EntreContos

Detox Literário.

O Roubo de Ventres (Wender Lemes)

ventres

“O fato é que o feto definha fora do útero.”.

Líquido quente escorre pelas pernas da mulher, mas não é urina, não cheira a urina. Há um pulsar automático, sistemático, periódico, quase melódico dentro da barriga excepcionalmente oval da infeliz criatura. Mesma criatura que oito meses e meio atrás sentia um pulsar muito menos incômodo no encontro de suas pernas arreganhadas em vão. De qualquer forma, o líquido, vanguarda da miséria, só significaria uma coisa: o início do fim de meses de angústia em prol de uma nova vida, repleta de possibilidades de novas angústias.

O companheiro e usurpador das pernas frouxas, até ali tão presente, acha-se trabalhando quando a mulher liga, e a aconselha a tomar um taxi até o hospital. Nada mais comum que o desespero ao se deparar com tão esperado inesperado. A mulher segue o conselho do marido e encaminha sua desajeitada silhueta ao carro prata que chegou em cinco minutos, ostentando sua plaquinha convencional e o orgulho da chegada absurdamente rápida.

“Foi sorte eu estar por essas bandas, madame.” – o gordo de bigode lhe diz enquanto abre a porta. Ele percebe as escorrências nos olhos e no nariz da mulher e oferece um lenço seu – de cheiro estranho – que ela aceita como sinal de boa educação do motorista.

O carro dispara. A mulher continua chorando e esfregando o lenço duvidoso em seu rosto – manifestações da gravidez, eu suponho.

O gordo diz “Para!”, e ela não entende a mudança de humor dele, ela é a grávida afinal. O olhar dele pelo retrovisor é frio, quase repulsivo. A visão da moça começa a se inebriar. As contrações, por mais interiores, parecem cada vez mais distantes, e o borrão da rua pelo vidro apaga, tudo apaga. – e a corrida de taxi, quem a paga? O terror nos olhos da mulher ao acordar a paga muito bem, sem dúvida.

Nem sala de hospital, nem companheiro ou coisa próxima disto, apenas um bando de abutres humanos abrindo sua barriga em um porão sujo de casebre malcuidado. Ela tenta gritar – pernas e braços amarrados à mesa de cirurgia improvisada sobre uma cômoda empoeirada – mas o maldito lenço banhado em clorofórmio (ou derruba-leão que o valha) vem ao seu rosto outra vez, mais pressionado que nunca, e os sentidos a deixam novamente.

Seu próximo acordar é com o choro de uma criança. Não qualquer criança, sua criança! Que mal aqueles desconhecidos a faziam? Por quê?

Uma mordaça tapa sua boca, um capuz preto cobre sua cabeça. Agora ela está em pé, mas continua amarrada. Ela ouve risos de mulheres, quase ganidos de satisfação. Batidas secas intermediam os risos e o choro. O desespero na ex-grávida é tamanho que ela nem percebe sua própria barriga ainda aberta. O medo é muito maior quando a causa da aflição é desconhecida, mas imaginável. No caso, qualquer imaginação é mal-vinda.

Não sei se a constatação é pior que o desconhecimento, mas o famigerado motorista de taxi propõe esta questão, quando retira o capuz da mulher e permite que ela veja o sangue de seu sangue escorrendo pela parede à sua frente. Símbolos horrendos cingem a silhueta de um recém-nascido pregado de braços abertos na parede, seu choro cada vez mais fraco, o de sua mãe cada vez mais intenso.

Bruxas é o que são as hienas risonhas. Não das convencionais, velhas, vertiginosas, e verruguentas, mas jovens – e assustadoramente comuns, se comparadas às mulheres que conhecemos. Entoam cantos em língua infame, enquanto deliciam-se com o cenário horrendo que criaram.

O gordo viu o sofrimento no rosto daquela mulher, e sentiu-se na obrigação de acalentá-la de alguma maneira que encontrasse, então começou a falar:

“Só fazemos o que está ao nosso alcance, por tudo que acreditamos. No fim das contas, somos todos humanos, e todo humano acredita em alguma coisa. O feto definha fora do útero, por isso o sacrificamos enquanto ainda são puros. Não é todo dia que eu acho uma grávida de bom grado, dona. Foi sorte eu estar por aquelas bandas.”.

