    15 de abril de 2015

    Dizem os roqueiros dos finais dos anos 60 e década de 70 que as drogas da época, incluindo o LSD, traziam as maravilhosas possibilidades musicais à tona. Tirando aquelas viagens musicais psicodélicas que não acabavam mais de tocar, a maioria esmagadora dos sucessos da época até dá pra gente pensar que poderiam fazê-las tomando limonada e fumando cigarro normal, dado o conhecimento e técnica musical atingido por eles na época. Mas o fato é que as drogas que aceleravam a cabeça eram usadas como a bata frita e coca cola são usadas hoje em dia. Outro fator que coloca um tanto mais em dúvida a necessidade desse “combustível” para a criação musical é que a época era cheia de assunto e as bandas mais “frenéticas” de criatividade lançavam dois discos completos por ano. Mas eram todos muito jovens, ganhando muita grana, tendo aos seus pés as meninas mais maravilhosas da face da terra; resultado: o famoso “sexo, drogas e rock’n’roll”. Além disso tínhamos as perdas ímpares, irrecuperáveis, inesquecíveis de homens e mulheres que faziam multidões terem orgasmos com suas músicas incríveis dentro de interpretações supra humanas e iam para casa (hotel) fazer a solidão ter um orgasmo incomparável. Afinal eram supra humanos e os pobres e limitados humanos não os satisfaziam mais. Aí morriam dos jeitos mais humanamente estúpidos! Mas bóra lá, que você pegou um tema… sobre a credibilidade, sei lá; e se soubesse teria vergonha de dizer (sentimento meu particular de mim mesmo). A viagem lembrou imagens de sonhos em momentos e de delírios em momentos e dos dois em momentos. Mesmo sem a nota após o conto, não me senti seduzido a entrar nessa “viagem”, por isso a “apologia” passou tão longe… tão longe… muito longe… Sobre a técnica e essas coisas assim, o comentário fica prejudicado pela viagem que é o tema.

  12. Rodrigues
    15 de abril de 2015

    Não tenho muito o que comentar sobre o estilo e a técnica, pois o texto está bem escrito e de uma forma simples. A narração faz lembrar uma animação surreal e até mesmo quadrinhos. Esses monstros, mãos que surgem da areia, plumas e tudo mais criaram uma mistura que deu ânimo à narrativa e, mesmo sem imagens tão fortes ou criativas, pude imergir na viagem. Porém, para o que a temática permite, achei mediano.

  13. Sidney Muniz
    14 de abril de 2015

    Achei a repetição de pés – areia – dedos – olhos… maçante no primeiro parágrafo.

    mais repetições… Cores…, bom, elas continuam ao longo do conto. pode ter sido por opção do autor(a) para passar algo, mas ainda assim as mesmas prejudicaram a fluidez da leitura, bastante.

    Fora isso, avaliando em si o enredo, e dado o limite de palavras o conto surpreende e a viagem, ou melhor, as viagens são muito bem colocadas.

    Confesso, que nunca experimentei alguma droga na vida (fora cigarros comuns e bebidas) os cigarros não me cativaram em nada, já a bebida me relaxa bastante… risos… sou fã de uma cervejinha.

    Voltando ao comentários, imagino o que seu amigo deva ter passado maus bocados, mas que bom que ele procurou ajuda, tenho amigos, parentes e conhecidos de infância que não tiveram a mesma cabeça e/ou sorte. Uma pena, mesmo.

    Bom, o conto num geral é bom, e o que estou achando interessante é a necessidade que todos estão sentindo de passar alguma mensagem dentro de seus contos, ou talvez seja eu que esteja captando essas mensagens, umas mais que as outras.

    Ao autor(a) parabéns e boa sorte!

  14. Felipe Moreira
    12 de abril de 2015

    Conto interessante. Não esperava esbarrar com esse tema e com uma experiência rica em detalhes sobre isso. Até então eu tinha pouco conhecimento sobre o efeito causado por essas drogas, limitado a filmes e alguns documentários de viés social. Bacana e bem produtivo. O ponto alto do seu trabalho foi exatamente a adequação ao tema sugerido e o limite de palavras. A narrativa é competente e correta ao ser usada na primeira pessoa.

