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Detox Literário.

Meridiano infinito: notas de Foster Wallace sobre Cormac McCarthy – Artigo (Mariana Carolo)

Exemplar de Meridiano de Sangue, de Cormac McCarthy, com as Anotações de David Foster Wallace, em exibição na Universidade do Texas em Austin

Por Mariana Carolo

O presente texto é resultado de afetos. Começo explicitando toda a minha admiração pela escrita do norte-americano David Foster Wallace, autor do colossal Graça Infinita (1996). A trajetória da família Incandenza, que pode ser considerada o fio condutor da narrativa, me transportou para um carrossel de sentimentos — admiração, nojo, ternura, estupefação. Sempre que descrevo o título, digo que Graça Infinita seria como uma imensa catedral. Uma catedral única, edifício grandioso estilhaçado e reconstruído por uma avançada civilização alienígena.

Adentrar nesta magnífica construção me motivou a explorar o material disponível relacionado ao David Foster Wallace no Brasil. Como O Rei Pálido, publicado pela editora Companhia das Letras em 2022. Livro póstumo, a história sobre um órgão do serviço fiscal, perdido em um esquecível canto dos EUA, me causou uma sensação de vazio que serviu como conclusão dos cruéis anos da pandemia de Covid-19.

Também me interessei em conhecer os escritores que influenciaram Foster Wallace. O primeiro nome foi o do também estadunidense Thomas Pynchon. A incessante comparação da produção de ambos parecia incomodar Foster Wallace. Por exemplo, em uma entrevista de 1996 para Christopher Lydon, ele se esquivou de ser equiparado com Pynchon afirmando não conhecer tão bem a sua ficção. Ao mesmo tempo, a sombra do seu “pai intelectual” paira sobre a sua literatura. Como em um dos diálogos dos personagens Steeply e Marathe em Graça Infinita. Aparece, durante a conversa, a expressão Brokengespenst, referência ao O Arco-íris da Gravidade (1973).

Inclusive, foi este o título do autor que escolhi para ler. Com uma trama tão difícil de resumir quanto a de Graça Infinita, podemos falar em conspirações, foguetes e polvos gigantes. Confesso que, apesar de respeitar a inegável genialidade do recluso americano, não consegui mergulhar em sua proposta. A leitura é subjetiva, causa efeitos distintos de acordo com os sujeitos. Por isso, decidi não prosseguir com as suas outras publicações após terminar O Arco-íris da Gravidade. 

Retomo aqui, novamente, o fator afeto. O meu esposo sempre me presenteia com livros e, após a experiência com Pynchon, ele me deu Meridiano de Sangue(1985). O livro se passa logo após a Guerra Mexicano-Americana (1846-1848) e acompanha um rapaz que é chamado apenas de Kid. Partindo de um lar disfuncional, o menino de quatorze anos é um pequeno Ulisses vagando pelos Estados Unidos da América que ainda traça as suas fundações. Entre as paisagens arenosas e o céu impiedoso, a violência é inexorável na narrativa. Tal estado das coisas é representado pelo personagem mais interessante e, arrisco dizer, um dos mais bem escritos vilões modernos: Juiz Holden.

Juiz Holden, do romance “Meridiano de sangue”, por Julio Ruduit (@lordjubilus)

A sua descrição impressiona, um homem de mais de dois metros de altura e sem pelos acima dos olhos. A primeira aparição de Holden, e dos seus encontros com o Kid, ocorre em uma igreja. Não em um suntuoso templo, mas em uma tenda de lona esfarrapada. Nesta passagem, ele inflama os fiéis de que o reverendo, que pregava ali, seria um criminoso e violador de crianças. A população lincha o homem. Após o assassinato, no bar da localidade, Holden jocosamente admite que nunca tinha visto o religioso antes. As pessoas, ao invés de se enfurecerem com a morte de um inocente, pagam uma bebida para ele.

Posteriormente, Kid irá reencontrá-lo quando se juntar à gangue de John Joel Glanton, na tarefa de sair pelo país acumulando escalpos dos nativos. O Juiz será como uma eminência parda do bando, um orquestrador dos oceanos de sangue derramados por aqueles homens. João (8:44) afirmava que o Diabo é o pai da mentira e homicida. Logo, seria Holden uma figura demoníaca? Não há uma confirmação, mas passagens significativas reforçam o aspecto sobrenatural. É marcante quando Holden conta sobre um indivíduo que enlouqueceu quando ele o desenhou e como os dois viajaram juntos para enterrar o retrato no meio do deserto.

Harold Bloom, em sua famosa crítica sobre Meridiano de Sangue, confessa que não conseguiu, em uma primeira tentativa, avançar na obra por causa da violência das páginas. Mas, concordo com ele, da necessidade de perseverar, pois a grandeza do livro transcende a sua brutalidade. Vários dos seus aspectos mereceriam estudos mais atentos, que não cabem aqui neste artigo. Irei me contentar em ressaltar que Meridianoé carregado de religiosidade por ser um tratado acerca da natureza humana. E em elogiar a linguagem empregada por McCarthy, que pinta com beleza cenas agressivas. Nesse sentido, se Graça Infinita soa como se fosse uma catedral, Meridiano de Sangue lembra um pastor pregando no meio das aterradoras paisagens da fronteira México-Estados Unidos.

