EntreContos

Detox Literário.

Vincent (Angelo Rodrigues)

Quis pegar a maçaneta da porta, mas não o fiz, e fui até a janela atraído pelo movimento daqueles que passavam pela rua. Que urgências moveriam tantas pessoas? 

Sentei na cama, voltei a me deitar. Levantei novamente, e num impulso, retornei à porta, levando a mão à maçaneta, pegando-a, embora não a conseguisse girar. 

Voltei à janela. Adiantaria avisar àquelas pessoas que todo aquele vaivém sempre fora perpetuamente inútil?

Estiquei-me na cama procurando no teto um ponto onde pudesse fixar meus olhos. 

Sabia que sempre haveria nas portas uma maçaneta. Faltava-me ainda a disposição de a girar.

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80 comentários em “Vincent (Angelo Rodrigues)

  1. Daniel Reis
    1 de fevereiro de 2020

    Um conto angustiante, que é bem simbólico da depressão e a sensação de impotência que ela traz, de não conseguir achar saída ou motivo para sair. Me identifiquei muito, e gostei da associação com Van Gogh e o mal que o afligia. Parabéns, sucesso!

  2. Tom Lima
    1 de fevereiro de 2020

    Interessante, um Vincent preso no seu próprio quarto/quadro. Pode funcionar como analogia a loucura do pintor, essa separação das pessoas lá fora, o acesso possível, mas que não gera o impulso necessário para girar a maçaneta. É uma bela escrita que passa o sentimento de estar preso, mas não por portas ou paredes.
    Abraços.

  3. Ana Maria Monteiro
    1 de fevereiro de 2020

    Olá, Vincent. Entendo a referência ao título, mas fico na dúvida quanto ao pseudónimo escolhido. Também você se identifica com esse quadro depressivo do homem que sabe que a vida (boa ou má) está lá fora, mas não consegue estabelecer a conexão, a forma, nem o desejo de rodar a maçaneta? Um bom micro conto, algo angustiante e claustrofóbico. Parabéns e boa sorte no desafio.

  4. M. A. Thompson
    1 de fevereiro de 2020

    Parece alguém com síndrome de pânico tentando lidar com suas angústias. Porém, senti falta de uma amarração melhor para a estrutura conto. Boa sorte.

  5. Gustavo Azure
    31 de janeiro de 2020

    É um conto que parece bem suava, mas nitidamente aborda os sentimentos de alguém preso em si por falta de ânimo, seja lá qual for o motivo. Bem escrito. Consegue trazer reflexões em uma espaço pequeno. Boa sorte!

  6. Givago Domingues Thimoti
    30 de janeiro de 2020

    Esse conto é sutilmente poderoso! O segredo está nas entrelinhas, na apatia e imobilidade de Vincent. Achei interessante a maneira como foi retratado o pintor, especialmente considerando-se a depressão que vivia (Bom, confesso que não sei se ele realmente sofria dessa doença, mas licença artistica é isso, não?)

    Vale a pena destacar também a construção da cena, colocando o leitor dentro.

    Parabéns!!!

  7. Gustavo Araujo
    29 de janeiro de 2020

    O título e o pseudônimo tragam o leitor para o universo vangoghiano, um mundo de loucura e depressão. Nesse aspecto, dá para imaginar a cena de um Vincent acometido de agorafobia, resusando-se a deixar seu quarto, com medo provavelmente de girar a maçaneta. De fato, Van Gogh preferia o isolamento, ou melhor, tinha muita dificuldade de se relacionar com outras pessoas que não fosse o irmão, Theo. Esse recorte que vemos aqui não chega a mencioná-lo, preferindo investir nessa solidão auto-imposta. Talvez funcionasse melhor — considerando que se trata realmente de uma homenagem ao pintor holandês — se houvesse, de fato, menção ao irmão mais novo. Do jeito que está, não precisaria haver referência a Vincent. O conto bastaria por si só como um recorte de alguém perturbado, avesso à multidões. É um bom trabalho, em qualquer caso. Vou ficar com a primeira opção, ainda que com crítica à ausência de Theo. Parabéns e boa sorte no desafio.

  8. Amanda Gomez
    29 de janeiro de 2020

    Olá,
    O personagem é refém de si mesmo, ele não consegue se libertar, a solidão, o cansaço e todas as doenças psicológicas que ele possa ter o impede de girar a maçaneta. Não o bastante, ele olha pela janela aquelas pessoas indo e vindo, a pressa, a frieza a apatia e entende que lá fora também não tem espaço pra ele. O quarto ao menos é conhecido e confortável… familiar. Leiga ou desinformada que sou, não capitei a referência ao artista, além claro, das imagem do conto.
    Está bem escrito e transmite muito bem a angustia do personagem, consegui me envolver com ele.
    Parabéns, boa sorte!

