EntreContos

Detox Literário.

São Nicolau (Marco Piscies Saraiva)

I

Havia uma rainha morta no caminho de volta para casa.

Alice, que voltava da sua conversa recente com o Mar, parou quando viu a peça sob o arbusto. As ondas cantavam a marcha fúnebre. A constância irregular era como o batuque do tambor do tempo: tchuaa, tchuaa, tchuaa. Notou que não ouvia as águas, mas o seu próprio coração.

A mãe foi a única opção que lhe veio à mente, e o pensamento fez seu corpo todo estremecer. Saiu em disparada. Os chinelos eram frágeis demais para o caminho de terra e pedras. Quando o primeiro arrebentou, largou para trás também o segundo. A brisa cortava a pele, como se o mundo pedisse para que parasse, falasse que estava tudo bem. Mas nada estava bem. Não com a rainha morta no caminho.

Não limpou os pés quando chegou em casa.

“Mãe?”

“Tô na cozinha.”

Encontrou a mãe na beira do fogão e lançou-se sobre ela em um abraço aliviado. Enterrou o rosto no cabelo de cobre, a mãe que a esta altura era menor do que ela e seus dezesseis anos.

“Oxi, que é isso menina, ficou doida de vez, é?”, mas risadas de alívio foi tudo o que recebeu, e Alice, em troca, ganhou carinhos sujos de farinha.

II

Sentou-se na cama, diante do tabuleiro de xadrez. A ausência da rainha preta era de um vazio estonteante. Alice podia pensar em diversas jogadas melhores que as brancas poderiam ter feito e que não envolviam pegar a sua rainha. Apesar de a peça ser uma das mais importantes, agora ela tinha uma enorme vantagem. Era suicídio tático.

“Às vezes parece que cê tá hipnotizada, sabia?”

Falou Pedro, da janela.

“Que susto, garoto.”

Ela se aproximou, o xadrez esquecido, e ele roubou dela um beijo que queria ser roubado.

“Que cê tá fazendo aqui, cabra da peste?”

“Uai, tu saiu correndo desembestada pela vila, descalça ainda, achei que tinha visto o capiroto.”

“Vi nada.”

“Que que pegou?”

“Nada ué. Só queria correr.”

Pedro assoviou um tom insatisfeito. Ajeitou o chapéu de palha com o braço que não estava engessado, e ofereceu a mão para a namorada.

“Vem, vô te mostrá uma coisa.”

Alice foi com ele até o cavalo amarrado logo atrás da mureta. Raivoso resfolegou ao vê-la.

“Menino, e cê tá cavalgando com esse braço?”

“Desde quando precisa de dois?”

Pedro saltou sobre a sela usando uma perna e o braço hábil com agilidade invejável. Ele e Raivoso eram como irmãos. Alice demorou o triplo do tempo para encontrar a posição certa atrás dele, e entrelaçar os dedos em um abraço.

Tomaram o caminho rumo à Piscina do Diabo, onde o seu umbuzeiro favorito provia a sombra para as conversas dela com o Mar. Recentemente, o lugar era todo lama por causa das chuvas. Raivoso tinha lodo até metade da perna, mas quando se aproximaram da árvore imensa, Alice notou que havia agora uma cama de paletes de madeira ao seu redor.

“Uai, cê fez isso foi?”

“Peguei lá na venda do tio Zino. Ele ia jogar fora, credita?”

Alice andou sobre os paletes serelepe, centímetros acima da lama e sem se sujar. Na visão o mar parecia próximo, apesar do enorme precipício entre eles. Adiante, a Piscina do Diabo era aquele trecho de água salgada entre a vila e a Ilhota do Farol. Mais para cima, não muito longe, a capela de São Nicolau vigiava as águas perigosas, longe de qualquer respingo. Foi ali que diziam que o santo derrotou a besta que lançou àquele pequeno e traiçoeiro trecho do mar, e ali foi que ergueu a sua igreja para lembrar ao povo que a fundura daquelas águas não era natural.

“Obrigada, Pedrinho.”

Sentaram lado a lado, garoto e garota, e ela descansou a cabeça sobre o seu ombro, protegida agora por sombra de árvore e chapéu de palha, e ele a trouxe para si com o braço bom, duas silhuetas contra o sol alto, como uma pintura de quem bota na tela a memória da leveza da infância.

“Cê tem conversado com o Mar?”, falou Pedro.

Uma gaivota piou alto no céu, anunciando a ventania que se aproximava.

“Cê me acha maluca, não acha?”

“Nada. Eu falo com o Raivoso o tempo todo. Não é, Raivoso?”

O cavalo relinchou em resposta, o que arrancou uma risada de Alice.

“Tenho conversado, sim.”

“E como ele responde?”

“Com a chuva.”

“Nada a ver, mar com chuva.”

O céu retumbou em um som gutural que rolou de um lado ao outro do mundo.

“Opa, ele não gostou do que eu falei, não.”

“Não mesmo.”

“Perdão aí, senhor Mar.”

Deixaram o silêncio reinar. Gostava de Pedro porque ele sabia quando não falar. Talvez um dia contasse para ele que as conversas com o Mar tiveram início no ano anterior, quando ela foi até a praia rezar pelo retorno do pai, e as águas o cuspiram de volta como que por mágica. E no dia seguinte, quando voltou ao Mar para agradecê-lo, Ele propôs uma partida de xadrez.

