EntreContos

Detox Literário.

Reis Xamãs (Alan Cosme Machado)

Reis Xamãs

Setenta mil anos atrás…

– Eu costumava caçar com meu pai aqui, tenho certeza de que se a gente seguir reto nessa direção vamos acabar encontrando comida. – O líder da tribo andava na frente, guiando seu povo por uma peregrinação que parecia não ter fim. Ele tentava passar confiança, mas suas mentiras bem intencionadas há muito tempo já haviam perdido o gosto doce. A cada dia que sua tribo passava de barriga vazia Makosha ia perdendo o respeito de seu povo.

A tribo antes numerosa agora estava restrita a apenas dezessete indivíduos. – Vamos, pessoal! Que moleza é essa?! – Enquanto Makosha falava, o homem ao seu lado, o grande guerreiro Ashoka, não aguenta a desnutrição e cai de cara no chão. Agora a tribo estava restrita a dezesseis.

– Para mim já chega! Não dou mais nenhum passo! – Disse um dos anciões, um homem de longevidade impressionante, um caçador com quarenta anos de idade chamado Onone. – Sua liderança vai nos levar a ruína!

– Sou o melhor caçador daqui! Não ouse questionar minha liderança!

– Você já foi um grande caçador, não mais. Está deixando seu povo morrer de fome. Não merece a posição que tem. Seria mais digno de sua parte você ceder sua liderança para outro.

– Isso é um absurdo!

Para o pavor de Makosha o restante de sua tribo pareceu acolher a opinião de Onone. Para se manter no poder Makosha tinha que tomar uma atitude rápida. Ele então fez outra promessa.

– Em três dias vocês estarão com as barrigas estourando de tão cheias!

– E se você estiver errado? – Perguntou Onone, o ancião chato. – O que vai fazer?

– Eu alimentarei meu povo de uma forma ou de outra. Se não com caça, com meu próprio corpo.

Ao contrário do que possa parecer a ideia proposta por Makosha não foi recebida com repulsa. Setenta mil anos atrás o importante era sobreviver. Dilemas morais não eram bem uma preocupação.

A noite, a tribo se reuniu ao redor de uma fogueira. Todos dormiam descansando seus corpos cansados e famintos, menos Makosha. O líder temia que seus subordinados o atacassem durante o sono, por isso tratou de permanecer desperto. Após sua promessa ele notara que alguns passaram a olhá-lo de maneira estranha. Parecia que Makosha havia se transformado em um suculento pernil de mamute ambulante.

Um pouco afastado dos demais, Makosha sentou-se em uma pedra e começou a brincar com sua lança enquanto pensava em um modo de sair daquela situação. A lança de seu povo era muito rústica, feita com um pedaço de pau fino e comprido. Uma lasca de osso formava a ponta. Com péssima aerodinâmica, esse tipo de lança não servia para ser arremessada.

Makosha, como todos de sua tribo, tinha pele negra e cabelo bem curto. Andava praticamente nu, se não fosse por uma espécie de tanga que usava feita a partir de pele de texugo. Era um homem forte, possuía todos os dentes na boca e seu corpo não era maculado pela menor das cicatrizes. Algo muito incomum em seu tempo. Em volta do pescoço Makosha usava uma série de colares brancos feitos a partir de ossos dos animais que conseguira abater. Aqueles colares eram um adereço que servia para ostentar poder e influencia.

O chefe da tribo alisou a própria barriga. A falta de alimento fazia com que ela doesse bastante. Makosha olhou para o céu estrelado e começou a divagar se havia algum modo de salvar seu povo sem por sua pele em risco. Internamente ele pediu ajuda para algo ou alguém lhe indicar qual melhor caminho seguir. Mas quem poderia ajudá-lo a solucionar seu infortúnio?

As horas não dormidas fizeram com que Makosha gastasse mais energia, o que resultou em mais fome. O líder da tribo assim que começou sua contemplação do nada viu um aglomerado de cogumelos escondidos embaixo de uma moita. Cogumelos de boa aparência, mas que ele temia ingeri-los. Seu povo não era muito afeiçoado a aquele tipo de alimentação, pois os poucos de sua gente que os provaram não terminaram bem. Tiveram o azar de comer espécimes que possuíam um veneno natural.

No final a fome falou mais alto e Makosha arrancou os cogumelos do chão com voracidade, socando vários de vez em sua boca. Para a sorte do líder tribal aquele espécime não era mortal. Porém, isso não significava que ele não seria de alguma forma afetado. Após se fartar com os cogumelos Makosha se sentiu estranho: mais leve, mais alegre. O líder tribal foi acometido por uma coceirinha no cérebro em partes que ele nunca havia sentido antes. Alguma função dormente havia acabado de ser despertada. Sem perceber, por acidente, Makosha acabou desenvolvendo a primeira técnica de comunicação com o além, se tornando o primeiro xamã da história.

– Ashoka, você está vivo?! – Makosha via seu amigo de um modo diferente, seu corpo parecia meio transparente e pouco nítido. Sua voz soava um pouco distante, quase sussurrada.

– Só passei aqui para te dar uma dica: se você der a volta naquele vale ali e virar a direita na terceira árvore depois do rio…

No amanhecer do quarto dia Makosha já conseguia sentir as pontas das lanças dos seus subordinados cutucando suas costas. Ele apostou tudo seguindo a dica de um amigo falecido. Guiou seu povo ao caminho indicado com exatidão, mesmo assim não via sinal de caça alguma. – Ashoka desgraçado! – Pensou o líder tribal. – Tão inútil em vida quanto na morte!

– É. Seu tempo acabou. – Disse Onone, mal conseguindo esconder sua satisfação. Makosha engoliu em seco e se virou de frente para seus subordinados. Homem de palavra, não podia voltar atrás. Deixou sua lança cair de lado e esperou pelo pior. Só que de repente a sorte sorriu para ele.