  9. Andreza Araujo
    29 de janeiro de 2020

    Achei profundo, de verdade. Às vezes nos sentimos reféns de nós mesmos e ficamos estagnados ou presos dentro de prisões (físicas ou mentais, reais ou imaginárias). O texto em conjunto com a imagem me fez pensar em outros quadros do mesmo autor, me levando para uma atmosfera impressionista. Me senti inspirada, o que é um pouco estranho para um texto que fala de fobia e introspecção, mas a forma de narrar foi tão bela que só me fez sorrir.

  10. Gio Gomes
    29 de janeiro de 2020

    Achei ótimo o conto, conseguiu me capturar nesse quarto “sem saída”. Muito bom!

  11. Wallace Ferreira Anselmo
    28 de janeiro de 2020

    Me fez sentir como se eu estivesse preso em não pudesse sair, como em uma agorafobia e uma solidão, acho que passou uma imagem muito boa de como é ser preso e não poder voar, e eu não acho que é falta de coragem ele não abrir a porta. E sim um motivo para isso. Eu por exemplo adoro ter um motivo que me inspire a fazer aquilo, por que eu escrevo? por que eu saio? por que eu vivo? Uma vida sem motivo não é vida, e sim uma mentira.

  12. Fil Felix
    28 de janeiro de 2020

    Bom dia! Gostei bastante do conto, traz uma sensação de sufoco e o peso da rotina e da vida mecânica, ao mesmo tempo que traz uma mensagem de libertação ao ter a esperança na maçaneta, que sempre existirá para abrir as diversas portas pelas quais passamos na vida. Também há a ideia de fugir desse rebanho de pessoas que ele vê do lado de fora. O título e a pintura trazem referência ao Van Gogh, esse quadro do quarto também é bem icônico e pode fazer o leitor a imaginar o próprio artista, mas gostei de ver como uma reflexão.

  13. Catarina Cunha
    28 de janeiro de 2020

    O autoconfinamento de um gênio louco clicado no patamar do pensamento recorrente. Tudo culpa da maçaneta.

    Elementos fundamentais do microconto:

    Técnica — muito boa – marca bem a inquietação no ir e vir do personagem.
    Impacto — bom – um conto linear, sem clímax, mas bem executado.
    Trama — muito boa – a mensagem contida entre a maçaneta estática e o perigo das pessoas em movimento do lado de fora deu profundidade à agonia.
    Objetividade — muito bom – a maçaneta, de ajudante de cena, foi promovida a protagonista.

    OBS: Nos 3 quadros que formam os originais de “Quarto em Arles”, não me lembro da existência dessa maçaneta aí. Rsrssrs….

  14. Sarah S Nascimento
    28 de janeiro de 2020

    Olá, gostei da reflexão que você fez no microconto, sobre ele observar as pessoas e não ter coragem de sair. Procurar dentro dele a saída e saber que ela está lá, mas é um pouco triste que ele não encontre também a força de vontade pra sair, para viver.
    Gostei de como usou as descrições de movimentos dele, ficou muito interessante e deu para saber como ele se sentia.
    Meus parabéns, ficou um microconto claro e reflexivo.

  15. Cicero G Lopes
    27 de janeiro de 2020

    Segundo alguns comentários o conto está nos detalhes, incluso a imagem, a identidade do quadro e seu autor, sem essas referências, é uma reflexão. Boa sorte.

  16. Raione LP
    26 de janeiro de 2020

    Por causa da imagem e do título, acho difícil não imaginar, num primeiro momento, um Van Gogh no seu quarto de pensão tendo pensamentos solipsistas. Não sei dizer que tipo de efeito o conto teve em mim…

    Penso que talvez a incerteza e hesitação da personagem pudessem ser enfatizadas utilizando-se frases curtas, ou períodos ainda mais extensos.

  17. Bia Machado
    25 de janeiro de 2020

    Oi, tudo bem? Não sei quantas vezes li o texto, não por não compreendê-lo, mas por querer imaginar bem tudo o que foi descrito nele. E por causa do título e da imagem penso em Van Gogh, como assisti ao “Love, Vincent” parece que vejo bem suas feições dentro dessa amargura. Foi bem angustiante… Engraçado, fiquei procurando a maçaneta na imagem que ilustra o micro, rs. Obrigada!

