EntreContos

Detox Literário.

Curió (Luis Guilherme, Gustavo Araujo e Renato Silva)

– Qué dizê então que essas água nunca se mistura, vô?

– Cê num tem zóio, Curió? – o avô bafejou resposta e fumaça de cachimbo num muxoxo mal-humorado. – Desde que seu avô era criança nunca que as duas água, marrom e preta, se misturaram. Tem coisa que não se mistura. Até se toca, mas num mistura não.

Uma sombra pareceu percorrer rapidamente o rosto cansado. Como que afastando algum pensamento, o velho balançou a cabeça e levantou lentamente.

Pensativo, Curió apoiou o queixo nos joelhos abraçando as canelas. Gostava daqueles momentos que passava com o velho observando as águas. Ainda que ensimesmado, o avô lhe ensinara tudo que sabia da vida: a pesca, o respeito à mãe, o valor do silêncio e o amor à floresta.

– Vamo que tá tarde, sua mãe tá esperano nóis chegá com a mistura – numa última tragada longa, saiu carregando o saco de peixe.

Mas nem peixe nem avô chegariam para o jantar.

– Num baixa a guarda Curió, caraio – ouviu o ralhar de Tito, despertando da lembrança. – Não vou ficar toda hora salvando sua pele, não.

A dupla se esgueirava pela mata densa, aproximando-se do armazém. A camisa empapada de sangue fazia barulho, então Curió a removeu, ostentando um belo peitoral. O garoto franzino se desenvolvera num vistoso homem de 20 e poucos anos, puro músculo e pêlo. As marcas do conflito recente, ainda pulsante na memória, podiam ser vistas por todo o corpo, mas o sangue da camiseta não era seu.

Já podiam ouvir as conversas e risadas vindo do armazém ao qual se dirigiam. Um segundo apagão fez Curió tropeçar num tronco saliente. Por instantes, a imagem das cabanas queimando – fogo, fumaça e gritos – ocupou sua mente.

– Porra, Curió, que cê tem hoje? – o sussurro confundia censura e medo. – Tô ligado que…

Apagou novamente. Curió agora era carregado nas costas pelo avô, os peixes largados para trás em algum lugar em meio ao barulho de tiros e gritaria. O velho o segurava com firmeza, mas a respiração sôfrega e o manquitolar anormal para o geralmente inabalável senhor diziam a Curió que algo não estava certo. Uma tossida molhada e segundos depois o homem caía de joelhos, o desequilíbrio projetando o neto para o lado.

– Curió, cê iscuta bem aqui o que eu vô ti falá – as palavras se projetavam à força em meio a saliva e sangue. Só agora Curió notava o buraco da bala estilhaçada que rasgara camiseta e carne. Um misto de urgência, dor e medo temperavam a fala do homem, em geral tão sereno – Cê vai pegá sua mãe e vai fugí pelo buraco na cerca do fundo, alembra aquela qui nóis armô justamente pra essa situação? Eles chegaram, e num tem nada qui nóis possa fazê. Num tenho muito tempo, então vai logo atrais da sua mãe. Cuida dela, e discurpa tê causado tudo isso – uma lágrima, a primeira que Curió testemunhava em seus 14 anos, escorreu, enquanto o brilho daquele profundo olhar aos poucos se esvaía. – E cuida do teu primo, ele num pode morrê. Nóis salvamo ele daquele desgraçado do pai dele, e se ele morrê essa treta toda vai tê sido im vão.

Curió gritou, o desespero rasgando seu peito e o ódio projetando seus olhos. Mas o grito saiu de uma boca mais velha e muito mais experiente em gritar e odiar.

– Caraio Curió, cê tá maluco, porra? Agora ocê matô o elemento surpresa e eles vai vim tudo pra cima di nóis – sussurrou Tito, desembainhando pistola numa mão e facão na outra. – Cê sabe que eu te amo, primo, mais cê tá mais estranho que…

Porém, Curió nunca ouviria o final da metáfora: o sorriso provocador de Tito morreu com uma explosão de carabina, se transformando num esgar dolorido quando um projétil atravessou seu olho esquerdo e explodiu a nuca.

Sem pensar, Curió buscou a segurança da mata, arrastando-se por entre galhos e raízes invisíveis no breu da noite. Quando alcançou um arbusto, finalmente respirou. Ao longe, tiros a esmo riscavam o ar, mas ele sabia que pelo menos por ora estava a salvo. Ainda arfando, divisou a forma imóvel e retorcida do primo ao longe. O rosto estraçalhado de Tito o acompanharia até o fim de sua própria existência, fosse qual fosse a duração. Mas isso não era o pior. A culpa por ter falhado com sua mãe e com seu avô já lhe rasgava o peito como uma ferida aberta para a eternidade. E a única maneira de cicatrizá-la era terminar o que haviam planejado.

No céu, nuvens se abriram num átimo, permitindo que o luar atingisse seu rosto encharcado pelo suor do medo e da urgência. Lembrou-se de sua mãe, de como aquela mesma lua acentuava seus traços imprecisos, a perfeição imaculadamente negra. Maiara, esse era o nome dela, a mulher de olhos alongados e sorriso indecifrável. Lembrou-se da maneira como ela o chamava quando criança, prolongando a última vogal. “Curió… o jantar está pronto.” Quase podia ouvi-la.

Os tiros cessaram, mas aquele silêncio era tudo menos sinal de paz. Bastaria um movimento em falso, um ruído por menor que fosse, para que uma nova saraivada começasse. Paciência, paciência, disse a si mesmo. Concentre-se.

Voltou-se novamente para as lembranças da mãe. Agora, era por ela que estava ali. Por ela, pelo pai. E por Tito. Todos eles, com seus pecados, com suas falhas, com suas redenções.  

O pai de Curió se chamava Iberê. Era nascido e criado em Nova Santarém. De uma pequena família de lavradores, afeiçoara-se desde cedo ao único irmão, um ano mais novo, Aimoré. Não podiam ser mais diferentes, porém. Eram como o Negro e o Solimões. Enquanto Iberê era uma criança falante, contadora de histórias, Aimoré era introvertido e observador. Não que isso os impedisse de andar juntos, de explorar o rio e a mata, de pescar e ajudar o pai no plantio e na colheita, de ir à escola, de jogar futebol e caçar passarinho, de arranjar briga com outros meninos ou de se aventurar em terrenos misteriosos ou de matar a curiosidade inata em casas de reputação duvidosa.

Um dia, contudo, um sujeito chamado Vargas apareceu na cidade. Era um mascate, diziam, e abriu um comércio. Roupas, tecidos, acessórios diversos. O que um negro metido a comerciante veio fazer neste fim de mundo, perguntavam. Nem sabia falar direito, não tinha cultura… Mas nem Iberê, nem Aimoré estavam preocupados com isso, enfeitiçados que ficaram pela filha do recém-chegado, a jovem Maiara.

Tinham cerca de dezoito ou dezenove anos na época, os três. Os rapazes se ofereciam para ir ao armazém do negro por qualquer motivo. O pai desconfiava do motivo, naturalmente, mas não fazia questão de impedir a rivalidade que crescia a olhos vistos. Pelo menos os filhos eram machos e no fim era isso o que importava por ali. Iberê e Aimoré logo ganharam a simpatia de Maiara, que repetia o afeto dos rapazes, ainda que fosse incapaz de decidir-se por algum deles.

Vargas, no entanto, guardava um mau pressentimento. Via no horizonte daquela competição os ventos da inveja e do ciúme construindo a tempestade. A filha, porém, estava alegre, feliz até, e isso o impedia de tomar uma atitude mais drástica. Não era esse tipo de pai.