– Olha só! – A mais jovem caçadora da tribo, uma garota de dez anos de idade chamada Teeva, apontou para um animal que pastava não muito distante do grupo. Visto por um humano contemporâneo aquela criatura seria relacionada a um castor. O diferencial era que aquele castor era bem maior do que os encontrados nos dias de hoje, sendo um pouco maior do que um urso.

Após duas horas e depois de três membros da tribo morrerem durante a caçada, Makosha e seu povo se empanturraram como há muito tempo não faziam. Todos estavam felizes, com um enorme sorriso na cara que ia quase de orelha a orelha. Inclusive Onone que comia como se fosse o mais esfomeado.

– Está gostando da comida? – Perguntou Makosha a Onone. Este, de boca cheia, respondeu apenas balançando a cabeça positivamente. Seu rosto estampado com um sorriso meio abobalhado. – Companheiro, você poderia vir aqui por um instante? Quero te falar algo. – Sem desconfiar de nada Onone se aproximou com a guarda baixa. Foi seu erro. Uma pedrada inesperada na nuca foi o suficiente para dar cabo do ancião. Os outros membros da tribo que assistiram a execução não se abalaram nem um pouco, continuaram comendo como se nada demais tivesse acontecido.

– Mais alguém quer questionar minha liderança? Não? Que bom.

Agora a tribo estava restrita a doze indivíduos.

Na nova área encontrada a tribo resolveu fincar raízes. Com a pele e os ossos do castor abatido eles fizeram uma oca que serviu de moradia para seu líder. Naquela sociedade os homens que não caçavam, seja por doença ou velhice, costumavam ser segregados. Makosha se tornou uma exceção. Considerado importante demais para ter sua vida posta em risco, o antigo caçador alçou uma posição social que até o momento inexistia. Makosha se tornou um guia espiritual, um interprete da vontade dos espíritos que ele dizia guiar seu povo.

Em volta de uma fogueira todos da tribo ouviam com atenção o que dizia seu líder. – Os espíritos aconselharam a gente a ampliar nossa área de caça. Na caçada de amanhã iremos um pouco mais ao norte.

A vontade de Makosha era lei, ao menos para a maioria. Mas em todo grupo sempre tem um do contra que todos consideram um pé no saco. – Mas, Makosha, mais ao norte é o território dos Comedores-de-Rã. Duvido que eles vão aceitar essa invasão. – Natep era um caçador mirrado e baixinho, só o fato dele não ter muita presença física já bastou para ser discriminado. Para piorar ele pensava demais.

– Problema deles! Se acharem ruim que enfrentem nossas lanças!

– Mas, Makosha, isso é perigoso demais, além de desnecessário. Acho que minha alternativa é mais viável para solucionar nosso problema de falta de comida. A gente tem que parar de ficar tão dependente do acaso. Ao invés de pedir conselho a um ser invisível para que ele nos indique onde tem a melhor caça, nós poderíamos dar um jeito de fazer com que plantas e frutas saborosas nasçam perto da nossa tribo. Poderíamos também capturar alguns animais, mantê-los presos em alguma cerca e fazer com que eles produzam carne e leite.

– Nossa! Nunca vi ideia tão ridícula! Isso nunca vai dar certo!

– Mas, senhor…

– Calado!

– Mas…

– Quieto!

– Mas…

– Óóó! Não negue a vontade dos grandes espíritos se não uma grande praga vai cair sobre você! – Diante do último argumento Natep se calou e voltou a se recolher em seu canto. Sozinho, ele se perguntava se algum dia iriam inventar algo que pudesse ser mais confiável do que dicas do além. Alguma coisa que ao menos fizesse sentido.

Na manhã seguinte os caçadores exploraram mais ao norte, sendo muito felizes em sua busca. Retornaram à tribo carregados de carne. Abateram dois javalis e três esquilos de tira-gosto. Makosha estava mais feliz do que nunca. Passava o dia todo comendo, dormindo e “socializando” com as garotas da tribo.

Em sua oca Makosha vivia com Teeva e Cevila, que tinham a mesma idade. As duas meninas eram suas esposas. Se bem que estavam mais para escravas, pois não podiam nem levantar a voz a Makosha ou deixar de cumprir suas ordens.

Como as duas eram muito próximas de Makosha o ocorrido foi inevitável. Teeva e Cevila acabaram aprendendo todos os seus segredos. Elas aprenderam a falar com os espíritos e tirar conhecimento disso. Muito mais esperta, Teeva guardou seu aprendizado para si. Já Cevila, que era bem bobinha, acabou revelando ao seu marido o que tinha aprendido.

Makosha passou a temer Cevila. Temia que um segundo guia espiritual pudesse dividir seu poder na tribo. Sendo assim, o xamã pediu a garota para que se encontrasse com ele em um lugar afastado. Abestalhada, Cevila foi. – Um acidente terrível. – Contou Makosha ao seu povo. – O javali apareceu do nada e tirou minha menina de mim. Que lastima! – Makosha mentiu, mas ninguém pareceu perceber ou se importar. Com exceção de Teeva.

Teeva amava Cevila como só uma irmã amaria. Com seu coração carregado de rancor, a menina foi até uma região afastada o suficiente para não atrair olhares curiosos. Ela estava prestes a por seus conhecimentos em prática. Menina esperta, além de aprender com o que seu marido acidentalmente ensinou, ela descobriu muito sozinha.

Uma das coisas que Teeva descobriu por conta própria era que alguns espíritos da natureza adoravam serem presenteados com alguma oferenda. Tais espíritos não eram bons, nem mesmo maus. Apenas atendiam ao que lhe era pedido. O resultado de seus feitos dependia exclusivamente de quem os evocava. Se fossem chamados para proteger um ente querido, eles protegeriam. Se fossem chamados para arquitetar um grande vingança, eles se vingariam.

Teeva não tinha mais ninguém que quisesse proteger.

