EntreContos

Detox Literário.

Berlim, setembro de 2011 – Crônica (Gustavo Araujo)

A cada passo ela parece mais forte, mais agressiva. Maldita furadeira… Tento pensar em outra coisa. Olho para outros atletas ao meu redor. No quilômetro dezessete eu finalmente encontro gente correndo no mesmo ritmo que eu. Um sujeito com uma camisa preta escrito “Venezuela”, que tem ao lado uma menina bonita com um uniforme idêntico. Mais adiante, um homem de mais ou menos sessenta anos, Alessandro, pelo que diz o nome estampado nas costas. Ainda nesse ponto, há muita gente junta. Mas ainda assim dá para desenvolver bem a velocidade.

Ah, mas essa furadeira. Bem no joelho esquerdo, torcendo, remexendo lá dentro, estraçalhando os ligamentos, as cartilagens, a rótula, os tendões… Respiro fundo e olho para o relógio. Já são mais de seis quilômetros com essa dor, mas eu consigo manter o ritmo. Cerca de 4m15s por quilômetro. Excelente! Nesse passo eu chego com 3h e um pouquinho. Dá, com certeza! Dobrar o joelho começa a ficar difícil. Bem difícil. Mordo os lábios num reflexo involuntário de dor. Deixo escapar um palavrão. Mentalizo a linha de chegada e aperto o passo. De olho no GPS, agora estou com 4min por quilômetro. Quando tive uma dor semelhante, ainda quando treinava em Brasília, essa técnica deu certo.

Passo no vigésimo quilômetro com 1h28m e a furadeira parece acelerar comigo. Involuntariamente começo a diminuir o ritmo. O cronômetro não me deixa ilusão: 4m30, 4m40… Lá vai o sujeito da Venezuela e sua namorada, desaparecendo no meio dos corredores. Começo a ser envolvido por um mar de gente. Desistir… Não, não posso nem pensar nessa hipótese. Treinei por dezesseis semanas. Disse a meio mundo que vinha para cá e que faria o melhor tempo da minha vida. Não… Não posso fazer isso. Mas a furadeira está mais agressiva agora. Parece que vai atravessar o meu joelho, dançando e rindo do meu esforço inútil. Adiante, vejo a marca de 21km. A metade do percurso.

****

Na manhã de 25 de setembro de 2011, quarenta mil corredores se reuniram nas proximidades do Reichstag e do Tiergarten, em Berlim. O que seria um desafio homérico para qualquer comitê de organização surge como rotina para os alemães. Só uma coisa é pedida aos competidores: cheguem cedo! A largada é prevista para as 9h00 e para que isso ocorra, é fundamental que todos estejam no local pelo menos 1h30 antes. Tudo funciona perfeitamente.

De acordo com a numeração, os corredores são levados a deixar seus pertences nas dezenas e dezenas de barracas montadas para esse fim, já dentro do Tiergarten, o imenso parque em frente ao parlamento alemão. Pelos diversos acessos, os atletas direcionam-se às suas baias de largada – no momento da inscrição é informado o tempo provável para a conclusão da prova – conforme o código que consta do número de identificação – de A a H.

E lá estávamos eu e meu cunhado, o Jair, prontos para encarar o desafio. Ele, na verdade, estava um tanto receoso, pois estava sofrendo com uma dorzinha chata no joelho e dizia que por causa disso dificilmente completaria a prova. “Vamos lá”, falei em tom de incentivo. “Pelo menos dê a largada. Se não der, você volta.”

Os momentos que antecedem a saída talvez sejam os mais emocionantes – com exceção da chegada. Ali, quando se está prestes a iniciar, o locutor chama a atenção de todos e como um maestro comanda o espetáculo. Espremidos, os corredores sabem que juntos compõem uma imagem que será transmitida para o mundo inteiro e que irá inspirar outros atletas a um dia estarem ali. Ergam as mãos, chama o narrador, em alemão e em inglês. Todos o fazem. Batam palmas ao som da música, pede ele. E entra, para o meu espanto, “Levantou Poeira”, da Ivete Sangalo, arrebentando os alto-falantes. Todo mundo fica eufórico. O narrador diz: três minutos fora! Entra, claro, o clássico “Carruagens de Fogo”, que apesar de ser clichê nesse tipo de situação, tem, nesse momento, um significado que o aproxima de seu verdadeiro sentido.

