EntreContos

Detox Literário.

Fratricidium (Willians Marc)

Fatricídium

Numa manhã qualquer de um dia de inverno, sob alguns lençóis e protegida em seu quarto humano, Sansa acabara de acordar. Seu pequeno corpo estava estranhamente dormente e teve dificuldades de abrir os olhos. Porém, quando conseguiu abri-los, coisa muito peculiar foi vista naquele momento, o mundo inteiro estava azul e amarelo. Tudo o que ela olhava estava pintado nessas duas cores. Fechou os olhos novamente e tentou esfrega-los com suas mãos, coisa mais estranha ainda ocorrera, Sansa já não tinha mãos, em seu lugar haviam patas de pelos pretos e em seus dedos haviam garras afiadíssimas. Decidiu voltar a dormir, numa tentativa de acordar daquele pesadelo estranho. Contudo, abriu os olhos impacientemente depois de um átimo, e então decidiu se levantar e encarar o problema. Sansa estava transformada em uma gata preta.

– Arghhhhhhhh!

Ela tentou emitir um palavrão qualquer, mas da sua boca saiu apenas um granido estranho. “Acho que devo ter engolido uma bola de pelos…”, pensou ela. Levantou-se da cama e caminhou, de forma lenta e gatuna, até a porta. Por sorte estava entreaberta, e com um pequeno empurrão, dado com focinho, conseguiu abri-la. Sansa foi como um raio até o quarto de sua irmã mais velha, Osiris, e começou a arranhar a porta ao mesmo tempo em que grania e miava o mais alto possível.

– Hã? que barulho será que é esse? – Sansa ouviu sua irmã falar de forma estranhamente irônica de dentro do quarto. Ela estava começando a entender a situação…

Poucos instantes depois, sua irmã abriu a porta. A imagem da bota que ela usava foi ameaçadora. Levantou sua cabeça e viu o vestido preto, bem delineado sob o seu belo corpo com curvas ligeiras e perigosas de adolescente. Olhando um pouco mais pra cima, viu seus cabelos ruivos, vermelhos como chamas, e finalmente alcançou o seu rosto, que estava com um sorriso macabro e os olhos quase em lágrimas.

Sua irmã começou a rir incansavelmente, foi andando curvada até sua cama onde deitou-se com as mãos na barriga enquanto gargalhava de forma enlouquecida. Sansa entrou no quarto, com sua coluna erguida e pelos eriçados, nem sabia o porquê de seu corpo estar agindo daquele jeito, devia ser instinto felino. Na verdade ela queria xingar sua irmã e dizer o quanto estava revoltada por ter sido transformada em gata por ela. Porém, nenhuma palavra saia de sua boca, apenas os mesmos granidos estranhos…

Viu que aquela situação não estava adiantando nada, estava apenas perdendo tempo ali, e decidiu procurar sua mãe, Isis, enquanto Osiris ainda ria no seu quarto. Provavelmente sua mãe estaria no porão, fazendo alguma poção para vender para os habitantes que moravam em um vilarejo perto da casa delas. Chegando ao porão, verifica que sua mãe realmente estava lá, desce as escadas e fica roçando na perna dela.

– O que é isso? Como um gato conseguiu entrar aqui em casa? – questiona-se ela, enquanto pega Sansa com as duas mãos e a ergue sobre sua cabeça. Quando Isis olhou nos olhos azuis da gata, entendeu rapidamente o que estava acontecendo. – não acredito! Vocês brigaram mais uma vez???

– Miauuuuuu! – Sansa tentou falar que foi sua irmã quem começou e mais uma vez nenhuma palavra saiu de sua boca…

Isis colocou sua filha em cima de uma mesa, com um giz desenhou um círculo e, dentro dele, fez alguns desenhos que aparentemente não significavam nada. Mas Sansa já havia entendido para que isso iria servir e, assim que sua mãe terminou de fazer o círculo de transmutação, ela foi para cima do desenho. Isis declamou algumas palavras e poucos instantes depois sua filha havia retornado à sua forma normal. Ela estava nua, seus pequenos seios que haviam começado a crescer estavam a mostra, assim como seus poucos pelos pubianos. Era apenas uma menina e nunca havia sentido tanta raiva em sua vida inteira…

– Mãe! Você tem que fazer alguma coisa com a Osiris! – reclamou ela gritando com a mãe – ela não pode ficar fazendo esses feitiços comigo, ela é mais velha e mais experiente! Não tenho como me defender! Fala com ela, mãe! Fala com ela!!!