Com uma faca amolada feita de pedra lascada Teeva cortou o pescoço de uma tartaruga que passava por ali perto. Depois que a menina recitou as palavras certas ele apareceu. Ele estava vestido com uma túnica laranja, uma roupa moderna demais para aquela época. O balançar de seus membros fazia parecer que ele era uma pessoa que escondia uma outra em suas costas. Um olhar mais atento desmentiria essa teoria. Aqueles quatro braços e quatro pernas tinham apenas um dono. E esse dono era Anansi, A Aranha.

– Eu não esperava por alguém tão jovem. – Disse A Aranha.

A aparição do espírito foi uma surpresa, Teeva acreditava que sua experiência não iria dar certo. Uma mistura de euforia e medo fervilhava dentro de seu pequeno coraçãozinho que agora batia bem mais rápido.

– Diga logo, menina! O que você quer?!

Teeva abriu sua boca, mas o nervosismo não deixou que nenhuma palavra saísse de lá de dentro. Para o desespero da menina o espírito aranha a pegou com os seus quatro braços e a pôs mais de perto. Os dois estavam tão próximos um da cara do outro que se o espírito tivesse hálito Teeva sentiria sua baforada.

– Se você não fosse tão novinha eu faria você pagar por ter me feito perder tempo. – De repente Anansi larga a menina fazendo com que ela caísse de forma dolorosa no chão. A Aranha já estava dando meia volta para ir embora quando Teeva junta a pouca coragem que lhe restava para fazer seu pedido.

– Espera, moço! Preciso de sua ajuda para vingar minha irmã. – Com um sorriso malicioso no rosto, Anansi volta a olhar para a garota. Agora a entidade estava mais interessada do que nunca.

– Só preciso de um nome. Diga o nome e eu providencio o resto.

Ao norte do território da tribo de Teeva vive os Comedores-de-Rã. Esse nome pejorativo lhes foi atribuído por eles terem montado sua tribo próximo a um brejo. De fato, aquele povo tem como habito usar rãs, além de outros anfíbios, em suas refeições. Apesar do apelido jocoso, os Comedores-de-Rã podiam ser tudo menos motivo de piada. Além de serem guerreiros ferozes, eles eram tecnologicamente mais avançados. Por exemplo, enquanto Natep ainda formulava sua ideia eles já tinham uma agricultura relativamente desenvolvida. Belicamente também eram superiores, desenvolveram um martelo rústico feito com pedra e madeira, além disso suas lanças eram bem melhores. Além de serem feitas com uma madeira mais leve, suas lanças eram bem talhadas. Estavam bem a frente daquelas coisas toscas e tortuosas que a tribo de Teeva usava como arma. Algo que a primeira vista podia não parecer, mas que fazia muita diferença. Como veremos a seguir.

Em sua oca o líder dos Comedores-de-Rã repousava em uma cama feita com a pele de vários animais mortos. O homem era tão gordo quanto feroz em batalha. Ele dormia pesadamente quando uma pequena aranha se aproximou de seu ouvido e lhe contou um ocorrido.

Extremamente territoriais, os Comedores-de-Rã não perdoavam nenhuma invasão. A incursão dos caçadores de Makosha passaria despercebida se não fosse aquela pequena aranha dedo duro.

Vários dias tinham se passado, Teeva continuava com seus afazeres de esposa dedicada e tinha até se esquecido daquele encontro com A Aranha. Makosha descansava sua preguiça deitado em sua oca enquanto os outros homens da tribo se preparavam para sair à caça. Tudo parecia normal até que a primeira morte aconteceu.

Um dos caçadores da tribo olhou curioso para um objeto voador não identificado que viajava rumo ao céu. O tal objeto não ficou sem identificação por muito tempo, de repente ele muda de trajetória e começa a descer. Ninguém havia percebido que na verdade o objeto estava fazendo uma parábola. Arremessado de muito distante o objeto atingiu seu alvo, atravessando o peito do caçador curioso. O objeto em questão era uma lança. Uma lança dos Comedores-de-Rã.

Após assistirem a morte de seu companheiro, os caçadores partiram na direção de onde veio o ataque fingindo uma coragem que não tinham. Um deles tentou reproduzir o ataque do inimigo arremessando sua própria lança. Inútil. A lança pesada e torta não conseguiu voar nem dois metros. Pior para o arremessador, que acabou perdendo sua arma. Desarmado, o pobre coitado levou uma martelada na cara sem poder se defender.

– Estão vendo?! Eu avisei! Eu estava certo! – Natep nem teve muito tempo para curtir sua pequena vitória. Uma lança atravessou seu estômago fazendo com que seu momento de glória perdesse o sentido.

O solo foi impregnado com o sangue dos derrotados, nenhum deles era um Comedor-de-Rã. Makosha foi o último homem de sua tribo a morrer. – A fúria dos espíritos irá… – O xamã nem teve tempo de completar sua ameaça, o martelo afundou o seu rosto pondo um ponto final no seu mandato.

Agora a tribo estava restrita a cinco indivíduos. Quatro sobreviveram por serem mulheres, sendo poupadas. Um garoto de seis anos conseguiu fugir, veremos ele mais tarde.

As meninas haviam sido poupadas, pois haviam alguns Comedores-de-Rã ainda solteiros que precisavam arranjar esposas. Aquele até poderia ser um modo meio bruto para se levar alguém ao matrimônio. É que na época não havia muito espaço para amor romântico.

Teeva era uma das mulheres sobreviventes que haviam sido capturadas. Ela poderia até dizer que estava triste com o massacre do seu povo, mas estaria mentindo. Sua vingança foi bem sucedida, era o que importava.

Meio dia de caminhada depois, as quatro mulheres chegaram ao centro da tribo dos Comedores-de-Rã. Por serem meninas simples que do mundo só conheciam o que sua tribo havia mostrado, elas ficaram impressionadas por nunca terem visto um agrupamento de gente tão numeroso. A tribo tinha uma estrutura formada por oito ocas relativamente grandes e três áreas com cercado onde cultivavam alimentos e domesticavam animais. Aquele povo era muito numeroso para os padrões da época. Tinham cento e vinte pessoas! Visitar uma tribo tão grande como aquela setenta mil anos atrás era o equivalente a visitar uma megalópole como Nova York nos dias de hoje.