    Parabéns pelo trabalho, pela pesquisa e boa sorte no desafio.

  15. Pedro Luna
    12 de abril de 2015

    O relato no final é um conto de terror…kkk. Mermão, que onda essa história dos caras no beco. Pior que sei outras piores que essa..rs. O conto é simples, não me agradou muito, mas beleza. Cumpriu o tema e entregou uma história louca.

  16. Mariana Gomes
    10 de abril de 2015

    Olá.
    O autor(a) poderia ter explorado muito mais o tema, ficou clichê, o que ocasionou um fim já esperado e sem muito tchan. Mas a escrita é boa e deve ser desenvolvida.
    Boa sorte e tchau.

  17. Virginia
    9 de abril de 2015

    Que viagem… kkk eu gostei, não achei que o conto incentive o uso de drogas, muito pelo contrário, mas é interessante e até meio engraçado ler sobre os efeitos que causam. A não ser a parte no final do texto, claro. Gostei também da técnica, não é fácil narrar eventos tão surreais. Parabéns e boa sorte!

  18. Pétrya Bischoff
    8 de abril de 2015

    Cara, essa temática tem um potencial de infinitas abordagens…
    A narrativa pareceu-me confusa em alguns pontos, um tanto truncada. Penso que houve quebra nas descrições, que deveriam ser continuidade do todo para realmente remeter uma viagem de ácido. Mas isso é frescura minha. A escrita apresentou pequenos erros de pontuação. Mas as descrições da viagem foram muito gostosas, principalmente no que tange as cores e embalos. E a bad trip foi descrita com angústia, eu gostei. Só não me convenceu do personagem conseguir “se acalmar pq não havia mais o que fazer”, em relação à bad… não conheço quem tenha tido tanto controle em uma. Mas enfim, simpatizei muito com o conto. Eu teria explorado muito mais as sensações (pq eu curto isso), mas acredito que foi bem descrito e se encaixa no tema. Parabéns e boa sorte

    • Neusa Maria Fontolan
      1 de maio de 2015

      Obriga Pétrya, esse se acalmar ficou estranho mesmo, eu que não soube passar melhor essa parte.

  19. Fil Felix
    7 de abril de 2015

    Interessante ler o tema que sugeri ^^. Gostei da narrativa e de como focou na experiência, do que contar uma história tradicional. Toda a psicodelia das transformações, das cores e vibrações, ficaram bem legais. Então, destaco bastante essa questão estética e das imagens sugeridas.

    O final ficou meio típico do “acorde”, como em sonho, mas justificado pelo depoimento ao final (é real?). Já a última parte, ficou muito cheia de morais e acho que azedou um pouco. Deu uma quebra no lirismo do conto (como a palavra “merda”, que destoou do restante da narrativa).

    • Neusa Maria Fontolan
      1 de maio de 2015

      É real sim Fil Felix, a primeira história se passou com meu ex marido antes de nos casarmos. A segunda história se passou com um amigo de minha filha. Eu também me incomodei com a palavra, mas enfim a coloquei. Obrigada pelo comentário e pela sugestão do tema.

  20. rsollberg
    6 de abril de 2015

    O texto é uma verdadeira viagem, nunca senti nada próximo do relatado.
    Perfeito enquadramento ao tema. ´
    Um conto que abusa das descrições (não poderia ser diferente, não é mesmo?)
    Acho que o autor poderia ter mesclado mais as sensações com as descrições.
    Gosto muito do estilo empregado em Paraísos Artificiais do Baudelaire.

    Penso que o autor, por ter escolhido essa estética de narrativa, deveria ter evitado algumas repetições como: olhos, pés, dedos. Seria interessante buscar alguns sinônimos para deixar a leitura mais aprazível.

    Eu sugeriria algo mais lacônico para o final, deixar a viagem do ácido mais implícita.
    De qualquer modo, boa sorte no desafio!

