EntreContos

Detox Literário.

Umbral (Emanuel Maurin)

Um pouco alcoolizado, Ricardo aproximou-se do semáforo e foi recebido com entusiasmo por dois amigos de rua. O mais alto abraçou-o com força e ofereceu um Corote com um sorriso largo. O outro, de boné virado para trás, esperou que ele tomasse um gole daquela cachaça de arder a garganta e, com um olhar de cumplicidade, entregou um rodo pequeno e um balde de água suja. Chegou perto de um veículo que parara na faixa de pedestres e começou a limpar o para-brisa.

– Pra que a gente rala tanto, meu? No fim das contas, não fica nada pra nós. Os ricos ficam mais ricos e a gente só se ferra – desabafou, revoltado com a vida.

O motorista, um homem engravatado, olhou-o com desprezo. Abriu o vidro quando o sinal ficou verde e berrou:

– Vagabundo! Olha o que você fez! Deixou mais sujo que estava! Vai para o inferno, inútil! – E pisou no acelerador, fazendo os pneus chiarem no asfalto.

Ricardo ficou parado, encolhido, com o olhar perdido no chão. As palavras do motorista ainda ecoavam em sua mente, reforçando a crença de que ele não valia nada, que era apenas um peso morto para a sociedade.

Desde pequeno, Ricardo carregava o fardo de uma vida marcada pela pobreza e pela violência. Cresceu entre pais que brigavam e se afogavam em vícios, tendo que cuidar dos irmãos mais novos ainda muito cedo. Aos 15, fugiu de casa e buscou refúgio nas ruas, onde encontrou a falsa companhia das drogas e da criminalidade. Apesar das duras provações, ainda guardava no fundo do coração a esperança de um futuro melhor. Sonhava encontrar um lugar seguro, um porto de salvação onde pudesse finalmente descansar e reconstruir sua vida. A busca por esse porto tornou-se a força que o impulsionava a seguir em frente, mesmo nos dias mais sombrios. Escravo da vontade, prisioneiro do sofrimento, náufrago da existência, ele era a personificação da miséria humana. Mas em seus olhos cansados ainda ardia uma chama: a chama da esperança que teimava em acreditar que a redenção era possível.

Despedindo-se dos amigos, Ricardo acendeu um baseado e se abrigou sob um trailer. Uma conversa entre moradores de rua sobre um abrigo para sem-tetos na outra ponta da cidade o intrigou. O cheiro acre da fumaça do baseado se misturava ao aroma de comida vindo de um restaurante próximo. Encolhido, ouvia atentamente. Uma mistura de esperança e medo tomava conta de seu coração. Imaginava-se dormindo em uma cama quente, comendo comida decente e tendo a chance de recomeçar sua vida. Mas as regras rígidas do abrigo o preocupavam. Será que ele conseguiria adaptar-se? Ao longe, o som de uma sirene de polícia o tirou de seus pensamentos, era hora de tomar uma decisão.

Um morador contava como foi acolhido, mas não se adaptou:

– Lá é foda, mano. Tem que chegar até as seis e só pode sair pra trampar.

Ricardo, que estava por perto, aproximou-se do grupo.

– Já pensei em ir pra lá, mas nunca tive peito. Não dou conta de ficar sem as minhas paradas.

– É osso mesmo. Também não fico sem, mas às vezes é o que tem. Lá pelo menos tem um barraco, cama e rango.

Ricardo assentiu com a cabeça.

– Sei como é.

– Teve um dia que um cara chegou doidão e fez mó zona. Berrava, xingava e quebrava tudo. O tiozinho que cuida de lá tentou acalmar ele, mas ele não quis saber e partiu pra cima do homem. Acabou sendo mandado embora.

Ricardo lembrou-se da sua infância, dos sonhos de uma vida melhor, uma família feliz, um trabalho digno. Lembrou-se da fuga do lar em busca de liberdade, mas só encontrou solidão, violência e vício. As lembranças o atormentavam. A culpa por ter perdido contato com os irmãos, a frustração por ter desperdiçado tantas chances. Medo, orgulho, covardia. Tudo o que o impedira de viver. Uma fúria o invadiu. “Ainda dá tempo de mudar? De recomeçar? De ser feliz?”, questionou-se.

O abrigo se erguia imponente e acolhedor na sua mente. Uma chance, um destino, um milagre?

– Vou para o abrigo – decidiu, convicto.

Uma nova vida o aguardava. Os três homens sorriram.

– Vai? Boa sorte então. Vai precisar.

Sem saber se estava realmente conhecendo a si mesmo, ou se estava apenas seguindo as opiniões e os costumes da maioria, Ricardo pegou o endereço do abrigo, agradeceu e despediu-se. Sabia que seria difícil, mas estava determinado a mudar de vida.

O cheiro de urina e lixo apodrecido pairava no ar enquanto ele caminhava pelas ruas escuras e desertas. A única luz vinha dos postes de iluminação pública, que tremia constantemente.

Ricardo chegou ao local, inseguro. Era uma noite fria e estrelada, estava exausto e faminto. Mas ao pisar no prédio, sentiu um calor acolhedor e um aroma de sopa. Viu algumas pessoas acomodadas em bancos de madeira, vendo televisão, batendo papo ou lendo. Outras estavam na cozinha, fazendo o jantar ou limpando a louça. Todas o fitaram com interesse e simpatia, como se fossem uma família.

