[A4]
“Chegaram, pai, chegaram! A tia Alcina passou na alfândega.”
“Uai! Mas e o Gerônimo?”
“Ele não. O tio ficou preso lá porque não queria tirar o canivete da cintura.”
“Eita! E o queijo e o doce de leite, passaram?”
“Sim, senhor. Estão na mala da tia Alcina.”
“Ah! Que alívio. Graças a Deus”.
[B1]
“Meninas, desde que nossas mães voltaram ao trabalho que passamos o dia enchiqueiradas, com as unhas por cortar e sem laços nos cabelos.”
“E eu que estou com o nariz escorrendo desde a semana passada!”
“Pois, então! Precisamos fazer alguma coisa.”
“Já sei. Vamos fundar um sindicato de princesas.”
[C4]
As flores do campo estão em conflito no Vila Formosa.
“Não há espaço”, brada a Azaleia.
“Arranje, circunde”, determina a Dente de leão.
“Como? Fazem buracos, que de tantos, tocam-se”, questiona a Margarida.
“Pois, trate de esparramar-se, querida”, encerrou o cravo, “salte sobre a morte, se preciso.”
[D2]
“Escrever é outro jeito de sangrar”, vi num post citando uma tal Sandra Godinho, enquanto, sozinha na casa, com a lâmina ao lado, me preparava para digitar uma última mensagem.
[E1]
Os congestionados anoiteceres da Rebouças. Mulher aos gritos como quem encarasse. Velhote beliscando minha traseira como que resolvesse. Legião de telas no colo e queixos no peito. Enquanto eu, escuto Renato cantar Giz depois de 24 anos. “Eu rabisco o sol que a chuva apagou…tudo bem, tudo bem…”
Você escreve bem, trouxe uma boa variedade de microcontos que demonstram uma boa técnica, mas, acredito que pelo cansaço, não me conectei muito com as suas narrativas. Sinto muito. Meu preferido foi B1, o único em que acredito consegui alcançar sua intenção irônica. Desejo sorte. Um abraço.
Olá, Elisa. Que pena. O cansaço pode mesmo nos atrapalhar muito, ou, eu preciso ser mais mais objetiva. Quem sabe num próximo desafio. Um abraço.
Olá, caro autor.
Para minha avaliação, utilizarei dois critérios principais: se o microtexto é uma HISTÓRIA e o IMPACTO que ela provocou.
Um espetáculo para todos os olhos e gostos. Alcançou quem largou a preguiça da proa e foi até a região dos corais. Textos não óbvios, repletos de sensações e significados e criticas não escancaradas.
[A4]
Você inicia acertando na fórmula ao usar diálogos, que trazem mais ação ao texto, sem necessidade de grandes explicações cansativas ao leitor. Quanto ao enredo, nada de novidade, parece até enfadonho, mas é bem humorado, traz um absurdo literário tratado com bastante naturalidade, o que dá muito charme ao conto.
[B1]
Adorei esse final. Um choque bem gostoso, absurdo, e que fecha um conto que parecia nada com nada. A politização das pequenas é um absurdo literário, mais ainda, a sindicalização ser solução para alguma coisa (kkk).
[C4]
Esse é o que eu chamo de porretada literária. Uma confluência de muitas sensações e sentidos e críticas, de forma não escancarada, longe dos tradicionais panfletos atuais. O uso dos seres inanimados, numa avaliação da situação catastrófica por outra visão de mundo, traz ao conto o imponderável, tão desejado nas pequenas narrativas.
[D2]
A frase do post = a ponte sobre o abismo = a salvação. Maravilhoso saber que o texto está redigido na forma pretérita, ou seja, o suicídio foi evitado por essa visão esplêndida da querida Sandra Godinho.
[E1]
Um texto que pipoca na mente, especialmente para os que amaram, e amam, Legião Urbana. A extrema delicadeza em meio aos turbilhões, era mesmo uma característica das composições do Renato Russo, e que foi trazida para uma situação cotidiana e muito provável.
Parabéns.
Olá, Florista, tudo bem? Gostei dos seus textos, embora B1 e D2 eu não consigo entender como se ligam com a referência que foi seguida… E1 também me deu certa dúvida, parece se encaixar nessa música e em outra… Enfim, escrita envolvente e gostei mais de A4 e D2, esse por causa de sua construção, embora tenha passado longe da referência a meu ver, como já disse.
Olá, Amana. Em B1 o estímulo me despertou sobre a inventividade infantil, afinal, não havia exigência de usar o estimulo como tema, mas como ideia mesmo. Em D2, a frase do post = a ponte sobre o abismo = a salvação. Obrigada, querida.