Em meio à música, o narrador agradece a presença de todos e anuncia as estrelas presentes: Irina Mikitenko, a campeã alemã, Paula Radcliffe, a britânica recordista mundial, Patrick Makau, o campeão da edição de 2010, e finalmente, Haile Gebrselassie, o ultracampeão e recordista mundial da distância. Nessa hora o coração bateu mais rápido. Olhei para os helicópteros lá no alto, filmando o formigueiro humano, para os balões traziam a marca da BMW, patrocinadora do evento, e para os corredores ao meu redor, concentrados, rindo, conversando, fazendo o sinal da cruz.

Então começou. Não foi nada como estouro de boiada que eu esperava. Devido ao número de pessoas, a corrida começa aos poucos, é verdade. Todo mundo junto, primeiro caminhando, depois com um leve trote. Por fim, na larga avenida 17 de junho, dava para engrenar a quarta marcha e se soltar. O percurso era, como esperado, bastante plano. Com a adrenalina a mil, era impossível manter um ritmo conservador. Ainda mais porque a temperatura estava perfeita para correr – algo em torno de 17 graus – e com um céu azul perfeito. Não tinha jeito, era sebo nas canelas!

O ar fresco invadindo os pulmões, a alegria de estar ali, fazendo parte daquele evento, tudo beirava a perfeição. Preferi até mesmo deixar em casa o mp3 com que sempre corria. Em Berlim preferi ouvir o som do asfalto, dos corredores e principalmente das milhares de pessoas que vinham às ruas para incentivar – velhos, crianças, mulheres e bandas de músicas de todos os ritmos – mais de sessenta! Quando alguém conseguia ler o seu nome, ia logo gritando “Vamos, Fulano!” A criançada esticava as mãos esperando um cumprimento dos corredores e quando recebiam abriam o maior sorriso. Não tinha como não se empolgar.

Passar por Berlim, por seus prédios novos e velhos, por suas fontes, pela parte oriental, tudo era fantástico e altamente gratificante! Na marca dos 10km eu olhei para o relógio: 41min. Um tempo ótimo e eu cheio de vontade, me sentindo forte e capaz de chegar ao meu objetivo — completar a prova em menos de três horas. Logo em seguida a dor apareceu. Uma dorzinha no joelho, na verdade, quase imperceptível. Esqueça, digo a mim mesmo, e mantenha a passada. Mais pessoas, mais torcida, mais gritos de incentivo, mais música. E eu, ultrapassando muita gente com confiança e determinação. Vamos lá!

Mas a dor foi aumentando e eu, no mesmo ritmo, me esforçando para ignorá-la. Em um dos pontos de abastecimento, apanhei bananas, maçã e tomei dois copos d´água. Molhei o joelho e me convenci de que ela sumira. Beleza! Na marca dos 15km eu estava com 1h03m. Vai dar! Mas a dor voltou trazendo consigo a imagem de uma furadeira prestes a acabar com o meu joelho. Passo a passo me roubando a força e a confiança, fazendo surgir diante de mim o fantasma do fracasso.

***

Na marca da meia maratona eu já estou com 1h34m. Ainda um bom tempo, mas evidentemente minha condição se deteriora. Saindo da maré de corredores, paro por um instante. Faço um alongamento, maldizendo a sorte. Volto para a rua. A dor parece estacionar por um instante. Alguns minutos depois, confiro o ritmo: 4m50s. Não é o ideal, mas ainda assim dá para chegar num bom tempo, antes de 3h30m quem sabe. Passo por um corredor brasileiro que carrega uma bandeira e digo “Muito bom, Brasil!”, disfarçando o receio que me domina. Ele responde com um inconfundível sotaque carioca: “Bom merrrmo!”

Mais à frente não resisto e começo a caminhar.

Um festival de impropérios me cruza a mente. Tento andar rápido, pelo menos, chegando para o lado, deixando que os atletas passem. Todos, até o sujeito com a bandeira. Vou chegar, nem que leve um dia inteiro, penso. Vejo a marca dos 25km. Agora meu tempo já é de 2h15. Impossível recuperar. Forço a passada, apenas para ver minha situação se degradar ainda mais. Lembro que minha esposa e minha filha estarão me esperando na chegada. Não vai dar tempo. Do jeito que estou, levarei pelo menos mais três horas. Eu podia descansar, nem que fosse um pouco. Alguém grita: “Vamos, Gustavo!” e eu, com um sorriso sem graça, envergonhado, respondo com um aceno de mão.