As quatro meninas, espólios de guerra, foram despidas e colocadas no meio da tribo, a disposição do primeiro que chegasse e as tomassem como esposa. Assistindo a tudo, o gordo líder dos Comedores-de-Rã via seus subordinados disputarem as mulheres sem esboçar muito interesse. O comportamento dele só mudou quando, sem que percebesse, uma pequena aranha subiu pelas suas costas e foi até seu ouvido lhe sussurrar algo. De repente uma das meninas em exposição que lhe parecia tão sem graça começou a despertar sua cobiça.

Teeva foi levada até os aposentos do líder tribal. O homem além de ser imenso de gordo, fedia bastante. A menina só de pensar que seria obrigada a se deitar com ele começou a chorar. Para sua sorte ela foi poupada dessa sina. Pensando bem, sorte não tinha nada a ver com a história. Jogada na oca do líder, Teeva esperou até que o seu algoz tomasse uma atitude. Mas nada aconteceu. Ele permaneceu imóvel. Ao chegar mais perto o alívio. O homem tinha morrido. Os deuses haviam o levado, é o que diziam na época. Hoje chamariam seu mau de infarto.

O alivio de Teeva foi tão grande que a fez sorrir. Um sorriso que só morreu quando uma figura de quatro braços e quatro pernas apareceu ao seu lado. – Gostei de você, menina. Parabéns, isso não é do meu feitio.

– O que quer de mim? – Nada vinha de graça, Teeva apesar de jovem compreendia aquela máxima.

– Sabe, minha menina. Sou apreciador de uma boa história. Eu vivo por elas. Mas infelizmente a maioria delas pertencem ao Tigre, aquele egoísta guloso! Se eu quiser uma boa história vou ter que criar as minhas próprias. – A aranha se aproximou de Teeva por trás e pôs em sua cabeça uma espécie de coroa feita com galhos e folhas. – Ambiciosa, destemida, vingativa… Você tem potencial para ser a personagem principal de uma das minhas melhores.

– E que história seria essa?

– A história da Rainha Aranha.

Dez anos depois, os Comedores-de-Rã passaram a ser conhecidos por outro nome. Criaram até um estandarte. Antes de entrarem em batalha besuntavam suas mãos com tinta vermelha extraída de um tipo especifico de planta e as colocavam no rosto formando um desenho que vagamente lembrava uma aranha. O nome Povo-Aranha instigava mais medo do que o anterior, uma jogada de marketing genial. Liderando aquele exercito, uma mulher temida. Uma mulher conhecida como a Rainha Aranha.

Aquela tarde o Povo-Aranha estava se preparando para entrar em batalha com outro povo. Na última década eles se especializaram em lucrar com a arte da guerra.

– Minha rainha. – No campo de batalha um jovem de oito anos veio dar as novas. – Dizem que o rei inimigo também tem ajuda dos espíritos.

– Duvido. – Disse Teeva com ceticismo. Sua postura orgulhosa só mudou quando o exército inimigo se aproximou. No rosto eles exibiam uma pintura que lembrava um gato ou um tigre. Liderando eles um garoto conhecido que Teeva não via há muito tempo.

– Ele alega ser o Rei Tigre, minha senhora.

Enquanto isso, muito acima das estrelas, um tabuleiro é armado. Um jogo tem início tendo a humanidade ocupando o papel dos peões e grandes divindades agindo como jogadores movendo suas peças.

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39 comentários em “Reis Xamãs (Alan Cosme Machado)

  1. Leandro B.
    15 de janeiro de 2014

    O conto ganha na criatividade, mas parece pecar na execução. Em algumas partes me senti um pouco confuso. Parece o resumo de uma grande, e eu digo, GRANDE história. E, para agilizá-la, o autor suprimiu diversas categorizações. Faltou calma e paciencia.

  2. Pedro Luna Coelho Façanha
    15 de janeiro de 2014

    Conto maluco. Não vi fantasmas. O conto é até legal e ri muito quando o cidadão se tornou o primeiro xamã sem saber..kkk. Acho que ficou muito longo também.

  3. Edson Marcos
    15 de janeiro de 2014

    Tem muita criatividade aí. O enredo é ótimo, porém foi ofuscado pela narrativa.
    Gostei da idéia, dos personagens (que precisam de um aprofundamento maior) e da trama.
    Vejo a necessidade de cortar palavras e também de selecioná-las com mais cuidado, pois do jeito que está, acaba cansando o leitor. Dê uma chance ao raciocínio do leitor; não subestime sua inteligência, explicando tim-tim por tim-tim tudo o que acontece na história.
    A linguagem não me incomodou, e deu um ar cômico ao conto, uma coisa que aprecio. Do final não gostei muito, pois o Rei Tigre foi enfiado na trama sem motivo algum. Talvez você deva conectá-lo à Rainha Aranha (uma amizade desfeita talvez), para que sua aparição faça mais sentido, não apenas para justificar o fato de que os mortais são meros peões dos deuses. Sei que o conto esbarrou no limite de palavras do desafio, mas se você tivesse enxugado o texto, sobrariam palavras suficientes para ligar as pontas soltas e quem sabe até mostrar o resultado da batalha entre a Aranha e o Tigre.
    E faltou o fantasma…
    Mesmo com todas as falhas, gostei muito da idéia, e da sua criatividade. Sua imaginação para contos fantásticos promete muito. Ganha meu voto por isso. Boa sorte e parabéns!

  4. Ryan Mso
    9 de janeiro de 2014

    Excelente texto, conto maravilhoso! Muito boa narrativa, ideia e execução. parabenizo ao autor! Vai para a minha lista! =]

  5. José Geraldo Gouvea (@jggouvea)
    29 de dezembro de 2013

    Desisti da leitura lá pelo décimo sexto parágrafo. É uma história excelente, mas a linguagem estraga tudo, o tempo todo.

