EntreContos

Detox Literário.

Cemitérios (Selma Rios)

Lavínia despertou. Esfregou os olhos, esticou os braços espreguiçando o corpo e se levantou.

Lá fora havia sol, podia perceber pelas frestas luminosas que brincavam em seu corpo esquálido, com formas geométricas divertidas. Mas ela não percebeu nada, olhar atento vasculhando os cantos mais escuros, temerosa de encontrar algo de que não gostasse. Foi nesse instante que sons externos lhe chamaram a atenção. Vinham da portinhola e certamente era alguem tentando entrar.

Apavorada, apoiou-se contra a parede do fundo, numa vã tentativa de passar despercebida. Fosse quem fosse, assim que entrasse, daria de frente com ela, pálida, desgrenhada, o peito arfante de tanto medo.

O sol foi o primeiro a entrar, inundando o pequenino recinto e atrás dele, um senhor pequeno, de idade indefinida, vestido muito simplesmente com calça e camisa desbotada, nos pés, botas de borracha.

Levava nas mãos um balde e apetrechos de limpeza.

Encolhida quanto podia, a pobre moça segurou a respiração. O que iria acontecer? O que ele lhe diria ou pior, o que desejaria saber dela? As perguntas se iam atropelando na mente de Lavinia, o tremor tomando conta do seu corpo, o coração querendo lhe sair pela boca.

Nada aconteceu.

Simplesmente nada aconteceu mesmo. O homem começou a espanar tudo, resmungando algo ininteligível, quem sabe fosse uma canção?!

Lavínia respirou profundamente, longamente. O corpo relaxou, as mãos crispadas se abriram. O homem parecia não vê-la e sem tomar conhecimento de sua figura, prosseguia na limpeza, dando a ela a chance de escorregar de fininho para fora.

A luz do sol, mais que iluminá-la, a deixou  pasma! Doía!

Procurou uma sombra sob pequena arvore retorcida e apoiando-se numa lapide, perpassou o olhar cuidadosamente pelos arredores.

Sim, estava mesmo num cemitério.

Não se lembrava de como teria chegado ali. Sabia apenas que era tomada por súbita sonolência, desmaiava e acordava naquele pequeno, o que era mesmo? Um mausoléu!

O local estava semideserto. Uma ou outra pessoa andava pelas ruelas estreitas, longe, ausentes.

Lavínia olhou para si mesma, perscrutando cada detalhe da sua figura.

Vestia-se com túnica longa, branca e esvoaçante, aliás, uma de suas preferidas. Mas estava rasgada, puída, suja…

Os pés descalços, doíam sobre as pedrinhas esparsas aqui e ali.

Algumas flores lhe haviam sido colocadas nos cabelos longos, que já haviam sido sedosos, brilhantes.

Mas então, teria morrido?

Um calafrio lhe percorreu a espinha e foi se alojar bem na boca do estomago, causando náusea e mal estar.

Morrido como, perguntou-se, se sentia tudo! O sol na pele fina, o chão gelado sob os pés, o coração batendo loucamente, a boca seca…

O homem terminou a limpeza e saiu, fechando a porta. Passou por ela sem a ver e prosseguiu sua labuta em outra rua.

Ela estava do lado de fora! O que faria? Onde dormiria? Seria seguro?

Sentou-se no chão, a roupa esvoaçando ao sabor de brisa suave.

Por mais que a moça olhasse, não conseguia divisar ninguém. Nem mesmo outro morto? Até um seria benvindo naquelas circunstancias.

Resolveu dominar o medo e caminhar, até porque ali não adiantava ficar. A porta do mausoléu estava fechada com um cadeado, impedindo sua volta para dentro. Quem sabe se caminhando, alguem a visse e lhe desse alguma explicação.

Pensou e agiu. Apesar do medo que sentia diante de situação tão inusitada, sempre fora uma moça de ação. Vinte e cinco anos, filha única, formada no magistério, dava aulas para o ensino fundamental.