Como é desapontar quem acredita em você? Como é decepcionar aqueles que esperam o seu melhor? Sento em um muro baixo e assisto aos incontáveis corredores passando. A essa altura já é o pessoal de mais idade, aqueles que talvez estejam correndo uma maratona pela primeira vez…

E eu, na minha quarta prova desse tipo, naquela que seria a primeira em terras internacionais, falhava. Meu joelho latejava de dor e punha por terra qualquer esperança de chegar com dignidade. Fico em pé e dou um passo para voltar ao percurso.  A perna está travada. Se é difícil andar, correr beira o impossível agora. Levo as mãos à cabeça indignado com a evidência de que minhas chances se esgotaram.   Para desistir, eu preciso me superar. Tenho que me convencer que de nada vale o esforço. Que o melhor é colocar a mão na consciência, verificar os erros que por ventura cometi e, por fim, parar. Não vale a pena agravar ainda mais a maldita lesão.

A prova acabou. Entro numa estação do metrô e tomo a linha U9 de volta para o Reichstag. No vagão, outros corredores desistentes se dirigem para lá. Ninguém tem coragem de dizer coisa alguma, mas os olhares furtivos, lançados na direção dos demais derrotados, criam uma estranha sensação que mistura irmandade e vergonha. Se o vencedor está só, como dizem, os perdedores se unem na dor, nem que seja numa dor muda.

****

Quando chego posso ver muitos corredores ultrapassando o Portão de Brandemburgo, prestes a completar o percurso. A essa altura, a prova já está com 3h30. Eu já teria chegado há tempos, penso. Agora, mancando e com a companhia de uma dor lancinante, sou obrigado a assistir a todos com suas medalhas e suas expressões de superação e conquista.

Eis que de repente, vejo meu cunhado completando a prova, feliz da vida por ter superado as dificuldades. Ele mancaria por causa do esforço por mais de uma semana. Pelo menos lavou-se a honra da família, é o que diz minha esposa quando finalmente nos encontramos.

Ainda ouço o locutor oficial dizendo que Patrick Makau quebrara o recorde mundial, com 2h03m38s. E que Haile Gebrselassie desistira da prova, com problemas físicos. Ora, se até o fantástico Haile não consegue vencer todas, quem dirá eu.  Há, pelo menos, essa razão para voltar a Berlim.

15 comentários em “Berlim, setembro de 2011 – Crônica (Gustavo Araujo)

  1. Angelo Rodrigues
    1 de abril de 2024
    Avatar de Angelo Rodrigues

    Olá, Gustavo

    Gosto muito de crônicas. Até as coleciono quando as vejo em livros.

    Com a sua crônica, confesso, tive problemas. Deu-me uma tremenda dor no joelho. Sério. Conforme ia lendo o seu texto, meu joelho direito começou a doer, nada sério. Mas confesso que doeu sentindo a dor que chegava da sua narrativa. Talvez a posição em que estou sentado neste momento, ou mais certamente a crônica tão bem escrita, que me apanhou de jeito.

    Nunca tive pendores atlético, não pelo físico em si, que até não é tão mal, mas sempre me aporrinhou um tremendo desvio de septo que me aproxima dos tísicos em matéria de ar nos pulmões. Se corresse uma maldita maratona, teria de levar comigo uma cama com rodinhas para passar a noite sob alguma árvore frondosa que encontrasse no trajeto.

    Aqui no Rio, na Av. Atlântica, às vezes correm maratonistas de todos os piques. Sempre que posso vou até lá para invejá-los, com o invejei em seu texto.

    A minha dor já passou. Que bom. A crônica ficou na lembrança.

    Parabéns, Gustavo, e grande abraço.

    • Gustavo Araujo
      1 de abril de 2024
      Avatar de Gustavo Araujo

      Excelente, Angelo. Joelhos saram, meu amigo. Quem sabe você não se inicia nesse sacerdócio que é correr? No Rio, então, é bem mais fácil. Obrigado pelo comentário.

  2. Givago Domingues Thimoti
    31 de março de 2024
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Oi, Gustavo!

    Tudo bem?

    Ah, o famoso joelho… Lembro da primeira vez que o meu chiou de dor por conta do desgate nas cartilagens. No meio do futebol, fui esticar a perna para bloquear o chute, pisei quase com a perna reta, fêmur e tíbia querendo se encontrar e apenas o joelho ali para suportar a pancada kakakakak dói.

    A sensação é essa mesma, furadeira.

    Bom ver que você dosou as cargas de treino!

  3. Kelly Hatanaka
    30 de março de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Aiaiai… vão se as medalhas, ficam os joelhos, isso é o que importa.