De qualquer forma, Iberê e Aimoré tinham um acordo não declarado de não pressionar Maiara e, principalmente, de não trair um a confiança do outro. E assim a situação se manteve, em suspenso, como as águas do grande rio correndo para o horizonte aparentemente sem nenhum propósito. Até que Maiara começou a evitá-los, a dar desculpas para não os atender. Dizia estar indisposta ou ocupada. As roupas largas não demoraram a denunciá-la. Estava grávida.

Haveria alguém mais? Não, impossível. Num lugar pequeno como Nova Santarém, esconder um romance seria impraticável. De quem era a criança? Quem deles havia ferido o pacto de lealdade? Aimoré culpou Iberê, numa daquelas explosões tão raras quanto intensas. Iberê negou peremptoriamente, acusando o caçula de ser, ele sim, o traidor. Foi a vez de Aimoré se ofender e partir para cima do irmão. Havia tempos não brigavam entre si, mas ali recuperaram todo o tempo perdido, desferindo socos, vomitando nomes, ameaçando-se. Foi preciso que o pai, já doente, interviesse.

Maiara casou-se com Aimoré e ao filho nascido deram o nome de Heitor. Ninguém o chamava assim, porém, preferindo o apelido, Tito. Iberê recolheu-se em sua vergonha, desaparecendo para o interior da lavoura logo depois que os pais morreram de bexigas – ainda que algumas pessoas dissessem que foi mesmo pelo desgosto de ver os filhos rompidos um com o outro.

O casamento de Aimoré e Maiara, entretanto, não demorou a apresentar sinais de cansaço. Ele não levava jeito para o comércio. Logo começou a beber. Tito era seu filho, tinha certeza. Havia se encontrado com Maiara tempos antes, mas por que diabos o menino se parecia tanto com Iberê? A desconfiança ganhava traços mais dramáticos a à medida que o tempo passava. O rosto da criança, os trejeitos, tudo lembrava Iberê. Em meio às bebedeiras, confrontava a mulher, perguntando a ela se havia se deitado com o irmão ao mesmo tempo em que se encontrava com ele. Ela, claro, negava tudo. Mas para Aimoré, não havia dúvidas. Tito era filho de Iberê. As negativas de Maiara só faziam confirmar seus temores. E numa terra como aquela, só havia uma maneira de lavar a própria honra.

Foi o Negro Vargas quem descobriu o plano de Aimoré. Provavelmente porque amava demais neto, enxergando a si mesmo como o pai dele, um protetor, já que Aimoré passava mais tempo no bar do que no trabalho ou em casa. Fato é que Vargas desconfiou de alguns itens que Aimoré havia encomendado para o armazém, como veneno para ratos em quantidade acima do normal, além de chumbo e cartuchos .22. Sabia que o genro vinha bebendo e acompanhava de longe, as discussões dele com Maiara. Até então, preferia não se meter, porque homem que é homem precisa saber cuidar da própria família sem outros lhe dizendo o que fazer. Mas agora era diferente. Ele sentia o perigo rondando.

No dia em que Maiara retornava da missa segurando a mão do pequenino Tito, Aimoré os esperava em casa com um revólver engatilhado. Ele não sabia, aliás, ninguém sabia, mas a mulher estava grávida novamente e tinha a ideia de contar a ele a novidade tão logo chegasse em casa.

Sentado à mesa da cozinha, Aimoré escutou a porta de entrada da casa se abrir com um rangido. Havia bebido muito para ganhar coragem, mas estava certo de que depois que tudo passasse se sentiria redimido, a alma limpa e leve. Ouviu os passos e ergueu a arma, o cano apontado para onde Maiara e Tito apareceriam.

― Abaixa o revórvi ― disse Vargas, a voz vindo de trás de Aimoré. ― Ninguém qué machucá ninguém.

Aimoré virou para trás e atirou na direção da voz, mas a bala acertou a viga do teto.

― Tá bêbo, mermo, mano…

Dessa vez foi Iberê que apareceu na frente dele.

― Vamo conversá, Aimoré. Ninguém precisa di morrê hoje.

― Ocê vai morrê é agora…

Nas semanas seguintes, as pessoas se perguntariam por que Iberê aparecera assim, de frente, sem qualquer proteção, diante do irmão bêbado e armado. Talvez ele tenha acreditado que o passado em comum que tinham vivido fosse suficiente para garantir que na hora ‘H’ Aimoré não atirasse. Estava errado. O tiro varou-lhe o pulmão esquerdo e atingiu uma artéria provocando uma hemorragia interna. Iberê morreu ali mesmo, na cozinha do irmão, uma poça negra de sangue se formando debaixo de seu corpo inerte.

Aimoré foi preso mas nunca demonstrou arrependimento. Jurou que tão logo saísse da cadeia acabaria o serviço.

Maiara, o pai e Tito saíram de Nova Santarém e se esconderam em Porto Tapajós, no norte do Pará. Vargas abriu outro armazém para manter o sustento de todos. Sete meses mais tarde, a mulher daria à luz o pequeno Robério, que pelo aspecto franzino logo receberia o apelido de Curió. Não havia registro nem cartório naqueles confins, mas se houvesse, o nome do pai, na certidão de nascimento do menino, seria Iberê Matias dos Santos, cuja história o pequeno Curió aprenderia de cor e dele se orgulharia, jurando, por isso mesmo, vingar-se do tio assassino. Nem que levasse uma vida inteira.

Agora, com a madrugada ainda mais profunda, cercado pelo silêncio daquela mata banhada pela lua cheia, observou o armazém uma vez mais.

Curió se arrastou pela mata rapidamente e se escondeu por entre uma fenda na terra aberta por grossas raízes de uma árvore. Como os tiros chamaram a atenção de quem estava pelas redondezas, os homens não procuraram o rapaz por muito tempo, e desapareceram.

– Zé, nóis pegamo uns homis emboscando nóis na mata. Matamo um deles, mas o outro fugiu – disse um tipo de estatura mediana, cicatriz acima do supercílio direito e usando um chapéu de abas largas e camisa encardida.

– Eram do bando do Carneiro? – perguntou um homem atarracado, coçando a barba negra, conhecido por aquelas bandas como Zé Tinhoso.

– Zé, era dois tipinho de fora. Eles parecia conhecer bem a mata – disse um mulato de estatura imponente, mas um tanto sonso perante os outros do bando.

– O que dois homens de estavam querendo invadindo o meu armazém? Robá pinga e peixe salgado? – perguntou o líder o do bando.

– Será cana? – perguntou um deles.

– Não, os cana tão de acordo comigo. Faço meus negócio e pago a comissão. – Zé Tinhoso ficou um tempo em silêncio, então se deu conta de que poderia estar correndo riscos, e disse: – Vão atrás do que sobrou e traiz ele pra mim.

Os homens saíram pela porta dos fundos do armazém, que já estava fechado àquela hora da noite.

Curió releu a carta mais uma vez, dobrou a guardou no bolso. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Falhou mais uma vez e agora perdeu seu companheiro de aventuras, irmão mais velho – a quem chamava de “primo” –, Tito.

Carregou sua espingarda, revólver; ainda sobrando algumas balas na pequena bolsa que carregava a tiracolo. Também portava uma faca afiada de lâmina média, capaz de sangrar um porco grande, nunca usada para tirar a vida de uma pessoa. Ele sabia que os homens voltariam para matá-lo, mas Curió conhecia a floresta mais do que qualquer deles, pois foi ali onde cresceu, ensinado pelo velho Vargas, nascido longe da Amazônia.

O som das folhas e galhos chamou a atenção do rapaz, que logo identificou serem de pessoas. Não eram índios, nem trabalhadores da mata, pois os passos eram nervosos e apressados, como a de caçadores ávidos em pegar a presa. Curió empunhou sua espingarda e estava disposto a acabar com todos aqueles homens que estavam no seu caminho.