Conversando com o meu marido sobre as minhas impressões do livro, expus o quanto estava impressionada com McCarthy, mas que não queria ter interrompido o mapeamento das influências de Foster Wallace. O óbvio pode seguir trilhas desconhecidas para chegar diante do nosso nariz. Enquanto falávamos, meu esposo pesquisou a combinação dos nomes dos dois autores e me enviou uma imagem e um link para um fórum de discussões — admito que não tinha pensado nessa simples ação.

A foto é da primeira página da edição de Meridiano de Sangue que foi de Foster Wallace. No fórum, comentários sobre o quanto David havia anotado naquele exemplar. Cabe destacar que o livro agora está sob guarda do Harry Ransom Center, centro de pesquisas da Universidade do Texas em Austin. O meu pensamento após tal descoberta? De que precisava esmiuçar tudo o que o escritor tenista havia deixado ali, como se tivesse um mapa para a sua consciência nas mãos. Assim, decidi traduzir as notas da imagem, contudo, a resolução ruim, o uso de abreviaturas e a caligrafia de Foster Wallace dificultaram o avanço da empreitada.

Amar é dar suporte. Aqui eu agradeço ao meu esposo, o Julio. Que escuta os meus áudios narrando os trechos de livros. E que entrou em contato com o Harry Ransom Center, enviou e-mails e preencheu diversos formulários — mesmo não estando vinculado a qualquer instituição acadêmica — para me entregar as notas que já circulavam, só que em alta resolução, bem como a página seguinte, que não está disponível na internet. O conjunto cobre as reflexões de David Foster Wallace sobre mais da metade de Meridiano de Sangue.

Obter o restante do exemplar acarretaria um custo inviável dentro da nossa realidade financeira, um valor de vinte e cinco dólares por folha escaneada. No entanto, as observações que examinarei desnudam muito do que tocou Foster Wallace enquanto ele lia, nas palavras do próprio, o faroeste definitivo. Respeitarei a sua organização, comentando os apontamentos na ordem em que foram listados.

Edições brasileiras dos livros “Graça infinita” e “Meridiano de sangue”, ambos editados pela Companhia das Letras

Página 3 — Abstract in childhood / Huck Finn (Resumo da infância / Huck Finn)

As primeiras notas, marcadas logo acima da introdução do livro, são complementares. Foster Wallace coloca que McCarthy, carinhosamente apelidado de Mic por ele, abre o texto com a infância do Kid, a história de fundo do personagem. E David ressalta a semelhança desta com a de Huckleberry Finn, criação de Mark Twain. Tanto o Kid quanto Huck Finn, antes de tudo, fogem de um pai alcoólatra. E ambos se transformaram em exemplos de anti-heróis desajustados. Para concluir, é interessante que Huckleberry virou uma gíria para alguém que seria um parceiro para qualquer atividade. Característica que se destaca no jovem de Meridiano ao longo de várias passagens

Página 3 — Comp 1st line at this & last line at 5 (Comparar a primeira linha da página 3 e a última linha da 5)

O inglês e o português são idiomas com variações em suas construções. Logo, foi necessário realizar também uma leitura de Meridiano de Sangue na sua língua originalRessalto que trabalhei com a mesma edição que pertenceu a Foster Wallace, para não dar conflito na correspondência entre as notas e as páginas das quais elas tratam. Aqui, David está comparando a primeira linha da página 3 e a última linha da 5:

“(…) See the child. He is pale and thin, he wears a thin and ragged linen shirt. (…) When the kid ducked into the ratty canvas tent there was standing room along the walls, a place or two, and such a heady reek of the wet and bathless that they themselves would sally forth into the downpour now and again for fresh air before the rain drove them in again (…)” (McCarthy, Cormac. 1992. pgs 3-5).

Os mesmos trechos em português:

“(…) Vejam a criança. O menino é pálido e magro, usa uma camisa de linho puída e esfarrapada. (…). Quando o Kid se enfiou dentro da tenda de lona esfarrapada havia espaço para ficar de pé junto às paredes, um lugar ou dois, e de tal forma tresandavam os corpos molhados e sem banho que estes saíam de súbito para o aguaceiro vez ou outra em busca de ar fresco antes que a chuva os obrigasse a entrar novamente (…) (McCarthy, Cormac. 2020. pgs 9-11)

Frases que apontam que, externamente, o Kid não possuiria singularidade. Ele pertenceria à turba sem rosto, sem banhos e perfumes, que busca alívio em Deus e na bala. Gente comum.

Páginas 4 / 5 — Do Mic’s take on Texas: is man a spiritual creature or a material animal (A opinião de Mic sobre o Texas: o homem é uma criatura espiritual ou um animal material)

Anotação do momento que o protagonista vai para o Texas. Ela refere-se ao aviso de McCarthy de que, quando o Kid ingressa no barco para essa nova terra, ele rompe definitivamente com a infância. E que a região para a qual ruma é selvagem e cruel a ponto de testar se somos humanos ou criaturas desprovidas de parâmetros civilizatórios.