  21. mariasantino1
    6 de abril de 2015

    Bom desafio para você, autor(a)!

    Quando eu era mais nova, era metida a besta (mais) e achava que ler os grandes, os clássicos, fosse me deixar uma pessoa erudita, “cabeça”, sagaz… Bem, hoje em dia não mudou muita coisa, rsrs, mas o que eu quero dizer com isso? Explico, vou tentar não enrolar muito. Quando nova li o Admirável mundo novo, do Aldous Huxley e, impelida pelo último desafio (pecados capitais) me deparei com Luxuria est Vita, que descreve toda aquela roupa de padre, então lembrei que tinha uma leitura aqui parada e resolvi “matá-la”, era Os Demônios de Loudun, do mesmo autor (Huxley) que retrata o universo clerical, mais precisamente: a inquisição.– Calma que tá acabando. rsrs –, mas como conheço o autor em questão, e sei que ele é muito mais que romancista, também é filósofo, poliglota, historiador (por que não?) e muito PHODA!, decidi ingressar no “As portas da percepção — céu e inferno” (só comecei, porque requer muita atenção, Huxley suga cabecinhas fracas como a minha) e nele já começa falando sobre efeitos de drogas, melhor, ele descreve os efeitos da mescalina a qual usou e vai descrevendo a visão de flores, perda de dimensão e afins, então Maluco Beleza, não precisa dessas explicações não, é tudo arte, depende da abordagem e condução, mas não fique justificando, pois deu para perceber o que houve (Minha opinião, beleza? — Acho que dei uma volta olímpica, mas espero ser perdoada).

    O conto é uma descrição que dar muitas voltas quando descreve demais as cores, mas dentro do espaço proposto foi agradável de ser lido. Desejei algo mais do personagem (não falo de vida), mais algo sobre as sensações dele não tão visuais, como o estado da mente, pulso acelerado (ou não). Os monstros remetem ao estado de euforia, mas como só apresenta imagens, não senti essa euforia. Algumas descrições de acalanto e a estrela foram boas, mas o conto não saiu do visual, e a indução de sensações é o que busco quando leio algo. Parabéns pela revisão do texto.

    Média — A nota para esse conto será 06 (seis)

    Abraço!

    • Neusa Maria Fontolan
      1 de maio de 2015

      Menina! Você lê pra caramba! Surpresa com sua nota 6, quando comentou que o conto que menos gostou foi o meu e em outro comentário disse que deu nota 3 eu liguei uma coisa com a outra, mas veja isso! Eu estava enganada mais uma vez. Por favor, me diga que não estou enganada em achar que você tem memória fotográfica? Preciso acertar pelo menos uma vez. Obrigada pelo baita comentário, e vou tentar melhorar.

      • mariasantino1
        1 de maio de 2015

        Hey, Xará! Quando falei lá naquele comment. que havia achado esse conto regular, eu ainda não havia lido os demais contos. Acho até que mencionei isso, que era o que menos havia gostado até aquele momento.
        Esse mês foi muito ruim pra mim, li muitas coisas pelo celular e depois reli quando cheguei em casa (depois de meia noite, é dose!), para tentar não ser injusta, porque eu sinto isso como uma forma de respeito. O olhar pormenorizado, a percepção dessa ou daquela vírgula fora do lugar devido. Veja bem, num mundo onde o médico não olha nem para nosso rosto em uma consulta — só um exemplo–, encontrar esse tipo de atenção e doação de si, para mim, conta muito e representa muito também, por isso venho tentando melhorar meus comentários e ser sincera (mesmo sabendo que é um risco muito grande dizer o que se pensa “na lata”).
        Não sei se tenho memória fotográfica, mas costumo não esquecer contextos, embora me esqueça rápido nomes e títulos. Sei que vou me lembrar do seu escrito por um tempo indeterminado, mas pode ser que me esqueça do título dele num piscar de olhos. rsrs. 😦
        A gente se ler, Maria? Assim espero. Valew por levar “na boa” as minhas impressões deixadas aqui.
        Abraço!