Carlos, o responsável, recebeu-o sorridente. Deu-lhe as boas-vindas e indicou o lugar onde ficaria. O quarto era simples e confortável, com cama, armário e uma janela gradeada com vista para a rua. Ricardo entrou fascinado. Nunca tivera um quarto assim. Quando morava com a família, dormia num sofá velho na sala de uma casa de três cômodos. Carlos deu-lhe um uniforme e um crachá temporário com o seu nome. Ricardo agarrou os objetos com gratidão, alisou o tecido macio e mirou o seu nome no crachá.

Emocionou-se, pois ninguém nunca lhe dera nada assim.

– Valeu, Carlos. Por tudo – falou ele, comovido.

– Não precisa agradecer, estamos aqui para ajudar. Espero que você se sinta bem aqui, este é o seu novo lar – Carlos falou, com carinho, e o abraçou. Ricardo retribuiu o abraço, emocionado. Sentiu o calor do próprio corpo e as batidas do seu coração. E também algo que não sentia há muito: esperança.

No outro dia, ao saírem do abrigo, Ricardo sentia-se invisível entre a multidão. Carlos o animava, confiante no seu sucesso. Na empresa de reciclagem, o forte cheiro de borracha queimada os recebeu. O patrão, observando Ricardo com curiosidade, questionou Carlos sobre sua aparência. Abstinente e exausto, Ricardo tinha um olhar perdido. Mas o desafio na expressão do seu chefe e as palavras ofensivas fizeram-no cerrar os punhos. Estava determinado a provar o seu valor.

Carlos sentiu a tensão.

– Não ligue. Esse cara não sabe o que diz, você vai conseguir. Eu sei que você pode – disse em voz baixa, percebendo a angústia do rapaz.

Carlos despediu-se, e o patrão levou Ricardo para um barracão de máquinas.

– É aqui que você vai trabalhar, tem que separar o reciclável do orgânico – falou todo arrogante. – Seja rápido, cuidadoso e atento! Não se atrase, não erre e não se machuque. Entendeu tudo?! – indagou, impaciente.

– Pode crê – Ricardo retrucou, com raiva.

Ao começar a separar o lixo, sufocou-se com o cheiro de borracha queimada. Perguntava a si mesmo se aquele trabalho mudaria a sua vida. Ao levar um saco de orgânicos para a caçamba, viu o patrão cheirando cocaína escondido. Era um dependente, como ele. Era o seu espelho, o seu destino.

Ao pensar nisso, Ricardo sentiu-se um trapo, sem lugar no mundo. Baixou a cabeça, sem esperança, sem fé. Fugiu do que era novo, do que era diferente.

Memórias do abrigo o invadiram: Carlos, os outros moradores, a recepção calorosa, o acolhimento, a sensação de humanidade, o quarto, o uniforme, o crachá… Símbolos de orgulho, utilidade e vida. Mas a culpa, o medo e a dúvida o assolavam. Será que estava fazendo a coisa certa? Jogando tudo fora? Condenando-se? A possibilidade de voltar, pedir desculpas, tentar de novo… Mas era tarde.

O patrão se aproximou, irônico:

– Futuro, dignidade, orgulho… Você deveria se importar com isso! Principalmente com o trabalho honesto, útil, nobre! – disse entre risadas.

Ricardo o encarou com ódio.

– Esse trampo é uma merda, igual a tudo na minha vida. O senhor não me enrola, é um pilantra, só liga pro seu nariz. Trouxa, o senhor é tão fudido quanto eu, não tem coragem pra parar com o seu vício – falou, com desprezo. Então virou as costas e saiu.

O patrão ficou parado, sem reação. Viu-o afastar-se, sumir na esquina. Pegou outro pino de cocaína, levou ao nariz, inalou e alucinou.

Carlos estava à espera de Ricardo, que voltou ao abrigo com o rosto triste. Ele o reprovou:

– Por que desistiu tão cedo? Não se enturmou, nem experimentou as atividades! – perguntou, severo.

Ricardo baixou a cabeça, envergonhado, os olhos cheios de lágrimas. Carlos continuou, colocando a mão no ombro dele:

– Podíamos ser mais próximos, bater mais papo – falou com a voz embargada.

Um aperto no peito o fez sentir vontade de chorar, pedir desculpas, suplicar outra chance. Assim, Ricardo renunciou ao que era bom, movido pelo desejo de voltar às ruas e drogar-se. Não teve forças para ficar. Sentiu-se tolo, fraco. Lá no fundo, compreendeu que não tinha solução, sabia que desperdiçara a oportunidade de aproximar-se de Carlos.

Perdera a chance de recomeçar, mas tinha que sair do abrigo. Não podia ficar, não queria ficar. Queria regressar à sua vida.

Ricardo voltou para perto da rodoviária. Procurou os dois amigos, mas não os encontrou. Sentiu um aperto no peito e um vazio, eles eram o que ele tinha, e agora estavam perdidos.

Por uns dias, caminhou sozinho, tentando encontrar emprego. Após tantas portas fechadas, desistiu, rendeu-se à mendicância. Do que ganhava, mal conseguia comer. Assim, entregou-se ao tráfico e à prostituição, mas não achou felicidade ou liberdade, só tédio e arrependimento. Sem saber como mudar, como sair, lembrou-se do abrigo, do trabalho, de Carlos. Da oportunidade, da decisão, do preço. De como poderia ter sido diferente, melhor. E de como nunca seria nada. Lembrou-se de tudo e arrependeu-se amargamente.

A falta dos amigos, que o abandonaram quando mais precisava, o atormentava; a raiva dos traficantes, que o exploravam e o ameaçavam, consumia-o. Os clientes, que o usavam e o humilhavam, enojava-o; a vergonha de si mesmo, que se drogava e se prostituía, desagradava-o; a chance jogada fora, que Carlos lhe dera, afligia-o; a dor por ter perdido o abrigo, o trabalho, a esperança, feria-o; o medo de morrer na rua, sem ninguém, sem nada, aterrorizava-o; sentia tudo isso e mais, mas não conseguia expressar. Só conseguia chorar, em silêncio, na escuridão.

