EntreContos

Detox Literário.

Sacaneando Seus Booleanos (Rubem Cabral)

Acordei escutando os cem gaiteiros – provavelmente paraguaios, e não os famosos escoceses – do rótulo da garrafa de uísque que enxuguei ontem junto com o Manuel, a Mariana e o novo namorado esquisitão dela. Minha boca mais seca que penico de cego, o fígado se vingando da sova do dia anterior e enviando SMS furiosos a seus asseclas: o Senhor Estômago e a Dona Intestino, que se revoltaram em perfeita sincronia, enviando fluxos líquidos e ardentes nas duas direções, se é que me faço entender.

Corri até o banheiro e não ousei iluminar o cômodo pequeno. Afinal, o que estava por acontecer não seria um espetáculo bonito de se ver. Foi, no entanto, somente depois de então concluídas essas emergências fisiológicas, ao resolver tomar um banho regenerador, que descobri algo de errado, eufemisticamente falando.

O que eram aqueles seios empinados em meu peito outrora peludo? E as orelhas de Spock na cabeça e o vão úmido – ui – entre minhas pernas, logo abaixo do Old Faithful, Senhor Bráulio? Gritei ao finalmente acender as luzes e ao me olhar no espelho:

— Puta que pariu! Virei um tipo de elfo hermafrodita! E com olhos de cabra! – Reparei, ao olhar de perto meu reflexo, e então virei-me – e com um rabicho, de estegossauro ou sei lá o que é isso! Tô mais esquisito que Pokemon desenhado por professora de creche!

Fechei os olhos e concentrei-me em meu chacra amarelo, o que fica sobre o plexo solar. Pensei na minha floresta ancestral, em minha família astral e tal. Eu já havia também começado a recitar os números primos entre um e cem, algo que sempre realizo se quero saber se estou sonhando ou alucinando, quando a campainha soou, longamente; um maldito apito de navio ao chegar ao cais. Interminável, desesperado.

Enrolei-me numa toalha, a ponta da cauda espinhosa ficou inevitavelmente de fora. Alisei as orelhas para trás com saliva, achatei os seios para tentar me fazer apresentável, e abri a porta.

Uma mariposa de mais ou menos um metro e noventa, toda escamosa e envolta numa nuvem de pó castanho, branco e preto, usando um chapéu de feltro furado, por onde as antenas passavam, tinha ainda duas de suas seis patas calcadas firmemente no botão-de-fabricar-loucos. Estava acompanhada por uma lhama que parecia ter uma crise alérgica e que camaleonicamente mudava de cores e padrão de pelagem a cada espirro.

— Dá pra soltar a porra do botão, criatura? – Gritei, impaciente.

— Fernando, é você mesmo? – A mariposona começou a falar com a voz de barítono do Manuel. — Aconteceu alguma merda, e das grandes! Ah, a belezinha aqui é a Mari! Podemos entrar?

— Atchim! – Mariana mudou de listrado verde e púrpura para Pollock epilético em relação siamesa com Van Gogh bebadaço. — Tem que ser coisa do Raymond! Você se lembra do papo esquisito dele ontem? Atchoooo! – Oncinha dourada com lantejoulas pretas. — Merda de mariposa poeirenta! Aquela história sem pé nem cabeça de manipulação dos valores das variáveis universais! Mexer nos booleanos só de sacanagem… Ai minha cabeça!

Estava na cara o porquê de terem os dois vindo até minha casa: afinal, eu era o cabeça fria, o sujeito que levou no papo o pessoal de um arrastão e até ganhou um cordão de ouro dos “leks”, o louco que cantou Sunday Bloody Sunday junto com Bono Vox no show do Projac – para o qual, claro, eu não tinha convite – e que ainda “pegou emprestado” um par de óculos do irlandês gente boa como souvenir.

— Deus do céu! Isso é um “Se beber, não case” anabolizado? Vamos, entrem todos – eu disse, censurando o olhar indiscreto do Manuel para dentro de meu decote – vamos sentar, vou fazer um café bem forte. Forte, de se tomar com colher!

***

Na véspera o Bar Budo estava menos cheio do que de costume nas noites de sexta; sinal dos tempos bicudos. Pedi uma dose de Hundred Pipers com gelo e fiquei beliscando os amendoins que os ambulantes ficavam empurrando para a gente comprar, mas que eu nunca comprava e comia do mesmo jeito. O Manuel não demorou muito. Para variar, usava um boné novo e penteara a franja deixando uma ponta de fora, de forma a parecer que sob aquela cúpula de tecido havia uma floresta amazônica onde só existia, de fato, mata ciliar.

— Eita, Fernando! Dosezinha de uísque? Mas deixa de pão-durice! Pede logo a garrafa pro Malafaia! – Manuel dirigiu-se ao garçom, que odiava o apelido, mas que era mesmo os cornos do pastor. — Ô, Malafaia, traz aí a garrafa de uísque que a gente te deixa depois um dízimo bacana!

— Alguma novidade? – Perguntei, sem muito interesse.

— A Mari tá namorando outra vez. Disse que vem com o talzinho aqui. Depois daquele último, que ficava molhando os lábios o tempo todo e olhando a gente no grão do olho, pensei que ela tomaria jeito! Ela tem o dedo podre pra homem, deveria se conformar…

— Ui! E aquele anterior, o que não tomava banho? Como era mesmo o nome do sugismundo? Waldisney?

— Ah, sei lá. Ela me disse que agora tirou a sorte grande, que o novo cara é Ph.D. duns paranauês complicados de Física Experimental e que trabalha num instituto de pesquisa bancado pela NASA e umas empresas privadas de grosso calibre.

— Shhh! Cala a boca! Olha lá, eles tão chegando – sussurrei. — Minha mãe! O sujeito é mais feio que meu ovo esquerdo!