Pedro afagou-lhe os cabelos. De soslaio, Alice viu o braço engessado. Talvez um dia contasse para ele também que aquilo era culpa dela: em um erro de principiante, havia perdido para as brancas o seu primeiro cavalo. Uma semana depois, Pedro, de todos na vila o mais hábil com os animais, caiu sobre o próprio braço quando um deles não gostou de tê-lo nas costas.

“Ano que vem, quando a escola acabar, cê vai aplicar pra faculdade não vai?”

A escola, que era também o orfanato, e que só tinha dois professores na vila inteira: a senhora Silveira, que também servia de mãe para órfãos como Pedro; e seu marido Antônio, o pescador que ensinava quando não pescava, e que quase havia morrido com o seu pai em busca de peixes na Piscina do Diabo.

“Cê não vai?”

“Eu não. Meu lugar é aqui, com os cavalos da senhora Silveira. Vou ter um haras pra mim um dia, cê vai vê.”

Olharam para o horizonte sem querer olhar para o futuro, onde histórias acabam e outras começam, e a dor dos caminhos não percorridos é grande demais para trazer para o presente.

Pedro soltou uma risada.

“Simãozinho tá vindo que nem um preá correndo da chuva, olha só.”

Vinha na distância o garoto Simão. Atrás dele as nuvens o acompanhavam negras, cheias de trovoadas não ditas. Quando estava próximo o suficiente, Pedro gritou.

“Tem como correr da chuva não, bestaiado.”

O garoto pôs as mãos nos joelhos, exausto.

“Dona Silveira.”

“Que que tem a mãe?”

“Dona Silveira faleceu.”

Uma lágrima fugiu de um dos olhos de Alice, tão livre que era como se estivesse ali desde sempre, esperando cair. Pedro se ergueu.

“Como assim?”

“Acharam ela no estábulo. Não sei o que deu com os cavalo, tão dizendo que ficaram com medo de alguma coisa. Pisotearam ela, Pedro. Ela morreu.”

As primeiras gotas de chuva molharam o chapéu de Pedro, e ele não soube o que fazer.

“Vai Pedro”, falou Alice. “Vai”

Ele foi, saltou sobre o cavalo e zuniu para longe dali.

III

Padre Francisco Batista teve dificuldades para fazer a voz soar mais alto do que toda a água que o céu resolveu lançar sobre o funeral. O discurso demorou ainda mais devido às tosses: desde que Alice havia perdido o seu primeiro bispo, meses atrás, o padre já não tinha a mesma saúde.

Seu Antônio e outros voluntários desceram o caixão para dentro da cova. Quando o povo se retirou, Antônio permaneceu ao lado da terra aberta, segurando a pá como uma muleta. Os olhos de Alice não queriam abandonar a cena.

“Seu Antônio, tamo indo. Vem.”

Como um espantalho, o homem não piscou sob a chuva. Sebastião, o pai de Alice, segurou a mão da filha com gentileza.

“Deixa o homem, ele acabou de perder a esposa.”

Foi quando Antônio falou, os olhos fixos no caixão, e a sua voz rouca como um trovão distante.

“Nós trouxe alguma coisa de volta com a gente, Sebastião.”

O pai de Alice se aprumou.

“Eu trouxe você de volta.”

“Cê sabe que não foi você que me trouxe de volta.”

Sebastião puxou a filha para junto de si e partiram da cena em silêncio. Alice achou que a conversa seria muito diferente se não estivesse ali. Sabia que os dois amigos falavam dos dias perdidos no mar, na dúvida se voltariam com vida ou não. Sabia não só porque foi ela quem os recebeu quando retornaram, mas também porque o Mar falava deles como quem fala de filhos perdidos.

Ela nunca soube o que aconteceu na ilhota, mas sabia que era uma peça em um jogo que agora temia não entender.

IV

A escola estava fechada desde o falecimento de dona Silveira. Foram três dias de chuva com poucos espaços para trégua. O Mar estava impaciente.

Alice examinava o tabuleiro sobre a mesa de cabeceira. A chuva havia encontrado um caminho pelo teto e gotejava justamente no espaço onde uma vez esteve a sua rainha. Aquela jogada havia mudado toda a sua perspectiva. Os olhos pousaram no seu último cavalo restante. A lembrança de Pedro caindo e quebrando o braço a fez estremecer.

Sebastião surgiu na porta do seu quarto.

“Não tinha visto essa goteira”, falou o pai. Já trazia consigo uma pequena toalha de prato, que usou para secar o tabuleiro. “Você ainda está jogando o mesmo jogo?”

Ela anuiu.

“Quem é você?”

“Tô jogando comigo mesma, ué.”

Sebastião secou o tabuleiro no silêncio típico que fazia quando não estava satisfeito com a resposta da filha.

“Eu sô as pretas.”

“Que bom, porque elas estão ganhando.”

“Num sinto que tô ganhando.”

“Oxi, e desde quando xadrez se joga com o que se sente?”

O pai deixou o pano dobrado para absorver as gotas, deu um passo para trás e gastou um longo momento olhando a disposição das peças. Sempre que fazia aquilo, Alice se perguntava se ele sabia. Sobre o mar. Sobre a chuva.

“Sempre que cê faz isso, fico achando que vai pedir o tabuleiro de volta.”

O homem soltou uma risada. “Não tenho mais tempo para jogar.”

“Por que me deu ele? Eu nunca tive bonecas. Cê podia ter me dado bonecas.”

“Não gosta de xadrez?”

“Gosto. Mas ninguém na escola gosta. Eu me sinto sozinha, às vezes.”

O pai se sentou ao seu lado, a cama rangeu e se curvou para acomodar o corpanzil.

“Eu vou tentar arrumar mais tempo pra jogar contigo.”