Enquanto pensava, um carro desgovernado invadiu a calçada da rodoviária. O motorista não viu o rapaz que estava ali e atropelou-o, sem dó. Ricardo sentiu uma dor na cabeça, o sangue jorrando, e berrou. Em lágrimas, falou aos outros moradores que o cercavam.

– Acho que vou morrer…

E fechou os olhos, angustiado.

Uma semana depois, Ricardo acordou revigorado. Viu o teto branco e limpo do hospital. Sentou-se na cama e olhou pela janela, onde o sol brilhava forte, banhando sua visão cansada.

Uma gargalhada infantil ecoou pelo ambiente. Virou a cabeça e viu, pela porta aberta, uma criança correndo no corredor segurando um balão verde. A menina estava feliz, divertindo-se. Ricardo sentiu alívio e a observou. Lembrou-se dos tempos de criança, quando se divertia na rua com seus amigos e era feliz. Mas a criança que via era diferente, sabia superar as dificuldades da rua e encontrar alegria na vida. Ricardo motivou-se. Olhou para a criança e viu um modelo de si mesmo, valente e esperançoso, que encontrara alegria na vida, mesmo nas piores situações. Com novo propósito, Ricardo se levantou da cama e vestiu suas roupas; passou a mão pela cabeça raspada e sentiu os pontos dos ferimentos. Respirou fundo e caminhou até a porta.

Encontrou o médico que o acompanhava, parado no corredor. O doutor sorriu e entregou-lhe um papel:

– Você está de alta, Ricardo. Teve sorte de sobreviver. Mas precisa se cuidar, senão vai acabar morrendo na rua. Tem algum lugar para ir? – o médico perguntou com preocupação.

Ricardo pegou o papel, guardou-o no bolso. Olhou nos olhos do médico e disse, com firmeza:

– Tenho sim.

O médico duvidou, mas assentiu, desejando boa sorte. Ricardo agradeceu e saiu do hospital. Caminhou até a praça e se sentou no banco. Olhou para o céu e viu o balão verde, voando alto. Imaginou ser o balão da criança que estava no corredor do hospital. Sorriu e sentiu uma ponta de esperança. Levantou-se e seguiu em frente.

Sobre Fabio Baptista

18 comentários em “Umbral (Emanuel Maurin)

  1. Marco Aurélio Saraiva
    8 de março de 2024

    É um conto completo, onde acompanhamos um personagem desde o início da sua jornada, até o seu recomeço. As fábulas aristotélicas estão lá: o ponto de partida levemente abaixo da normalidade, o ápice na curva de evolução do personagem, então o vale, onde ele retorna ao vicio, e a correção no final, onde ele aprende com a experiência de quase-morte e decide mudar de vez. O conto funciona muito bem no quesito estrutura… mas não creio que teve a melhor das execuções.

    O que não gostei: nenhum personagem tem personalidade. Todos são uma espécie de personificação de um arquétipo. Os amigos são os “amigos padrão”. Ricardo não me parece real, ele é, como o texto mesmo o descreve, “a personificação da miséria humana”. O chefe é também uma caricatura. Ninguém parece ter vida própria nesse conto. A própria trama é bem simples, sem muitas surpresas ou um final impactante. A narrativa e feita sem sentimento. Momentos que deveriam ser intensos, como o atropelamento, são resolvidos em poucas palavras sem emoção.

    Outra coisa que notei no texto e que me incomodou, mas que posso ver como simples opinião pessoal, é o uso de listas. Notei este problema por que eu mesmo fazia muito isto nos meus contos antigamente, e passei a ver a coisa de outra forma. Sempre que você usa uma lista de qualquer coisa (sentimentos, propriedades, descrições), você diminui o peso de todos os itens da lista, e nada chama a atenção do leitor.

    Por exemplo:

    “Todas o fitaram com interesse e simpatia”. Na mente do leitor, as duas palavras (interesse e simpatia) viram só palavras, lidas rápidas, quando postas em uma lista. Porem, se você foca em apenas uma, tudo muda: “Todos o fitaram com interesse”. “Todos o fitaram com simpatia”. A frase ganha profundidade e passa algum sentimento.

    Esse tipo de coisa se repete no texto inúmeras vezes, o que tira muito do impacto da leitura:

    “Era uma noite fria e estrelada”
    “O quarto era simples e confortável”
    “Abstinente e exausto”
    “Sentiu-se tolo, fraco.”
    “Um aperto no peito o fez sentir vontade de chorar, pedir desculpas, suplicar outra chance.”

    Essa aqui foi a mais extensa:
    “Sem saber como mudar, como sair, lembrou-se do abrigo, do trabalho, de Carlos. Da oportunidade, da decisão, do preço. De como poderia ter sido diferente, melhor.”

    Também acho que o texto carece de mais emoção. O trecho abaixo, por exemplo:

    “Abstinente e exausto, Ricardo tinha um olhar perdido.”

    Apenas escrever que Ricardo estava passando por uma crise de abstinência não e o suficiente para invocar ao leitor alguma empatia pelo personagem. E no texto ele nem está “passando por uma crise de abstinência”. Ele apenas está “abstinente”, o que tem menos impacto ainda.

    Outro exemplo está no dialogo entre Ricardo e o patrão.

