“Ó amiga e companheira da noite, ó tu que te regozijas no ladrar dos cães e no sangue derramado, que perambulais por entre as sombras entre as tumbas e trazeis terror aos mortais! Gorgo! Mormo! Lua de mil faces, contemplai favoravelmente os nossos sacrifícios”
― H. P. Lovecraft (em “O Horror em Red Hook”)
A porta se fechou e Beatrix suspirou o temporário alívio da primeira noite. Mas não se recostou para dormir, sabia-o impossível. Como recostar a cabeça em um travesseiro antecipando que o segundo dia não seria mais apenas a exibição de instrumentos e seus efeitos? Preferiu aproximar-se da janela estreita da torre e contemplar o prado anoitecido, salpicado de fogueiras isoladas e luzes de aldeias. Assim sonhava com algum cavaleiro que chegasse de Vyones com novidades capazes de inocentá-la da horrível acusação que os padres lhe imputavam.
A acusação. Lembrou-se outra vez das palavras enojadas do abade Pierre de la Fournaise diante do Inquisidor Mór. Cada sílaba proferida pelo ascético monge se gravara a ferro quente em uma lembrança.
“Poucas vezes ― dissera ele ― o Santo Ofício se viu diante de um ato tão deplorável, tão merecedor da plena extensão das penalidades seculares.”
Eram palavras que asseveravam mais do que uma condenação. A sentença de morte era sempre o mínimo que se esperava nas acusações de alta bruxaria. Mas a invectiva do abade sinalizava que a Santa Madrasta Igreja não se satisfaria somente com o sangue, pelo menos não queria que fosse precoce o seu derramamento.
Se pelo menos não estivesse dentro de uma cela tão hermética, se conseguisse acesso aos seus livros, poderia conceber alguma espécie de armadilha para confundir os fanáticos e assim escapar.
Estava a ponto de começar a chorar quando o vento frio pareceu trazer um murmúrio suave, que vinha das profundezas de sua infância já esquecida. Cobriu a cabeça grisalha com o xale de lã, mas não evitou tremer. O outono começava a decair para o inverno e, se tivesse sorte, poderia gear na madrugada e o frio a pouparia de amanhecer para as operações previstas no segundo dia.
Então ouviu um rascar de metal contra pedra vindo de fora da janela e teve um sobressalto. Aproximou-se novamente da janela e confirmou a impressão inicial. Mas as paredes do castelo eram grossas demais para que pudesse alcançar o exterior e ver quem subia. Minutos depois um vulto apareceu fora, deixado oculto pela sombra das nuvens que abraçavam a lua. O vulto retirou do bolso alguma coisa que luzia levemente e despejou um líquido nas grades. Um chiado intenso e um cheiro acre penetraram a cela. Por fim as mãos do vulto empurraram as grades para dentro e Beatrix as puxou com força e cuidado, começando a ter o alívio da salvação. Não teria, afinal, que se sentar na Cadeira de Judas, nem enfrentar o Funil, não seria girada na Roda e não teria os mamilos torcidos por torqueses em brasa.
Mas, ó! Seu corpo um tanto roliço de matrona dificilmente passaria pela janela estreita. Mas esse aperto era menor problema do que ter os dentes quebrados e as unhas arrancadas.
― Venha, Beatrix. Temos pouco tempo antes das nuvens se dissiparem. Só posso recorrer a mais um sortilégio nessa noite.
Reconheceu a voz. Jeannelynne aprendera muito desde que chegara à sua casa uma pobre órfã piolhenta que tinha o cabelo tosado sem capricho e vestia roupas de menino. Talvez ainda não soubesse tanto de fórmulas e encantos ― posto que encantadora nunca realmente fora ― mas possuía uma esperteza que Beatrix, já além da juventude, ou esquecera ou não tivera.
Sabia o que fazer. Despiu-se completamente, pôs a roupa à frente e entrou pela passagem estreita, usando o próprio suor e as secreções acumuladas na pele como lubrificante para facilitar sua saída. Teve também a ajuda das mãos fortes e calosas de Jeannelynne, que a puxaram com um vigor quase másculo até que finalmente apontou na parte externa do muro. Ainda faltava desprender a cintura quando a lua começou a enfiar os dedos através das nuvens negras de tempestade.
― A lua sai. Ai de nós! Seremos vistas!
