[A1]
Noite, farfalho, bombardeio colorante: roxo e vermelho.
Reinavam nas praças, sujando calçadas e carros, incomodando os enclausurados em câmeras e grades.
O praguejar raiava com o dia, punham as empregadas a varrer e lavar. Antes, contudo, elas colhiam e comiam: escape do labor.
Doce rebeldia.
[A3]
Passa ileso por homens, máquinas e armas no ir e vir de seu ofício. Nada ocioso, ralenta o ritmo quase imperceptível das batidas de seu peito frio, emperrando o ponteiro dos dias sobrantes.
Porém, se lhe cortarem a carne, a seiva escorrerá. A face se fará rubra, caso esbofeteado.
Ainda há pulso.
[B1]
Assoprei, ainda nova, frágil película de sabão.
Inflou, voou breve.
Pipocou antes deu lhe tocar a mão, agora enrugada.
— É sua vez pequena, meu fôlego já não basta.
[B4]
Tilinta o níquel no chapéu.
Amarrotadas, notas baixas caem, enquanto notas altas sobem para o céu.
[C1]
—Salário; sobremesa; sexo; tempo; horário de almoço; final de semana; uma boa noite de sono; lata de cerveja; alegria pós gol; xícara de café.
— Só?
— E o que mais?
— Nós dois, João. Acabou!
[C4]
GRAVIDEZ; HIV; DNA; COVID-19; VIDA.
Testou positivo.
Nasceu.
Esmoreceu.
Se convenceu.
Se isolou.
Morreu.
Testou negativo.
Agradeceu.
Se preveniu.
Negou.
Se isolou.
Morreu.
[D2]
Daqui ainda não vê. Só dali, quando atravessar a longa ponte, perceberá que se dissolvem os relógios.
[D4]
O mal espreita o garoto.
Ele foge entre ariscos pinheiros, densa floresta.
Alcança a clareira, rasgado, exausto.
Mãos nos joelhos, engasga o suspiro.
Destacada na brancura lunar, é a silhueta obscena da bruxa, que se aproxima, e que ri.
O menino senta na relva e aguarda, resoluto, seu sacrifício.
[E1]
— Amigo conto nos dedos!
Era maneta.
[E3]
plantada, regada, germinada, colhida, embalada, vendida, descascada, consumida, cuspida em caroços, plantada, regada, germinada, colhida, embalada, vendida, descascada, consumida, cuspida em caroços, plantada, regada, germinada, colhida, embalada, vendida, descascada, consumida, cuspida em caroços,
Olá,
Acho que você deve ser um poeta experiente. Vejo um trabalho de escrita muito cuidadoso, com observação até mesmo de métrica e rimas. É realmente muito rico. Gostei do jogo de palavras em D2, brincando com o nome do Salvador Dali.
Boa sorte.
Uma atmosfera poética permeia seu conjunto de microcontos produzindo diferentes efeitos. Em A1 e A3 gostei muito da sonoridade. B1 e B3 apostam na imagem, gostei também. C1 e C4 também me agradaram bastante e E1 é um primor de concisão. Os que menos me agradaram foram D2 e E3, o primeiro me soou como uma descrição da imagem; o segundo escapou ao meu entendimento. No geral, o conjunto me agradou bastante. Parabéns pelo trabalho. Um abraço.
Encontrei uma alma gêmea! Tudo bem, eu sou o irmão que nasceu feio e com sequelas. rs. A verdade é que encontrei alguma semelhança em nossas escritas, e, Narciso, adorou! belíssima coleção, muito poética, doce em alguns momentos, ácida em outros e sempre criativa. Gostei muito! Já disse isso! Parabéns e boa sorte.
Amigo, já é a segunda vez que nos identificamos em nossos textos. Para mim, é um prazer!
Grande abraço!
Oiiii. Microcontos poéticos. Abaixo falarei um pouco mais detalhadamente de cada texto sobre cada um deles:
(A1)
Um microconto que pode ser entendido de várias formas e parece ter coisas nas entrelinhas que ainda não consegui captar. Eu entendi que ele se passa naquele período da primeira ou da segunda guerra mundial em que as pessoas tinham que se esconder de bombardeios .
(A3)
Um microconto que pode ser entendido de várias formas. Eu entendi como uma história que narra a vida de alguém que é tão focado no trabalho que até parece uma máquina, mas como diz no final ele ainda tem pulso, ainda é humano.
(B1)
Um microconto sensível sobre uma bolha de sabão e a idade. Imaginei como se fosse uma senhora idosa lembrando de quando era criança e brincava com bolhas de sabão. No fim ela fala que não tem mais fôlego para essa brincadeira para alguém que provavel seria uma neta.
(B4)
Achei esse microconto muito poético. As notas musicais eram tão preciosas que as cédulas de dinheiro perdiam até o valor quando comparadas a elas.
(C1)
Um microconto em forma de diálogo. Uma das pessoas lista várias coisas que valoriza ou que deseja, enquanto a outra pessoa queria apenas que ficassem juntos.