Vendo que tais palavras não causam alívio nenhum à mulher, atualmente em choque, ele dá um sinal às suas bruxas. Elas começam a banhar a mulher com algo transparente, acre, bem como fazem com a criança na parede. Uma das bruxas se aproxima da mulher com uma vela marrom.

Só insanidade paira naquele ambiente.

“Que se purifique dos atos que praticou.” – o fogo toca a pele embebida de combustível da mulher e a antiga progenitora pare gritos de “Pare!”, sufocados pela mordaça, enquanto sente o cheiro de sua própria carne queimando.

“Que se purifique dos atos que praticaria.” – é a vez do bebê carbonizar, levando o último relance de lucidez da sua mãe, que dá seu último e mais “caloroso” grito antes de desmaiar em colapso.

Um rito é um rito, independentemente de sua natureza.

Um dia é da caça às bruxas, outro do incinerador.

60 comentários em “O Roubo de Ventres (Wender Lemes)

  1. Pedro Luna
    21 de agosto de 2014
    Avatar de Pedro Luna

    Mais uma criança nascendo. Outros contos do desafio abordaram o tema, que ficou meio batido aqui no próprio desafio. No entanto, poções, magias, crianças, enfim, coisas batidas que todo mundo usou, inclusive eu. Isso não tirou qualidade do conto. Achei bem escrito, uma trama simples, que se sustentou pela motivação insana do grupo. Achei o tema bruxaria um pouco deslocado, já que o tal sacrifício poderia ser obra de qualquer outro grupo de malucos.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Olá, Pedro. Obrigado pela crítica. A escrita em um desafio com tema definido realmente é difícil, porque ficamos frequentemente entre a cruz e a espada, por assim dizer. Se não usarmos algum elemento comum ao tema, o conto fica deslocado, se usarmos muitos, o uso fica batido, como você disse, É necessário achar o equilíbrio, mas nem sempre conseguimos. É por isso que gosto das críticas, porque explicitam o que podemos melhorar.

  2. Fil Felix
    21 de agosto de 2014
    Avatar de Fil Felix

    O conto é curto e nao dá tempo da gente se identificar. Me pareceu mais satanista que qualquer coisa, sem muitos fundamentos e mais para chocar, como o bebê crucificado.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Olá, acho que esse é um jeito de ver esse conto. Tentei oferecer elementos além do horror escrachado, mas admito que o horror em si pode ter ofuscado o restante. Obrigado por me passar seu ponto de vista.

  3. Weslley Reis
    19 de agosto de 2014
    Avatar de Weslley Reis

    Um plot original, ambientado em tempos atuais e bem executado. Transmite bem o terror do ritual e a agonia da mãe num ambiente comum a maioria. Apesar de não aprofundar muito os personagens, o coletivo da ideia funciona e torna-se o seu ponto forte.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Obrigado pelo comentário, Weslley. Foi minha maneira de tentar fazer um conto de bruxas sem apelar muito para estereótipos, idade média ou coisas do tipo.

  4. Carmem Soares
    14 de agosto de 2014
    Avatar de Carmem Soares

    A história é muito boa!!! Fiquei horrorizada com a cena da crucificação, a mãe assistindo tudo. CHOCANTE! Tudo muito bem amarrado, simples, aterrorizante.

    O que me incomodou foi o uso da palavra “pare”, ficou meio irritante… rsrs As explicações finais (duas últimas frases) também quebraram o clima final que foi tão bem construído.

    Detalhes apenas. Parabéns pela criatividade e pela boa escrita.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Olá, Carmem! Terceira vez que o uso da palavra “pare” se mostrou negativo até agora. Só por isso, no próximo desafio vou fazer um trocadilho com “siga” kkk. Brincadeira, mas percebi mesmo minha infelicidade nessa ideia rs’, na próxima eu acerto. Obrigado pelo comentário.

  5. Eduardo Selga
    12 de agosto de 2014
    Avatar de Eduardo Selga

    Este é o décimo conto que analiso no presente desafio.