― Não seremos se eu ainda conseguir pronunciar um sortilégio, querida. Não me limito mais ao aprendido consigo. Tenho muito visto e muito ouvido.
Jeannelynne estava presa pela cintura a uma corda que se fixava em um grampo de metal inserido entre as pedras da muralha. A janela ficava a mais de cem metros do fosso, que andava seco pelo pouco uso militar que ainda se dava ao castelo. Naquela altura e situação teria sido impossível cozer uma poção, decantar uma mezinha ou preparar um ritual. Mas a jovem virago desenvolvera um talento que parecia talhado para vencer exatamente aquela ocasião.
De dentro do bolso da camisa de caçador sacou uma gema semitransparente e encostou-a no olho direito, pronunciando
― Pela clemência da Rainha do oceano lunar, cujo olho incorruptível vê através dos talismãs dos sábios e de suas esposas. Por meio da salamandra, da mandrágora e do poder das ondinas, evoco Saturno, o anel e o céu, para guiar-nos, os que vemos com os olhos fechados. Tu me reconhecerás, ó Pai Terrível, pela minha lente negra.
A escuridão das nuvens começou a se fechar de novo em torno da lua, como se a Rainha recaísse em sua modorra e permitisse que o mundo continuasse banhado em trevas densas.
― Evoco a ti, Saturno, árvore de onde todas as coisas presentes derivam, para empoderar a minha lente de quartzo e fazê-la dobrar a luz, para que eu possa empregar a corda contra quem enforca, o fogo contra quem queima, o metal contra quem fere. Para dobrar a vontade dos Sábios e suas esposas.
A lente brilhou no olho de Jeannelynne e a escuridão do mundo se apaziguou como se nunca tivesse havido lua. Mas nenhum raio se via no horizonte, nem o ribombo de nenhum trovão.
Beatrix ficou impressionada e assustada, mas não perdeu tempo com dúvidas. Nada seria melhor do que pender da gaiola até os pássaros virem devorar seu corpo.
― Para onde vamos?
― No momento, para baixo. Depois pensamos.
Beatrix sempre gostara do espírito prático e gradual da jovem. O primeiro ato seria a descida, é claro. Nenhum plano tinha sentido se não chegassem ao chão em segurança.
A jovem desceu primeiro e ficou segurando a corda para que Beatrix descesse com mais calma. Beatrix enrolou as mãos nas roupas e permitiu-se deslizar pela corda para chegar mais rápido.
Depois de se vestir, mas ainda em camisola, que era tudo o que lhe haviam permitido conservar de suas roupas, Beatrix acompanhou Jeannelynne em uma fuga desconcertada pelas vielas da aldeia próxima ao castelo, tomando o máximo cuidado para não produzirem ruído que despertasse alguém. Mas àquela hora, duas ou três da manhã, até mesmo os ladrões deviam dormir.
Quase meia légua além da cidade, na direção de Vyonnes, uma carruagem negra as aguardava, puxada por dois cavalos que escoiceavam, impacientes de esperar, mas obedientes.
Jeannelynne subiu à boleia e tocou os cavalos ainda enquanto Beatrix se acomodava como podia num dos bancos de trás. Foi então que percebeu o pacote flácido envolto em lona escura.
Os cavalos trotavam loucamente, fazendo a carruagem sacudir nos desníveis e buracos da estrada. E o pacote rolava de um lado para outro, como um saco de cebolas. Mas não eram cebolas.
― Jeannelynne, você pode me explicar o que….?
― Eia! ― os cavalos diminuíram o ritmo ao comando e a carruagem entrou à esquerda na terceira encruzilhada, bem antes da metade do caminho.
― O que é aquilo?
― Ainda temos tempo, Beatrix. Ainda temos tempo.
A carruagem parou em uma planície erma, em cujo centro restava um bosque onde parecia arder uma fogueira, mas que se notava somente pela pluma de fumaça que formava um pilar entre as árvores.
― Vamos? ― convidou Jeannelynne.
Um sorriso se abriu no rosto de Beatrix. Não supunha as intenções da amiga. Não teria adivinhado.
― Terei a grande sorte de completar a minha missão?
― Certamente. Traga-o.
Soltos os cavalos para que pastassem em paz, as duas pegaram o pacote escuro e foram ao bosque. Aproximando-se das árvores sentiram a repulsa do círculo. Beatrix conjurou a fórmula de abertura e a náusea desapareceu. As duas caminharam para dentro e se dirigiram à fogueira. Lá estavam onze irmãs, já despidas como se adivinhassem a hora exata em que chegariam as fugitivas.