(C4)
Gostei muito da estrutura usada nesse microconto. Ele é acima de tudo uma reflexão sobre como um dia a morte vai chegar para todos e desse mundo a gente leva mesmo só a nossa alma.
(D2)
Um microconto poético que entendo como uma metáfora para o amadurecimento, pois como diz só depois de atravessar a longa ponte que se percebe que os relógios se dissolvem. Acho que a longa ponte pode representar o passar dos anos que fazem com que a pessoa perceba como o tempo corre.
(D4)
Um microconto sobre um menino que foge de uma bruxa em uma floresta, mas apesar dos esforços no fim ele aparentemente desiste. Toda a atmosfera sombria da história foi bem narrada.
(E1)
Um microconto que fala sobre como amigos se contam no dedo.
(E3)
Achei muito criativa a estrutura desse microconto que parece contar desde quando a semente é plantada até quando é consumida e cuspida em caroços, dando assim inicio a um novo ciclo e depois a outro.
Parabéns pelos textos e boa sorte no desafio!
Oi, Emma, você foi toda poesia aqui. E isso foi bom em alguns momentos e não tanto em outros, pra mim.
Embora o A1 tenha sido bem imagético, fico indecisa quanto ao que ele quer dizer no todo. Vejo mais como uma descrição do que a narração de um enredo de um micro.
O A3 foi bem mais compreensível e eu gostei dessa construção.
O B1 me pareceu bem implícito e eu fico me perguntando se foi realmente o que entendi. Mas da forma como interpretei, gostei muito, foi melancólica a imagem que construí.
O B4 parece mais simples, mas eu gostei dessa comparação entre notas altas e baixas.
C1 Interessante, mas fiquei em dúvida: João era precioso? O que João tem a ver com tudo o que foi relacionado no primeiro travessão? São coisas preciosas, também? Mas eu gostei do último travessão, quebrou a expectativa, me surpreendeu de alguma forma, me tirando da zona de conforto.
C4 ficou muito bem elaborado, mas sinceramente não acho que tenha se relacionado muito bem à frase do Guimarães. Parece que se desviou um pouco. No entanto, gostei bastante!
D2 Não consegui compreender o plot desse micro. Muito metafórico, ao menos para mim.
D4 Conseguiu ir além do que propunha a imagem. Coitado do garoto…
E1 – Curtíssimo e que vai ao cerne do tema da música do Oswaldo. Mas bem poderia ter colocado um tanto a mais de caracteres aí, né…
E3
A vida em um contínuo, seria isso? E a vírgula ao final pra deixar bem sacramentado essa “roda da fortuna”. Espero que eu tenha chegado perto do sentido dele, rs.
Meus preferidos: A3 e C4.
Micro: O que mais me impressionou aqui foi o domínio do vocabulário e a capacidade de mudança de estilo sem perder as rédeas.
Conto: Fiquei maravilhada com todos. E3 Ai que agonia essa vida! Não é que o poema C4 seja fraco, apenas muito bom, mas diante dos outros é covardia.
Destaque: Entre os melhores que li neste desafio:
[A1]
Noite, farfalho, bombardeio colorante: roxo e vermelho.
Reinavam nas praças, sujando calçadas e carros, incomodando os enclausurados em câmeras e grades.
O praguejar raiava com o dia, punham as empregadas a varrer e lavar. Antes, contudo, elas colhiam e comiam: escape do labor.
Doce rebeldia.
Percebi serem frutas caídas, pensei em jambo, goiaba, menos amora. E Amora é o nome de minha neta.
Catarina, minha cara, que coisa linda de saber! Vou publicar na área off o texto original que gerou esse micro. Espero que goste!
Olá, Emma. Você tem uma escrita bastante poética, apesar de eu não ter apreciado particularmente o conjunto dos seus micros, enquanto tal. Notei que existe uma linha que condutora que os permeia a todos: o tempo que não para, a vida que se repete em círculos que se repetem. Gostei da poética, mais do que da adequação e, como referi, da concretização.
A1 – Percebi o sentido deste micro, mas não apreciei particularmente a concretização, apesar da riqueza de linguagem.
A3 – O micro é muito bom e gostei particularmente da última frase, mas não o suficiente para me conquistar, uma vez mais foi questão de concretização.
B1 – Uma ideia muito bela e poética, por algum motivo também não amei.
B4 – Claramente o meu favorito. Tudo nele é bom.
C1 – Até gostei, apenas não achei que as coisas tenham sido preciosas enquanto duraram, antes aborrecidas. Então, na minha leitura, o sentido do micro é contrário à frase que o inspira.
C4 – Um belo resumo de muitas vidas, que assim podem ser reduzidas a meia dúzia de palavras.
D2 – Uma mensagem bonita e poética, adequada à imagem, mas não consegui ler como conto.
D4 – Este foi um conto bonito que ilustra bem a imagem que o inspira e que relata o percurso de vida do seu humano, no final resignado com a sua inevitável finitude.
E1 – É quase uma piada. Mas quem tem tão poucos amigos, também costuma ter a sagacidade de saber escolhê-los.