Página 19 — Line on cruel bad religions take like Suttree (Linha sobre religiões cruéis assim como Suttree)

Temos aqui uma passagem na qual o Kid interage com um velho sem nome, que o abriga por uma noite. O cerne do diálogo deles é que Deus fez o mundo, mas não o fez bom para todos. O jovem também reclama que a divindade o teria esquecido. Foster Wallace grifa a relação desse trecho com Suttree (1979), título anterior de Cormac McCarthy. Suttree é a história de Cornelius Suttree, que rompeu com a riqueza da sua família para procurar sentido em uma vida como pescador no Tennessee da década de 1950.

Página 38 — Narrator ‘s broad comment. Any pattern to these? Agenda? pgs 40 e 44 (Amplo comentário do narrador. Algum padrão para isso? Agenda? páginas 40 e 44) / Páginas 44/ 45 — Mic’s so heavy w/ respective intrusions on what’s to come. Kills both suspense & subtlety. Why he’s do it? (Mic está tão pesado c/ respectivas intrusões no que está por vir. Mata o suspense e sutileza. Por que ele fez isso?)

Devemos pensar que tais reflexões são feitas por um escritor genial lendo o trabalho de um igual. Nesse sentido, comentários sobre a composição narrativa são recorrentes. Não tem como negar que Foster Wallace admirava McCarthy, a ponto de acenar para si próprio que deveria “me esforçar mais, para evitar ser uma cópia ruim de McCarthy”. Ao mesmo tempo, isso não o impedia de ser ácido, afirmando que o vocabulário do colega soava antigo e pomposo como o de um rei inglês. Ou de realizar correções em vírgulas e apóstrofes, nas folhas de seus próprios exemplares, já que McCarthy suprimia os sinais com frequência.

Página 54 — How does kid end up lone survivor of Comanche attack? (Como o garoto acaba sendo o único sobrevivente dos ataques dos Comanches?)

Aqui temos um questionamento sobre o destino do Kid, após uma das cenas mais sangrentas de Meridiano de Sangue: quando a companhia do capitão White, a qual o rapaz se junta pela promessa de ganhar sela e cavalo próprios, é encurralada por centenas de indígenas. O que se segue são duas páginas descritivas de um massacre. O protagonista será o único que escapará vivo do evento. No entanto, antes da solitude da sobrevivência, ele passa um tempo com Sproule, que saiu do violento episódio com uma ferida mortal no braço.

Página 57 — Symbolism at bush at dead bodies (Simbolismo no arbusto com corpos mortos)

É uma anotação sobre quando Kid e Sproule andam sem rumo, buscando água e comida, e se deparam com uma moita com cadáveres de bebês pendurados. McCarthy realiza uma escolha interessante em não optar pela óbvia simbologia da árvore da vida. Os pequenos corpos estão presos em um arbusto, rascunho de um tronco que não vingou. Assim como as pequenas vidas inocentes, ceifadas por um mal impiedoso.

Página 66 — After vampire bat attack, why does Kid tell Sproule “whats wrong is wrong will through you” (Após o ataque do morcego hematófogo, porque o Kid diz ao Sproule “o que errado é errado e vai atravessar você”)

O Kid, durante o arco com Sproule, é uma testemunha da agonia deste último. A morte era o destino que o rapaz sabia ser certo, mas Kid insiste que ele se mantenha forte e persista. Na edição de Meridiano da Alfaguara (2020), a frase entre aspas foi traduzida como “O que deixa você remoído é o que corrói você por dentro”.

Páginas 78 / 79 — Do Mic’s first desc. at Glanton’s gang (Mic faz a primeira descrição da gangue do Glanton)

Foster Wallace marca a introdução do bando de J.J Glanton, ao qual Kid tomará parte. Neste trecho, eles desfilam diante do palácio do governador da região, local no qual o Juiz mediará um acordo fáustico entre o político e Glanton: escalpos em troca de ouro. A evidência da morte de um índio dependia de produzir um escalpo. Assim, os mercenários se tornarão os comerciantes da violência, cometendo chacinas nas cidades em que passarem.

Página 81 — Do CM on the two Jacksons (CM sobre os dois Jacksons)

A minha área de formação não é Letras. Me aventurei nessa empreitada por admirar Foster Wallace e pelo quanto Meridiano de Sangue me impressionou. Por isso, na construção deste texto, tomei especial cuidado com a pesquisa bibliográfica e no respeito ao método de estudo. Contudo, não estou livre de incertezas, ou até mesmo de erros, em minha análise.

Aviso que, neste tópico, surgiu um símbolo que, em um primeiro momento, considerei ser um H. Porém, tal hipótese foi descartada. Fatores que levaram a mudar minha perspectiva foram a grafia do H aparecer diferente em outras palavras, Foster Wallace sempre se referir ao vilão como Judge e uma abreviatura para o personagem em questão ficar desconectada do pensamento. Sustento que o sinal seja outra maneira de nomear Cormac McCarthy. Um C desenhado sobre um M maiúsculos, já que Foster Wallace abusava das siglas.

Aborda-se aqui o aparecimento de dois personagens secundários. Homens de nome John Jackson. Um negro, o outro branco. Nos EUA partido pela segregação racial, a cor da pele os tornava inimigos. Porém, apesar do ódio mútuo que nutriam, eles se complementavam enquanto células do coletivo predador que era o bando de Glanton.