Enquanto caminhava com cuidado, tentou lembrar se tivera alguma enfermidade, algo que pudesse ter lhe causado a morte prematura, mas o cérebro lhe pregava peças e nada surgia para aliviar tantos porquês.

De repente ela estacou, o corpo trêmulo, a voz presa na garganta. Acabara de ver alguem! Uma senhora estava recurvada sobre um tumulo, arranjando algumas flores num jarro de plástico.

Lavínia foi se aproximando vagarosamente, o coração aos pulos e num rompante, plantou-se diante da mulher!

Novamente, nada aconteceu.

A senhora prosseguiu tranquilamente nos seus afazeres, apenas passando a mão na nuca, como a sentir algum incomodo, mas foi só.

Lavínia desabou. Começou a chorar compulsivamente e logo um sono insuportável tomou conta dela, fazendo-a adormecer ali mesmo.

Não saberia dizer quanto tempo havia passado, apenas despertando quando a noite já se anunciava. Ventinho frio soprava pelas ruas e levava as folhas secas, desoladas.

A moça tentou levantar, mas sentia uma fraqueza muito grande e qualquer movimento lhe causava grande esforço.

Sentou-se sobre um degrau e olhando assustada, percebeu movimento rente ao muro alto, no final daquela rua.

Não aguentava mais aquela solidão, a falta de explicação e alguem que a acolhesse. Sabia que não estava no ceu, como aprendera quando criança, no catecismo. Não havia  anjos, trombetas, nem São Pedro com as chaves na mão. Também não estava no inferno, como o demo a açoitar os pecadores, fogo por toda parte, aquela velha historia contada para assustar os renitentes. Então, onde estava e porque? Sim, era um cemitério e havia despertado num mausoléu, mas se sentia viva, com fome, com dores e medo e…

Um ruído agudo chamou sua atenção. Alguem ou algo se aproximava e parecia rastejar.

Apavorada, encolheu-se contra a parede fria e enrolou os braços  em torno do corpo magro.

Quem esta ai? Desejou perguntar, mas a voz não saia. Nem precisou tentar novamente porque um vulto escuro e alto, assustador,  apareceu na sua frente, abrindo asas enormes, escondendo o pouco de luz que a noite ia roubando do dia.

Lavínia soltou um grito agudo, ou pensou gritar, respirando com muita dificuldade e se não estivesse já morta, certamente morreria de tanto medo!

A coisa escura e medonha ia se curvando sobre ela, absorvendo o pouco de energia que ainda lhe restava, causando uma pane mental imediata, mas não concluiu seu intento porque alguem pulou na sua frente e desembainhou uma espada!

O escurão soltou um grunhido e recuou, sondando o valente que a defendia, desejoso de lutar pela sua presa, mas diante da bravura do cavaleiro, acabou se dando por vencido, revoando ameaçadoramente sobre suas cabeças.

Lavínia sentiu-se segura pelo braço e ouviu qualquer coisa como, sair dali o quanto antes. Apoiada naquela mão que a sustinha, conseguiu correr pelas ruelas até estarem dentro de uma capela.

Refeita do susto, conseguiu olhar para seu salvador. Era um rapaz de estatura mediana, sorridente, com olhos escuros e melancólicos.

O que ela pensara se tratar de espada, era apenas um cabo de vassoura e os trajes dele não passavam de calça e camisa.

Não era um príncipe encantado, mas um cavaleiro, sem duvidas e ele a vira,  defendera,  salvara de morte certa! Morte?!

As apresentações foram feitas.

Lavínia, Fernando, Fernando, Lavínia.

Estava morto também.

Eram tantas as perguntas que o rapaz pediu calma. Sim, explicaria o que soubesse. Sim, estavam mortos e enterrados naquele cemitério. Sim, o que tentara atacá-la era um vampiro e teria sugado toda sua energia. Sim, ele também estava pasmo, assustado, desejoso de encontrar mais respostas…

Morto não morre?