E3 – Gostei da repetição e da mensagem.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Qual a intenção por trás da escolha do pseudônimo? Um colchão? Não! A imagem é impactante e carregada de simbolismo. Fiquei curioso.
A1 – Palavras escolhidas a dedo na construção do cenário e sentimentos. Muito bom. A3 – Super denso. B1 – Texto com várias camadas a serem desvendadas. B4- Uau. Esse fez o meu gosto! Sutil sem ser escancarado. Duplo sentido com inteligência (não óbvio). C1 – eu me senti o João: levei um tapa na cara, tamanho impacto. Ótimo. C4- aqui mostra que tem arsenal para todo o tipo de provocação. Muito bom. C4 – independentemente do percurso, nada podemos contra a morte. Mandou bem. D2 metáfora boa. D4 lançou o conflito, lançou sentimentos, descreveu cenário, acrescentou antagonista e fechou com embate (ou falta dele), poupou nos caracteres. Muito very good. E1 – talvez o mais curto dos microcontos. Contundente como uma adaga. E3 – Confesso que não alcancei a intenção deste conto. Reli a provocação: Com sabor de fruta mordida. Por causa da sua qualidade na escrita eu me demorei mais tempo do que gostaria tentando decifrar este conto. Foi a primeira vez em que olhei os comentários alheios para tentar a resposta para a charada. Não adiantou. Saquei na hora de escrever que se trata de um círculo de vida, em que os descartes germinam novos frutos. Parabéns: pinça as palavras certas. Domínio das palavras. Conduz o leitor. Constrói os contos com destreza de joalheiro.
Olá camarada, que bom que curtiu os micros! Emma é uma referência à Emma Bovary.
Prezado(a) Emma:
Cada um com seus problemas: o meu foi justamente a exuberância léxica dos seus textos, centrados muito mais no contraste e estranhamento vernacular do que a lógica narrativa. Meus preferidos são justamente os que têm uma história inferida, como B1 e B4, e principalmente C1, com uma nota de Dalton Trevisan. Mas o mais marcante foi o E1, ainda que falte, a meu ver, “amigo conto nos dedos DA MÃO”. Sucesso, parabéns!
Que isso, rapaz! Eu tinha é que ler mais Dalton para melhorar meu texto. Grata pelo comentário.
Olá, Emma, cá vou seguindo eu, agora às voltas com os seus microcontos. E preciso te contar que estou encantado com esse seu B4. Para mim, pelo menos até agora, um dos maiores contos do certame. Caem as notas baixas e as notas altas sobem aos céus. Uau. Gostei também do microconto E3. Gosto desse seu jogo de palavra, achei que teve ousadia em me trazer essa repetição. Senti que algumas histórias são por demais herméticas e lhe confesso que faltou-me mesmo o entendimento de algumas coisas. Mas, te digo que deva ser muito mais pela minha incompetência de leitor do que da sua competência de escritora. fica com o meu abraço e sucesso.
[Emma] Os micros que mais me agradam trabalham mais com a dubiedade e a abertura de interpretações do que para abstração, que apresentada em poucas linhas são facilmente confundidas com poemas, que é o que une este conjunto. Alguns enfraquecem o conjunto, mas o saldo é positivo.
[A1] Uma peça delicada e bem escrita, pincela um momento mas não vai muito além disso.
[A3] Mais visceral, com uma história mais encorpada.
[B1] Um conto sobre a passagem de tempo. Preferia a dubiedade das idades que uma virada simples da expectativa.
[B4] Poesia pura, talvez por isso não me agrade como conto.
[C1] Aqui tem uma dubiedade interessante. Depois do resumo da vida do casal, há uma conformidade de um com a inconformidade do outro. Muito Bom!
[C4] Ótimo poema, podado demais para me agradar como conto.
[D2] Boa reflexão sobre a morte eminente.
[D4] O conto mais conto do conjunto. Não tenta ser outra coisa. Conseguiu imprimir tensão. Muito bom!
[E1] Achei mais próximo da anedota pura do que um conto anedótico.
[E3] Ah a repetição. O inferno na visão de shakespeare é uma repetição eterna. Adoro quando dão significado a isso.
Senta que lá vem poesia. Microcontos escritos com presteza, lirismo mesclado a um cotidiano pesado, como no [A1], a praça dos que brincam e aproveitam, e a praça dos que só são convidados ao trabalho de limpeza. Não sei se é bem isso, mas…Nem todos os textos foram compreendidos por mim, mas talvez lendo mais uma vez, e outra, e mais outra, quem sabe?
Narrativas curtas que revelam a escrita madura e sensível, mas não de fácil compreensão. Ou talvez, haja mais do que uma interpretação.
Meu favorito é [C4] porque me lembra uma brincadeira de relacionar palavras, e ao juntá-las se chega a outros tantos significados [positivos e negativos].
Parabéns pela participação e boa sorte.
Agatha, obrigado pela análise e comentário! Você, mais uma vez, captou o sentido dos meus textos, pelo menos em A1, o que me deixou feliz demais.
A ideia de C4 era essa: deixar as palavras disponíveis para o leitor montar o quebra-cabeça.