Página 94 — Judge calls Kid young Blasarius? (Juiz chama Kid de Jovem Blasarius?) / Ask CM on false prophetess? (Pergunte a CM sobre a falsa profetisa?)

Ambas as observações são sobre os ilusionistas que pedem para acompanharem a gangue por um trecho do trajeto, até chegarem ao destino que desejavam. Eles são aceitos, mas sem promessa de proteção e desde que permaneçam no final da comitiva. Quando todos acampam perto do Rio Casa Grandes, Glanton ordena que, para entreter os seus homens, os agregados façam um show.

Foster Wallace interroga, na primeira nota, sobre o fato de o Juiz, enquanto ocorre a apresentação, pedir para a cartomante ler a sorte do Kid. Ele refere-se ao rapaz como o jovem Blasarius. O termo é inglês arcaico e significa incendiário. Holden o apelidou assim pelo fato de que Kid, quando conheceu Toadvine, foi seu cúmplice no incêndio de um hotel.

Quando é a vez de Glanton saber a sua sorte nas cartas, a que ele escolheu desaparece. Assustada, a matriarca dos mambembes começa a cantar o mau agouro do ocorrido. O que coloca a visão dela como uma falsa profetisa em xeque. Ou terá sido somente um truque do Juiz, que se divertia com a tensão do episódio?

Página 98 — Ask style CM — slain without remedy (164, 163, 147, top 139, 142 — line) — Perguntar sobre o estilo CM — assasinato sem piedade (164, 163, 147, topo 139, 142 — linha)

A tradução literal do final da nota seria “assassinato sem remédio”. Porém, a expressão remedy foi utilizada no sentido de algo que atenua os sofrimentos da morte. Assim, escolhi traduzi-la como piedade, já que um dos princípios de Meridiano de Sangue é que seres vivos não escapam de finais violentos. Foster Wallace elenca alguns indicativos deste preceito — as numerações obedecem a ordem das páginas da edição que ele utilizou: uma idosa é alvejada por Glanton (p. 98). O Juiz escalpela uma criança querida por Toadvine (p. 164). O padre Tobin repreende o Kid por ter salvado Brown, o ajudando a retirar uma flecha da perna, pois, do contrário, ninguém o auxiliaria (p. 163). O discurso do Juiz sobre a morte ser inevitável. Todos desaparecerão, tal qual a mula tragada pelo vazio (p.147). O juiz apagando vestígios do povo anasazi, em uma renovação do genocídio contra os nativos (p.139). A parábola de Holden sobre o assasinato de um viajante (p.142).

Página 111 — Ask symbolism at dust spiral CM (Perguntar para CM sobre o simbolismo do espiral de poeira) / Why the constant ref. to shadows? (Páginas 111,81,139,151) — (Por que as constantes referências às sombras?)

As perguntas de Foster Wallace inquirem sobre o ambiente da narrativa. Na primeira, redemoinhos de pó que surgiriam do solo e seriam capazes de matar pessoas com a sua potência. A segunda trata da repetição de referências às sombras na história: a onipresença de um sol inclemente as carimba na paisagem. Cultura é a atribuição de significados ao que existe, a partir das experiências. Isso vale também para o meio. Um espaço se transforma em lugar de acordo com as vivências humanas nele. Partindo dessa lógica, é como se a natureza em Meridiano de Sangue se recusasse a completar tal processo de metamorfose. A fauna feroz, o deserto e suas escarpas, pedras pontiagudas, o clima açoitador, a ausência de água… A geografia usando das suas armas para expulsar os escalpeladores, obrigando-os a manterem uma marcha perpétua sem a criação de vínculos com qualquer cenário.

Página 120 — Ask about CM on parallaxy injury — get explication (Perguntar a CM sobre erro de paralaxe — obter explicação)

Erro de paralaxe é um desvio ótico que ocorre a partir da posição do observador. Ou seja, de acordo com o ângulo que olhamos o objeto, podemos ter uma visão errônea de que ele se moveu. Essa nota trata do trecho em que McCarthy descreve uma fogueira que parecia trocar inexplicavelmente de lugar. Foster Wallace, apesar de literato, sempre alimentou uma paixão pelas ciências exatas. Assim, um lembrete sobre um fenômeno da física é previsível dentro de um conjunto de questões que lhe chamaram a atenção no livro.

Páginas 123/124 — Tobin on Judge. Theology implicit in having the Judge be a man that knows all? (Tobin sobre o Juiz. Teologia implícita sendo o Juiz um homem que sabe tudo?). Página 125 — Ask: ref to “Et in Arcadia” on Judge’s gun? (Perguntar: a referência “Et in Arcadia” na arma do Juiz?)Página 128 — Mic gives us long Tobin’s history of Judge making gunpowder. Why? Alchemy — develops character of judge as alchemist (Mic nos conta a longa história de Tobin sobre como o Juiz fez pólvora. Por quê? Alquimia — desenvolve o personagem do Juiz como alquimista)

Os três tópicos abrangem o início da interação entre Tobin e o Kid. Apesar de Tobin ser chamado de padre pelo bando, ele depois confessa que não chegou a professar os votos religiosos. O que não mudará o fato de que disputará com o Juiz o papel de mentor do Kid.