  18. Vanilla
    25 de janeiro de 2020

    A imagem da maçaneta foi ligeiramente interessante na leitura. Gostei muito de como ela é minuciosa do início ao fim, como se estivesse ali só para enriquecer a narrativa, mas na verdade é um ponto importante. Parabéns, achei muito legal!

  19. Eder Capobianco
    25 de janeiro de 2020

    Ok…….Van Gogh……..talvez exista algo parecido com um senso comum de que Van Gogh representa depressão e tristeza……….muito por causa de seu suicídio………..mas muito também como uma mistura de leitura de algumas de suas obras com mitos como os de que nunca vendeu um quadro enquanto vivo……………me parece uma homenagem a ele o texto, onde ele mesmo é o narrador………o que levou ao seu autorretrato…………..em texto………

  20. Ana Carolina Machado
    24 de janeiro de 2020

    Oiiii. Um microconto que fala sobre um estado de tristeza que permite apenas observar mas não participar da vida. A maçaneta da porta pode representar as oportunidades perdidas e a porta a própria vida que ocorre fora da nossa zona segura, por isso diz que sempre terão maçanetas na porta porque sempre terão novas oportunidades na vida. Parabéns pelo texto e boa sorte no desafio!

  21. Thata Pereira
    24 de janeiro de 2020

    Achei muito interessante o conto. Trouxe para mim a ideia de depressão. Não tenho gostado muito de histórias abertas. Não gosto que apontem coisas do meus contos que eu não disse (já gostei um dia da poética da interpretação) e, por isso, não gosto de interpretar dos outros contos algo que o autor deixou subjetivo. Contudo, adorei a ideia de ver o mundo lá fora e não conseguir girar a maçaneta.
    Boa sorte!!

  22. Marília Marques Ramos
    24 de janeiro de 2020

    Gostei bastante do texto e da imagem que você usou, me remeteu a ideia de tristeza, insegurança. Parabéns! Boa sorte!

  23. lialaz
    23 de janeiro de 2020

    Gostei da ideia que você propôs, conseguiu fazer a leitura fluir e deixar questionamentos interessantes no ar. Boa sorte!

  24. leandrociccarelli2
    23 de janeiro de 2020

    Eu interpretei como depressão o tema. Texto com uma profundidade filosófica interessante, questionando alguns arranjos da vida cotidiana e suas finalidades. Gostei! Parabéns e boa sorte!

  25. Angela
    23 de janeiro de 2020

    Olá!
    A insegurança (medo?) do personagem me levou a questionar sobre as portas que encontramos em nossas vidas e hesitamos em abrir e, em alguns casos, em fechar.
    Na redação do texto houve faria algumas alterações, mas sem alterar o sentido.
    Parabéns.

  26. Andrei Oliveira
    22 de janeiro de 2020

    Deixando de lado a clara referência a vida de Van Gogh, gosto de imaginar que no quarto e na mente de um ermitão, todos os outros ermitões que já tentaram se ocultar nos confins deste planeta, sobrevivem e se repetem numa mesma cruzada existencial. Girar a maçaneta seria enfrentar o mundo, dar a cara a tapas, sair de sua zona de conforto? Vejo essa fobia mais como algo filosófico e metafisico do que algo propriamente psicossocial. O personagem vê o mundo de fora, vislumbra de forma egocêntrica o que o circunda como algo fútil e sem salvação, pervertido, numa clara tentativa de diminuir a aflição que lhe corrói por não ter parte em nada, nem ter o poder para ajustar, ou as armas para lutar por nada.
    A leitura fortemente me evocou o lírico de Álvaro de Campos no poema Tabacaria. Aquele homem sozinho, que observando da janela do seu quarto a tabacaria do outro lado da rua, concebe e desconcebe mundos imaginários e percorre os mais ínfimos pormenores de toda a sua vida a procura de uma resposta para a existência, para o mundo, para as pessoas.
    Gostei muito do conto, talvez por ter me relacionado muito intimamente ao personagem, porém, não acho que seja apenas isso. Sempre acreditei que para uma boa história, só basta um homem desiludido e complexado e um ambiente sufocante. O seu conto tem tudo isso e ainda é belo e sensível. Enfim, por mais que a única frase ou pensamento do Vincent no texto seja um belo de um clichê – o que não faz dele falso – existencial, o conteúdo contido na sua psique é o que sempre me cativou em todo o tipo de literatura: A aproximação da verdadeira consciência.