Grande abraço!
Vou adotar o nome Agatha… gostei. Meu nome é Claudia, o Angst é o sobrenome… Vou ver se consigo mudar isso. Muito obrigada pela sua resposta. Fico contente por ter compreendido seus textos. Abraço.
Oie! Olha, não sei por onde começo! Rsrs’ Já li e e li outra vez em voz alta, o vocabulário é brilhante, sonoro e poético, mas alguns dos seus micros me fizeram reviver a frustração daquelas poesias do E.M. das quais eu não conseguia apreender nem 30% da narrativa [A1] e [A3] principalmente, mas talvez seja a pouca intimidade da leitora que vos fala com a poética mais “abstrata”. Os demais pude me deleitar com a escrita e identificar uma cena. Há um tom de humor em [C1] e [E1] que me agrada, são curtos e divertidos, [D2] achei um pouco solto, mas ainda assim me pegou pela temática da passagem do tempo e da vida, espero não perceber os relógios derretendo tão tardiamente. No mais parabéns pelos textos e boa sorte no desafio.
Meu preferido: [B1] muito linda a cena criada!
Obrigado, xuxu!
ola Emma, A1 é intrigante, na minha cabeça ficou meio abstrato, li os comentários inclusive o seu e ainda assim não entendi perfeitamente. o que mais marcou foi justamente o que difere do seu estilo E1. o conjunto é interessante (insólitos) e bem descritos.
Emma, muito atraentes seus textos… comoventes!A cada um, uma surpresa! O D2 deixa um final aberto, a meu ver, inquietante, só na morte os relógios se derretem… Enfim, muita poesia todo o tempo, muita densidade nos textos. Essa repetição no E3, o amor na boa boa rotina do crescimento e degustação de uma fruta é muito lindo. Adorei, parabéns e muito boa sorte no desafio!
Olá, Emma
desde ontem estou tentando escrever aqui, é dificil comentar tantos microcontos juntos…
Estou apaixonada por sua escrita.. eu tenho quase certeza de quem vc é.. hehe
Muita poesia por aqui… amoooo né?! 🙂
Uma pena que o A1 eu não entendi.. rsrs mas do que desconfio achei interessante, muito, mas ficou enigmático demais, cara colega…
A3. ainda há pulso.. formidável… quase gritei aqui!!
B1.. é de uma sutileza que uma leitura rápída não conseguiria captar…a vida breve como uma bolha de sabão e passando a ‘bola’ pra nova geração..formidável.. arrepiei aqui
B4 é maravilhoso, nao tem nem o q falar… poesia pura! não sei se sem conhecer a imagem se entenderia, mas acredito que sim, as palavras desenharam a cena
Não sei se entendi o C1… nós dois, João acabou! será q a esposa cansou daquela vida sem ambição? viajei por este caminho interpretativo rsrs
Não sei se entendi o C4.. rsrs numa primeira lida, tá, ok.. meio óbvio, mas vc vai relendo e colocando camadas e ele aprofunda. Bastante
D2.. poesia pura tb!!! maravilhoso o jogo de palavras, daqui e dali… e os relogios dissolvendo… magnifico!!
D4 é muito triste.. rsrs não tem poesia aqui mas um conto completo e desde tamaninho.. é talento que se chama.
E1… uma piada…kkk engraçada por estar aqui entre os demais textos profundos, eu diria, dae esse maneta ae, meio q deu um choque, não muito bom, eu diria…
E3 ..incrível!!! amei a repetição e casa palavra muito bem estudada para estar ali e q significa tanta coisa! Eu pensei na vida do fruto mesmo, do alimento, primeiramente, mas vale para situações da vida, muito bom muito bom!!
Só o que não esta dificil aqui é colocar vc no topo da lista, Emma!
Parabéns.
Vamos para mais um Desafio em que acho que não estou pronta psicologicamente para alguns textos.
Em [A1], palavra usada, tem estrutura com tem clímax e desfecho bem marcado. [A3] palavra usada. Estrutura presente. Personagem indefinido, portanto não entendi o sentido. Em [B1] explorou a imagem, tem sentido, mas parece mais uma crônica.
Microcontos completos, sentido, tema, estrutura, ruptura, clímax e desfecho em [B4]. O mesmo alcance nos ítens [C1], [D2], [D4]. Detalhe que [C1] caberia bem na canção de Oswaldo.
Já [C4] parece Poesia Concreta e para tal é interessante. O interessante é que passaria como um Microconto se não houvesse a informação no tema, seria uma criação ambígua, exigiria do leitor conhecimento de mundo, obviamente alguns não captariam o DNA, eu mesma em Esmoreceu pensaria em velhice ou Covid, já. E seria interessante porque repetiria a intenção no segundo resultado e com isso lembraria que morrer é uma condição humana.
[E3] não fez sentido para mim.
Destaque para [E1]. Aqui o autor conseguiu costurar muitíssimo bem enredo, personagem, narrador, ruptura que ocorre entre a mudança de discurso, clímax e desfecho em conjunto.