“Desde que cê começou a cuidar daquele farol, não teve mais tempo pra muita coisa.”

O vento fechou as janelas do seu quarto com um baque repentino. As lâmpadas da casa vacilaram por um segundo.

“Eu nunca te dei o tabuleiro. Você que pegou gosto pela coisa.”

“Né nada.”

“É verdade. Ficava me olhando jogar sozinho, daí um dia acordei e ele estava no seu quarto. Você devia ter uns seis anos. Quando peguei de volta, você chorou. Foi quando começamos a jogar juntos e te ensinei as regras. Mas sempre que a gente terminava, a coisa tinha que dormir no seu quarto. Não podia mais voltar pro meu.”

Alice sentiu o riso nascer natural na garganta.

“É, tem cara de coisa minha, mesmo.”

A goteira caía surda sobre o pano de prato, a mancha úmida crescendo sobre a renda a cada toque. Sentiu a mão do pai afagar as suas costas.

“Como você tá, filha?”

Ela encolheu os ombros.

“E o garoto?”

“Pedro falou que precisa de um tempo sozinho.”

Sebastião beijou-lhe a testa e se levantou.

“Toma cuidado com aquela torre branca”, falou, antes de partir.

Alice passou o resto da noite mirando o jogo até o pano encharcar. Decidiu, enfim, a sua próxima jogada. Consertaria o que havia quebrado. Escolheu o peão que melhor servia o seu propósito e o moveu uma casa adiante.

Lá fora, a chuva cessou.

V

Acordou com o relincho familiar de Raivoso. Pela janela viu que era noite-quase-dia. Pedro estava lá, afagando o pescoço do cavalo.

“Desculpa, não queria acordar ocê.”

“Que cê tá fazendo aqui nessa hora?”

“Seu Sebastião mandou vim quando a chuva parasse. Vou ajudar ele no farol.”

O coração da menina esqueceu de bater por um segundo.

“Que que cê tem a ver com o Farol da Ilhota?”

Pedro encolheu os ombros.

“Não posso mais cuidá dos cavalo da senhora Silveira. Os parente dela tudo veio de longe pra pegá as coisa dela, tão contando cada prego. Não me deixam mais entrá. Tenho que achar uma coisa pra fazê.”

“Pedro, é perigoso…”

“Seu Sebastião vai pra lá o tempo todo. Ele trouxe seu Antônio de volta, não trouxe?”

Ela podia ouvir o pai andando pela casa, preparando-se para a curta viagem de barco. Saltou a janela, foi até o cavalo e tocou o joelho do seu cavaleiro.

“Cê tá bem?”

“Tô, uai.”

“Pedro…”

“Ela nem era minha mãe.”

Sebastião saiu de casa com uma sela sobre o ombro.

“É cedo filha, vai dormir.”

“Já vô”, e olhou para o namorado novamente. “Promete que volta?”

“Ué, prometo sim.”

VI

Para fazer o que queria, Alice passou os dias seguintes sacrificando o resto da sua vantagem. Cada peão que perdia era um infortúnio na vila: uma criança quase afogada; uma queda que quase terminou em tragédia. Mas o único peão que importava seguia firme, movimento após movimento, protegido até aquela derradeira jogada. Agora, tinha uma escolha a fazer. Podia alcançar a outra borda do tabuleiro naquele instante, mas, para isso, perderia o seu outro bispo.

Ela nunca gostou muito de Padre Francisco, especialmente desde que ele passou a condenar seu pai e Antônio por terem se aventurado pela Piscina do Diabo em busca de águas mais frutíferas. Hesitou. A mão esticada pesava como se segurasse uma faca.

“É o mesmo jogo?”, perguntou Sebastião. Ela não sabia há quanto tempo o pai a observava, nem quando ele e Pedro haviam retornado da ilhota naquele dia.

“É sim.”

“Oxi, mas mudou tudo. Tá indo rápido agora, né?”

“A-hã.”

“Mais rápido do que eu esperava”, ele disse, como quem vê as fotos de um antigo álbum de fotografias. “Por que você fez isso com o peão?”

“Eu quero a minha rainha de volta.”

“Não é uma jogada muito boa.”

“É a que eu quero fazê.”

O pai anuiu em um silêncio lôbrego, e saiu sem dizer palavra. Lá fora, Alice ouviu Pedro selar o cavalo.

“Pedrinho”, chamou da janela.

“Diz.”

“Fica comigo essa noite?”

Os olhos falaram o que o silêncio não disse, e Pedro, após tirar as botas lameadas, saltou pela janela. Deitaram na cama um do lado do outro, mãos dadas sob a coberta, olhando o teto. Ela dormiu com a cabeça no seu peito, e ele fingiu que não doía, até cair no sono com ela nos braços.

Um sonho fez Alice acordar sem ar nos pulmões. A imagem de Pedro dormindo sereno ao seu lado tirou todas as suas dúvidas. Deslizou para fora dos seus braços por um momento, pegou o peão, e fez a jogada. Um passo adiante.

VII

Antônio pôs a cadeira ao lado da sepultura da esposa e sentou. As flores haviam murchado com o peso da chuva que voltou a cair. Viu a terra revirar em um movimento sutil. Não sabia como sabia, mas tinha certeza de que aconteceria.

Ergueu o rosto e fechou os olhos, passou a língua nos lábios.

A água da chuva tinha gosto de mar.

VIII

O relâmpago fez das trevas dia, e Alice acordou mais uma vez naquela noite. Ainda chovia apesar de a jogada estar feita. No tabuleiro, ao invés da rainha de volta, viu o próprio rei tombado.