― Iä! Iä! Iä! ― saudaram-se reciprocamente.
O embrulho foi aberto sobre o altar improvisado em uma pedra. Era o abade de la Fournaise, em trajes de Adão. Amarraram-no de costas sobre a pedra nua e levaram um frasco de cristal às suas narinas, fazendo-o despertar, com frio e assustado, cercado por treze mulheres nuas, de todas as idades.
― Libera me Domine de manu malefactorum!
As irmãs riram e o cercaram enquanto ele imprecava inutilmente as potestades dos céus, silenciosas atrás da cortina de nuvens. Começaram a manipular indecentemente seu corpo, demolindo a couraça de continência e celibato que restava naquele pobre corpo alquebrado pelas penitências.
― De profundis clamavi ad te, Domine; Domine, exaudi vocem meam. Fiant aures tuæ intendentes in vocem deprecationis meæ.
Vendo-o perder-se as irmãs ainda o provocaram mais um pouco, com as mãos, as bocas e outras partes, até que o frade só conseguia chorar e repetir versículos de salmos misturados, que eram interrompidos blasfemamente pela saudação angelical:
― Benedicta tu in mulieribus.
Vendo-o finalmente vencido, elas se afastaram, puseram as mãos no chão e Beatrix, com as suas estendidas sobre o corpo exausto do frade, sentenciou:
― Infernālis terrēnaque et caelestis, venī, Bombō. Compitālis, trivia, lūcifera, noctivaga, inimīca lūcis, noctis autem amīca et socia, laeta canum lātrātū atque sanguine flāvō, per cadāvera vadēns per sepulcrētum dēfunctōrum, sanguinis dēsiderāns, terrōrem mortālibus ferēns, Gorgō et Mormō et Lūna et multiformis, veniās propitia ad nostrā lībātiōnē.
A espada de Jeannelynne abriu o peito de Pierre de la Fournaise e seu sangue jorrou para dentro das bacias e taças. Então a Lua, finalmente, abriu um sorriso entre as brumas e as nuvens, iluminando o festim infernal.
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Obrigado a todos pelos comentários. Como sempre eu não participo esperando ganhar, porque eu ouso fazer coisas que não vão agradar a maioria. No entanto, fiquei muito impressionado com a quantidade de elogios, e especialmente pelas críticas serem a pontos que receberam elogios em outros comentários. Isso dificulta sobremaneira eu encontrar uma maneira de melhorar este texto (sim, o texto vai ser melhorado antes de pular para o meu blog).
Não sei se alguém ainda virá ler aqui depois do término do desafio (normalmente ninguém volta para ler), mas eu vou fazer alguns comentários em respeito a quem se interessou e talvez volte…
Comecemos pela epígrafe de Lovecraft, que eu reutilizo no final, na sua forma completa (por este motivo não imaginei que os leitores se importariam com o parágrafo vir em latim). Trata-se de um trecho de uma obra chamada Philosophumena, publicada no século V, e que aborda as heresias da época. O título é díficil de traduzir, mas seria algo como “entre os falsos mestres”.
Trata-se de uma imprecação usada pelos romanos nos rituais de mistério vinculados aos cultos de fertilidade, possivelmente herdada dos mistérios de Elêusis, da antiga Grécia. Então as amigas bruxas que notaram esta voz feminina no texto, mesmo aquelas que não estudaram esta parte, acertaram no alvo.
Gorgo e Mormo são dois títulos atribuídos a Hécate, deusa da Lua. Gorgo quer dizer “como a Górgona” (alude ao fato de ela ter uma face terrível) e Mormo significa “a que morde” e é o nome pelo qual as mães gregas assustavam suas crianças, uma espécie de bicho-papão. Mormo seria responsável por morder e arrancar pedaços de carne das crianças choronas. A cicatriz de sua mordida seria o umbigo. Na religião de mistério, Mormo não é apenas um bicho-papão, mas o aspecto umbilical de Hécate.