A passagem se inicia com o protagonista pegando uma ferramenta emprestada com o renegado sem batina, que elogia o desempenho do garoto arrumando uma correia. Então ele afirma que Deus é injusto na distribuição dos dons e pede para o rapaz olhar para Holden. O Kid não quer, ao passo que Tobin aponta que, mesmo sendo desagradável, o Juiz seria alguém que sabe de tudo. Ele o descreve como refinado, culto, poliglota e conhecedor do deserto. E que todos já teriam encontrado aquele “tinhoso com alma de fuligem em algum lugar” antes.

O seu testemunho prossegue com a revelação de como Glanton e o bando conheceram Holden. Ele estava sentado, sozinho no deserto, esperando. E carregava um rifle com Et in Arcadia Ego gravado na coronha. Segundo o historiador Erwin Panofsky, a expressão significa “A morte existe até na Arcádia”. Uma região da Grécia que, pela pena de Virgílio, se tornou modelo de paraíso. Todavia, Políbio e Ovídio discordavam desta visão idílica, ambos a descreveram como um lugar horrível. Podemos então, a partir do detalhe da arma, crer que o Juiz já esteve tanto no paraíso quanto no inferno, reforçando a teoria dele como representação demoníaca.

Pelo relato de Tobin, antes de toparem com Holden, os mercenários estavam encurralados por centenas de apaches. Se juntar com o Juiz foi o que os resgatou, pois ele sabia como produzir munição com os recursos do deserto. E urina. Por loucura e desespero, os homens comungam escatológicamente com a estranha figura, mijando na massa que seria a salvação contra os nativos. Foster Wallace fala em alquimia, pois o processo de fabricação das balas aparenta mágica para os presentes. O antagonista conquista tal status místico entre os escalpeladores quando a comunhão dá frutos. A munição funciona e Glanton e seus pares aproveitam para matar os indígenas com, inclusive, apostas de quem acumularia o maior número de corpos.

Página 129 — Tobin’s voice is inflated like narrator’s (A voz de Tobin é inflada como a do narrador) Página 135 — Ask: why won’t Tobin answer Kid “what he is a judge of”? (Perguntar: por que o Tobin não responde ao Kid “ele é juiz de que”?)

As notas ainda tratam do capítulo X, no qual Tobin relembra a entrada do Juiz no bando. Foster Wallace registra a sua impressão sobre o tom do personagem. Naquele momento, a sua eloquência seria inflamada como a do narrador, que se ausenta para que o padre assuma a tarefa neste pedaço do livro. A sua ligação com a Igreja explicaria a oratória professoral e descritiva. É como se, ao longo do diálogo, a sua parte fosse um sermão sobre a grandeza e os mistérios de alguém/algo além do humano.

E é curioso que o encerramento se dá com o Kid, que está prestando atenção no que lhe é dito, perguntando algo óbvio. Afinal de contas, qual seria a competência de julgamento de Holden? Tobin o manda silenciar, pois o Juiz o escutaria. E assim o mistério, que é um dos grandes motores da fé, se mantém.

Página 138 — Do nar’s CM on limits of world & human heart / CM on delawares (CM narra sobre os limites do mundo & coração humano / CM sobre delawares)

Os delawares são personagens nebulosos, com incertezas sobre quem e quantos eles eram no bando. Começamos esclarecendo a alcunha. Os Lenapes eram chamados de “Índios do Delaware”, expressão que servia para os nativos que viviam ao longo do Rio Delaware. Eles eram semi-nômades e, em suas migrações, se engajavam frequentemente em campanhas militares. Por serem eficientes guerreiros, milícias adotaram o padrão de contratar os serviços de não brancos como batedores. E, para facilitar, todos eles eram reduzidos a delawares. Pouco importava a tribo de origem, o soldado recebia um rifle e o apelido obrigatório.

Análises de My Confessions (1956) de Samuel E. Chamberlain, a fonte que McCarthy se baseou para escrever Meridiano de Sangue, apontam a presença de, aproximadamente, de seis a sete exploradores de terreno em grupos como o de Glanton. Na página grifada, um dos batedores é devorado por um urso que surge de uma floresta de abetos. Os outros atiram na fera, que foge para onde veio. A perseguição contra o animal se dá sem sucesso:

“(…) O urso levara seu irmão de sangue como uma fera de contos de fada e a terra os engolira além de toda a esperança de resgate ou comutação da pena última (…). Se grande parte do mundo era mistério e as fronteiras desse mundo não o eram, pois elas não conheciam medida ou limite e aí dentro encerrados estavam criaturas ainda mais horríveis e homens de outras cores e seres sobre os quais homem algum deitara os olhos e contudo nenhuma dessas coisas mais forasteira do que forasteiros eram seus próprios corações em seus peitos, fossem quais fossem a vastidão e as feras aí dentro encerradas (…)” (McCarthy, Cormac. 2020. pg 142)

A anotação de Foster Wallace é sobre os limites do mundo e do coração humano. Aqui, nada pode ser mais bonito e esclarecedor do que as palavras de McCarthy.

