EntreContos

Detox Literário.

Ausência (Priscila Pereira)

O frio e a escuridão chegaram à minha vida sem que eu esperasse. Um frio de congelar os ossos e uma noite perpétua. Mas antes eu era sol e luz. Irradiava alegria e calor. Era completa. Completamente feliz. Flores cresciam em meu jardim e borboletas voavam ao seu redor. 

A vida era boa, calma e previsível. Minha casa era refúgio e altar. Lá, meu marido, minha filha e eu vivíamos nossas vidas tão costuradas entre si, que era como se fôssemos apenas um. E foi nessa casa que tudo mudou. 

Lívia, tinha apenas seis anos. Estava sentada no assoalho, de frente para a mais fantástica casa de bonecas já feita por um pai leigo. Da cozinha, ouvia a conversa animada entre as bonecas e achava graça de sua imaginação fértil. Até que um baque surdo seguido de silêncio me fez correr até ela. 

Mesmo de olhos fechados, ainda consigo ver o corpinho se debatendo no chão. A boca espumando, os olhos cor de mel revirando. Quando a ambulância chegou ela já havia partido. E aquela foi a última vez que vi o sol e senti seu calor. 

Ninguém nos prepara para enterrar um filho. É contra a natureza. Contra o curso da vida. É algo que despedaça sua alma e estilhaça seu espírito. E você é obrigada a continuar vivendo, mesmo que já esteja morta. 

Agora, meu marido não consegue me olhar nos olhos. Pergunta exaustivamente como aconteceu. Mesmo que minha resposta continue sempre a mesma, não para de perguntar. Ele não diz, mas sei que acha que a culpa foi minha. Que eu não estava prestando atenção suficiente nela, que não corri para socorrê-la rápido o bastante, que não fiz qualquer coisa que deveria ter feito que salvaria a sua menininha. Ele precisa encontrar um responsável, e não sobrou mais ninguém além de mim. 

Eu poderia tê-la salvado? Será que não fui rápida o suficiente? E se eu a tivesse levado mais vezes ao pediatra? Tivesse feito mais exames de rotina? E se meus genes fossem melhores? E se eu fosse uma mãe mais atenta? E se eu fosse uma pessoa melhor? E se meu amor fosse forte o suficiente para ressuscitá-la? 

E se… 

Ele não precisa me culpar, eu já me culpo o suficiente. 

Cada dia o frio me abraça com mais intensidade. Passo todas as horas tremendo, com um cobertor firmemente preso ao redor do corpo. Tento lembrar como era sentir minha pele e coração aquecidos. Tento enxergar além do que está a dois palmos do meu nariz. 

Procuro o calor do meu marido, mas ele está mais gelado do que eu. Mais vazio. Mais morto. Não sei como a vida de dois adultos pode estar tão ligada a uma criança a ponto de não existir mais nenhum motivo para viver, para continuar. Nada. Apenas o vazio, o frio e a escuridão. 

Não percebo se estamos comendo, tomando banho e dormindo pois a comida não tem mais sabor, a pele não tem mais perfume e os sonhos cessaram. Não sinto o tempo passar. Parece que foi ontem, e há milhares de anos. Parece que estou presa em um limbo eterno, revivendo a dor a cada instante sem trégua. 

Posso ouvir o vento e a chuva lá fora. Açoitando a casa que agora é nosso túmulo. Ouço o canto dos pássaros, o barulho dos carros, o murmúrio das pessoas que passam na rua. Como o mundo ousa continuar existindo normalmente se ela não está mais aqui?

Acordo sobressaltada com Alex parado ao lado da minha cama me encarando, segurando um travesseiro na altura do peito. 

— O que foi? — Meu coração está descontrolado e meu cérebro totalmente alerta. 

Ele hesita. Parece não saber ao certo o que quer.

— A gente podia… — fecha a boca, parece perceber o travesseiro e o joga longe. 

— Esquece. — Vira as costas e volta para a sala. 

Ele passou a dormir lá. Não conseguia mais estar no mesmo cômodo que eu. 

Não consigo voltar a dormir. E depois disso, passo a trancar a porta do quarto. 

Ele está cada dia em um estado mais miserável. Olheiras profundas, pele grudada aos ossos. Ouço seus pés arrastando-se pela casa, em eterno murmúrio. Fala sozinho? Com a Lívia? Com vozes que mandam que ele acabe com tudo? 

Ouço um estrondo e corro para ver o que está acontecendo. Ele está destruindo a casa de bonecas com um martelo. Está enlouquecido, colocando tudo abaixo. Cada parede, cada móvel. Tudo virando  pó. 

Ele olha para mim com o martelo ainda na mão, e seu olhar é de quem está no inferno, sendo torturado eternamente. 