Morre o corpo, o espírito não.

E o que acontece depois? Ah, ele também gostaria de saber. Estava ali há algum tempo, não sabia exatamente quanto e vira poucas pessoas vivas e algumas mortas. O fato de ser um cemitério não queria dizer que todo morto deveria estar ali. Não era assim que acontecia. Porque eles? Não saberia dizer.  Arriscou a sugestão de haver ainda algo por fazer, que resolver, algo que tivesse ficado inacabado, quem podia saber?

Lavínia absorvia com avidez cada palavra de Fernando, tentando se recompor. La no fundo a vaidade de viva a fazia arranjar os cabelos, esticar a tunica, sorrir com encanto.

Ele era bonito, delicado, tinha cabelos escuros e compridos. Falava com meiguice e a olhava com interesse.

Juntos iriam descobrir o que acontecera e sairiam dali, para qualquer lugar, não importava onde. Qualquer lugar seria melhor que ficar a mercê daqueles vampiros, passando frio e fome, desalentados e sós.

Assim se passaram muitos dias e muitas noites, os dois moços corajosamente enfrentando os perigos, tentando fazer contato com alguem, mas sem sucesso.

Andavam pelas ruas estreitas do cemitério, às vezes de mãos dadas, como casal de namorados a andar por bela alameda. Quando viam flores paravam, cheiravam, tentavam tocar…

A fome era cruel, os castigava dia e noite, mas a sede era sanada com gotas de orvalho que conseguiam sorver nas folhas das arvores.

Viam o senhor encarregado da limpeza dos túmulos, que passava por eles com total indiferença. Brincavam, gritavam em seus ouvidos, mas ele seguia seu caminho  sem nem olhar para trás.

Os visitantes vivos também não os notavam, apenas demonstrando incomodo ou nada.

Dos vampiros tinham bom esconderijo, passando pela fenda da capela, ficando a salvo próximos das luzes bruxuleantes das velas.

As roupas iam se decompondo, os corpos secando, mas eles se viam da mesma maneira que no primeiro encontro e já não podiam se imaginar um sem o outro. Ou era solidão ou o amor desabrochara naqueles corações mortos.

Tudo ia até bem, mas nada é para sempre.

Um dia ouviram o som do sino que ficava à entrada do portão principal, que servia para anunciar novo morador.

Correram como duas crianças travessas, rindo e fazendo piada da situação, curiosos, apostando se seria homem ou mulher, velho ou moço.

Quando o féretro estacou diante da capela, pessoas que o acompanhavam rodearam o caixão lustroso, repleto de flores bonitas e frescas.

Lavínia e Fernando de aproximaram, misturando-se à pequena roda familiar. Ouviram o padre em seu sermão, falando bem do morto – era homem – e por fim, espargir a água benta. Foi quando abriram uma janelinha no caixão, deixando a mostra o morto.

Lavínia olhou, reparou no luxo da roupa, no estofamento de cetim branco, fez o sinal da cruz e se afastou, mas quando Fernando se aproximou, soltou um grito agudo, doloroso e profundo, que estremeceu ate as folhas das arvores!  Era seu pai! Tinha certeza, tratava-se do próprio pai, podia lembrar, finalmente!

Um turbilhão invadiu a mente do rapaz e ele teria desfalecido ali mesmo se Lavínia não o amparasse. Carregou o pobre soluçante ate seu esconderijo na  capela e lá, depois de muito chorar, o ouviu contar sua historia.

Tinha vinte e seis anos, adorava esportes arriscados, esbanjava o dinheiro da familia, vivia perigosamente, jamais dando atenção aos apelos desesperados de seu pai.

A noite de sua morte surgiu nítida diante dele, o carro despencando na ribanceira, rolando, rolando, até o baque final, a dor na cabeça, a imobilidade e depois o frio intenso, a escuridão.