Os nomes. Beatrix é o nome de uma recente Rainha da Holanda. O nome significa “Abençoada” e eu o usei de forma irônica para me referir ao fato de ela ter sido torturada pela Igreja. Jeannelynne, “por increça que parível”, é um nome real, relativamente comum no norte e noroeste da França. Mas é uma forma diminutiva de Jeanne. Então significaria “Joaninha”, ou algo assim. Foi escolhido porque na tradição popular brasileira, chamar uma mulher de “João” é aludir a uma masculinidade inerente. Aqui em MG, mulher que corta o cabelo curtinho é chamada de “Maria João” ou “João”. O nome dimininutivo é irônico, tal como o apelido de “Pequeno João” ao personagem da história de Robin Hood. Jeannelynne também é uma personagem do desenho animado Caçadores de Dragões: uma estalajadeira gorda, brutal e péssima cozinheira mas que, mesmo assim, é amada pelo protagonista, o magrelo e tolo Gizmo.
A evocação feita por Jeannelynne durante a fuga é surpreendente pela fonte: não é nenhum manual de bruxaria, mas a letra da música “Workshop of the Telescopes”, do Blue Oyster Cult. A letra fala do ritual de fabricação de um espelho mágico. Embora eu não a tenha retirado de um grimório, é possível que Sandy Pearlman, autor da letra da canção, o tenha feito por mim.
Peço desculpas às moças que apareceram aí e me criticaram por satanizar a bruxaria, mas eu não tinha muita escolha dentro de um universo lovecraftiano. Consolem-se pensando que, talvez, estas bruxas, neste momento, tenham resolvido adotar práticas degeneradas como forma de vingança. Ou talvez outra coisa. Infelizmente eu tive que me limitar às influências que escolhi para o enredo, mas talvez eu reelabore algo quando for levar para o blog.
Quanto ao latim no final, eu procurei frases cujo sentido pudesse ser adivinhado facilmente.
“Libera me domine de manu malefactorum” significa “Livra-me senhor, das mãos malfazejas” (ou “mãos das maléficas”).
“De profundis clamavi” é uma citação de um salmo (o famoso salmo “De Profundis”). Imaginei que seria uma referência fácil de detectar porque ele é o mais conhecido dos salmos. E de qualquer forma, a palavra “domine”, senhor, já indicaria que se trata de uma reza desesperada.
“Benedicta tu in mulieribus” (Bendita és tu entre as mulheres) é uma frase da Ave-Maria, único tipo de elogio ao feminino que um padre faria.
Quanto ao último parágrafo, ele é a versão mais extensa da imprecação transcrita por Lovecraft. Mas para quem não associou os dois, la’ vai a tradução:
“Venha Bombo, infernal, terrena e celestial. Habitante das encruzilhadas, tríplice, luminosa, noctívga, inimiga da luz, amiga e companheira dos que andam pela noite, que aprecias o ladrar dos cães e o cheiro do sangue, que vais por entre os cadáveres e os sepulcros dos mortos, que desejas o sangue e que trazeis o terror aos mortais. Gorgo, Mormo e Lua de mil formas, vem apreciar nossos sacrifícios.”
Certamente não é algo que você gostaria de ouvir perto de você perambulando por um local deserto à noite.
Eu gostei do que li. A narrativa é muito boa, muito boa mesmo.
O uso do português também me satisfez.
Desejo-lhe sorte!
Bela construção de cenário e do ritual. Bem palpável e visual, porém, sem muitas inovações. Um bom conto.
Senti alguma coisa quando, ao final, o nome do Pierre de la Fournaise voltou a ser citado. Colocado de forma mecânica no texto, achei que ele mereceria algum tipo de atenção maior, mesmo que em um parágrafo e enxertado entre as belas descrições finais, uma maldade dele, um arroto, sei lá, alguma frase que me fizesse desgostar desse cara mais ainda. Fora isso, achei que o conto melhora do meio para o final, quando surge o ritual sacana envolvendo as peladonas. Bom conto.
Um conto muito bem escrito, percebe-se que o autor domina o uso das palavras, além de bem construído. O final é muito bom, seu estilo me lembrou “Brumas de Avalon”, tanto pela temática quanto por se passar em algum lugar da Europa. Só acho que alguns momentos ficaram mais “travados” devido à estética.
A ideia da possibilidade de vingança foi muito boa e ajudou no final do conto. Só que eu acho que devia existir algum esclarecimento quanto a captura do abade.