    Se a autora conseguir melhorar seu texto (que está num nível de composição escolar) ela poderá reescrever fazendo uso de sua potente imaginação. Quatro foram as boas ideias deste texto

    1 – ambientação pré-histórica (nenhum José Geraldo chato para apontar erros de ambientação, hahaahh)
    2 – apresentação bastante realista das relações humanas em uma tribo de caçadores-coletores
    3 – linguagem despojada nos diálogos (se Isaac Asimov podia, você também pode, e além do mais, estes povos primitivos provavelmente não conversavam tanto assim)
    4 – os cogumelos

    Mas, além da linguagem pedestre, houve mais um erro: a subestimação do número de membros da tribo, aliás, “bando”, que, para ser viável, a tribo deveria ter algumas dezenas de pessoas. Com 17 membros este grupo deveria estar procurando outro bando para unir-se, pois os povos primitivos sabem que a endogamia é um problema.

  6. Pedro Viana
    28 de dezembro de 2013

    Gosto de, como leitor, explorar outros mundos, outras culturas, outras mitologias. Seu conto, apesar de conter elementos que me interessavam, não me agradou pela execução. A narrativa não me atraiu, muito pouco sugestiva. A história não me despertou atenção e achei o elemento “fantasma” apenas um galho da árvore, sem grande importância para trama.

  7. Paula Melo
    26 de dezembro de 2013

    Gostei bastante do conto,o ar engraçado fez a leitura ser leve e gostosa de se ler mesmo sendo grande.
    Mas não consegui visualizar o tema fantasma dentro do seu texto,o único contato com os mortos foi através de alucinógenos ,e na minha opinião não se encaixa no tema. Mas fora isso foi um conto bem criativo e bom de se ler.

    Boa Sorte!

  8. Gunther Schmidt de Miranda
    24 de dezembro de 2013

    Após ler uma série de observações sobre os comentários por mim postados neste concurso e suas respectivas respostas (infelizmente) concluí que fui tomado de certa pobreza de espírito. Em certos momentos nem fui técnico, muito menos humilde. Peço perdão a este escritor pelo comentário até maldoso por mim desferido. Sendo assim, apenas me resta ser breve: apenas não gostei… Alguns trechos ficaram sem conexão e não o alvo deste concurso ser atingido. Mas seu esforço é louvável e deposito esperança em sua próxima obra.

  9. Weslley Reis
    23 de dezembro de 2013

    A questão da ideia e da criatividade com certeza estão excepcionais. É algo muito raro – pra mim – e que pode ser amplamente explorado. Isso eu realmente achei incrível.

    Já a narração me pareceu infantil. Totalmente oralizada.

    Uma boa lapidada deixaria o texto sensacional, mas não pra um concurso de tema “Fantasma”

  10. Frank
    22 de dezembro de 2013

    Bem, me diverti muito com a criatividade; neste quesito o texto está 10! De fato, como já observado antes, o texto ficou um pouco longo e a narrativa acabou “evoluindo” para a história de vários personagens. Também acho que fugiu do tema proposto. Mas, de qualquer forma, quem faz um texto desse mostra que já tem luz própria e precisa trabalhar a técnica e outros atributos que permitam tal luz brilhar com máxima intensidade.

  11. susyramone
    19 de dezembro de 2013

    Adoro narrativas assim, que proporcionam uma leitura rápida, fluente. Ri alto com “humanos contemporâneos” e com outras partes também. Bastante criativo, ao contrário de alguns comentários, eu curti a linguagem brincalhona.
    O enredo ficou meio solto, deu pra perceber que não foi planejado, como você mesmo falou e o final do conto não causou o impacto que eu esperava. Espero ler mais textos nesse estilo irreverente, apesar de ter fugido do tema, me diverti e pra mim, valeu.

  12. Jefferson Lemos
    18 de dezembro de 2013

    Teve algumas coisas ai que eu curti bastante, mas e o tema do desafio?
    Achei que faltou o fantasmagórico. Assim como a Bia falou, esse retrofuturismo não colou, e acabou deixando o texto mais fora do que já estava.
    Tua escrita é até legal,e gostei de ver Anansi ai, mas acho que o texto não se encaixou no desafio.
    De qualquer modo, parabéns e boa sorte!

  13. Bia Machado
    17 de dezembro de 2013

    Li o texto sem grandes dificuldades, mas pelo meu gosto pessoal não curti muito essa modernização de personagens que estão em um tempo tão remoto. E olha que adoro um retrofuturismo, mas pra mim faltou mesmo foi um cuidado um pouco maior com esses detalhes. E o que mais me incomodou foi a questão do fantasma, o tema do concurso. Achei que ficou fora do tema sim. Foi apenas uma aparição, em meio a outras tantas situações do enredo. Foi tanta coisa, que acho que o texto funcionaria mais como uma novela, algo do tipo.

  14. Pétrya Bischoff
    16 de dezembro de 2013

    O autor tem uma imaginação maravilhosa, gosto muito das “coisas fantasiosas”, quem sabe não nasce aí uma saga? 😉
    Não senti incômodo com o destoar tempo/espaço/linguagem ou a enorme variação de personagens/situações… há inúmeras obras assim. Também achei bem leve. Foi bom ^^

    • Pétrya Bischoff
      16 de dezembro de 2013

      Oh!, acabei esquecendo… só não achei que seja fiel ao tema proposto.-.

  15. Gunther Schmidt de Miranda
    15 de dezembro de 2013

    Ausência de personagens fortes… Diálogos x época completamente fora de equilíbrio (eu nem sabia que a 70.000 anos atrás o ser humano já se comunicava com toda essa vocalidade!) e outros tantos pontos que discordo. Texto muito longo que no final, não vi nenhum fantasma… Acho que para ver eles, precisarei dos cogumelos…

  16. vitorts
    14 de dezembro de 2013

    Não sei se foi sua inspiração, mas impossível não traçar um paralelo com Os Filhos da Anansi, de Neil Gaiman. Digo pela rivalidade com o Tigre, já que, pelo que já li, no original não era ele o dono de todas as histórias (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ananse), mas na obra de Gaiman, sim.