Olá,
Eu gostei bastante do primeiro. É aquele tipo de humor que foca no absurdo, e você criou uma boa anedota. De resto, não achei muito impactantes, e não me empolgaram tanto, infelizmente. mas pode ser o cansaço de estar comentando tarde da noite e de não entender de flores. Me desculpe
Boa sorte.
Oh! Felipe, que pena. Da próxima, tente não ler tanto a noite. O cansaço pode mesmo obnubilar a compreensão. E não era mesmo preciso entender de flores. Um abraço.
Micro: Reconheço esta técnica apurada de lançar flores ao mar. Só pode ser de uma das fabulosas “As Contistas”
Conto: Todos são histórias completas e originais. Ri muito com o A4 e a inteligência do C4.
Destaque: Tantas cenas em tão pouco:
[E1]
Os congestionados anoiteceres da Rebouças. Mulher aos gritos como quem encarasse. Velhote beliscando minha traseira como que resolvesse. Legião de telas no colo e queixos no peito. Enquanto eu, escuto Renato cantar Giz depois de 24 anos. “Eu rabisco o sol que a chuva apagou…tudo bem, tudo bem…”
Obrigada, querida, por sua tão gentil avaliação.
Olá, Florista.
Bem, a necessidade de comentar antes do fim do prazo me faz ser rápida e assim o seu conjunto de micros não me fascinou em particular, apesar da qualidade e inteligência da escrita. A1 é um conto de humor, mas é um humor excessivamente leve para chegar a atingir o objetivo; B1, não apreciei muito, ou então escapou-me o sentido; C4, simplesmente não entendi o sentido, está um bom diálogo mas certamente me escapa algo, ainda assim, se um micro não se sustenta por si mesmo, não é muito válido; D2 é de longe o melhor, nele você faz homenagem a uma amiga, usa uma ótima frase dela, passa uma mensagem de esperança através de um suicídio que (suponho) não chegará a suceder. Muito bom; Por fim, E1, também não captei muito bem enquanto conto. Como disse no início, estão bem escritos e são inteligentes, mas esses atributos não bastam, é preciso algo mais que não encontrei.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Olá, Ana. Que pena. A1 é um tragicõmico, na realidade, já que há o absurdo de comparar a chegada do adorado queijo com doce com a de uma pessoa querida. Seria preciso saber um pouco sobre as paixões do povo de Minas Gerais para entender o sentido desse conto. Em C4 fiz uma narrativa em que seres inanimados (flores) expressam sua visão de mundo sobre o caos da falta de vaga em cemitérios no Brasil, por conta da tragédia COVID. Em E1 utilizo uma das obras de um grande músico do passado, Renato Russo, cujas letras descreviam a beleza em meio ao caos, para uma cena de tranquilidade e nostalgia em meio ao transito enlouquecedor de São Paulo. Um abraço, querida. Espero me conectar melhor na próxima.
Sim, A1 é um tragicómico, mas ainda assim não me tocou muito, já em C4 e E1, existe a questão cultural (somos de países difrentes e com referências distintas) que o espaço de um micro não permite chegar a perceber que estão lá. Quando o conto é mais longo, normalmente acabo por perceber o que me escapa, num micro de 300 caracteres é impossível captar essa nuance. Falha minha, não sua.
Oie! Cara Florista, estou p. da cara porque vou precisar escrever todo meu comentário outra vez, perdi o danado haha’
Gostei da sua coleção, são bem escritos e estruturados, fiquei confusa com C4, precisei pesquisar, mas tornou-se meu favorito ao entender o contexto.
D2 me toca pois cada vez que exponho meus textos tenho vontade de cortar os pulsos rsrs’
Gostei do humor de A4 que é até um pouco óbvio, mas serve meu número.
E1 era meu favorito antes de entender o da Vila Formosa e o que menos gostei foi B1, mas nada que comprometa muito o conjunto, não consegui me conectar com a cena.
Parabéns pelos textos e boa sorte!!
Obrigada, Ana.
Pseudônimo singelo. Imagino contos coloridos e perfumados. A4 – Boa a brincadeira com o improvável. Provavelmente o tio Gerônimo fosse muito chato mesmo. B1- Imagino que o primeiro item do estatuto seja a nomeação de um soador de nariz. C4 – Gosto de humor negro. Vc daria um “up grade” usando algumas palavras de cemitério. Valas em vez de buracos, por exemplo. O fechamento foi ótimo. D2 – Tétrico, assustador humor negro. Gostei. Curto e contundente como uma adaga. E1- Aqui temos um problema de comunicação. Não entendi o que a florista tentou transmitir.