Um tiro foi disparado, acertando o tronco de uma grande árvore a meio metro de Curió. Ele se agachou e manteve a calma, apenas ouvindo os passos que se aproximavam. Ao avistar o vulto de um grande chapéu, rapidamente, o rapaz apontou a espingarda e atirou. O corpo caiu inerte entre a folhagem e nenhum grito foi emitido.

Mataro o Tião! Qui disgraçado! – gritou o mulato para o companheiro.

– Não grita, seu idiota. Assim ele pega nóis. Cê vai pra lá – apontando para uma descida – e eu vou subir, que lá de cima eu vejo ele e dou um assovio pra você matar ele na hora certa – explicou o cara mais velho, acostumado com tocaias e emboscadas.

– Tião, vô vingá sua morte – resmungava enquanto descia pela mata. – Percebendo passou na mata, não pensou duas vezes e atirou. – Ti peguei!

O jagunço na parte de cima ouviu o barulho do tiro e se irritou com o companheiro pelo tiro precipitado.

O mulato viu seu alvo morto e cheio de sangue. Era uma capivara.

Vamo assar o bicho depois de pegar aquele desgraçado.”

Outro farfalhar e desta vez ele não se precipitou em atirar. Ele empunhou a espingarda e buscou observar de onde vinha a movimentação. Ao avistar um vulto de costas, atirou sem pensar. Mas só uma jaqueta. Irritado, o homem retirou balas para recarregar a espingarda, quando sentiu o frio cano de um revólver em sua têmpora. Nenhuma palavra, um tiro rápido. Se tivesse de pensar, Curió não mataria um homem desta forma.

Um rápido farfalhar por entre as folhas, alguém se movimentando rapidamente, quase sem tocar nos galhos e um tiro certeiro. Curió foi ao chão com um tiro na coxa, mas também acertou seu algoz. O tiro não acertou o osso e nem uma artéria importante. Curió viu o homem agonizando, o mesmo que matou Tito. Puxou a punhal e cravou no seu peito.
Zé tinhoso viu Curió tentando invadir o armazém e fugiu no seu Opala. Curió entrou no antigo armazém do avô e viu no que tinha se transformado, estocando drogas. Ateou fogo e saiu.

Dentro do Opala, Zé Tinhoso carregava uma mala com seus pertences e joias, além de uma carga de cocaína. Pensou estar seguro e cantarolava, até que sentiu uma dor aguda na canela e capotou o carro. Havia sido picado por uma jaraca, colocado por Curió antes que o visse.

Curió orou pela alma de sua mãe e agradeceu por contar-lhe a verdade sobre seu pai, Aimoré, que ainda estava preso e era pastor. Ele resolveu perdoá-lo e visitá-lo na cadeia.

Sobre Fabio Baptista

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26 comentários em “Curió (Luis Guilherme, Gustavo Araujo e Renato Silva)

  1. Fabio D'Oliveira
    30 de setembro de 2024
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas!

    Dessa vez farei uma avaliação mais pessoal, apontando o impacto do conto em mim.

    O conto tem uma trama complexa, cheia de detalhes e, por isso, perde muito tempo se explicando. Aqui temos um problema. Se o autor conta a história, fica chato e enrolado, agora, se ele utilizasse de diálogos e cenas expositivas, mostrando a história, corre o risco de deixar o texto teatral e, por vezes, superficial.

    Apesar disso, a primeira e segunda parte estão bem escritos. Não sou do tipo de reclamar de coesão, mas, quando é demais, não tem como ignorar. A terceira parte esquece do núcleo central da trama: a vingança de Curió contra Aimoré. No final, o autor se justifica, falando que o cara foi preso e virou pastor, além de ser perdoado pelo protagonista, HAHAHAHAHAHA. Foi engraçado, pelo menos.

    É um conto que não me agradou muito, em linhas gerais.

  2. Pedro Paulo
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Então, aqui o que foi uma piada no grupo, de uma pessoa meio que sequestrar a introdução de um conto para então contar história mais de seu agrado, eu sinto que aconteceu. Após a introdução um pouco atropelada do protagonista, o que parecia ser sua motivação principal é rapidamente eliminada do texto. Julgo ter sido a primeira decisão ruim no conto. Uma vez que o primo é removido da narrativa, ficamos imaginando qual será o impacto sobre Curió e o que fará de agora em diante… Mas, o personagem foi apresentado há tão pouco tempo que não sabemos quem ele é para ficarmos nos interrogando sobre quem ele vai ser, de modo que fica parecendo apenas uma forma barata de impactar quem lê. A segunda decisão mal pensada, em minha opinião, foi deixar o presente para recuar em não uma, mas duas gerações da família do protagonista, momento ao qual atribuo o sequestro referido no início do meu comentário. Embora clichê, o drama dos dois irmãos é bem desenvolvido, mas não o bastante para se justificar, passando como desleal à primeira autoria e tomando um espaço demasiado da narrativa, a ponto de que, quando a terceira autoria assume, Curió reaparece quase que como uma obrigatoriedade e parte do texto parece dedicado a ligar todo o drama familiar geracional às motivações de Curió. Senti certa arbitrariedade na construção interior do protagonista. Por outro lado, também a prejudicar o texto, todas as menções a nomes e lugares começam a ficar confusas e vazias, introduzidas nesse trecho final para tentar contextualizar a situação em que Curió se encontra, mas só confundindo mais por uma certa falta de habilidade ao equilibrar as informações passadas. As últimas linhas concluem o conto com pressa e um aspecto que sugere a participação de uma inteligência artificial, com frases secas e expositivas ligando as pontas soltas do texto.

    • Renato Puliafico da Silva
      21 de setembro de 2024
      Avatar de Renato Puliafico da Silva

      Te garanto que a 3ª parte foi puro talento, 0% I.A.

  3. Victor Viegas
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Frankensteiners!
    ✨ Destaque: “Então Curió a removeu, ostentando um belo peitoral. O garoto franzino se desenvolvera num vistoso homem de 20 e poucos anos, puro músculo e pêlo.”

    📚 Resumo: Aimoré e Iberê se apaixonam por Maiara. Ela fica embuchada e casa com Aimoré. Mas o filho é a cópia de Iberê. Os irmãos criam um estardalhaço com a situação e entram em guerra. Aimoré é preso. Curió nasce e cresce no meio do conflito. 

    🗣️ Comentário: O conto está escrito em terceira pessoa, com regionalismo nas falas. Por ter poucas “palavras caipiras” não ficou cansativo. A apresentação da estória foi bem feita, mas o desenvolvimento com os outros autores não trouxe todos os elementos do autor 1 e tive que ler novamente para não me perder. 

    O final soou muito apressado e ilógico “Curió orou pela alma de sua mãe e agradeceu por contar-lhe a verdade sobre seu pai, Aimoré, que ainda estava preso e era pastor. Ele resolveu perdoá-lo e visitá-lo na cadeia”, do nada Curió soube do pai, com essa informação já foi perdoado, e Aimoré está vivendo como um pastor. Oi? Faltou desenvolver os fatos para a visão de Curió. O leitor sabe uma parte da estória, o menino não. 

    💬Considerações finais: Com o encontro das águas do rio Negro e Solimões deixo a minha comparação. O conto se mostra heterogêneo, com o começo forte e agitado como Solimões e o final mais calmo e harmonioso como o rio Negro. E nessa hidrografia brasileira eu deixo meu comentário. Parabéns pelo Frankenstein! Boa sorte!

