EntreContos

Detox Literário.

O Presente (Martha Angelo)

bruxa trono

O amanhecer de Perugia era uma paleta de cores suaves, uma aquarela marítima na qual os poucos moradores da ilha poderiam ser congelados pelos mesmos gestos cotidianos: pescadores, vendedores de fruta, crianças brincando, mulheres indo a primeira missa do dia, estrelas que formavam a constelação da pequena cidade, um paraíso, à primeira vista, embora nem sempre tenha sido assim. A pedra memorial, túmulo antigo de uma mulher julgada e queimada como bruxa que ficava no topo do morro lembrava a todos um passado de ódio fogo e sangue.

Caminhando em direção à casa, Agnes reparou com desgosto em suas paredes descascadas e cobertas de musgo, sua aura decadente e sombria que destoava daquele bucólico quadro impressionista.

Enquanto tocava a campainha, ao lado do portão enferrujado, notou que a porta da sala estava entreaberta, ao cruzar o olhar com os olhos verdes de um gato que desapareceu no interior do sobrado.

– Entre…

A voz vinha do primeiro andar, um som rouco e profundo que serpenteou pelas escadas, causando-lhe um arrepio. Meu deus! Como tinha chegado a isso? Que tipo de pessoa vai procurar ajuda num lugar desses, estava em plena contradição, uma mistura de desespero e curiosidade mórbida, no entanto, não tinha forças para voltar atrás, era tarde demais.

O jardim da entrada não era belo, mas exalava um cheiro bom de ervas frescas. Ao abrir a porta, foi invadida por uma nova onda de insegurança que se misturava ao odor de incenso e urina de gato.

Olhou em volta, antes de subir a escada, divisando uma saleta, entulhada de móveis e bibelôs cafonas, mergulhada na penumbra, iluminada apenas por um pequeno abajur. Volutas de poeira subiam pelo ar, refletidas pela pequena fresta de luz da porta que não teve coragem de fechar. Espirrou duas vezes, quase tropeçando nos degraus.

Não podia mais negar! Ei-la, Agnes Fiorim, uma católica convicta e praticante, na casa da mitológica Carmen Rosso, uma descendente de índios e ciganos, benzedeira, curandeira rezadeira de fama. Bruxa?  Dizia-se por aí que suas poções, mezinhas e rituais, conquistavam maridos, curavam doenças, faziam milagres, a mulher era uma lenda viva. Não sabia ao certo o que procurava lá, nem mesmo o que dizer para a mulher, estava constrangida. No entanto, a philocazione, punição ao adúltero, seu desejo oculto não verbalizado, era uma atividade tradicional no portfólio de serviços oferecidos pelas bruxas.

Talvez soubesse disso, inconscientemente, mas não conseguia ainda confrontar no espelho esta Medusa vingativa que tinha se tornado, essa mulher rancorosa, de coração duro, face devastada.

Adúltero, adúltero, adúltero,… a palavra queimava bem na boca do estômago, martelando, toda vez que a imagem do marido mentindo-lhe descaradamente vinha-lhe à mente. Um turbilhão de lembranças surgia de todas as pequenas alegrias das quais havia renunciado por ele, de suas proibições e caretas que vetavam desde um decote mais ousado até um simples passeio vespertino com as amigas, por anos e anos, transformando, aos poucos, o seu cotidiano numa prisão domiciliar, uma bolha repressora já internalizada, sem a qual não sabia mais como agir, ser como antes…

.E, enquanto isso, Jorge a tinha traído com todas as mulheres possíveis, desconhecidas e conhecidas também, pretensas amigas, fingidas que lhe riam pelas costas. E, finalmente, a gota d’ água: Raquel! Sua melhor amiga, pela qual, ele dizia estar apaixonado, depois do flagrante. Que a amava como nunca tinha amado ninguém… E, agora, iriam se casar não era lindo?