Obrigada, Klotz. Em A4, acho que a paixão por queijo sobrepõe-se até à chatice do tio (kkk). Em E1, utilizo uma das obras do grande Renato Russo, cujas letras descreviam a beleza em meio ao caos, para uma cena de tranquilidade e nostalgia em meio ao transito enlouquecedor de São Paulo.
ei, A Florista. eu sigo por aqui agora às voltas com as suas pequeninas histórias. E começa com uma história que me fez sorrir. Gostei da pegada do seu primeiro microconto. Usou bem o humor e o regionalismo mineiro na narrativa. Ponto para você. Realmente as suas criações mostram uma escrita madura, de alguém que sabe o que quer e que sabe usar a língua com competência. Em C4 gostei da ironia do cravo, sempre associado aos defuntos, mandar a margarida saltar mesmo sobre a morte. Fica com o meu abraço.
Obrigada, querido.
As vezes, uma bala basta! Afinal, dependendo do objetivo, só precisamos acertar um tiro. C4 é o seu tiro certeiro, direto na cabeça e por mais que estranho pareça, ainda transpassa o coração. Esse se destacou para mim, mas toda sua coleção é de grande qualidade. Parabéns e boa sorte.
Valeu, de verdade. Obrigada. Você descreve bem o sentido do micro: uma balada certeira.
Prezado(a) A florista:
Para começar, encontrei nos seus micros a palavra mais original – enchiqueiradas! A variedade de seus contos também impede que eu forme uma imagem clara de seu estilo, mas posso perceber uma sensibilidade extraordinária, principalmente em D2 e E1. Os demais, principalmente as flores do C4 , não tiveram tanto impacto como esses outros dois. Boa sorte no desafio!
Obrigada, Daniel.
Começou muito bem com um microconto que traz diálogo, agilidade e leveza. Um sopro de vitalidade.
No geral,as pequenas narrativas aqui apresentadas são muito bem escritas, fazendo bom uso das referências de inspiração.
O C 4 é especialmente criativo e, ao mesmo tempo, realista. A vida pede mesmo coragem diante de um cenário tão devastador. Que a primavera vença a morte.
C4 É o meu favorito.
Gostei da homenagem a Sandra Godinho, ela é mesmo uma baita escritora.
Os demais microcontos são interessantes e não destoam entre si.
Parabéns pela participação e boa sorte.
Obrigada, querida, mais um vez. Que a primavera vença. Que a beleza retorne.
[A florista]
[A4] Uma conversa simpática e bem humorada.
[B1] Gostei da ironia na conclusão. As mulheres enclausuradas sindicalizadas.
[C4] Outra vez o bom humor delicado em uma briga de flores.
[D2] Adorei a dubiedade de um falso suicídio com a arte de escrever e fez referência a uma colega de desafios. Achei o melhor da coleção.
[E1] Consegui visualizar o caos da cidade e o momento de constatação da personagem.
Obrigada, Davenir.
ola Florista. em primeiro lugar tenho visto muitas criticas referindo a não continuidade dos micros. pela regra os micros são independentes, logo essa critica não tem valor. Gostei do estilo coloquial e simples de A4, B1 mais complexo, exige raciocínio, entendi como uma sátira. C4 ficou bom depois que entendi sobre Vila Formosa. já li alguém falando, escreva o que você quer sem se importar se o leitor vai entender ou não. tb costumo não explicar muito, gostei bastante do micro, mesmo não entendendo no inicio. D2 curto e complexo. Foi o que mais gostei, e para terminar, E1 me pareceu mais uma memória do que um micro. no geral gostei muito do conjunto. parabéns , boa sorte.
Olá, Nilo. Obrigada. Quanto a E1, é sim um conto. Tem narrador, personagem, ação…contos também podem ser memórias. Obrigada por sua avaliação mais uma vez.
Olá, Florista!
Rapaz!! ou Moça!! 🙂
Vc escreve muito bem!!
Uma pena, que eu estou aqui relendo e alguns contos eu não vi conexão com a inspiração proposta… nossa que chato isto..mas realmente, eu estou devendo uma compreensão por aqui.
o texto A1, só colocar a palavra que tudo bem.. tudo bem.. rsrs Eu adorei o tom de piada, embora seja uma piada um tanto quanto comum.
o B1, gostei da palavra ‘enchiqueiradas’ hiuhauha mas nao sei como estas meninas do seu conto se conectam com a menina soprando bolhas de sabão.
no C4, eu ia dizer da falta de conexão, quando a incitação à coragem feita pelo cravo, salvou a narrativa.. gostei deste, muito criativo.