    Um dia vi uma entrevista com um “muso” maromba falando que todo atleta é obsessivo, mas que os corredores são doidos mesmo kkkkkk. Que um fisiculturista tenta adequar o seu treino às lesões, mas que os corredores treinam lesionados mesmo e vida que segue. O joelho que lute.

    Imagino como deve ser emocionante a largada de uma prova importante como esta. Minha vastíssima experiência de corredora foi na Corrida Cartoon, no Campo de Marte, em uma prova de 15 minutos e já foi massa… Meio humilhante, com meu filho me puxando, pois eu claramente estava atrasando-o. Mas muito massa.

    Mas e vc? Sarou o joelho? Voltou a Berlim e terminou de lavar a honra da família?

    • Gustavo Castro Araujo
      30 de março de 2024
      Avatar de Gustavo Castro Araujo

      O joelho sarou, sim. O problema na época foi o excesso de treinamento. No fim, aprendi que correr pode ser uma ótima fonte de inspiração para a escrita. Nos próximos off espero emendar uma série sobre o tema, tipo o Murakami. Valeu pelo comentário, Kelly.

  4. fabiodoliveirato
    29 de março de 2024
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas, Gustavo.

    Admitir a derrota exige muita coragem. Mais coragem do que parece. Já aprendi que não há vergonha na derrota. Quem ganhou, quem está no pódio, hoje, perdeu tantas vezes que é impossível contar. Esquecemos tão facilmente disso… A questão é que só queremos saber das vitórias, nossas ou dos outros. Mas cada derrota até a vitória é tão importante quanto. É nossa jornada, oras.

    Da mesma forma, ser um vitorioso também requer coragem, pois a vitória é constantemente acompanhada pela solidão. Todo seu trabalho é resumido numa palavra: talento. “Ele é talentoso, por isso está sempre na frente”, falam as pessoas, virando o rosto para todo o esforço que você teve para alcançar a vitória. É como se toda sua jornada, história, não valesse de nada.

    As duas faces da mesma moeda.

    Gostei da crônica, sua experiência é universal, vivida por todos, apenas em situações diferentes, variando a partir do estilo de vida de cada indivíduo. Isso torna a leitura mais cativante, mais fácil de se identificar nela.

    Continue escrevendo, Gustavo!

    • Gustavo Araujo
      29 de março de 2024
      Avatar de Gustavo Araujo

      Obrigado pelo comentário, Fabio. Em geral, as derrotas rendem mais, pelo menos em termos literários, rs Pouca gente se interessa pelo sucesso alheio, já as frustrações, essas sim, dão o que falar, especialmente se conduzem a uma espécie de redenção, ou melhor, de revelação.

  5. Sílvio Vinhal
    29 de março de 2024
    Avatar de Sílvio Vinhal

    Muitos concluíram a corrida, mas você conseguiu imortalizá-la, torná-la uma experiência humana e compartilhável. Seu texto é, ao mesmo tempo, denso e leve, com certeza nos transporta para a corrida, para o desespero de querer vencer a dor e superar os limites do corpo. A descrição da cena é magistral, tudo parece crível, documental e insere de fato o leitor no meio da maratona.

    Nem fazemos ideia dos percalços que sofrem os atletas, em todas as vezes que não ganham as provas, em que são obrigados a desistir, por problemas físicos ou de outra ordem. Você venceu a maratona ao transcrevê-la e imortalizá-la. Parabéns!

    • Gustavo Araujo
      29 de março de 2024
      Avatar de Gustavo Araujo

      Obrigado pelo comentário, Silvio. Há um autor que admiro que também é um corredor de primeira linha. Talvez você o conheça: Haruki Murakami, que escreveu, além de diversos romances premiados, o sensacional “Do que eu falo quando falo de corrida”. Nessa obra ele adota a linha que tentei emular, de trazer à tona sentimentos que transcendam o ato de correr mas que estejam com ele relacionados. Fico feliz que você tenha gostado do texto.

  6. Regina Ruth Rincon Caires
    29 de março de 2024
    Avatar de Regina Ruth Rincon Caires

    Escrever é isso, Gustavo. Além de externar sentimentos que nos afligem, o contar é competente quando consegue colocar o leitor na cena. Corri com você, menino. Conheci o evento, vi a multidão, ouvi o locutor, sorri ao ouvir Ivete Sangalo, arrepiei ao som de Carruagens de Fogo.  Entrei no metrô, vi a decepção dos desistentes. Fiquei satisfeita de chegar a tempo de acompanhar muitos participantes cruzarem a chegada. E, o melhor, vibrei com a chegada do seu cunhado! Alguma coisa positiva precisava acontecer para merecer uma rodada de cerveja alemã!!! Caramba!