MICROCONTOS 2021 – EMMA
A1: Bem executado, usando o tema de microcontos políticos, para quem aprecia.
A3: Microconto expressivo, clinicamente preparado, que permite várias interpretações interessantes. Gostei.
B1: Fofo, mas um pouco simples na conclusão.
B4: Poética e nítida. Mas a mensagem por trás disso me escapa.
C1: De língua afiada. Coitado do João. Parece que os Joãos deste mundo devem sofrer muito nos microcontos.
C4: Abordagem original. Gostei!
D2: Este microconto achei o mais fraco da coleção. Parece mais uma legenda da imagem que um conto mesmo.
D4: Interessante. Mas a bruxa está voando com um gato, olhando para cima para a lua cheia. Então tem a cara de ser fofa e não cruel e obscena. Se ela for malvada mesmo, coitado do menino João também.
E1: O microconto mais curto e conciso da coleção. E ainda assim aquele que mais convida a refletir.
E3: Uma ideia interessante, mas não levada até o fim e sem muito sentido para este leitor inexperiente.
Parabéns pelo trabalho bem-feito e boa sorte no desafio!
Oi, Emma,
Que maravilha esses seus textos! Escrita muito apurada, frases elegantes e boas ideias. Gosto de como você insere a poesia em seus minicontos sem deixar a narrativa de lado.
C4 e E3 são experimentações linguísticas eficientes. O D4 é uma ótima apropriação da ilustração, suspense em 300 caracteres não é para qualquer um. O B4 e o D2, na minha opinião, ficam muito dependentes da imagem que os inspirou, mas nada que os prejudique. O C1, no meu julgamento, é o destaque negativo. Acho tudo nele muito abrupto.
Boa seleção, obrigado por compartilhar conosco seus textos.
Boa sorte!
Prezado(a) Emma, vejo muita densidade poética no teu texto (elogio).
Complexo, instintivo e bem escrito.
Gosto muito do E3.
Parabéns e boa sorte.
Marlo, apreciei demais os seus micros. Que alegria esse retorno da sua parte!
Grande abraço!
Caro(a) autor(a),
Creio que o movimento das palavras e sua escolha podem nos remeter à poemas. Talvez isso seja o que não se enquadre em alguns. Eu gostei das construções de uma maneira geral. Senti confusão ao ler o B1. O E3 me lembrou uma música dos Titãs – essa sequência de palavras (não propriamente as palavras, mas a construção).
Boa sorte no desafio.
Olá, Emma.
Bom, todos nós temos nossas limitações. Literariamente, as minhas esbarram na poesia: não há quadrúpede no reino animal que seja mais tapado do que eu para absorver a linguagem poética.
Digo isso porque há muita poesia em seus micros. Creio que alguns poderiam mesmo ser considerados poemas, ainda que fugindo da estrutura em versos. E eu, no alto de toda a minha ogrice, não entendi lhufas.
Obviamente não estou apontando um defeito no seu texto, estou apontando um defeito em mim enquanto leitor e explicando o porquê de eu ser incapaz de absorver e analisar alguns dos micros.
Isso posto, vamos a eles:
[A1] Consigo perceber a beleza na escolhas de palavras. Mas não entendi patavina do texto. 😦
[A3] Idem. 😦
[B1] Acho que entendi alguma coisinha. A passagem do tempo, a fragilidade das pessoas, a velhice inescapável. Ao menos eu acho.
[B4] Esse eu entendi. Também poético, também bonito, mas senti falta de desenvolver uma narrativa, por menor que fosse. O micro não se sustenta bem seu estímulo, o que, pra mim, é uma falha.
[C1] Bom micro, divertido, bom uso do estímulo.
[C4] Parece poesia até na estrutura. Aí você me ferrou rs.
[D2] Interessante, muito esperto o trocadilho. Mas outro que depende excessivamente do estímulo pra funcionar.
[D4] Aqui, aos meus olhos, você encontrou o equilíbrio perfeito. Há lirismo no texto, mas ele forma uma narrativa compreensível e que não depende do estímulo para ser apreciada. Gostei das imagens e do sentimento evocado. Ter gostado tanto desse me fez lamentar não ter conseguido curtir os demais.
[E1] É mais uma piadinha do que uma pequena narrativa. Mas é uma piadinha muito bem sacada e gera aquele sentimento desconfortável de rir de algo tão cruel, rs. Gostei.
[E3] Juro que tentei. 😦
Então, Emma, sei que fui um leitor decepcionante. Até me desculpo, rs. Acho que você entende que assume um certo risco ao adotar um estilo mais lírico. Com muitas pessoas vai funcionar maravilhosamente. Infelizmente, comigo, não deu liga. Acontece.
Desejo sorte no certame.
Abraço.
Brunão, está tudo na paz! Juro que ri com sua análise sincera, sei que foi de coração.
Grande abraço!
Boa noite, autor!