De fato, o sujeito devia desconhecer o uso dessa invenção formidável que é a escova de cabelo. A barba mal cuidada – cor de sal e pimenta – não ajudava também a compor algo minimamente interessante em conjunto com os óculos fundo-de-copinho-de-cachaça de armação preta. Claro, o sujeito tinha que ser narigudo e magro feito faquir. Mari, por que me manter sempre na friendzone, lindona?

— Oi, pessoal! – Mariana disse, toda derretida. — Este aqui é o Raymond – apresentou-nos, entre risadas nervosas.

O casalzinho se sentou. Pedimos então uma porção de salaminho, dadinhos de mandioca, queijo provolone à milanesa e outras porcarias pró-infarto que fariam Bela Gil nos fuzilar com balas de linhaça e granadas de melancias grelhadas. Conforme o nível do uísque descia na escala de papel colada à garrafa, a conversa seguia cada vez mais lubrificada. Tive que dar o braço a torcer depois: o cara era até simpático.

— Curte cinema, Raymond? Digo, fora do circuitão? – Puxei assunto.

— Feito cinema iraniano? Pô, eu acho que já deu, né? Criancinhas com balões, fotografia linda e silêncios… Já curti, mas minha vibe agora é outra… Vocês gostam de filmes underground de terror? Os franceses, os suecos e os japoneses são demais! Tem até um festival programado no Estação Botafogo pro mês que vem. Tô pensando em ir.

— Tipo “A Invasora” ou “Ringu”? – Manuel indagou.

— Sim, mas esses são mainstream, embora muito bons. Hã, tipo os mangás, feito aquele da montanha que amanhece depois de um terremoto com buracos que são as silhuetas exatas de todas as pessoas de uma vila, que ficam obcecadas em se enfiar nos tais buracos e conhecer seus infernos pessoais. Essas coisas que parecem, mas não são. As verdades escondidas, a frágil realidade. Isso tudo sempre me fascinou.

— A Mari comentou que você trabalha como pesquisador. Física, não é? Conta aí pra gente como é que é – pedi.

— Ah, isso é muito complicado, é muito técnico – Raymond se esquivou.

— Ah, amor, conta aí só um pouquinho. A gente é leigo, mas não é burro. Eu me formei em Matemática, o Fernando é Engenheiro de Software e o Manuel, bem, ele é de Humanas, é gerente de RH, mas até que é esperto também, ao menos para alguém de Humanas…

— Vai começar, Mari? Tenho que te falar das outras inteligências? – Manuel protestou.

— OK – Raymond começou. — Nós desenvolvemos um tipo experimental de computador quântico topológico para nossos testes. A teoria que meu grupo de estudos explorou é a de que o universo é formado por informação, feito o mundo de Matrix em grande, imensa escala, sacaram? Começamos com a Teoria das Cordas como base, a variação da teoria que usa onze ou doze dimensões e tudo mais. Eu propus então que onze não seria algo do acaso e procurei por onze constantes universais.

— Constantes?

— Isso. Constante de Planck, de Faraday, de Hubble, massa do elétron… Depois, muito mais…

O cara então começou a viajar, a falar que as constantes corretas poderiam ser a chave para a frequência do cosmo, e que permitiriam, assim, descriptografar, hackear o universo.

— Matriz de onze por onze? Cara, isso dá só 121 elementos, não dá nem pra definir um NPC num videogame com tão pouca informação. Tá louco? – Falei.

— Onze dimensões. 1111. Dá mais de 285 bilhões de bits por matriz fractal, para representar individualmente cada elemento do universo, isso sem contar as combinações entre os bits, o que resultaria em algo praticamente infinito. Um conjunto de bits definiria a cor do meu cabelo, outros, a textura e o comprimento. Metabolismo, massa, personalidade, altura. Minhas propriedades, sacou? Tudo está definido na minha matriz, e na de cada um, e na de cada coisa.

— Cara – eu assobiei para dar mais ênfase – isso é a teoria mais maluca – de longe – que já escutei. Sério que te pagam pra bolar essas sandices? Vocês ficam lá, fumando uns beques destamanho no meio dos elefantes psicodélicos voadores e lendo Burroughs o dia todo…

Mari não conseguiu segurar uma risadinha. Raymond fechou a cara de súbito e seus olhos faiscaram. Uma lápide de silêncio sepulcral desabou sobre nossa mesa.

— Você, ora, seu, seu leigo incompetente, sem imaginação e com Q.I. mediano e absolutamente medíocre… Você ousa fazer gozação com o meu trabalho? Quem é você para me desqualificar? – Raymond esbravejou, cobrindo-me de perdigotos indignados.

Eu, obviamente, não observei os sinais evidentes de tanta raiva, ou já estava com a língua solta demais pelo álcool, ou simplesmente não gostei de ser chamado de “leigo incompetente”.

— Blá, blá, blá. Uma coisa é ficar falando de teorias que nem mesmo um trekkie punheteiro engoliria, outra é demonstrar algo de verdade.

— Pois você vai ver só. Vou sacanear os seus booleanos. Tá vendo isso aqui? – Ele sacou um instrumento esquisito do bolso. — Eu vou ler as matrizes de vocês. De vocês todos! Mari, de você também. Nem pra me apoiar, sua traíra!

O louco apertou um botão e a lanterninha sci-fi disparou um feixe de luz cor-de-rosa que desenhou um fractal parecido com um floco de neve na testa de cada um de nós.

— Ai, que meda da luzinha pink! – Manuel debochou.

O sujeito deu um soco na mesa, que por pouco não derrubou os pratos e copos, e saiu marchando do lugar, sem sequer se despedir da namorada.

— Nem pra deixar algum para a despesa! Miserável! – Xinguei.