Depois de todas as brigas que teve com Raquel e com o marido, da cena escandalosa em que tinha jogado as roupas dele pela janela, de se sentir observada com curiosidade e pena nas ruas, de andar por dias pela casa como um zumbi de pijamas,.notou como os filhos a olhavam com medo e a evitavam, olhou-se no espelho e simplesmente não se reconheceu : uma bruxa desgrenhada, rosto sujo, com olhos vermelhos de álcool e insônia, cabelo oleoso com raízes brancas . Ficou sem ar, fugiu dali, para o jardim, a luz do sol feriu-lhe os olhos, protegeu-os com a mão em concha, caminhando até a caixa de correio que estava abarrotada. Havia contas vencidas, cartas do marido e de Raquel, os papéis do divórcio e o convite do casamento. Segurou o convite nas mãos, deixando os outros papéis caírem no chão e uma onda de bile subiu-lhe à boca, ao notar o luxo do papel, dos detalhes, era um convite muito mais caro do que tinha sido o seu. Ficou cega de ódio.

Sua única vontade agora era matá-los e talvez, depois, matar-se também. Agindo como uma autômata, tomou um banho demorado, penteou-se, vestiu-se e, sem saber para onde ir, acabou indo parar na igreja. No confessionário, ouviu do padre que devia perdoar aos dois, 70 X 7, assim como Cristo tinha perdoado. Não desejava o perdão divino ela também? Afinal, ela também tinha pecados, não era melhor do que eles, somos todos humanos, não? Foi nesse instante que seu coração se fechou para sempre para a religião. Como o padre Thiago poderia estar lhe dizendo isso? Ele que lhe conhecia desde criança, que tinha lhe batizado! Das mãos deste senhor, tinha recebido sua primeira hóstia. Ele que tinha lhe explicado o significado de seu nome, Agnes, a pura, honesta, casta, virtuosa! Ele que conhecia todos os segredos do seu coração desde criança, que tinha realizado seu casamento! Como ele poderia agora com essas palavras duras compará-la àqueles imundos? Adúlteros, porcos, que deviam queimar para sempre nas chamas do inferno, se houvesse realmente justiça!

Saiu da igreja sem dizer nada, sem olhar para trás, nem para o ancião atônito de batinas que lhe seguia correndo, que lhe chamava de volta.

E, agora, estava lá, no quarto daquela desconhecida, falando sem parar…

Quando deu por si, já tinha dito tudo a Carmem! Quando entrou se deparou com aquela figura frágil em sua cadeira de balanço, naquele quarto humilde, uma velhinha grisalha, vestida de preto, cuja pele translúcida de tão fina revelava um mapa de rugas e veias azuis, fazendo tricô! E quando ela lhe dirigiu seu olhar, Agnes sentiu-se criança novamente, uma menina perdida que havia reencontrado a mãe. Sentiu que nada poderia esconder daqueles olhos velhos como o tempo, daquela alma antiga que parecia reconhecer a sua.

.E chorou, copiosamente, escondendo o rosto nas mãos, soluçando alto… A velha levantou-se com dificuldade e fez  uma leve carícia em seus cabelos, oferecendo-lhe um lencinho branco bordado,  no qual, ela teve vergonha de assoar-se, então, só procurou enxugar o rosto com ele, fungando alto, escrutinando o olhar da velha à procura de uma palavra, uma resposta, uma solução para o seu desespero, embora  estivesse se sentindo estranhamente segura ali,  como se estivesse na casa de sua querida avó, já falecida.

Ainda sem dizer nada, a velha foi até uma velha cristaleira, remexeu numa gaveta e trouxe um pacotinho que entregou para Agnes, apertando suas mãos entre as suas, com carinho.

– A menina foi muito judiada, tá machucada, cansada. Quando chegar em casa, faça esse chá e tome, antes de se deitar. .

E, olhando-a fixamente, a velha pigarreou brevemente, antes de dizer:

_ O padre está certo, fia… Você tem que perdoar deixar isso pra trás, seguir sua vida. Eu vou lhe dizer o que fazer: você vai dar aos dois um presente de casamento. Mas tem que ser algo feito por você, com as suas mãos, com sentimento. Depois de fazer isso, você vai se libertar…

E ofereceu-lhe a mão para a bença.