  4. Sílvio Vinhal
    20 de setembro de 2024
    Avatar de Sílvio Vinhal

    Fiquei bem impressionado com o início e o desenvolvimento do conto, nem me lembrei que tinha 3 autores, até lá pela metade, quando concluí que a transição havia sido muito boa. Texto primoroso, bem escrito, elegante e carregado de informações. Há densidade dramática e a floresta torna-se palco de um conflito entre gerações. Geograficamente convincente, denotando que houve uma pesquisa ou se trata de alguém que tem alguma familiaridade com a região amazônica. Hoje isso é fácil, está ao alcance de um Google — embora muitas pessoas ainda nem sonhem em utilizar esses recursos.
    A metáfora das águas foi explorada de uma forma instigante para delinear o conflito. Águas que correm juntas, mas não se misturam, porque são essencialmente diferentes.
    Talvez tenha havido um excesso de personagens, considerando tratar-se de um conto, porém, assim como nos filmes de terror, um conto onde há muitas mortes, também precisa de muitos personagens, para sobrar alguém no final para terminar de contar a história.
    No final, porém, tudo destoou. Ficou perceptível, principalmente pelos erros de concordância, frases mal estruturadas (falta de uma revisão mais apurada?) e, por fim, a impressão de que era urgente terminar, a qualquer custo. Uma pena. Algo esperado, porém, como indica a escolha da ilustração para esse desafio.
    Fica até difícil dar uma nota.
    Parabéns pela participação no desafio. Desejo sorte!

  5. rubem cabral
    20 de setembro de 2024
    Avatar de rubem cabral

    Enredo. Regular. Achei o conto confuso e a ação um tanto cinematográfica e pouco real. Curió quer se vingar do tio malvado e a ação de início é bacana, mas o embate foi um pouco confuso e os flashbacks e muito “tell” e pouco “show” deixaram o miolo do conto um tanto enfadonho. O final ficou apressado e o perdão de Curió foi estranho, para mim. Contudo, gostei da ambientação no Pará.
    Escrita. Boa. Os três autores souberam narrar o conto de forma satisfatória, com poucos erros a notar.
    Personagens. Regular. Não consegui me ligar bem aos personagens, achei-os com poucas camadas, infelizmente.
    Coesão. Boa. Fora o ritmo mais lento do presumível 2o autor, mal se nota que a história foi escrita a 3 mãos.

  6. Leo Jardim
    19 de setembro de 2024
    Avatar de Leo Jardim

    🗒 Resumo: um casos de família da floresta. Maiara amava os irmãos Ismael e Aimoré. Teve dois filhos, Tito e Curió, ninguém sabe na verdade de quem. Aimoré mata Ismael por ciúmes e vai preso. No presente, o avô dos meninos morre por ação de uns traficantes e eles vão vingá-lo.
    📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): um conto muito fácil de ler, como o fluxo de um rio. E como o Negro e o Solimões, o final não se mistura (alguém já deve ter feito essa metáfora rs). Gosto quando o conto começa na ação e depois volta pra explicar o que está acontecendo. Nesse, achei que o flashback ficou um pouco maior e mais complexo que eu acharia o ideal, mas ainda assim gostei. Quase tive que fazer um desenho pra entender, mas gostei. 
    O fim volta pra ação e achei muito bem narrada e descrita. Só que gastou muitas palavras com ela e faltou explicar melhor o que estava acontecendo de fato. Eram traficantes que tinham roubado o armazém do avô? E todo o flashback com o passado dos irmãos ficou resumido a um parágrafo no fim?
    ▪ Curió orou pela alma de sua mãe e agradeceu por contar-lhe a verdade sobre seu pai, Aimoré, que ainda estava preso e era pastor. Ele resolveu perdoá-lo e visitá-lo na cadeia (?!?!?!?)
    📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): achei muito bem escritas as três partes do conto, apesar de alguns pequenos deslizes de revisão. Li o conto todo numa tacada só e a técnica ajudou muito nesse processo. 
    ▪ *divisou* a forma imóvel e retorcida do primo ao longe (peguei um pouco de ranço de divisou e sorveu, muito usados por aí)
    ▪ O que dois homens *de* estavam querendo invadindo o meu armazém?
    ▪ Percebendo *passou* na mata (passos)
    🧵 Coesão (⭐▫): percebe-se os cortes entre os autores não pela técnica, mas pelo estilo ou escolhas narrativas. 
    💡 Criatividade (⭐⭐▫): achei bom
    🎭 Impacto (⭐⭐▫▫▫): foi bastante prejudicado por causa do fim. Depois de tanto tempo conhecendo o passado da família, tentando entender quem era pai e filho de quem, o fim não ser sobre isso e o perdão ter sido feito “fora da tela” ficou um gosto muito amargo. Infelizmente, porque estava gostando muito do conto. 

  7. Fabiano Dexter
    19 de setembro de 2024
    Avatar de Fabiano Dexter

    Temos em Curió uma boa história, mas onde alguns dos elementos plantados pelo primeiro autor acabam não dando frutos. E ainda que eu não tenha percebido exatamente onde as trocas foram feitas, notei que no desenvolver da história vão ocorrendo mudanças no modo como ela está sendo contada e ao final temos mais perguntas do que respostas.
    Tive que ler o texto mais de uma vez não apenas para comentar, e analisar, como tenho feito com os demais, mas também para entender. Temos poucos personagens mas mesmo assim achei as conexões confusas, com mudanças de primo para irmão (ainda que explicada, não sei qual o motivo que Curió teria de chamar o seu irmão de primo, ou, pior, motivo para o avô deles o chamar assim). Além disso, quando Aimoré arma a tocaia para matar a esposa, o sogro fala primeiro, depois aparece o irmão que leva o tiro e Vargas simplesmente evapora.
    Curió começa muito bem, com uma ambientação interessante, bons personagens e uma história a ser seguida. Melhor que muitos dos contos aqui do desafio. Mas como os demais autores não estavam na cabeça do primeiro, parece que perderam alguns pontos interessantes como a questão das águas que não se misturam, que poderia ser uma referência aos irmãos mas ficou esquecida. E o ataque feito à vila, que resultou na morte do avô, também ficou solto, não tendo nenhuma ligação com o final da história (apenas supomos que Zé Tinhoso tenha realizado ataque, mas mais uma vez ficamos sem uma motivação mais clara) Começou bem, mas foi se perdendo e no fim ficou um conto que não causou o impacto que prometia. Um exemplo são as duas última frases que não dizem nada com o restante da história: jararaca no Opala, uma carta sem nenhuma ligação com a história e a redenção de Aimoré que não sabemos de onde nem o porquê.

  8. Fabio Baptista
    18 de setembro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    X Sensação após a leitura: Tiro pra tudo quanto é lado, mas nenhum no alvo

    X Citações pro bem e pro mal:

    x amava demais netoo

    x O que dois homens de estavam querendo?

    x enquanto descia pela mata. – Percebendo passou na mataAlém da repetição de “mata”, fica a impressão de que faltou algo aí

    x jaracaNova espécie da fauna amazônica

    X Conclusões:Gostei da primeira parte, intercalando os flashbacks com a ação atual. Eu faria sem o itálico, separando de outra forma tipo o famoso “***”. Há alguns pontos questionáveis, tipo a participação relâmpago de Tito. Uma boa base é criada e um ritmo frenético é determinado.

    A segunda parte quebra esse ritmo e se volta para dar explicações sobre as motivações de cada um. Para isso, recorre a contar a história dos antepassados. Isso é feito com uma competência técnica superior aos demais integrantes do power trio, mas a sensação foi a de que chamaram um pianista clássico para tocar em uma banda de punk rock… as notas estavam perfeitas, mas o ritmo se quebrou. Acredito que menos explicações (inclusive uma bem forçada sobre o irmão/primo) e mais tiro porrada e bomba geraria um efeito melhor.

    Na terceira parte, o pianista se cansa de acordes tão simples e vai embora. Daí chamam alguém da plateia pra terminar o show. Sobrou vontade, mas faltou afinação (até para os padrões punk)… até conseguiu retomar o ritmo frenético do começo e poderia ter só quebrado a guitarra no palco e encerrado em um mosh (stage diving) (desculpem, me empolguei com essas comparações musicais), mas resolveu improvisar… e acabou desandando tudo.

    Nunca perdoaremos Curió por ele ter perdoado Aimoré.