Conto bem escrito, bem descrito, com personagens interessantes. O início me remeteu a “O Conde de Monte Cristo” por causa da fuga de uma prisão medieval. O tom irônico e jocoso quebrou a atmosfera de tensão que supostamente existiria numa cena assim. Por isso foi interessante. Ri imaginando Beatrix rebolando para passar pela janela. Nesse ponto, porém, o conto dá uma guinada: as bruxas chegam a uma clareira onde ocorre um ritual de sacrifício. Confesso que não gostei dessa segunda metade. Tudo é muito previsível — é mais um relato, com sentenças intermináveis em latim — chato. La Fournese está lá para ser morto e… morre. Nada de diferente acontece. Nenhum sobressalto. Nenhuma surpresa. O que quero dizer é que a segunda parte não está à altura da primeira. A ironia e a originalidade do início dão lugar uma sonolência telegráfica que decepciona. Fosse mantido o nível, este conto certamente estaria entre os primeiros lugares.
O texto é bom, mas acredito que facilitaria a compreensão se o que a bruxa dizia fosse traduzido. Parabéns.
Excelente. Adorei o enredo, além da escrita impecável.
Sem dúvida o autor escreve muitíssimo bem, e tem um vocabulário muito rico. Além disso, parece dominar e gostar muito do estilo, a começar pela citação de Lovecraft. Entretanto, achei que no enredo em si faltou algo a mais. Pareceu-me ser uma história que merece ser contada em um formato maior.
Conto bem escrito. Pra falar a verdade, torna-se suculento a partir da fuga da bruxa. Esse cenário criado na floresta com as mulheres nuas foi muito bonito, destoa demais do começo, mas creio que possa ser um recurso. Para mim, o ideal seria diminuir o começo e centrar o conto nessa segunda parte tão imagética e subversiva, até agora só li um conto, mas acho que será difícil encontrar por aqui um mais subversivo do que esse, com certeza terá uma boa avaliação da minha parte. Mas o começo me desagrada. No geral, achei bom.
Muito bom. Gostei do ritmo de fuga, da atmosfera do ritual, da vingança das bruxas. As citações em latim não incomodam, trazem mais verossimilhança à narrativa.
Achei muito bacana a pesquisa do autor sobre os instrumentos de tortura medievais. No entanto, perdi quatro parágrafos porque sou um leitor ignorante em latim, francês, céltico, ioruba ou seja lá que língua tenha sido usada.
De qualquer forma, boa sorte.
O tema foi bem trabalhado.
O autor tem um grande domínio da linguagem.
A narrativa prende bem a atenção, embora o uso de alguns termos muito incomuns prejudique a harmonia do texto em alguns trechos.
Não gostei da parte do embrulho. A forma como o autor conduziu as cenas me fez enxergar um pacote menor e mais leve. Esse fato me incomodou muito.
A ambientação ficou excelente. Me senti transportada para outra época.
No geral é um texto muito bom. Parabéns!!!
Muito interessante a pesquisa e a ambientação. Bacana as citações em latim e a citação de Lovecraft.
P.S. Gostei da ilustração de Galadriel.
Gostei do final, delas matarem o cara mau da história. É uma história de vingança, interessante a fuga, mas não muito. Estou meio em conflito com a história, eu gostei, mas acho que faltou mais, na verdade eu queria mais. Em todo caso, parabéns!
Um conto bonito de ler, adorei a escrita.
Interessante e envolvente.
Gostei. Ótima adequação ao tema proposto neste Desafio. Bem escrito, com começo, meio e fim. Personagens bem caracterizados, tensão, clima, conflito, resolução e clímax. Tudo bem redondinho. Praticamente, um “clássico” no gênero! 😉
Deve ter dado uma canseira a pesquisa pelas palavras em latim e as invocações. Fiquei com pena do Abade, o famoso Pierre La… Digo, de la Fournaise. (rs!) Parabéns pelo bom trabalho!
Boa sorte,
Paz e Bem!
Olá. Muito bem escrito seu conto! Também gosto de Lovecraft, aliás. Criativa a criação do nome do padre (Pierre da fornalha). Percebe-se uma mostra de conhecimento do Malleus Maleficarum também rs. Antes que eu me esqueça, achei interessante o desfecho da história, apesar de um pouco previsível. Parabéns por sua cultura e obrigado por nos agraciar com um conto muito rico.
Achei o conto muito bom, escrito por quem pesquisou ou conhece do assunto. Pecou um pouco no final, em minha opinião, por exagerar na dose do latim. Penso que poderia ter caprichado um pouco mais nas descrições do ambiente.
Considerando o todo, gostei bastante.