– E agora vai para casa, menina, é tarde, a veia tá cansada…

Perplexa, Agnes beijou aquela mão de veias grossas como cordas.

– Vai em paz.

As sombras do crepúsculo tingiam a ilha com misteriosos tons de púrpura, o sol já havia mergulhado no mar, há algum tempo. Agnes caminhava com  uma espécie de conformismo louco. Carregava numa das mãos, o pacotinho que Carmen lhe dera e aproximando-o das narinas, reconheceu o cheiro na hora: cidreira.

Parou subitamente no meio da rua e foi sacudida por um riso histérico, agudo, uma típica risada de bruxa. Cidreira! Ria como louca, atraindo o olhar dos passantes: tinha entregado a alma para uma cigana louca que lhe devolvera o sermão do padre e um pacote de cidreira! E tinha pagado por isso! E riu mais, apoiada num velho poste, até que lágrimas lhe brotassem dos olhos. Quando enfim, conseguiu se recompor, caminhou resoluta até sua casa. Entrou, acendeu o fogão e fez um bule de chá com as ervas. Serviu-se da bebida várias vezes e depois desabou no sofá.

Dormiu como há tempos não conseguia, por mais de dez horas seguidas, um sono recheado de sonhos bizarros , de visões estranhas , da velha que se transformava em bruxa,  em demônio com pés cascudos, de Raquel e Jorge ardendo numa fogueira, enquanto ela assistia satisfeita, dela mesma queimando numa cruz, enquanto o padre Thiago a acusava com palavras duras, da velha  que se transformava em sua mãe, na Virgem Maria…

Acordou resoluta. Apesar de tudo, iria fazer o presente. Faria o que melhor sabia fazer, o que sempre foi seu dom: pintar, a vocação que tinha abandonado ao se casar, que retomou timidamente em simplórios cursos de artesanato, um patético consolo para o seu talento nato.

Foi até o centro da cidade e comprou os melhores materiais, tintas, pincéis, cavalete, tela, tudo o que precisava.

Fechou-se no quarto, olhando as velhas fotografias em que os três  estavam juntos e alegres, fotos dela com Raquel ainda na infância, fotos da formatura na escola, fotos de todas as festas familiares em que Raquel tinha participado como convidada, quando Agnes já era casada. Olhou o rosto apaixonado de Jorge na foto de seu casamento e continuou vasculhando imagens e lembranças  daquele triângulo amoroso, as pessoas e sentimentos que não existiam mais como foram um dia naquelas fotos, chorou muitas vezes, até sentir seca, vazia. Então, fez uma grande fogueira no quintal com todas as fotos e só depois de respirar por alguns momentos a fumaça de seu passado queimando, começou a desenhar e pintar, furiosamente, de memória, o rosto dos dois, juntos, como um casal.

O quadro levou dias seguidos até ser concluído, dias de dedicação completa, fechada no quarto, comendo quase nada, dormindo em pequenos intervalos. Mas, quando, deu a última pincelada, um sentimento forte de satisfação a envolveu e ela deu alguns passos para trás, admirando o resultado de seu trabalho: era perfeito!

As figuras pareciam querer sair do quadro, tal a vida, a paixão que iluminava seus olhos, estavam radiantes, felizes, como que rodeados por uma aura de amor.

Só faltava uma coisa. Contemplou, emocionada, o vermelho vivo do próprio sangue, segurando uma pequena ampola de vidro entre os dedos, embebeu um algodão com ele e foi aplicando o precioso líquido na parte de trás da pintura como um verniz. Tendo feito isso, recolocou-a no cavalete para que o sangue secasse completamente.

Horas depois, embrulhou a pintura num papel fino e enviou-a junto com flores para a casa da noiva, sem remetente.

Quando a noiva desembrulhou o presente, com assombro e perplexidade, soube na hora, quem tinha lhe presenteado e chamou o noivo para decidirem o que fazer. Por alguns momentos, os dois ficaram olhando o belíssimo retrato, perplexos, em silêncio.

Por fim, Jorge ergueu-o e pendurou no centro da parede da sala de estar com a concordância passiva de Raquel.