    É uma peça com visível preocupação com o construto textual, com a arquitetura sintático-semântica, com o ritmo, aspectos sobre os quais sempre comento aqui, quando entendo haver quanto a isso desleixo ou despreocupação.
    Este tratamento rítmico se vê logo no início, com a similaridade sonora presente em “Há um pulsar autoMÁtico, sisteMÁtico, periÓdico, quase melÓdico dentro da barriga excepcionalmente oval da infeliz criatura”, usando adjetivos proparoxítonos.

    Essa preocupação estética continua no decorrer no texto, fazendo companhia à paronomásia (trocadilho). Contudo, se a construção dela é bem executada no trecho “[…] e o borrão da rua pelo vidro apaga, tudo APAGA. – e a corrida de taxi, quem A PAGA? O terror nos olhos da mulher ao acordar A PAGA muito bem, sem dúvida”, com a ocorrência de APAGA (verbo) e A PAGA (APAGA ELA), o mesmo não se dá em “[…]– o fogo toca a pele embebida de combustível da mulher e a antiga progenitora PARE gritos de ‘PARE!'”, porque a primeira inscrição de PARE, pelo que entendi, foi a tentativa de usar o verbo PARIR no presente do indicativo. No entanto, esse verbo, nesse tempo e modo, só é conjugado na primeira e na segunda pessoas do plural. Logo, o efeito paronomástico com a segunda ocorrência de PARE, não se dá.

    Mais que isso, a força de um conto não pode se concentrar exclusivamente em seu aspecto formal. Caso contrário, se transforma em performance do autor, apenas. Digo isso porque os liames do enredo, assim me parece, foram deixados em segundo plano, do que resultou uma trama frágil, não obstante bem escrita do ponto de vista da superfície do texto. A ideia me pareceu bastante profícua (sacrifício de mãe e filho tão logo ele nasça), mas em seu desenvolvimento faltou mais trama e menos preciosismo textual.

    Essa equação envolvendo o mais e o menos, com a qual eu particularmente me debato sempre em minhas produções, não é coisa simples de se alcançar, e demanda, por parte do autor, um distanciamento do texto finalizado que sempre é difícil.

    Em 29/07/2014

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Olá, Eduardo. Acho que eu fui mesmo infeliz nesse trocadilho do “Pare”, é a segunda vez que ele me rende uma crítica rs’. Não reclamo disso, acho que todos nós temos boas e más tentativas e temos que tentar aprender nas duas ocasiões. Concordo também sobre a dificuldade de equilibrar os valores da trama e do texto. Que em próximas oportunidades eu consiga melhorar isso hehe. Obrigado pela análise.

  6. Martha Angelo
    9 de agosto de 2014
    Avatar de Martha Angelo

    Que história tenebrosa! Até eu que sou uma leitora compulsiva de terror fiquei chocada, não que isso seja um demérito para o texto, naturalmente. Gostei dos jogos semânticos.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Poxa, Martha, esse comentário praticamente valeu a escrita do conto. É meu primeiro conto de terror e eu não tenho muito contato com o gênero (um ou outro Stephen King, no máximo), tentei passar o mais grotesco que me veio naquele momento, mas não sabia até hoje se havia sido suficiente kkk.

  7. Juliano Gadêlha
    8 de agosto de 2014
    Avatar de Juliano Gadêlha

    Sinistro. Assombroso no melhor sentido. Consegue passar ao leitor o melhor que o tema tem a oferecer. Adorei os sutis jogos de palavras e todo o clima místico e sombrio. Parabéns ao autor, continue com o ótimo trabalho.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Obrigado, Juliano. Muito bom saber que gostou do conto e dos jogos de palavras.

  8. Lucas Almeida Dos Santos
    6 de agosto de 2014
    Avatar de Lucas Almeida Dos Santos

    Eita que texto forte moço (a). Parabéns pelo texto, fiquei com medo dos taxistas agora, mesmo não tendo um ventre rsrs

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Cuidado em Lucas, taxistas estão por todos os lados, passam despercebidos nas situações mais escabrosas. Eu tenho um pé atrás com taxistas desde que comecei a conhecer Sherlock Holmes, ele também passa por um episódio envolvendo um taxista sociopata kkk.

  9. rsollberg
    5 de agosto de 2014
    Avatar de rsollberg

    Gostei muito da pegada! Tem humor, agilidade e acidez. Algumas construções são muito boas:

    “As contrações, por mais interiores, parecem cada vez mais distantes, e o borrão da rua pelo vidro apaga, tudo apaga. – e a corrida de taxi, quem a paga? O terror nos olhos da mulher ao acordar a paga muito bem, sem dúvida.”

    A cena dantesca também é bastante detalhada.
    A frase final fecha o conto de ótima maneira.

    “Um dia é da caça às bruxas, outro do incinerador.”

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Obrigado pelo comentário, acho que essa pegada que você citou é produto de críticas do meu desafio anterior, ainda está se desenvolvendo, mas um dia a gente chega lá.

  10. Walter Lopes
    4 de agosto de 2014
    Avatar de Walter Lopes

    Me lembrou o filme O bebê de Rosemary.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Opa! Esse eu conheço, é bizarro também, mas gostei muito de assistir kkk.

  11. fernandoabreude88
    4 de agosto de 2014
    Avatar de fernandoabreude88

    O que me agrada nesse conto é o fato das bruxas continuarem a se vingar dos humanos tantos anos após à caça. Na verdade, não gostei daquela brincadeira com o apaga e quem a paga, achei meio estranha. A trama em si me parece meio batida, mas vale pela forma como foi contada, esse recorte de um dia desgraçado na vida da mulher, a frieza dos maléficos e a frase final, que caiu muito bem.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Obrigado pelo comentário, Fernando. É sempre interessante perceber outras visões sobre o que a gente fez.

  12. Marcellus
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Marcellus

    O conto é tétrico, perturbador… e isso é ótimo! Talvez a última frase tenha sido exagerada, e tive uma dúvida em: “O terror nos olhos da mulher ao acordar a paga muito bem, sem dúvida.”.

    Fora isso, um ótimo conto! Parabéns!

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Olá Marcellus, a última frase também me amargou um pouco depois que já havia publicado, mas eu trato essas coisas que escrevo como filhos e aceito-os no que posso corrigir e no que não posso também kkkk. Obrigado pelo comentário.

  13. Gustavo Araujo
    2 de agosto de 2014
    Avatar de Gustavo Araujo

    Trama interessante: a mulher que é raptada para que seu filho seja sacrificado antes que seja tarde demais. Boa escolha de palavras, boa escrita. Senti falta, porém, de algo mais intenso, de uma reviravolta. Gosto de narrativas lineares, mas esta está “flat” demais. Uma reviravolta, uma dificuldade, algo que faça o leitor pular da cadeira, algo a mais do que o terror já esperado da situação. Foi disso que senti falta. No geral, não deixa de ser um bom conto – dá para ver que o autor sabe o que está fazendo – mas fiquei com essa sensação de “faltou alguma coisa.”

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Obrigado, Gustavo. Fui aconselhado sobre isso em um comentário anterior, sobre me preocupar mais com a trama e não me focar exclusivamente no terror, é realmente algo que eu tenho que trabalhar. Foi o meu primeiro conto de terror e o feedback que tive até então foi tão gratificante quanto construtivo.

  14. Edivana
    2 de agosto de 2014
    Avatar de Edivana

    Adorei esse conto. Um terror muito bem montado, sem poupar ninguém, dá para sentir na pele o desespero dessa mulher, e pior, dá para se identificar com a bruxaria. Esse mantra que acompanha o conto é sensacional, o feto definha fora do útero! Parabéns.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Obrigado, Edivana. Realmente, não pensei em poupar ninguém das piores imagens que pude criar dentro do contexto. Pelo retorno que tive dos comentários que li até então, percebi que isso causa repulsa em alguns, mas ganha pontos com muitos outros, então acho que foi válido.

  15. williansmarc
    31 de julho de 2014
    Avatar de williansmarc

    Conto bem interessante e com tema pesado. Gostei muito do jogo de palavras que foi usado em “apaga” e “pare”. O uso de referência circular com a frase “Foi sorte eu estar por essas bandas” também foi muito bem aproveitado; uma hora a sorte era da mulher, outra hora, a sorte era dos bruxos.