Amei a citação de nossa querida Sandra… mas, porém.. o que tem a ver com a imagem? aquela imagem da ponte surreal te fez pensar em suicídio? nao vejo como sendo isto possível, a nao ser q vc explicasse isto no conto.
este E1 foi maravilhoso!! vou ate copiar, q texto show!! uma pessoa comum precisando de uma força q o Renato muito bem sabe e pode dar hhehe, num coletivo paulista.. maravilhoso!! mas o q tem a ver com a musica do Oswaldo? 😮
To com medo de estar bem fora da curva, nao encontrando as conexões… peço milhares de perdões.
Vc está de parabens e acho q vc sabe disto, por escrever tão bem, sensível e inteligentemente.
Abraços
Olá, Anorkinda. Obrigada. A conexão de B1 é a relação tão conhecida de bolhas de sabão com inventividade infantil. Não havia exigência de que o conto considerasse o estímulo como tema, mas como estímulo, faisca, ideia. Quanto a C4, são flores em conflito pela falta de espaço num cemitério, devido à tragédia COVID. Em C2, a frase da Sandra É A PONTE sobre o abismo, a salvação para aquela vida. Obrigada por sua leitura. O leitor não tem mesmo que estar na mente do autor, isso é normal.
Olá, Florista.
Já começo por dizer que se não são mineiros esses parentes na Alfândega, acabaram de virar! A lábia do tio vai fazer com que o canivete passe, todo mineiro sabe como conversar. Já o queijo, ah, esse não pode ficar preso. Queijo é vida!
Em [B1], gosto da palavra enchiqueiradas, o uso dela deu um charme ao conto. E é engraçado como as Princesas burocratizam a questão: “Vamos fundar um sindicato”. Conto perfeito em linguagem, poesia, tema e estrutura.
Já [C4] chora em mim. Principalmente porque soube que os cemitérios de São Paulo repetem 1918, quando a gripe espanhola fez com que a morte deixasse de ser uma ameaça futura. Você, de forma poética e até primaveril, faz sua denúncia e mostra que dá para fazer literatura com política, aqui social, de forma a mostrar com riqueza a crueldade da vida e da loucura humana.E sua desconstrução sintática na frase questionamento da Margarida, mostra a força do superlotamento das covas. A personificação das flores é bem real e crível. Tema, estrutura e linguagem brilham aqui. Saltar sobre a morte é o fecho de ouro. Parabéns!
Já [D2] é um espetáculo entre surrealismo e literatura impressionante para um trabalho tão pequeno em estrutura! A transformação dimensional entre o imaginário partindo da mensagem anteriormente recebida, as ilusões ópticas sendo impressas na imagem da lâmina ao lado, a ideia impressa em “a última mensagem” que podem facilmente ser interpretadas como ironia onírica. A escrita é representada como um sucídio, até porque em alguns casos é, o escritor se expõe no que transfere da alma para o papel-tela. Porém, não há suicídio, pois “uma última mensagem” leva o numeral para a dimensão indefinida da linguagem poética, posque sim, esse conto tem tudo de estrutura do regulamento, mas sangra como poesia e não como terror.
Em [E1], o congestionamento e trânsito parado da Rebouças deixa de ser um pesadelo enquanto o narrador ouve “Giz” e assim, segue em paz, enquanto o povo aflito quase entra em suas telas. Nada mais zem.
Sucesso no Desafio.
Obrigada por sua avaliação, como sempre, tão dedicada e enriquecedora.
Contos muito bons, Florista. O D2 é o mais impactante, o que prefiro, mas sou simpática também ao primeiro, A4, soando como um boa piada mineira. Sua sensibilidade aparece bem na conversa das meninas, muito delicada, e na conversa entre as flores, embora com essa venham as tintas fortes do momento trágico em que vivemos. Parabéns, boa sorte!
Obrigada, Sandra.
MICROCONTOS 2021 – A FLORISTA
A4: História inocente, embora com conclusão previsível.
B1: Tem potencial este microconto, mas na opinião deste leitor inexperiente não combina com a imagem e a conclusão também considero um pouco sem graça.
C4: Gostei muito da ideia e achei fascinante, mesmo que tenho a sensação de que o motivo da briga das plantas me tenha escapado completamente.
D2: Microconto bem pesado e com efeito forte, para mim o melhor da coleção.
E1: Parece lindo, só acho que me faltam a experiência e vivência cultural para entender a proposta por trás das palavras.