O que mais me chamou a atenção em seus micros é a engenhosidade com que os construiu. Tudo é bastante intrincado, poético e bem colocado. O “dali” no D2 demonstra muito isso, o cuidado com o jogo de palavras. O C4 também, talvez um dos meus preferidos, justamente por brincar até mesmo com o formato do texto, entregando dois caminhos de vida diferentes a partir do positivo/ negativo, mas cujo final será sempre o mesmo, exigindo uma segunda leitura mais atenta. O “pulso ainda pulsa” em A3 também foi outro destaque.
Então, de maneira geral, gostei bastante da maioria deles, pelo capricho na construção dos micros e na atenção aos detalhes, demonstrando uma versatilidade excelente. Alguns poucos confesso que gostei menos, por mais que tenha essa qualidade da construção (como o último), acabaram não me cativando tanto.
Parabéns e boa sorte!
Obrigado!
Microcontos 2021 – Emma
[A1] – Palavras: PRAÇA
Acredito que o texto mostra o movimento de uma noite, pessoas se juntam, o mundo se suja (de lixos), os garis limpam na manhã. Seria isso? Metafórico.
[A3] – Palavras: OCIOSO
Vixe! Emma, que trem camuflado! Confesso, não captei vossa mensagem, inteligente guru, desculpe-me. Sou lerda. Pensei no tempo, mas acho que viajei. Se cortar, sangra?
[B1] – Fotografias: criança com as bolhas de sabão
Pura poesia. A vida passou, o fôlego tornou-se curto. Parabéns pela narrativa sensível. Doce.
[B4] – Fotografias: CLARINETISTA
Lindo contraponto dos sentidos de “notas”. Genial.
[C1] – Frases: “Há coisas que são preciosas por não durarem.”
É, se a vida se resumir a isso, misericórdia! Ainda bem que não, né? Texto incisivo, corta feito “aço de navaia”. Muito bom. Direto.
[C4] – Frases: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
Esse negativo enganoso, esse negacionismo destemperado, tudo isso leva pro buraco. Que linda construção você fez, Emma! Texto pensado, trabalhado, genial! AWESOME!
[D2] – Ilustração: relógio, abismo, ponte
Poesia danada. Quanta coisa guardada em tão poucas palavras. Mas, olhe, quero continuar contando as horas!!! Texto lindo! FILOSÓFICO.
[D4] – Ilustração: a bruxa e o gato
A descrição da morte. Não adianta correr, mas é preciso lutar. Emma, quanta poesia! Trágico e poético.
[E1] – Música: A Lista (Oswaldo Montenegro)
Caraca! Conciso e na jugular! Verdade, a palavra “AMIGO” nomina uma preciosidade, diamante muuuuuito valioso e caro. Certeiro.
[E3] – Música: Todo o amor que houver nessa vida (Cazuza)
Eita! Parece texto da dona Regina, uma saraivada de adjetivos. Mas não é. Aqui, a escrita descreve amores desfeitos, desdenhados, menosprezados, desmerecidos, depreciados, diminuídos, desacreditados, desprestigiados, desvirtuados… Esse trem dói. Gostei! Amargo.
Emma do céu, vou fazer uma pausa, dormir por umas três horas! Você acabou com a saúde do meu Tico e do meu Teco. Coitadinhos…
Parabéns pelo trabalho!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Ruth Ruth, não queria ter dado esse nó na senhora! Ainda bem que, com sua leveza costumeira, conseguiu curtir o passeio.
Obrigado pelo carinho de sempre!
Emma, fia do céu, você escreve duma forma tão inteligente que dá inveja. Brincadeira, só tenho inveja de comida. Se amigo está comendo pizza e eu arroz e feijão, aí sim me derroto de inveja, hahahaha.
Brincadeiras à parte, gostei de todos os micros. Você escreve com tanta poesia, e faz isso tão naturalmente, que os textos, mesmo tendo aquela pontinha de artificialidade típica do poema, ainda fluem naturalmente. Acho difícil escrever prosa poética por causa disso, qualquer falha descamba para uma artificialidade maior. Isso não é ruim, claro, mas acho habilidoso do autor quando ele consegue dominar essa narrativa tão bem. É uma virtude, sabe?
Cada micro parece ter sua individualidade. Tudo bem definido. Fiquei imaginando como você brincaria com um conteúdo macro, aproveitando esse cenário de vários micros pra construir uma história maior.
Meu micro favorito é o A1. Imaginei várias coisas, mas gostei da seguinte ideia: miseráveis que, deparando-se com a situação da crise atual, aproveitam a noite para festejar, num grande escapismo, sendo eles mesmos os empregados que no dia seguinte limpam toda a bagunça. Acho essa história tão atraente por ela ser tão real. Quem mais sofre com essas crises é o pobre ignorante, que não teve oportunidade de estudo, que tem como ajuda do governo uma miséria. Essas pessoas precisam desse entretenimento, se não, afundam em si. Não é por nada que a depressão é o mal dessas últimas décadas.
Enfim, viajei demais, hahahaha. Parabéns pelo belo trabalho, Emma!
Poxa, Fábio, gostei de te cativar uma segunda vez aqui no EC. Há mesmo um comentário social em A1, um pouco diferente do que você pensou, mas o que vale é a visão do leitor. Que bom que curtiu!