    Para ser sincero, não vi aí um conto, e sim uma junção de dois: um protagonisado por Makosha, outro por Teeva. São dois momentos distintos. Associando um ao outro, não tem como não ter a impressão de que há excesso.

    Por outro lado, a descrição mais despojada e atual para uma “sociedade” primitiva não me desagradou. É claro, trouxe uma caracterização mais YA para o texto, o que não é necessariamente ruim.

    Encerrando, só fico meio ressabiado quanto à adequação ao tema. Sim, tem uma apariçãozinha do guerreiro morto lá pelas tantas, mas é algo ínfimo dentro do todo. Já Anansi caberia mais em uma proposta de Deuses do que de Fantasmas.

    No mais, parabéns pela criatividade! Foi uma boa leitura.

  17. Elton Menezes
    13 de dezembro de 2013

    Sobre o título… Gostei. Ficou bem legal, tudo a ver, sem entregar nada.
    Sobre a técnica… Começam aí os grandiosíssimos defeitos do conto. Foram cometidos crimes fatais nessa história. Primeiro, temos uma temporalização totalmente em desencontro com o que é lido. Uma história que ocorre há mais de 50mil anos deveria trazer características que nos remetessem à época. Mas o PÉSSIMO narrador, com suas terríveis interações com o leito, nos fazer pensar que estamos lendo algo sobre uma aldeia aborígene atual. Em segundo lugar, como já dito, o narrador é tão falho, que eu cheguei a pensar que suas palavras eram brincadeiras, e o conto era de humor. Mas não era, infelizmente. E, assim, a narração era em ortografia, em continuidade, em paralelismo verbal. Erra ao utilizar linguagens que destoam do tema e da época. Erra ao não conseguir criar um personagem que cause identificação no leitor.
    Sobre a história… A melhor definição é “ótimo tema, talvez a idéia mais original, terrivelmente desperdiçada”. Isso porque o tema de xamãs é incomum, mas a história conseguiu ser tão fraca e tão habitual, que a idéia original se perdeu em meio a clichês. E o pior de tudo: a criação dos personagens e do ambiente é totalmente fora de sentido, se estivermos avaliando gente que viveu milhares e milhares de anos atrás. São criaturas humanídeas, meio simiescas, com pouca percepção de civilização, vivendo mais pelo instinto que pelas idéias de vingança conforme descritas. Mas até isso seria perdoável (lirismo literário), se o texto não tivesse TANTOS buracos, como darei exemplo: como Ashoka, um grande guerreiro, morre de fome, e Onone, o ancião, não? Se diante da morte de Ashoka se pensou em comer a carne de Makosha para sobreviverem, por que apenas não comeram a de Ashoka? Pela contagem de pessoas, você só não citou a morte de DOIS da tribo, então por que não se deu a esse trabalho? Essas CRATERAS destroem a tentativa de nos levar àquela época, junto à péssima ambientação e aos personagens desinteressantes.
    Sobre o final… Na verdade, nem houve final. A história, que se prolongou muito além do necessário, poderia ter acabado (pelo bem do leitor) após a vingança de Teeva. Talvez ela ser estuprada e morta pelo xamã Aranha a teria martirizado, e dado a sensação de “não mexa com forças poderosas”.
    Enfim, um conto fraquíssimo nascido de uma idéia maravilhosa.

    • Marcellus
      13 de dezembro de 2013

      Concordo em gênero e número com o nobre colega. No entanto, apenas como complemento, há setenta mil anos já havia uma população de homo sapiens sapiens vagando sobre a Terra. Ou seja: as personagens descritas no conto eram tão inteligentes quanto qualquer ser humano vivo, diferindo de nós apenas social e tecnologicamente.

      Isso, obviamente, não invalida nenhum ponto da crítica, da qual sou partidário.

    • Alan Machado de Almeida
      13 de dezembro de 2013

      Quanto as criticas referentes a erros de narrativa, erros na história e clichês eu aceito numa boa e posso tentar vir a corrigir em futuros desafios. Mas quanto a reclamação de falha de “incoerência histórica” eu bato o pé no chão em discordar. Eu tentei criar uma trama de fantasia, esse tipo de gênero não tem compromisso com a história real. Longe de mim me comparar a grandes escritores, mas artistas famosos do gênero adoram fazer brincadeiras do tipo colocar civilizações com luz elétrica e armas de fogo na idade média (procure sobre o gênero Steampunk e retrofuturismo, eles brincam muito com isso). Acho que essa parte o incomodou, pois você não gosta desse gênero nonsense, aí já não é minha culpa.

      • Marcellus
        13 de dezembro de 2013

        E lá se foi o mistério do “pseudônimo”… 🙂

      • Elton Menezes
        13 de dezembro de 2013

        Infelizmente perdemos o mistério do pseudônimo, mas é como eu disse: a parte histórica eu aceitaria numa boa pelo lirismo literário SE todo o conteúdo conseguisse complementar a idéia inicial tão boa.

      • Claudia Roberta Angst - C.R.Angst
        13 de dezembro de 2013

        Pseudônimo perdido é a minha cara, por isso entendo…rs.

      • Alan Machado de Almeida
        14 de dezembro de 2013

        Acho que meu pecado na escrita é que eu não planejo a história, meio que ela vai surgindo e eu vou escrevendo (isso explica os personagens surgidos do nada), no próximo mês vou tentar planejar antes de por no word. As criticas do pessoal daqui, negativas ou positivas ajudam muito. Por exemplo, agora estou mais atento quanto ao tempo verbal (erro que cometi no Vai um Chazinho aí?). kkk, Nem que seja depois de trinta meses um dia eu ainda ganho o livro da promoção.