Parabéns pelo trabalho diferenciado e boa sorte no desafio!
Obrigada, caro J. Bohn. Entendo completamente sua dificuldade em alguns pontos pela não vivência cultural e pelas diferenças de linguagem. Para entender o A4 é preciso saber da imensa paixão que o povo de Minas Gerais tem por queijo com doce de leite. No B1, utilizo a bolha como inspiração para a inventividade infantil. No C4, fiz uma narrativa em que seres inanimados (flores) expressam sua visão de mundo sobre o caos da falta de vaga em cemitérios no Brasil, por conta da tragédia COVID. Em E1, utilizo uma das obras de um grande músico do passado, Renato Russo, cujas letras descreviam a beleza em meio ao caos, para uma cena de tranquilidade e nostalgia em meio ao transito enlouquecedor de São Paulo. Assim mesmo, fico honrada por sua avaliação. Um abraço.
Caro(a) autor(a),
Seus microcontos balançam entre o riso e as lágrimas. Muito reflexivos, sensíveis. Eu diria, melancólicos. Não sei. Estão muito bem escritos e com uma leitura de mundo incrível. Esse é o terceiro ou quarto grupo de microcontos que leio e que não sei exatamente qual escolher, pela beleza, pelo encantamento que me provoca. Então, escolho todos, sem um em destaque.
Boa sorte no desafio.
Quanta honra, Evelyn. Obrigada.
Oiiii. Abaixo falarei mais detalhadamente de cada texto:
(A4)
Um microconto leve e divertido que fala sobre o dia em que o queijo e o doce de leite conseguiram passar pela alfândega, ao contrário do tio que ficou retido.
(B1)
Outro microconto divertido sobre algumas meninas que conversam sobre a fundação de um sindicato de princesas. Enquanto lia imaginava um clubinho só de meninas parecido com aquele do filme “Os batutinhas”.
(C4)
Achei esse microconto uma verdadeira obra-prima. Foi um dos que mais gostei do desafio. É uma obra muito sensível sobre o momento difícil que vivemos no Brasil. Sobre como muitos enterros foram realizados no país.
(D2)
Um microconto triste em que o tom melancólico da frase de abertura prossegue por toda narrativa até o momento em que fala de uma mensagem que provavelmente seria de despedida.
(E1)
Um microconto que mostra uma cena da rotina. Imaginei que ele se passa em um metrô cheio(devido ao pessoal usando os celulares e a cena da pessoa a beliscando em um tipo de assédio que infelizmente é muito comum em metrôs e ônibus lotados) em que a canção chamada “Giz” se mistura aos outros sons e imagens presentes no veículo.
Parabéns pelos textos e boa sorte no desafio!
Obrigada, Ana. O último micro se passa no transito louco mesmo, mas gostei da sua interpretação do metrô.
Oi, Florista,
Bons os seus minicontos. Vão do humor cotidiano, nos dois primeiros, ao sangrento D2 e poético E1. E tudo bem. Minicontos são como flores, cada um com sua vocação. Ao passear por humores distintos, você mostra um ótimo dinamismo.
O D2, ainda que seja um dos meus favoritos, me incomodou por ser uma (grande) frase só. Nada contra minicontos de uma só frase. Só que, nesse caso, acho que prejudica um pouco a leitura. Haja fôlego para uma frase assim!
Descobri, lendo os comentários, que o C4 faz referência a um cemitério. Aí fez mais sentido. Ainda assim, foi o que menos gostei. A briga das flores não me cativou.
O E1 mostra que você tem boas referências e muita sensibilidade para desenvolver, quem sabe em maiores narrativas.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Obrigada, Luiz. Sim, tenho tentado desenvolver narrativas maiores também. Um abraço.
[A4]
Muito bom rsrs. Um ótimo diálogo, com humor na medida.
[B1]
“Meninas, desde que nossas mães voltaram ao trabalho que (tiraria este que) passamos…”
Gostei da ideia do sindicato de princesas rsrs. Não vi muita relação com a imagem.
[C4]
Achei boa a sua ideia de usar as flores para este diálogo. Infelizmente, esse microconto só atinge seu objetivo total se o leitor souber que o Vila Formosa é um cemitério e, ainda mais, souber que ele é como foi descrito aqui nos comentários, o que tira um pouco o valor do texto.
[D2]
Essa tal Sandra Godinho é um espetáculo, que bom tê-la trazido para cá. Muito bom o uso que fez desta relação entre escrever e sangrar. Gostei bastante do final.