E, desde então, o retrato ali repousa, imperioso, em destaque, atraindo todos os olhares de quem entra na casa, sendo refletido pelo grande espelho barroco da parede a sua frente.

E alguns destes visitantes poderiam jurar para si mesmos que já tinham se deparado com um reflexo completamente diverso do quadro no espelho, mas isto não confessaria para mais ninguém.

30 comentários em “O Presente (Martha Angelo)

  1. MIRIAM MORALES
    31 de janeiro de 2015
    Avatar de MIRIAM MORALES

    UMA BELA HISTÓRIA, MUITO BEM DESENVOLVIDA QUE AO INICIAR A LEITURA NÃO ´DA PARA PARAR…UM FINAL EXCELENTE. MUITO BOM. NAJA

  2. Martha Angelo
    23 de agosto de 2014
    Avatar de Martha Angelo

    Muito obrigada pelos comentários, pessoal!!!
    Pois então, na verdade, eu confesso que escolhi o nome da ilha ” Perugia” somente pela sonoridade , porque gostei dele como um nome fantasioso, sem nenhuma relação com a região da Itália, mas claro que o leitor não tinha nenhuma obrigação de supor isso, portanto, eu devia ter escolhido um nome de fantasia sem associações com possíveis lugares reais, confesso que tenho dificuldade para escolher esses nomes..rsrs
    Ah, sim, mais uma coisa : alguém sugeriu um certo clima de O Retrato de Dorian Gray, realmente, eu me inspirei nessa história.
    Enfim, escrevo para agradecer todas as sugestões e apontamentos, serão muito úteis, pois ainda pretendo trabalhar neste texto. Valeu!

  3. Carmem Soares
    21 de agosto de 2014
    Avatar de Carmem Soares

    Gostei demais da história até chegar no final. Ficou meio no ar né! O texto é muito bom, até espantou meu sono, mas queria que o final tivesse sido mais surpreendente. Coprichos de leitora! rsrs

    Parabéns a história foi muito bem escrita.

  4. Edivana
    20 de agosto de 2014
    Avatar de Edivana

    É, ficou legal. Boa vingança essa, diabólica. Não tenho muito a dizer sobre o conto, gostei, é meio deprimente, e a bruxa é interessante, o “conselho” do padre também.

  5. Fil Felix
    20 de agosto de 2014
    Avatar de Fil Felix

    Gostei bastante de como desenvolveu a história, aos poucos e com a ideia do quadro, ficou bem interessante. Porém tem alguns deslizes durante o texto, como algumas palavras que se repetem bastante.

  6. Pedro Luna
    20 de agosto de 2014
    Avatar de Pedro Luna

    Haha…outro conto bem escrito. Gostei da personagem, e compactuei com o drama dela e desejo de vingança. Mas confesso que o final não causou o efeito talvez esperado em mim. Não entendi muito bem o lance do quadro.

  7. rsollberg
    20 de agosto de 2014
    Avatar de rsollberg

    Só eu que estava torcendo para uma vingança sinistra da pobre Agnes? rs.

    O conto está muito bem escrito, a dor da personagem principal é absolutamente palpável. Curti as contradições e os dilemas da mulher traída, especialmente sua desilusão com o padre e o seu choque de realidade com a “bruxa”. Sou apreciador de contos lacônicos, mas penso que faltou alguma coisa no final.

    De toda maneira, é um ótimo trabalho.
    Parabéns e boa sorte no desafio.

  8. Wender Lemes
    18 de agosto de 2014
    Avatar de Wender Lemes

    Conseguiu me deixar muito curioso com esse final. Sobre questões de escrita, talvez devesse usar menos vírgulas e mais pontos (confesso que os períodos muito longos prejudicaram um pouco a leitura). No geral, gostei do conto e do desenvolvimento da personagem principal. Parabéns e boa sorte.

  9. Eduardo Matias dos Santos
    17 de agosto de 2014
    Avatar de Eduardo Matias dos Santos

    Muito legal, seu texto. A ideia que você teve é bastante original, apesar do ligeiro ar de Dorian Grey. Muito interessante, parabéns!