  22. Fábio Almeida
    6 de abril de 2015

    Sendo o tema de carácter próximo para ti, acredito que o utilizaste da forma que mais te fazia sentido – a política/sensibilização. Tudo bem, louvo o objectivo!

    No entanto, penso que teria sido uma mensagem mais forte se, com mão cuidadosa, tivesses pintado melhor as sensações que estás a pensar tomar. Nesta “viagem” o personagem vai deste a admiração, à contemplação, à duvida, ao horror, ao temor da morte, etc… e todas estas transições parecem um tanto abruptas. “Horror… Horror… Horror… O pavor que eu sentia era tanto que me acalmei… Não tinha mais nada que pudesse fazer, então, acomodei-me nas plumas e fiquei admirando o céu. Sorri ao ver estrelas…” Este é um dos exemplos do que acabei de dizer =) Não acredito, pela regularidade dos amedrontados, que o pavor dê lugar à calmia e contemplação em tão breve intervalo. Se tivesse sido feita melhor a transição, com a mão cuidadosa que referi, aludindo a um estado de auto examinação, talvez até uma pergunta ou outra tipo: “que farei agora?” “para onde irei? desisto..” qualquer coisa tipo isto.

    A introdução das criaturas fantásticas poderia ser uma boa oportunidade para prender mais o leitor. Descrevê-las, ainda que em largos traços, de forma a possuírem alguma característica sugestiva e plausível. Do género: unhas enegrecidas (como quem fuma), narinas ensombradas (como quem snifa), olhos e línguas prontas, mentes torpes que ora sorriem ora choram (dando a ideia da volubilidade própria dos viciados), etc. Este tipo de coisa, eheh =P

    Em suma, acho que o conto poderia ter sido mais, como dizer, “brincado”, mais explorado. Afinal de contas esta viagem é aquilo a que se poderá chamar, um bilhete para o nenhum. E o “nenhum”, neste caso, receio bem – não foi tão colorido como eu gostaria =P

    Continuação de bons escritos!

  23. Cácia Leal
    4 de abril de 2015

    Sua viagem foi legal, autor, no conto (pelo menos a do seu eu-lírico… rs), mas o que mais gostei foi do seu comentário pessoal, ao término do conto. Parabéns pela atitude de desmistificar a viagem do LSD. Com relação ao conto, está muito bem escrito. Parabéns duplo.

  24. Jefferson Lemos
    2 de abril de 2015

    Fala ai, autor(a)! Tudo em cima? Vamos ao conto!

    Sobre a técnica.
    Para ser sincero, não achei que tenha ficado acima da média. O ponto que maior contribui para isso, foram as inúmeras repetições no decorrer do texto, onde a mesma palavra aparecia até três vezes seguidas. Isso acaba tirando um pouco do impacto do texto, deixando-o um pouco cansativo. A narração é si não é ruim, mas poderia ter sido um pouco mais enfeitada. Viajar e mergulhar de cabeça na viagem.

    Sobre o enredo,
    Também não curti muito. Acho que o tema dava oportunidade para trabalhar inúmeros roteiros, desenvolvendo tramas mais sofisticadas e até mesmo mais reais. Gosto muito de coisas surreais e viajadas, mas acho que quando se escreve algo do tipo, você deve realmente entrar no clima. Se ficar no meio termo não sai com todo potencial que poderia. E aqui, infelizmente acabou ficando no meio termo. Pois o texto ficou meio sem sentido, sem um rumo. Não gostei da nota do final, também. Achei que não parecia necessário, pois todos aqui temos ciência de que foi o tema que você pegou, haha
    A não ser que seja uma brincadeira, aí ta valendo. haha

    Sobre o tema.
    Achei bem louco e diferente. Dá pra ter boas viagens, ou fazer algo bem pé no chão, com bastante drama. Gostaria de ter lido algo com drama, pesado.

    Nota:
    Técnica: 6,0
    Trama: 6,0
    Tema: 6,0

    De qualquer forma, o autor merece os parabéns! Vale ressaltar que julgo avaliando meu gosto para os contos, sem levar muito em consideração o tema, já que esse mês funciona diferente.

