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Detox Literário.

Conto da Vida Real (Alexandre Lourenço)

Só quando sai na rua percebi que o clima não estava nada propício para sair vestido todo de preto. o relógio na esquina marcava trinta e um graus à sombra, antes das dez da manhã, o típico dia do verão carioca, com um Sol pra cada um. Eu estava suando antes de andar até a esquina. Só para constar, eu estava em Bonsucesso, um bairro com casas e prédios altos, ruas estreitas e muito sombreadas. De manhã sopra um vento ameno, as árvores plantadas nos quintais e nas calçadas, em geral, amendoeiras, sopram uma brisa suave e refrescante no rosto da gente. Voltei correndo pra casa e, para alívio dos que associam a cor preta com o luto, vesti minha camisa rosa.  Para marcar minha rebeldia contra o item obrigatório que mais me incomoda, escolho a gravata (preta!) com desenhos de caveiras, presente da minha sobrinha. O traje formal pode ser obrigatório, mas nada me impede de fazer uma alusão ao imortal espírito Rock’n Roll!!

Um pouco mais atrasado e bem mais satisfeito, segui de forma relutante e conformada em direção à Saara carioca, a fervente Madureira. QuemQuem não é do Rio de Janeiro acredita no mito que a imprensa carioca espalha, afirmando que o bairro de Bangu é o ponto mais quente da cidade. Não acreditem, Nenhum lugar por aqui é tão quente e tão sufocante quanto Madureira. Madureira absorve, concentra e irradia muito mais que calor. as calçadas são estreitas, um passo em falso e você corre o risco de cair no asfalto e não se levantar dali sem deixar um pedaço de sua pele no solo causticante. Madureira exemplifica perfeitamente o que os ambientalistas chamam de Ilha de Calor: um local com grande concentração de asfalto, concreto, fumaça de escapamentos dos veículos, muita gente circulando e suando e quase sem nenhuma árvore para fazer sombra ou soprar um ventinho na cara ressequida de quem passa  por lá. Sem exagero, andar por Madureira quase equivale a caminhar no inferno sobre a Terra. Fecho os olhos por um segundo, com essa ideia angustiante fervilhando na mente e visualizo o tormento que me aguarda. Ficar lamentando não ajuda, por isso continuo a caminhar, preocupado em não me desidratar e  não chegar atrasado às audiências para as quais estava escalado no fórum Desembargador Paulo Roberto de Azevedo Freitas. O que não tem remédio remediado está, não é mesmo?

O fórum de Madureira é especialmente rigoroso no que se refere às normas para traje masculino. Enquanto as doutoras e estagiárias são livres para transitar pelo fórum, vestindo tailleurs, saias e vestidos, eu e outros advogados somos obrigados a usar traje social completo  até para procedimentos que não envolvem audiências, como ir aos cartórios e protocolar uma petição. Como você pode imaginar, o rigor aumenta quando o advogado precisa comparecer em audiências ou investir contra as várias barreiras de estagiários e secretárias pare conseguir a honra de despachar as demandas processuais no santuário dos deuses, também conhecido como escritório dos doutos juízes.

Chego à estação do BRT e, como sempre acontece, sou um dos poucos a pagar passagem. Passo por um segurança sentado ao lado da roleta e posiciono meu bilhete único no validador da catraca. Muita gente ignora a entrada da estação de Bonsucesso,  andam pela pista e simplesmente pulam para a plataforma passando pelo espaço aberto que deveria ser ocupado pelas portas automáticas que se abrem quando o BRT chega à estação. Como você pode imaginar, não havia mais portas e a plataforma estava quase que totalmente depredada. Eu me sinto um otário sendo o único a pagar passagem e os olhares confusos que recebo provam que eu os espertos que deram calote pensamos a mesma coisa a meu respeito. Eu não posso culpa-los por isso, não é mesmo?  Após a caminhada até a estação eu estava suando e com uma sede saariana. Procuro pela máquina de refrigerantes que havia na plataforma em busca do néctar dos deuses chamado Coca-Cola. De verdade,, nem me surpreendo ao ver que a máquina de refrigerantes está quebrada e virada num canto. Então, nada de Coca-Cola para o otário aqui. Olho em volta e vejo que o segurança também olha pra mim. No instante curto em que a gente se encara, percebo que ele entende a minha cara fechada mistura de decepção e raiva. O sujeito dá de ombros como quem diz “Doutor o que se há de fazer?” e volta a digitar no celular. Infelizmente, eu o entendo perfeitamente. O que se há de fazer?

Para minha sorte o BRT chega logo. Na boa, estou incomodado com o aspecto da estação, um triste retrato do caos social que vivemos. O BRT estava no modo “lata de sardinha”,  tão lotado que nem precisei me mexer. A multidão na plataforma me levou para dentro do BRT, como uma onda que empurra uma concha. Uma vez dentro do BRT, a concentração absurda de gente me espremeu bem no meio do vagão. A multidão se amoldou ao meu corpo, me deixou em suspenso naquela almofada de carne, e suor. Ar condicionado, até havia, mas estava longe de dar conta de refrescar o vagão. Gente demais em espaço de menos. Como tive a sorte de pegar o BRT expresso (sem saber já que não entendo nem de trem ou metrô, quiçá BRT) o trajeto foi rápido e as paradas, poucas.

Cheguei pouco antes das onze horas à estação Madureira Manacéia, batizada em homenagem a Manacé José de Andrade, falecido em 1995. Apelidado de Manacéia, foi um famoso compositor e instrumentista. Ele e os irmãos Mijinha e Aniceto da Portela logo se tornaram figuras fáceis nos desfiles dos blocos carnavalescos “Quem Fala de Nós Come Mosca”, “Quem Nos Faz é o Capricho” e “Vai como Pode”. Caso a sua cultura sobre o samba carioca seja limitada, permita-me informar que esses blocos mais tarde se fundiriam, formando o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Portela, a escola de samba recordista de títulos no carnaval carioca. Na Azul e Branco de Madureira, Manacéia começou tocando tamborim e antes dos 20 anos, integrava a mítica ala dos compositores de samba-enredo. Manacéia foi integrante da famosa Velha Guarda da Portela e compôs alguns dos maiores sambas da agremiação. O cara foi tão importante pra Portela e pro bairro de Madureira que além da estação do BRT ainda foi homenageado emprestando seu nome para batizar uma rua do bairro de Madureira e uma escola pública da rede estadual.