Depois de muito lembrar, sofrer, chorar, Fernando finalmente sossegou nos braços de Lavínia, que afagava seus cabelos, pedindo calma.

A noite os alcançou e estavam  calados, abraçados, cansados demais.

Uma luz opaca apareceu no teto da capela e Lavínia se espantou. Não era reflexo das velas, que aquele dia não havia muitas. O que seria?

Aos poucos a luz opaca se tornou azul e foi invadindo todo o ambiente, causando dor nos olhos embaçados dos dois. De dentro da luz apareceu um vulto branco que logo se definiu e um homem de olhar bondoso, pacifico, se aproximou, tocando os ombros de Fernando.

Era sua hora. A hora da revelação. Sentira, se emocionara, lembrara dos desvarios, deixara a dor e o remorso invadir suas lembranças. Desejava sinceramente ser auxiliado e o seria,  que se levantasse e seguisse com ele. As mãos estendidas, os olhos marejados, o bom homem abraçou Fernando e o envolveu em luz, afastando-se, desfazendo-se.

Fora tão rápido que Lavínia sequer tivera tempo para esboçar qualquer reação. Via-se só na capela, sentia frio e medo. O único amigo se fora!

Abandonada. Sozinha outra vez!

A dor profunda a invadiu furiosamente, com ela uma rebeldia muito sua conhecida. Entregou-se aos sentimentos mesquinhos e maldisse a tudo e a todos. Ela, que quase acreditara em Deus!

Como podiam lhe tirar a única coisa que tinha? Já estava morta, largada naquele cemitério, esquecida, espezinhada, sendo perseguida por vampiros dia e noite! Fernando, Fernando, para onde teria ido?

Como ela iria viver a partir daquele dia?!

Viver? Morrer?

Os dias seguintes foram de extremo sofrimento. Alem das agruras naturais de sua condição, havia a falta imensa que Fernando fazia.

Tentou rezar, mas  em vão, seu coração endurecera.

Gritou, blasfemou, pediu, implorou e nada aconteceu.

Seu corpo estava seco e os ossos eram visíveis.

O cabelo crescera tanto que enroscara todo.

As unhas cresciam e se quebravam, a pele estava escura e a alma, mais escura ainda. Nenhuma esperança, nenhum alento, nada mais acontecera de bom.

Foi então que a vida, ou a morte, surpreendeu  a pobre moça.

Andava desalentada pela avenida principal do cemitério, as mãos balançando ao longo do corpo, a cabeça caída sobre o peito descarnado, lagrimas, não as tinha mais.

O féretro adentrou o local e pessoas chorosas se acotovelaram em torno do caixão. Lavinia passou por elas indiferente. Há muito deixara de se comover. Era apenas mais um morto. Mas naquele dia algo  aconteceu. Um mulher  nova, de uns trinta anos, vestida de azul, levava

nas  mãos um ramalhete de flores e ao passar por ela, a olhou, assustando-se a principio, mas recompondo-se, fez um leve aceno e prosseguiu. Lavínia a seguiu, mais por curiosidade que esperança.

Após o enterro, as pessoas foram se retirando e a mulher de azul ficou por ultimo. Chegou perto de Lavínia e lhe disse baixinho que a iria ajudar. Como? Ajudar como? Ela a via?

Naquela mesma noite, ao se recolher à capela, Lavínia sentiu um grande alivio chegando ao seu coração ressecado. As luzes das velas pareciam mais vivas e um certo aroma de frutas espalhava-se por toda parte, tocando seu rosto, refrescando sua pele ressequida.

Ouviu um lamento distante, mas sonoro e percebeu que alguem orava por ela! Era Laura, a mulher de azul, a mesma que lhe prometera auxilio. Fazia parte de um grupo de orações e através de sua mediunidade, enviava vibrações de amor e paz, traduzidas em  palavras que lhe iam preenchendo o, âmago, despregando a pele seca, trazendo cor e delicadeza! O coração batia mais compassado e uma esperança aflorou e tomou todo seu ser. Sim, havia esperança!