    MÉDIO

  9. Priscila Pereira
    17 de setembro de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, autores! Tudo bem com vocês?

    Começo: Gostei bastante! O regionalismo que não gosto foi muito bem utilizado só nas falas, e a narração está muito bem escrita. O enredo é denso e cheio de ótimos ganchos para o próximo autor continuar. Gostei demais da metáfora do rio que mesmo que se toque, não se mistura.

    Meio: Não sei onde o primeiro autor parou e o segundo começou, mas gostei bastante da história de Aimoré e Iberê, utilizando a metáfora do rio. Tudo foi se aprofundando e a qualidade narrativa se manteve impecável.

    Final: Não sei o que aconteceu aqui… Tinha tantos ganchos para seguir, um pai preso, que prometeu terminar o serviço quando saísse da cadeia, uma briga de honra, o crescimento e amadurecimento dos primos… Mas o autor decidir ignorar tudo e colocar outros personagens e outro conflito. Não entendi o que levou o autor 3 a levar o conto por outro caminho. Não está mal escrito, mas não tem nexo com o resto do conto. Uma pena.

    Coesão: Os dois primeiros autores estão muito bem conectados no estilo e na narrativa e o terceiro destoou na narrativa.

    Visão geral: Gostei bastante até o final ir por outro caminho. Uma pena mesmo.

    Parabéns aos autores!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  10. Jorge Santos
    15 de setembro de 2024
    Avatar de Jorge Santos

    Olá trio.

    O que começou como texto elegante, rapidamente descambou para cenário de violência e vingança. Este é o primeiro texto no qual não consigo identificar as três partes. Os autores estão, portanto, de parabéns por terem conseguido manter a coerência e a ideia inicial.

    Notei alguns erros, nomeadamente de falta de concordância. Um exemplo: “Havia sido picado por uma jaraca, colocado por Curió antes que o visse.” Nesta frase, para além do nome da cobra ser “jararaca”, o verbo “colocado” deveria ser colocada.

    Em termos de narrativa, estamos perante duas narrativas cruzadas. Duas histórias de vingança que se cruzam numa personagem comum, Curió. A sua função é resolver as duas histórias. Vingar a morte do avô e fazer as pazes com o pai que está na prisão. No entanto, há aqui uma incongruência, porque na segunda parte está indicado que o seu pai é, na realidade, o tio. Tal como este era, também, o pai do meio-irmão. Esta confusão deveria ter sido resolvida com a simplificação da narrativa. Fiquei com a ideia de que os autores quiserem mostrar ação, sem conseguir que o texto ficasse com o impacto que mereceria.

  11. Luis Guilherme Banzi Florido
    14 de setembro de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Olá, autores! Tudo bem? Primeiramente, parabéns pela participação num desafio tão dificil e maluco quanto esse!

    Início: eletrizante! Gostei muito do ritmo, do regionalismo, dos personagens. Achei o ritmo muito gostoso de ler, com a intersecção entre presente e lembranças bem estruturada. O conto levantou muitas questões: o que aconteceu no passado, quem é o pai de Tito, quem está no armazém, de quem é o sangue na roupa de Curió, o que aconteceu com a mãe, entre outras. Espero que os próximos autores explorem esses pontos.

    Meio: o meio funciona muito bem para responder a algumas questões levantadas na parte 1, estabelecendo a árvore genealógica de Curió, o conflito entre Aimoré e Iberê, o triangulo amoroso que terminou em desastre. Os personagens continuam cativantes e bem construídos, e fica bem construído o motivo da busca por vingança de Curió, agora potencializada pela morte de Tito. Achei que o segundo autor cumpriu bem seu papel de preparar o terreno para o desfecho. Por ter trabalhado todo o passado, ficou para o autor 3 apenas o desfecho, com perspectiva de ação absoluta. Uma única ressalva sobre a parte 2 é que achei que ela destoa bastante da parte 1 em ritmo, passando da ação-memória-ação para um flashback mais longo e estruturado. Isso não chega a ser um problema, mas achei que destoou um pouco no ritmo.

    Fim: infelizmente é aqui que esse conto se perde bastante. Ao invés de explorar os rancores e marcas do passado, bem estabelecidas na parte 2, o terceiro autor preferiu introduzir novos personagens, que soaram totalmente deslocados e sem propósito, como o traficante Zé Tinhoso. Ele não chega necessariamente a ser um mau personagem, mas ele parece totalmente sem propósito e aparece do nada na história. Preferia que o autor tivesse utilizado os elementos pré estabelecidos. O perdão a Aimoré também soou súbito e pouco convincente. PErceba: eu não sou contra o perdão como desfecho de histórias. Quando bem construído, o perdão pode ser edificante e passar uma sensação de bem estar aos leitores. Não foi o caso aqui, já que ele aconteceu do nada e sem preparação, uma vez que todo o restante do conto estabelecia o rancor e ódio, somados ao desejo de vingança de Curió.

    Coesão entre os autores: autor 1: Curió escalou a janela do armazém discretamente. Autor 2: Curió deu uma cambaleada, mas conseguiu passar para dentro do armazém, e agora tem Aimoré na mira; é só atirar e correr pro abraço! Autor 3: Curió escorrega em cocô de pombo no batente da janela, cai de popozão em cima de um capanga, e sai gritando “eu te perdôo, papai!”. Em outras palavras: o autor 2 segue bem a história inicial, apesar de destoar um pouco em estrutura e ritmo, deixa a bola na cara do gol, mas infelizmente o autor 3 não consegue (ou decide por não) utilizar os elementos pré-estabelecidos e bagunça bastante o desfecho.

    Obs extra: Ainda assim um conto gostoso de ler pelo ótimo ritmo, regionalismo bem empregado, personagens cativantes e ótima escrita dos 3 autores.

    Nota final: bom.

  12. André Lima
    13 de setembro de 2024
    Avatar de André Lima

    Para mim, foi um final extremamente confuso.

    Eu gostei da premissa e do fluxo contínuo do conto. É, com certeza, uma história bem narrada, rápida, que nos captura. Li tendo a impressão de que foi em apenas uma respiração. Este, para mim, foi o ponto forte do conto. Há um capricho em gerar uma trama, há os conflitos bem estabelecidos, tudo está redondinho.

    Até que veio a capivara. Aquilo, para mim, foi uma quebra de imersão tremenda. Não entendi o motivo daquilo ter sido inserido na história e ter quebrado todo o fluxo narrativo. Primeiro, um animal no meio de um tiroteio que já havia começado minutos antes, depois, temos que engolir que foi confundido com um ser humano e, por fim, vem um pensamento totalmente anticlimático sobre comer o animal após o tiroteio mortal (????).

    Depois da capivara, nada conseguiu me cativar. Não gostei tanto do final, tive que reler para entender. Achei que o conto perdeu o brilho.

    A técnica dos 3 é ótima. Tiveram sinergia, trabalharam bem. Mas, particularmente, não consegui ficar preso ao rumo da história após a quebra de clímax.

    Acabo por ter a sensação de um conto mediano que poderia ter se saído melhor.

  13. Kelly Hatanaka
    13 de setembro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá, caros colegas entrecontistas!

    Primeiramente, parabéns pela participação corajosa e desapegada.

    Vou avaliar e comentar de acordo com meu gosto, não tem muito jeito, afinal não tenho conhecimento nem competência para avaliar de forma mais “técnica”. Ou seja, vou avaliar como leitora mesmo. Primeiro, cada parte separadamente, valendo 1 ponto cada. Depois, a integridade do resultado, valendo 3 e, por último, o impacto da leitura, valendo 4.