Deixando a nostalgia sambista e meu amor por História de lado e voltando ao presente, sou brindado pelo bafo de forno quando o BRT abre as portas na estação de Madureira. Por misericórdia divina uma brisa sopra e refresca um pouco a temperatura de mais de 40 graus, ao menos por um momento. E lá vou eu para o fórum. Ou melhor, tento ir. A passarela está engarrafada. Muita gente e ninguém está andando. Não entendi nada e logo vi que só com muita paciência e educação conseguiria me espremer em meio a tanta gente e andar aos trancos e barrancos. Normalmente, não é assim que acontece. O povo anda rápido em Madureira. Quem não toma cuidado pode ser atropelado pelas pessoas que andam muito rápido e em todos os sentidos, saindo ou entrando nas estações de trem e do BRT ou pelas que atravessam a passarela sobre a linha férrea, quase sempre carregando sacolas enormes, quase todas praticando a chamada “direção perigosa de pedestre”, que consiste em andar e mexer no celular ao mesmo tempo. Hoje, a passarelarsta parada e, por isso, muito estranha. Até os ambulantes que se espalham pela passarela estão em silencio, parados e nem a menina do “chip da Tim, da Vivo, da Claro e da Oooooiiiiii” exibe seus dotes de Banshee .

O calor quase insuportável daquele forno a céu aberto e o congestionamento na passarela me irritam e me deixam com medo de me atrasar para o trabalho. Não demora para o motivo do engarrafamento de gente se revelar. Ao longe, eu escuto a voz de um homem. Parece que o cara tá fazendo um discurso. Mesmo sem ver o sujeito, deduzo que se trata de um desses pregadores sem igreja, que ficam discursando em plena rua, sabe?  Antes, esses ditos pastores faziam suas pregações nos ônibus, trens e metrô, mas uma (bendita!) lei estadual passou a proibir essa prática. Por isso, os pregadores que não descumprem a lei na cara dura, foram para as ruas. Pois bem, este pregador, especificamente, achou que era uma boa ideia pregar na passarela da estação de Madureira bem na hora em que eu cheguei, desejando apenas e tão somente e atravessar a passarela e seguir para o fórum. Bem a minha cara, eu sou muito sortudo, viu?

Bem, lá estava eu, na passarela, como ouvindo doendo da algaravia do tão pastor, que falava alto, nas eu não entendia chongas. Mas, mesmo sem clareza, a voz do cara era bem potente. Ele nem usava micro ou megafone pra fazer sua voz ecoar. Que inveja! Então, o pregador vociferava suas profecias e interpretações da Bíblia à toda, gastando a voz como se não houvesse amanhã e eu ainda não tinha avançado cinco metros. Segui no passo de tartaruga e passei a prestar atenção no que o homem falava. Péssima ideia, o discurso dele era uma confusão dos diabos, com a licença do trocadilho, intercalando a citação de versículos bíblicos com alguns “aleluia” e xingamentos. O pregador aproveita pra falar mal de uma novela “do diabo” que, segundo ele, “desencaminha a família e ensina o que não é de Deus”. Tive “sorte” que o ponto de pregação fica justamente do lado que eu preciso chegar para descer da passarela. Respiro fundo, junto o que me resta de paciência e me concentro na árdua tarefa de abrir caminho. Conforme vou chegando perto da escada da passarela e do pregador, vejo que algumas pessoas estão começando a xingar o pastor e que ele, que agora consigo enxergar (um homem branco, aparentando 20 e poucos anos), veste um paletó preto e camisa branca, sem gravata. Pelo visto ele não teria que ir ao fórum. O homem empunha orgulhosamente uma desgastada bíblia aberta e faz questão de ser grosseiro com todos que enquadra no rótulo de “sociedade pecaminosa”. O cara é tão carismático como coice de mula, mas é especialmente agressivo com todos que ele acha que são gays. Esses  recebem maldições bíblicas e/ou são ofendidos e amaldiçoados quando se aproximam dele ou simplesmente passam pela passarela.

O cara some da minha vista. A multidão o encobre e eu desconfio que a intenção do povo não é colocar dinheiro na sacolinha dele. Eu consigo andar um pouco, mais rápido, mas isso não dura. A multidão se aglomera em volta do pastor e troca xingamentos com ele. O pastor amaldiçoa o povo biblicamente e o povo retruca e xinga de volta à moda suburbana. Como Moisés no Mar Vermelho, uma brecha na multidão se abre por milagre e eu sigo meu caminho, passando pelo tumulto e temendo por uma tragédia.

De repente,  o pastor grita “Ei, irmão, me ajuda!” Eu continuo a andar. Não me leve a mal, eu nunca acho que os “oi”, “psiu” e afins que gritam na rua são dirigidos a mim. Quem me vê na rua e quer falar comigo, caso  eu esteja longe ou eu não consiga enxergar (coisa muito comum que já me rendeu fama de metido) precisa falar meu nome. Eu não olho para “ois” e “psius”, mas escuto o meu nome mesmo que sussurrado em meio a uma multidão barulhenta como essa que estou enfrentando. Assim, nem por um momento pensei que o “Ei, irmão!” fosse comigo. Mas isso não é problema se você está em Madureira. Em Madureira alguém SEMPRE está olhando pra tudo e o povo daqui é tão sorridente e gente boa quanto é sem-cerimônia. Esqueça formalidades em Madureira. Assim, alguém me cutuca diz “Moço o pastor tá falando contigo”.

Eu me viro e vejo o pastor vindo na minha direção com sorriso escancarado e braços abertos. Parece que ele encontrou um velho amigo e, pelo visto, acha que esse amigo sou eu. Com o barulho do povo não ouço direito, mas acho que o cara tá falando alguma coisa sobre “encontrar outro profeta nessa terra de perdição”. Quando ele chega perto e dá de cara com a minha gravata para. Fica estático me olhando, ainda de braços abertos. De repente, grita:
– Tá amarrado em nome de Jesus!!!