Corro para o quarto e me tranco lá dentro. Não sei por que estou desesperada. Não seria melhor ir de encontro com minha filha? Não tenho coragem de pôr um fim em minha vida com as próprias mãos, então por que não deixar que ele o faça? Com certeza ele viria logo após e estaríamos juntos e felizes outra vez. 

Mas sou covarde demais para isso. Ainda quero viver, por mais que doa. Por pior que seja. Não estou pronta para morrer. E não quero que ele se vá também. Ele é o único elo que tenho com minha filha. A única lembrança de que um dia eu fui feliz e que um dia havia calor e luz. 

Escondo todas as facas, martelos, serrotes, cordas e qualquer coisa que Alex possa usar para acabar comigo e com ele. 

Ele parece não notar. 

Enquanto isso ele dá fim a tudo o que prove a existência de Lívia. Eu não me importo. Que ele faça qualquer coisa que lhe traga um pouco de paz e alívio. Escondo algumas fotografias, peças de roupa, desenhos e cartinhas. Deixo que ele queime todo o resto. 

Encontro-o chorando em posição fetal ao lado das cinzas da fogueira. O levanto com cuidado e o conduzo até o banheiro. Ele não protesta. Tiro suas roupas sujas, ligo o chuveiro e deixo que a água quente aqueça sua pele fria. Depois o ajudo a entrar debaixo de vários cobertores. Deito ao lado dele e adormecemos aninhados um ao outro. 

Na manhã seguinte ele parece catatônico. Eu o alimento e deixo que se recupere. 

— Ana, eu não aguento mais. Me deixe ir! — Seus olhos imploram. 

— Você pode ir a qualquer momento, se isso te ajudar a melhorar… a porta está aberta, é só sair — não olho para ele, porque no fundo não quero que ele vá. 

— Não. Você não entendeu. Eu não consigo fazer sozinho. Mas você pode me ajudar… a ir até ela.  — As mãos torcem o cobertor. As sobrancelhas levantadas esperam uma resposta. 

A compreensão do que ele realmente quer me chega aos poucos. Pisco, boquiaberta. Não consigo me controlar mais. Desabo em um choro incontrolável, daqueles em que pedaços da alma escorrem pelos olhos. E soluços histéricos me tiram o fôlego. 

— Eu não consigo! Não posso! Não me obrigue… eu preciso de você para continuar. Se você for, eu vou enlouquecer.

Ele levanta e me abraça pela primeira vez desde a morte de nossa filha. Me ver desabar toca algum lugar em sua alma, obrigando-o a reagir.

— Calma, está tudo bem… eu não vou a lugar nenhum. Foi um momento de fraqueza só… 

Choramos juntos pela primeira vez. A dor chegou ao ápice. Desse momento em diante só poderá retroceder. 

O frio ainda é intenso e a noite continua eterna, mas não há mais portas trancadas, nem olhares acusadores. 

— Eu sinto tanta falta dela.

— Eu também… acho que esqueci o som da gargalhada dela. Era tão engraçada, você ainda lembra? 

— Sim. Sonho com ela às vezes. É tão bom enquanto estou dormindo, mas é terrível quando acordo. 

Meus olhos enchem de lágrimas, que deixo escorrer livremente.

— Eu nunca sonhei com ela. Não sonho mais nada. Nunca. Nem acordado. — Ele suspira. 

— Ela era uma figurinha, tão falante, passava o dia todo inventando histórias para suas bonecas. 

Ele olha para onde ficava a casa de bonecas. 

— Será que um dia vamos voltar a viver? 

— Não sei. Não parece possível, mas… algum dia, tem que ficar mais fácil… — respondo, tentando acreditar. 

A casa, antes cheia de vida e barulho, gargalhadas e correria, cheia de brincadeiras e alegria, agora é silêncio. Silêncio dos enfermos e mortos. Sussurramos um para o outro, como se temêssemos perturbar os mortos. Como se Lívia estivesse na sala, ainda em seu caixão branco e tão pequeno, que nem deveria existir. 

Precisamos nos desapegar da casa que um dia fora nosso lar, mas que agora é nosso túmulo. Apodrecemos junto com a memória de nossa preciosa criança, que era fruto do nosso amor, que devia ter permanecido depois da nossa morte, como é natural. 

Decidimos vender a casa e recomeçar. Cada um tentando refazer sua vida. Separados. 

Não temo mais pela instabilidade mental dele. Estou exausta de tentar mantê-lo vivo. De tentar me manter viva. Preciso descansar. 

Mudo de cidade, arrumo um emprego, começo uma rotina nova e intensa. Não quero ter tempo para pensar, para sentir. Cuido apenas de mim, como há muitos anos não acontecia. Viver apenas para mim é libertador. Mesmo assim o frio e a escuridão permanecem inalterados. E eu já perdi a esperança de reencontrar o sol. 

Ainda acordo aos prantos com minha menininha cristalizada nas retinas. Eternamente com seis anos. Eternamente meu bebê. É desesperador não saber como ela se pareceria agora, entrando na adolescência. 