Gostei, principalmente do fato de o autor ter conhecimento ou pesquisado sobre o assunto.
Não é segredo que pratico Bruxaria Tradicional, bem como meu fascínio por tudo que diga respeito à Arte e aqui li algumas coisas significativas. Houve cuidado em citar os horrores da Santa Inquisição, admitindo veracidade no assunto bruxaria. Achei especialmente interessante a primeira conjuração, que faz referência a vários elementais e elementos místicos, da Bruxaria Tradicional. No entanto, insere um Coven (treze membros no círculo), que pertence a Wicca, e achei meio bizarra a ideia de que elas serviam ou agiam por um Senhor do mal, enquanto Wiccanos agem pela Divindade Feminina – a Grande Mãe-, ou pelo Deus Cornífero… sem haver “trevas”; e praticantes da Arte Tradicional interagem com os elementos em si, sem haver “senhores”. Mas ão farei caso com isso, hahha’
Gostei mesmo, parabéns e boa sorte.
A narrativa está muito bem construída e ambientada. É uma pena que eu não tenha tanta familiaridade com o tema e não consiga alcançar todas as referências e os pormenores. Sempre curti mais o lado histórico da inquisição, abrindo um pouco a mão do lado fantástico. Mas isso é um defeito meu e ninguém tem nada a ver com isso, rs.
Gostei muito do final, especialmente da “tortura”.
Talvez não fosse tão ruim participar desse festim infernal.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Pode ser só impressão minha, mas achei o conto muito corrido. A combinação fuga com ritual no final deixou o texto sem tempo para aprofundar os personagens, saber de onde vieram, quais seus objetivos, etc. Como ponto positivo, destaco as partes em latim que foram bem aproveitadas, assim como a conjuração das magias.
Parabéns e boa sorte no desafio.
============= ANÁLISE TÉCNICA
O texto fluiu bem, sem travar em nenhum momento, o que é muito bom.
Porém, me pareceu que o autor tentava impressionar, buscando encaixar uma metáfora ou frase de efeito sempre que possível, o que acabou gerando partes um pouco teatrais e com palavras rebuscadas além da conta. Alguns trechos, em compensação, ficaram realmente muito bons.
Também achei que o autor abusou nos diálogos em latim (latim?).
Coisas que me soaram estranhas:
– sabia-o impossível
– novidades capazes
– “Poucas vezes ? dissera ele – (…)”
>>> Esse “? dissera ele -” deveria estar fora das aspas
– “que vinha das profundezas de sua infância já esquecida”
– “como se a Rainha recaísse em sua modorra e permitisse que o mundo continuasse banhado em trevas densas”
– imprecava inutilmente as potestades dos céus
>>> Assim como outras frases ao longo do texto, soaram meio teatrais ou desnecessariamente complexas
– Repetição de “Janela”
– um vulto apareceu fora, deixado oculto (…)
>>> Dá pra entender, mas poderia ser melhor trabalhada essa frase
– luzia
>>> reluzia
– Repetição de “um” (despejou UM líquido nas grades. UM chiado intenso e UM cheiro)
– que tinha
>>> cacofonia
– a lua começou a enfiar os dedos
>>> Não me pareceu uma boa imagem…
– Então a Lua, finalmente, abriu um sorriso entre as brumas e as nuvens
>>> Essa aqui eu gostei!
– empoderar
>>> ???
– bancos de trás
>>> detrás
– em trajes de Adão
>>> Essa foi boa! 😀
============= ANÁLISE DA TRAMA
Gostei bastante da parte da fuga das bruxas.
Porém a mudança de cenário e foco da história foi muito brusca, pareceu até um tanto forçada, apenas para justificar o clímax, que deixou a desejar.
============= SUGESTÕES
Revisar, limando algumas figuras de linguagem e palavras mais “pomposas” (pelo menos evitar o uso de muitas palavras “difíceis” na mesma frase).
Trabalhar melhor o final. Menos latim e mais maldades!
============= AVALIAÇÃO
Técnica: ***
Trama: ***
Impacto: ***
Olá! Gostei sim. As palavras em latim deram um charme todo especial (confesso que dei uma zoiada no google tradutor. hehe! Entretanto, saber ou não o significado das palavras não interfere na compreensão da trama). Bem, por gostar mesmo da trama eu queria mais, saber mais do antes do encarceramento da Beatrix e mais sobre a Jeannelynne. Me instigou algumas características dessa última (jovem, piolhenta que conjurava feitiços…) A parte que elas param antes do Sabá DU DEMO, também me fez boiá rsrs. Agora, a cena do Abade sob a tortura das 13 mulheres nuas e o ressurgir da lua… caraca! Bom demais. Parabéns!