    Parabéns pelo texto, Gustavo! E o mais sofrido, pra mim, foi toda a sensação de dor comparada a uma furadeira, “torcendo, remexendo lá dentro, estraçalhando os ligamentos, as cartilagens”… Escutei até o barulho! Vou te contar: fraturei o braço quando tinha 13 anos num jogo de basquete. Fratura exposta! Naquele tempo as cirurgias eram feitas com remédios e anestésicos escalafobéticos. Não senti dor nenhuma, mas ouvia a danada da furadeira. “Mamma mia”!

    Obrigada por abrir essa leitura!

    Abração…

    • Gustavo Araujo
      29 de março de 2024
      Avatar de Gustavo Araujo

      Poxa, dona Rê… que comentário maravilhoso. Fico feliz não só pelo fato de a Sra ter gostado do texto, mas também — ainda mais, na verdade — porque ele trouxe à tona lembranças da sua adolescência. Acredito que a literatura cumpre sua função quando desperta nos outros esse tipo de recordação, as que estão guardadas lá no fundo e que, mesmo relacionadas com um episódio dolorido, trazem consigo a sensação nostálgica. Doeu mas foi bom.

  7. Priscila Pereira
    29 de março de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Gustavo! Tudo bem?

    Que delícia de crônica! Já começa com um spoiler, gostei!

    Da pra sentir (só assim mesmo) como é estar em uma maratona dessas e ainda em solo estrangeiro. Da pra sentir a frustração, a dúvida, a vontade de continuar, a dor, a ponderação se vale a pena a dor, e as possíveis complicações só para provar a si mesmo que é capaz. Da pra sentir tudo!

    Isso é mérito de um ótimo autor que sabe muito bem inspirar sentimentos na ficção, então fica fácil quando são reais.

    Ótima crônica! Parabéns!

    Até mais!

    • Gustavo Araujo
      29 de março de 2024
      Avatar de Gustavo Araujo

      Oi, Priscila! Nunca diga nunca. O futuro às vezes revela surpresas incríveis. Quem sabe, em alguns anos, você também não estará dando suas corridinhas? Obrigado pelo comentário. Fico feliz por ter gostado.

  8. Marco Aurélio Saraiva
    29 de março de 2024
    Avatar de Marco Aurélio Saraiva

    Hoje de tarde peguei um biscoito, estava com um pouco de fome. Como não dava para fazer nada de útil enquanto mordiscava, sentei na frente do computador e abri o Entre Contos. Tinha lá uma crônica nova. Autor: Gustavo Araújo! Cliquei.

    Fui lendo e lendo e lendo… terminei o biscoito. Não era o plano, queria comer só um pouco, mas fui comendo por reflexo enquanto lia. Nem vi o tempo passar.

    Me senti lá com você, Gustavo! Você voltou a Berlim? Fico feliz pelo seu cunhado, parabéns para ele, mesmo que isso tenha acontecido há 14 anos! E parabéns para você também, não acho que é fracasso quando você está com uma dor insuportável no joelho, mas vá lá, cada um vê a situação de maneira diferente, rs rs rs.

    Muito legal de ler, esta crônica. Puta sofrimento. Eu sinto tudo isso aí que você narrou, mas quando estou perto dos 5km. Meu recorde foi 7km, me senti o deus da corrida. Hahahahaha!

    • Gustavo Araujo
      29 de março de 2024
      Avatar de Gustavo Araujo

      Rapaz, não voltei. Na ocasião, meu cunhado morava na Alemanha e nós aproveitamos a visita a ele para correr em Berlim. Agora ele já está de volta ao Brasil.

      Acabou que inventei novos desafios na corrida — espero escrever sobre eles durante as temporadas off que se seguirão — e não me animei a voltar à Alemanha. Adotei a linha do Haruki Murakami e do Dean Karnazes, que escrevem e correm. Claro que estou a anos-luz deles, tanto numa atividade como noutra, mas não deixa de ser interessante ter esse faróis em ambas.

      Agradeço a você pelo comentário e deixo aqui a sugestão para que mantenha seus treinos. Quem corre cinco, corre sete. Quem corre sete, corre dez. Quem corre dez, corre quinze e assim por diante. Aliás, quem corre no frio da Escócia corre em qualquer lugar. Ser highlander é para poucos!

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Publicado às 29 de março de 2024 por em Crônicas e marcado .