    “– É aqui que você vai trabalhar, tem que separar o reciclável do orgânico – falou todo arrogante.”

    Sério, não fosse a descrição no final, eu não saberia que ele estava sendo arrogante. Parece uma fala normal. E daí Ricardo responde com:

    “– Pode crê – Ricardo retrucou, com raiva.”

    Raiva? Um pode crê desse, todo simpático?

    Enfim, senti falta de mais emoção na escrita, e mais vida nos personagens.

  2. danielreis1973
    6 de março de 2024

    Umbral (Luffy)

    Comentário: a história de Ricardo, morador de rua e viciado, que tenta alcançar a redenção numa casa abrigo, falha, retorna à vida ordinária mas tem seu destino mudando por um atropelamento, do qual se recupera para uma nova chance – aí está o recomeço. O autor demonstra um talento notável para criar ambientação sinestésica – sensações como cheiros, sons, etc. e para descrição de ambientes, como a casa de recuperação. Tão bem criadas em imagem que imagino que ele/ela tenha tido contato com esse universo de recuperação de dependentes químicos.

    Critérios de avaliação:

    Premissa: parte do mundo ordinário/comum de uma realidade brutal, da vida nas ruas, e o protagonista caminha em direção à provação, na qual falha, retorna derrotado à sua realidade e consegue a redenção por um ex-machina (o atropelamento).

    Construção: o texto é bastante coerente com a visão de mundo do autor, e reflete razoavelmente o cotidiano real dos moradores de rua – que creio sejam ainda mais brutal do que o retratado – ou seja, o autor amenizou um pouco para tornar o conto mais sóbrio.

    Efeito: apesar da história ser bem construída, a temática da miséria retratada acaba sendo super explorada em filmes e livros, e enfraquecida no seu impacto, sem desmerecer a importância do tema. Também achei o conto acelerado em algumas partes, como depois da recaída e abandono do protagonista, e com um evento incitante (ponto de virada) que parece ter sido escolhido para apressar o final pretendido pelo autor.

  3. Vladimir Ferrari
    4 de março de 2024

    Considero “cachaça de arder a garganta”, quase um pleonasmo. A maioria das pessoas sentiria o ardor de uma bebida com até 54% de álcool em sua composição. Há, na minha opinião, uma leve incoerência entre o status “fugir de casa” antes de saber do abrigo e nas “oportunidades desperdiçadas” após tomar conhecimento. Não gostei da frase sobre a luz dos postes, poderia ser melhor estruturada. A narrativa pareceu-me um tanto embromada, como se contentando em aproximar-se da premissa de recomeço. O texto é bem escrito e em apenas algumas frases, faria mudanças. Sucesso.

  4. Antonio Stegues Batista
    3 de março de 2024

    O conto é a história de Ricardo, que deixou a família e emprego. Nas ruas, tornou-se viciado em drogas. Tornou-se morador de rua, no conto motivos não são claros. Ele se arrepende daquele ato de rebeldia e tenta voltar à vida de antes, mas não é fácil. O conto é bem escrito, com frases elaboradas, ações bem construídas, narrativa coesa e conexões seguras. Uma história do cotidiano baseada em fatos reais e não ficção. Dramas na família, problemas sentimentais ou mesmo distúrbios psicológicos, levam pessoas a romper com os costumes, as tradições. Inevitavelmente, a maioria cai no mundo das drogas, no vício da bebida, difícil de sair. Ricardo consegue trabalho, mas logo desiste, volta às ruas quando é atropelado. Parece que o acidente o sacudiu e o convenceu a lutar por um recomeço.

  5. fabiodoliveirato
    2 de março de 2024

    Buenas!

    Irei usar dois critérios para avaliar os textos deste desafio: técnica e criatividade. A parte técnica abrange toda a estrutura do conto, desde o básico até o estilo do autor. E a parte criativa abrange o enredo, personagens e tudo que envolve a imaginação do autor.

    Vamos lá!

    TÉCNICA

    O conto está bem escrito, tem técnicas interessantes para cativar o leitor, apesar do reforço excessivo de que Ricardo nunca será ninguém na vida. Poderia diminuir e focar em cenas que reforçam outras situações que mostram o estado de vulnerabilidade que o adolescente está.

    Esses reforços enfraquecem o texto, além de cansar o leitor e tirar a crença dele de que o texto é bom.

    CRIATIVIDADE

    Diria que o conto segue os caminhos mais óbvios possíveis.

    Desde as situações vividas por Ricardo, até sua renovação. O conto trata o tempo inteiro da necessidade de um recomeço, mas não fala propriamente dito de um recomeço. Mas mostra o início do recomeço. Isso pode ser visto por muitos como algo que escapou do tema.

    Uma coisa que me incomodou foi a resolução final. O rapaz sofre um acidente e, por mágica, toma a atitude correta de recomeçar? É mágico, é irreal. Um choque pode desencadear um recomeço. Sim, mas da forma como foi narrada, Ricardo levantou da maca como outra pessoa, já. Isso e um problema no desenvolvimento do personagem.

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    O conto está bem escrito, porém, carece de um cuidado maior na parte criativa. É tudo muito óbvio, sem falar no final milagroso. Aliás, gostei bastante do nome, pois a vida de Ricardo realmente remete ao Umbral que tanto conhecemos no espiritismo.