  27. Matheus Pacheco
    22 de janeiro de 2020

    Muita coisa a se pensar sobre esse conto, me pareceu muito a insegurança de uma pessoa a sair da zona de conforto, ou de inovação, ou até mesmo de conhecer o novo e abandonar o antigo.
    No fundo, no fundo, nunca conseguimos superar nossos medos.
    Gostei muito do conto.
    Um abraço.

  28. Sabrina Dalbelo
    21 de janeiro de 2020

    Olá,
    Esse micro é bastante reflexivo. Conquanto não nos dê um início, meio e fim de uma situação, esta está exposta no próprio enredo, em que nos deparamos com esse sujeito deprimido e solitário que não consegue reagir ao mundo que o rodeia de maneira espontânea.
    Muito bem escrito.
    Um abraço.

  29. Neuceli Silva
    21 de janeiro de 2020

    Olá Vincent…Fico imaginando quais seriam as angústias de seu personagem. Seu texto me deixou intrigada. Bom texto.

  30. Priscila Pereira
    21 de janeiro de 2020

    Olá, Vincent!
    Imagino que seja uma metáfora, mesmo que de primeira eu tenha imaginado alguém com agorafobia que literalmente não conseguia sair de casa, ou do quarto, mas imagino que o autor não queria que fosse tão literal…
    Bem escrito, profundo e com interpretação dúbia.
    Gostei!
    Parabéns e boa sorte!

    • Fabiano Sorbara
      21 de janeiro de 2020

      Olá, Vicent! Um texto com uma narrativa firme e bem redigida. A sensação que ele transmite é de alguém com uma profunda depressão e a incapacidade de sair de um quarto, aliás muitos depressivos passam horas, dias, semanas sem forças para deixarem a cama, o cômodo, dando assim veracidade ao micro.
      Você usou a figura de Van Gogh na construção, achei a escolha acertada, pois a relação com problemas psiquiátricos e de conhecimento de muitas pessoas. Mesmo se o leitor não tivesse a referência de Vicent o texto ainda causaria certa reflexão em quem o leu.
      Desejo boa sorte no desafio. Abraços.

  31. Davenir Viganon
    21 de janeiro de 2020

    Retrato da agorafobia de Vincent Van Gogh. Demorei para perceber que se tratava de Van Gogh, mas a situação de auto reclusão do mundo foi bem pintada. Você usou um bom leque de sensações que demonstra uma habilidade e a inspiração do pintor é bem vinda.

  32. Anderson Góes
    21 de janeiro de 2020

    Espero ter entendido seu conto? Será que ele se trata dos medos de uma pessoa em enfrentar o mundo? Sendo isso ou não, parabéns pela escrita e pela reflexão que ela nos traz!

  33. rsollberg
    21 de janeiro de 2020

    Fala, autor.

    Antes de tudo é importante ressaltar que funciona tanto para quem possui as referências como para que as não possui.

    Tudo indica que trata-se de Vincent Van Gogh e sua dificuldade de interagir com o mundo comum. É amplamente sabido que o Pintor possuía alguns transtornos psíquicos e uma vida bastante conturbada. Nesse sentido, o Gustavo Araújo fez uma resenha da biografia definitiva do artista, que vale a pena ser apreciada. Eu mesmo arrisquei uma ficção com o mesmo protagonista, explorando essa “esquizofrenia” em Autorretrato da Loucura. Mas voltemos ao conto.

    A primeira pessoa foi uma escolha apropriada para narrar a história. Há uma mistura muito bem aplicada trazendo ação e fluxo de consciência. Digo isso porque essa agorafobia é física e mental, e ao narrar os movimentos do protagonista percebemos essa luta entre, físico e mente, razão e apatia. Esse trecho é uma prova inequívoca da condição: ” Que urgências moveriam tantas pessoas? ” Ele sabe que precisa sair, mas os qual a relevância de tudo? Quem estaria lá fora, seu irmão, Raquel, Gauguin.

    Um conto que abre espaço para diversas conjecturas, apesar de taxativo em sua forma. A frase final, a conclusão que pode ser vista com esperança ou fatalismo dependendo de quem lê “Sabia que sempre haveria nas portas uma maçaneta. Faltava-me ainda a disposição de a girar.”

    Por fim, a escolha da ilustração representa fielmente o ambiente. Um complemento que se não é necessário é muito bem vindo. Ao encará-lo é possível sentir angústia e conforto, claustrofobia e proteção. Que é exatamente o que sente a pessoa que sofre com esse tipo de situação.

    Crível e melancólico.

    Parabéns e boa sorte!

  34. Rubem Cabral
    21 de janeiro de 2020

    Olá, Vincent.

