Uma carta, um romance, uma novela, sei lá!!
Um texto epístolar.
Um romance?
Uma novela?
Pouco importa as classificações. Yourcenar acertou mais uma vez. A autora de MEMÓRIAS DE ADRIANO desenvolveu uma narrativa cativante.
Alexis é uma carta. É um livro. É um livro-carta. De Alexis para Mônica. Escrito em 1927; publicado em 29. Alexis escreve porque não pode silenciar, ou porque já silenciou por muito tempo, ou porque não pode escrever silenciando ou silenciar escrevendo. Literatura é fala, é grito, literatura é berro. Assim começa. Alguém se desculpando pela estreiteza da palavra escrita, pela falta de meios, pela grosseria dos sentimentos quando alocados em frases limitadas, que deveriam significar muito mais do que comportam. É declarando a pobreza de suas ferramentas que Alexis constrói seu pedido de desculpas.
Alexis é infiel. E a sua história é sobre infidelidade. Ou melhor, infidelidades. Porque a traição é sempre plural, coletiva. A traição nunca é de uma pessoa apenas. As páginas se sucedem e as justificativas, causas, culpas, vão dando os contornos da obra. É na busca pelo perdão de Mônica que Alexis vai se encontrando e se montando. Pede perdão por não amá-la, pelo menos não no sentido que ela gostaria; por ter ficado ao seu lado mesmo sabendo que nunca iria amá-la; por ter desperdiçado o tempo dela e criado ilusões. E que percebia seu desespero, sua fisionomia abatida, como se ela se perguntasse o que havia de errado consigo, até fazê-la acreditar que era incapaz de semear a paixão em um homem. As palavras vão traçando caminhos por si sós, o leitor começa a se indagar de o porquê da impossibilidade desse amor se concretizar. A história desloca o foco. Pequenas passagens de fundo erótico da vida de Alexis começam a se insinuar, sempre relacionadas a outros garotos. Uma alma reprimida que luta contra os ideais de uma infância puritana.
Tudo sutil e belo.
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ALÉXIS – Marguerite Yourcenar
Seu entusiasmo me deixou intrigado, amigo, o livro parece bom mesmo. É difícil encontrar algo fora do que é best-seller ou coisa assim, ainda bem que a internet dá esse espaço. Os meus livros favoritos sempre acabam sendo os com foco em personagens, vou procurar mais sobre esse, com certeza.