      • Marcellus
        14 de dezembro de 2013

        O que eu mais gosto aqui, Alan, são justamente as críticas. Não as considero “negativas”, pelo contrário: o pessoal pode bater forte, mas é sempre de forma leal, na tentativa de acrescentar algo, nunca de espezinhar.

        Boa sorte para todos nós! 😎

      • Elton Menezes
        14 de dezembro de 2013

        Esse conto foi o que mais me deu raiva de ler, sabe.
        Porque o tema é tão foda, tão “eu nunca pensaria nisso”, que eu adoraria ter lido um conto que me desse a chance de colocá-lo no pódio hahahahaha
        Confiamos em você, Alan!

  18. Caio
    13 de dezembro de 2013

    Olá. Cara eu não sei não, achei legal demais isso aqui hahah
    Me diverti bastante, o texto foge, escapa de soar como outros, escapa de ser normal. Eu não pude evitar sorrir durante a leitura. O estilo narrativo precisa amadurecer, mesmo, ter mais escolhas conscientes por parte do autor e uma coerência maior na narração, mas a criatividade, por mim, deve ser muito incentivada. Essa mesma história se contada por um escritor ‘sério’, cheio dos realismos e drama seria algo que eu não gostaria de ler. Precisa de um refinamento, a escrita tem muito a melhorar, mas eu não pude deixar de gostar. Uma hora você acha uma voz própria, que seja consistente e louca ao mesmo tempo, e aí sim vai ser sucesso.
    Por exemplo, falar diretamente com o leitor tem que ser uma escolha (Veremos ele mais tarde), não uma ideia que veio lá pro fim. Explicar coisas como
    “Setenta mil anos atrás o importante era sobreviver. Dilemas morais não eram bem uma preocupação.”
    Soa como falta de confiança, como se o autor tivesse preocupado com o leitor achando estranho. Pra situações assim, só de você descrever que ninguém reagiu com repulsa já leva o leitor a pensar “ok, nesse mundo isso é normal” e já dá o tom de que a história que se segue não vai ser convencional.
    A comédia também ondula, vem às vezes, o que não é ideal. Se você fizesse o personagem do líder ser identificado pelo leitor desde o começo como meio louco, meio instável, quando ele faz e fala coisas absurdas a gente não acharia estranho. Consistência é sua amiga.
    Tente escrever tendo o texto todo em mente, não adicione ideias novas pelo meio sem voltar e plantar indicadores pra elas no começo. Mesmo se você for dos que escrevem tudo de uma vez, veja depois de pronto o que existe no final e volte a revisar e colocar a base pro que você imaginou.
    O leitor sempre aprecia quando algo do começo faz sentido no final, em vez de serem coisas diferentes e pouco relacionadas. Um autor bom tem o controle sobre quase tudo no texto, é o que faz a gente ficar impressionado quando lê um livro e percebe que esteve sendo enganado o tempo todo, ou que tudo no livro levava mesmo àquele final, mas a gente não viu mesmo assim. O contrário, quando o autor não planeja e acontece uma reviravolta sem indicação nenhuma, dá a impressão de que não foi feito um trabalho, um esforço, e é frustrante pro leitor que investiu tempo na leitura.

    Ah, falei demais… em resumo gostei da sua liberdade como autor, mas tome o tempo de se refinar, vai ver que a resposta será adequada ao seu esforço. Espero que ajude, mesmo, abraços

  19. Gustavo Araujo
    12 de dezembro de 2013

    Se lido como paródia, o conto funciona muito bem. Os diálogos completamente deslocados me fizeram rir, além do sarcasmo do narrador. Se isso foi intencional, parabenizo o autor. No geral, entretanto, a história não engrenou. Não que tenha sido difícil de ler, ou mesmo um suplício, mas é que tudo soa descompromissado demais. O que me manteve ligado foi a criatividade da narrativa. Chego a pensar se o autor não teria consumido, ele próprio, um dos cogumelos. Contudo, não me senti cativado pelos personagens. Tudo ficou pasteurizado demais. De todo modo, creio que há espaço aí para se desenvolver a história – quem sabe até mesmo um romance infanto-juvenil.

  20. selma rios
    12 de dezembro de 2013

    Linguagem destoante, um certo ar de brincadeira. Boa ideia, poderia ser melhor desenvolvida.
    Também poderia ser mais curta. Enfim, parabenizo a todos esses ousados escritores, que irão acertar mais à frente. Parabéns.

  21. Cácia Leal
    12 de dezembro de 2013

    O conto me pareceu um tanto longo. Acho que isso acaba cansando o leitor. Por ser narrativa curta, a história deveria ser mais dinâmica. Uma sugestão: evite muitos personagens e muitos diálogos. Procure optar por diálogos indiretos ou diretos livres. Isso dinamiza um pouco mais e cansa menos o leitor.

  22. Thata Pereira
    12 de dezembro de 2013

    Muito criativo! Que me lembre, nunca li nada que seguisse essa linha e gostei muito. Gostei da história também. Considero que nem todos os finais precisam ser impactantes e que nem todos personagens de todos os contos precisam ser fortes. Gosto de pessoas que ousam não fazer isso, pois é o esperado de um conto.

    Como já ressaltaram, ler “Como veremos a seguir” e “veremos ele mais tarde” quebrou o mistério e foi incomodo. Quando terminei e leitura e voltei no texto, ao ler a frase inicial, senti que estava sendo narrado por uma professora aos alunos. Mas nada me incomodou tanto quanto ler “jogada de marketing genial”.

    Apenas o menino, que vira o Rei Tigre, poderia ser melhor caracterizado. Ele apenas pinga na história e depois do nada é o rei inimigo da trigo de Teeva.

    Boa Sorte!