    O conto e a ilustração nos remetem a Van Gogh. As descrições, a hesitação, parecem descrever depressão, dentre outros estados mentais.

    Bom conto!

    Boa sorte no desafio!

  35. Fabio D'Oliveira
    21 de janeiro de 2020

    Olá, Vicent!

    Gosto muito desse tipo de conto. Revela uma mensagem profunda, que fala muito através de tão pouco. A angústia que seu personagem sente, quando tenta sair e não consegue, essa depressão, esse niilismo intrínseco; é algo que desperta muitas emoções em mim.

    A faca de dois gumes, nesse conto, é o tom teatral. Eu prefiro algo mais natural e leve. Então, se fosse um conto, de fato, eu poderia me cansar rápido. Ainda bem que foi um microconto, haha, então não saiu tão prejudicado assim.

    Enfim, é isso aí!

    Parabéns pela mensagem bem aplicada e boa sorte no desafio!

  36. Evandro Furtado
    21 de janeiro de 2020

    Há uma certa beleza no texto, quase imaterial. É suportada, sem dúvida, por uma escrita muito bem estruturada, com um estilo muito própria. O texto desperta um sentimento de solidão, mas estranhamente não desesperador. É como se estivéssemos sozinhos, mas no conforto dos próprios quartos, quase de forma voluntária.

  37. Rodrigo Fernando Salomone
    21 de janeiro de 2020

    Vincent, achei seu conto bem depressivo, o que no meu caso, conta pontos pra você, rsrs. Maravilhoso, adoro personagens com essa carga de dramaticidade. Parabéns e boa sorte.

  38. Marisa Déa
    21 de janeiro de 2020

    Muito interessante. Esse personagem que se movimenta sem chegar a lugar algum, os atos que não de completam, isso tudo traz para a narrativa um elemento surreal que me agrada muito. Parabéns e boa sorte.

  39. Rafael Carvalho
    20 de janeiro de 2020

    Teria sido esse um micro conto psicografado de Van Gogh?
    Gostei do texto, não sei se a intenção era colocar Van Gogh como personagem/narrador do conto, mas senti ele lá. A confusão misturada com traços de bipolaridade, insegurança, TOC e depressão, pode ser lida, ou não, nas entrelinhas dos pensamentos e ações do personagem. Parabéns pelo conto, boa sorte.

  40. Fabio Monteiro
    20 de janeiro de 2020

    Acredito que o intuito fosse de nos fazer perceber que estamos nos movimentando tanto para nada. Não sei se o personagem é muito esperto ou simplesmente abandonou sua vontade de viver. Tudo que sei é que se encaixa muito bem em muitos perfis reais.

  41. Fernando Cyrino
    20 de janeiro de 2020

    Olá, Vincent,
    do conto também Vincent,
    Cá estou eu enrolado com o seu conto filosófico. Achei legais as suas reflexões. Ficaram interessantes e a pouca ação existente na narrativa com toda certeza que reforça esse sentimento da rotina, da mesmice, do “não girar a maçaneta”. Por falar nela, achei que maçaneta, a palavra chave da história, merecia ser repetida e ela o é, merecidamente, por três vezes. Mas, confesso, Vincent, que me incomodou num micro conto com cem palavras você repetir a palavra cama, por exemplo. Bem como também porta e girar. Acho que isto empobreceu a sua narração. Receba o meu abraço fraterno e
    boa sorte.

  42. Fernanda Caleffi Barbetta
    20 de janeiro de 2020

    Olá, Vincent. Achei bem interessante seu microconto. A ideia e a narrativa são muito boas, parabéns. Gostei bastante das frases finais. Em poucas palavras contou uma bela história e nos levou a uma boa reflexão. Como eu sou a louca da vírgula, aponto que neste trecho: “Levantei novamente, e num impulso”, a vírgula deve vir depois do “e” e não antes. Título e pseudônimo iguais não sei se foi uma bvoa ideia, não entendi a mensagem ali. Parabéns e boa sorte.

  43. Vitor De Lerbo
    20 de janeiro de 2020

    Um conto filosófico que, mesmo com poucas palavras, propõe uma discussão profunda.
    O título/pseudônimo e a imagem colaboram bastante com a trama.
    Um protagonista que, ao mesmo tempo que sente dó das pessoas que não percebem o mundo como ele, também as inveja – afinal, graças à ignorância delas, elas não têm problemas em “girar suas maçanetas”.
    Parabéns e boa sorte!