Os gritos de Sansa estavam incomodando muito sua mãe, essas briguinhas estavam sendo recorrentes nos últimos meses, uma transformava a outra em algum animal, depois uma fazia aparecer um ninho de baratas no quarto da outra, depois a outra fazia aparecer dezenas de sapos no quarto da uma e assim continuava esse ciclo vicioso…

– Sansa, você tem que conseguir se defender dela – Isis falou pacientemente à sua filha – se você não consegue nem conviver com as magias da sua irmã, como acha que será a sua vida quando encarar o mundo exterior e todas as suas adversidades?

– Mas, mãe… – ela ia tentar argumentar novamente mas sua mãe não deixou.

– Vá para o seu quarto agora! As duas estão de castigo por tempo indeterminado!

– Eu te odeio! E odeio ainda mais a Osiris! Vocês vão todas pro inferno! – Em meio a gritos e palavrões, Sansa subiu a escada do porão correndo e chorando, porém, não foi para seu quarto como sua mãe havia mandado, ela foi até a biblioteca da casa procurar o grimório de sua mãe. Encontrou rapidamente o livro de magias e começou a folheá-lo. Poucos minutos depois achou o que queria, ela foi até a cozinha, pegou uma faca e, após isso, finalmente foi para o seu quarto. Ao fechar a porta, fez um corte em seu dedo com a faca e desenhou com seu sangue um círculo de transmutação atrás da porta. Após isso, vestiu uma roupa velha e deitou na sua cama, onde começou a chorar mais intensamente ainda.

* * *

Batidas fortes e continuas na porta do quarto de Sansa a acordaram. Havia dormido, mas não sabia exatamente quanto tempo. Decidiu se levantar e ver o que estava acontecendo, abriu a porta e viu que sua mãe era quem estava do outro lado do quarto. Isis estava parada e com um pequeno ratinho branco em suas mãos.

– Sansa, você sabe de onde veio esse rato? – questiona Isis e Sansa responde acenando negativamente com a cabeça – Você sabe onde está a sua irmã? Não consigo encontrá-la… – e mais uma vez, a menina responde negativamente.

Isis segura o ratinho firmemente com as duas mãos e começa a aperta-lo. Chiados foram emitidos pelo animal, mas o som mais parecia o choro de um bebê do que um animal sofrendo. A mulher não parou de colocar força em suas mãos e os chiados estavam cada vez mais altos e estridentes. Após alguns instantes Sansa pareceu ter ouvido o barulho de ossos estalando e se quebrando, nesse momento ela já não aguentava mais.

– Pare com isso, mãe! Esse rato é a Osiris! – disse ela, já secando as lágrimas nos olhos com a manga de sua camisa.

– Então esse rato é Osiris? – questiona Isis com tom irônico – e como foi que você conseguiu executar esse feitiço?

– Eu… peguei o seu grimório… – Respondeu Sansa de forma hesitante, olhando para o chão – e coloquei um feitiço na porta do meu quarto para que a primeira pessoa que entrasse fosse transformada em rato.

– Entendo. Bom, então isso é exatamente o que você queria, certo? Você não queria que a sua irmã fosse transformada em rato e morresse após isso? Você está conseguindo! Parabéns!

Sansa pensa por alguns instantes e chega à conclusão de que aquilo não era o que ela realmente queria. Após isso, fala para sua mãe parar de apertar o rato, mas Isis não escuta e continua com ele entre as mãos apertando cada vez mais. A menina tenta tirar o rato das mãos de sua mãe, mas ela não consegue, é pequena e fraca demais para isso. O rato já não fazia mais nenhum barulho. Aparentemente, havia desmaiado de dor. Alguns momentos de silêncio foram presenciados antes de Sansa realizar sua próxima ação. Ela voltou ao seu quarto e pegou a faca que havia usado anteriormente, aproximou-se de sua mãe e ficou parada por alguns instantes de fronte à ela, após isso, tentou cortar as mãos de sua mãe, mas conseguiu apenas fazer pequenos cortes na região do pulso dela. Entretanto, esses arranhões foram suficientes para que a mãe largasse o rato. Sansa conseguiu pegá-lo antes que ele caísse no chão e ficou ali, ajoelhada com o ratinho entre as mãos.