Página 145 — Ask about men odd us reactions to Judge’s story of old harness-maker & traveller’s bones (Perguntar sobre as reações estranhas dos homens à história do Juiz sobre o velho fabricante de arreios e os ossos do viajante)

Reafirmo que a caligrafia de Foster Wallace, bem como o seu gosto por abreviações, causaram-me algumas dúvidas ao longo da tradução. Neste tópico, a interrogação pairou sobre a expressão que defendo ser a palavra reactionsUs aparece colado com um conjunto formado por um R, C e o final TIONS. Pensando nas possibilidades de vocabulário e no contexto da nota, acredito que um apressado Foster Wallace engoliu o E e o A na hora de escrever. Esta observação trata do Juiz contando sobre o dono da loja de arreios e o viajante para o bando.

A história é sobre um coureiro que é confrontado sobre a sua ganância. O lojista teria se mostrado arrependido, convidando o acusador para jantar com a sua família e, depois, se oferecendo para acompanhá-lo na volta para a estrada. No trajeto, ele mata o visitante e mente para a sua mulher que foram atacados por ladrões. Anos depois, ele confessa o crime para o seu primogênito. O rapaz resolve saquear a sepultura e partir para o Oeste, também quer matar homens. A esposa, a única que sobrou, adota a versão de que a cova abriga o seu filho. A marcação aqui é sobre os asseclas de Glanton, sempre tão respeitosos para com a sabedoria do Juiz, apontarem incongruências no relato. O que não abala Holden, que continua dizendo que o jovem que foi desbravar o Oeste deixou uma noiva grávida.

Página 146 — Judge’s syntax hish & archaic like McCarthy’s. Same w/ Tobin. Point? (A sintaxe do Juiz é sibilante e arcaica como a de McCarthy. O mesmo com Tobin. Razão?)

Influenciado por nomes como Faulkner e Hemingway, a sintaxe de McCarthy era inconfundível. Ele não se preocupava com sinais como vírgulas e travessões, dando ao leitor a obrigação de se engajar na trama para entender o que está acontecendo. Um estilo original, mas sem pedantismos de vanguarda. As suas longas descrições são brutas, quase grosseiras. E sem recursos estéticos para maquiar o seu pessimismo sobre a humanidade. A violência está dentro de nós ou somos condicionados a ela? Ao mesmo tempo, McCarthy é eficaz em explicar sentimentos e estados psicológicos. Por isso, os personagens que mais se expressam, Tobin e Holden, são encharcados com as qualidades expressivas do seu criador.

Página 146— Explicate Judge’s speech on raising children & the predaciosness of men (Explicar o discurso do Juiz sobre a criação dos filhos e a predação dos homens)

A informação de que a noiva do filho do coureiro foi abandonada grávida é um ponto de partida para uma visceral exposição do Juiz. Ele inicia afirmando que a criança projetará o pai desconhecido como alguém perfeito. E que, apesar de ainda nem ter nascido, ela já estaria condenada a nunca encontrar o seu caminho, esmagada pela insensibilidade de uma memória. Tobin pergunta como educar alguém e ganha a resposta de que as crias fracas deveriam ser jogadas aos lobos. Ele confronta Holden, que afirma estar falando sério. A raça humana seria naturalmente predatória e, se Deus quisesse intervir, já o teria feito. Vamos analisar duas das camadas deste trecho.

Holden apresenta a lembrança do genitor como um peso a ser superado. E que a real libertação de um homem seria a morte paterna. É essencialmente uma concepção bíblica — a prosa de McCarthy é rica em alusões deste caráter. Deus teria criado os anjos e lhes dado o livre arbítrio. Mas Lúcifer, invejoso e subversivo, planejou sobrepujar o Todo-Poderoso. Assim ele se tornou Satanás e levou uma parcela de iguais consigo, que passaram a existir em uma dimensão inferior, esmagados pela onipotência de Deus.

A outra perspectiva é a de que Holden é a figura paterna dos mercenários e do Kid. Tanto que, em um dos embates finais, ele afirma para o protagonista que o ama como um filho. O jovem, ao mesmo tempo que se sente esmagado pela gigantesca presença, também se vê ligado à ela. Quando tem a oportunidade, Kid não consegue atirar no Juiz. Ainda na mesma conversa, Holden culpará o rapaz pela ruína dos companheiros. Por não ter sido cruel o suficiente, os que cavalgaram ao seu lado morreram. É como se, de modo pedagógico, ele estivesse lhe ensinando que a bondade, em um mundo de horrores, apenas atrapalha.

Página 153— Do CM on Tobin & cruel god (CM sobre Tobin & Deus cruel)

Foster Wallace sublinha o desgosto de Tobin que, ao se deparar com assassinatos cometidos por brancos que tentavam encobrir seus rastros matando no “estilo dos indígenas”, questiona se aquilo não seria a mão de um Deus letal. Há muito o que pensarmos sobre o religioso em crise com a sua fé.

Primeiramente, como um seminarista se transformou em um matador cruel, que alerta ao Kid que sentimentos como piedade são inúteis ali? Ao final de Meridiano, o seu destino é incerto. Está implícito que o Juiz sabe o que ocorreu, mas nunca temos certeza da morte de Tobin. A violência venceu a religião e Deus, ainda que cínico, está morto? Outras leituras defendem que o padre seria aliado do Juiz na captura pela alma do Kid. Muitas das suas falas, apesar dele declarar-se opositor de Holden, convergiam com as do Juiz. Além disso, quando Tobin incentiva o garoto a atirar no gigante, ele estaria trabalhando para corromper o coração do jovem com a crueldade tão desejada pelo seu adversário.