O coitado esbugalha os olhos, abre a boca e sai correndo. Desce a passarela numa velocidade espantosa, desviando de pessoas e isopores dos camelôs. Já lá embaixo, ele olha pra cima, onde eu ainda estou, brande a Bíblia como espada e fala algo que não entendi chongas sobre a minha gravata

O povo que segundos antes estava a ponto de linchar o pregador ou jogá-lo da passarela agora explode em risos e aplausos. Puro suco de Madureira.

Essas coisas só acontecem comigo…

Sobre Fabio Baptista

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27 comentários em “Conto da Vida Real (Alexandre Lourenço)

  1. Marco Aurélio Saraiva
    9 de março de 2024
    Avatar de Marco Aurélio Saraiva

    É realmente um conto da vida real! Um mini-clipe do início da manhã de um reles mortal como nós, indo trabalhar, tendo que lidar com todos os pequenos problemas que se acumulam durante o dia da pessoa comum e adicionam naquela barrinha de stress que no final do dia está sempre cheia. Tudo narrado com humor e notas pessoais para carregar o texto adiante. Pena que não tem nada a ver com o tema!

    O que não gostei: erros de digitação. O texto está repleto deles: letras minúsculas quando teriam que ser maiúsculas, palavras repetidas, falta de espaçamento entre palavras, etc.

    A confusão no tempo verbal também atrapalhou a leitura. Veja os exemplos abaixo:

    Fecho os olhos por um segundo, com essa ideia angustiante fervilhando na mente”
    “Eu estava suando antes de andar até a esquina.”

    A primeira frase está no presente, a segunda está no pretérito. Fecho os olhos. Eu Estava. Ou você fecha e está, ou fechava e estava.

    Outro exemplo:

    Segui no passo de tartaruga e passei a prestar atenção no que o homem falava.”
    “O pregador aproveita pra falar mal de uma novela”

    Ou “segui“, “passei” e “aproveitou“. Ou “sigo“, “passo” e “aproveita“.

    • Alexandre
      11 de março de 2024
      Avatar de Alexandre

      Oi, Marco, boa tarde! Muito obrigado pelo comentário. Fico muito feliz quando alguém se dispõe a ler o que eu escrevi. Desculpe por não apresentar um trabalho melhor, pelos motivos que exponho a seguir:

      1 – Os erros de digitação e espaçamento aconteceram porque postei o texto do meu celular. Quando o baixei da nuvem, algumas palavras se duplicaram especialmente, no início dos parágrafos. Eu não revisei isso, nem os erros de digitação porque estava em cima da hora. Enviei o texto, literalmente, no último minuto.

      Claro, não é desculpa. Eu deveria ter me programado melhor e não o fiz.

      2 – Os erros de concordância verbal aconteceram porque eu escrevi o conto à mão livre e não o revisei na época e nem agora.

      Lamento que meus erros e descuidos prejudicaram a sua experiência com o meu texto. Mesmo assim, agradeço o feedback e o cuidado que você teve de destacar meus erros.

  2. claudiaangst
    6 de março de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Oi, Aketheis, tudo bem?
    Não sei se o seu conto aborda o tema proposto pelo desafio. Onde estaria o recomeço? Ou mera alusão a ele? O pastor falava sobre o fim do mundo, apocalipse? E o espanto com a gravata o fez recuar? A multidão antes furiosa cai no riso, isso seria um recomeço?
    O conto foi escrito por alguém que, sem dúvida, conhece bem Madureira e seus (des)encantos. Por alguns momentos, tanta familiaridade deu ao texto um tom de crônica.
    A narrativa flui, pois se espera conhecer o que afinal virá da jornada do herói (ou anti-herói). Nada vem, aliás, ele é que se vai. Tudo se esvai.
    Há alguns detalhes que precisam ser acertados em uma segunda revisão.
    […] não posso culpa-los > não posso culpá-los
    Muita gente ignora a entrada da estação de Bonsucesso, andam pela pista e simplesmente pulam > Repare que “Muita gente” é singular – ignora, mas depois o verbo muda para o plural ANDAM e PULAM. Só se inserir um outro sujeito. Alguns andam, outros pulam.
    Há erros de pontuação e outros tantos de digitação. Vale a pena rever essas pendências.
    Parabéns pela participação no desafio e boa sorte na próxima parada do BRT.

    • Alexandre
      11 de março de 2024
      Avatar de Alexandre

      Boa tarde, Claudia.

      Obrigado por seu comentário leve, bem humorado e com certo lirismo. Fico feliz que tenha gostado do meu conto, apesar de tantos erros e equívocos.

      Sobre os erros, não há desculpas. Não revisei o texto quando o escrevi, anos atrás e o enviei pro desafio no último minuto do prazo. Quando passei o texto pro celular, as palavras duplicadas apareceram, especialmente, no início de parágrafos e eu não notei. Pra piorar, não revisei a concordância verbal e a digitação. Só vi esses erros após o envio e me envergonho de minha falta de atenção e organização. Peço que me desculpe e lamento que esses erros prejudicaram sua experiência com o meu texto.

      Sobre o tema, o Recomeço está em mais um dia de perrengues e desventuras do personagem. Não quis que o Recomeço fosse marcado por um evento momentoso ou impactante, nas visto como algo diário. Pena que não fui feliz em deixar isso mais evidente.

      Suas considerações vão me ajudar muito. Fico grato por isso.

  3. Fernanda Caleffi Barbetta
    6 de março de 2024
    Avatar de Fernanda Caleffi Barbetta

    Apesar de ser um bom texto, não encontrei o tema e não sei se encontrei um conto. Fiquei com a impressão de ser uma crônica.

    Apesar da falta de revisão, é bem escrito. Alguns deslizes que facilmente teriam sido resolvidos com uma revisão rápida, como Oração começando com minúscula (ou o contrário), palavra em duplicidade (ou a falta dela), vírgula em duplicidade (ou a falta dela).

    Alternância de tempos verbais sem justificativa.

    “o relógio na esquina marcava trinta e um graus à sombra” – relógio marca os graus à sombra?