[E1]
Na primeira leitura pensei, “ué, mas a música não era essa”, na segunda leitura entendi que aqui você pega como inspiração a parte da música A Lista que nos fala das “canções que você não cantava, hoje assobia pra sobreviver”. Muito inteligente seu micro. Gostei.
Obrigada, campeã. No B1, tomei como ponto a imaginação infantil. Sobre a canção, pensei também nas coisas boas que ninguém mais faz. Um beijo.
Sim, a da música eu achei uma ideia muito boa. Da criança eu entendi que vc extraiu da referência a infância, mas achei que fugiu um pouco da cena retratada em si, mas foi um bom micro. Eu adorei os seus. Bjs
Florista, C4 é magnífico, dá vontade de ficar relendo (não por ser complexo, mais por ser belo ao extremo).
A4 é comum, não surpreende, embora engraçado, mas um engraçado meio óbvio.
D2 e E1 são bem escritos, inteligentes e fortes.
O saldo é positivo, sem dúvidas.
Parabéns.
Obrigada, Mário.
Marlo, desculpe.
[A4] Não condeno, também ficaria aliviado, rs. Achei divertido, gosto desse humor cotidiano, esse jeitão meio de causo. Você construiu bem esse clima num espaço tão curto. Bacana.
[B1] Também divertido, um humor muito sutil. Até tive que reler pra conseguir captar a brincadeira. Só achei muito distante do estímulo. Não que haja necessidade de ser fidedigno, mas aqui senti que fugiu excessivamente.
[C4] Creio que o conhecimento sobre o que é o Vila Formosa seja essencial para o entendimento do micro. Procurei no Google e apenas descobri que é um bairro. Busquei nos comentários e vi que é um cemitério. Só aí o texto passou a fazer sentido. É uma pena, porque o micro é muito bom, mas perdeu o impacto que poderia ter me alienando do seu significado. Não sei o quão famoso é o Vila Formosa, mas bastaria ter usado a palavra “cemitério” antes do nome para evitar esse efeito em quem não o conhece, o que imagino que seja muita gente. Apesar dessa falha, que considero grave, o texto é bom e faz um uso muito criativo do estímulo em que se inspirou. Abre um leque de interpretações possíveis.
[D2] Imagino que seja uma citação direta à autora. Não conheço a citação, mas aqui a referência não gera confusão. A imagem é muito forte e traz um significado bonito e triste sobre um suicídio, que é sempre um tema delicado. Um microconto forte, de grande impacto. Excelente.
[E1] O micro é interessante, construído de forma inteligente, fazendo bom uso de um jogo de palavras. Mas simplesmente não entendi a conexão dele com o estímulo. Li, reli, mas não entrou na minha cabeça. Talvez seja falha minha, não sei. Fiquei curioso por uma explicação, rs.
No todo, gostei muito. Uma coleção econômica e certeira. As ressalvas que fiz a fazem perder alguns pontos, mas certamente estará na minha lista final.
Boa sorte no desafio.
Abraço.
Olá, chefinho. B1 não fugiu nada (rsrs). Por acaso, imaginação infantil e bolha de sabão não tem nada a ver? Sobre o Vila Formosa, é o segundo ou terceiro resultado no google nesses tempos de muitos enterros. Mas, interessante, fui massacrada no último desafio de micros porque disse que Irma era o nome de um furacão que passou na Flórida. Disseram que eu até subestimei os leitores, afinal, quem não saberia o que era Irma? Pois, bem, nesse eu quis não ser óbvia e dancei de novo. Vá entender…No da frase, não suicidou. A frase era a ponte sobre o abismo. E em E1, a música não fala sobre procurar viver as coisas mais importantes, mais subjetivas, as coisas que ninguém se importa mais? Acho que te bateu uma onda de insensibilidade, hein? Ou, eu fui por demais incompetente e agora estou sendo por demais presunçosa (kkk). Bom, já foi. Um beijão e obrigada.
Boa noite, Florista!
É possível perceber que você possui um faro apurado para o que está acontecendo, um olhar sensível e forte, mas também sem perder a graça. O pseudônimo e as flores presentes em alguns dos micros complementam isso. E os micros vão do 8 ao 80 em temática, o que me espantou um pouco! A história da alfândega é engraçada, um ótimo tragicômico. As princesas, confesso, não gostei. Mas da metade pra frente foi só pedrada. C4 é super pesado e atual, comecei lendo e imaginando a reunião das flores na história da Alice e terminei com uma puta crítica/ constatação do que vem acontecendo no país. São tantas covas que não há espaços para as flores. Nem mesmo as daninhas.