    Enfim, não tenho sugestões de como melhorar esse conto.

    Parabéns e boa sorte!

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Obrigado pelo comentário, fico feliz que esses jogos tenham influenciado de maneira positiva.

  16. Thata Pereira
    31 de julho de 2014
    Avatar de Thata Pereira

    Nossa, fui lendo o conto pensando apenas como essa mulher é azarada! Gostei muito do primeiro parágrafo, achei bem escrito. Também gostei da associação feita entre a primeira fala do taxista, com a segunda. A parte da barriga ainda aberta da mulher é extremamente nojenta e também gostei rs’ Só acho que o encontro dela com o taxista poderia acontecer de outra forma, ou talvez se ele já soubesse que estava buscando uma mulher grávida, isso é muita falta de sorte!!

    Boa sorte!!

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Pois é, o azar de um é a sorte do outro rs. Para a mulher foi um desastre, mas para o taxista foi um bilhete premiado. Não sei se conseguiria atribuir o encontro deles a outra força que não o acaso, mas é algo a se pensar hehe. Obrigado pelo comentário.

  17. Pétrya Bischoff
    31 de julho de 2014
    Avatar de Pétrya Bischoff

    Aaaaaah! Mas que deleite mental, esse conto!
    Todas as descrições absolutamente excitantes.
    Há pouco li outro conto que também há sacrifício de bebês, aos montes, e não há emoção nenhuma neles. Mas este! Desde o primeiro parágrafo percebemos o domínio do escritor sobre as palavras. Amei este conto. Meus mais sinceros parabéns e boa sorte!
    P.S. “Um rito é um rito, independentemente de sua natureza.” Genial!

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Obrigado, Pétrya. É muito gratificante saber que gostou tanto.

  18. David.Mayer
    31 de julho de 2014
    Avatar de David.Mayer

    O que gostei:
    Conto visceral. Monstruoso e alinhado à realidade. Prende do inicio ao fim.

    O que não gostei:
    O fato de ser um conto, pois daria um ótimo livro. Percebi que caberia descrições mais detalhadas de algumas passagens, mas o autor preferiu não fazê-lo, o que não perde o mérito.

    Melhorar:
    Nada. Apenas pegar a ideia e tranformar num livro. 🙂 Parabéns.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Obrigado, David. Eu tinha muita vontade de escrever um livro, mas ainda não tenho “fôlego” kkk, sempre começo um e paro lá pelas 30 folhas, daí não passa.

  19. JC Lemos
    30 de julho de 2014
    Avatar de JC Lemos

    Que conto bom!

    Curto e direto. O horror que estava faltando até o momento. Lembrou-me o filme “O Herdeiro do Diabo”, mas tem sua originalidade. Gostei também da rica narrativa e das ótimas cenas criadas.

    Parabéns e boa sorte!

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Obrigado, JC Lemos, bom saber que o conto agradou. Nunca vi este filme, vou tomar como uma recomendação e assisti-lo depois.

  20. mariasantino1
    30 de julho de 2014
    Avatar de mariasantino1

    “O FAto é que o FEto deFInha FOra do útero.” (fa, fe, fi, fo). “um pulsar automático, sistemático, periódico, quase melódico” 😀 Gosto do jogo de palavras desse conto, a língua dança na boca. Muito bom! Acho que pertence ao autor Eduardo Selga (será que acertei?).
    .
    Gostei do início do conto, me fez sentir a aflição da personagem, gostei também da descrição do desmaiar no carro. Achei excelente. Porém, infelizmente o restante do conto não me agradou, mas me instigou bastante. Queria saber mais, sobre o taxista bruxo (assim me pareceu) e ter mais descrição nas cenas.
    .
    Um abraço e boa sorte.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Acho que errou o palpite sobre o autor, Maria, mas fico satisfeito pela associação. É uma pena o final não ter agradado, mas valeu a tentativa. Abraço.

      • mariasantino1
        23 de agosto de 2014
        Avatar de mariasantino1

        Ah, sim! Nunca mais chuto, rs. Parabéns pelo conto e até o próximo desafio 😀

  21. Eduardo Matias dos Santos
    29 de julho de 2014
    Avatar de Eduardo Matias dos Santos

    Pérfido, terrível e intrigante. Trás, de súbito, a tona um inebriante misto de sentimentos e os leva com a mesma rapidez. De certo modo, como as chamas em combustível, que se erguem e logo se vão, levando tudo. Muito bom, arrebatador e estimulante, a sua maneira!

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Obrigado, Eduardo. Gostei da relação que fez do conto em si com o fogo. É sempre muito bom ver as diversas maneiras de se entender nosso próprio conto.

  22. Marquidones Filho
    29 de julho de 2014
    Avatar de Marquidones Filho

    Macabro.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Resumiu a ideia geral do conto de uma maneira bem sucinta, obrigado.

  23. rubemcabral
    29 de julho de 2014
    Avatar de rubemcabral

    Gostei do conto, da forma de contá-lo, principalmente, cheia de jogos de palavras. O mote é tão horrível que mais do que choca quem lê. (Lembrou-me um autor amigo meu, meio sumido ultimamente).

    Muito bom.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Olá, eu só publiquei nos últimos dois desafios, então não acho que eu seja o amigo de quem falou, mas fico satisfeito mesmo assim. Obrigado pelo comentário.

      • rubemcabral
        22 de agosto de 2014
        Avatar de rubemcabral

        Sim, não é não, Wender. Tenho um amigo chamado Filipe Jardim que gosta de escrever contos de horror brutais combinados à narração até poética. Daí, pensei que o conto pudesse ser dele.

      • Wender Lemes
        22 de agosto de 2014
        Avatar de Wender Lemes

        Entendi. Eu fiquei me achando meio “doente” quando escrevi o conto (como alguns que leram também me acharam kkk), bom saber que há mais escritores seguindo esse estilo. Abraço.

  24. Rodrigues
    29 de julho de 2014
    Avatar de Rodrigues

    Que desgraceira. Engraçado que a partir do momento em que a mulher está sob domínio dos sádicos, o conto ganha um fôlego que destoa do começo, que achei ruim. Toda a história está do meio pra frente, é aquilo o conto, na verdade, não precisava das explicações, simplesmente a mulher cai num taxi e pronto. Se o conto começasse desse jeito a parte boa podia ter sido muito melhor trabalhada, aproveitando o número de caracteres que o concurso permite. Mas é complicado mesmo, às vezes a gente nem percebe, mas acaba achando o conto, aquilo que se quer escrever, justamente descrevendo os meandros desnecessários da trama e, se a função foi chocar – mostrar a vingança das bruxas – a parte em que o conto realmente se mostra justifica este intuito. Achei mediano, mas só por causa da falha de percepção do autor.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Olá Rodrigues! Concordo com você sobre ser uma questão de percepção, acho que o valor que damos ao conto é diretamente ligado ao modo como o percebemos. Em outro comentário, por exemplo, um amigo disse ter gostado do começo mas não do desenvolvimento do meu conto. Acho que é essa disparidade de percepções que nos mantém escritores (não faria sentido escrever se todos posicionassem-se de maneiras iguais sobre o seu conto). De qualquer forma, todas as percepções são construtivas, obrigado pela sua.

  25. Ricardo Gnecco Falco
    29 de julho de 2014
    Avatar de Ricardo Gnecco Falco

    É… Difícil elogiar uma obra bem escrita e estruturada quando não gostamos da história contada… Mas, não posso deixar de salientar a qualidade do trabalho apresentado aqui, enquanto obra literária ou criação narrativa. Sempre podemos, enquanto criativas criaturas criadoras, ressaltar a beleza das pétalas e o perfumado aroma de uma delicada rosa OU, por outro lado, seus espinhos cravados na pele de quem a colhe, desavisado e sangrando.
    O autor, aqui, preferiu percorrer a segunda rota. Apresentou um bom trabalho. E, certamente mais do que talvez, seja mesmo necessário para o bem da arte que tal livre arbítrio autoral não apenas exista mas, também, seja desfrutado como neste conto nos foi apresentado. Se não fosse por escolhas com esta, como poderíamos valorizar tanto — exatamente — o perfume e a maciez das flores mais belas?
    Será que apreciaríamos tão profundamente o calor e o brilho do Sol se jamais o tivéssemos ansiado, após semanas de frio e tempestades? Conheceríamos a clareza da luz sem jamais termos experimentado a difícil realidade de sua total ausência?
    A beleza do belo depende diretamente da feiura do feio. E este conto é BEM feio…
    Parabéns pelo trabalho!
    Boa sorte,
    Paz e Bem!