Nas noites seguintes o fato se repetiu e já refeita, Lavínia era outra pessoa. Abriu seu coração, aprendeu a orar com o mesmo fervor das palavras que ouvia e pediu, rogou, pela ajuda que necessitava.

O cemitério pareceu iluminado, o ar estava mais leve, um coro ressoava tranquilo por toda parte.

Laura  apareceu desprendida diante dela e lhe disse que sua hora chegara, seria resgatada.

Chorando muito, Lavínia se entregou.

Foi levada ao alto, envolvida em amor, cuidadosamente transportada dali do seu calvário.

Lavínia despertou. Esfregou os olhos e esticou o corpo como sempre fazia. Olhou ao redor com espanto! Estava num quarto de hospital, enfermeiras iam e vinham e lhe foi dado um bom dia esfuziante, que alimentou sua fome num instante!

Quanto mais tempo passava ali, mais explicações lhe eram dadas, feitas revelações, esclarecimentos e alívios sem fim.

Sim, ela morrera e por muitos anos o cemitério fora sua casa. Uma doença cardíaca fora a causa de sua morte e levara os sonhos de jovem.  Por ser ateia, avessa a religiões e filosofias reencarnacionistas, permanecera no local para expurgar vibrações pesadas, que não a deixavam se elevar. Fazia parte do processo de purificação, lhe fora dito.

Naquele cemitério conhecera a dor suprema, mas também encontrara o amor sincero e despretensioso, o que facilitou abrir seu  o coração para Deus.

E Fernando? Onde estaria? Ele fora o principal benfeitor em sua vida, ou morte.  Poderia revê-lo?

Um dia, quando ambos estivessem prontos de fato.

Sempre ativa logo Lavínia se integrou a um grupo de trabalho espiritual. Todas as noites eles vasculhavam os cemitérios, sem serem vistos na maioria das vezes, procurando um coração que estivesse pronto para ser resgatado.

Enquanto ela andava pelas ruelas estreitas, sentia a brisa suave sobre a pele. Deixava-se  tomar por sentimentos nobres e grande compaixão pelos seres degredados que como ela um dia, perambulavam por ali, alheios uns aos outros, tão próximos e tão distantes.

Naquele espaço que poderia ser sinistro para alguns, onde a dor estava certamente  presente, ela conhecera o caminho da redenção.

Num cemitério, receptáculo de morte, que ela encontrara a vida!

18 comentários em “Cemitérios (Selma Rios)

  1. Claudia Roberta Angst
    29 de setembro de 2013
    Avatar de Claudia Roberta Angst

    Acho natural a ligação entre cemitério e religião. Afinal o tema morte sempre esteve envolvido com os porquês da criação e da existência ou não de outra vida. No entanto, como já ressaltaram aqui, o conteúdo religioso afunila o público leitor. A história perde um pouco do interesse pelo tom de doutrinação.

  2. Sandra
    28 de setembro de 2013
    Avatar de Sandra

    Diante de tanto “pré-conceito” com a literatura espírita, creio que o autor (a) foi bem ousado (a) em partir para esse campo. Embora tenham sido apontadas algumas falhas, até a metade do texto me senti muito à vontade. Uma história simples, de leitura fácil. Fiquei um pouco incomodada, ao final, talvez, por já ter lido muuuuito livro espírita (sou kardecista), cujos finais se assentam nesse reencontro do espírito, que se desprende de alguma carga que o ancora aos planos inferiores, com a espiritualidade superior.

  3. Diogo Bernadelli
    27 de setembro de 2013
    Avatar de Diogo Bernadelli

    Uma analogia ao Umbral? A competência do autor se resume ao seu talento catequista. A construção da história não é boa, não inspira originalidade, porque está inflexivelmente condicionada ao mote espírita — e tão-só a ele. Víamos uma história que PRECISAVA ser contada (e inclusive ocorriam certas fugas que a aproximavam de uma positiva singularidade), mas ao mesmo tempo o autor parecia alguém tentando correr com a fralda da blusa amarrada num portão. Não houve avanço; é um dos textos mais frios do desafio.