  23. Ricardo Gnecco Falco
    12 de dezembro de 2013

    A leitura deste conto me mostrou um autor muito imaginativo, porém pouco “inspirado”. Contudo, vale exaltar o esforço feito e também o desejo de semear em palavras as frondosas árvores que habitam o fértil solo imaginativo do autor.
    Funciona bem como um (ótimo!) exercício criativo, cujo resultado final será exatamente a aptidão literária, a capacidade de construção de histórias bem estruturadas, de mundos paralelos, de personagens verossímeis e, o principal, da (por enquanto ainda) necessária “naturalidade” criativa.
    Parabéns e boa sorte!
    . 🙂 .

  24. Claudia Roberta Angst - C.R.Angst
    11 de dezembro de 2013

    Como já foi dito, o conto saiu do lugar comum, revelando criatividade logo de início. Talvez com menos personagens, a trama ganharia mais força e o leitor poderia se concentrar melhor na história. A linguagem não chegou a me incomodar, mas a certa altura senti que a narrativa se estendia além do necessário. Boa sorte!

  25. bellatrizfernandes
    11 de dezembro de 2013

    Eu gostei muito do começo do conto e criei expectativas para o final.
    Sinto em dizer que as expectativas não foram atendidas. No fim, o foco não foi tanto nos fantasmas, mas nos deuses acima deles, nas entidades.
    Curti a atmosfera tribal do começo, mas depois o narrador parecia o tempo todo nos puxar para um final que prometia tirar o fôlego, mas que no fim acabou meio sem sentido – pelo menos para mim…
    Destaquei alguns trechos, coisa pouca, mas que valeria a pena revisar:

    “Mas em todo grupo sempre tem um do contra que todos consideram um pé no saco.” -> Achei que, em contraste com a atmosfera mais primitiva do conto, essa parte ficou meio contemporânea demais.

    “Ao norte do território da tribo de Teeva vive os Comedores-de-Rã” -> Só um errinho ali, mas deve ter sido de digitação, então só passe direto.

    “Como veremos a seguir.” “veremos ele mais tarde.” -> Isso ficou parecendo aqueles vídeos didáticos.

    Acho que é isso!
    Parabéns e boa sorte!

  26. Inês Montenegro
    11 de dezembro de 2013

    O conto destaca-se positivamente pelo setting, pegando nas crenças africanas em vez das ocidentais, que têm dominado até agora. A ideia base encontra-se bem pensada, mas falha nas personagens, que não estão desenvolvidas o suficiente para terem uma boa construção, e na linguagem, que deu a impressão de estar a ler um texto escolar. Um pouco mais de confiança na capacidade de compreensão do leitor em relação ao que é insinuado, e no seu conhecimento da época seriam aconselháveis.

  27. Marcelo Porto
    11 de dezembro de 2013

    O que é isso?! Parece que acabei de assistir Alienígenas do Passado.

    O autor tem uma imaginação bem fértil, isso não se pode negar. Mas precisa trabalhar um pouco mais a arte da narrativa. Me senti lendo uma redação sobre civilizações perdidas, não um conto.

    O entra e sai de personagens complicou muito o entendimento da trama, e por falar em trama, do que se trata esse conto? É a história de Teeva, de Makosha, dos homens tigres ou dos homens aranha (ou comedores de rã)?

    Não consegui visualizar o fio condutor, a trama começa como uma jornada de uma tribo, depois vira uma viagem de cogumelos, depois vira uma disputa de deuses, sem contar os penduricalhos no decorrer da história.

    Parabéns ao autor pela mente fértil, mas precisa ter um pouco mais de calma para colocar tudo isso no papel. Me pareceu que as ideias foram surgindo e você ia descarregando tudo, sem filtros.

    Nota dez pela criatividade e cinco pela narrativa. Continue, que potencial você tem, e muito.

  28. Ana Google
    11 de dezembro de 2013

    Em primeiro lugar, queria te parabenizar pelo texto, é um dos mais criativos desse desafio, fugindo do lugar comum. Empolguei-me na hora em que eu vi a imagem, já que me amarro nessas histórias de Xamãs! O final também, achei magnífico, embora pudesse ser menos apressado. A impressão que dá é que o autor gastou muito tempo com o texto em geral, sobrando muito pouco para o fim, que era para ser o ápice da história.

    Agora vamos aos pontos que precisam ser melhorados.

    Os personagens não convencem, mudam de repente e não têm personalidade. Makosha foi um personagem que não me convenceu. Ele vai mudando de personalidade ao longo do texto ou é impressão minha? Aliás, como poderia um mesquinho que não mede esforços para se manter no topo, ser guia espiritual, um interprete da vontade dos espíritos dos ancestrais? Teeva também não convence, já que não são dados elementos palpáveis para que o leitor se afeiçoe ao personagem!

    O linguajar professoral também quebrou o clima no texto. Vejamos: “Algo que a primeira vista podia não parecer, mas que fazia muita diferença. Como veremos a seguir”. “Um garoto de seis anos conseguiu fugir, veremos ele mais tarde”. Hmmm, não combinou!

    Por último, importante destacar que, no fim, ganha destaque um personagem sem rosto, o tal guri de seis anos, que se tornou o “Rei Tigre”, o que fez perder a graça, parecendo ser uma escolha totalmente aleatória e sem maiores explicações!!!

    O texto tem potencial, mas precisa ser melhor trabalhado nesses pontos. Um abraço e parabéns!

  29. marcellus
    11 de dezembro de 2013

    O conto (quase) funciona como uma comédia, mas carece de personagens fortes, pelos quais o leitor simpatize.

    Além disso, uma verificação ortográfica do Word seria bem vinda.

    Em alguns momentos,a narração destoa tanto da época, que confunde o leitor, quebrando o ritmo. Mas o autor tem imaginação, isso é inegável.

    • Ana Google
      11 de dezembro de 2013

      Também me incomodou a linguagem destoante com o local e o momento, Marcellus! Quebrou-se o clima com a utilização de determinadas expressões ocidentais pelos indígenas!

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Publicado às 11 de dezembro de 2013 por em Fantasmas e marcado .
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