  10. Marcellus
    17 de agosto de 2014
    Avatar de Marcellus

    O conto me lembrou “Os Cinco Porquinhos”, de Agatha Christie. Essas ligações que o cérebro faz meio que aleatoriamente.

    Gostei do conto, é uma boa história. Precisa de um pouquinho de revisão, mas o grave mesmo é que a figura da bruxa ficou pálida demais para concorrer neste desafio.

    De qualquer forma, boa sorte!

  11. Juliano Gadêlha
    16 de agosto de 2014
    Avatar de Juliano Gadêlha

    O enredo é interessante, mas falta um pouco de dinamismo na sua construção. A pontuação do texto tem sérios problemas que merecem ser apropriadamente revistos, e que acabam prejudicando a leitura.

  12. Weslley Reis
    15 de agosto de 2014
    Avatar de Weslley Reis

    O conto é muito visual e isso agrada bastante. A dualidade da existência do quadro é muito bem feito junto aos sentimentos da protagonista que, por sinal, me pareceu muito bem construída. Foi uma abordagem sútil do tema, ao meu ver, que funcionou bem.

    Um bom conto, no geral.

  13. Weslley Reis
    13 de agosto de 2014
    Avatar de Weslley Reis

    A história em si é boa. A construção da protagonista impressiona e suas motivações são condescendentes com o rumo que a trama leva. Estruturalmente não sei se tenho alguma crítica específica a fazer, apenas não me fisgou. Não sei dizer porque. Por isso não tiro os méritos do(a) autor(a) e do texto.

  14. Thata Pereira
    12 de agosto de 2014
    Avatar de Thata Pereira

    Não sei se entendi a intenção do(a) autor(a) com esse final. Na verdade, eu estava esperando algo que algo diferente acontecesse com Raquel e Jorge ou com o quadro. Algo mirabolante, pois o conto segue tranquilo e não tem nenhum sobressalto. Não acho que não necessários, mas não entendi o objetivo.

    Boa Sorte!!

  15. williansmarc
    11 de agosto de 2014
    Avatar de williansmarc

    O conto não me conquistou. Achei confuso, com muitos personagens no início e tem alguns erros de pontuação estranhos, como um ponto(.) no começo de alguns parágrafos. Acredito que o texto não tenha sido revisado adequadamente. Também faltaram bruxas na estória, tem algum tipo de feitiço, mas as bruxas estão ausentes.

    Abraço.

  16. JC Lemos
    9 de agosto de 2014
    Avatar de JC Lemos

    Gostei! Bem escrito e prende do começo ao fim. Esperei um final mais macabro, mas ainda assim esse também ficou bom. Lembrou-me um conto do Stephen King.

    A bruxaria ficou tão sutil que a gente nem a toma como o foco principal da história.
    Um bom conto, tenho certeza que será bem visto pelos outros.

    Parabéns e boa sorte!

  17. Pétrya Bischoff
    7 de agosto de 2014
    Avatar de Pétrya Bischoff

    Bueno, a princípio, a escrita repleta de lirismo me cativou muito. No entanto, quando começa a descrever os acontecimentos do adultério, é tomada por uma pressa que faz perder toda a linha que vinha seguindo. Pareceu-me um desabafo desesperado sem preocupação com a escrita previamente iniciada. Retomei esperanças quando ela pinta o tal retrato macabro. Mas não entendi o que acontece depois. Pensei que ele traria uma maldição para a casa e o casal, no entanto, o conto só deixa claro que as pessoas o veem de outra maneira no reflexo… Eu ansiava por uma morte sanguinária repleta de torturas, slá.
    Boa sorte.

  18. fernandoabreude88
    6 de agosto de 2014
    Avatar de fernandoabreude88

    Gostei desse conto. A personagem da bruxa foi muito bem colocada, é mais sóbria, como uma velha cansada a destilar sua sabedoria. Gostei das descrições da casa da velha, da história de vingança e esse final também não foi ruim, ficou algo meio misterioso, no ar, o escritor não apelou para uma saída fácil, mas bem que eu fiquei esperando o casal encarar uma imagem demoníaca na tela e cair morto, bem que esperei. Conto acima da média.