Havia algo de terrivelmente errado naquela nova chuva. As águas não falavam mais de impaciência. Ao invés disso, falavam de algo que não sabia e deveria saber. Soavam finais, como um retorno a um lugar que nunca quis retornar.

Andou pela casa. A porta do quarto dos pais estava entreaberta, e um vazio ocupava o lugar ao lado da mãe na cama. Raivoso relinchou lá fora quando um trovão soou.

Alice acordou Pedro.

“Me leva pro nosso umbuzeiro.”

“Ôxi, mas nem sei que horas são…”

“Pedro.”

Algo em seus olhos calou o menino. Não passaram dois minutos e a ajudava a subir no cavalo atrás de si. Atiçou Raivoso chuva adentro, galopando pela terra encharcada. O umbuzeiro era apenas sombra de árvore contra nuvens relampejantes.

Ao longe, o Farol da Ilhota — aquela torre branca que se erguia como um deus do mar — observava as ondas que a tempestade jogava ferozes contra a costa. Lá de cima, Alice e Pedro, quando olharam para baixo, no fundo do precipício, viram o corpo afogado de Sebastião na areia da praia, os braços estendidos, um para cada lado, as pernas juntas na direção das ondas. Um gigantesco braço nasceu das entranhas das águas do Mar. Os dedos de algas se fecharam ao redor dos tornozelos de seu pai e o trouxeram para as profundezas, e o corpo deixou para trás um traço na areia que sumiu quando outras ondas o apagaram. Logo não havia Sebastião, nem braço, nem algas, nem a lembrança de uma incursão em águas sofridas, nem três dias de um ato profano não-dito. Só havia mar e ondas, e chuva, e um céu que aos poucos se alaranjava, e nuvens que aos poucos paravam de chorar.

IX

No cemitério, a mão cadavérica havia saído do chão lamacento, mas parou quando a chuva cessou. Antônio, que antes sorria em assombro, agora mantinha um sorriso sereno. Queria vê-la, beijá-la uma última vez, dizer que a amava. Mas contentou-se em segurar aquela mão suja de lama. Entrelaçaram os dedos como as duas crianças que um dia foram. Lembraram-se juntos do primeiro beijo e de tantas outras primeiras vezes que agora esqueciam sob a terra. Então, a mão retrocedeu, e o que ficou para trás foi apenas um pedaço de terra remexido, que o coveiro acharia ter sido feito por um animal curioso, ao invés de um amor perdido.

Sobre Fabio Baptista

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21 comentários em “São Nicolau (Marco Piscies Saraiva)

  1. Sarah S Nascimento
    14 de dezembro de 2025
    Avatar de Sarah S Nascimento

    Olá! Caramba, a galera adora o nome Alice hein? Já é a terceira ou quarta? kkkk, interessante.
    Eu li seu conto de noite, misericórdia. kkkk, ainda bem que não tô sozinha. risos, que medo!
    Foi um excelente conto, bastante criativo esse negócio das jogadas da Alice estarem ligadas a tragédias na vila. Eu adorei o jeito como os personagens falam! Foi uma história bastante intrigante e bem brasileira né?
    Não achei que a Alice teria coragem de fazer a última jogada ali e gostei muito também dos detalhes visuais, tipo o pano acumulando a umidade da goteira no teto, o gesso no braço do Pedrinho, o chapéu dele. Mais ali no final do conto, até me deu um pouco de dó do homem tentando ter a esposa de volta.
    Muito bom o seu conto.

  2. Thales Soares
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Neste desafio, apesar do tema ser bem abrangente, quase todo mundo decidiu representar um jogo de xadrez acontecendo de forma literal. Tivemos jogo de xadrez com o diabo, com a Morte, com a esposa, com um fantasmas… e aqui, com o Mar!

    O conto começa bem misterioso. Alice, a protagonista, encontra a peça de xadrez da rainha preta caida no caminho após conversar com o Mar. Isso faz com que ela entre em desespero.

    A garota vive com os pais numa vila, e namora um garoto chamado Pedro. Ela está tendo uma disputa com o Mar, e toda vez que ela perda uma peça, uma pessoa ligada à ela morre. E se ela não aceita a jogar, o Mar começa a botar pra foder lá na vila, e começa a fazer umas tempestades e destruir todo. Então ela mantém o jogo ao longo de muitos dias. Ela perde um cavalo, e isso faz com que o namorado dela caia do cavalo e quebre o braço. Ela perde o bispo, e isso faz com que a saúde do padre fique toda zoada. Então a Dona Silveira morre. Com isso tudo, Alice começa a sacrificar sua vantagem no jogo para poder proteger algumas peças específicas, para que nada de mal aconteça às pessoas próximas a ela. O plano dela é fazer com que o peão chegue ao fim do tabuleiro, e ela volte a ter uma rainha. Só que fazendo isso… ela acaba perdendo o pai.

    Sebastião, pai de Alice, morre levado pelo mar. No cemitério, Antonio vê a mão da esposa sair da terra. Com o sacrifício todo, a chuva passa, e o Mar fica calmo. O ciclo do jogo se encerra.

    O conto é muito bem escrito e a organização dele está boa, ao longo de capítulos. Por alguma razão, talvez pelo desgaste deste concurso, e por este ter sido o último conto que eu li, acabei me cansando um pouco no meio da leitura, e demorei muito mais do que eu gostaria para concluir a leitura deste. Mas achei criativo e divertido.