D2 também é bastante engenhoso e nos fala diretamente, já que é literatura, é escrita, criação, o 1% inspiração e 99% transpiração. Conseguiu construir uma bela metáfora com o micro. Já me vi muitas vezes nesse cenário, cada palavra um corte diferente. C4 e D2 talvez sejam dois dos meus micros favoritos até agora e realmente se destacam. Olhando para o conjunto como um todo, os demais contos não me fisgaram tanto.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Honrada, Fil, com sua leitura. Obrigada.
É um belo trabalho, florista. Acho que honra sua profissão. Todo florista precisa cuidar das flores com esmero. E seus contos, com certeza, são belas joias floridas. Você cuidou muito bem delas.
Não há um tema geral, mas os microcontos possuem sua individualidade, são fechadinhos e bem delineados. Alguns me soaram comuns demais, como A1, mas isso é uma questão de gosto pessoal (apesar de ter rido com o final, hahaha). O C4 está carregado dum significado profundo e triste. Se eu não tivesse atualizado, talvez não entenderia as entrelinhas, mas não diria que isso é um problema: há um belo jogo de palavras que faz o conto funcionar sozinho.
Meu micro favorito é D2. É um texto pesadinho, meio melancólico, que abre espaço para algumas questões interessantes. Gosto da frase da Godinho: expressar-se é sangrar. Uma espécie de exorcismo de nossas dores, muitas vezes, de nossas ânsias.
Eu gostei do trabalho, sim. Você é uma ótima florista de palavras!
Que palavras tão gostosas de ler. Sim, expressar-se é também sangrar e quando encontramos quem nos compreende, melhor ainda essa terapia.
Microcontos 2021 – A florista
[A4] – Palavras: ALFÂNDEGA
Texto jocoso, adorei! Gerônimo teimoso ficou detido, mas “graças a Deus”, o queijo e o doce de leite foram liberados. Coisa de mineiro! Espirituoso.
[B1] – Fotografias: Criança com bolhas de sabão
Assim nascem os líderes. Sindicalista é coisa séria! Texto que traz “doce rebeldia”, mostra índice de deveres “maternos”, ou se trabalha lá, ou cá… Exigente.
[C4] – Frases: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
Florista, eu acho que, de todos os textos que li até agora neste desafio, este microconto é o mais emblemático, o mais grandioso. É totalmente revestido de significados, inteligente. Seguiu a linha da genialidade de Guimarães, com palavras simples traz o mundo aos pés. Genial, cara Florista, é isso que posso dizer desta sua criação. Estou encantada. Transcendente.
[D2] – Ilustração: relógio, abismo e ponte
Sim, no texto, a “lâmina ao lado” lacrou a frase da Godinho. Dolorido.
[E1] – Música: A Lista (Oswaldo Montenegro)
Outra preciosidade de texto. “Legião de telas no colo e queixos no peito. Enquanto eu escuto Renato cantar..”, olhe a construção pensada, legião e Renato. Frases distintas, mas casadas. Menina, como é que essa vida, sendo essa correria desenfreada, doideira pura, faz brotar textos tão delicados? Adorei seu trabalho!!! Genial.
Florista, estou maravilhada com o seu trabalho. Dos melhores que vi, até aqui. Parabéns!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Estou muito honrada pela sua tão dedicada avaliação e pela nota tão grandiosa que me concedeu no resultado final. Obrigada mais uma vez.
Olá Florista.
Você começou falando leve e ironicamente, com A4 e B1, e de repente, veio a tijolada com C4 e D2. Gostei muito, tanto da leveza quanto da tijolada.
Meu favorito foi o D2, me deu uma agonia tão grande com tão poucas palavras!
E o E1, retratando um cotidiano tedioso ea vontade de fugir.
Parabéns e boa sorte!
Muito obrigada, Kelly, por sua gentil avaliação.
A 4- Um micro só com diálogos. Ficou legal.
B 1- Nesse micro não vi relação com a imagem da menina brincando com bolhas de sabão num gramado, mas como fala de meninas, está valendo.
C 4- Flores brigando por espaço no Vila Formosa, que eu não sei o que é, não conheço, mas isso não importa. Não percebi a relação das flores com a frase de Guimarães Rosa. Falha minha.
D 2- Não entendi a relação desse micro com a menina atravessando a ponte e o relógio retorcido. Falha minha.
E 1- Achei esse micro o mais interessante, misturando metáforas, realidade, poesia e mais alguma coisa.
Antônio, Vila Formosa é um cemitério em São Paulo. São várias covas que não há espaço para as flores brotarem… Triste, meu amigo…
Valeu, querida.