.
Um abração 😀
Gostei. Apesar de ser “um dia na vida de uma bruxa”, achei o conto bem escrito, com boas descrições. O uso da linguagem em latim, mesmo que incompreensível para alguns, é algo que se espera ver quando falamos de bruxas.
O desafio está mesmo um desafio este mês, pois contos pequenos precisam de algo impactante, de qualquer forma, para fazer acontecer com poucas palavras. Caso contrário, ficam sendo apenas boa histórias, e não excelentes.
De qualquer forma, achei legal a pegada mais “sombria” desse texto. Parabéns e boa sorte!
É o terceiro conto que analiso.
O princípio feminino está, ao menos desde a Idade Média, associado ao demoníaco, à bruxaria, pela necessidade de se construir um discurso dominante e masculino que segregasse a mulher e a fizesse, tanto quanto possível, um “satélite mudo” no interior de uma sociedade cada vez mais bélica e que, como tal, precisava de boas incubadoras de futuros guerreiros e, por extensão, futuros atores em toda a atividade de comando.
Assim sendo, muito provavelmente a grande maioria dos contos que serão aqui postados irá explorar esse caminho, ou seja, a mulher como uma espécie de maldição da espécie humana, via bruxa.
Sem propriamente fugir a isso, o presente texto traz uma abordagem pouco óbvia do feminino em contos do tipo: a masculinização da bruxa, identificada como uma “virago” (mulher com postura masculina) que quando criança “vestia roupas de menino”, e protagonista do assassinato ritualístico do personagem masculino em “trajes de Adão” num altar de pedra. É o feminino tornado masculino eliminando o masculino. E o faz com auxílio dos recursos sedutores de outras mulheres (coitado do abade, não resistiu a tanta língua e mão).
O sangue dele, que “[…] jorrou para dentro das bacias e taças”, a trama sugere servir de banquete para o “festim infernal”, a ser bebido pelas mulheres. A vitória do feminino oprimido sobre o masculino opressor; do paganismo sobre o Cristianismo (“Santa Madrasta Igreja”).
O(a) autor(a) consegue usar bem os elementos da natureza na construção desse ambiente em que o masculino e o feminino estão em luta. Quando há a fuga, a lua, elemento umbilicalmente ligado ao feminino, chamada de “A Rainha”, se torna “cúmplice” ao deixar-se esconder por trás das nuvens. E o faz após uma imprecação repleta de substantivos femininos., Vejamos:
“― Pela clemência da RAINHA do oceano lunar, cujo olho incorruptível vê através dos talismãs dos sábios e de suas ESPOSAS. Por meio da SALAMANDRA, da MANDRÁGORA e do poder das ONDINAS, evoco Saturno, o anel e o céu, para guiar-nos, os que vemos com os olhos fechados. Tu me reconhecerás, ó Pai Terrível, pela minha lente negra”.
Além disso, no final, a mesma lua confirma sua cumplicidade ao abrir “um sorriso entre as brumas e as nuvens, iluminando o festim infernal”.
Um belo texto.
Em 23/07/2014.
Fuga espetacular(talvez cômica em alguns aspectos) e festim infernal.
Meu latim dos tempos de faculdade não me ajudou muito, mas percebi que o(a) autor(a) entende bem da coisa ou realizou detalhada pesquisa. ]
Os elementos de bruxaria estão todos aí, mas não sei porque criei uma dupla bem caricata (bruxa e aprendiz). Mesmo o final, que para o pobre Pierre de la Fournaise deve ter sido angustiante, para mim surgiu mais leve do que acho que era a intenção do autor.
Bem escrito, com elementos bem colocados na narrativa, boa caracterização. Jeannelynne, nome ideal para quem quiser que a filha sofra bullying na escola.
Boa sorte!
O que gostei:
A narrativa em fantasia com escrita rebuscada; As figuras de linguagem e frases poéticas.
O que não gostei:
A falta de um desfecho impactante.
O que pode ser melhorado:
Nada, o autor brinca muito bem com as palavras, figuras de linguagem e metafóras. Parabéns.