  3. Mauro Dillmann
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Alice, o mar, a vida no interior, dona Silveira.

    Uma linguagem que remete ao nordeste e à oralidade. Tem metáforas também, o que seria a capela de São Nicolau? Esse aspecto, que remete ao título, aparece pouco.

    Tem ritmo e alguns lugares comuns e clichês. Busca o tom de mistério, especialmente sobre os sentimentos de Alice.   

    O final do conto poderia ser mais impactante.

    Bem escrito.

    Parabéns!

  4. Bia Machado
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Olá, Maré, tudo bem? Seguem alguns comentários sobre a minha leitura do seu texto.

    Desenvolvimento (0,8/1,0): Narrativa que pra mim não caberia no limite do desafio. Tem história aí para um livro inteiro e talvez por isso eu tenha me sentido perdida, precisando ler mais de uma vez e tenho certeza de que perdi várias coisas por não ter conseguido relacionar durante a leitura.

    Pontos fortes (1,0/1,0): O estilo da narrativa, achei poético, muito bonito mesmo. Também gostei de, apesar de ter me dificultado a leitura, o autor ou autora não ter entregado nada “de mãos beijadas” para o leitor.

    Adequação ao tema (0,5/0,5): Para mim está adequado. O local onde vivem é um jogo de xadrez, a menina comanda o jogo.

    Gramática (0,5/0,5): Correta, no tom certo quanto à prosódia e acho que acertou em passar a oralidade para o texto sem exageros.

    Emoção (1,8): Gostei muito dessa ternura empregada no conto. Não achei muito legal o lirismo em outro conto que li, mas aqui ficou bonito.

  5. Fabio Baptista
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Fabio Baptista

    Menina joga xadrez com o mar e a cada peça que perde alguma tragédia acontece com a personalidade correspondente no mundo real. A tragédia derradeira é quando o peão está se encaminhando para ser sacrificado para reviver a rainha, mas numa reviravolta acaba morrendo o rei, pai da protagonista.

    Cara, na primeira vez que eu li confesso que não entendi muita coisa. Mas na segunda… ainda parecia que era a primeira! Kkkk. Zoeira, na segunda as coisas fluíram bem melhor e consegui captar muitas nuances que tinham passado batido e, principalmente, apreciar melhor a boa escrita.

    Ainda assim, algumas dúvidas restaram deixando uma sensação de que deixei alguma coisa perdida pelo caminho, mas por mais que tentasse encontrar (e eu juro que tentei) não consegui. Tipo… ao término da leitura dá impressão de que tudo foi um plano do Antônio para reviver a mulher, mas isso não faria sentido. Em determinado momento, parece que Alice está jogando para reviver a rainha também, mas isso faria menos sentido ainda, porque ela sabe o custo disso. Bom, amanhã alguém explica na live.

    MUITO BOM

  6. Thaís Henriques
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Thaís Henriques

    Super parabéns!!!! Uma delícia de ler, muito bem escrito.

  7. Amanda Gomez
    12 de dezembro de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Achei o conto sensível e bem escrito, com uma atmosfera bonita e melancólica. A escrita é cuidadosa.

    Por outro lado, tive dificuldade em me envolver plenamente com a história. Até mesmo de entendê-la. Em vários trechos a leitura ficou um pouco difusa pra mim. O xadrez funciona mais como símbolo emocional do que como elemento narrativo, mas em alguns momentos parece distante demais, quase coadjuvante, e isso me fez questionar a adequação ao tema.

    A protagonista atravessa perdas importantes, mas senti falta de um aprofundamento maior que me fizesse criar uma conexão mais forte com ela. No final, fiquei com a sensação de que a história se encerra meio apressada, embora o texto em si se alonga demais ou vai e vem muito rapido. Entendo a ideia de um final aberto e simbólico, mas como leitora senti falta de algo mais definido.

    No geral, é bem escrito, com boas imagens mas que não conseguiu me envolver completamente.

    Boa sorte no desafiO!

  8. danielreis1973
    10 de dezembro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    São Nicolau (A. Maré)

    Uma mistura de realismo mágico brasileiro,  religiosidade, intimidade adolescente, simbolismo de xadrez e uma entidade divina marítima fora do eixo tradicional. Este é um conto maduro, com domínio técnico e artístico, mas que por alguma razão não se conectou com o meu gosto pessoal – acho que foi pelo contexto em si, mais que pela narrativa.

    PONTOS POSITIVOS

    O texto cria uma ambiência extremamente bem construída: misticismo costeiro, religiosidade popular nordestina, folclore marítimo, semi-realismo mágico de fortíssimo impacto.

    O autor demonstra domínio técnico, com prosa madura, fluida, musical, com poder de imagem alto (“as águas cuspiram o pai”, “chuva de gosto de mar”, “torre branca como um deus do mar”). Há ritmo, cadência e precisão vocabular. A textura dos sentidos  é bem rica: chuva, mar, lama, trovoadas, cheiro, som, etc.

    Alice e Pedro são retratados com grande delicadeza. A relação dos dois é afetiva, crível e cheia de nuances, com intimidade adolescente retrabalhada sem pieguice. Já Sebastião e Antônio surgem como figuras densas, carregando dor.

    Talvez o ponto mais forte seja o Mar como personagem: tem vontade, humor, capricho, fala pela chuva, responde, cobra. É entidade divina-ancestral. Essa relação, entre Alice e Mar é o coração do conto.

    PONTOS A MELHORAR 

    (Importante notar: são riscos literários, não defeitos).

    Simbologia: para o leitor que não se atenta ao entrelaçamento entre metáfora e realidade, o conto pode gerar confusão ente o que é uma coisa e outra.