  19. David.Mayer
    5 de agosto de 2014
    Avatar de David.Mayer

    O que gostei:
    Da personagem. Foi muito bem construída, delineada pelos pensamentos dela, pelos paragráfos que foram moldando a personalidade conturbada da mulher. A mensagem do perdão, a história em si que me prendeu até o fim.

    O que não gostei:
    A pontuação. Percebi que faltou uma revisão mais apurada, pois em outros textos acertava, em outros errava, o mesmo tipo de erro gramatical. E o final também. Ficou faltando alguma coisa, tipo o que aconteceu com ela depois, pelo menos mostrar sutilmente, e poderia ter colocado algo mais no quadro, alguma coisa que fizesse despertar algum sentimento no leitor… enfim.

    Melhorar:
    Revisão e um final mais amarrado. Mas de qualquer forma, parabéns pelo conto. Pela foto imaginei que iria ser voltado no oriente, ou algo do tipow.

  20. Walter Lopes
    4 de agosto de 2014
    Avatar de Walter Lopes

    Gostei, embora tenha achado o final um tanto fraco.

  21. Gustavo Araujo
    4 de agosto de 2014
    Avatar de Gustavo Araujo

    Tive a sensação de que se trata de um primeiro capítulo. O que acontece depois que Jorge pendura o quadro? Qual o efeito do sangue? Levará o casal à ruína? O que se vê no reflexo? Não percam…

    Pois então, fiquei com essa sensação de “quero mais”. No geral, a trama envolve, apesar dos erros de pontuação e de geografia. O autor é alguém que sabe montar o enredo, dobrar as palavras, usar metáforas inteligentes. Por isso fica essa sensação de que poderia ter ido mais longe, ousado mais. Talvez seja culpa da limitação de palavras imposta pelas regras, mas, de qualquer forma, isso era algo a ser levado em conta quando do desenvolvimento da história.

  22. rubemcabral
    4 de agosto de 2014
    Avatar de rubemcabral

    Enredo interessante, mas achei mal trabalhado. Ao se escolher ambientar uma história no exterior, caso não se conheça bem o lugar, deve-se ao menos pesquisar, para passar veracidade. Não foi o que ocorreu aqui: Perugia não é ilha, Jorge é um nome bem estranho para um italiano, etc. Faltou também capricho na revisão, em especial quanto à pontuação.