Ando pelas ruas procurando meninas da idade que ela teria, busco alguma que me faça lembrar dela. Passo os dias tentando ao mesmo tempo esquecer e lembrar. Não posso deixar que sua existência seja esquecida. Ninguém mais no mundo se importa. Ninguém, exceto Alex. 

Penso cada vez mais nele. Como ele está? Será que se recuperou?  Encontrou alguém? Formou uma nova família? Não é provável, já que ainda somos casados no papel. 

Um dia quando saio do trabalho, vejo-o encostado na parede do meu prédio. Meu coração falha uma batida. Só agora percebo o quanto queria vê-lo, estar com ele. 

— Oi, Ana. Como você está? — Ele parece outra pessoa, ganhou peso, está descansado e sorri,  inclusive com os olhos. 

— Ainda viva, aparentemente. Não tão bem quanto você. — Meu coração está acelerado e minhas mãos trêmulas. 

— Estou fazendo terapia. Tem me ajudado muito a ver a vida de uma outra perspectiva, ressignificar a dor e realmente viver o luto. Você devia tentar…

Eu já havia pensado nisso, mas no fundo, acho que não queria melhorar. Parecia errado. 

— Está te fazendo bem. Como está a vida? — Chego mais perto. 

— Solitária. Silenciosa. Triste. Incompleta.

Um sorriso triste de reconhecimento surge em meus lábios.

Ele abre os braços. Eu chego devagar, apoio a testa em seu peito e ele me envolve com seus braços. Aspiro seu perfume. Sinto que estou em casa. 

— Senti tanto a sua falta. 

— Eu também! 

Ele é alguém que compartilha a mesma dor, a mesma saudade. A única pessoa no mundo que entende o meu luto. Que teve a vida mudada pela presença e pela ausência da Lívia. Não preciso provar que ela existiu. Ele sabe. Esteve no fundo do poço assim como eu. Sobreviveu à mesma tragédia. 

A dor compartilhada é mais leve. 

Com o passar inexorável do tempo, sem que eu esperasse, noto que o frio não é mais tão intenso e que a escuridão está se dissipando. As cores voltam a aparecer, tímidas e embaçadas. O sol começa a nascer. Tons dourados tingindo a penumbra. A noite eterna está passando. Agora dia e noite voltarão a se alternar, já que um dia eterno, cheio de luz e calor não é mais possível… não nessa vida.

Sobre Fabio Baptista

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20 comentários em “Ausência (Priscila Pereira)

  1. Bia Machado
    25 de setembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Oi, Priscila! Finalmente lendo seu conto e chorando. Também tive uma filha que se foi, em janeiro fará 17 anos, mas ela era bebezinha ainda, duas semanas antes de completar 3 meses. Tão pouco tempo, mas jamais esqueceria. Não me esqueço nem de um filho que morreu dentro de mim, nem dois meses, nem vi seu rosto, só consigo imaginar como seria e é doloroso igualmente. E como Nádia é sua irmã gêmea, temos ideia de como ela poderia ser, se estivesse aqui. Ou talvez fosse totalmente o contrário da irmã, quem sabe? Você no seu conto passou toda a dor dessa situação, mas aqui na vida real foi diferente, continuamos juntos e essa lembrança é um dos momentos marcantes de uma vida a dois, porque não é só alegria. Enfim, é isso. Parabéns pelo conto.

  2. Mauro Dillmann
    13 de setembro de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Texto com frases curtas que ajudam a intensificar o drama do enredo. O conto é realista, bem realista, sofrido.

    Está bem escrito.

    A dor profunda não é amenizada na narrativa. O conto não tem respiro. Todo drama precisa de uma quebra em algum momento.

    Tem algo de repetitivo, como o enunciado da casa como túmulo.

    Além de não ter pausa para a dor, o conto não tem qualquer fim (ou reviravolta ou encaminhamento) que possa surpreender o leitor de alguma forma. Que a personagem-narradora volte a ver o sol parece uma saída óbvia. O texto lembra uma escrita de memória registrada em uma carta ou em um diário. Não é sabrinesco, seria alta literatura? Se ao menos tivesse utilizado de mais técnicas literárias apuradas, recursos retóricos ou figuras de linguagem… De qualquer forma, um bom texto.

    Parabéns!

  3. leandrobarreiros
    12 de setembro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Cá estava eu meio entristecido na hora de dormir, decidi ler uns contos sabrinescos pra ver se me animava. 

    Cacete.

    Bom, um conto de alta literatura, mais pela temática do que pelo arranjo frasal. 

    Sinceramente, tendo a preferir textos assim. São mais fáceis de conectar leitor e história. 

    Eu de vez em quando comento sobre a minha dificuldade de condensar uma grande história em 3000 palavras. Sinto que o autor aqui demonstrou maestria, como em um outro conto que já cruzei nesse desafio.