Grande abraço!
[A1]
Algumas coisas ficaram confusas para mim neste microconto. O que as empregadas colhiam e comiam? Quem seriam os enclausurados em câmeras e grades? Há informações demais, que pouco revelaram da história.
[A3]
Muito bonito, este micro parece um poema.
[B1]
Passeie pelo seu micro como uma bola de sabão. Linda a forma como fala do tempo. Gostei muito do final.
Antes deu(de eu) lhe tocar a mão
[B4]
Ótima a forma como trabalhou a palavra nota. Adorei este.
[C1]
Gostei da ironia neste microconto. Final surpreendente.
[C4]
Praticamente usando apenas verbo, você contou uma história completa. É a vida.
[D2]
A ideia da palavra Dali foi sensacional. É exatamente o que nos remete esse relógio.
[D4]
Gostei do que criou com a imagem que parecia, à primeira vista, infantil. Um micro com suspense, leitura veloz. Gostei.
[E1]
Gostei da ironia em poucas palavras.
[E3]
Interessante o formato escolhido neste microconto. A repetição das palavras é a mensagem… tudo se repete. Ótima ideia.
Uhul, obrigado pelos comentários Fernanda, acho que foi a primeira pessoa que sacou o trocadilho com Dali, o que me deixou um bocado feliz!
Parabéns pelo título e grande abraço!
Olá THiago, sim, a ideia do Dali foi sensacional. Abraço.
A 1- Acho que esse não é precisamente um conto com personagens e uma história com início, meio e fim. É mais um poema, uma narrativa com metáforas, acontecimentos surreais.
A 3- Afinal, que profissão era dele que passava ileso pela violência?
B 1- Esse é um micro bem poético.
C 1- Muito bom, bem escrito, coerente.
C4- Gostei desse.
D 2- Não vi sentido com a imagem.
D 4- Um verdadeiro conto de terror. Achei meio estranho a frase, “ariscos pinheiros, densa floresta”. No lugar de “arisco”, eu colocaria “esguio”.
E 1- Esse é contundente.
E 3- Esse não tem estrutura de conto, é mais uma lista de coisas aleatórias.
Antônio, grato pelo feedback. Algumas observações que talvez possam esclarecer. Serei o mais breve possível, até para não causar ruídos na interpretação dos demais leitores, mas é que alguns pontos do teu comentário me intrigaram. São eles:
A 1 – Personagens: enclausurados e empregadas; a história começa a noite, tem desenvolvimento na sujeira consequente desse movimento noturno e se encerra com as empregadas varrendo e lavando, ou seja, começo, meio e fim.
D2 – Na imagem há ponte, travessia e relógios. No conto, o mesmo.
E 3 – Realmente são coisas “aleatórias”, sem relação?
Cordialmente, Emma.
Fique tranquila, meu voto vai ser pelo conjunto da obra, não importa se é conto ou poesia, pois pra mim há micro mais para poesia do que conto. Isso não importa. Não fica bem discutirmos nada agora.
Numa segunda leitura, entendi o último. Quanto ao primeiro, só a sua explicação para entender. Obrigado.
Olá, caro autor.
Para minha avaliação, utilizarei dois critérios principais: se o microtexto é uma HISTÓRIA e o IMPACTO que ela provocou.
Gostei da maioria dos seus contos. Alguns acima da média. Uma questão é: amo poesia e vi que os demais comentaristas estão amando seus textos por isso, mas, permita-me, não consigo avaliar alguns deles como bons, especialmente pelo aspecto enigmático. Não acho que microtextos sejam o melhor lugar para enigmas. Mas, vamos a eles:
[A1]
Eu confesso que não consegui saber sobre o tema do seu micro. Pode ser falta de sensibilidade minha, mas, em todo caso, no caso de microcontos, os enigmas não desvendados não são muito bem vindos, na minha visão. Carnaval? Pareceu-me isso. Mas, anda que seja, os outros personagens soltos, as empregadas que comiam…realmente não entendi. Desculpe.
[A3]
Bastante poético e de escrita bonita. Mas, quem? Quem é o personagem do seu texto? Eu precisaria saber para avaliar as ações e os desfechos da história dele. Mais um enigma, caro autor. Desculpe mais uma vez. Não gostei do texto enquanto um microconto.
[B1]
Me pareceu mais uma poesia em forma de conto. É sim uma história, como os demais, cheia de figuras metafóricas e bastante poético.
[B4]
Esse sim, um micro perfeito, com alvo definido. Gostei muito.
[C1]
Excelente. Sei quem são os personagens e o que eles desejam. Ótimo conto. um final terno para o que parecia ser uma história largada.
[C4]
Boa jogada e com a finalização na dura realidade inescapável. Bom texto.
[D2]
Uma descrição exata da imagem, em termos poéticos, mas que não me causou muito impacto enquanto um conto.
[D4]
Angustiante. Esperava uma reviravolta e ela não veio. O natural se confirmou. E isso foi o diferencial do texto. Bom conto.
[E1]
(kkkkk) Boa.