Após isso, Isis finalmente trouxe a sua filha de volta à sua forma normal. Sansa estava com Osiris entre os braços, as lágrimas da menina se misturaram ao sangue de sua irmã mais velha, que estava cheia de hematomas, mas ainda estava viva. Ela olhou para sua irmã ali, sofrendo e tão frágil, e questionou à sua mãe:

– Por que você fez tudo isso?

– Porque a família é tudo! E vocês aprenderam isso hoje. – afirmou Isis.

30 comentários em “Fratricidium (Willians Marc)

  1. Willians Marc
    22 de agosto de 2014
    Avatar de Willians Marc

    Agradeço a todos os comentários, tanto positivos quanto negativos.

    Algumas observações:
    – O nome feminino que usei como pseudônimo confundiu algumas pessoas e essa era a intenção.
    – Em nenhum momento quis fazer algo parecido com Kafka, apenas busquei uma referencia para nomear um personagem que também foi transformado em animal. A metamorfose é incomparável e esse conto que eu escrevi só tem o começo parecido.
    – Os nomes Osíris e Isis vieram de deuses Egípcios que são muito admirados por bruxos e ocultistas, inclusive Aleister Crowley. Não me importo se Osíris era um deus com características masculinas, é um nome incomum que acho que pode ser usado para ambos os gêneros.
    – Sobre as falhas em tempos verbais, esse é um erro recorrente meu que realmente preciso melhorar muito.
    – Sobre a acentuação, foram pequenos erros que tentarei não repetir, mas tenho certeza que se repetirão.
    – Nos comentários há varias sugestões para que o rato não fosse a irmã de Sansa, pra mim isso prova o quanto essa opção seria previsível.

    Gostei dos comentários ocultos por que todos foram bem contraditórios, recebi desde nota 1 até nota 10, acredito que se não estivessem ocultos haveria uma grande influência dos primeiros comentários.

    Até o próximo desafio!

  2. Carmem Soares
    21 de agosto de 2014
    Avatar de Carmem Soares

    “um granido estranho” Não seria um grunhido?

    Não gostei da lição final. Muito forçada a atitude da mãe. Família é tudo? Infelizmente não vi nada que levasse a essa conclusão.

    Esse texto também não me cativou.

  3. Edivana
    20 de agosto de 2014
    Avatar de Edivana

    Não gostei do começo, o meio e o final gostei mais. A proposta é interessante, apesar de batida, o esmagamento do ratinho é legal!

  4. Fil Felix
    20 de agosto de 2014
    Avatar de Fil Felix

    No início me lembrou a Metamorfose do Kafka, só que mais adolescente ^^. Bem escrito, se desenvolve de uma boa maneira e lembra bastante uma fábula (ao estilo “Sabrina”) com direito à moral no final.

  5. Pedro Luna
    20 de agosto de 2014
    Avatar de Pedro Luna

    Pô, sendo sincero? Achei o final ruim. A atitude da mãe não ficou legal. O lance de apertar o rato, e depois, Sansa adquire coragem e tenta cortar a mãe. Ficou estranho. No fim, uma lição de moral até válida, mas acho que a pessoa quase matar a filha e dizer que a família é tudo fica meio bizarro. Não curti muito :/

  6. rsollberg
    20 de agosto de 2014
    Avatar de rsollberg

    Olha, respeito muito a ousadia de tentar trazer um clássico como a Metamorfose do Kafka para esse desafio. Contudo, comigo não funcionou bem. Não consegui me conectar. Os pequenos problemas de acentuação não chegaram a me incomodar, mas a variação no tempo verbal sim.

    Pelo começo, achei que o conto iria para um lado mais arriscado e, por isso, me decepcionei com o tom de fábula adolescente, especialmente com a lição de moral no seu desfecho.

    Gostei muito das escolhas dos nomes dos personagens.
    Espero que tenha havido mais identificação por parte dos outros participantes.
    De qualquer modo, parabéns e boa sorte no desafio.

  7. Rodrigues
    18 de agosto de 2014
    Avatar de Rodrigues

    “E vocês aprenderam isso hoje.” O escritor vai me desculpar, mas se era pra ser uma fábula, que tivesse seguido esse tom desde o começo. O texto é bem escrito e consegue passar uma doçura interessante com a criação de cenários e personagens, mas acabar desta foi forma foi, até mesmo, uma falta de respeito com o leitor. Eu tinha até achado a colocação dos nomes – remetendo ao livro do baratão do tcheco infeliz – bastante naturais, assim como a carismática e confusa relação entre as irmãs. Mas quando o autor quer passar a régua e engavetar a coisa toda, não há quem prove que ele pode continuar. Fiquei dividido, mas optei pelo “achei ruim”.