  4. rubemcabral
    27 de setembro de 2013
    Avatar de rubemcabral

    A mitologia particular do conto me agradou, mas o final foi um balde de água fria, ao menos para mim. O texto está bem escrito, mas achei que o nome da moça foi repetido demais.

  5. vitorts
    26 de setembro de 2013
    Avatar de vitorts

    Gostei do estilo, não tanto do conto. Explico; a amplitude do vocabulário e as construções me agradaram, o mote e o desenvolvimento, não muito. Nada contra o espiritismo – admiro a doutrina -, mas não fui tragado pelo conto. Contudo, reitero: achei a parte técnica do autor ótima.

  6. feliper.
    24 de setembro de 2013
    Avatar de Rodrigues

    Nada contra a temática religiosa, só não gostei da maneira como foi escrito. Não vejo problemas no maniqueísmo do final. Esperava um texto diferente pelo título que escolheu.

  7. Emerson Braga
    23 de setembro de 2013
    Avatar de Emerson Braga

    Não me senti envolvido, não me cativou. Tive que me esforçar para concluí-lo.

  8. AlessandrA
    23 de setembro de 2013
    Avatar de AlessandrA

    Narração cansativa e desinteressante…

  9. Bia Machado
    22 de setembro de 2013
    Avatar de Amana

    Minha crença se baseia na doutrina espírita e cresci lendo textos sobre vida após a morte, reencarnação, carma, umbral etc… Mas o seu texto não conseguiu me prender, foi tudo muito rápido, com muitas passagens de tempo que fizeram com que a narrativa perdesse força… Se gosta de textos nesse estilo, convém observar isso, procure escrever de forma mais fluída, com um pouco mais de detalhes, com certeza agradará ao público que busca por esse tipo de texto.

  10. Martha Angelo
    22 de setembro de 2013
    Avatar de Martha Angelo

    A proposta do conto e o seu início são interessantes, até porque não tenho restrição quanto à inserção de temas religiosos em textos, mas o estilo do texto não me agradou. Não consegui sentir empatia pelos personagens, pela forma como a história foi contada…enfim…

  11. José Geraldo Gouvea (@jggouvea)
    21 de setembro de 2013
    Avatar de José Geraldo Gouvea (@jggouvea)

    Não tenho restrições à mistura de religião com ficção, desde que a ficção seja boa. Este é um texto que parte de uma premissa básica bem simples — as impressões de um morto após o “desencarne” — e constrói um começo de história promissor. O problema é que fica na promessa. O tema é muito amplo para um conto de dez mil caracteres, o que obrigou o autor a fazer saltos como:

    “Assim se passaram muitos dias e muitas noites, os dois moços corajosamente enfrentando os perigos, tentando fazer contato com alguem, mas sem sucesso.”

    Sim, esse é um exemplo de narração fria, distanciada e sem cor. Repete-se muito disso por todo o texto.

    Os personagens são outro problema, após a cena do cabo de vassoura, eles se perdem. Pareciam promissores, densos, cheios de nuanças. Mas de repente eles recaem em clichês e deixam de ter personalidade própria. Suas ações deixam de ter motivações e passam a ser papeis ensaiados segundo a Doutrina Espírita.

    A literatura espírita não é, ou não precisa ser, um deserto de qualidade. Deveria ser possível escrever boa literatura espírita, tanto quanto se escreveu boa literatura sobre outras religiões. Mas este texto não faz muito por essa causa.

    De qualquer forma, recomendo persistência a quem o escreveu. Talvez uma dose de transgressão. Arte não combina com respeito estrito à doutrina recebida.

  12. Thais Lemes Pereira (@ThataLPereira)
    20 de setembro de 2013
    Avatar de Thais Lemes Pereira (@ThataLPereira)

    Realmente, essa tipo de história tem um público alvo. Apensar de não ser esse público, gostei. É uma bela narrativa. Só gostaria de dar uma dica: cuidado com excesso de advérbios. Li muitas palavras terminadas em “mente” e na maioria das vezes muito próximas. Empobrece o texto.

    Tirado isso, ótima história!! Parabéns!

  13. piscies
    16 de setembro de 2013
    Avatar de piscies

    O tema religioso realmente “filtra” um pouco o público que gostará e não gostará deste conto, mas é sabido que existem contos direcionados desta forma, então não vejo nada de errado nisso (apesar de eu mesmo não ter a mesma crença).

    A história é boa, mas achei mal apresentada. Falo da própria forma de escrever. Muitos parágrafos desnecessários, muitas vezes de uma frase só. Muitas exclamações e interrogações. Falta de revisão. Falta de artigos para fazer a ligação entre alguns termos.

    O que me parece é que esta é a forma “bruta” de um excelente conto. Uma espécie de brainstorming, escrito de uma só vez por uma mente muito inspirada, mas que não foi lapidado depois para apresentar tudo de forma bonita, fluida e atraente.

    Enfim, boa ideia, história comovente, mas faltou apresentar de forma melhor.

  14. Fernando Abreu
    13 de setembro de 2013
    Avatar de Fernando Abreu

    Não gostei do conto. Acho interessante a mistura de religiões com o tema morte, envolvendo pós-vida, céu, inferno, reencarnação, entre outros aspectos. Porém, a maneira como isso foi colocado no texto me fez sentir uma espécie de imposição do que é certo e do que é errado.

  15. Reury Bacurau
    13 de setembro de 2013
    Avatar de Reury Bacurau

    Gostei da forma com que foi escrito. Só achei que, como a história seguia uma determinada crença religiosa, isso acabou tornando o desfecho “previsível”.

  16. Felipe Falconeri
    12 de setembro de 2013
    Avatar de Felipe Falconeri

    Acontece muita coisa do conto, mas os acontecimentos são introduzidos de forma muito repentina e rapidamente – sem dar tempo para que o leitor tenha um real envolvimento com a situação – se solucionam e já dão lugar a outros. Minha sensação foi de como se eu estivesse vendo TV e mudando de canal a todo instante.

    O texto tem um excesso de exclamações que incomoda. Algumas parecem querer forçar um tom de surpresa, outras só estão mal colocadas mesmo. Também há interrogações em excesso, que pareceram muletas narrativas para mostrar os sentimentos de dúvida da personagem. Ficaria melhor se essas dúvidas fossem introduzidas de forma mais natural.

    No final, o conto se mostrou muito panfletário. Parece uma espécie de parábola para mostrar o quanto é ruim ser ateu.

    Particularmente, não me agradou.

  17. Marcelo Porto
    12 de setembro de 2013
    Avatar de Marcelo Porto

    Também achei a história muito envolvente. As descobertas da protagonista são muito bem narradas e nos torna totalmente cúmplices dela.

    Vi muito potencial na trama. Até o meio é extremamente interessante, por várias vezes me perguntei se seria uma história de zumbi, ou vampiros ou fantasmas, enfim só lendo pra saber. O autor é muito eficaz em não entregar o ouro antes da hora.

    Não fosse o desfecho, seria perfeito. Apesar disso gostei muito.

  18. Gustavo Araujo
    11 de setembro de 2013
    Avatar de Gustavo Araujo

    Uma história envolvente e que impulsiona sem dó o leitor ao próximo parágrafo. Bem escrito, boa escolha de palavras, bom vocabulário. Um conto excelente. Talvez – e essa é a única ressalva – o teor por vezes religioso tenda a afastar e a causar um certo desconforto a quem não professa a mesma fé. Fora isso, parabéns. Está muito bom.

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Publicado às 11 de setembro de 2013 por em Cemitérios e marcado .