  44. brunafrancielle
    20 de janeiro de 2020

    Nossa. Que.. Niilista e filosófico. Gostei.
    Essa pessoa padece de um desânimo interessante, porque não é qualquer desânimo. É um desânimo fundado numa visão de vida.
    No meio do conto um pensamento filosófico que deu profundidade à trama.
    Parabéns

  45. Luiz Eduardo Domingues
    20 de janeiro de 2020

    Achei interessante a maneira como tudo foi descrito, passando uma ideia de medo ou mesmo de depressão sofrida pela personagem. Acho que faltou um pouco mais de ação, mas gostei bastante do conto. Parabéns!

  46. Áureo Poente
    20 de janeiro de 2020

    Será que compreendi bem seu conto? Será que ele se trata do medo de uma pessoa em enfrentar o mundo e tudo que faz parte dele? Espero que seja isso, parabéns pela escrita e pela reflexão que ela nos traz!

  47. Vil Verdict
    20 de janeiro de 2020

    Gostei da ferramenta poética da repetição utilizada no conto. Faz sentido. Nos remete à mesmice das coisas, à rotina ininterrupta da “boiada” na rua… A falta de capacidade do personagem de se desprender da própria incapacidade. Ideia e narrativa muito bem casadas.Parabéns.

  48. Fheluany Nogueira
    20 de janeiro de 2020

    Um sutil sentimento de inutilidade nas coisas e nos contatos humanos, uma indisfarçável nostalgia. Texto reflexivo e bem executado com palavras carregadas de conotação, que abrem para o leitor um campo de recriação, através das sugestões apresentadas.

    Parabéns pelo trabalho. Sucesso! Abraço.

  49. Pedro Paulo
    20 de janeiro de 2020

    Interessante. O microconto consegue imbuir um sentimento em todas as ações e reflexões atribuídas ao narrador. Quando desiste de abrir a porta, quando espreita a janela, desentendido do que se passa lá fora, quando pensa sobre as pessoas e quando, mais uma vez, desiste de abrir a porta. E, na verdade, a palavra foi a mais acertada: ele não conseguia girar a maçaneta. Neste momento se abriu, da forma sucinta como demanda o certame, uma ambiguidade. Será que essa apatia é uma escolha ou uma condição? O final não nos responde, pois o próprio narrador atribui o seu quase encarceramento a uma “indisposição”, como se fosse falta de vontade e não uma incapacidade, ainda que as linhas anteriores deem abertura a essa segunda interpretação. E, mesmo que nos atenhamos a isso, a narração em primeira pessoa nos dá a ótica do protagonista e nos dá confirmação do sentimento que está em todo o microconto e poderia até ser o título: alienação.

    Boa sorte!

  50. Augusto Schroeder Brock
    20 de janeiro de 2020

    Olá!
    Bastante reflexiva a ideia e aberta às interpretações. O final negativo sugerido por um estado de inércia me agrada e me dá duas interpretações: o protagonista assume uma visão niilista, considerando que estar em um ritmo frenético e sem sentido dá na mesma do que ficar trancado em um quarto sem fazer nada; ou o protagonista não tem coragem de sair e correr o risco de mudar de opinião.
    Parabéns pelo texto.

  51. Claudio Alves
    20 de janeiro de 2020

    “Que urgências moveriam tantas pessoas? ” É o que eu me pergunto todos os dias. Mas criamos a cultura da urgência e ainda a aceleramos. O ser humano elaborou muita ficção para vida funcionar. Uma crônica interessante e reflexiva. Gostei. Boa sorte no desafio.

  52. Angelo Rodrigues
    20 de janeiro de 2020

    Conto legal, que mostra a indecisão de um personagem frente ao que deseja da vida quando claudica em deixar o quarto onde está ou partir em direção à vida que julga pouco atrativa.
    Há uma forte associação entre o personagem e o pintor Vincent Van Gogh (nome, pintura etc), claro, mas não deixa de, também, representar o comportamento humano sobre as incertezas que a vida nos apresenta: o ser ou não ser de cada um, o continuar ou interromper, o ir ou permanecer por decorrência de não haver grande importância entre uma coisa e outra.
    Um conto onde cabem muitas interpretações e instiga a pensar exatamente sobre a vida que cada um leva.
    Boa sorte no desafio.

  53. Alice Castro
    20 de janeiro de 2020

    O verdadeiro sentido do escritor eu não descobri. Podemos fazer alusão a muitas coisas, e de fato, deve ser também a intenção. Bacana!