  6. Simone
    2 de março de 2024

    A vida na rua é a porta de entrada do conto. Já sentimos compaixão com o retrato da vida difícil do personagem desde seu nascimento. Mas ele tinha amigos que na mesma batalha procuravam sobreviver. O abrigo, sobre o qual ele ficou sabendo por acaso, pareceu-lhes uma chance de recomeçar. Chegou a iniciar um trabalho, com ajuda de Carlos, que conheceu no abrigo, mas não ficou, o patrão também usava drogas. No final, depois de ser atropelado e passar alguns dias no hospital, ele tem consciência, a partir da observação de uma criança feliz, de que precisa reagir e procurar um caminho. Não sabemos se ele voltará ao abrigo para pedir uma segunda chance, ou se partirá em busca da família ou dos velhos amigos da rua. O certo é que está animado para recomeçar.
    O conto está dentro do tema e bem escrito, gramática sem equívocos percebidos por mim. Creio que a mistura de cena e sumário está muito boa. Os diálogos verossímeis. O flashback da infância é curto, para conhecimento da vida dele. O início é bem colocado e interessante. Um ótimo conto. Um final para deixar os leitores pensando.

  7. Givago Thimoti
    2 de março de 2024

    Umbral (Luffy)

    Primeiramente, gostaria de parabenizar o autor (ou a autora) por ter participado do Desafio Recomeço – 2024! É sempre necessária muita coragem e disposição expor nosso trabalho ao crivo de outras pessoas, em especial, de outros autores, que tem a tendência de serem bem mais rigorosos do que leitores “comuns”. Dito isso, peço desculpas antecipadamente caso minha crítica não lhe pareça construtiva. Creio que o objetivo seja sempre contribuir com o desenvolvimento dos participantes enquanto escritores e é pensando nisso que escrevo meu comentário.

             Como eu já avaliei todos os 12 contos mínimos, chegou o momento de comentar “no amor”. Não terá nota, tampouco vou comentar sobre questões gramaticais. Irei escrever apenas sobre minhas impressões e o que tocou ou não o leitor nesse conto.

    Impressões iniciais 

    + Aô vida sofrida demais

    – Um conto denso, com muita história e muita velocidade.

    Alma

    Por mais que esse seja um conto denso, ele é bastante simples. Um conto que versa sobre a tentativa de recomeço de Ricardo, um homem que vive desventuras nas ruas, em meio à violência, à prostituição e às drogas.

    De positivo, creio que o autor demonstrou uma visão social do mundo apropriada, articulando o contar de uma história de uma pessoa geralmente invisível para a sociedade com o tema proposto pelo desafio com habilidade. O conto está bem escrito gramaticalmente, com poucos deslizes. 

    A capacidade do escritor em comprimir uma história complexa dentro do limite de palavras é, ao mesmo tempo, digno de parabéns e o grande tendão critica de Aquiles do conto. Nesse sentido, é preciso falar que, ao encher o conto de múltiplas camadas e sub-histórias, o desenvolvimento da história pareceu extremamente corrido ao final da leitura, o que empobreceu o enredo no final das contas. É como se eu tivesse lido um livro de 250 páginas em um conto que coube em umas 7 (?). A sensação que tive é que foi perdido um bom leque de histórias que são apenas mencionadas, jogadas, no conto. Ricardo como garoto de programa, Ricardo como um homem tentando recuperar-se da drogadição, Ricardo como filho alvo de abuso dos pais.., Creio que diante de tantos problemas que Ricardo passava/passou, o melhor era escolher um e desenvolver a questão (sempre lembrando-se do tema) com calma e paciência, debruçando-se sobre. 

  8. Fernanda Caleffi Barbetta
    29 de fevereiro de 2024

    Olá, Luffy

    O texto é bom, gramaticalmente bem escrito, várias passagens boas. Mas percebo que quis colocar no tamanho de um texto uma história que mereceria mais espaço. Muitos acontecimentos precisam de mais tempo para acontecer, muitos precisam de espaço para ficarem claros e fazerem sentido. Faltou explicar algumas coisas. Por exemplo, o sumiço dos amigos quando ele voltou para as ruas.

    Não sou contra adjetivos e advérbios, acho que se couber, está cabido, mas o seu texto abusa deles. E muitas vezes eles aparecem em duplas. Fica carregado. Preste atenção nisso.

    Fiquei um pouco confusa quando ele chegou para trabalhar na reciclagem, acho que poderia ter explicado melhor antes de ele chegar lá para trabalhar.

    Cuidado com alguns clichês de palavras, exemplos: ardia uma chama / chama da esperança. E os clichês narrativos, muitos acontecimentos são clichês, o filho que sai de casa, as drogas e a violência nas ruas, os ricos que o maltratam, o tráfico, a prostituição… Se houver muito clichê narrativo, ao menos a forma de narrar deve trazer o novo.  

    “Um pouco alcoolizado” – o começo do texto é muito importante, é o que vai receber o leitor. Começar com pouco já nçao seria muito bom, começar com um pouco, menos indicado ainda, na minha opinião.

    No final do primeiro parágrafo, quando você coloca “Chegou perto de um veículo”, seria legal retomar aqui o nome do Ricardo porque você já introduziu outros dois personagens.

    “– Pra que a gente rala tanto, meu?” – aqui, ele fala para quem? Preciosa ficar mais claro. Ele fala para os amigos, para o motorista, grita sozinho para o motorista ouvir?

    Em alguns trechos, pesou a mão no texto revolta. Exemplos: “Os ricos ficam mais ricos e a gente só se ferra” / “peso morto para a sociedade”

    Cuidado com as rimas. Leia o texto em voz alta para percebê-las. Se gostar, beleza, eu me incomodo, parece falta de atenção com a sonoridade do texto.

    “Era uma noite fria e estrelada, estava exausto e faminto” – não sou contra adjetivos, mas aqui foram quatro em uma oração tão curta.