***

Dei café na boca da Mari, que nem conseguia sentar numa cadeira. Os dois me olhavam como cãezinhos abandonados. Ela espirrou novamente, e uns graffiti do Bansky começaram a piscar em seu traseiro gordo.

— Mas isso não é possível. Como aquela lanterninha poderia ser tão poderosa? Aquilo é uma arma de desmoralização em massa!- Comentou Manuel.

— Ó, vou te desculpar porque você é de Humanas, Manel – eu respondi. — Pelo que entendi, o Raymond leu nossas matrizes, o conjunto de valores que nos definem como elementos do universo. E, depois, em algum lugar, sei lá, no laboratório da empresa, usando nossos dados, mexeu em alguns valores, usando algum equipamento ultra hightech. Não tem como ele ter feito o que fez usando aquela lanterna mixuruca.

— E como a gente resolve isso? Eu ligo pra ele, peço desculpas e insinuo um sexozinho de reconciliação? – Perguntou Mari.

Sem querer, lancei um olhar de reprovação de moral pequeno burguesa. Nem sabia que eles já estavam transando.

— Ora, se isso se resolvesse tão fácil, nosso perrengue seria um microconto! É outro o nosso desafio! – Eu falei, sem nem entender o porquê da referência.

Contudo, antes que nosso enredo desembocasse numa solução trivial ou até num provável deus ex machina, a quarta parede da minha sala começou a pixelizar, embora não tenha sido derrubada. Para nossa surpresa, a imagem de Raymond formou-se em baixa resolução, feito num velho console Atari. Ele estava meio quadradão, mas a feiura o denunciava, além de qualquer dúvida.

— Hahahaha! Se fuderam! – Ele gargalhou e fez um gesto indecente (poc, poc, poc). — Ah, caramba! Nem tudo deu certo, Fernandinho… – ele comentou ao nos observar. — A Mari deveria ser uma burra, para justificar sua estupidez por não me apoiar. Manuel, uma borboleta pink e você, bem, tá igualzinho feito eu queria! Nosso equipamento é experimental e nosso conhecimento da matriz ainda é meio rudimentar. Esse projetor de entrelaçamento quântico, por exemplo, também ainda é versão beta, daí a qualidade da imagem, embora tenha certo charme vintage

Eu estava começando a me sentir mal, com uma cólica danada e repentina. Sem pensar muito, talvez irritado e com sintomas inéditos de uma TPM, respondi na lata: — Mas você é louco! Tá na cara que isso é uma ação clandestina sua! Vão te demitir por isso e te prender! Poderia ter nos matado ou pior: destruído a realidade!

Como ele nem sequer piscou, resolvi baixar a bola e usar minhas habilidades diplomáticas. — Mas, veja, você já conseguiu o que queria: agora te levamos a sério, obviamente. Você é o tal, somos uns merdinhas mesmo. Desfaça essa loucura, por favor – eu pedi, meus olhos caprinos marejados de lágrimas crocodilianas.

Por uns segundos a nobreza de caráter e a bondade desfilaram de mãos dadas e sorridentes na face do cientista louco, contudo, logo a ambição e a vingança tão doce conspiraram e deram uma bela rasteira nas duas.

— Ora, mas serei feito o Thanos com a Manopla do Infinito! E o da HQ, veja lá! Não aquela porcaria nerfada de Vingadores Ultimato… Eu posso modificar minha própria matriz, tornar-me imortal e todo-poderoso. Reinar no universo enquanto faço com meus detratores as coisas mais hediondas já vistas ou imaginadas.

Apelei então a um recurso baixo, desesperado: — Mas, mas se a realidade funciona como um programa de computador colossal, você não acha que ela tenha mecanismos de correção? Nem um checksum vagabundo nas matrizes? Um validador de consistência e integridade? Quer mesmo mexer com tais coisas? Pode ter passado despercebido até agora, mas você vai querer o Censor Cósmico – achei bacana o termo que inventei na hora – nos seus calcanhares?

Raymond piscou o olho esquerdo de forma espasmódica, mas nem se deu ao trabalho de responder. Sua imagem desapareceu de forma granulosa, e nós três ficamos a nos entreolhar, sem esperanças. Minha parede voltou à cor sem graça de antes.

— Reparou no machismo dele? – Falei à Mari. — Tentou me humilhar ao me tornar parte mulher, e com período menstrual e tudo! É esse o tipo de gente por quem você sente atração? Moderninho na superfície e neandertal no miolo?

— E o que você quer que eu faça? O mercado de héteros tá assim mesmo e eu não tenho muita vocação pra ser cidadã da Ilha de Lesbos. Quanto à sua cólica, aceite um pouco da minha sororidade, irmã… – Ela respondeu, sarcástica.

De súbito, sentimos um forte tremor de terra e, num pentelhésimo de segundo, fomos os três teletransportados ao Aterro do Flamengo, com vista para o Pão de Açúcar.

— Que merda foi… – Manel começou a dizer, antes que, antes que olhássemos para o céu.

O firmamento havia se transformado na tela dum cinema 180 graus, daqueles de parques de diversões de nossas infâncias. Mas, ao invés de motocicletas ou vulcões em erupção, que faziam o público se abaixar ou correr da tenda, a “projeção” era a do sujeito mais descabelado e narigudo que eu já vira na vida: Raymond.

— Olá, meus queridos! Já estavam com saudades? Então, linda vista, não? Repararam no Pão de Açúcar? Daqui não dá pra vocês verem, mas agora ele tem cavidades cortadas com a exata forma de cada um de vocês! Os buracos vão de um lado a outro da montanha, embora – ops! – mudem de forma pelo caminho. Fica muito escuro e apertado lá dentro, assim ouvi falar…

“O Enigma da Falha de Amigara” – pensei. O desgraçado estava por nos matar de forma horrível e, imperdoavelmente, não original. Não me contive e esbravejei: — Que pouca vergonha! Você faz essa entrada supercafona e quer nos “amigarar” também? Cacete, virou um deus, mas o menos criativo de todo universo… Ah, não vão rolar também umas espirais macabras? Uns peixes com pernas mecânicas?