    Temos todo um ciclo de luto narrado de maneira convincente, triste e, acima de tudo, interessante. A crueza da realidade não traz uma história sem graça. Ao contrário, com a figura do pai, o autor conseguiu me prender para saber até onde o homem iria na sua loucura da perda. Concretizaria o assassinato/suicídio? Faria algo mais insano? Ao final, vemos que ele fez aquilo que todos temos medo de fazer ao perder alguém: seguimos adiante, como podemos. 

    Gostei do reencontro, das lições. Não tenho muitos aspectos negativos a apontar aqui. No grande jogo de notas, talvez perca alguns pontos porque não me prendeu tanto quanto outros textos e, no final do dia, isso ainda é uma competição que exige comparação sob algum critério, mas é um conto bem bom.

    Chuto que minha nota final vai ser 8.5 de 10. 

  4. Thaís Henriques
    9 de setembro de 2025
    Avatar de Thaís Henriques

    O título já despertou algumas lembranças em mim. Ao ler o conto, vivi emoções à flor da pele. Muito intenso. Um dos meus favoritos.

  5. claudiaangst
    9 de setembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autora, tudo bem?
    O título do conto não entrega quase nada da trama. Há uma ausência, mas não se sabe de quem ou do quê.
    Não se trata de um texto sabrinesco, isso ficou claro desde o início. Então, devo classificá-lo como alta literatura (até agora não entendi bem o conceito).
    É uma narrativa bem desenvolvida, de uma tristeza de arrancar lágrimas. Final melancólico, dá quase uma esperança de superação, mas tomba de vez para a impossibilidade da felicidade nessa vida.
    Não procurei por erros, então não posso dizer se existem ou não.
    Um ótimo conto que deve alcançar uma ótima colocação.
    Parabéns pela participação e que seja pódio.

  6. Rodrigo Ortiz Vinholo
    9 de setembro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Boa história sobre perda, luto e recuperação. Acho interessante o trabalho que vai do pior ao “não tão bom” com maturidade e cuidado. Tenho algumas dúvidas de ritmo e de revisão, mas é um bom conto de toda forma. Parabéns!

  7. Fabiano Dexter
    8 de setembro de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    História

    Conto extremamente triste, que trata da perda de uma filha e de como o casal tenta seguir em frente, pela perspectiva da mulher, Ana.

    A narrativa é toda em primeira pessoa e vemos não apenas o luto da protagonista, mas também como fica a relação entre ela e o marido, Alex, após tamanho choque.

    Tema

    Adequado como Alta Literatura, ao trazer o luto e a tristeza como ponto focal da história.

    Construção

    O conto todo em primeira pessoa nos leva para dentro da tristeza da protagonista, além do que temos um texto triste e melancólico, que dá o tom da narrativa. Até mesmo os sentimentos do marido, Alex, são filtrados e interpretados pela narradora, tornando todo o texto extremamente íntimo, como uma revelação para a melhor amiga.

    Impacto

    O impacto maior do conto é dado logo no início, com a perda da filha do casal, sendo o restante do texto uma consequência dessa perda, uma vida dentro do luto.

  8. toniluismc
    8 de setembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Olá, Lygia!

    Seguem as minhas anotações sobre o seu conto:

    O texto possui forte imagética e coesão emocional desde o primeiro parágrafo. A prosa é lírica sem ser rebuscada, mantendo coerência de voz, ritmo e gramática.

    A sintaxe é fluida, o tom íntimo e a progressão emocional da narradora são construídos com naturalidade e contensão.

    O tema do luto parental é pesado, mas o autor encontra imagens concretas e simbólicas que evitam o lugar-comum (“cobertor apertadinho”, “martelo destruindo casa de bonecas”, “pétalas do limbo”).

    A escalada emocional (choque, culpa, desespero, reação e possível renascimento simbólico do sol no final) é bem pautada e evita o sentimentalismo barato.

    A metáfora do frio, da escuridão e do limbo são fortes e funcionam como arco simbólico convincente.

    O impacto emocional é intenso e imediato: a descrição da perda da filha, o choque, a ruptura na vida cotidiana, o derretimento crítico do casamento e a reconstrução cuidadosa são comoventes e verossímeis.

    O final, que insinua o rompimento do ciclo de dor ao alvorecer de uma nova luz, entrega esperança sem cair em clichê. O leitor sai com a sensação de ter testemunhado uma jornada profunda, honesta e rara.

    Uma bela tentativa de Alta Literatura, parabéns!!!

  9. Gustavo Araujo
    5 de setembro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    O conto prima pela técnica apurada. Escrito de maneira invejável, trata da dor de uma mãe que perde a filha sem que o motivo da morte venha à tona. Na verdade, pouco importa. O que se vê é um mergulho na noite eterna da tristeza e as contínuas tentativas de emergir. E se não bastasse a própria dor, ela precisa servir como suporte para o marido, que se acha envolto em uma depressão inelutável. Por ser bem escrito, e por tratar de um tema espinhoso, o conto é de leitura difícil. Não há como o leitor deixar de se identificar com todo o drama. Claro, uma luz no fim do túnel aparece ao final, mas a sensação ao terminar a leitura é de que se levou uma surra.