    Começo

    Um começo empolgante e que consegue definir personagens com pouco esforço. De forma muito ágil, ficamos conhecendo Curió, que perdeu o avô aos 14 anos, num ataque promovido por “eles”. Quem são eles? Fato é que o avô se sente culpado e pede perdão. Pede também, que Curió fuja com a mãe e proteja o primo do pai dele ou tudo terá sido em vão. Dois parágrafos depois, no tempo atual, o primo Tito é morto. E então? Tudo foi em vão? O que Curió e Tito estavam fazendo no tempo atual? Por que Curió estava coberto de sangue? Espero que o Meio responda.

    Meio

    Ficamos sabendo que o pai de Tito tenta matá-lo por ciúmes da mãe. Mas, ao invés disso, mata o irmão, que ele achava que fosse o pai do filho dele (Bentinho feelings). O avô pega a filha, grávida de Curió, e o neto e fogem. Aimoré, o assassino ciumento, é preso. Respondeu nada e levantou mais perguntas. Até agora temos: quem matou o avô e por quê? O que Curió e Tito estavam fazendo que estavam cobertos de sangue? Quem é o pai de quem, se Curió e Tito se tratam por “primo”. Não eram irmãos? Espero que o Fim responda.

    Fim

    Traficantes transformaram o antigo armazém do avô em depósito de drogas. Curió mata todo mundo, rezou pela mãe e perdoou o pai. Também não respondeu nada e pelo jeito, nada tinha a ver com nada. A ação do presente não tem nada a ver com o ataque sofrido pelo avô no começo, Aimoré virou pastor e se arrependeu, o sangue na camisa de Curió era catchup que ele derrubou no mequi e é isso.

    Coesão

    Falhas de coesão. Embora o estilão não tenha mudado tanto, há uma sensível mudança no ritmo da história nas três partes. Fora isso, o Começo levanta uma série de questões, há um mistério, uma trama familiar, algo que tem em Tito o elemento chave. Tanto que achei uma decisão complicada a de matar Tito logo no começo. Porque se, sem ele nada fazia sentido, o que desenvolver depois? Mas nenhuma das questões foi respondida. Eu achei que o ataque ao avô tivesse sido de Aimoré, mas se ele ainda estava na prisão, quem foi, então? E esses traficantes, de onde surgiram? E por que Curió e Tito foram se meter com eles? E aquele trecho do começo sobre as águas que não se misturam? Fake foreshadow?

    Impacto

    O começo foi impactante e empolgou. Mas a continuação ficou confusa demais.

  14. bdomanoski
    10 de setembro de 2024
    Avatar de bdomanoski

    Quesitos avaliados: Entretenimento, Originalidade, Pontos Fracos

    Entretenimento O(a) primeiro autor(a) descreve cenas de ação com um nível excelente. “Porém, Curió nunca ouviria o final da metáfora: o sorriso provocador de Tito morreu com uma explosão de carabina, se transformando num esgar dolorido quando um projétil atravessou seu olho esquerdo e explodiu a nuca.” É quase como assistir um filme, porém lendo. Gostei do apagão de Curió ter sido usado para a inserção de uma memória. Percebo que devido ao limite de palavras, um dos autores, presumo que seja o segundo, seguiu deixando de lado a ação e focando na explicação da história. ALgo que, se fosse em um romance, poderia ser mostrado ao invés de contado. Mas enfim, focou em contar a história da fam[ília, que seria o pano de fundo do conto. Confesso que não ficou assim, tão entretivo essa parte, mas gostei mesmo assim.

    Originalidade Vou confessar que teve um momento na história, ali pro meio, que comecei a confundir esse conto com o MARCAS de Sangue. Na verdade, cenas do MdS vieram a minha mente, como q completando a historia do Curió. Será que o autor de MdS foi um dos autores desse conto aqui? Algo ficou parecido.

    Pontos Fracos Ficou bem parecido as narrações. Eu diria que o segundo autor, embora mais descritivo, tenha combinado bem com o primeiro. O terceiro se esforçou em acompanhar o estilo dos diálogos, mas ficou nítido que o conto começou a correr. O terceiro autor é alguém da ação. Compreensível pelo limite de palavras, mas creio que também seja característica da pessoa que continuou o conto. Alguns erros de revisão, talvez por ter enviado o conto de última hora. ” cuja história o pequeno Curió aprenderia de cor e dele se orgulharia, jurando, por isso mesmo, vingar-se do tio assassino. Nem que levasse uma vida inteira.” versos “seu pai, Aimoré, que ainda estava preso e era pastor. Ele resolveu perdoá-lo e visitá-lo na cadeia.” . Ficou bem incoerente. No fim, não entendi direito qual era o plot desse conto. O que afinal era o problema que buscavam resolver ? UMa vingança contra AImoré. Que no final, não rolou, com o protagonista perdoando e descobrindo q ele nao era o tio assassino, mas seu pai. Enfim. Chato ficar repetindo isso em todo santo comentário, mas a terceira parte não acertou muito aqui. Embora eu tenha visto valor no esforço para equiparar o estilo narrativo.

  15. Fernando Cyrino
    10 de setembro de 2024
    Avatar de Fernando Cyrino

    Olá, pessoal, cá estou eu às voltas com a leitura e releitura do conto de vocês. Lembrei-me que o pessoal das fazendas da família, onde costumava passar férias na minha infância, quando queriam dizer que alguém era muito inocente, ou com pouco entendimento das coisas da roça, davam a ele o apelido de “curió”. Nesses tempos de convivência com os primos do interior, o “curió” da cidade grande de vez em quando dava suas mancadas. Bem, o conto começa com um ritmo muito legal. Uma tocada forte e que gera tensão no leitor. Senti que esse ritmo ficou meio perdido na passagem do segundo bastão. Curió perdeu a velocidade com que vinha sendo relatado. Mas aí vem o terceiro autor e me provoca um tanto de confusão, pois ao invés de fechar a história, ele a abre mais ainda. Surge na narrativa uma mudança do conceito de “armazém”, de venda de roça e agora ela ganha a conotação até de lugar de tráfico, local para se guardar a cocaína. Pois é. A história é criativa e envolvente. Fez com que eu ficasse ligado à floresta grande, amazônica, na qual a vingança acontece do começo ao final do conto. Que mais? Fica claro pra mim que se tratam de três autores experimentados e que sabem lidar com o nosso, tão rico, idioma. É istoa , amigos/amigas. Fiquem com meus abraços e os votos de muito sucesso no desafio.

  16. vlaferrari
    10 de setembro de 2024
    Avatar de vlaferrari

    Estava bom. Entendi a terceira parte como um ônus assumido aos 45 do segundo tempo. Até certo ponto do texto, tendia à coesão. O ritmo era misterioso e envolvente. A chamada para a ação da primeira parte tinha de passar pela construção do enredo na segunda. Mas no meu entendimento, prolongou-se demais nas explicações. Faltaram outras (donde veio o sangue na camisa de Curió, no início?). Senti certo atropelo na conclusão e há fatores que podem ter colaborado para isso (como uma luva que fica muito larga na mão, mas é necessária para não se sujar demais). Outra estória de vingança e ao contrário de “Marcas de Sangue”, o protagonista consegue seu intento. Mas fico um tanto confusa. Excesso de personagens talvez seja outro fator do atropelo. Como bem comentou a Cláudia, o atropelo desperdiçou uma boa premissa. Quem está de fora (como é meu caso), no entanto, após ler uma estória de vingança, acaba sendo influenciado nos comentários. Mas ao ler os colegas comentaristas, não entendi nada tão diferente assim.

  17. Leandro B.
    8 de setembro de 2024
    Avatar de leandrobarreiros

    *Todo e qualquer crítica refletem mais um ponto subjetivo meu do que qualquer outra coisa. Outro leitor pode achar o oposto.

    A história começa no passado, estabelecendo a relação de Curió com o avô. A partir daí, temos intercalações entre presente e passado. O jogo e os cortes temporais são bem feitos, mas senti que alguns diálogos e construções de cenas durante a alternância são um pouco… crus. Poderiam ter se beneficiado de algumas reescritas.