— Cala a boca, cala a boca, Fernando! – Gritaram Mari e Manel quase em sincronia. “Verdade”, pensei. “Pare de dar ideias a ele”.

Raymond fechou a cara. Nós três fomos elevados do chão e começamos a voar, em grande velocidade, em direção ao Pão de Açúcar. Eu não quis olhar para frente e fiquei com a cabeça voltada para cima, observando a cara satisfeita de nosso algoz. A montanha crescia, Raymond tinha um sorriso maníaco no rosto e…

O céu oscilou, ficou azul-claro de repente, umas mensagens esquisitas, escritas num alfabeto exótico, apareceram. Códigos hexadecimais, talvez a figura de um pinguim bonitinho e sentado, seguido por um ruído bizarro, não sei, foi muito rápido. “Até faria sentido que o universo rodasse em Linux”, pensei…

Apaguei e acordei então sendo sacudido pelo Manuel: estávamos no Bar Budo.

— Cara, tá passando mal?

— O que houve? – Perguntei.

— Távamos falando dos namorados da Mari e você dormiu. Parecia até um desmaio. Você comeu hoje, tá se sentindo bem?

Mari chegou finalmente, porém sozinha. — O bestalhão do Raymond me deu um bolo, acreditam?! Nem responde ao celular: um ghosting completo!

— Eu sempre disse que você tem dedo podre pra homem, Mari – Manel comentou.

Mariana tentou tirar o boné dele de brincadeira, e ele levantou dois braços esquerdos para se defender. Eu dei um grito e fechei os olhos e, quando abri, vi que fora só alguma ilusão. Enchi o copo de uísque e refleti: espero que o Censor Cósmico tenha lido “Eu não tenho boca e preciso gritar”, pois aquele descabelado fio da puta bem que merece um castigo exemplar!

Sobre Fabio Baptista

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21 comentários em “Sacaneando Seus Booleanos (Rubem Cabral)

  1. Bia Machado
    16 de dezembro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Oi, Rubem! A partir de agora estou comentando todos os textos do EC desse ano que ainda não comentei. O seu texto tem uma ideia divertida e dá para perceber o quanto você curtiu brincando com a própria proposta. Ainda assim, a leitura acabou ficando um pouco pesada para mim, como se o texto exigisse mais esforço do que eu esperava para acompanhar o humor. As piadas, embora criativas, não chegaram a funcionar comigo, talvez porque o ritmo e o estilo não combinaram muito com meu gosto pessoal. Apesar disso, texto com personalidade e intenção no que você quis construir. Saudade dos seus textos por aqui!

  2. Thales Soares
    29 de março de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Gerais:

    A ideia de “Sacaneando Seus Booleanos” até tem seu valor criativo — brincar com realidades maleáveis, universos simulados e consequências absurdas de mexer nos “códigos da existência” é um ótimo ponto de partida para um conto de humor com ficção científica. O problema é que o texto torna tudo um grande exercício de paciência para o leitor, mais do que uma experiência divertida.

    ***

    Pedradas:

    O texto parece querer mostrar erudição e cultura pop a todo custo, com um vocabulário excessivamente rebuscado em alguns trechos e colagens de referências que não agregam muito. O resultado é uma leitura truncada e cansativa, especialmente por causa de frases cheias de floreios, que dificultam o ritmo da narrativa. Em vários momentos eu perdi totalmente o foco na leitura, e tive que voltar alguns parágrafos para não me perder.

    O humor aqui, para mim, não funcionou. Teve um efeito oposto do me fazer dar risada… e me deixou extremamente entediado enquanto eu lia. As piadas, no geral, foram meio obscuras demais para mim, ou apenas sem graça. Há até um esforço em criar absurdos surrealistas (que eu costumo gostar bastante), mas a narração é tão carregada que isso perde o impacto.

    A ideia principal (alguém que altera as matrizes das pessoas e muda a realidade por vingança) é ótima. Só que tudo é coberto com tanto excesso de referências, diálogos longos e sem propósito, interrupções, desvios e piadas intelectuais, que a ideia central se dilui completamente.

    ***

    Conclusão:

    Um conto com uma boa premissa, mas que não mantém o foco naquilo que quer contar, e acabou me perdendo durante a escrita. A escrita na verdade foi produzida por um verdadeiro gênio… mas por ser engenhosa demais, o humor (em minha opinião) acabou forçando a barra, e o excesso de referências deixou tudo confuso. Com uma narrativa mais enxuta, menos presunçosa e mais conectada à essência da ideia (que é bem legal… afinal um cientista louco descobriu uma forma de alterar a matriz do universo!!), poderia ter sido um ótimo conto de humor sci-fi. Do jeito que está, porém, é um texto que não é para todo público, por ser um pouco cansativo. Mas devo ressaltar, mais uma vez, que o autor aqui possui um repertório bastante admirável de conhecimentos da cultura pop, e é um escritor de mão cheia (só achei que não conseguiu dosar muito o humor).

  3. jowilton
    29 de março de 2025
    Avatar de jowilton

    Bom conto. A história narra a história de três amigos que são transformados em criaturas híbridas, por conta de uma vingança do namorado de Mari.

    A narrativa é muito boa, com um humor também muito bom e diálogos muito bem feitos, afiados e divertidos. O enredo enfraquece um pouco por conta do final, quando descobrimos que a transformação era apenas um sonho. Tive que procurar o que era booleano, e mesmo depois da pesquisa ainda fiquei sem entender muito. Deve ser coisa de nerd kkkkkkk Bom impacto. Bem divertido. Para mim foi o melhor conto que li.