O fato é que, apesar da brandura e de ser “homem de Deus”, Tobin é pecador como os outros. No final, fazia parte da gangue que escalpelava todo e qualquer humano que passasse pela frente para aumentar os rendimentos. E não transparecia remorso pelo que fazia.

Páginas 156/159 — During slaughter, why are neighter Kid’s nor Judges activies described? (Durante o massacre, por que não são descritas as atividades do Kid e nem do Juiz?)

Gileños — forma genérica de denominar tribos apaches — acampados perto de um lago são massacrados pelo bando de Glanton. Foster Wallace ressalta que tanto as ações do Kid quanto as do Juiz não são descritas durante o ocorrido, que será um marco na espiral da barbárie de Meridiano de Sangue. Cabe destacar que o fato de terem sido marginalizados, durante este trecho da narrativa, não isenta os personagens de terem cometido atrocidades.

Começamos com o sumiço do Kid. John McGill, mexicano que exercia a função de batedor, é atingido por uma lança durante a ação. É descrito que o garoto então sai da água e o ajeita cuidadosamente na areia. Uma ação que emana piedade. Porém, assim como Tobin, não devemos negligenciar os crimes do protagonista. Não por acaso, linhas antes, McCarthy descreve que os mercenários que estavam dentro do lago “copulavam” com as nativas mortas e agonizantes, vítimas do ataque.

Sobre o Juiz, ele aparece apenas no final. Antes, Glanton impede o Kid de ajudar McGill, atirando no até então subordinado e o escalpelando. Mais um couro cabeludo que se tornaria ouro para eles. Só que não basta para o líder do bando, que dispara para matar o chefe gileño. Ao final, Glanton volta com a cabeça pendurada no cinto e Holden o espera placidamente. Ele avisa que aquele não é Gómez e que, não, não dava para conseguir a recompensa com aquela cabeça. Gómez realmente existiu e foi um líder apache que teve o valor de 1000 pesos estabelecido para quem o capturasse.

Página 172 — Do CM on them is primal & pre-naming (CM sobre eles sendo primais & pré-nominais)

Após o massacre contra os Gileños, há uma rápida deterioração do bando de Glanton. Nesta página sublinhada por Foster Wallace, o estado deles é descrito como o de vultos que vagam por Gondwana. Este seria um supercontinente que existiu em torno de 200 milhões de anos atrás. Isso significaria que eles não estão mais sob qualquer lei da humanidade, mas que agora entraram no domínio da natureza selvagem. E entendem-se predadores, passam a tomar tudo o que necessitavam.

É interessante a menção deles acamparem em Hueco Tanks. Localizada no Texas, a área possui uma geologia única e abundância em água, que fizeram dali um refúgio para a humanidade há mais de 10 mil anos. As estranhas formações calcárias, produtos da erosão do tempo, são cobertas por registros pré-históricos. O Juiz resolve reproduzir alguns dos desenhos em sua caderneta. Depois, pega um pedaço de sílex e os apaga das paredes. Quando inquirido do motivo, ele responde que tudo que existe sem o seu conhecimento existe sem a sua permissão.

As próximas notas estavam organizadas de forma diferente, em um bloco separado. Por isso serão trabalhadas por último:

X — 59 & 94. 51 — Kid sees 4 of cups (bottom). Judge directs tarot 4 cups reading, — predicting —, Kid ‘s prior encounter w/ 4 four of cups (Kid vê o quatro de copas (embaixo). Juiz direciona leitura do tarot de quatro de copas, — prevendo , o encontro anterior do Kid com o quatro de copas)

John Sepich dedica um capítulo de Notes on Blood Meridian (2008) para a passagem do tarot, que foi analisada em dois momentos por Foster Wallace. A cena envolve a consulta de cartas para vários personagens. Começa com o Jackson Negro, depois temos a leitura para o Kid e Glanton. A parte do garoto possui especial significado, já que ele retira o cuatro de copas. McCarthy divide a menção ao quatro de copas em duas línguas, e é claro que ele quer que percebamos a associação do protagonista com o símbolo.

A carta indicaria prazer e sucesso, misturado com desconforto. E o agrupamento dos quatro é designado, nas interpretações cabalísticas, pela palavra hebraica chesed, que é traduzida como misericórdia. Quando a mulher exibe a figura do baralho tirada para o Kid, o Juiz ri silenciosamente. Ele teria entendido o significado da figura, validação das acusações sobre a clemência para com os pagãos da criança. E Holden, quando pode, exigirá vingança. Para concluir, é interessante que a referência aponta uma preocupação de McCarthy com o cíclico em Meridiano de Sangue.

XII — HTF on Toadvine p.11 — Much later he’s convicted of horse theft (Mais tarde ele é condenado por roubo de cavalo)

Na página, quando o Kid olha para Toadvine à luz do dia, após a briga nos fundos do salão, recebemos a descrição de que as suas orelhas foram arrancadas e que ele tinha as letras H e T queimadas na testa e, entre os olhos, um F. O capítulo 890 dos Estatutos Gerais de Pensilvânia, revogado apenas em 1860, aponta que a infração para roubo de cavalos seria o açoite nas costas e o corte das orelhas. Reincidentes teriam a testa marcada com visíveis letras H e T. O F seria a marca mais comum usada para designar um criminoso.