    “No outro dia, ao saírem do abrigo” – ao sair?

    “No outro dia, ao saírem do Abrigo” – desafio?

    “todo arrogante” – não precisa do “todo”

    “Fugiu do que era novo, do que era diferente.” – não entendi. Se o novo, o diferente é o trabalho e o abrigo, neste momento ele ainda não fugiu.

    “A possibilidade de voltar, pedir desculpas, tentar de novo… Mas era tarde.” – voltar para onde? Pedir desculpas para quem?

    “Um aperto no peito o fez sentir vontade de chorar, pedir desculpas, suplicar outra chance. Assim, Ricardo renunciou ao que era bom” – a escolha pela palavra “Assim” não foi acertada. Não fez sentido para mim.

    “Enquanto pensava, um carro desgovernado invadiu a calçada da rodoviária. O motorista não viu o rapaz que estava ali e atropelou-o, sem dó. Ricardo sentiu uma dor na cabeça, o sangue jorrando, e berrou” – imagino que tenha escrito desta forma para deixar um suspense sobre quem seria o atropelado, mas achei estranho porque você estava sempre se referindo a Ricardo. Não sei dizer se está certo ou errado, mas vi aqui a mão e a intenção do escritor, e eu não gosto de ser acordada da leitura.

    “Mas a criança que via era diferente, sabia superar as dificuldades da rua e encontrar alegria na vida” – é possível saber disso ao vê-la passar pela porta?

    No final, me incomodou ele acordar e já receber alta. Outra vez, o pouco espaço para assentar melhor as coisas.

    São muitas anotações porque sou pitaqueira mesmo, seu texto é bom, sua escrita é muito boa, aceite o que achar que vale.

  9. Jowilton Amaral da Costa
    27 de fevereiro de 2024

    Bom conto. O conto narra a história triste de Ricardo, um morador de rua, que enfrenta poucas e boas na esperança de recomeçar. Não percebi erros ortográficos ou gramaticais. A narrativa é bem feita, no início achei exagerada, mas, combinou com o sofrimento da personagem. Aos poucos a história vai envolvendo. O enredo é bom, não é tão simples, tem a surpresa do atropelamento, dando uma guinada. O final é o melhor, gerando um bom impacto. boa sorte no desafio.

  10. Simone
    24 de fevereiro de 2024

    É para onde ele vai? Onde vai recomeçar? Em casa? Vai em busca da família da qual fugira? Ou vai em busca da amizade e chance no abrigo? Terminamos assim a leitura deste conto. Realidade de tantas pessoas, procurar o caminho da rua e todos os riscos que ele oferece, misturar esperança com a impressão de não ter valor na sociedade. Mas nesse conto, Ricardo não quer se deixar vencer mais uma vez, se entregar aos vícios e se vender para sobreviver. Não ficou bem claro para mim porque o emprego na fábrica o desiludi tanto, entendi que ele ficou decepcionado porque estava recebendo ajuda de um viciado e não de um homem que seria exemplo. Talvez aquele emprego fosse de exploração e não se encaixaria no recomeço que ele procurava. Ele quer mudança. Embora o texto entregue toda a história ao leitor, no final ele permite que o leitor deduza e construa o destino do personagem. Foi no hospital que ele recuperou a esperança, a motivação, porque foi salvo, porque se sentiu digno de prosseguir vivendo, então quer dar valor a sua vida.
    Sugestões: “O motorista não viu o rapaz que estava ali e atropelou-o, sem dó. “ Acho que há uma ambiguidade aqui, se ele não viu ele, não atropelou sem dó. Ou seja, não houve intenção. Acho que ele pegou em cheio. Ou outra construção parecida. É desse acidente, dessa quase morte, que o personagem se reencontra como ser humano. Ele se dá conta de que o mais importante para a mudança era estar livre das drogas. A história nos prende, torcemos que o personagem encontre um caminho, mas acho que o autor ou autora poderia deixar mais escondidos os sentimentos do personagem no decorrer da história, deixar apenas que o leitor vá deduzindo a partir das ações. Um ponto positivo que chamou minha atenção foi a referência das amizades que existem nos grupos sociais, a ajuda, a preocupação com os que estão na mesma situação. Um bom conto, parabéns.

  11. Andre Brizola
    24 de fevereiro de 2024

    Olá, Luffy!

    Seu conto é realmente uma história de recomeços. Vários. Bons e ruins, diga-se. Ricardo é um desses personagens que passam pelo cenário de uma cidade sem marcar sua história, sem registrar nada, destinado a virar estatística negativa e ser usado como manobra em campanhas políticas.

    Dito isso, acho que a análise de seu conto deve passar por dois aspectos distintos. Um deles é a construção textual, o outro a construção narrativa. Dentro do primeiro aspecto encontramos um texto que está extremamente bem ajustado, com gramática apurada, ritmo constante e bem dividido dentro de todas as fases e recomeços de Ricardo (embora um pouquinho mais apressado no final). Acredito que a revisão aqui foi muito bem-feita, e há pouco que poderia ser alterado para melhor efeito (talvez um ou outro pronome, como o possessivo em “lembrou-se da sua infância”).

    No aspecto narrativo, eu fiquei um pouco desapontado com algumas escolhas comuns para a descrição das situações e, no geral, na forma como o enredo não se desenvolveu para algo mais criativo, optando por permanecer mesmo naquilo que citei lá em cima, Ricardo é um desses personagens que passam pelo cenário sem registrar nada. Neste conto vemos as tentativas falhas e frustradas de uma pessoa que quer, mas ao mesmo tempo não quer, mudar de vida, e isso é extremamente corriqueiro. Hoje em dia, a morte de uma dessas pessoas não vira matéria nem mesmo nos jornais menores, de forma que para conseguir tornar um conto mais interessante, essas idas e vindas de Ricardo, ao meu ver, teriam que ter ido “além” e mostrado algo mais interessante ou profundo. Aqui, acredito que ele ficou num plano mais raso e simples.