    Boa sorte no desafio

  4. Pedro Paulo
    29 de março de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Texto espetacular, minha primeira nota máxima neste desafio. O bom-humor está em toda a narração, além da própria trama ter uma conotação tanto absurda como engraçada. Duas histórias são contadas simultaneamente: o ego ferido de um namorado ruim e a perigosa posição de estar a mercê de um deus vingador. Toda a escrita entrelaça muito bem uma literatura de qualidade com uma produção mais técnica, utilizando-se de termos de física e computação (o que pode ser simulado), ao tempo que arrisca alguma metalinguagem ao referenciar o próprio EntreContos e, no finalzinho, uma famosa obra de literatura distópica, aprofundando as camadas do conto. Senti um flerte com o horror com as menções à obra de Ito e a própria posição dos personagens de vítimas diante da autoproclamada divindade ressentida. É um conto rico, muito bem construído em todas essas referências. Parabéns!

  5. Marco Saraiva
    28 de março de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Uma enxurrada de referências pop! É um conto fácil de ler, desce redondo, bem apresentado. Mas acho que ele tenta demais ser engraçado. As piadas não funcionaram comigo, não. Eram muito óbvias, sem setup. E o enredo é daqueles que não me agrada também: uma série de eventos aleatórios, muito loucos, que parecem estar no conto apenas com o intuito de fazer uma cena legal. E o final com tudo sendo apenas um sonho… que é só o pior final de toda a história das histórias.

    Eu acho que o conto foi uma tentativa boa de comédia, bem escrito, mas comédia geralmente funciona de forma mais sutil. Aqui as coisas estão muito na sua cara: referência de tudo que é coisa nerd, frases de efeito, piadinhas de tiozão, quebra da quarta parede. Foi tanta coisa junto que até fiquei tonto.

  6. Luis Fernando Amancio
    28 de março de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Olá, Fujiro Nakombi,

    Seu conto é de humor. Uma comédia nonsense, com algumas referências bem curiosas. Tenho torcido o nariz para a maioria da utilização de metalinguagem nos contos que vejo por aqui, mas você utilizou bem o recurso (“Ora, se isso se resolvesse tão fácil, nosso perrengue seria um microconto! É outro o nosso desafio!”). Enquanto alguns forçam a metalinguagem para grande plot dos texto, você faz um chiste com o tema. E o texto segue adiante.

    O começo um pouco escatológico ligou um sinal de alerta aqui. É um tipo de humor que tem seu público, mas não sou eu. Porém, o texto não seguiu nessa linha.

    Aposto que vai ter mais gente dizendo que o texto lembra “Ricky e Morty”. A parte dos universos possíveis, de pensar uma espécie de linha alternativa da realidade. Mas é uma associação mais temática do que qualquer outra coisa.

    A narrativa está bem desenvolvida. No final, acho que há uma aceleração um pouco desmedida, para concluir o texto. Mas não prejudica.

    A linguagem não é especialmente apurada, mas é competente e está bem alinhada ao conto. É um texto inteligente, ainda que leve. Humor serve pra isso, nos entreter e também nos fazer pensar.

    Boa sorte no desafio!

  7. danielreis1973
    27 de março de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Comentário inicial (válido para todos os contos):
    Prezados participantes: este meu comentário NÃO É UMA CRITÍCA, É A MINHA IMPRESSÃO PESSOAL sobre o seu conto – e não é sobre você, como escritor ou ser humano!  Espero que os comentários possam ajudá-lo a aprimorar sua história ou sua escrita, num sentido mais amplo. Outra coisa é que não está sendo fácil é comparar os contos participantes, já que apesar do desafio estar  restrido a DOIS TEMAS (que inclusive tem fronteiras tênues, e às vezes se misturam entre si, em diferentes proporções), as diferenças dos gêneros literários escolhidos pelos participantes tornam muito difícil dar um valor absoluto entre os contos, quando colocados lado a lado. Então, o melhor humor não tem o mesmo efeito que o melhor terror, e um terror com elementos realistas pode ter um efeito mais impactante para mim que um horror com elementos de fantasia ou ficção científica – por isso, digo que é MINHA IMPRESSÃO, ok? As notas não representam “média para aprovação”, mas O EFEITO FINAL que me causaram.

    Dito isso, vamos ao:

    COMENTÁRIO ESPECIFICO:

    LOGLINE: um trio de amigos se encontra num bar, e a eles se junta o namorado de mulher do trio. Ele é um nerd especialista em física e quetais, e numa discussão acaba alterando a ordem dos booleanos e da razão das coisas. Só que tudo não passa de um sonho.

    TEMA ESCOLHIDO: Humor (recoberto com surrealismo e ficção científica).

    PREMISSA: Que um cientista pode alterar de forma engraçada a realidade dos outros, com uma “maquininha”.

    TÉCNICA E ESTILO: o texto, em si, é aparentemente caótico e anárquico, porém traz centenas de referências da cultura pop, da ficção científica, da ciência, entre outras. O narrador é partícipe da ação, o que envolve mais o leitor sob as custas da perda de credibilidade (já que tudo era apenas um sonho dele). Bastante criativo, o excesso de informações vai se tornando aos poucos cansativo, para mim, pelo menos.

    EFEITO FINAL: efeito razoável, não necessariamente de comédia, mas que provoca um sorriso cúmplice no leitor.

  8. leandrobarreiros
    27 de março de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    De início, não criei empatia pelo narrador-personagem. Acho que o jeito meio falastrão me fez desgostar dele. As piadas do início também não me pegaram. De fato, acho que tem um certo excesso de piada por minuto que me tirou um pouco da história.

    Conforme o texto continuou, contudo, sinto que as coisas melhoraram um pouco. Talvez eu tenha me acostumado com o ritmo, ou talvez as piadas sejam mesmo melhores. Sei que conforme foi tudo ficando mais maluco e o sci-fi foi entrando na história acabei gostando mais.