    Por exemplo, a descrição do corpo de Curió é meio… meh, e depois do grito que ele dá, revelando a posição dele e do primo, é seguida por uma censura de Tito meio… não sei, longa e expositiva demais. Talvez, ao invés de explicar para Curió como era uma péssima ideia gritar naquela situação, ele devesse ter buscado abrigo ou algo do tipo.

    Pouco depois da morte de Tito, a narrativa volta a um passado ainda mais distante. Aqui entra uma coisa curiosa que vem acontecendo no desafio: o escritor construiu uma história interessante, com um estilo competente, mas destoante do autor original. A própria opção por realizar o flashback é um pouco… deslocada da narrativa, embora seja, novamente, uma história interessante por si só. A escolha de fazer Tito seu irmão, contudo, é meio estranha, já que ele antes foi mencionado como primo e, sim, eu entendi a tecnicalidade, mas, sendo criados juntos, provavelmente teriam uma relação mais fraternal.

    O autor 3 tenta emular mais o estilo do primeiro e é bem-sucedido, mas uma coisa curiosa acontece: como o autor 2 optou pelo flashback explicando tudo que havia acontecido até então, os cortes entre passado e futuro agora estão meio que selados, restando apenas o desfecho. E, no desfecho, o autor tentou uma reviravolta final, subvertendo expectativas sobre o que estava acontecendo ali… e o final foi… ok, eu acho. Dadas as mudanças de estilo e a ênfase forte na ação, que acabou caracterizando a história, eu não estava muito investido no drama pessoal, a essa altura. Gostei da surpresa da cobra, contudo.

    Sinto que a história desandou pela falta de coesão, embora, como em outras, os autores tenham demonstrado competência. Decidiram, contudo, correr certos riscos narrativos que, sinto, não pagaram bem no final.

    De todo modo, parabéns aos autores e boa sorte no desafio.

  18. Givago Thimoti
    8 de setembro de 2024
    Avatar de Givago Thimoti

    Boa tarde, escritores de Curió!

    Como fã de uma escrita regionalista, escolhi esse como o primeiro conto para ler e analisar como leitor não participante. Se o conto inicia muito bem, com uma boa e competente construção do enredo, ótima ambientação, e se desenvolve bem (tentando remontar as origens do conflito), ele é encerrado de uma forma dissonante do início e do desenvolvimento. Abrupto, com muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e que nem sempre dialogam com o restante da história (por exemplo, a transformação de Aimoré, que matou o próprio irmão e jurou continuar sua vingança, em um pastor) tão bem escrito. Acho que faltou uma leitura mais atenta, talvez destacar quais foram as principais ideias de cada contribuição dos autores anteriores para tentar construir uma história a partir do que havia sido escrito antes.

  19. claudiaangst
    7 de setembro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem? Sem mais delongas, vamos ao que interessa.
    Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ FEITO ◊ para avaliação de cada conto.
    ◊ Título = CURIÓ – O título curto (gosto assim) não entrega nada do enredo, apenas apresenta um pássaro como elemento. O que virá daqui não se sabe ainda.
    ◊ Amálgama = As três partes em termos de linguagem não destoam muito uma da outra, no entanto, o desfecho parece “brigar” com o meio do conto. O trabalho em equipe não funcionou tão bem porque o terceiro sujeito (ou dona sujeita) não quis brincar no playground e fugiu com a bola dos amiguinhos.
    ◊ Fim = Os fins justificam os meios? Talvez… E a ordem dos fatores altera o produto? Permita-me começar pelo fim, observando o impacto causado na leitura. A impressão que tive é de que a segunda parte não agradou ao(à) finalizador(a) do conto e, então, este(a) resolveu ignorar o miolo do texto e retomar a narrativa a partir da primeira parte. Desfez a trama baseada na vingança pela morte de Iberê. Aqui, o (a) autor(a) forçou um pouco a barra ao dizer que Tito era o “irmão mais velho – a quem chamava de “primo”. Oi?????Quem chama um irmão de primo? Talvez o contrário, sim, mas… enfim, o truque não funcionou comigo.
    No final, a traição aconteceu ou não? Pelo olhar do(a) último(a) autor(a), Curió é sim o filho do casal Maiara e Aimoré. Já Tito (primo/irmão de Curió) é filho de quem? E por que Curió perdoou o pai que está preso e se tornou pastor? Por ele ter matado o tio? Entendeu? Ah, eu também não. Fiquei bem confusa. Amassou o trabalho do coleguinha e rabiscou uma outra história.
    ◊ Entremeio = Há a intenção de construção de uma trama que justifique a questão de vingança.
    ◊ Início = Já começa criando um suspense, um mistério. De onde vem o sangue na camisa de Curió? Há uma sequência de flashbacks, recortes de acontecimentos passados, deixando informação a ser trabalhada pelo(a) segundo(a) autor(a). A meio de uma dessas rajadas de lembranças, o avô morre e antes dá instruções ao neto para proteger a mãe e o primo (Tito), e se diz culpado pela situação criada.
    ◊ Técnica e revisão = Na primeira parte, houve emprego de recurso como flashback, trazendo também um tom regional e a ambientação do conto na região do encontro das águas – rios Negro e Solimões, o que nos leva a pensar em elementos que não se misturam. No entanto, essa abordagem foi perdida ao longo da trama criada. Como boa parte do conto contém fala coloquial/regional dos personagens, não há como considerar falha de revisão. Posto isso, assinalo que na parte narrada há pequenos lapsos:
    pêlo > pelo
    amava demais neto > amava demais o neto
    O som das folhas e galhos […] identificou serem de pessoas. > O som das folhas e galhos […] identificou ser de pessoas.
    Jaraca > jararaca
    ◊ O que ficou = A sensação de que a possibilidade de aproveitamento da premissa do conto foi desperdiçada. O gosto de algo mal preparado, feito às pressas antes que os convidados cheguem (os leitores no caso). Mas que tem potencial, isso tem!
    Parabéns pela participação e boa sorte!

    • Kelly Hatanaka
      8 de setembro de 2024
      Avatar de Kelly Hatanaka

      Claudia, vou fazer um comentário bem nada a ver kkkkk. Meus cunhados chamam meu marido de “primo”. Primogênito! kkkkkkk

      • claudiaangst
        8 de setembro de 2024
        Avatar de claudiaangst

        Nunca ouvi isso, mas faz até sentido. No caso do conto, Tito era o (primo)gênito, mas DUVIDO que o avô o chamasse assim também… e ele pediu a Curió que cuidasse do primo: “E cuida do teu primo, ele num pode morrê”. 

  20. JP Felix da Costa
    1 de setembro de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    Achei este conto muito bem escrito pelos três intervenientes mas muito confuso e algo incoerente. Acabamos por ter demasiado desenvolvimento do enredo na segunda parte, que criou incompatibilidades, e deixou uma história contraditória para ser rematada no final, para além da situação inicial, com a morte do avó, ficar completamente fora de contexto e não explicada.

    Como já referi, este conto está muito bem escrito pelos 3, mas parecem-me 3 histórias em separado. A primeira parte mistura a ação com o flashback e deixa certos pontos em suspenso, uns diretos, como o assalto ao armazém, e outros mais subtis, como a conversa com o avô que abre o conto. Na segunda parte perde-se o flaskback e temos um enredo familiar bastante grande e algo confuso. Não dá para perceber muito bem afinal quem é filho de quem, se havia traição ou não. Pareceu-me ter algumas inconsistências. A terceira parte arruma por completo aquele que foi construido como vilão, na segunda parte, o pai de Tito, para ter os primos, que afinal eram irmãos, a arriscar a vida para assaltar um armazém que fora do avô, sendo este a única ligação com toda a história anterior.

    Em conclusão, três partes bem escritas mas que não jogam bem umas com as outras acabaram por deitar por terra uma história que começara a prometer muito.