  8. Marcellus
    17 de agosto de 2014
    Avatar de Marcellus

    Tenho um problema grave com onomatopeias. Enfraquecem o texto, o deixam muito pueril. Resquício das aventuras do homem morcego, talvez.

    A história é simples, tem uma moral Disney… e só. Precisa de um pouco de revisão também.

    Boa sorte ao autor!

  9. Martha Angelo
    17 de agosto de 2014
    Avatar de Martha Angelo

    Que texto fantástico! É difícil que eu aprecie esses trechos que descrevem magias e transformações, mas nesta história tudo se encaixou muito naturalmente. Um dos meus preferidos do concurso!

  10. Juliano Gadêlha
    16 de agosto de 2014
    Avatar de Juliano Gadêlha

    Texto muito bem escrito, só acho que o enredo carece de eventos mais surpreendentes. Na verdade, toda a construção da história é bastante interessante, mas o final acaba sendo um pouco decepcionante. No geral, entretanto, é um bom conto. Parabéns ao autor.

  11. Wender Lemes
    15 de agosto de 2014
    Avatar de Wender Lemes

    Gostei do conto. Uma passagem curta, mas bem feita. A escolha dos nomes foi feliz também, por ter certa relação com os inspiradores egípcios. Parabéns, boa sorte no desafio.

  12. Weslley Reis
    15 de agosto de 2014
    Avatar de Weslley Reis

    Gostei do paralelo feito com as bruxas e coisas corriqueiras. O tom de crueldade da mãe acentuou a ideia comum de bruxas. Parabéns.

  13. Thata Pereira
    12 de agosto de 2014
    Avatar de Thata Pereira

    Um conto que poderia surtir um efeito melhor se algumas coisas fossem consideradas. A principal delas é a personalidade da mãe que não me levou a crer que poderia agir dessa forma com a filha mais velha, cheguei até a pensar que fosse apenas uma armação para o lado da menina mais nova. Talvez pela imagem de mãe que é impregnada na nossa cabeça, por isso acho que algo durante o conto deveria mostrar que ela seria capaz de fazer aquilo.

    Também percebi que o(a) autor(a) usa muito “Após isso”.

    Boa Sorte!!

  14. Eduardo Matias dos Santos
    10 de agosto de 2014
    Avatar de Eduardo Matias dos Santos

    Legal, sua história. Bastante envolvente e com um desfecho bem legal. Não centrado apenas em feitiços e tudo mais, mas numa moral bem interessante. Parabéns.

  15. JC Lemos
    8 de agosto de 2014
    Avatar de JC Lemos

    Não curti. :/

    Não gostei de como foi narrado e a história também não me agradou. Ficou infantil demais. Não que isso seja ruim, pois muitos apreciam e até mesmo eu, mas esse não ficou algo que eu aprecie. Estranhei também a escolha dos nomes, acho que não combinaram.

    Enfim, espero que outros possam gostar.
    De qualquer forma, parabéns!

    Boa sorte!

  16. Pétrya Bischoff
    7 de agosto de 2014
    Avatar de Pétrya Bischoff

    Bueno, infelizmente este conto não me agradou. Mais um (como no desafio anterior) que tenta passar uma mensagem. No entanto, o enredo é fraco e a narrativa não prende o leitor. Na verdade, achei bizarra a ideia da mãe (que, anteriormente demonstra-se zelosa) machucar uma das filhas fisicamente e a outra psicologicamente para ensinar uma lição de vida, slá. Boa sorte.

  17. Claudia Roberta Angst
    6 de agosto de 2014
    Avatar de Claudia Roberta Angst

    ” (…) em seu lugar haviam patas de pelos pretos” O verbo haver no sentido de existir é sempre no singular. Portanto, na frase em questão, o correto seria HAVIA.
    “(…) bem delineado sob o seu belo corpo ” – Sob é por baixo, aqui a ideia é do vestido SOBRE o corpo.
    O conto ficou com ares de lição de moral. Revi meus tempos de ditado na escola. Eu imaginei que o rato fosse um outro qualquer e que a mãe estivesse fingindo apertar a filha mais velha para assustar Sansa.
    A ideia da brincadeira de feitiço entre as irmãs não foi ruim, mas precisaria ser melhor elaborada. Gostei da descrição logo no começo, da constatação da metamorfose. Pelo menos, uma gata é melhor do que uma barata, diria Kafka…rs.
    Continue firme e escreva sempre. Boa sorte!