    Acho que o autor poderia mexer um pouco mais na primeira parte, sei lá.

    É também um dos poucos textos em que o “foi tudo um sonho” funciona, justamente por não ser tudo um sonho.

  9. claudiaangst
    26 de março de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Para este desafio, utilizarei o sistema de avaliação TERRORIR:

    T(ítulo) — SACANEANDO SEUS BOOLEANOS — Fui pesquisar o que significa “booleano” = um tipo de dado lógico que pode ter apenas dois valores possíveis: verdadeiro ou falso. Ou seja, fiquei na mesma.🤷

    E(nquadramento ao tema) — O conto aborda o tema comédia de forma bem peculiar.🙄😃

    R(azão de gostar do conto) — Texto bem escrito, com tom irreverente e referências culturais relacionadas à cultura pop: filmes de terror, Matrix, Thanos, Projac, Bela Gil, etc.🖋️👍

    R(evisão) — Não sei se me distrai com tanto absurdo e referências, mas não encontrei falhas que me saltassem aos olhos.👍

    O(utras questões técnicas) — O conto é longo, mas parece bem estruturado segundo a narrativa desenvolvida.👍

    R(azão de desgostar do conto) — Tantas referências científicas e teorias de não-sei-o-quê podem confundir e cansar o(a) leitor(a). Fui incapaz de me concentrar na história após alguns parágrafos devido à avalanche de informação.🤔🥺

    I(ntesidade da narrativa) — Não percebi uma intensidade ou ápice da narrativa, talvez porque estivesse soterrada sob tantas referências e absurdos.😬

    R(esumo da ópera) — O conto revela a habilidade do(a) autor(a) com as palavras e o seu repertório cultural/científico. Vai agradar a todos? Não, mas valeu pela tentativa.🌟

    Parabéns pela sua brilhante participação no desafio e boa sorte!

  10. Mauro Dillmann
    26 de março de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Um conto jovial, com dinâmica piadista para contemplar a comédia e uma dose de demonstração de erudição cultural.

    Na escrita, veja a passagem: “que descobri algo de errado, eufemisticamente falando”. O ‘eufemisticamente falando’ poderia estar suprimido, não precisava estar dito. Tem outras passagens no mesmo sentido. Penso que o texto poderia ser mais limpo.

    No fim, era tudo um sonho, entre uísque e amigos.

    Parabéns!

  11. MARIANA CAROLO SENANDES
    26 de março de 2025
    Avatar de MARIANA CAROLO SENANDES

    Técnica: Esse conto possui uma dualidade esquisita, o que não é ruim, é só esquisito. De um lado, uma tentativa de ser acessível, criar uma identificação, citando o Thanos, Junji Ito e um monte de referências realmente pops. A fala dos personagens também busca esse aceno para um público jovem/adulto – ghosting, mesa de bar etc. Ao mesmo tempo, tem uma complexidade por trás, a começar pelo título. É curioso e talvez tenha aumentado a minha simpatia pelo conto, eu estou lendo um livro sobre a vida do von Neumann (sacou a referência, Fujiro?) 1,5/2

    Criatividade: Seria melhor se não fosse um sonho e a gente tivesse agora uma tentativa de deus com sérios problemas de raiva e frustrações. Ou eu queria ter visto o censor cósmico, podia ter dado um alô. A Mariana pareceu uma personagem péssima, pensando e agindo somente em função dos caras. No final, o Raymond é o mais legal 1,5/2

    Impacto: Realmente, eu não sei. Causou estranheza e vou ficar pensando nele, o que é um mérito. 0,8/1

  12. Amanda Gomez
    25 de março de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    O humor do seu conto me pega muito… no sentido de eu não ser muito adepta. Pra mim, é o que chamam de humor quebrado… aquelas coisas que saem do absurdo misturado com quinta série.
    Apesar disso, nada me impede de entender o humor e ver todas as qualidades que o texto tem. Mas é tipo quando a gente lê uma coisa, dá uma risadinha por dentro e coloca vários emojis de risada na mensagem.

    Vamos ao texto:

    Depois de uma noite reunido com os amigos e o namorado cientista da girl do grupo, os parças sofrem mutações por vingança do cara que, apesar de muito inteligente, é bem fraco de humor e pouco sociável. Cada um dos amigos vira um ser bizarro.
    O conto entra nessa atmosfera de humor cósmico, com coisas absurdas, e de repente, no final… tudo parece ser um sonho muito doido. Ou não? Aquele gesto no chapéu deixa a entender que, no fim, as coisas podem não ser bem assim, e que há algo por vir.

    Gostei dos diálogos, dos personagens e da forma dinâmica como você escreveu o conto. O texto é ágil e inteligente.
    Tirando a parte em que a usuária aqui é chata pra esse tipo de humor, o texto cumpre bem seu papel de entreter.

    No mais, parabéns pelo texto.
    Boa sorte no desafio!

  13. andersondopradosilva
    23 de março de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Digo, faturou nota 4.