    “pra casa e, para alívio” – sugiro escolher entre pra e para, a não ser que haja uma justificativa para a mescla. Neste caso, não vejo motivo.

    “acredita no mito que a imprensa carioca espalha, afirmando que o bairro de Bangu é” – sugestão: trocar” afirmando que” por “de que” porque já usou mito, não precisa dizer que afirmou o mito.

    “muito mais (do) que calor”

    “comparecer em audiências” – a audiências.

    São apenas algumas sugestões. Use o que julgar que vale.

    • Alexandre
      11 de março de 2024
      Avatar de Alexandre

      Fernanda, boa tarde!

      Eu faço justamente isso. Considero cada crítica uma sugestão e uso o que me vale. Obrigado por sua análise

      Sobre o tema, o Recomeço está no início de mais um dia de perrengues e desventuras do protagonista. Não em algo incomum ou considerado marcante, mas em mais um cotidiano dia de trabalho. Ou tentativa de chegar ao trabalho, no caso. Se isso não ficou claro pra você, eu errei. Desculpe.

      A impressão do texto ser uma crônica e não um conto acontece porque, ao contrário de muitos contistas, eu não coloquei o conflito no começo do texto, mas o inseri perto do final. Nem sei se isso é um erro mas, se lhe causou confusão, não foi legal. Mais um ponto a melhorar.

      Os erros foram muitos, admito. Não revisei o texto quando escrevi, nem quando o enviei para o desafio. Tenho meus motivos e circunstâncias, mas não importa. O fato é que o texto chegou a vocês cheio de palavras em duplicidade, erros de digitação e de concordância verbal. Lamento por isso. Sei que prejudiquei a sua experiência com o meu conto e agradeço por, apesar disso, ver qualidade no meu trabalho.

  4. Emanuel Maurin
    6 de março de 2024
    Avatar de Emanuel Maurin

    Um advogado que tenta ser engraçado, enfrenta o calor e o caos do Rio de Janeiro para chegar ao fórum de Madureira. Em caminho, se depara com um pregador fanático que xinga e amaldiçoa as pessoas na passarela da estação do BRT. O pregador se assusta com a gravata do advogado, que tem desenhos de caveiras, e foge gritando que ele é o diabo. O povo de Madureira ri e aplaude o advogado, que se sente sortudo por escapar do tumulto.

    O arco narrativo tá incompleto, mas a linguagem é fluida e sem floreios. O narrador tem bom humor, mas nada que me arranque risos. O bom que conheci uma parte do rio que eu não conhecia, nisso o autor apresentou bem. Tem algumas palavras repetidas, que cansa, erros de ortografia, o fórum não tem nada de especial, o que tem é o caminho até lá, não tem personagens secundários, e no final o autor não explica porque o pastor assustou com a gravata do homem. Por fim: o pregador fanático é um personagem estereotipado, que representa uma visão simplista e negativa de um grupo religioso.

    • Alexandre
      11 de março de 2024
      Avatar de Alexandre

      Emanuel, boa tarde!

      Confesso que seu comentário né deixou confuso. Por agora, vou falar do que é incontroverso, meus vários erros de revisão e digitação. Lamento por cada um deles e me desculpo com você. Eu deveria me organizar melhor e me conceder tempo para revisar e até reescrever algumas partes. Não o fiz e apresentei um trabalho bem defeituoso a vocês. De novo, me desculpo.

      Você achou minha narrativa bem humorada, mas que não lhe arranca risos. Entendi que viu isso como um ponto negativo. Para mim, foi um objetivo alcançado.  Eu quis escrever um conto com bom humor e sem pretensões de ser cômico.

      Agora, as partes que me confundiram:

      “O arco narrativo tá incompleto…”

      Pode detalhar? O que lhe causou essa sensação de incompletude? O que mais esperava ver no texto?

      “…no final o autor não explica porque o pastor assustou com a gravata do homem.”.

      Como assim? No começo do seu comentário, você resume suas impressões do meu conto e diz que o pregador se assustou com os desenhos na gravata…

      Você esperava por uma declaração mais explícita? Note, por favor, que meu protagonista é o narrador. Toda a situação com o pregador foi confusa para ele e tentei mostrar isso.

      “Por fim: o pregador fanático é um personagem estereotipado, que representa uma visão simplista e negativa de um grupo religioso.”

      Acho que esse foi um ponto sensível para você, que não gostou da representação do personagem do pregador. Acho também que esse desagrado permeou suas considerações sobre o meu conto. Não quis lhe melindrar e não representei visão sobre um grupo. Descrevi um indivíduo, assim como o protagonista, um advogado, não representa todos de sua profissão.

      Fico feliz de ter lhe proporcionado mais conhecimento sobre Madureira! Vale a pena visitar, apesar do calor infernal.

      Agradeço por todas as considerações que fez sobre o meu conto.

  5. Vladimir Ferrari
    5 de março de 2024
    Avatar de Vladimir Ferrari

    Nota-se o excesso de pronomes já no primeiro parágrafo do texto. Há falhas na revisão final, erros de repetição e digressões desnecessárias à narrativa. Não vi o atendimento da proposta, não entendi como conto e sim como uma crônica do cotidiano. Mas, sucesso.

    • Alexandre
      11 de março de 2024
      Avatar de Alexandre

      Boa tarde, Vladimir!

      “Mas, sucesso.” foi ótimo!😁

      Então, essa questão do uso excessivo de pronomes é algo que preciso rever com urgência.

      Peço que me desculpe pelos erros de revisão. A duplicidade de palavras foi causada pelo aplicativo do celular, mas sou culpado por elas e pelos erros de digitação e de concordância verbal. Eu deveria ter revisado o texto e não o fiz.

      Eu considero as digressões bem necessárias e que ajudam a descrever o cenário e compreender a personalidade do protagonista. Mas entendo que você não tenha gostado

      O atendimento da proposta está no Recomeço de mais um dia de perrengues e desventuras do protagonista.  E eu entendo a confusão com crônica. Muita gente pensou o mesmo. Faltou eu reforçar alguns elementos que diferenciam conto de crônica para facilitar a compreensão de vocês. Mais um ponto que pretendo melhorar.

      Obrigado por suas considerações.