  18. Gustavo Araujo
    4 de agosto de 2014
    Avatar de Gustavo Araujo

    Conto simples, com jeito de fábula e direito a “moral da história”. Por isso não gostei. É o tipo de narrativa que não deixa margem a julgamentos próprios, preferindo conduzir o leitor por uma via murada. Não está mal escrito, mas esse final “viu-só-o-que-acontece” realmente não me apeteceu.

  19. fernandoabreude88
    4 de agosto de 2014
    Avatar de fernandoabreude88

    Nossa, e eu estava gostando muito dessa relação meio amalucada entre as três, poxa. Fiquei pensando, nossa, agora a mãe não vai conseguir soltar o rato e vai comer o bicho (a filha), só de desgosto pela morte hahahah. Mas não, aí veio uma lenga-lenga com lição de moral que me brochou completamente, mas é inegável a habilidade do autor para a criação de personagens e diálogos.

  20. Walter Lopes
    4 de agosto de 2014
    Avatar de Walter Lopes

    Gostei. Uma lição diferente de valorizar sua família.

  21. David.Mayer
    4 de agosto de 2014
    Avatar de David.Mayer

    O que gostei:
    A história estava muito divertida. Imaginei como iria terminar, e talz… Daria um romance.

    O que não gostei:
    Do final. Lembrei na hora de Breaking Bad, a parte dos imãos gemeos assassinos.E poderia ter trabalhado mais nos personagens.

    Melhorar:
    Personagens, colocar algumas caracteristicas neles.

  22. rubemcabral
    4 de agosto de 2014
    Avatar de rubemcabral

    Boa ideia, bom enredo, que lembrou-me um tanto “O país de outono” do Bradbury.

    Não gostei do nome da irmã, “Osíris”, um nome masculino. Penso que uma bruxa dificilmente batizaria a menina com o nome de um deus.

    A escrita, no presente, é interessante, embora simples, mas correta. No todo, um bom conto.

  23. Ricardo Gnecco Falco
    4 de agosto de 2014
    Avatar de Ricardo Gnecco Falco

    Gostei muito do tempo presente impregnado na história. Poucos erros, a maioria crases (estas benditas…!) e texto bem fluído. O enredo que achei que ficou um pouco a desejar, mas às vezes uma história nem lá tão interessante se torna uma leitura prazerosa devido ao estilo da escrita. E uma técnica bem empregada. O fechamento foi bem legal, trazendo a lição em sua última linha. Gosto disso. Não houve choque algum, a história é bem simplesinha e tal; mas só o fato da revelação final dar-se na última linha já traz um “tom profissional” para a escrita que se sobrepõe ao próprio enredo. E esta é a essência do Conto. Deve “chocar” ao final, não importa como. Por isso acho válido enaltecer o bom uso da técnica aqui, neste trabalho.
    — Porque o final de um conto é tudo! E você demonstrou isso hoje. – afirmei eu.
    😉
    Parabéns! Boa sorte,
    Paz e Bem!

  24. Fabio Baptista
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Fabio Baptista

    ======== ANÁLISE TÉCNICA

    A escrita não me agradou.

    Notei um certo exagero com os adjetivos (é, realmente fiquei chato com isso também!), repetição de palavras com proximidade (“mãe”, por exemplo, repete-se várias vezes), variações de tempo verbal, etc.

    Gramaticalmente está bom, com alguns pequenos deslizes:

    – grania
    >>> gania. E acho que isso não serve pra gatos.

    – Chegando ao porão, verifica que sua mãe realmente estava lá
    >>> esse “verifica” alterou o tempo de narrativa
    >>> Aliás, continuando a leitura, percebi que ocorre em vários pontos

    – a mostra
    >>> crase

    – reclamou ela gritando com a mãe
    >>> Esse “com a mãe” foi desnecessário

    – aperta-lo
    >>> apertá-lo

    ======== ANÁLISE DA TRAMA

    Olha… não sei nem muito o que dizer.
    Sei que é um estilo diferente e tal, algo talvez mais puxado para a comédia, ou para o infanto-juvenil, mas a verdade é que não gostei nem um pouco.

    Esse truque de uma irmã transformar a outra em animal foi muito simplista, poderia ter bolado algo melhor.

    Desculpe, mas o final é muito ruim… pensei que a mãe estivesse matando um rato de verdade, só para assustar e fazer a outra pensar que era a irmã e se arrepender. Daí vem o lance da facada… e pra completar, liçãozinha de moral.