  21. Thales Soares
    29 de agosto de 2024
    Avatar de Thales Soares

    O conto começa nos apresentando Curió, o protagonista, cujo conto recebe o seu nome. Ele está tendo uma lembrança do seu avó, que está fazendo alguma metáfora sobre coisas que não se misturam… isso me parece servir de paralelo para a intriga que será mostrada no decorrer da história.
    Então vemos Curió com seus 20 anos, todo musculoso, como se estivesse num filme de ação. Ele parece ter acabado de sair de uma batalha, e está meio distraído, pois parece que passou por poucas e boas no passado.
    Vemos Curió e Tito no meio de uma missão de resgate, onde eles estão indo buscar a mãe de Curió. Mas eles tem também que cuidar do primo, porque parece que o tio tá putão… casos de família meio pesados aqui. E de repente… BLAM! Tito toma um tiro bem no meio da cabeça!
    Aqui, pelo que me parece, encerra a primeira parte. Muitíssimo bem escrita, com uma ação visceral, e muita adrenalina. Fiquei bastante empolgado com esse plot inicial. Mas o segundo autor apareceu e me jogou um balde de água fria!
    A segunda parte da história consegue manter a qualidade incrível de escrita, mas pecou em me manter preso na história, pois o ritmo mudou drasticamente. Aqui, apesar de o estilo de escrita ser semelhante ao do primeiro autor, me passou a sensação que eu estava lendo uma outra história… no início, era como se eu estivesse assistindo a um filme de ação com o Stallone, e agora parecia que eu estava assistindo a uma novela da Record.
    O primeiro autor deixou a história bem aberta, para que pudesse ser feito praticamente qualquer coisa na sequência. Mas a mudança radical no sentimento que o leitor tem durante a leitura me desagradou. Foi um pouco sofrível para mim, pois sou um leitor muito hiperativo, e aqui a árvore genealogica do Curió me deu um nó no cérebro… não consigo nem resumir o que li. Achei todo esse flashback longo, que durou um terço da história, algo desnecessário. Talvez, se ele tivesse sido dissolvido em meio a lembranças, e aparecesse junto com a ação, em fragmentos, ficasse mais interessante.
    Mais uma vez, quero ressaltar que a segunda parte da história está MUITO bem escrita. Mas… para mim, ficou bastante destoante devido à mudança total de ritmo.
    O flashback colossal de grande se encerra, e enfim entramos na terceira parte! Aqui, a ação retorna. O autor soube manter o nível bastante alto de escrita de seus antecessores. Os três escreveram com um estilo semelhante, e isso contribui para a coesão do conto.
    Curió então começa a matar um monte de capangas, faz umas coisas que só vemos em filmes de ação. O final conta com sequências legais de adrenalina, mas quase nenhuma emoção. Inclusive… o vilão agora é um tal de Zé Tinhoso, que é um traficante de drogas. Espere… o quê?! Cadê o Aimoré? Ah sim… no último parágrafo, é explicado que ele ainda está preso, e até virou pastor. Esse cara aí é coisa do passado… Curió até já perdoou ele, e faz faz visitas na cadeia. Tá, mas………. e para que serviu o meio da história então, onde toda a intriga entre Iberê e Aimoré é apresentada para o leitor? Então… ao meu ver, para nada!
    O terceiro autor parece ter menosprezado por completo o trabalho do segundo, e pegou o gancho do autor da primeira parte. Toda a segunda parte acabou perdendo a importância e se tornando uma espécie de filler (bastante comum em animes), chato e sem importância. Essa falta de conversa entre os autores da mesma história (no sentido figurado, pois ninguém sabe quem são os verdadeiros autores) acabou, para mim, destruindo por completo este conto que, de início, tanto prometia.
    Mudar o vilão da história nos 45 do segundo tempo, e DO NADA colocar o foco num tráfico de drogas, foi uma decisão bastante lamentável.
    No entanto… mesmo sendo um amontoado de retalhos, a história me entreteu, e eu não a odiei por completo. Os três autores escreveram tão bem que conseguiram me prender. Eles apenas falharam em criar uma história juntos… mas conseguiram demonstrar grandes habilidades individuais.

  22. Gustavo Araujo
    27 de agosto de 2024
    Avatar de Gustavo Araujo

    À semelhança do “Marcas de Sangue” temos aqui outra história de vingança. Inevitável a comparação quando se lê um conto em seguida do outro… Até mesmo a estruturação é semelhante, com o primeiro autor lançando as bases da história, o segundo explicando os motivos e o terceiro amarrando as pontas no arremate. Não dá para dizer que esta é melhor do que aquela, afinal tudo depende do gosto de quem lê, mas o que percebi foi um esmero e um cuidado maiores aqui do que lá, especialmente nas duas partes iniciais. De fato, o início aqui é muito bom, isento de erros gramaticais e com um forte apego ao “mostrar e não contar”. Dá para entender que há uma questão familiar mal resolvida, um rivalidade entre irmãos, que respinga nos filhos/sobrinhos e que tem no avô uma figura central. Tudo isso num ritmo frenético, que leva a uma leitura rápida, necessária até. Essa aceleração cai um tanto na segunda parte, como naqueles filmes em que ao prólogo “com sangue na parede” se sucede a história que existe por trás de tudo. O segundo autor esforçou-se, percebe-se, em demonstrar as razões do ódio entre irmãos e como isso se refletiu nas crianças. Para tanto, buscou inspiração machadiana, com uma (suposta) traição, em que Maiara substituiu Capitu, com os trágicos resultados já esperados. É verossímil, claro, mas as descrições são um tanto longas, o que pode afastar leitores menos pacientes. De todo modo, dá para notar que a bola foi bem levantada para o terceiro autor finalizar. Esse é o ponto fraco do conto, infelizmente. Ao amarrar as pontas soltas, o terceiro autor correu demais, deixando de lado a questão da vingança familiar e preferiu trazer um contexto de tráfico de drogas, inexistente nas partes anteriores, inclusive com novos personagens. Melhor teria sido, a meu ver, focar na luta fratricida, o ápice que eu, enquanto leitor, aguardava. Frustrante, para dizer a verdade, em especial o fim dado a Aimoré, que virou pastor. Enfim, uma boa premissa, um desenvolvimento razoável e um final abaixo do esperado. De todo modo, é um conto interessante no fim das contas e que tem o mérito de segurar o leitor. Isso não é pouco. Parabéns aos autores e boa sorte no desafio.

  23. Antonio Stegues Batista
    26 de agosto de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Resumo:  Aimoré e Iberê, são dois irmãos que amam Maiara. Ela fica grávida e se casa com Aimoré ( há um salto temporal nessa parte, sem os detalhes do casamento). Acriança se parece com Iberê e Aimoré decide matar a mulher e o filho dela, senta-se com a arma na mão a espera dos dois. Atrás dele aparece o pai de Maiara que tenta impedi-lo, Aimoré atira, mas erra, de repente aparece Iberê e ele atira novamente e dessa vez acerta e Iberê morre. Anos depois, os filhos de Aimoré e Iberê enfrentam um bando de traficantes(?).

    A história começa bem, o avô dando uma lição de vida ao neto, depois há um salto no tempo em que o neto, Curió, lembra do avô enquanto se prepara para enfrentar traficantes. O prologo me enganou, achei que seria uma história de duas famílias rivais, ressaltando o amor, desejo de vingança, conflitos morais, e morte, um drama típico do nordeste do tempo dos coronéis, e acaba numa guerra entre gangues. Gostei da ambientação, dos diálogos, mas achei a narrativa simplista e meio confusa em alguns pontos. O enredo é bom, só precisa de uma reformulação, dar uma melhor coesão à história, mas isso é gosto meu.

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Publicado às 19 de julho de 2024 por em Começo, meio e fim e marcado , , .