Olá, Antonio. Obrigada por sua avaliação. Penso numa bolha como mais que uma roda fina de sabão, tem a ver com imaginação infantil. Com relação ao Vila Formosa, ao digitar no google já aparece como segunda ou terceira opção, e a relação com a frase é total, uma vez que aquela frase diz muito sobre luta e coragem em seguir vivendo. Sobre a frase no outro conto, ela é a ponte sobre o abismo, uma vez que o texto, redigido no passado, aponta que o suicídio não aconteceu.
Todo um contexto e uma ação foram apresentados em cada micro e os estímulos aparecem de forma sutil. Há comédia, há crítica, há lamentos, no conjunto de textos que o torna reflexivo e atual.
Preferido? ”Meninas, desde que nossas mães voltaram ao trabalho que passamos o dia enchiqueiradas, com as unhas por cortar e sem laços nos cabelos. (…)” Por quê? Bem que eu queria um sindicato desses. Apesar de achar que dava para enxugar esse texto mais um pouquinho.
Parabéns pelo trabalho e boa sorte no desafio. Abraço.
Obrigada, Fheluany, por sua leitura tão atenciosa.
Olá caro autor ou autora
Um pouco sobre minha leitura:
A4
Esse mini tem uma dose de cotidiano boa, mas me pareceu um pouco simples demais, com um final sem tanta relevância ou algum gosto chamativo quando consumido.
B1
A ideia de criar um sindicato de princesas foi boa demais! No entanto o inicio pareceu um tanto desnecessário em certos aspectos.
C4
Esse é disparado o melhor em minha opinião. Cada parte conversa com facilidade entre si. O tema de flores caiu bem com todo o dialogo carregado e bem inserido. Com louvor o melhor dessa lista!
D2
Um texto bom e reflexivo. Garante a atenção e brilha ao mostrar o peso do sensível assunto. O segundo melhor para mim.
E1
Aqui o texto não começa tão bem e vai assim ate quase a metade, depois disso um uma boa historia coberta uma otima musica e nostalgia de primeira.
Parabéns pelo trabalho e boa sorte no desafio.
Obrigada, Jeff, por sua gentil leitura.
Olá, Florista!
Então, o [C4] é um texto bem reflexivo e atual. Gostei muito dele, pois trata-se de uma discussão entre flores de um cemitério. Remete na hora ao nosso estado atual de pandemia. E aqui na minha cidade, Manaus, teve até enterros em valões (coletivos). Eu simplesmente fiquei retida, baseada nessa interpretação, na fala “Fazem buracos, que de tantos, tocam-se.” De fato é um texto onde coisas inanimadas denunciam, sem tom didático, algo real e forte. Todos contos oferecem ou uma ironia, ou uma sensação de desespero, claustrofóbica, como o último texto no qual, o clima desesperador e claustrofóbico é aflouxado no fim pela música, oferecendo mais que um significado, a sensação de se respirar ar puro após retirar a máscara, ou fazer um furo no saco plástico que está retendo a respiração.
Em resumo, as sensações provocadas pelos textos em separados são muito boas, sendo os três finais mais fortes em repassar essas sensações.
Parabéns e boa sorte!
Obrigada, Maria. Gostei dessa analogia sobre o conto da música. Isso mesmo, um respirar em meio a essa loucura toda.
Saldo geral:
Cara florista, há pontos altos na sua criação. Não percebi uma linha de raciocínio que ligasse os contos temática ou narrativamente, o que não é necessariamente um problema. Porém há mudanças bruscas de tom que me assustaram, um humor irônico e até tragicômico é muito presente nos três primeiros contos até descambar na pedrada que é o D2 e o final soturno de E1. Nesses dois humores acabei me perdendo no trajeto. Não sei dizer, exatamente, se curti a viagem, pois quando cheguei ao último já tinha esquecido o primeiro, mas te garanto que senti as pancadas. Os estímulos estão diluídos com elegância nos contos, nada muito direto ou descritivo.
Destaque:
“As flores do campo estão em conflito no Vila Formosa.
“Não há espaço”, brada a Azaleia.
“Arranje, circunde”, determina a Dente de leão.
“Como? Fazem buracos, que de tantos, tocam-se”, questiona a Margarida.
“Pois, trate de esparramar-se, querida”, encerrou o cravo, “salte sobre a morte, se preciso.”
Aqui sinto que foi o ponto de equilíbrio dos contos. Há humor, há crítica política sútil, há tristeza pelo contexto terrível que estamos vivendo.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Obrigada, Thiago. Sinto ter te assustado. Não pensei mesmo em fazer algo monocolor ou monó-tono.