  14. andersondopradosilva
    23 de março de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    SACANEANDO SEUS BOOLEANOS foi minha primeira leitura. Feliz escolha. Foi a fofura da lhama verde que me atraiu. O texto é muito divertido e criativo. Me lembrou um episódio de Rick e Morty. É uma leitura repleta de referências, a maioria das quais me escapou, mas o bom texto é plenamente capaz de superar as referências que escapam ao leitor. FALTA POUCO, GALDINO recorreu a um glossário, o que foi um erro. Um glossário remete à insegurança e à covardia, sobretudo quando o texto é bom como FALTA POUCO, GALDINO. É tarefa do autor fazer o sentido ser depreendido da leitura, ou o texto possuir outras qualidades para além das referências que traz, como é o caso de SACANEANDO SEUS BOOLEANOS, um conto criativo, divertido e correto. Investe na metalinguagem, contendo referências ao EntreContos, o que acaba tornando o texto de nicho, ao menos no trecho. Como registrei ao comentar ASSASSINANDO CLICHÊS, a metalinguagem enfadou e foi excessiva neste desafio, mas nenhum dos autores tinha como prever que essa enxurrada viria, e SACANEANDO SEUS BOOLEANOS teve a felicidade e investir bem pouco na metalinguagem. É um texto de humor, tão somente. Apenas entretém. Não ousa nem desafia na linguagem, na forma, nem transcende a si mesmo propondo a discussão de temas contemporâneos e relevantes. Faturou nota 3,8 e o sexto lugar na minha lista.

  15. Givago Domingues Thimoti
    20 de março de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Sacaneando Seus Booleanos (Fujiro Nakombi)

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for extremamente perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1 quando nada perceptível e 2,5 quando tiver pouco perceptível. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    1 – ruim 😓 / 2- abaixo da média😬  / 3- regular,acima da média,   😉/ 4- bom 😇/ 5- excelente!🥰

    Critérios de avaliação:

    • Resumo: 5

    Um trio de amigos se encontra num bar no Rio de Janeiro para conhecer o namorado de uma integrante da tríade. Tudo parecia normal até ficar mucho loco. A gente entra na viagem de um dos personagens e desperta junto dele descobrindo que é apenas um sonho. 

    • Pontos positivos e negativos: 

    Positivo: muita criatividade e um quê de metalinguagem!

    Negativo: Non-sense, muito non-sense para o meu gosto!

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais: 4,5

    Bom, eu achei poucos erros gramaticais. Meu único porém que me fez deduzir pontos foi a alternância entre palavras de línguas estrangeiras ora não escritas em itálico, ora escritas.

    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo. 4

    Pessoalmente, eu achei a escrita non-sense boa. Assim, boa no que se propõe. Tenho meus preconceitos literários com esse estilo de escrita, o que torna essa avaliação difícil (e relativamente penosa). Esbarra diretamente naquilo que acredito na literatura; uma escrita que usa e abusa de cenas trashes , como se a subversão do racional fosse, em si, engraçado, sem contar uma história “lógica” propriamente dita. Meu pé é muito fincado na realidade, infelizmente.

    Eu poderia me demorar mais nessa digressão meta linguística e filosófica, mas, me atendo ao conto, eu diria que o autor foi muito feliz em amarrar bem o non-sense sem deixar, propriamente, sem sentido. Usou, abusou, deixou carregado demais (pelo menos para o meu gosto), mas a história está perfeita ao estilo de escrita.

    Para mim, pelo menos, o ritmo ficou prejudicado com esse exagero trash -bad trip.

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa: 2,5

    O conto segue uma linha linear, com o seu início nos apresentando um flashback. Creio que a premissa da narrativa está clara, mas eu confesso que foi bem difícil entender o fio da meada do que estava acontecendo. A todo momento tive que voltar no texto, estampar uma expressão de confusão total (assim como eu ficava nas aulas de física quântica no colégio).

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável: 1

    Bom, se eu falasse que eu gostei, eu estaria mentindo. Pessoalmente, eu não sou muito fã do non-sense. Na realidade, nada fã. Humor non-sense. Acho que esse conto bebe e muito dessa característica e o torna de difícil análise para mim. 

    A história não me chamou muita atenção também; o final era tudo um sonho é sempre um corta-tesão, que mancha um pouco a criatividade.

    Enfim; uma pena!

    Nota final: 3,4🙃

  16. Priscila Pereira
    19 de março de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Sr Autor! Tudo bem?

    Cara, que viagem foi essa?

    Seu conto tá lotado de referências que eu desconheço, na verdade não conheço nenhuma das referências.

    O inusitado da história é bem legal, muito criativo. E me deu muita aflição a mariposona poeirenta, crendeuspai! Tenho pavor de mariposas e só de imaginar o seu personagem quase tive um faniquito!!

    Mas o conto é muito doido, divertido, e a história apesar de muito maluca, está bem conduzida e verossímil dentro do universo do conto.

    Os personagens são bem legais, e a linguagem é bem natural. A escrita deve ser muito boa pq não notei nada, a história se sobressai à escrita.

    Gostei do conto, parabéns!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  17. Luis Guilherme Banzi Florido
    19 de março de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Ola, amigo(a) entrecontista! Tudo bem por ai? Esse conto faz parte das minhas leituras obrigatórias.

    Resumo: um conto completamente maluco que mistura ficante maniaco, referencias à cultura pop e fisica quantica.

    Comentário geral: um conto muito divertido. A comedia aqui se constroi no absurdo, o que eu, particulamente, gosto bastante. É um enredo todo megalomaniaco e insano, que utiliza referencias num ritmo Marvelico (ja que estamos falando de neologismo), para imergir o leitor numa aspiral de loucura muito visual e bem escrita. A tenica é impecavel, num nivel profissional, o que sugete que voce é um veterano do EC, que manja muito de cultura pop, informática, física e muitas outras coisas. Eu gostei bastante. Esse é o tipo de conto que claramente nao devia estar na serie B, e voce certamente nao estará nela no proximo desafio. Se tem um porém é que achei o vilão da historia exageradamente maligno, meio que punindo de maneira um pouco desproporcional o grupo de amigos. Isso nao chega a ser um problema, afinal casa bem com o estilo absurdo e exagerado da historia, mas achei q escalou rapido demais a maldade dele, nao sei. De todo modo, um contaço, muito bem escrito e que nao me tirou risadas, mas me deixou sorrindo e bem humorado a leitura toda.

    Sentimento final como leitor: terminei bem humorado e satisfeito.