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Olá, Ricardo. Realmente, acho que escrevi algo horrendo, mas o grotesco é tão importante em concepções artísticas quanto o belo, como você bem disse. Em oportunidades futuras eu talvez possa explorar o outro lado da força hehe. Obrigado pelo comentário.

  26. Fabio Baptista
    28 de julho de 2014
    Avatar de Fabio Baptista

    ====== ANÁLISE TÉCNICA

    O jogo de palavras é muito bem utilizado no começo, porém perde força no decorrer do texto, voltando a aparecer vez ou outra, nem sempre com a mesma qualidade.

    ====== ANÁLISE DA TRAMA

    Outro conto aqui no desafio onde a trama foi deixada de lado e optou-se pelo choque gratuito, descrevendo torturas, maldades e afins.

    Nada que desabone o texto como conto (pelo contrário), mas é que estou na expectativa de algo mais elaborado.

    ====== SUGESTÕES

    Trabalhar melhor o meio do texto, tentando manter o mesmo ritmo do começo (com uma palavra puxando a outra).

    Dar um “motivo” mais palpável, talvez grandioso, para a realização do ritual.

    ====== AVALIAÇÃO

    Técnica: ***
    Trama: **
    Impacto: ***

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Olá, Fabio, sempre muito sistemático nas suas avaliações (em um bom sentido, eu digo). No conto do desafio anterior você me deu essa dica mesmo de tentar manter o ritmo do conto, e tentei, mas é difícil pra mim, não posso negar. Obrigado pela avaliação, foi muito construtiva.

  27. José Geraldo Gouvêa
    28 de julho de 2014
    Avatar de José Geraldo Gouvêa

    Caramba! Que autor cruel! Digo autor cruel porque quem concebe a psicopatia do personagem tem ideias tão nefandas quanto ele! kkkk

    Esse é um tipo de texto que não curto. Para falar a verdade eu quase nem li, passei por cima, rasamente, porque detesto violência.

    Pelo pouco que li me parece que o/a autor/a tem bom domínio técnico, que escolheu por a serviço de uma história hedionda.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Concordo com você, José Geraldo. Só conseguimos expressar algo doentio se pudermos conceber/visualizar algo doentio. Nesse ponto, entendo a sua opção por não querer se aprofundar nas imagens que criei, pois estaria trazendo para si esta coisa hedionda que criei. A intenção era fazer algo tocante, para o bem ou para o mal, e nesse caso fui induzido para o mal. Espero em desafios futuros explorar algo de bom em histórias menos nefandas também kkk.

  28. Claudia Roberta Angst
    28 de julho de 2014
    Avatar de Claudia Roberta Angst

    Nossa! Que ruindade das ruins mesmo. Sem dúvida, um conto impactante, diria até chocante. Narrativa bem conduzida, linguagem bem empregada, atenção do leitor sequestrada.
    Só não gostei da seguinte passagem:
    ” (…) o fogo toca a pele embebida de combustível da mulher e a antiga progenitora pare gritos de “Pare!”
    Levei um tempo para entender que o primeiro PARE era do verbo PARIR e não de PARAR. Ficou estranha a repetição.
    A frase final ficou muito boa.

    • Wender Lemes
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Wender Lemes

      Olá, Claudia! Parabéns pela primeira colocação! Obrigado pelo comentário, entendo que o trocadilho tenha ficado meio confuso mesmo, mas essa estranheza é algo que gosto de explorar (nem sempre funciona, devo admitir rs)

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Publicado às 28 de julho de 2014 por em Bruxas e marcado .