  6. Priscila Pereira
    4 de março de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Aketheis! Tudo bem?

    Ssu conto não está na minha lista de obrigatórios então não poderei avaliá-lo mas mesmo assim quero deixar meu comentário.

    O conto tem a pretensão de ser divertido e pra muita gente deve ter funcionado, mas não para mim…

    Não encontrei a mínima menção ao tema, o conto está muito mal revisado, e não parece um conto e sim uma crônica.

    Achei extremamente caricata e mal intencionada a representação do “pastor”. Nenhum pastor de verdade agiria como esse que você descreveu.

    Enfim, a única coisa que aproveitei no conto foram as descrições do ambiente, que estão ótimas.

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  7. Leda Spenassatto
    2 de março de 2024
    Avatar de Leda Spenassatto

    Conto da Vida Real (Aketheis)

    Que maravilha de dicertacao, seu conto e o segundo que me prende totalmente.

    Só achei alguns errinhos gramaticais da metade em diante.
    Dever ser daqueles que a gente cansado de ler não inxega mais.

    “secretárias pare conseguir a honra de despachar as demandas processuais no santuário dos deuses,…”

    De verdade,, nem me surpreendo ao ver que a máquina de refrigerantes está quebrada e virada num canto”

    “Hoje, a passarelarsta parada e, por isso, muito estranha.”

    ‘Bem, lá estava eu, na passarela, como ouvindo doendo’

    “Da algaravia do tão pastor, que falava alto, nas eu não entendia chongas.

    Meu palpite: foi um menino que escreveu esse conto🥵

    Achei sensacional o Conto da Vida Real. Um advogado experimenta as dificuldades da galera que depende do BRT diariamente.

  8. Pedro Paulo
    2 de março de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    RESUMO: O protagonista nos conta sobre o seu calorento e tumultuado caminho até o trabalho.
    COMENTÁRIO: Avalio que esse texto perde em três aspectos: a própria escrita; seu formato; e em adequação temática. A escrita tem personalidade e contém descrições criativas, cativando o leitor para as peripécias pelas quais passam o narrador, mas também tem erros de revisão básicos, como palavras repetidas, minúsculas após pontos e palavras que saíram juntas. O problema não fica só na revisão. Como eu disse sobre “ter personalidade”, julgo que foi escrito com um tom de cotidiano que é muito apropriado à trama apresentada, imprimindo um humor de mau-azarado ao protagonista, mas é algo que vai se perdendo conforme o texto avança, pois vai ficando repetitivo, fui tomando até enjoo do protagonista reclamão. E isso é visto já no começo. São dedicados dois parágrafos a dizer que está calor e nos informar a personalidade do personagem principal – que, de uma maneira que não é de todo eficiente e fica meio artificial, parece ser a de “descolado ético”: desvia das normas sociais (gravata) e cumpre as legítimas (paga a passagem). A mesma perda de espaço ocorre mais adiante, quando se dedica a explicar a origem histórica do nome de uma estação, o que poderia sim ser apresentado, mas da maneira que foi, pareceu deslocado e desfavoreceu a leitura. 
    Falando agora sobre o formato, algo necessário a um conto é a existência de um conflito e o mais próximo disso foi o encontro entre protagonista e pastor. Narrativamente, o encontro surgiu no final do texto e contos se beneficiam de conflitos colocados o quanto antes, já que tem pouco espaço para a sua resolução. No caso deste texto, essa situação aparece já próxima ao encerramento da leitura, quando a questão sobre o destino do texto já parecia respondida e, assim, não havia clímax ou tensão para instigar curiosidade sobre o encontro entre protagonista e pregador. Com essa falta de conflito, o que me pareceu é que estava lendo uma crônica, não um conto. Um texto sobre o cotidiano sem a proposta de desenrolar/resolver um conflito.
    E, enfim, a respeito da adequação ao tema. Falar de cotidiano presume o “todo dia”, aquilo que se repete a cada dia. De fato, o texto nos entrega parte de um dia na vida do protagonista, mas apenas isso: parte de um dia. Não chegamos a ver a repetição no dia seguinte e, assim, uma das maneiras mais óbvias de representar o tema com essa abordagem, não apareceu. Assim, foram muitos elementos desfavoráveis ao texto: uma escrita algo descuidada na revisão e no que escolheu contar; a falta de construção do conto; e a abordagem do tema.

  9. rsollberg
    29 de fevereiro de 2024
    Avatar de rsollberg

    Fala, Aketheis

    Antes de tudo gostaria de deixar claro sou apenas um leitor entusiasmado e meus comentários dizem mais sobre gosto do que qualquer outra coisa.

    Gostaria também de pontuar que Madureira é realmente quente, mas Deodoro é terrível. Só para consideração do autor, rs. Eu já fui estagiário, já frequentei muitos fóruns do RJ, e posso atestar a veracidade dos fatos contidos nesse conto.

    Um conto com jeitão de crônica, que transporta o leitor diretamente para o mundo do protagonista. Há um cuidado em descrever a atmosfera de tudo e nesse sentido o autor foi muito competente. A escrita é ágil e divertida. Tem fluidez apesar de uma outra repetição exaustiva, tipo da sigla “BRT” 6 X em único parágrafo, que não entendi como recurso estilístico.  

    Há boas frases, inspiradas, destaco essa como exemplo: ““O cara é tão carismático como coice de mula”

    Alguns deslizes de revisão: “culpa-los”, “QuemQuem não é do Rio”, mas nada que comprometa o resultado

    No que diz respeito ao tema, não achei tão presente, mas creio que interpretações elásticas do “recomeço”, acredito que neste conto isto estaria ligado ao martírio diário, o “looping” cotidiano, afinal, todo dia ele faz tudo sempre igual ou algo do tipo. Portanto, nesse sentido, não vou considerar uma fuga do tema e vou pontuar integralmente.

    Enfim, gostei de ler esse conto. Parabéns

  10. Leda Spenassatto
    29 de fevereiro de 2024
    Avatar de Leda Spenassatto

    secretárias pare conseguir a honra de despachar as demandas processuais no santuário dos deuses,…”

    De verdade,, nem me surpreendo ao ver que a máquina de refrigerantes está quebrada e virada num canto

    Hoje, a passarelarsta parada e, por isso, muito estranha.

    ‘Bem, lá estava eu, na passarela, como ouvindo doendo’

    Que maravilha de dissertação/narrativa do cotidiano real. Seu conto e o segundo que me prende totalmente

    Só achei alguns errinhos gramaticais da metade em diante.
    Dever ser daqueles que a gente cansado de ler não enxerga mais.

    Meu palpite: foi um menino que escreveu esse conto🥵

    Achei sensacional, incrível, o Conto da Vida Real.

    Um advogado experimenta as dificuldades da galera que depende do BRT diariamente.

    queria que esse conto fosse o meu. que tal trocarmos? hehehhhe

    com um conto desses nem preciso te desejar sorte

    nota mil

  11. Fabio Baptista
    26 de fevereiro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    Bom, pode haver controvérsias se o texto é conto ou crônica. Pra mim, se é história é conto. Crônica me traz a imagem de um texto onde há opinião do autor, o autor contando determinada história não do ponto de vista de um personagem. Mais ou menos como acontece aqui… é, sei lá. Enfim, o importante é que é um conto bem divertido, que revela um autor com estilo bem característico, o que é ótimo.

    A revisão do texto ficou abaixo do esperado para um conto com maiores pretensões nos desafios do Entrecontos. Caprichar mais nesse quesito certamente garantirá pontos a mais nos próximos. Aqui o tema do desafio parece ter passado um pouco longe também.

    NOTA: 7,5

  12. Gustavo Castro Araujo
    26 de fevereiro de 2024
    Avatar de Gustavo Castro Araujo

    Um texto leve, divertido, despretensioso. Um dia na vida de um advogado carioca e sua via-não-tão-crucis até o fórum de Madureira. Não sei se dá para classificar como conto ou crônica, mas isso pouco importa, já que as imagens são bastante vívidas. É como um amigo contando histórias na mesa de um bar qualquer. Imagino que o texto funcione melhor para quem é do Rio ou para quem é mais familiarizado com essas paisagens, mas não deixa de ser interessante mesmo para quem é do “interior do Brasil.”

    À exceção dos incontáveis erros ortográficos (sim, o texto implora por uma revisão), esse périplo poderia ter sido publicado em algum jornal sem qualquer espanto. É o Rio nosso de cada dia em sua forma mais evidente — quente, lotado, cheio de personagens tão memoráveis quanto bizarros — com seus extremos que causam espanto nos estrangeiros, tanto do tipo bom, quanto do tipo mau. É o tipo de reflexo que espelha um pouco de todos nós e, em se tratando da capital fluminense, ganha pontos por não ter buscado amparo nos clichês futebolísticos ou carnavalescos.

    Parabéns pelo texto e boa sorte no desafio.

  13. Simone
    25 de fevereiro de 2024
    Avatar de Simone

    Bem, creio que acabo de ler uma crônica e não um conto. Também não encontrei nada referente ao tema Recomeço. A sensação de calor passa muito bem ao leitor, além dela, o momento em que o pastor o chama e se aproxima gera algum efeito de suspense, mas que logo se desfaz. Há alguns equívocos nos tempos verbais e de digitação. Como crônica, gostei do texto. O autor ou autora soube muito bem desenhar o cotidiano de um advogado, chamando a atenção para questões sociais e realidades cariocas. Mas não encaixei o texto no desafio. Também não gostei de ler as frases previsíveis, como um som pra cada um, e outras. Mais um motivo pelo qual achei o texto com jeito de crônica. E as perguntas diretas ao leitor como se conversasse com ele também são características da crônica. Ok? Foi agradável ler o texto, mas ele está outro tema e gênero.

  14. Karina Dantas Nou Hayes
    24 de fevereiro de 2024
    Avatar de Karina Dantas Nou Hayes

    Embora mostre informações sobre um bairro carioca de forma divertida, conseguindo prender a atenção do leitor até o fim com ricos detalhes, desde a roupa que o personagem usa para ir trabalhar até o caminho que faz até chegar nele, o recomeço, tema a ser desenvolvido, não está presente no conto.

  15. Kelly Hatanaka
    24 de fevereiro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Estou avaliando os contos de acordo com os seguintes quesitos: adequação ao tema, valendo 1 ponto, escrita, valendo 2, enredo, valendo 3 e impacto valendo 4.

    Adequação ao tema
    Não encontrei o tema no seu texto.

    Escrita
    Boa, bem organizada, com alguns erros de digitação.

    Enredo
    Um advogado narra seu trajeto até o trabalho, enquanto elucubra sobre o Rio de Janeiro e sua história.

    Impacto
    É uma narrativa linear, um fluxo de pensamentos do protagonista enquanto de desloca até o trabalho num calor abrasador. Tem seus momentos divertidos e é uma narrativa com vida. A personalidade do protagonista é bem desenvolvida e a leitura é agradável. O final é bem humorado. Mas, a fuga do tema realmente me incomodou.

  16. Antonio Stegues Batista
    24 de fevereiro de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    O conto é a história de um advogado que veste um terno para ir ao fórum, a gravata é ilustrada com caveiras e no caminho, um pastor se assusta e sai correndo. Acho que nenhum advogado se apresentaria diante de um juiz com uma gravata como essa, pela simples questão de estética moral, mas em ficção tudo é possível. Alguns detalhes da narrativa são interessantes ao mostrar a ambientação. Há uma tentativa de construir uma comicidade, mas ela é frágil por ser em alguns aspectos, sugerida, em outros um pouco forçada, não sendo de consenso geral, ou seja, difícil de achar engraçado. A parte da passarela e do pastor é longa com divagações e detalhes menos interessantes. Gostei da escrita, da narrativa, mas não do motivo do pastor se assustar com a gravata.

  17. Sílvio Vinhal
    23 de fevereiro de 2024
    Avatar de Sílvio Vinhal

    Em verdade, mais crônica do que conto, o texto faz uma apresentação detalhada do bairro de Madureira e da incômoda exigência do fórum, de que os advogados usem “traje social completo” sob o calor do Rio de Janeiro e, mais especificamente, sob o calor de Madureira. O “conflito final”, lincado com o primeiro parágrafo, quase passa despercebido.

    No entanto, há mérito na escrita, pois o autor consegue levar o leitor consigo nesse passeio pela ilha de calor e atochamento humano. É difícil comentar sem conhecer melhor outros textos do autor, para entender se esse “estilo de crônica” é um traço ou se foi pontual. De qualquer forma, acho que seria interessante que o autor aplicasse a relativa facilidade que tem para escrever (e descrever), para construir estruturas mais elaboradas, personagens mais ricos e densos, conflitos mais bem resolvidos no “tempo/espaço”.  Isso faria, certamente, um divisor de águas, posto que – como está – provavelmente, não exige muito, porém, também não ajuda o texto a se sobressair.

    Do ponto de vista técnico/gramatical, falta um pouco de cuidado com a escrita, que atropela a pontuação de várias formas e fica devendo na revisão básica, quiçá numa revisão mais detalhada (de estilo), por exemplo, como evitar a repetição básica do “eu”.  Dica: Há corretores com IA, gratuitos, que ajudam muito na correção dos vícios de escrita.  Adotei e já se tornou um aliado importante, principalmente para me ajudar com coisas que antes eu não percebia. Uso o LT – extensão do Google.

    Do meu ponto de vista, o texto não se adequou ao tema – pelo menos não consegui alcançar essa percepção e a história principal, que seria a reação do pastor à gravata de caveiras, poderia ter sido mais bem explorada, talvez com uma pegada mais cômica, ou revelando mais a densidade psicológica do pastor surtado, ou expondo melhor o conflito entre os símbolos da fé e os símbolos do rock.   O que gerou no pastor, tanta repulsa? Isso não precisava ser contado, porém, a reação do personagem e as memórias ou repulsas que as caveiras, ou o estilo de vida do protagonista, suscitaram nele, sim.

    Além disso, talvez, fosse possível melhorar a construção da estrutura textual – para que essa “revelação” surgisse de uma forma mais interessante, criando mais impacto.

  18. Mauro Dillmannn
    14 de fevereiro de 2024
    Avatar de Mauro Dillmannn

    Um conto de escrita direta, simples, tal como uma conversa informal, um e-mail ou uma declaração nas redes sociais. Trata-se de um relato pessoal, uma história, uma experiência vivenciada pelo narrador e narrada em primeira pessoa.

    O texto apresentado não se encaixa no gênero conto. Faltaram camadas de sentidos, faltaram aspectos subentendidos. Também não percebi o tema ‘recomeço’. Em resumo, o que é possível extrair do texto?

    Na trama existe um homem pregando suas crenças religiosas na rua. Na sequência o narrador o nomeia como ‘pastor’. Mas fica a pergunta: quem disse que o pregador era pastor?

    O conto notadamente não passou por uma revisão geral, tanto de forma como de gramática. De saída apresenta erros gramaticais. Por exemplo: sai (faltou o acento); a frase ‘o relógio…’ iniciando com letra minúscula; passarelarsta ; silencio (sem acento);

    O texto usa chavões: ‘um sol pra cada um’, ‘O que não tem remédio remediado está’, ‘eu não entendia chongas’, ‘como se não houvesse amanhã’.

    Existe repetição de ‘calor’, ‘Rio de Janeiro’, ‘Madureira’.

    Depois, digita: ‘QuemQuem’

    Há confusão nos tempos verbais. A narrativa passa do pretério ao presente no mesmo parágrafo. Exemplo: “o pregador vociferava […] o cara é tão carismático’.

    Talvez a pessoa que escreveu o texto seja jovem. Meu conselho: leia bastante, leia muitos contos.

  19. Angelo Rodrigues
    12 de fevereiro de 2024
    Avatar de Angelo Rodrigues

    Conto da Vida Real

    Por Aketheis

    Conto bom de ler, particularmente para quem conhece Madureira, como é o meu caso. 

    Em 1971 (quando pegava o ônibus 910 para ir estudar no Bananal, Ilha do Governador, Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes), quando fazia o Primeiro Científico, gostava de dar uma passada numa banca-sebo de livros que ficava ao lado da sede da Portela, para comprar um livro velho que me parecesse interessante. 

    Quando não era isso, dava um pulo no Mercadão de Madureira para ver como andavam as coisas por lá. Me encantava com o Mercadão, que tinha desde secos e molhados até material de fotografia. Algo bem popular. Acho que ele pegou fogo, foi reformado e agora está mais sofisticado.

    Voltando ao conto, achei legal a descontração da linguagem, a ‘corrida’ literária pelos acontecimentos tumultuosos num dia de calor no subúrbio – que sempre parece mais causticante.

    Acho que o autor pegou bem o espírito das ruas, dos acontecimentos que rolam por lá, por Madureira.

    Há uma série de pontos que merecem revisão, com repetição de palavras, palavras truncadas e a ocorrência de falta de rigor na pontuação. Mas acho que isso pode ser acertado com mais tempo depois do desafio.

    Uma coisa, entretanto, não me pareceu ir bem. O conto é legal, divertido, contemporâneo, mas não nos remete ao tema do desafio. O recomeço.

    Quanto ao conto em si, tudo ok, mas passou a ideia de que não foi feito ou ajustado para caber no certame. Não há recomeço, embora, se me lembro bem, em Madureira nunca haverá recomeço, pois a sua Madureira dos dias atuais me pareceu a Madureira do início dos anos 1970. Era exatamente assim, mesmo decorridos mais de cinquenta anos.

    Parabéns pelo conto e pelas relembranças, e boa sorte no desafio.

  20. Thales Soares
    11 de fevereiro de 2024
    Avatar de Thales Soares

    Esse conto não funcionou muito comigo.

    Eu entendo que a narrativa é vibrante e bastante rica, descrevendo vividamente as peculiaridades do trajeto do advogado em direção ao fórum, desde a decisão de trocar uma camisa preta por uma rosa até o confronto com a realidade do transporte público e a infraestrutura urbana precária, no calor intenso do verão carioca.