    Recomendação do meu eu leitor: não sei, talvez faltou uma transição mnelhor do vilao entre um cara normal e um vilao multiversal completamente inescrupuloso e vingativo.

    Conclusão: tava passeando no pão de açucar quando uma sucessão de maluquices começou a acontecer. Nao me lembro muito bem, pois logo depois acordei babando na mesa do bar. Mas senti que me diverti muito e que daria uma bela historia pra contar, se me lembrasse dela.

  18. Antonio Stegues Batista
    18 de março de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    O conto tem por tema, comédia. As anedotas não estão nas ações, mas na narrativa e diálogos, principalmente  nas figuras de linguagem. Talvez o enredo ficasse melhor como filme. Minha imaginação das cenas não foi suficiente para me fazer rir, ainda mais com um assunto complexo da física quântica.

    ENREDO – Regular, nem bom, nem ruim.

    ESCRITA – boa, correta.

    NARRATIVA – Fluida.

     FRASES – Muito boas, termos técnicos corretos.

    PERSONAGENS – Marcantes

    DIÁLOGOS – Corretos, verossímil

    AMBIENTAÇÃO – Sem muita descrição.

    IMPACTO – Fraco.

  19. Kelly Hatanaka
    17 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi Fujiro Nakombi.

    Antes, um aviso geral: li seu conto com toda a atenção e cuidado e meu comentário, abaixo, expõe minha opinião de leitora, com todas as falhas que tal opinião possa ter. Os quesitos que uso para a pontuação são: Tema, Escrita e Enredo, valendo 2 pontos cada e Impacto, valendo 4. Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

    Tema

    Dentro do tema comédia.

    Escrita

    Uma escrita criativa e ousada. Correta, gostosa de ler e cheia de personalidade. Gostei.

    Enredo

    O namorado de Mariana, irritado com seus amigos que não o levam a sério, “bagunça seus booleanos” e os transforma em seres bizarros. No final, era tudo um sonho. Ou não.

    Impacto

    Implico um tico com esse negócio de era tudo um sonho. Mesmo ficando uma dúvida no final. Mas a história é ótima, divertida e, definitivamente, engraçada. E também, um bocado corajosa, com muita coisa acontecendo, e uma linguagem deliciosamente direta. O humor é questão de timing e, aqui, ele é ótimo. Não se perde uma oportunidade de piada e nada soa forçado.

  20. José Leonardo
    16 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Fujiro Nakombi.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: Depois de uma noitada com os amigos, o protagonista-narrador acorda transformado em um tipo de ninfa e tenta descobrir o que houve. Seus amigos – que também se transformaram, mas em outros seres – dizem que aquilo fora causado por Raymond, o namorado de um deles, ao “sacanear com os booleanos”.

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: Fugiro, certamente um dos contos mais em escritos deste desafio (em minha opinião, claro; o “certamente” é para reforçar) Clichês não têm vez, aqui. Há um desfile de referências (não só quanto a personagens/pessoas reais/coisas/filmes, mas ações realizadas por elas, digamos) das quais algumas eu peguei, outras não, mas isso é de praxe. Isso não me incomodou, pelo contrário: teve seu papel no andamento do enredo e reforçou no leitor o jeito como os três amigos interagem – o novo elfo, a lhama e a mariposa. Ótimos e ágeis diálogos (mesmo quando descambou para explicações do tipo nerd/FC, que mesmo interessantes para entendermos o enredo me pareceram maçantes… São amigos com bastante afinidades, bem encapsulados em sua bolha).

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Adequado à comédia pelo insólito das situações (se fosse teatro em suas divisões mais comuns, seria uma farsa em vez de tragédia). O conto é revestido de criatividade e bons diálogos, embora o enredo e as falas funcionem melhor em quem conhece os termos técnicos/computacionais de matrizes, consultas etc. Um texto de nerd para nerds (e não tomo essa palavra pejorativamente). 

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: É um conto para se admirar a criatividade do autor e a agilidade de seus diálogos, no meu caso (de leitor).

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto?

    R.: Infelizmente, Fujiro, sua ótima história não funcionou muito bem comigo, ressalvados os pontos positivos que já destaquei (o que lhe dariam uma ótima nota de minha parte, se pudesse avaliar e classificar seu conto). É o tipo de conto que cai como uma luva em antologias de FC/fantasia.

    Parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

  21. Gustavo Araujo
    15 de março de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    É um conto bem divertido — ainda mais se quem lê é nerd, gosta de computação e tem um pendor para os clássicos da informática. Gostei da desenvoltura e da maneira como as explicações são dadas, considerando que este é um conto que depende bastante do contexto não-dito que o permeia.

    Há algo de kafkiano logo no início, com a transformação dos personagens em animais, ou melhor, em misturas de animais, mas isso não vai muito longe, já que a maior parte da história recai sobre o “antes”, isto é, sobre as razões que os levaram a ser convertidos nesses seres fantásticos. Deveras, Ricardo é um sujeito de pavio curto e com um alto conceito de si mesmo, o suficiente para se vingar de forma criativa daqueles que dele zombam. Como estamos numa comédia, é fácil comprar essa justificativa.

    As piadas internas e metaficcionais funcionam bem, já aquelas prontas, inseridas no texto sem muita razão (a do penico, p.ex), não têm a mesma força. Ponto positivo para os diálogos, em especial na metade final do conto. Também gostei dos personagens e de seus subtextos, inseridos na trama com bastante competência.

    O fato de ter sido tudo um sonho fez o texto perder um pouco do impacto, a despeito da competência no arremate.

    No fim, fiquei com uma sensação agradável ao ler o conto. É criativo, na maior parte das vezes engraçado, inteligente e muito bem escrito, com o DNA do nosso autor de sci-fi favorito. Apenas o fim não me satisfez como leitor.

    Nota 4

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Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1B, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .