[A2] Negação e certeza
Somam 12, os homens do pelotão de fuzilamento. Das espingardas, somente seis carregam balas de verdade, nas outras, festim. Tal ardil serve para preservar a consciência dos carrascos. O único que tem uma certeza é o condenado; sabe que vai morrer.
[A3] O ócio recreativo
No reino de ócio não se inventou a pólvora. Não floresceu a agricultura, não se ergueram impérios e nem as pirâmides. O relógio não existe. Não se tem registro de guerras ou de navegantes e suas descobertas. Homens ociosos não fazem a roda girar, mas, deitados em suas redes, são tão felizes.
[B3] Eduardo e Mônica
Ele sofria de Alzheimer, ela andava depressiva, mas suas almas desafiaram muros, quando se reconheceram irmãs. Com a ajuda dos amigos, resolveram rolar tal como pedras, rasgando lembranças, despertando alegria; Woodstock é logo ali.
[B4] Repleto e vazio
Repleto de inspiração, o músico derrama gentil, as notas sobre a calçada de tijolos amarelos. Os carros, respeitosos, silenciam seus motores, a lua escancara um sorriso e as estrelas desabam sem ar sobre a vasilha vazia.
[C2] A verdade dói
Somente quando a bala perfurou seu coração, percebeu, não havia mais o amor que ele acreditou enxergar.
[C4] A sombra e o sol
Caiu. Levantou-se. Perdeu as folhas; engrossou as raízes. De todo o medo, fez um barco. Casou-se com a Vida sem nunca deixar de ouvir a Morte e suas juras de amor.
[D1] Rotina de escrevinhador
Toda estória tem rios de café, uma mocinha sonhadora, um vilão chamado Tempo, uma estrada, uma encruzilhada, pingos nos “is”, uma musa cansada da lida, uma agulha no vinil arranhando Pink Floyd e um tolo inventando passos de uma dança impossível para seus dois pés esquerdos.
[D3] Bye bye
Cargas pesadas, coração leve. Família errada, falsos amigos, um dedo podre no amor… Malas berrantes se dissolvem nos versos de “She’s leaving home”. A fuga é leve como um balão de festa.
[E2] Dinossauros e rinocerontes
Os corpos vazios se rendem aos vazios dos copos e fingem ser amor o que é só desejo. Amanhã, se houver, ela vai esperar uma mensagem, enquanto ele faz mais um risco na bota.
[E1] Escalação de um time de futsal
Nas manhãs de domingo jogavam futebol e a noite, iam ao baile. O central Fábio era o mais calado, Vítor bebia demais, Lucas acreditou em Deus e Xavier nunca pagou uma tubaína. O assassino chegou ao clube num carro de cor prata e o morto, que era reserva, jamais confessou seu amor ao pivô de tudo.
Há uma atmosfera poética nos seus micros, mas somente a partir de D1 seus textos ganharam maior fôlego, ao menos na minha leitura. Desse ponto em diante, gostei imenso de seus micro que combinam linguagem segura, bom ritmo e imagens interessantes. Parabéns pelo trabalho. Um abraço.
Olá, caro autor.
Para minha avaliação, utilizarei dois critérios principais: se o microtexto é uma HISTÓRIA e o IMPACTO que ela provocou.
Gostei muito dos seus textos. A maioria construídos com muita inteligência e fora do “normal” esperado. Fiz algumas observações, caso deseje observar novamente.
[A2]
Aqui você utiliza o estímulo com um pouco mais de complexidade, eu acho. O título me remete a uma reflexão sobre a certeza da morte pelo condenado, mas, de negação do feito terrível pelos carrascos. Não sei se compliquei demais. Bom conto.
[A3]
Mas criam redes, imagino….(rsrs) Bom texto com uma crítica política sutil embutida. Uma visão do ócio bastante diferente do que já li aqui. Há um absurdo literário aí, já que a situação de ócio generalizado é inimaginável e impossível, muito menos faria alguém feliz.
[B3]
Conto bonito, cheio de esperança em meio ao caos mental dos personagens.
[B4]
Um texto bastante romântico sobre a miséria daquele músico. Uma opção literária bem construída, nada nova, mas bonita.
[C2]
Uma situação improvável de consciência tão complexa após um coração perfurado, mas, é literatura. Você pode.
[C4]
Um texto muito bonito, poético, sim, tem enredo, mas, sem definição de personagem.
[D1]
Lindo texto, mas não me pereceu um conto. Pode ser parte de um, ou parte de um romance bonito e reflexivo, mas, não contém em si os elementos suficientes para uma história independente.
[D3]
A avaliação que fiz acima, pode ser repetida aqui também.
[E2]
Numa segunda leitura, com a ajuda do estímulo, percebi a mensagem do texto, sutil, muito sutil, “o risco na bota” como mais uma para a lista. Muito bom.
[E1]
Achei o texto muito inteligente. Gosto desses jogos com os sentidos e as palavras. Só não consegui captar quem era o tal “pivô”.
Parabéns.
Olá, gostei da leitura de seus textos, alguns com um toque de surrealidade interessante. Na minha opinião em vários você deixou a influência bem solta, ousou bastante. O A2 pra mim não parece uma narrativa, parece mais uma mistura de texto informativo com descritivo. Gostei muito de B4, pela cena que imaginei, e de E1, pela surpresa, embora eu tenha achado desnecessário esse negócio de “carro de cor prata”.
Olá,
Seus textos são realmente muito bons. Conseguem passar a mensagem de uma forma muito poética e tocante. realmente uma leitura muito marcante e agradável. Meu preferido foi o A2, tem uma boa dose de humor e ironia.
Boa sorte!
Mini me! Adorei o pseudônimo
Vamos lá, no geral eu gostei, mas acho que alguns funcionam bem menos que outros, A3, B4 e C2 pecam por não terem efetivamente uma linha narrativa, não funcionaram como micro.
E1 sobressai pelo exato oposto dos citados, estrutura marcante e bom impacto, gostei da imagem criada em C4, uma bela metáfora.
Outro ponto que me incomodou um pouco foi a presença de tantas, tantas referências, me rouba das narrativas e acabam jogando contra o próprio autor/autora, pois come espaço de desenvolvimento dos textos.
Parabéns pelos textos e boa sorte!!
Micro: A técnica é boa, com altos (E1, D1 e B4) e baixos (C2 e C4).
Conto: Os demais me soaram mais como pensamentos do que contos. Gerou certa empatia pelas referências ao rock, que adoro.
Destaque: Continho completo, excelente, com direito a virada:
[E1] Escalação de um time de futsal
Nas manhãs de domingo jogavam futebol e a noite, iam ao baile. O central Fábio era o mais calado, Vítor bebia demais, Lucas acreditou em Deus e Xavier nunca pagou uma tubaína. O assassino chegou ao clube num carro de cor prata e o morto, que era reserva, jamais confessou seu amor ao pivô de tudo.
Olá, Mini Me.
Você é microcontista encartada, a experiência no formato nota-se bem. Existe um toque poético e satírico que permeia todos os seus micros. Uns mais conectados com o estímulo, outros mais associados ao título, eles são, no geral, muito bons. O principal defeito é que nem todos são contos, alguns apenas apontamentos bem observados. Os meus favoritos foram A2, C4 e D1. Mas, como digo, você tem muita experiência nisto, aposto.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Gostei do seu pseudônimo e do anão. A2 – A ideia foi boa, porém a apresentação não é a de conto, está mais para reflexão, pensamento. Conto: narrativa breve e concisa, contendo um só conflito, uma única ação, unidade de tempo, e número restrito de personagens. Microconto é um conto reduzido. Se não houver conflito, não é conto. Ricardo Piglia: “um conto sempre conta duas histórias”. Uma visível e outra oculta, em lógicas narrativas distintas. A3 também é um pensamento. B3 – Penso que o microconto deve provocar sentimentos no leitor, mesmo na ausência do mote (foto, imagem, música)
B4 – também não é conto, descreve a imagem. C2- Aqui há um conflito. Aqui tem uma história visível e outra invisível mandou bem. C4 – Não entendi. D1 – Aqui temos outro pensamento. D3 Me parece mais uma legenda para imagem do que um conto. E2 – Qual a relação do título com o texto? E1 – Mandou bem. Atendeu à provocação. Fechou com chave de ouro.
Olá, Mine Me. Cá estou eu mergulhando em seus microcontos e, com toda certeza, me encantando com eles. Muito boas as suas narrativas. Parabéns. Sensibilidade, encanto, leveza. Histórias bem elaboradas e profundas num conjunto que se compõe. O tal lugar comum do conjunto harmônico. Parabéns. para mim um dos melhores. Fica com o meu abraço.
Você escreveu ouvindo uma playlist? Porque tantas referências musicais? São contos interessantes, mas você não tocou Raul.
Prezado(a) Mini Me:
Seus textos todos apresentam narrativas imagéticas, com claro desenrolar das situações propostas. O que me incomodou um pouco foram justamente os títulos, que obrigam o leitor não só a fazer conexão (e em alguns casos, com B3, muito vagas) como a reinterpretar a história de acordo com o intitulado. De todos, meu preferido foi o A2. Boa sorte no desafio!
O microconto sobre o pelotão pareceu-me um pouco filosófico, mas acertado. Boa abertura.
Percebe-se um toque de poesia nos seus textos, mas de forma bem agradável de se ler, sem exagerar nem se tornar piegas. Mesmo o [B4], que mergulha em lirismo, chega a extrapolar do bom gosto. Eu adorei a imagem criada. Portanto, esse é o meu micro favorito entre os demais da sua coleção.
Parabéns pela participação e boa sorte.
[Mini Me]
[A2] Lembrou de um episódio da série OZ, onde descreviam uma execução feita assim. Nos EUA o condenado pode escolher a forma de execução, e o personagem pediu pelotão de fuzilamento e é desta forma.
[A3] Mais uma reflexão do que um conto. Uma reflexão boa, mas um conto fraco.
[B3] Usou bem os clichês, mas a ideia do festival podia ser melhor aproveitada.
[B4] Não sei se digo o que pensei sobre a vasilha, mas espero que a música do cara não seja tão ruim quanto parece.
[C2] Meio tarde. Aqui o antes tarde que nunca não se aplica.
[C4] Para um conto tão metafórico, foi competente em contar uma história.
[D1] Quem nunca. Acho que escrita sem percalços não existe. Nem lista de supermercado.
[D3] Um conto sobre dar o fora enquanto é tempo. Soou libertador.
[E2] Gostei da virada no final, mas que cara escroto.
[E1] Esse final ficou dúbio do jeito que eu gosto do microconto. Esse pivô reserva então, entrava em jogo. Se é que você me entende.
Olá, Mini me
eu quase coloquei este pseudônimo…)
Cara, muito bons teus micros, eu senti várias inspirações musicais, claro, estão obvias, mas gostei deste ‘som’ q ficou reverberando na minha mente.
Gostei dos titulos tb, embora esteja sem tempo de aprofundar a conexão deles com o texto em si :p
o A4 passa uma ideia que eu já conhecia, já ouvi por ae, será q foi numa música? Então, não gostei de não ser surpreendida mas.. nem só de surpresas vive um microconto e ele está perfeitinho.
A3 me lembrou a musica..’mais louco é quem me diz.. que não é feliz.. eu sou feliz…’ mas, saiba d e uma coisa esse povo todo q inventou tanta coisa, eles foram felizes, sim.. há pessoas que regozijam no trabalho, na realização de propósitos e tarefas.
em Eduardo e mônica, mais do que legião tem o rolling sotne ali ou seria o Kiko Zambianch? kkk a historia achei meio fraquinha…
B4 termina numa poesia maravilhosa, digna de Oswaldo Montenegro ❤
os dois Cs eu achei que as frases não te inspiraram muito.. rsrs
os Ds estão ali com as bandas explicitadas.. e os pés esquerdos? grande sacada.. vida de escrevinhador pessimista, é isso ae, Bukovsky.
os Es, eu achei mei desconectados das inspirações propostas, mas quem sou eu? se nem decifrar o último enigma sou capaz!!
Vc é muito bom ou boa escritora, foi um prazer te ler. Parabéns
Olá, Mini Me!
Uma coleção interessante de micros que temos aqui, com uma estética legal, títulos e uma brincadeira com significados e dualidades. De todos, três me chamaram bastante a atenção. Em A2 gostei muito da ideia da sorte entre as balas reais e as balas de festim, dá pra se discutir até mesmo questões como o destino a partir desse micro. E também não sei se isso realmente acontece ou não nos fuzilamentos (que são uma tristeza), então consegui entrar bem na magia da sua escrita.
O A3 também é muito bom, principalmente por levar aquela mensagem do tipo “a ignorância é uma benção”. Temos todos os prós de quem levanta e faz acontecer, todos os benefícios que colhemos disso. Mas também o outro lado, as mazelas que criamos no mundo. Um conto bastante interessante pra se conversar sobre mudanças, as vezes fazer nada também é fazer alguma coisa (nem que seja pra nós mesmos).
Em C4 eu gostei muito da metáfora e do visual criado. Sou uma pessoa bastante visual, então fiquei apaixonado por essa ideia de crescermos como uma árvore, de criarmos casca, tronco e folhas. Você fez uma nova versão da “se a vida lhe der limão, faça uma limonada”. Aqui, podemos criar até um barco de nossa própria madeira cultivada. Achei lindo! Os outros contos me chamaram um pouco menos a atenção, mas isso também é devido a quantidade, já que em coletâneas, quanto maior o número de objetos, mais dispersos podemos ficar, com uns agradando mais, outros agradando menos, acho que talvez isso tenha sido o problema aqui, alguns me pareceram mais para garantir um espaço entre os 10.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Vamos a você, Mini-me. Seus contos são férreos. [A2] apresenta um contexto interessante de dualidade tanto no nome Negação e certeza, quanto no âmbito da consciência e humanidade, tanto o réu quanto quem atira, são duplos de uma sociedade opressora, que aliena e mata com o poder da vida em outras mãos. Já [A3] traz o ócio como liberdade apesar da vida comum de quem não vive além do simples viver. Não produz além do que precisa e não faz a economia girar, mas tem em si o melhor da vida: A felicidade. Tem que ser muito sábio para entender uma vida simples assim.
Em [B3], Eduardo e Mônica a doçura de encontro insólito entre um ser sem memória e outro ser doente da memória, que encontrou no amor e na amizade um motivo para alcançar a paz. Lindo. O uso primoroso da linguagem traz pérolas tais como: desafiar muros, rasgar lembranças e despertar alegrias. A liberdade apesar das limitações, ou melhor, além delas. É interessante salientar que o uso do casal mais irreal e por isso mais normal representado na arte musical de Renato Russo é o que dá o toque essencial desse incomum que dá certo.
Já “Repleto e vazio” [B4] é uma navalha na carne. Pequeno, completo, temático e de uma linguagem sintática própria, entretanto, infelizmente apresenta um errinho besta de vírgula – meu erro predileto na escrita corrida. O que obviamente não tira a beleza do texto. E só falo porque se não fosse isso seria meu primeiro PERFEITO.
[C2] e a verdade que realmente dói, outro conto curto, completo e divinamente ambíguo – dependendo da disposição do leitor, obviamente. Amei.
[C4] outra dualidade de sentido perfeita: Sombra e sol; cair e levantar e,vida e morte. [D1] é um conto sobre o fazer literário. Sou apaixonada pela metalinguagem do teorizar em contos e poesias. [D3] é uma nova viagem de linguagem, intertextualidade e completude. Parabéns.
[E2] traz um encontro interessante cheio de seres semânticos representados pela dupla “Corpos vazios” e “Copos vazios”. A ineficiência do encontro surge no par que dá nome ao conto “Dinossauros e rinocerontes”. A ideia de que um é romântico surge disfarçada após uma transformação sintática da linguagem que enrique o texto: “Amanhã, se houver”, já o outro, não vai ligar. Esse já registrou o abate ao fazer o risco na bota. Perfeito.
[E1] traz uma nova escalação dentro de uma equipe de de futsal. Agora para a eternidade. Já que o reserva, acaba morto por causa de um amor platônico que obviamente abriu para a pessoa errada.
A construção de personagens é magnífica. As representações da sociedade estão todas aí: o que crê em algo; o que se diverte e é bom de lábia; o do vícios; o calado e, o que morre pela boca, além do assassino que não é escalado mas acaba com o jogo. O trocadilho pivô enquanto posição e pivô como motivo do crime é perfeito. Enquanto conto, perfeito. Parabéns!
Sucesso no Desafio.
Mini Me, achei os contos de uma escrita madura, bem estruturada. São sólidos. No entanto, alguns deles são mais descritivos que contados. Mas seus elementos são no geral bem postos. A não ser os riscos na bota, que me soaram como já vistos. Mas é uma boa coleção. Boa sorte no desafio!
Mini Me
[A2] Negação e certeza
O início é instigante, mantém um suspense, mas achei o final um pouco sem graça, óbvio demais.
[A3] O ócio recreativo
É um microconto que captura o leitor logo de cara, mas que, na minha opinião, poderia ser mais enxuto. Não são necessárias tantas descrições que levam a um mesmo entendimento em um microconto. O final é singelo, sem nada extraordinário, mas funcionou.
[B3] Eduardo e Mônica
Um conto bonito, gostei da ideia originada a partir da imagem dos dois senhores.
[B4] Repleto e vazio
Um microconto poético.
o músico derrama gentil, (tirar a vírgula) as notas.
[C2] A verdade dói
Um bom microconto.
[C4] A sombra e o sol
Para mim, pareceram duas histórias separadas. A parte do casamento com a Vida e ouvir a Morte e suas juras de amor não fez muito sentido com o início do microconto. Mas pode ser uma falha minha de entendimento.
[D1] Rotina de escrevinhador
O enredo foi bem montado, mas faltou algo que o tornasse mais interessante, mais impactante.
[D3] Bye bye
O final foi leve e bonito, gostei a metáfora do balão em fuga pelos ares.
[E2] Dinossauros e rinocerontes
Gostei desta construção “Os corpos vazios se rendem aos vazios dos copos”.
Não entendi o risco na bota, desculpe.
Boa ideia para a música do Skank.
[E1] Escalação de um time de futsal
Um micro com suspense, que prendeu minha atenção.
Nas manhãs de domingo jogavam futebol e (vírgula) a (à) noite, iam ao baile.
Olá, Mini Me, seu micros são bons, só achei muito descritivos. Em uma micronarrativa não precisa dar tantas informações. Na minha opinião, é mais fácil impactar, quando se vai direto ao assunto.
MICROCONTOS 2021 – MINI ME
A2: Gostei da jogada com a (in-)certeza. O microconto foi muito bem executado também.
A3: Boa ideia, mas o conto poderia ser mais conciso. E sobre a conclusão: os ociosos não são necessariamente felizes – acho que há muitos exemplos disso na vida real.
B3: Boa intenção, mas para mim a história carece um pouco de delicadeza e originalidade.
B4: Nunca ouvi falar de carros que silenciam seus motores para não atrapalhar músicos, mas gostei da proposta geral do microconto e das demais imagens poéticas usadas.
C2: Inconsistente. A pessoa percebendo algo mesmo com o coração furado e inabilitado contradiz para mim o texto que alega que só se vem bem com o coração.
C4: Muito poético e lindo em si, mesmo que o sentido do conto não ficou claro para este leitor inexperiente.
D1: Gostei da sua interpretação da imagem, que ficou ainda mais fácil de entender com o título do microconto.
D3: Interessante conceito. Fiquei na dúvida no começo, mas afinal decidi que gosto do conto.
E2: Uma análise sóbria, mas acertada, que convida a uma reflexão mais profunda.
E1: Essa história pega uma virada não esperada. Só no final também me deixou com muitas dúvidas.
Parabéns pelo variado e atraente trabalho e boa sorte no desafio!
Caro(a) autor(a),
Poético. Microcontos com escrita primorosa de quem sabe o que está fazendo. Não por nada, eles encantam pela força, pelos significados que nos remetem. Dos que eu li, só o primeiro ficou devendo aos demais, mas talvez pela leitura que fiz, como se fosse uma explicação, e não uma história, propriamente.
Boa sorte no desafio.
Oi, Mini Me!
Bem interessante essa sua sequência de microcontos. Alguns me deixaram bem impressionado, você tem boas ideias. Não há, porém, muita relação entre eles – o que não é algo que seja avaliado nesse desafio, mas eu procuro observar.
Gostei bastante do E2. Segue bem a música gatilho, mas você conseguiu trabalhar a narrativa com bastante eficiência. O E1 é um primor. Excelente história, texto ousado e bem inteligente.
Não gostei do B3. Embora não seja complexo, acho que houve muitas ideias para pouco texto. Talvez você possa trabalhar melhor essa história numa narrativa maior. Os demais textos, embora não tenham me impactado tanto quanto os dois últimos, são construídos de forma competente.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Mini Me, fiquei grogue.
Me senti em um ringue da nobre arte, recebendo e assimilando golpe após golpe. Que sequência…que talento.
A2 é só um jab, leve demais, previsível, só assusta um pouco.
Mas em seguida, vem a saraivada.
Ócio recreativo faz ver estrelas. E no E1, é lona, para delírio do público! Você espancou o leitor com tamanha elegância e perspicácia que saí da arena agradecido.
Parabéns e boa sorte.
Que esmero, Mini Me. Gosto quando o escritor cuida da parte estética de seus textos. Os títulos estão bonitos, facilita o trabalho do leitor indicando o estímulo (eu, pessoalmente, estou dando pouca bola para isso, pois inspiração é algo muito versátil e uma imagem pode gerar inúmeras ideias) e ainda criou textos bem escritos e caprichados.
Gostei também da veia poética em alguns contos. Você é um escritor versátil. Os micros mais racionais, mais durões, também estão impecáveis.
Meu micro favorito é A3 – O ócio recreativo. Gostei bastante da reflexão. Não sei se o progresso constante é inimiga da felicidade, mas ela realmente impacta nossa forma de viver e encarar o mundo, além de constantemente alimentar a competitividade. Acho que o progresso desmedido gera essa infelicidade. É uma consequência dele.
Gostei da leituras! Textos bem escritos e caprichados!
[A2] Bom micro. Impactante e faz bom uso da palavra de estímulo. Tem uma vírgula mal colocada no início que incomoda bastante. Compromete, mas a ideia se sobressai.
[A3] É uma ideia interessante, ainda que difícil de concordar, rs. Peca por não construir uma narrativa. É mais uma brincadeira com a palavra.
[B3] Bonito texto, boas referências à banda e ao festival. Bom uso do estímulo também. Gostei.
[B4] Boa referência ao Mágico de Oz, mas achei o conto meio afetado, rs. Não curti muito.
[C2] É uma frase de efeito que até pode funcionar. Mas, sendo um pouco analítico, não faz sentido. Também não traz nenhuma narrativa. Não gostei desse.
[C4] Tem um lirismo muito interessante. É bonito. Mais reflexivo do que narrativo. Mas funciona.
[D1] Boas imagens, mas juntas não dizem muito. Também não desenvolve nenhuma trama. Abaixo dos demais.
[D3] Interessante. Mas nesse ponto os micros já parecem abusar das referências. Creio que foi intencional, mas, ao menos para mim, ficou cansativo. Aqui há uma narrativa em segundo plano e um uso interessante da imagem de estímulo.
[E2] Gostei. Muito bom o aproveitamento da música de inspiração.
[E1] Muito bom! Excelente jogo de palavras, criativo e faz um uso criativo da música de estímulo. O que mais gostei dessa coleção. Foi inteligente a opção de utilizá-lo como fechamento.
No todo, achei irregular. Alguns bons, outros nem tanto. Talvez valesse a pena ter cortado os que menos se destacam. Não vi os títulos acrescentando muita coisa, o que costuma ser característica de microcontos. O saldo geral ainda é bastante positivo.
Desejo sorte no certame.
Abraço.
Os textos correspondem bem ao pseudônimo escolhido – um personagem de comédia, um agente secreto que vê o mundo com frieza, preparado para as cenas, as dicas as reflexões e os sustos trazidos pela realidade.
Preferido? “Os corpos vazios se rendem aos vazios dos copos e fingem ser amor o que é só desejo. Amanhã, se houver, ela vai esperar uma mensagem, enquanto ele faz mais um risco na bota.” – apesar de um pouquinho prolixo, mas amo um jogo de palavras, de significados.
Parabéns e sucesso no desafio! Abraço.
Oiiii. Abaixo falarei separadamente de cada um dos microcontos:
(A2)
Um microconto sobre um pilotão de fuzilamento em que apenas metade das armas estão realmente carregadas em uma tentativa do soldados não saberem quem deu o tiro que matou. Mas enquanto isso pode tranquilizar a consciência deles nada muda para o condenado que tem a consciência que vai morrer.
(A3)
Um microconto que reflete sobre o ócio e também sobre o trabalho que levou a diversas invenções. Também reflete sobre como apesar do ócio não fazer a roda do trabalho girar ele pode ser relaxante, principalmente se a pessoa estiver deitada em uma rede. Ele me lembrou de uma piada. Na piada em questão um homem fala pra outro que estava há muito tempo deitado numa rede: “Preguiça é pecado”. O homem deitado na rede responde: “Inveja também “.
(B3)
Um microconto comovente sobre a força de um amor, que na velhice, enfrenta os muros da falta de memória para que possam continuar construindo alegrias.
(B4)
Muito bom. Esse foi o que mais gostei, pois transformou em poesia a cena do músico de rua tocando.
(C2)
Um microconto trágico sobre com as vezes a pessoa está amando sozinha no relacionamento. Como diz aquela música ele se apaixonou pelo que tinha inventado da pessoa e só percebeu isso quando era tarde.
(C4)
Um microconto sobre um personagem e a resiliência que o fez se casar com a Vida depois de ter caído e se levantado e criado raízes também.
(D1)
Um microconto que reflete sobre o ato e as dificuldades de se criar uma histórias. Como diz no texto, muitas vezes escrever pode parecer uma dança impossível.
(D3)
Um microconto principalmente sobre recomeço, pois a mulher da história está indo para algum lugar diferente na tentativa de fugir dos seus amigos falsos, antigos amores e talvez até dela mesma.
(E2)
Um microconto que faz uma reflexão sobre amores e relacionamentos líquidos que muitas vezes se desfazem sem nenhuma ligação de despedida.
(E1)
O final do microconto é chocante, pois quando fala do futebol entre amigos imaginamos um clima leve de diversão de final de semana e por isso o assassinato no final foi ainda mais impactante.
oi Mini me, seus contos tem uma mensagem forte e clara. mostra uma realidade crua, mas sem ser cruel, com poesia. difícil escolher um melhor, mas me marcaram mais A2 e E2. parabéns.
Microcontos 2021 – Mini Me
[A2] Negação e certeza (Pelotão)
Texto muito bem escrito. A descrição do pelotão de fuzilamento é de dar calafrio, tarefa inimaginável para muitos. Cada um sabe como lidar com a sua consciência. Angustiante.
[A3] O ócio recreativo (Ocioso)
É verdade. Que beleza de descrição, o danado do ócio é apaixonante. O homem não nasceu para o trabalho. Existe um filósofo coreano que afirma isso, concordo com ele. Se não fosse o danado do Pedro Álvares Cabral, nós, brasileiros, estaríamos no bem-bom até hoje, uai! Gostei do conto. Reconfortante.
[B3] Eduardo e Mônica (Casal idoso)
Que lindeza! Que viagem! Jimi Hendrix, Janis Joplin, Joe Cocker, The Who, Creedence Clearwater Revival, olhe a galera que está aplaudindo o seu texto! E eu… Grandes recordações. Nostálgico.
[B4] Repleto e vazio (Clarinetista)
O autor despejou uma bacia de poesia. Que banho bom, estou encharcada. Encantador.
[C2] A verdade dói (Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.)
Trem pesado. A morte tudo apaga, será?! Instigante.
[C4] A sombra e o sol (O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.)
É, a vida exige coragem. E como! O autor é extremamente poético, não faltam cadiquinhos de poesia espalhados em todos os contos. É dos meus. Sereno.
[D1] Rotina de escrevinhador (ilustração: livro aberto)
Menino, sabe aquele conto que ganharia o primeiro lugar? “Ganharia”, coloco na condicional em razão do trecho: “pingos nos “is”. Soou como usar camisa verde-amarela e defender a cloroquina! Brincadeirinha, o texto é lindo e você lacrou quando escreveu: “e um tolo inventando passos de uma dança impossível para seus dois pés esquerdos”. Amazing!
[D3] Bye bye (ilustração: menina com a mala)
Olhe só, comecei o domingo ouvindo Beatles, culpa sua! Ou melhor, presente seu. Lindeza de música e lindeza de texto. Acho interessante que, em cada frase que escrevemos, colocamos tantos significados, infinitos. Que coisa poderosa é o cérebro humano, como consegue registrar tanta vivência, meu Deus! Hoje, apesar do dia ainda estar começando, já viajei muuuuuito. Saudosista.
[E2] Dinossauros e rinocerontes (Música: Formato Mínimo (Skank)
Texto denso, real. Fiquei em dúvida com o significado de “risco na bota”, mas acho que se trata de “apenas mais uma conquista”, será que é isso? Forte.
[E1] Escalação de um time de futsal (Música: A Lista (Oswaldo Montenegro)
Eita! Que conto bonito, quanta história represada em quatro linhas, uma vivência. O desfecho é perfeito: “e o morto, que era reserva, jamais confessou seu amor ao pivô de tudo”. Dizer mais o quê? Awesome!
Mini Me, você foi meu espairecimento nesta manhã de domingo, obrigada!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Seus comentários são sempre uma delícia de ler . Já falei sobre isso, até em nossa página no Facebook. Vc é delicada, sem perder a profundidade e a crítica necessária. Sim, o risco na bota marca mais uma conquista do homem rinoceronte. E só não entendi a questão dos pingos no “is”! Minha intenção era somente dizer do arremate. Cloroquina? Deus nos livre. Camisa amarela? O vermelho sempre me vestiu melhor. Mas agora uso preto. Gratidão. Luz, saúde e paz! Abraço.
A 2- Esse micro fala da lógica dos fatos.
A 3- Esse é bem inteligente.
B 3- Woodstock é saudade que não acaba.
B 4- Coitado, não ganhou um níquel.
C 2- Muita desgraça em pouco tempo.
C 4- Muita metáfora e eu me perdi da estória.
D 1- Da imagem só vi a xícara e a estrada, mas valeu.
D 3- Faltou uma micro história coerente.
E 1- Essa é uma história trágica.
E 2- Um predador de mulheres incautas.
No total foram bons microcontos
Obrigado Antônio. Um bom leitor sempre motiva.
Oi Mini Me!
Você trouxe textos superlativos! Todos eles trazem uma mensagem muito clara, de forma direta, concisa e, ao mesmo tempo, lírica. Difícil até escolher um favorito, mas acho que vou de D1. Ah, mas e o A3 e seus homens ociosos?
Excelentes, um dos meus favoritos com certeza!
Parabéns e boa sorte!
Grato pelo comentário tão gentil e motivador.
Ola caro autor ou autora
Uma seleção interessante aqui autor. Bastante referencias a letras e músicas bem legais. Leitura ágil e boas estruturas. Vc colocou bastante personalidade em cada um deles. Posso dizer que gostei da maioria, principalmente da B4.
“Repleto e vazio
Repleto de inspiração, o músico derrama gentil, as notas sobre a calçada de tijolos amarelos. Os carros, respeitosos, silenciam seus motores, a lua escancara um sorriso e as estrelas desabam sem ar sobre a vasilha vazia.”
muito bom.
Parabéns e e sorte no desafio.
Grato por sua análise e leitura.
Olá, Mini Me!
Apesar da proposta ser mini, vc fez algumas coisas grandes. Sinceramente eu estou com muita inveja dessa sua criação aqui: “Os corpos vazios se rendem aos vazios dos copos e fingem ser amor o que é só desejo. Amanhã, se houver, ela vai esperar uma mensagem, enquanto ele faz mais um risco na bota.” Fui até procurar se não fazia parte da canção lá. Puxa, bom mesmo. Um jogo de palavras bonito com um cerne dentro da proposta, mas com personalidade. Queria ter escrito isso. KKKK.
Todos textos tem algo além a oferecer, sejam belas cenas ou reflexões, ou uma dica de música ou artista. É muito bom ver mais que significados. Ressalto os favoritos: [E2], [D3], [D1], [C2],[A3] – viu como gostei bastante? No mais, achei o texto [B4] excessivamente adjetivado e cansativo, apesar de curto.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Grato por sua análise. Abraço
Saldo Geral:
Outro escritor[a] que intitulou seus micros, além de inserir as referências. Agradeço por facilitar o trabalho do leitor que se embaralha no trocar de abas.
Sobre os contos, não percebi uma harmonia temática, nem organicidade nas histórias que contou. São como textos em papéis sortidos que ora funcionam, ora não. A abertura é maravilhosa e, apesar das análises provenientes de pelotões de fuzilamento serem uma constante no desafio, é sempre curioso descobrir o uso que o[a] autor[a] fará dela. Em todas, há a certeza da morte, muito bem descrita por você.
Há momentos bastante poéticos e metafóricos, como em B4 e D3 às vezes com um certo exagero , outros na medida certa. Há também, secura [C2], onirismo[D1], desilusão [E2], tragédia [E1], esperança [B3], enfim, um bocado de tudo que acaba deixando tudo um pouco vago e difuso, mas com algumas boas pérolas. Talvez ter selecionado um número menor de contos deixasse a apresentação mais coesa, porém, como definir o que entra e o que sai, não é?
Destaque:
“Os corpos vazios se rendem aos vazios dos copos e fingem ser amor o que é só desejo. Amanhã, se houver, ela vai esperar uma mensagem, enquanto ele faz mais um risco na bota.”
Talvez por ser o conto mais pé no chão da sua seleção? Não sei ao certo, mas acho que a brevidade do texto, a contextualização rápida dos personagens e a conclusão ambígua me chamaram a atenção.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Obrigado pela sua análise. Abraço