    Boa sorte!

  25. André Lima
    1 de abril de 2015

    Achei o conto mediano. Não consegui me concentrar muito tempo, fiquei me dispersando várias vezes; A atmosfera do conto foi bem criada.

    No mais foi um bom conto.

  26. williansmarc
    31 de março de 2015

    Olá, autor(a). Primeiro, segue abaixo os meus critérios:

    Trama: Qualidade da narrativa em si.
    Ortografia/Revisão: Erros de português, falhas de digitação, etc.
    Técnica: Habilidade de escrita do autor(a), ou seja, capacidade de fazer bons diálogos, descrições, cenários, etc.
    Impacto: Efeito surpresa ao fim do texto.
    Inovação: Capacidade de sair do clichê e fazer algo novo.

    Todas as notas vão de zero a dez, sendo zero a nota minima e 10 a nota máxima.

    A Nota Geral será atribuída através da média dessas cinco notas.

    Segue abaixo as notas para o conto exposto:
    Trama: 8
    Ortografia/Revisão: 10
    Técnica: 7
    Impacto: 7
    Inovação: 7

    Minha opinião: Gostei bastante, conto muito bem narrado, fazendo-me sentir algo parecido com ouvir Lucy in the Sky with Diamonds. O insólito ficou bem claro, mas sem deixar o texto ficar incompreensível.

    Foi uma grande sorte nossa esse tema ter sido sorteado para esse autor(a), permitindo-nos ler esse ótimo relato baseado em fatos reais.

    Não tenho sugestões de como melhorar esse conto.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

  27. Jefferson Reis
    30 de março de 2015

    Cara, me senti doidão lendo este conto!
    A narrativa sobre necrofilia quase me fez vomitar e esta, sobre LSD, me levou numa viagem legal.
    Tenho essa curiosidade de saber como é uma “viagem”, mas a tal da “bad trip” me assusta. Se mesmo estando sóbrio imagino coisas absurdas, quem dirá drogado.

    O ápice da leitura foi o fulano comendo cocô de cachorro na nota explicativa.

    • Neusa Maria Fontolan
      1 de maio de 2015

      Obrigada Jefferson, e não tenha essa curiosidade não, como você mesmo está citando foi lendo que o levou a uma viagem legal. Esta é a melhor forma de viagem.

  28. Thales Soares
    29 de março de 2015

    Cara, seu conto cumpriu direitinho tudo o que prometeu. Uma verdadeira viagem. Senti como se eu estivesse drogadão kkkkk.

    Essa história foi verídica? Acho isso bacana, pois dá um charme adicional para a narração, que alias, esta muitíssimo bem escrita! Historias demasiadamente descritivas e sem um enredo forte normalmente me deixam bastante aborrecido. Esta, no entanto, ate que me chamou a atenção, pois achei um barato kkkkk

    • Neusa Maria Fontolan
      1 de maio de 2015

      Thales você é um amor, e essa história foi verídica sim, como já expliquei ao Fil Félix com mais detalhes. Obrigada.

  29. Anorkinda Neide
    28 de março de 2015

    Pois, não gosto dessas viagens,de perder a lucidez, nem o efeito do alcool em doses sociais me cai bem. Então contos como este me causam desconforto.
    E como literatura tb é causar desconfortos, vc se saiu muito bem nessa…hehehe
    Muito bem escrito e fluido.
    Parabens!

  30. simoni dário
    27 de março de 2015

    Você narrou bem alucinações de um usuário de LSD, mas foi isso. Não tem novidade no conto, as loucuras de alguém sob esse efeito já são conhecidas, qualquer “viagem” que você narrasse teria sido válida aqui, ninguém duvidaria. Senti falta de uma história que vai além dos efeitos da droga, uma vitória, uma derrota, uma descoberta. Isso não tirou o mérito da narrativa, que conseguiu passar muito bem as perturbações do cara.
    Boa sorte!

  31. Andre Luiz
    27 de março de 2015

    Olá, caro Seixas! Que viagem! Gostei muito da psicodelia que você transmitiu em seu texto, uma impressão que de tudo estava dissolvido em cores que me contagiou e deixou-me na vibe… A forma como tudo terminou também foi muito inusitada, e antes de ver o tema, já havia imaginado que aquilo poderia ser mesmo uma droga, pois é logicamente inimaginável que algo aconteça daquele jeito com uma pessoa sã e sóbria.

  32. Claudia Roberta Angst
    26 de março de 2015

    Uma viagem, sem dúvida. Lucy in the Sky with Diamonds…rs. Conto bem escrito e coerente com o tema proposto. Imagens bem criadas e ritmo equilibrado, mas não me apeguei muito à narrativa. Imagino que o autor deva ter sido fiel ao relato do amigo, pois os detalhes das alucinações estão bem ricos. Há evidente habilidade com as palavras e ausência de deslizes gramaticais. Ou seja, parabéns, mesmo que não tenha sido muito do meu gosto. Boa sorte!

  33. Jowilton Amaral da Costa
    25 de março de 2015

    Bem, pelo o que eu sei LSD não vicia, posso está enganado. Outra coisa, tenho certeza que ninguém em sã consciência acusaria seu conto de apologia as drogas.. Quanto ao conto ele parece ser mais o relato de um sonho do que uma viagem de LSD, não que eu já tenha tomado, para saber, hehehe. Tá mais pra chá de cogumelo do pra um “doce”. A primeira parte, a das cores, ficou bem bacana, a do meio pro fim não me agradou muito. Achei desnecessária a explicação no fim. Boa sorte. Abraços.

  34. rubemcabral
    25 de março de 2015

    Conto bem escrito, com poucos erros, mas também sem muitos voos em termos linguísticos ou construções de frases. O enredo é simples, mas interessante. Achei meio desnecessário o parágrafo que nos alerta sobre o perigo das drogas, mas penso que o autor teve receio de ser mal interpretado, de fazer apologia, etc.

    Bom conto!

  35. Rafael Magiolino
    24 de março de 2015

    A ideia foi boa, compatível com o tema, mas não conseguiu me agradar. A repetição excessiva de palavras, principalmente no início, fizeram com que minha atenção diminuísse durante a leitura.

    Recomendo uma revisão aprofundada para os desafios futuros.

    Abraço e boa sorte!

  36. Fabio Baptista
    24 de março de 2015

    Acredito que o autor seguiu pelo “caminho seguro” na abordagem do tema. A primeira coisa que se pensa ao ouvir o nome dessa droga é em devaneios oníricos, do tipo que foram narrados.

    A “viagem” foi agradável, mas não foi arrebatadora, não foi um “Lucy in the Sky with Diamonds”.

    A nota pós-texto acabou ficando mais interessante que o conto em si, o que me deu a entender que talvez o autor se saísse melhor contando algo mais “realista”.

    NOTA: 5

  37. José Leonardo
    24 de março de 2015

    Olá, autor(a). Quando temas como drogas ilícitas (ou lícitas) são apontados, geralmente o autor prefere mergulhar na psicodelia proporcionada pelo uso. Aqui não foi diferente — e foi o que mais me frustrou. Apesar do limite pequeno, creio que poderia se arriscar mais, criar um enredo, digamos, nos arredores do LSD e não imerso no ácido. Apesar disso, dentro da proposta, a narrativa flui bem e nos apresenta esse universo multicor como que fora de qualquer sanidade. Eu descartaria o pós-escrito, pois é autoevidente que não se está fazendo apologia ao uso de drogas. Abraços.

  38. Alan Machado de Almeida
    23 de março de 2015

    Gostei da descrição da badtrip do personagem principal e do relato final do autor. A escrita foi envolvente e o final me pegou desprevenido.

  39. Brian Oliveira Lancaster
    23 de março de 2015

    E: Bem, toda a ‘viagem’ está aí. Mas faltaram certos conectivos. Nota 8.