     O xadrez às vezes ganha peso técnico demais, e isso eu observei em outros contos: quem como eu, tem menos familiaridade com o jogo, acaba sentindo que certas passagens dependem de entender jogadas (cavalos, bispos, promoção de peão) para pegar o sentido total da escrita.

    A repetição — intencional —da chuva tem efeito ritual, mas alguns trechos podem se beneficiar de uma variação sensorial do Mar, com ondas, vento, marés, etc..

     O núcleo da culpa de Alice com Pedro é pouco explorado, fica mais sugerido do que sentido. Talvez um parágrafo sobre o que ela sentiu no momento da queda reforçasse esse elo simbólico.

    Boa sorte no desafio!

  9. Fabiano Dexter
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    História

    Alice está jogando uma partida de Xadrez contra o Mar, mas as suas ações acabam gerando impactos e consequências na vila onde mora. O desenvolvimento com o jogo acontecendo enquanto desenvolve a sua história e o do seu entorno foi muito interessante.

    O final ficou um pouco confuso, na minha opinião. A jogada para volta da Dama ligada à queda do próprio Rei, que significa desistência. Não ficou claro se seu pai se entregou ao mar ou outra ação ficou relacionada à desistência de Alice.

    A ideia do pai de Alice perdido e voltando como se fosse um pacto bem interessante, mas pouco clara.

    Tema

    Trata o Xadrez como meio de comunicação/desafio entre Alice e o Mar. Excelente.

    Construção

    Gostei da linguagem usada, não é rasa e também não impacta no ritmo da história. A história começa a se desenvolver de forma mais lenta e vai acelerando até a sua conclusão.

    O final que acabou ficando um pouco corrido, um pouco solto, em comparação com o restante da história. Não ficou claro se o pai de Alice entendeu o que seria o jogo e se sacrificou (por isso o rei caído no tabuleiro) ou se foi uma ação externa que causou isso.

    Impacto

    Gostei bastante do texto. Uma excelente ideia muito bem desenvolvida.

  10. cyro eduardo fernandes
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto rebuscado em prosa poética. Carga emocional elevada, tangenciando o xadrez metaforicamente. Parabéns. Sucesso no desafio.

  11. Jorge Santos
    8 de dezembro de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá. Gostei da premissa do seu texto, que mistura xadrez com magia, ou realismo mágico. Um tabuleiro onde as jogadas têm consequências na vida real é uma ideia interessante, algo parecido com o Jumanji. Gosto de pensar que alguma inspiração tenha vindo deste filme. Se a premissa é interessante, a execução creio que poderia ser melhorada. O texto divaga para demasiados territórios. Creio que para além da ideia inicial, bastante forte, o autor ou autora decidiu acrescentar outras nuances, que enfraquecem a ideia inicial e confundem o leitor. O resultado é um texto bonito, sem falhas. Mas isso não é o suficiente para prender a atenção do leitor.

  12. Pedro Paulo
    7 de dezembro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    ERRATA: Por engano, postei um comentário dedicado a outro conto. Abaixo segue o comentário que escrevi para este:

    Os melhores contos, como é o caso deste, conseguem passar profundidade por suas sutilezas. Aqui há material para uma novela ou mesmo um romance e caso fosse uma autoria menos experiente, talvez o texto se passasse mais por capítulo do que por conto, mas o protagonismo em Alice não é ofuscado pelo enredado de personagens que abrilhantam a trama, com suas relações e personalidades discerníveis mesmo no espaço curto do texto. De todos os personagens, o mais interessante e bem construído é o Mar, cujas palavras são a tempestade e a vontade é a morte indevidamente superada. O regionalismo da linguagem, o plano de fundo mágico de santos vencendo demônios e de um mar enxadrista, tudo foi bem lapidado num conto com muita personalidade e, de certo, em uma das abordagens mais criativas deste certame, presente não só na partida que move a trama, mas no simbolismo das peças que incorporam a comunidade. Uma ótima leitura para este desafio e além dele.

  13. Pedro Paulo
    7 de dezembro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    A mistura do simbolismo apocalíptico bíblico com as peças de xadrez e a imagem de um tabuleiro sucumbindo à desordem é potente. Toda a destruição narrada é o próprio conflito resolvido pela chegada do “verdadeiro rei”, uma saída previsível, mas coerente com o plano de fundo simbólico associado ao xadrez e estabelecido desde o início. Curto demais para conter personagens e as demais complexidades possíveis a um enredo mais robusto, tende a ser desfavorecido no certame por não ter se dado mais espaço para encorpar. Fica sendo um bom experimento textual referente ao tema Xadrez, entretanto.

  14. Priscila Pereira
    25 de novembro de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, A. Maré! (Ou seria Amar é?) Tudo bem?

    Gostei bastante do seu conto! Apesar de não ter entendido completamente…

    Gosto bastante desse clima fantástico, do realismo mágico e da beleza das imagens que você criou.

    O mar como um personagem, assim como a chuva e a piscina do diabo, ficou muito bom! Achei esse vilarejo meio como o Macondo do Gabriel Garcia.

    O tema do desafio foi bem utilizado e achei original. Gostei muito de Alice e Pedro, fiquei preocupada de que fosse acontecer alguma coisa com o Pedro, mas você decidiu matar o pai… que seria o Rei, né. Ele com certeza sabia o que estava acontecendo com a filha e imagino que de alguma forma ele tenha se sacrificado para parar aquele jogo.