Judge is Shiva — Meditative Mudra (Juiz é Shiva — Mudra meditativo)

Aqui, não há marcação de nenhuma página em específico — é a única nota separada do conjunto analisado. Ultrapassando a visão católica, Foster Wallace compara o Juiz com Shiva. Um dos deuses supremos do hinduísmo, junto com Brahma e Vishnu, conhecido também como “o destruidor e regenerador”. Shiva seria de onde tudo veio, é sustentado e se dissolverá. A mitologia diz que ele não possuiria pés ou cabeça, pois não haveria começo nem fim para a divindade. Paralelamente, ninguém conhece a origem do Juiz e Meridiano termina com Holden afirmando que nunca vai morrer.

Os mudras assinalados são movimentos com as mãos. Sintonizariam o corpo com as energias do Universo. Movimentos com o dedo mínimo representariam a água, o médio seria o espaço, o indicador o ar e o polegar seria o fogo. Em vários momentos encontramos Holden realizando “posturas medidativas”.

É notável, ao longo do material examinado, o quanto David Foster Wallace navegou em um mar de pensamentos com a leitura de Meridiano de Sangue. Um magnífico escritor admirado com o trabalho de outro intelectual, ambos merecedores de todo o reconhecimento. Infelizmente, o Nobel perdeu a chance de premiar Cormac McCarthy. E nós perdemos Foster Wallace cedo demais. O que nos resta são os seus livros, janelas que eles deixaram para as suas mentes brilhantes.


Mariana Carolo é graduada em História e professora da rede pública municipal de Canoas (RS). A leitura de “Graça Infinita” foi como uma tijolada em sua cara e, desde então, procura desvendar a saída do labirinto wallaceano. Ainda não está nem perto da porta.


Referências

ALVES, Pedro Henrique. O genial Cormac McCarthy, um livro para começar. Revista Oeste, 11/11/2023. Disponível em: https://revistaoeste.com/politica/o-genial-cormac-mccarthy-um-livro-para-comecar/ Acesso em dezembro de 2023.

ALVES, Manuel Valente. “Et in Arcadia Ego”, 1995. Disponível em: https://www.manuelvalentealves.org/bio-biblio/textos-biblio/mvalves_et-in-arcadia-ego Acesso em dezembro de 2023.

BLOOM, Harold. Meridiano de Sangue, de Cormac McCarthy (observações bem pessoais, extáticas, de Harold Bloom em Como e porque ler). Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/3572955 Acesso em novembro de 2023.

CRUZ, Diego da. A formação da identidade americana: pontos e contrapontos entre Macunaíma e Meridiano de sangue. Dissertação (mestrado). Universidade Tecnológica Federal do Paraná..Programa de Pós Graduação em Letras. Pato Branco, PR, 2017.

GALERA, Daniel. Influências. Dentes Guardados, 02/07/2023. Disponível em https://tinyletter.com/danielgalera/letters/dentesguardados-14-influ-ncia Acesso em novembro e dezembro de 2023.

GALERA, Daniel. Sobre ler e traduzir Cormac McCarthy. Blog da Companhia, 20/06/2023. Disponível em: https://www.blogdacompanhia.com.br/conteudos/visualizar/Sobre-ler-e-traduzir-Cormac-McCarthy Acesso em novembro e dezembro de 2023.

GUIMARÃES, J.C. Quem, ou que é, o juiz Holden, de Meridiano de Sangue. Revista Bula, 30/06/2020. Disponível em https://www.revistabula.com/33384-quem-ou-que-e-o-juiz-holden-de-meridiano-de-sangue/ Acesso em novembro e dezembro de 2023.

JASTY, Kunal. A Lost 1996 Interview with David Foster Wallace. Medium, 21/12/2014. Disponível em: https://medium.com/@kunaljasty/a-lost-1996-interview-with-david-foster-wallace-63987d93c2c. Acesso em novembro de 2023.

MCCARTHY, Cormac. Meridiano de Sangue ou O rubor crepuscular no Oeste / Cormac McCarthy: tradução de Cássio de Arantes Leite. -Rio de Janeiro: Alfaguara, 2020.

MCCARTHY, Cormac. Blood Meridian or the evening redness in the West. — New York: United States by Vintage Books, a division of Random House, Inc., 1992.

SEPICH, John. Notes on Blood Meridian. — Austin: University of Texas Press, 2008.

STREIFIELD, David. “Errors are intentional: Being a bad friend to David Foster Wallace. TLS. Times Literary Supplement, no. 6024, 14/09/2018.

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Texto originalmente publicado no site da Madame Psicose, reproduzido aqui com a autorização da autora.

2 comentários em “Meridiano infinito: notas de Foster Wallace sobre Cormac McCarthy – Artigo (Mariana Carolo)

  1. Thiago Teixeira
    8 de fevereiro de 2024
    Avatar de Escritos sobre escritos

    Bom o texto, fiquei com vontade de ler mais coisas da Mariana Carolo.

  2. Antonio Stegues Batista
    25 de janeiro de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Muito bom, lendo e aprendendo.

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Publicado às 24 de janeiro de 2024 por em Artigos e marcado , , .