    Mas o conto apresenta parágrafos longos e uma quantidade considerável de detalhes, que, embora enriqueçam o cenário, acabaram me sobrecarregando, dificultando o acompanhamento da trama principal. Isso para mim deixou a história pouco fluida, mas entenda que é mais uma questão de gosto pessoal do que culpa do autor. O autor, na realidade, descreveu tudo com muita maestria, pecou apenas na questão da revisão, pois vários pequenos erros passaram despercebidos.

    Nota-se que a história se apoia bastante no humor, principalmente na parte que aparece o pregador, fazendo uma espécie de comédia urbana. Mas como eu não fui fisgado pela estrutura narrativa escolhida para o desenrolar da trama, acabei não achando muito graça. O conto todo não me engajou, mas como eu disse antes, creio que seja por questão de gosto pessoal meu.

    Teve algo, no entanto, que realmente me incomodou aqui: o uso do tema. Cadê o Recomeço? Você quis se referir ao recomeço diário enfrentado pelas pessoas que vivem em ambientes urbanos densos? Pelo que eu entendi, cada dia traz ao protagonista o potencial para novos encontros, desafios e oportunidades, e então segue esse ciclo contínuo de luta, adaptação e renovação… é isso? Tudo bem que o uso do tema não precisa ser feito de forma explícita, mas aqui eu acho que ele ficou tão oculto, que eu ouso dizer que fugiu um tantinho da proposta do desafio.

    Apesar de o conteúdo desta história não ter me agradado, tenho certeza que muitas pessoas vão se fascinar, pois está muito bem escrito, com descrições extensas e vívidas, e uma pitada de humor cotidiano. Boa sorte no desafio!

  21. Karina Dantas Nou Hayes
    11 de fevereiro de 2024
    Avatar de Karina Dantas Nou Hayes

    Genialmente divertido! Muito bom ,nos mostra o espírito da tão famosa fervente Madureira e no final nos faz dar risadas!

  22. Givago Thimoti
    11 de fevereiro de 2024
    Avatar de Givago Thimoti

    Conto da Vida Real – Aketheis 

    Primeiramente, gostaria de parabenizar o autor (ou a autora) por ter participado do Desafio Recomeço – 2024! É sempre necessária muita coragem e disposição expor nosso trabalho ao crivo de outras pessoas, em especial, de outros autores, que tem a tendência de serem bem mais rigorosos do que leitores “comuns”. Dito isso, peço desculpas antecipadamente caso minha crítica não lhe pareça construtiva. Creio que o objetivo seja sempre contribuir com o desenvolvimento dos participantes enquanto escritores e é pensando nisso que escrevo meu comentário.

    No mais, seguimos para minha avaliação: 

    Impressões iniciais (positivas e negativas): 

    – Muitos erros de formatação, em especial no início do conto. Observei também alguns erros gramaticais também. Isso mostra uma falta de uma revisão apropriada e cuidadosa por parte do autor. Muito necessário atentar-se para essa revisão.

    – Para mim, o conto está mais para uma crônica do que um conto. Isso tira ponto? Não, está mais para impressão.

    – Confesso que tenho minhas dúvidas sobre a pertinência do conto ao tema proposto no Desafio. Como “recomeço” surgiu no conto? Da minha interpretação, apenas como o “recomeço” de uma rotina de um advogado tem no seu trajeto de Bonsucesso para Madureira. 

    + Linguagem simples, extremamente adequada com o tipo de conto/crônica escrito pelo(a) autor(a). 

    Resumo:

    “Conto da Vida Real” trata do início da rotina de um advogado, que precisa se deslocar de Bonsucesso para Madureira para cumprir uma diligência no Fórum de Madureira. Na lotada passarela, o advogado tem um encontro chato com um pastor.

    Corpo (algumas observações sobre a escrita):

             A simplicidade na escrita está de acordo com o que o autor/ a autora pretendia. Considerando que é um conto sobre a vida real, não há a necessidade de florear, exagerar no vocabulário e etc. Uma linguagem simples, associada ao narrador-personagem, provoca a sensação ao leitor que estamos ouvindo o relato do advogado.

             Acho que o grande trunfo do conto seja justamente esse relato simples/comum do personagem, tão propício e encaixado ao modelo da crônica/conto. Contudo, senti que a simplicidade da escrita somada aos erros gramaticais, prejudicaram demais o conto, reduzindo o potencial.

             Vi muitas repetições (“eu” / “só”), alguns coloquialismos e frases feitas, o que me causou um certo incômodo. 

    Alma (o que tocou o leitor):

             Bom, aqui acho que vem a minha maior crítica. O clímax (encontro do advogado com o pastor, que travava o movimento das pessoas na passarela) foi fraco. A sensação que tive foi que o autor se perdeu no desenvolvimento da história, descrevendo coisas que não tinham tanta importância para o clímax, como por exemplo a parte sobre a Portela (embora, como amante de samba e escolas de samba e um simpatizante da Portela, eu tenha gostado) e qual região é mais quente, Bangu ou Madureira? 

             Quando você soma isso à simplicidade da escrita, não sobra muita coisa; um relato mal direcionado sobre o início de uma manhã de um advogado a caminho de seu trabalho. 

             O personagem principal, embora quem leia sabe alguma coisa sobre ele (roqueiro, amante de história e que gosta de escolas de samba), também não é muito cativante porque ele não se revela tanto. O leitor termina o conto sem saber ao menos o nome do “doutor”. É só mais um dia normal para ele.

             Mas um conto/crônica sobre o dia comum desse personagem precisa mostrar porque, embora seja um dia comum, aquele não é um dia comum. 

             Nesse ponto, autor/autora, vou deixar algumas questões-provocantes para pensar sobre esse conto, caso queira desenvolvê-lo mais fora do desafio: nesse relato, o que é o principal, o clímax? O que leva o advogado ao fórum? Causa simples ou complexa? É um advogado de sucesso ou um cara que está há bastante tempo na advocacia sem lograr muita coisa? O advogado tem alguma religião, ou a crença dele se resume a “não encha meu saco, só quero trabalhar hoje”?…

             Creio que ao responder essas questões, você irá desenvolver melhor a história e criar alguma conexão do texto com o leitor.

       Nota: 3

             Boa sorte no Desafio!

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Informação

Publicado às 10 de fevereiro de 2024 por em Recomeço e marcado .