  23. Ricardo Gnecco Falco
    4 de agosto de 2014
    Avatar de Ricardo Gnecco Falco

    É… Uma bela história de amor… Às avessas. Como no verso do quadro pintado pela protagonista, o amor aqui é banhado no venenoso sangue da vingança. Mas é uma história de amor e, por isso mesmo, não consegui me ater aos vários problemas de pontuação e revisão do texto que, em sua grande maioria bem escrito, possui certos buracos que precisam urgentemente de reparos. Já no primeiro parágrafo está faltando uma vírgula na última frase. E se eu tenho alguma birra enquanto leitor de Conto, pode ter certeza que ela está diretamente ligada ao primeiro e ao último parágrafos. Faça o que quiser nos outros, mas estes dois devem ser tratados como verdadeiros santuários… Então, fica a dica aqui.
    Mas… Como disse, histórias de amor me deixam benevolente e, assim, permiti-me ser tragado pela história e levado pelo(a) autor(a) neste conto bem gostoso de se ler. Inclusive, acabei esbarrando em uma pérola que fiquei relendo e relendo por várias vezes antes de continuar adiante. Às vezes isso acontece em alguns textos. E é muito bom (e só acontece em um Desafio onde os leitores — e críticos — são também escritores… Viva a EntreContos!). Gostei bastante da imagem (re)lida nesta passagem: “…fez uma grande fogueira no quintal com todas as fotos e só depois de respirar por alguns momentos a fumaça de seu passado queimando, começou a desenhar e pintar, furiosamente, de memória, o rosto dos dois, juntos, como um casal.” … Bom, né? Eu achei… 🙂
    O final também ficou show! Mas… Devo dizer, desculpe-me… Não sei se o(a) autor(a) escreveu exatamente o que eu entendi (e se assim o foi, PARABÉNS!!!) ou se, na verdade, foi um derradeiro errinho de revisão que tenha passado despercebido (espero que não, pois eu adorei do jeito que ficou!). O trecho é este (dãã): “E alguns destes visitantes poderiam jurar para si mesmos que já tinham se deparado com um reflexo completamente diverso do quadro no espelho, mas isto não confessaria para mais ninguém.” A minha dúvida ficou em cima desse “confessaria” da frase. Se estiver conjugado corretamente no singular, significa que o(a) próprio(a) autor(a) se converteu, na última cena do conto, em uma personagem do mesmo! E, gente… Se isso for mesmo intencional, achei genial!!! Ou seja, a imagem refletida no espelho do quadro, que o @#$%¨* do narrador não quis contar para a gente como era, não nos foi contato exatamente porque o narrador — convertido magistralmente em personagem (um dos visitantes da nova casa do ex-marido da protagonista) — temia por sua sanidade (ou integridade física e espiritual)! Show!
    Não sei se consegui me fazer entender aí acima, mas este foi o final que eu peguei pra mim. E achei sensacional, literalmente! Misterioso, chocante, genial… O final do conto foi exatamente como um conto deve terminar: inesperadamente!
    Parabéns!
    Boa sorte, e conserta lá na parte que a Bruxa (a velha!) entrega o pacotinho pra protagonista um “sua” com sentido de “dela”. Seja qual “sua” você decida alterar, o fato é que o narrador deve escolher sempre alguém para ficar mais próximo de si, senão confunde um pouco o leitor na visualização da cena. A passagem é essa aqui: “trouxe um pacotinho que entregou para Agnes, apertando suas mãos entre as suas, com carinho.” … Sacou? 😉
    Abrax,
    Paz e Bem!

  24. Fabio Baptista
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Fabio Baptista

    ======== ANÁLISE TÉCNICA

    Escrita um tanto corrida, deixando o texto meio confuso em certas partes. Tive que reler uns dois parágrafos para ver se era a história da Agnes ou um flashback da velha.

    – indo a primeira missa
    >>> crase

    – passado de ódio fogo e sangue.
    >>> passado de ódio, fogo e sangue.

    – E, agora, iriam se casar não era lindo?
    >>> E, agora, iriam se casar. Não era lindo?

    – em que tinha
    >>> cacofonia (sempre bom tomar cuidado com o “tinha”)

    – 70 X 7, assim como Cristo tinha perdoado
    >>> Cristo não perdoou ninguém nessa passagem. Ele instruiu Pedro:
    “Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?
    Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.”
    Mateus 18.21-22

    – a velha foi até uma velha cristaleira
    >>> velha / velha…

    – a veia tá cansada
    >>> a véia tá cansada

    – Tem um erro de concordância no último parágrafo…

    ======== ANÁLISE DA TRAMA

    Meu… mais uma Agnes!!!

    Olha, aqui acho que o autor conseguiu complicar uma trama que era simples. O negócio da pedra memorial, por exemplo… só apareceu pra confundir. Pensei que a casa era da bruxa morta.

    Enfim… acho que enrolou demais, misturou referências bíblias, igreja e tal. Poderia ter simplificado bastante.

    Essa magia aí do final ficou meio sem sentido. Não entendi qual foi a intenção.

    ======== SUGESTÕES

    Simplificar a trama.

    Mulher traída, vai à casa da bruxa, aprende o feitiço, volta pra casa achando que jogou dinheiro fora, mas faz o feitiço mesmo assim… feitiço faz alguma coisa visível ao leitor.

    ======== AVALIAÇÃO

    Técnica: ***
    Trama: **
    Impacto: **

  25. Lucas Almeida Dos Santos
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Lucas Almeida Dos Santos

    Gostei da história, apesar de que alguns detalhes, principalmente o final, me deixaram em duvida. Acho que, por eu estar acostumado a ler muitas histórias com magia, acredito que faltou isso, o que mudaria o desfecho pela fala da senhora e a atitude de Agnes. Mas parabéns.