    E, quando digo que o texto trouxe opções mais simples para as descrições das situações, quero dizer construções como “atropelou-o, sem dó” (onde dó, aí está mal-empregado, visto que foi uma situação sem intenção, com um carro desgovernado), “ainda guardava no fundo do coração a esperança de um futuro melhor”, “só conseguia chorar, em silêncio, na escuridão”, entre outras, que guardam em si um apelo melodramático que, na minha visão, impõem ao texto uma carga piegas que incomoda. Essa sensação é alterada nos diálogos, quando temos acesso à linguagem mais real e mais adequada à situação de Ricardo, então fica aquela sensação de que se o texto todo fosse nessa pegada, teríamos aqui algo bem genuíno e criativo. Mas, como sempre, temos que entender as escolhas do autor e, o autor, tem que entender que nem sempre essas escolhas vão agradar a todos os leitores.

    Resumindo tudo, trata-se de um conto muito bem adaptado ao tema do desafio, com gramática eficiente, mas com enredo simples e, na minha opinião, com excesso de drama onde poderia ter mais “pé no chão”.

    É isso. Boa sorte no desafio!

  12. Priscila Pereira
    22 de fevereiro de 2024

    Olá, Luffy! Tudo bem?
    Seu conto está bem escrito, bem revisado, coerente, de fácil entendimento e fluido, mas… (Sempre tem um mas, né) a história não me convenceu. Acho que funcionaria melhor se fosse em primeira pessoa e se mostrasse mais ao invés de só contar. A história tinha tudo pra brilhar, mas a profundidade dos sentimentos conflituosos do personagem não foram alcançados em terceira pessoa. Outra coisa, está tudo muito previsível e linear. Não tem praticamente nenhum conflito, porque tudo é muito bem explicado antes de acontecer e quando acontece, é exatamente igual o que esperávamos. Não sei se tá dando pra entender (as vezes eu viajo demais). Exemplo: o narrador diz que Ricardo não vai aguentar ficar no abrigo, e ele não aguenta mesmo. Podia ter uma quebra na expectativa, com ele aguentando, ou o narrador podia falar que ele iria conseguir e ele acabando não conseguindo.
    Boa sorte no desafio!
    Até mais!

  13. Kelly Hatanaka
    22 de fevereiro de 2024

    Estou avaliando os contos de acordo com os seguintes quesitos: adequação ao tema, valendo 1 ponto, escrita, valendo 2, enredo, valendo 3 e impacto valendo 4.

    Adequação ao tema
    O conto atende ao tema. Ricardo, que vive nas ruas, tenta um novo recomeço.

    Escrita
    Sem erros, porém um tantinho repetitiva e descritiva, com alguns clichês como “guardava no fundo do coração a esperança”, “chama da esperança” e certos momentos grandiloquentes como “Escravo da vontade, prisioneiro do sofrimento, náufrago da existência…”, que me remeteram a rocks nacionais dos anos 80.

    Enredo
    Ricardo tem uma infância difícil, foge de casa, vive nas ruas e busca um recomeço. Creio que o problema seja o desenvolvimento da trama. O narrador conta o que se passa com Ricardo, mas pouco mostra. Ricardo, vai, Ricardo volta, Ricardo sente, Ricardo não sabe. Não consegui simpatizar com Ricardo, nem torcer por ele e olha que ele tem tudo para conquistar o leitor: um personagem que sofre por nunca ter tido uma chance. Talvez se mostrasse a infância dele, ou o momento em que chegou nas ruas, ao invés de narrar que ele passou por isso, por aquilo e que ele sente isso e aquilo e que ele se revolta. O ideal é fazer o leitor sentir o que o personagem sente.

    Impacto
    Não me impactou, desculpe. A ideia é boa, você partiu de uma boa premissa, mas não consegui embarcar na trama. Um exemplo: o narrador diz que Ricardo está alcoolizado, ou que ele se droga. Mas ele não parece estar fora de si. Só sabemos pelo narrador. Talvez se o conto fosse narrado em primeira pessoa, ficasse melhor.

  14. Jorge Santos
    20 de fevereiro de 2024

    Olá. O seu conto é um verdadeiro murro no estômago. Narra com crueza a vida de um sem-abrigo, que é como chamamos aqui em Portugal aos “sem-teto”. O recomeço fica em aberto, o que é uma verdadeira lufada de ar fresco. O tom depressivo do conto ficaria estragado se subitamente o sem-abrigo se redimisse, como se se tratasse de um conto da Disney. Os casos que conheço são muito parecidos à história que contou. Uma espiral descendente cujo fim raramente é feliz. Em termos de linguagem, achei que estava adequada, sem laivos de brilhantismo nem erros de maior. A fluidez do texto prende o leitor, bem como a forma como a ação é narrada, com momentos bem definidos e onde só o desfecho fica em aberto – o que neste caso, e como já referi, age como um benefício para a qualidade do texto.

  15. Felipe Lomar
    17 de fevereiro de 2024

    olá,

    cara, não vou mentir. Achei bem fraco o conto. Me desculpe. A narrativa é contada em cima de clichês sobre a pobreza e a vida nas ruas. A escrita é bem simples e rasa. As vezes parece chatGPT ou algo do tipo. O final, principalmente, é sem sentido e sem graça. Prefiro acreditar que é apenas um escritor sem muita experiência, que ainda tem muito o que aprender, e não uma pessoa de má fé que fez um texto no chatgpt e se inscreveu aqui

    boa sorte.