    A imagem final da mãe do Pedro quase saindo da terra foi muito boa! Assim como ela recolhendo a mão enquanto o pai da Alice está sendo levado para o mar…

    Enfim, gostei bastante! Um dos meus preferidos!

    Parabéns pelo conto!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  15. Mariana
    24 de novembro de 2025
    Avatar de Mariana

    Para a avaliação ficar bem explicada, organizei os tópicos que construíram a nota

    História: 

    Há começo, meio e final (0,75)? Sim, a história conclui aquilo que ela propôs. 0,75

    Argumento (0,75): Uma garota passa a jogar xadrez com o mar, após rezar pelo retorno de seu pai. Desde então, a vida dos membros de sua comunidade depende da partida. É um conto denso, no sentido de construção de universo, criativo e que usa criativamente o xadrez. 0,75

    Construção dos personagens (0,5): Alice é a personagem melhor construída, os outros como o seu namorado Pedro são planos e ferramentas para o desenrolar da história. Nada que tire o brilho do texto, ainda mais levando em conta o limite de palavras. 0,4

    Técnica:

    A capacidade da escrita de prender (0,75): Eu tive de ler o conto duas vezes, até pela densidade de sua proposta. Contudo, a segunda leitura me conquistou. É um livro em potencial. 0,6

    Gramática, ortografia etc (0,75): Português correto e bem utilizado em todo o trabalho. 0,75

    Impacto (1,5): Foi uma ótima experiência a leitura de São Nicolau e eu não sou a maior fã do gênero fantasia. Espero que a maré seja favorável e dê prosseguimento ao belo trabalho. 1,25

  16. Gustavo Araujo
    17 de novembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Para o meu eu-leitor não existem dúvidas. Este é o melhor conto da série B, quiçá do desafio. Nem vou comentar demais para não ganhar o troféu bajulador do ano. Mentira, vou comentar sim kk

    O conto aborda o tema com maestria e criatividade, mistura muito bem a leveza de um amor quase inocente entre Alice e Pedro e o suspense provocado pela consciência de quem lê de que a morte no tabuleiro significa a morte, ou no mínimo um acidente, de alguém na vila. E é muito legal perceber que você, caro(a) autor(a) conseguiu mostrar essa maldição e não simplesmente contar. Lá pelo fim do terço inicial, quando isso fica claro, não mais para parar de ler. E para piorar, tinha o Rei, Sebastião, pronto para tombar quando o ápice da história chegasse, como chegou, até que ele desaparecesse na piscina do diabo. Muito massa também o lance da rainha (Silveira) ressuscitar quando o peão chegasse ao fim das casas – fiquei esperando a terra regurgitar o corpo da mulher, e que ela saísse cambaleando ou algo do tipo kk Mas, claro, com o rei morto acabou-se o reflexo macabro, tudo voltou para o estado natural das coisas.

    Gostei do desenvolvimento como um todo – acho que já deu para perceber – da construção dos personagens e da maioria dos diálogos. E aqui digo a maioria porque em pequenos trechos me pareceram flertar com a pieguice. Veja bem, só flertou, ficou na beiradinha, mas evitou a queda.

    Não ficou muito claro se o pai Sebastião já sabia da maldição, se desconfiava, se tinha passado por isso… Mas, para dizer a verdade, isso não importa muito. Talvez, se ele soubesse, ou desconfiasse, acabaria conformado com o próprio destino. Desculpe, estou divagando…

    Enfim, só não vou dar nota 5 porque acho que faltou um arremate para Alice e Pedro. O conto parou no Antônio e na mão quase emergente da esposa falecida. Eles são secundários na trama. Não poderiam, acho, servir de fecho. Enfim, se posso sugerir alguma coisa, é que você acrescente um parágrafo no fim, sei lá, com a Alice e o Pedro começando uma nova partida.

  17. Kelly Hatanaka
    12 de novembro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Considerações

    Conto interessante, sobrenatural com uma atmosfera de suspense.

    Ele começa despertando a curiosidade com algumas atitudes estranhas e logo tudo vai fazendo sentido. Alice joga xadrez com o mar, desde que ele atendeu a um pedido seu e devolveu seu pai. Talvez o pai tenha desagradado o mar por ter ido a um local considerado amaldiçoado em busca de peixes. Seu amigo, Antônio diz que trouxeram algo do mar, algo que não deviam ter trazido.

    A cada peça perdida de Alice no jogo, algo ruim acontece com alguém próximo. Quando ela perde a rainha, a mãe adotiva do namorado morre. Então, ela leva o peão até o fim do tabuleiro para transformá-lo em dama e ressuscitá-la. O mar desaprova essa manobra e toma o pai de menina de volta.

    Gostei ou não gostei

     Gostei, é uma boa leitura, embora tenha me sentido um tanto confusa ao final, pensando se não terei perdido alguma coisa da história.

    Pitacos não solicitados

    A atitude de Antônio, esperando que dona Silveira se levantasse do túmulo é estranha, como ele poderia esperar isso, sem saber do xadrez? O final causou bastante estranheza, como se o conto todo narrasse uma história e, ao final, a história verdadeira fosse outra, que nem sequer foi contada.

    Foi de propósito? Se sim, ok. Afinal, estranhamento não é uma sensação ruim.

  18. andersondopradosilva
    8 de novembro de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Olá, autor.

    Autor, este foi o conto que mais me esforcei para gostar, sobre o qual mais me debrucei. Muita coisa me escapou. O tom regionalista, único e, portanto, original no contexto do desafio, acabou por me causar estranhamento e atravancar a leitura. A excessiva fragmentação, a excessiva divisão em capítulos e a profusão de personagens me confundiram, até porque a cada nova aparição vinha uma apresentação ou explicação, ainda que breve. A prosa-poética, que normalmente me agrada, no seu texto soou mais como uma intromissão a impedir o prosseguimento da narração, o prosseguimento da sucessão de fatos e sua causalidade.

    A literatura de que gosto é a realista. Até gosto do realismo mágico, mas com muitas ressalvas. Pra mim, o que você trouxe aqui foi realismo mágico. Eu gosto do realismo mágico quando ele funciona como instrumental para falar do real social, como em Cem Anos de Solidão, do Garcia Marquez, e em Terra Sonâmbula, do Mia Couto, mas não sou fã do mágico pelo mágico, que foi praticamente o caso deste seu conto, em que o garota ansiava tanto pelo retorno de seu falecido pai que obteve do mar o favor de sua ressurreição. Enfim, queria muito ter gostado do seu conto, cheguei na festa, ouvi a música, entrei na pista, movi o corpo, tentei dançar, mas abandonei o salão antes do fim do baile.

    Nota 4.

  19. Antonio Stegues Batista
    8 de novembro de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Mais um conto onde o tabuleiro de xadrez tem poder so0obrenatural. Cada lance feito pela protagonista, reflete nas pessoas da vila, a pessoa morre e se está morta, ressuscita. Não entendi o significado da goteira caindo sobre o tabuleiro. Acho que o diálogo caipira ficou raso. Não encontrei motivos para isso. Nem todo mundo que vive no campo fala assim. Se a intenção era criar um diálogo regionalista, do Nordeste, ficou faltando a fala típica.

    Oxente/Oxe: Uma interjeição muito comum, usada para expressar surpresa, espanto, indignação ou apenas como um cumprimento casual, similar a “uai” ou “ué”.

    Arretado: Algo muito bom, excelente, ou uma pessoa corajosa/brava. Também pode ser usado em um sentido negativo, dependendo do contexto (“fulano é arretado” pode significar que ele é bravo).

    Aperreado: Estar preocupado, angustiado, com pressa ou sob pressão.

    Caba da peste / Caba (macho) / Mulé (mulher): Expressões genéricas e carinhosas para se referir a uma pessoa, que podem ser usadas tanto em sentido positivo quanto negativo, dependendo do tom.

    Visse: Derivado de “ouviste” ou “você viu?”. É usado no final das frases como um pedido de confirmação ou atenção, similar a “entendeu?” ou “sabe?”.

    Mangar: Zombar, caçoar ou fazer chacota de alguém.

    Buliçoso: Pessoa que gosta de mexer em tudo, inquieta, travessa.

    Dar o grau: Caprichar em algo, deixar algo bem feito ou arrumado.

    E após?: Usado como “e então?” ou “e aí?”, para dar continuidade a uma conversa.

    Pantim: Pode significar bagunça, confusão ou frescura, dependendo do estado nordestino.

  20. claudiaangst
    6 de novembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    O tema Xadrez foi abordado de uma maneira bem instigante. O clima de suspense mesclado com terror da trama me fez lembrar do conto de W.W.Jacobs, “A Pata do Macaco”. Macabro!

    O conto está muito bem construído e escrito com muita habilidade. A linguagem clara e os diálogos naturais contribuem para a fluidez da leitura. Pouca coisa escapou à revisão:

    • cê vai aplicar pra faculdade > soou pouco natural esse “aplicar”, poderia dizer simplesmente “cê vai pra faculdade”
    • Vai Pedro > Vai, Pedro
    • É cedo filha, vai dormir. > É cedo, filha, vai dormir.

    A narrativa prende a atenção e traz um clima de suspense/terror que envolve o(a) leitor(a). Forte candidato para o pódio.

    Parabéns por aceitar mais esse desafio e boa sorte.

  21. Luis Guilherme Banzi Florido
    5 de novembro de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Fala, maré! Tudo bem?

    Cara, que conto interessante! Temos bons personagens, um mistério envolvente, mortes e coisas em aberto para preencher. Gostei!

    Aqui, o xadrez é ligado a um tipo de entidade mística aquática. Algo que foi derrotado e preso ali por um homem santo. De algum modo não explicado, a criatura exerce influência por meio daquele tabuleiro de xadrez. Tudo aqui é misterioso, mágico. O lugar em si é um personagem ( é carismático), com o farol, a piscina do diabo, o mar, a árvore na encosta. Tudo é vivo, respira, promete, ameaça, tira. Essa composição misteriosa cria um clima delicioso na leitura. O conto é longo, mas eu devorei, querendo saber onde aquilo tudo ia dar. Você é muito bom em criar esse suspense, em trabalhar o misterio.

    A técnica também é boa, apesar de sentir que o conto é um pouco acelerado no final, onde perde um pouco daquele refinamento estético que brilha no começo. Adoro esse tipo de escrita, imagética, cheia de metáforas, que brinca com as palavras. Mas, como disse, senti que no final do conto, talvez por falta de tempo e/ou espaço, isso foi sumindo.

    Os personagens são carismáticos e os diálogos são bons.

    Enfim, um belo conto, cheio de mistérios e suspense, que me prendeu na leitura do início ao fim. Falando no fim, não sei bem o que pensar sobre ele. Acho que me deixou meio confuso, mas isso não é demérito. Vou reler mais uma vez e continuar pensando. Parabéns e boa sorte!

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Publicado às 2 de novembro de 2025 por em Liga 2025 - 4B, Liga 2025 - Rodada 4 e marcado .