  26. Marquidones Filho
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Marquidones Filho

    Magnífico! Praticamente no nível de um H.P. Lovecraft ou Alan Poe!

  27. Claudia Roberta Angst
    2 de agosto de 2014
    Avatar de Claudia Roberta Angst

    Interessante narrativa. Que efeito teria o sangue no verso da tela? Não causaria odor denunciando a “bruxaria”? Por trás da felicidade do casal havia o sangue daquela que fora traída. Ninguém ousava enxergar o que de fato estava escondido na ostensiva cena de amor. Alguns intuíam.
    A leitura correu ágil e fácil, mas isso mais do meio para o final. O início pareceu apontar para outra direção. O mesmo aconteceu com a imagem escolhida.
    “(…) mas isto não confessaria para mais ninguém.” Há um erro de concordância aí, já que o sujeito da frase “alguns destes visitantes” ´pede plural.

  28. Eduardo Selga
    2 de agosto de 2014
    Avatar de Eduardo Selga

    Este é o décimo nono conto que analiso no presente desafio.

    O conto não acontece. Quando se chega ao fim, tem-se a sensação de que todo ele é uma introdução a esperar seu desenvolvimento. O mote do quadro se transforma no eixo central do enredo na porção final do texto, sem haver tempo para um desenrolar. Se esse elemento tivesse sido introduzido logo nos primeiros parágrafos, é possível o resultado fosse mais interessante.

    Esse equívoco me parece ter ocorrido por causa de certa indecisão narrativa: fazer de quem a bruxa, a velhinha que faz tricô ou a protagonista? Fiquei com a impressão de que o papel seria desempenhado pela velhinha, mas que, por algum motivo, o(a) contista mudou de ideia logo após.

    Há falhas na pontuação, alguns dos quais abaixo assinalados.

    “[…] mulheres indo a primeira missa do dia[…]” – faltou sinal de crase

    “[…]morro lembrava a todos um passado de ódio fogo e sangue.” – faltou vírgula entre ÓDIO e FOGO.

    “E, agora, iriam se casar não era lindo?” – entre CASAR e NÃO é preciso pontuação para demonstrar a quebra de ritmo que a frase pede.

    Em 02/08/2014

  29. José Geraldo Gouvêa
    1 de agosto de 2014
    Avatar de José Geraldo Gouvêa

    A ambientação estrangeira desnecessária é o primeiro ponto fraco do conto. Funcionaria melhor se fosse ambientando, com uma boa cor local, em um lugar mais próximo e identificável. Mesmo porque existe na ambientação algumas falhas, como os nomes dos personagens (Jorge = Giorgio, Raquel = Rachele, Agnes = Agnese) para uma história que se passa em Perugia (que, na verdade, NÃO é uma ilha, mas uma cidade interiorana, no vale do Tibre).

    Excluído esse defeito fácil de consertar, temos uma história que começa e se desenvolve muito bem, mas que peca por NÃO TER UM CLÍMAX. A história simplesmente acaba, sem nada explicar, sem um conflito real, sem nada.

    E se o autor tivesse removido alguma gordurinha no início poderia ter usado um pouco mais de palavras para dar a este conto um fim.

    Minha sugestão: o retrato leva Raquel progressivamente à loucura. Mas isso requereria muito mais espaço do que 2 mil palavras.

  30. mariasantino1
    1 de agosto de 2014
    Avatar de mariasantino1

    Antes de qualquer coisa. Eu não vou dormir por causa dessa imagem. Alguém assim, na soleira da tua porta, na madrugada… :/
    .
    O Ar triste, a perda de um amor, a traição… Isso me agradou. Acredito que o quadro tem potencial para ser mais explorado (mortes em família, sugar o viço, a felicidade deles…), mas esse fim também é bacana. Não gostei muito das personagens, nem da primeira bruxa, mas gostei da parte que a Agnes ri no meio da rua (gosto dessas sandices).
    Desejo sorte e deixo um abraço.

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Publicado às 1 de agosto de 2014 por em Bruxas e marcado .