  16. Leda Spenassatto
    17 de fevereiro de 2024

    Umbral (Luffy)

    Ferido na sua dignidade, Ricardo a partir de um insulto buscou ajuda em um abrigo . Carlos recebeu-o com um abraço como há muito não ganhava.
    Fragilizado Ricardo voltou à rua e as drogas.
    Precisou de um susto maior, ser atropelado, para despertar com determinação ao recomeço.

    O enredo é bom, digno de um filme, porém a narrativa é bastante repetitiva . Confesso que seu potencial é claro, só precisa ser menos dinâmico e mais objetivo.

    Me perdoe, pela franqueza?

    Boa sorte!
    Abraços!

  17. claudiaangst
    16 de fevereiro de 2024

    Oi, Luffy, tudo bem?
    Sim, o seu conto aborda o tema proposto pelo desafio. Há um recomeço, ou pelo menos a tentativa de um recomeço.
    E não é que só de abrirmos os olhos de manhã já estamos começando tudo de novo? Perdoe o ataque de “clicherismo” (pronto, agora escorreguei no neologismo), mas achei que você não iria se incomodar. Não que o seu texto tenha muitos lugares comuns, longe disso, ou melhor, um pouco disso sim, mas nada excessivo. Encontrei alguns: no fundo do coração, escravo da vontade, prisioneiro do sofrimento, náufrago da existência, provar o seu valor. cama quente, comida decente, chance de recomeçar sua vida, miséria humana, a esperança de um futuro melhor, arrependeu-se amargamente. Isso é ruim? Claro que não, para mim, está tudo certo. Como eu sempre digo: o amor é brega, e a vida, uma sucessão de clichês.
    Aliás, parabéns! Não encontrei falhas na sua revisão. Pode ter escapado algum errinho? Sim, mas quem nunca errou? Não sei o que provocou esta minha verborragia, mas espero que tenha cura.
    O conto é bom, passa uma mensagem bonita, o protagonista é um sujeito interessado em mudar de vida, enche-se de esperança e depois esvazia-se, e no dia seguinte, lá está ele, tentando novamente. Só não entendi muito bem o conceito ter/não ter esperança. Você primeiro diz que Ricardo “ainda guardava no fundo do coração a esperança de um futuro melhor”. Depois diz que era “algo que não sentia há muito: esperança”. Afinal, ele estava desiludido ou esperançoso?
    Achei bonita a imagem da criancinha correndo no hospital com um balão verde. A cor da esperança. Mas cá entre nós, que lugar estranho para uma criança sair correndo e se divertir. Cadê o protesto por silêncio? Cadê os pais da pestinha?
    A narrativa é linear, só fica confusa na parte em que Ricardo desiste do sonho de uma vida nova quando se depara com o vício alheio. Tive de reler para entender como agiu o protagonista a partir daí. Provavelmente, foi falta de atenção da minha parte.
    Parabéns pela participação e boa sorte! (Vamos todos precisar de um bocado da sua esperança e sorte)

  18. Gustavo Castro Araujo
    14 de fevereiro de 2024

    Este conto me trouxe a lembrança do “Na Pior em Paris e Londres”, do Orwell, em que o protagonista vaga por albergues e pelas ruas miseráveis dessas capitais, em busca de comida e de trocados para sobreviver. Esse protagonista se caracteriza pelo sarcasmo e pela desilusão, já que sabe como é difícil romper a redoma que o aprisiona nesse mundo de pobreza. E é justamente por causa dessas características que nos afeiçoamos a ele, porque nos fazem perceber sua humanidade, seus defeitos e qualidades.

    Bem, por que gastei um parágrafo inteiro falando de Orwell? Porque precisamente o que sobra no romance do escritor inglês é o que falta ao protagonista deste conto. Ricardo é perfeito demais, é alguém que, embora criado nas ruas, não tem defeitos, não tem maldade, não xinga, não tem malícia. Não é, enfim, um personagem verdadeiro na acepção filosófica do termo.

    O conto tem uma premissa interessante: apesar das dificuldades diárias por que passa o protagonista, há uma alternativa a seguir, há uma possibilidade de redenção. Bem, é o tipo de história que cativa por si só, já que todo leitor adora contos de superação pessoal, de vitórias obtidas depois de muito custo. A questão é que essa redenção só funciona se nos apegarmos ao personagem – e foi nesse ponto que o conto falhou comigo, pelos motivos que já mencionei.

    Por óbvio, outros leitores poderão gostar, mas achei que o(a) autor(a) exagerou no açúcar. Um pouco de dualidade à personalidade de Ricardo faria bem ao texto, afinal ninguém é 100% mau ou 100% bom, como ele.

    Gramaticalmente o conto está muito bom. A leitura fluiu bem e o desenvolvimento favoreceu a experiência – a gente lê querendo saber o que virá na sequência, o que é ótimo. Não há atrasos, não há desperdícios. Nesse aspecto, o texto está excelente.

    Creio que com alguma mexida o conto pode se tornar mais interessante sob o aspecto psicológico. Se o(a) autor(a) ainda não leu o “Na Pior…” deixo aqui a sugestão. Orwell é bom até quando escreve lista de mercado. De qualquer forma, deixo aqui meus parabéns pelo empenho e pela dedicação à nossa literatura e ao site. Boa sorte no desafio!

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Informação

Publicado às 10 de fevereiro de 2024 por em Recomeço e marcado .