    G: Mesmo sendo do estilo surreal, ainda assim, o texto precisa de coesão. Notei certa sucessão de fatos, mas foi complicado dar-lhes conexões. O uso da primeira pessoa caiu muito bem e a escrita leve ajudou muito. De primeira, achei que os adendos finais fizessem parte da história – e talvez façam – mas senti um leve sermão embutido. Sim, o autor se preocupou com o tema e entendo isso. Mas creio que o pessoal daqui entende que tudo não passa de um exercício literário. O texto começa direto e volta à realidade no final. Isso ficou legal. Nota 6.

    U: Acho que só me incomodou o verbo “jaculava” luz. Soou muito estranho. E certas palavras repetidas no início. Nota 7.

    A: Como uma luva neon. Nota 8.

    Média: 7.

  40. Eduardo Selga
    23 de março de 2015

    O conto não é tão simples quanto pode parecer à primeira leitura. ele se complexifica ligeiramente na parte final, pois tanto pode ser uma nota do(a) autor(a), quanto pode ser ainda o narrador. Se houvesse como, apenas pela leitura, sem recorrer a explicações do autor após a avaliação dos textos, saber se a última hipótese é a válida, estaríamos diante de um interessante caso de narrador que procura se disfarçar, usando para isso mudança de fonte e localização ao fim do texto principal. Teríamos então um conto inteiriço, dividido em dois “episódios”, cujas extensões são drasticamente diferentes.

    Mas não há como descobrir, de modo que se no final estamos diante do narrador, o efeito estético pode ter se perdido em função da dúvida. logo, o recurso passa a ser um defeito.

    Ou talvez haja. É que a estrutura sintático-semântica das duas partes não é semelhante, possível indício de que as observações são do(a) autor(a) e que este, ao montar o narrador, deu-lhe outra persona. Por exemplo, o texto principal é farto em adjetivações, inversões sintáticas (“[…] Rápidas, suas ondas detonavam, mostrando-me em suas arrebentações, criaturas magníficas…”), uso estilístico da pontuação, dentre outras características, ausentes na “nota”. Assim, é possível arriscar que a parte final é a palavra do(a) autor(a).

    Em ambos os casos há uma tentativa de demarcar discursos: a parte ficcional não se confundiria com a “real” pelos instrumentos linguísticos usados. Essa linha limítrofe está bem delineada, e talvez aí resida um dos problemas do conto. Não teria sido mais interessante, do ponto de vista do resultado estético, se ambos os discursos se mesclassem, sem uma separação “física” tão evidente? E veja que não estou falando de autor-narrador, e sim de discurso ficcional e discurso pretensamente real (o histórico, o informativo). Talvez o receio do politicamente incorreto, expresso ao fim, tenha impedido um avanço maior.

    O tema induz a fazer o que foi feito, ou seja, uma sobrecarga de psicodelismo, cores e sensações sinestésicas. O problema é que o conto ficou nisso, na imagem exuberante por ela mesma, sem avançar em complexidade de enredo. Ficou espetaculoso, mas faltou trabalho literário.

  41. Tiago Volpato
    22 de março de 2015

    Muito bom! O texto conseguiu prender minha atenção e me fez querer saber do final que ficou muito bom no contexto. Parabéns!

  42. Marquidones Filho
    22 de março de 2015

    É como dizem, nessas coisas que parecem legais e interessantes “nem tudo são flores”. A princípio pensei ser uma história psicodélica mesmo, fantasiosa, digamos, depois achei que fosse sonho, mas por fim veio a surpresa e as peças se encaixaram. Gostei muito, mesmo, o relato me fez imergir na história. Muito bem elaborado, parabéns.

  43. Gilson Raimundo
    22 de março de 2015

    Esperava algo do tipo os delírios de Alex, o leão de madagascar quando ficou louco querendo morde o traseiro da zebra, as imagens de um caleidoscópio girando na mente aturdida. Mas assim mesmo tá valendo…

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Publicado às 21 de março de 2015 por em Multi Temas e marcado .