  54. Jowilton Amaral da Costa
    20 de janeiro de 2020

    Bom conto. A princípio pensei em alguém com insônia, incomodado com o barulho das pessoas nas ruas. No entanto, a última frase me fez pensar em alguém que quer mudar de vida, descobrir outras coisas, outra forma de viver, entrar e sair por várias portas. Bem legal. Boa sorte no desafio.

  55. Marco Aurélio Saraiva
    20 de janeiro de 2020

    Acho que este conto tem muito mais do que se vê em um primeiro momento. Identifiquei-me na hora: eu já passei por uma fase niilista, um pouco depressiva, onde não via sentido em fazer nada já que nada tinha um valor intrínseco (para mim). As portas são as oportunidades; a cama, o status-quo, o espaço seguro, a zona de conforto. A janela: a vida.

    Sensacional.

    Escrita: muito boa.

    Conto: Excelente!

  56. drshadowshow
    20 de janeiro de 2020

    Seria a metáfora sobre o sentido da vida? Há sentido na vida? Ou seria uma visão da depressão? Vale a pena viver? Girar a maçaneta? Conto bem abstrato. Interessante.

  57. Maria Alice Zocchio
    19 de janeiro de 2020

    Vincent é Vincent ou pode não ser Vincent. A imagem remete ao pintor, mas o texto vai além. Percebo a possibilidade de muitas interpretações. Pode ser um micro conto , mas também a introdução a um conto ou romance.

  58. Jorge Miranda
    19 de janeiro de 2020

    Temos aqui aqui um personagem que questiona as vicissitudes da vida mas que não tem coragem de vivenciá-la, mesmo sabendo que é impossível não se banhar de alguma forma na mundanidade das coisas. Ele vai deitar-se sabendo que sempre poderá girar a maçaneta (terá que girar em algum momento pela inevitabilidade do próprio viver) mesmo que não queira. Um texto cheio de subjetividade e, acredito, propenso a várias interpretações. Boa sorte no desafio.

  59. Rozemar Messias
    19 de janeiro de 2020

    Gostei, imagem e texto se complementam. O levanta e deita nos passa a sensação de inquietude do personagem. Texto bem escrito, com tema sempre atual. Parabens!

  60. Nelson Freiria
    19 de janeiro de 2020

    A princípio achei que se tratava de um fantasma, mas relendo, percebi que não era isso. Existe um subtexto criado entre a imagem e o título/pseudônimo. Como o desafio é num ambiente virtual e permite o uso da imagem, não vejo problema em fazê-lo, mas acredito que sem ela, o texto não teria o mesmo apelo. Saber usar as ferramentas que tem em mãos, é uma boa qualidade.
    O micro conto é bem elaborado, não usa de sentimentalismo para expor a condição do personagem, preferindo o caminho do show don’t tell.

    • Nelson Freiria
      19 de janeiro de 2020

      Fiquei com uma pequena dúvida se o uso da vírgula antes do “e” estava correta. Cadê os gramáticos de plantão?

  61. Elisa Ribeiro
    19 de janeiro de 2020

    Interpretei como a reflexão de um doente mental confinado. O texto transmitiu bem a inquietude de uma mente transtornada. Também gostei da frase lúcida em meio à perturbação. Título e imagem funcionaram bem no texto ao trazer como referência para a leitura o angustiado Van Gogh. Parabéns! Um abraço.

  62. Regina Ruth Rincon Caires
    19 de janeiro de 2020

    Conto tocante. Não sei se a figura estampada, e que nos remete a Van Gogh, já traz uma carga de depressão, mas, confesso, foi assim que assimilei a narrativa. Aparenta ser a luta para superar a dor, as tentativas, várias, e o retorno ao início. Prostrado. Quem padece deste mal, compreende que a porta está ali, basta girar a maçaneta, mas a vida corrida, lá fora, é temerária. Apavorante. E, como é emocionalmente impossível girar a maçaneta, a saída é desdenhar o mundo lá fora. O doente justifica, para si, que todo o resto está fora do prumo. Ele espera, acredita que o mundo irá guinar. Ou não. Não importa. O que importa é não reagir, encaramujar-se. Quadro triste. Sofrimento puro. Misericórdia. Texto magnificamente escrito. Um grito de socorro, calado, silencioso.

    Parabéns, Vincent, este é um texto que eu gostaria de ter escrito!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

  63. Emanuel Maurin
    19 de janeiro de 2020

    No meu ver o personagem sofre por não suportar fazer coisas rotineiras, e esse sofrimento o leva a ficar na cama. Acho que pelo jeito que tu descreveu, não se enquadrar no sistema torna a pessoa meio depressiva. Boa sorte.