    ======== SUGESTÕES

    Revisar, prestando atenção principalmente ao tempo verbal.
    Narre tudo no passado para não se perder.

    Cortar alguns adjetivos e se atentar mais às palavras repetidas com proximidade.

    Elaborar truques melhores para uma irmã azucrinar a outra.

    Mudar esse final…

    ======== AVALIAÇÃO

    Técnica: ***
    Trama: **
    Impacto: *

  25. Eduardo Selga
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Eduardo Selga

    Este é o vigésimo conto que analiso no presente desafio.

    O conto traz referência explícita a Franz Kafka, ao apresentar personagem batizado quase da mesma forma em que aparece em “A Metamorfose”. Enquanto lá temos Gregor Sansa, aqui temos Sansa; a protagonista deste conto, como ocorre na obra do escritor tcheco, percebe, ao acordar, uma transmutação em seu corpo físico: enquanto lá é um besouro, aqui é um gato.

    Isso constatado, uma questão formal se coloca: o conto é uma paródia ou é um pastiche de “A Metamorfose”? No primeiro recurso narrativo, a intenção é claramente satirizar; no segundo, copiar a estrutura. Então, quero crer, marcaria um xis na segunda opção, na medida em que, ao menos no início, a intenção de apenas “copiar-colar” é explícita.

    Lembro que o recurso não é condenável quando traz alguma luz sobre o que já foi feito.

    O que realmente depõe contra o texto é seu caráter declaradamente didático e moralista (“- Porque a família é tudo! E vocês aprenderam isso hoje. – afirmou Isis.”). Isso reduz o espectro interpretativo do conto, na medida em que o narrador (que normalmente nesses casos é o próprio autor, mal disfarçado) induz a uma única via interpretativa.

    O enredo parece-me simples em demasia, sem nenhuma sutileza ou acréscimo acerca do já conhecido conflito entre irmão, na literatura e na mitologia.

    Em 03/08/2014

  26. Lucas Almeida Dos Santos
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Lucas Almeida Dos Santos

    O começo me lembrou A Metamorfose de Franz Kafka, até o nome da transformada em gato remete ao livro.
    Gostei da lição apesar de que, pelo título, achei que haveriam mortes rs

  27. Marquidones Filho
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Marquidones Filho

    Surreal, mas ainda assim é uma lição.

  28. mariasantino1
    1 de agosto de 2014
    Avatar de mariasantino1

    Kafka está vendo isso, ouviu? 😦 :/

    Puxa, cara! Faz isso não. Ai, ai…
    Me perdoe, mas eu não gostei de nada, portanto não vou me aprofundar para não soar mais arrogante que isso.
    Obs.: O texto pede revisão (tempo verbal, crase, ortografia).
    É tudo.

  29. José Geraldo Gouvêa
    1 de agosto de 2014
    Avatar de José Geraldo Gouvêa

    Apesar do pouco domínio da língua, a autora (eu aposto em uma autoria feminina) consegue ser extremamente efetiva na descrição da cena que forma o clímax do conto. Como ela consegue isso, sem dominar o idioma plenamente? Na base do talento! Talento é aquilo que te ajuda a contornar a montanha que não sabe escalar. A autora contornou seu domínio insuficiente da língua usando de criatividade e de empatia, humanizando as personagens (apesar da crueldade extrema, como convém a bruxas) e dando credibilidade a uma história que poderia ser tolinha (e assim parece em uma leitura apressada).

  30. José Geraldo Gouvêa
    1 de agosto de 2014
    Avatar de José Geraldo Gouvêa

    Incomodou-me o nome masculino (Osíris) dado a uma personagem feminina. Aliás, os nomes dos personagens quebram totalmente qualquer simbologia, a ponto de se tornarem sem sentido. Mas este conto não pode ser julgado por esse defeito menor. A frase no fim, depois de toda a tensa cena que ele descreve, é de uma ironia cavalar, que redime os defeitos de execução (embora, claro, estes devam ser aperfeiçoados pela autora em outro momento).

    À primeira vista é um conto péssimo, e dificilmente receberá muitos votos (a não ser o meu), mas quem o escreveu demonstrou tino para o negócio e precisa continuar. Por isso terá um de meus votos. Mais vale um diamante bruto do que um pedaço de vidro bem lapidado.

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Informação

Publicado às 1 de agosto de 2014 por em Bruxas e marcado .