    Ainda que escrito de forma magnífica, não me parece suficiente para ser entendido como alta literatura, porém. Isso porque trata da dor de maneira direta. Competente, mas direta, não abrindo espaço para questionamentos mais desconfortáveis. Tampouco é sabrinesco, pois nada há de romance. Enfim, um texto escrito com esmero e com alta perícia literária, mas que, a menos a meu ver, passou ao largo dos temas propostos.

  10. Jorge Santos
    4 de setembro de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá. Este é um conto sobre a perda de uma filha e a forma como isso afeta a vida do casal, para além de descrever a dor associada. Nunca sabemos ao certo o que aconteceu à menina, não há atribuição de culpas. Não sendo um facto inédito, a morte súbita de uma criança é o motor da narrativa do conto, creio que deveria ter uma explicação mais plausível do que “ela estava a brincar e morreu”. De seguida há o processo de luto, um afastamento dos membros do casal. Algo que já vi acontecer em casos semelhantes. A culpa, mesmo infundada, tem um peso avassalador na consciência de cada um. No final aparece uma réstea de esperança. Sem isto, o conto seria excessivamente negativo. Fiquei com a impressão que o conto deveria ter sido continuado. A reconstrução do casal seria um processo interessante.
    Contas feitas, é um conto sem grande ligação aos dois temas propostos. Está a um passo de se enquadrar nos dois temas, mas ficou a meio do caminho.

  11. sarah
    31 de agosto de 2025
    Avatar de sarah

    Olá! Logo nas primeiras linhas você já me fez chorar, esse conto vai doer, to até vendo.

    Eu sinto a dor dessa mãe, e machuca e desespera. Me pergunto como eles vão se reerguer.

    Terminei seu conto agora, ele é forte, doloroso, intenso e muito triste. Acho que o título dele é perfeito.

    Fiquei com medo que o marido dela fosse dar fim na própria vida também, ou daria fim na vida dela quando ele tá lá destruindo a casa de bonecas.

    Essa repetição sobre a noite eterna, o sol que  ela não sente mais, como não consegue mais viver plenamente sabe? Foi tão bem colocada, fica muito bom para mostrar que ela tá tentando seguir, mas nunca vai ser a mesma felicidade de antes.

    Seu conto me fez lembrar do livro “a cabana”, onde a dor do protagonista é igual, ele também perde uma filha, mas lá ela é sequestrada. Isso acontece quando ele estava de férias com a família inteira, então me lembrou bastante porque ele chama a ausência da filha de “a grande tristeza”.

    E sua forma de mostrar a passagem do tempo é muito boa, com a mãe mais tarde procurando ver nos rostos das meninas adolescentes, como teria ficado a filha pequena dela. Um conto muito tocante e bem escrito.

  12. Pedro Paulo
    27 de agosto de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Este conto traça duas trajetórias de luto em uma escala de longo prazo, caracterizando bem os dois personagens embora se assuma apenas a perspectiva de uma, demonstrando controle da narrativa e uma escrita madura. Maduro é também o tratamento dado ao tema, que abordado na reflexão da protagonista poderia se arrastar na repetição, mas é bem desenvolvido do aprofundamento da miséria à redenção da superação. Também é verossímil quando distingue os rumos dos personagens em encarar a perda, não cedendo a uma linearidade superficial e previsível.

    Uma vírgula mal colocada escapou à revisão, mas fica mais como desafio da releitura da autoria. É um erro crasso que distrai, mas em nada reduz a força do texto.

  13. Kelly Hatanaka
    19 de agosto de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Eu não avalio esta série, então, me permito avaliar como leitora, de forma mais livre e bem pelo meu gosto pessoal. Desculpe alguma coisa.

    Tema

    Alta literatura atormentada.

    Considerações

    Que história triste. Num desafio cheio de contos hot, temos aqui um conto que teve o efeito de me brochar por uns dias. Um conto assim deveria vir com disclaimer kkkkkk.

    Um casal lida com o luto pela perda da filha.

    Um texto excelente, muito bem escrito. Uma técnica impecável. Uma história triste de doer. O conto inteiro é um relato do luto e dos pensamentos que invadem a cabeça de quem sofre uma perda impensável. A raiva, a descrença, a vontade de que tudo acabe. No fim, uma pequena porção de esperança no reencontro do casal. Estão se curando, talvez possam se ajudar mutuamente.

  14. marco.saraiva
    19 de agosto de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Um conto profundamente melancólico, onde acompanhamos, do início ao fim, a dor de um casal que perdeu a filha em uma morte súbita e inexplicável. Vemos desde a culpa até a reconciliação com a realidade, onde, no último parágrafo, avistamos um resquício de esperança para Ana, que começa, aos poucos, a ver a vida de outro ângulo.

    O conto é menos sobre uma história e mais sobre o processo de luto. Aqui não há trama, mas sim um esforço para demonstrar a luta terrível de pais que têm que tentar continuar vivendo quando o motivo de suas vidas já não existe. Uma luta por ressignificado. O texto aborda o fundo do poço, os pensamentos suicidas, o isolamento, onde mãe e pai se separaram para tentar se consertar sem ter que cuidar também de um próximo. Mas também vemos o reencontro. Não acho que a leitura é bonita, nem deveria ser. Mas passa bem a tristeza e a melancolia que queria passar.

    NOTA: Acho que isto é mais opinião pessoal do que algo factual (por isso coloquei aqui na sessão de “notas”), mas eu acredito que um texto assim funciona melhor com menos descrições e mais poesia. Inclusive, achei que o texto enveredaria para um caminho de prosa poética quando li o primeiro parágrafo que, não sei se de forma proposital, tem uma rima e um tom bastante bonito: “Um frio de congelar os ossos e uma noite perpétua. Mas antes eu era sol e luz. Irradiava alegria e calor. Era completa”.

    Porém, o resto do texto se embasa muito em descrições de sentimentos, ao invés de usar a palavra para fazer sentir. Não sei se me faço entender, mas o que quero dizer é que escrever que “estou chorando” ou que “deixei as lágrimas correrem pelo rosto” é sempre menos impactante do que traduzir a dor em si. Como traduzi-la é onde se encontra a arte. Por exemplo, note o trecho do conto abaixo:

    Eu poderia tê-la salvado? Será que não fui rápida o suficiente? E se eu a tivesse levado mais vezes ao pediatra? Tivesse feito mais exames de rotina? E se meus genes fossem melhores? E se eu fosse uma mãe mais atenta? E se eu fosse uma pessoa melhor? E se meu amor fosse forte o suficiente para ressuscitá-la?

    E se…

    Ele não precisa me culpar, eu já me culpo o suficiente.

    Todas as perguntas que Ana faz a si mesma, para mim, pode ser resumidas naquela última frase perfeita. “Ele não precisa me culpar, eu já e culpo o suficiente“. É uma frase que carrega tanto peso, que não requer que o escritor gaste tempo descrevendo as perguntas que a mãe faz a si mesma.

    Por outro lado, o trecho abaixo, para mim, é o que eu acho que funciona muito bem em contos assim, e foi muito bem escrito:

    Sussurramos um para o outro, como se temêssemos perturbar os mortos. Como se Lívia estivesse na sala, ainda em seu caixão branco e tão pequeno, que nem deveria existir.

  15. andersondopradosilva
    18 de agosto de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Olá, autor.

    Autor, não se chateie, mas não consegui gostar do seu conto. Eu o tomei por alta literatura, se não na linguagem ou no estilo, ao menos na temática universal do luto e de sua superação. Quanto ao tema, nenhum reparo.

    Fiquei com a sensação de que você encontrará muitos leitores e admiradores do seu trabalho, porque ele é bom. É simples, transmite a mensagem a que se propõe com admirável clareza. Mas, para mim, é aí que surge o problema. Em literatura e em arte, às vezes a clareza se torna pobreza.

    Você reserva muito pouco para o intelecto do leitor. Até mesmo o sentimento do leitor chega a ser afetado, já que você se esforça demais para deixar tudo explícito. Eu poderia citar inúmeros exemplos dessa explicitude de ideias e sentimentos.

    No parágrafo inicial, você fala do quanto a protagonista era feliz em “Mas antes eu era sol e luz”, depois você repete a mesma ideia em “Irradiava alegria e calor”, você insiste “Era completa. Completamente feliz.”, por fim ainda arremata “Flores cresciam em meu jardim e borboletas voavam ao seu redor.” É a repetição insistente da mesma ideia, ideia que já estava explicitada na primeira frase, mas que você segue repetindo, como numa ladainha, como abrindo a mente e o coração do leitor a fórceps para inserir lá dentro a ideia e o sentimento que você, com seu texto, pretende colocar. Falta sutileza, sobram obviedades, tanto na repetição de ideias e de palavras, quanto de lugares comuns do melodrama.

    É tudo proposital, é tudo intencional, é recurso, método, técnica, e certamente conquistará uma gama infinita de leitores e admiradores mais desavisados, mas não me passou despercebido e, consequentemente, não me agradou.

    Nesse seu primeiro parágrafo, e em todo o resto do seu texto, as metáforas se repetem, como que colhidas à exaustão na literatura e no cinema. “O frio e a escuridão” a simbolizarem a perda e a dor. O mesmo se dando com o “frio de congelar os ossos” e com a “noite perpétua”. Depois os símbolos são outros, mas igualmente carentes de criatividade: ser “luz e sol” significando felicidade, flores crescendo no jardim e borboletas voando ao redor transmitindo a mesma ideia e remetendo às animações e contos de fadas.

    Seus personagens não parecem ter vida própria. Não se denota, de suas ações, que eles pensam, sentem e sofrem. Ao contrário, parece que eles sofrem do mesmo que o leitor sofre, parece que pensamentos e sentimentos lhes são impostos por um narrador de mão pesada, um ditador, um narrador que não apenas impõe a felicidade ao personagem, mas lhe impõe “completamente”.

    Os lugares comuns, as construções que parecem já ter sido escritas e lidas infinitas vezes abundam, como “as vidas tão costuradas entre si, que era como se fôssemos apenas um”. É uma maneira tão óbvia de dizer da união dessa família! Não há outras maneiras de dizê-lo? Ou, melhor ainda, não haveria uma maneira de não dizer? De deixar implícito de ações e omissões dos personagens e do narrador?

    Até o enredo como um todo parece se repetir. São as histórias de pais que perderam os filhos e tiveram de lidar com o luto. Há inúmeras. Mas a sua tem um elemento especial: a construção do idílico, da criança brincando em um antiquado “assoalho”, com suas bonecas e histórias, na casinha “fantástica” jamais feita tão diligentemente por um pai leigo quando, deus ex machina, surge o acidente ou mau-estar. A criança não parecia estar ali, parece ter sido posta ali, naquelas circunstâncias, para aquele evnto. Não é uma criança que surja natural, correndo, brincando, pulando, talvez suja, por certo desgrenhada. Não, nada disso, é a criança perfeita, sentadinha irretocável, bem vestidinha, limpa, passada, perfumada, só esperando para se tornar a própria imagem do trauma perfeito e excruciante.

    O texto não admite confrontações. E segue um caminho fácil para conquistar leitores. Como desmentir, como discordar do infinito empilhamento de senso comum? Como se opor a isso “Ninguém nos prepara para enterrar um filho. É contra a natureza. Contra o curso da vida. É algo que despedaça sua alma e estilhaça seu espírito. E você é obrigada a continuar vivendo, mesmo que já esteja morta.” Não há nada novo aqui. É só senso comum. É introdução pra auto-ajuda.

    A macetação de ideias, a tentativa de introdução a fórceps de sentimentos, se manifesta na repetição de palavras, como quando a mãe trata de sua insuficiência, com o narrador repetindo a palavra “suficiente” quatro vezes.

    Não há respiro pra essa mãe personagem. O que há são exageros inverossímeis. Quem é que passa todas as horas tremendo? De que maneira isso pode ser humanamente possível? É mais do que metáfora. O narrador parece convencido de seus exageros, tanto que a seguir acrescenta que a personagem passa suas horas envolta numa coberta.

    A cena do travesseiro parece irromper do cinema. E não é nada mais do que isso: uma cena, uma cena posta ali para iniciar uma virada.

    Nenhum exagero é tão grande que não possa superado pelo seguinte. Não é que os pais de uma criança morta não sofram. Eles sofrem, cada um à sua maneira, mas quando tudo se condensa a um só tempo, em atos sucessivos sem respiro, fica inverossímil, fica melodramático, há quase um esvaziamento da dor. Os adjetivos são grandiloquentes. O estado é o “mais miserável”, as olheiras são “profundas”, a pele gruda aos ossos, o murmúrio é “eterno”, a casa de madeira não apenas fica em pedaços, ela vira “pó”. Por certo não é um singelo martelo que esse pai tem em mãos, deve ser um triturador de madeira, talvez nem isso seja suficiente, talvez um incinerador. Talvez a explicação para o “pó” esteja mais abaixo, na fogueira, ao lado da qual o pai, na consubstanciação do acúmulo de sentimentos excessivos, o pai se põe a chorar em posição fetal, a posição em que por certo o autor quer seus leitores com essa gama tão infinita de senso comum, exageros retóricos, clichês literários, imagens cinematográficas e melodrama. O texto inteiro é assim. Os exemplos abundam e não encontram espaço suficiente na crítica, obrigada a que está pela passagem “inexorável do tempo” impondo finalizá-la.

    Autor, tenho certeza de que irei gostar de muitos textos seus. Mas desse, no contexto do desafio, em uma análise que é temática e comparativa, nesse contexto aqui, entendi que outros textos apresentaram melhores trabalhos. Talvez fora do desafio, em uma leitura descompromissada, eu tivesse adorado seu texto. Mas aqui, li para atribuir uma nota cinco, se eu amasse, e li para justificar a atribuição de qualquer nota inferior a cinco. Acho justo que o autor saiba o motivo pelo qual lhe descontei pontos.

    Nota 2.

  16. MARIANA CAROLO
    16 de agosto de 2025
    Avatar de MARIANA CAROLO

    História: Nossa, que pedrada! Uma história simples, mas, ao mesmo tempo, tão pesada. Violenta… Não precisa ter sangue para algo ser agressivo. Aqui, a ausência e o vazio também rasgam o leitor. Eu não sei se contribui o fato de eu ser mãe, mas nossa… Muito forte. O final é bonito, só que não ilude e nem promete uma felicidade que não é mais possível. Alta literatura das mais finas 2/2

    Escrita: O pseudônimo Lygia é para homenagear a Fagundes Telles? Se for, parabéns, conseguiu. Uma escrita segura, elegante. Foi o primeiro texto do desafio que li de uma vez só. No entanto, como já disse ali em cima, também carregado de uma violência e dor. Sabe, os gritos de uma mãe no velório de sua cria são animalescos. Você traduziu muito bem tal estado. Só elogios 2/2

    Impacto: Terminei o texto e fui dar uma olhada nos meus dois adolescentes. Ver se estava tudo bem… 1/1

  17. cyro eduardo fernandes
    13 de agosto de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Drama dinâmico e de boa técnica. Deslize “ir de encontro com minha filha'”, …ao encontro , não compromete o entendimento. O final deixa a esperança de atenuar a imensa dor do casal, para levar uma vida aceitável novamente.

  18. Antonio Stegues Batista
    6 de agosto de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Senti falta dos temas nesse conto. Alta Literatura e/ou Sabrinesco. O conto é um drama do Cotidiano criado com uma escrita simples, ao contrário da Alta Literatura que deve conter frases elaboradas, narrativa erudita, complexidade temática e/ou estilo sofisticado. O tema/termo Sabrinesco é uma história romântica, om uma pitada de erotismo. Aliás, nem precisa ser tudo isso, apenas sair um pouco da escrita comum. De qualquer forma é um bom conto, uma história dramática muito bem escrita e contada, a criação dos personagens e do ambiente opressivo são excelentes, e que nos faz ter as mesmas emoções.

  19. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    5 de agosto de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    Tema alta literatura.Enquadrei seu conto nessa categoria porque ele fala sobre perda, luto e dor. A escolha do narrador em primeira pessoa aproxima o leitor do sofrimento da família pela morte da filha. A ordem sequencial dos fatos contribui para a fluidez do texto.Corro para o quarto e me tranco lá dentro. Não sei por que estou desesperada. Não seria melhor ir de encontro com minha filha? Não tenho coragem de pôr um fim em minha vida com as próprias mãos, então por que não deixar que ele o faça? Com certeza ele viria logo após e estaríamos juntos e felizes outra vez. Aqui seria ir ao encontro de minha filha.Mas sou covarde demais para isso. Ainda quero viver, por mais que doa. Por pior que seja. Não estou pronta para morrer. E não quero que ele se vá também. Ele é o único elo que tenho com minha filha. A única lembrança de que um dia eu fui feliz e que um dia havia calor e luz. Aqui poderia trocar a 1ª ocorrência do pronome ele por meu marido, para evitar a repetição próxima. Há grande incidência de pronomes ele próximos, ao longo da narrativa. Seria interessante substituir alguns por outras referências ao marido e também elipses quando possível.

  20. Luis Guilherme Banzi Florido
    3 de agosto de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia! Tudo bem? Tô lendo os contos na ordem de postagem do site, sem ter conferido quais são minhas leituras obrigatórias.

    Esse é um conto muito denso e pesado. Trabalha de forma direta e sem firulas a dor da perda de uma filha, provavelmente a dor mais profuinda e devastadora que existe. O conto já começa com o terrivel dia, o terrivel acontecimento que destruiria totalmente aqueles dois. A perda da menina é o estopim para uma espiral decadente dos pais, que chegam quase ao suicidio. O conto é muito triste, chegando em alguns momentos arriscadamente proximo de um melodrama exagerado. Acho que voce ficou no limiar, e o conto acabou funcionando, mas arriscando passar do ponto. Acho que o que mantem bem a narrativa, o ritmo, o interesse do leitor é a relação entre o casal, que quase se despedaçou totalmente, mas resistiu por um fio. Esse é o ponto forte do conto. O conto é sobre luto, mas tambem sobre amor e reconstrução. Achei o final muito edificante, e fez o conto terminar em alta. Belo trabalho com o desfecho! A escrita é muito boa, nao vi nenhum problema tecnico que valha mencionar. enfim, acho que é isso: um conto que periga em vários momentos cair num melodrama exagerado e apelativo, mas que é sustentado na linha tenue pelos densos protagonistas, que nos conduzem a um desfecho muito bonito e gratificante, que faz a jornada ter valido muito a pena. Parabens e boa sorte!

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Publicado às 2 de agosto de 2025 por em Liga 2025 - 3A, Liga 2025 - Rodada 3 e marcado .