[E3]
O ciclo inevitável, natural. Estranho e surpreendente que apenas um conjunto de palavras, sem conectivos, possam contar uma história, mas contou. Excelente.
Dentro de um esquema próprio, cada micronarrativa ganha vida, com um sopro poético.
Cada fragmento pode ser sentido e assimilado, imagética rica e algum sarcasmo.
Preferido? “Daqui ainda não vê. Só dali, quando atravessar a longa ponte, perceberá que se dissolvem os relógios.” Por que? Talvez pela fase da vida em que me encontro. Fiquei meditativa…
Parabéns pelo trabalho. Boa sorte no desafio. Abraço.
Olá caro autor ou autora
Vi aqui algo que gosto muito, uma boa poesia em doses equilibradas. Cada uma com um tempero e gosto único. Bem equilibradas e construídas. Me apaixonei pela B1
“Assoprei, ainda nova, frágil película de sabão.
Inflou, voou breve.
Pipocou antes deu lhe tocar a mão, agora enrugada.
— É sua vez pequena, meu fôlego já não basta.”
Uma poesia pequena, mas que diz muito. Um deleite. Para não dizer que só falei de flores, os que não me agradaram foram os dois últimos, mas gosto é gosto.
Parabéns pelo trabalho e sorte no desafio.
Olá Emma!
Gostei demais dos seus micros. Meus favoritos por enquanto! Lindíssimos, poéticos, originais.
Amei especialmente o A1. Um texto que pode ser dissecado intelectualmente, mas que é melhor se saboreado só pelos sentidos. Evocou imagens e cores e me levou a ipês e flamboyants e vizinhas ranzinzas reclamando da sujeira.
Ah, e o C4, tão verdadeiro e atual… disse tanta coisa, disse muito, disse tudo!
Parabéns e boa sorte!
Olá, Emma!
Desde quando li seu texto, sobretudo o primeiro, busco referências para melhor compreender o que ocorre, ou se há algum período ou fato histórico incrustado aqui. Minha odisseia não é de todo infrutífera até agora, pois sei que gostei e penso que isso seja bom, afinal se o artista faz o leigo curtir sua arte sem que compreenda de todo é válido, não? Joguei no google a imagem e li sobre a vida da artista, mas não captei por inteiro a ligação, o que me faz sentir burra. Talvez haja algo mais no filme com mesmo nome do seu pseudônimo e, como não assisti ainda, é possível que algo mude após fazê-lo.
Enfim, só o [D -4] destoa dos demais (em minha opinião), por ser fechadinho na imagem, entretanto, até o momento você está entre os meus autores favoritos.
Há doses de ironia, sagacidade fina e vc consegue em poucas palavras dizer tanto fazendo bom uso do mostrar mais que narrar, sugerir mais que expor, o que vai de encontro com o que busco e admiro nos contos, sobretudo nos pequenos (nos minicontos, quero dizer). O fôlego insuficiente da idosa frente à alegria da bolinha de sabão atada ao vigor da criança, o dinheiro pouco que não paga pelas notas musicais, a finitude da vida mesmo que haja cuidado, sempre há um final, sempre acaba… São textos bonitos, rápidos, mas que não terminam quando a leitura acaba.
Enfim, parabéns mesmo. Boa sorte no desafio.
Mari, adorei seu comentário. Não queria quebrar sua cabeça, nem a de ninguém, mas acho que falhei miseravelmente hahahah. Emma é uma referência à personagem Emma Bovary, de Flaubert, cujas ações a levam, inexoravelmente, para a desgraça. Sem tempo e condições de resolver os conflitos, ela encontra solução no suicídio. Sobre a ilustração, acho essa imagem bastante provocadora, da mulher iluminando estátuas presas no tempo, na morte, ou algo do gênero. Achei que casava bem com a proposta dos meus micros.
Grande abraço!
Saldo geral:
Jane Austen, Flaubert, Remédios Vários…Logo na primeira impressão fui tomado de possíveis referências que poderiam nortear seus micros, além dos estímulos já propostos. No entanto, percebi que fez um caminho próprio e gostei muito do que li. Há o mote do tempo, da finitude, do tempo cósmico, do prazo de vida muito presente em boa parte das suas criações. Ainda que uma ou outra sejam destoantes (o C1 e o E1 realmente pendem mais para o humor), quando o são, funcionam sozinhas e, transformar toda melancolia do Oswaldo Montenegro numa sátira de duas linhas foi bastante imprevisível e engraçado. Gostei também do jogo visual que propôs para alguns contos, que se assemelham a formatação poética, sem muita amarra, o que considero aceitável para o formato do desafio.
Destaque:
“Daqui ainda não vê. Só dali, quando atravessar a longa ponte, perceberá que se dissolvem os relógios. ”
Confesso que gostaria de apontar mais de um trecho, porém esse sintetiza bem o espírito do conjunto. Além disso, há um joguete de palavras que dialoga com os relógios de Dali. Apesar de descritivo em relação ao estímulo escolhido, fui levado para o quadro do pintor espanhol.
Parabéns e boa sorte no desafio!