  64. jetonon
    19 de janeiro de 2020

    A imaginação é fruto do subconsciente. Um doente mental age de formas distintas para com a sua patologia. O microconto é bem contado apesar de não trazer nenhuma dúvida ou surpresa.
    Boa sorte!

  65. Carlos Vieira
    19 de janeiro de 2020

    Um personagem bem ensimesmado. Na minha leitura achei um ponto contraditório, o que reforçaria que a dúvida excessiva levaria à própria inércia (o dilema do asno de Buridan). É que ele questiona quais urgências das pessoas de fora, mas ao mesmo tempo diz que é inútil (no entanto como saber se é irrelevante se desconhece a razão da movimentação dos outros).

  66. Andre Brizola
    19 de janeiro de 2020

    Olá, Vincent. Me fixei em uma frase, sobretudo, para analisar seu conto: “adiantaria avisar àquelas pessoas que todo aquele vaivém sempre fora perpetuamente inútil?”. Me parece ser o ponto central aqui. Um personagem ciente da inutilidade da vida mas, ainda assim, desejoso de dela fazer parte. Sobretudo porque qual utilidade a de se manter fora? Nenhuma. Legal ver que mesmo em um conto pequeno há ação, há reflexão, e há desfecho, sem precisar apelar para exageros poéticos ou estilísticos. Gostei. Boa sorte no desafio!

  67. Luiza Moura
    19 de janeiro de 2020

    Achei formidável! O título, o texto e a escolha da imagem me fizeram pensar que poderia ser facilmente um desabafo do próprio Vincent van Gogh.

  68. Carolina Langoni
    19 de janeiro de 2020

    Belo nome 😉
    Bem preguiçoso esse seu personagem :v
    Muito interessante a sua narrativa, ela deixa o leitor fixo no texto (pelo menos eu fiquei)
    Parabéns :DD

  69. Paulo Luís
    19 de janeiro de 2020

    Interessante conto, a dúbia intenção, ou a dúvida de aderir à multidão que segue, ou viver na santa paz da “preguiça” existencial. Belo conto para abertura deste famigerado desafio.

  70. Nilo Paraná
    19 de janeiro de 2020

    Me lembrou Érico Verissimo. Interessante o dilema e a não resolução do mesmo. Bem escrito.

  71. antoniosbatista
    19 de janeiro de 2020

    Achei o conto surreal, insólito, metafórico e etc. tal. O personagem faz uma pegunta e ele mesmo dá a resposta. Ele sabe que é inútil sair e se integrar à multidão que vai e vem incessante. Lá fora é o caos, dentro do quarto há calmaria, mas é o limbo, é como estar morto. Ele quer sair, viver, mas a perspectiva de um futuro incerto o deixa desanimado.Me parece que ele está com depressão. Um bom conto, sem dúvida. Bem escrito e estruturado.

  72. Sandra Teixeira
    19 de janeiro de 2020

    Um conto que facilmente nos leva a diversas interpretações. Muito bom.

  73. Pedro Gomes
    19 de janeiro de 2020

    Gostei. No meu ponto de vista descreve de forma metafórica a condição humana na hesitação entre o estender da mão em direcção ao outro e a vaguear no nosso mundo interior.

  74. renatarothstein1
    19 de janeiro de 2020

    Olá, Vincent
    A amargura do homem que até tenta, mas não consegue girar a maçaneta de seu quarto é muito clara no seu conto.
    Há uma certa contradição, uma vez que ele considera inútil toda aquela correria das outras pessoas, mas tenta sair da imobilidade, sem êxito.
    O quarto representaria, aí, a mente do indivíduo, e as pessoas tudo o que ele considera necessário, mas que não pode alcançar?
    Pensei também na hipótese mais sobrenatural, de tratar-se de um fantasma, que já avalia o mundo sob outro aspecto.
    Profundo, bem reflexivo.
    Gostei! Boa sorte.
    Abraços.

  75. angst447
    19 de janeiro de 2020

    Vincent enclausurado na sua melancolia, não consegue girar a maçaneta para sair. E acha o vai e vem inútil, a andança das pessoas, que se movimentam. Ele prefere ficar quieto no seu quarto, na cama, olhando para um ponto qualquer e alimentando seu vazio. Ou seria o fantasma de Vincent Van Gogh, que como ser espectral não é capaz de girar maçanetas? É triste e ao mesmo tempo tocante. Boa sorte!

  76. Luciana Merley
    19 de janeiro de 2020

    Olá Vincent. O nome e o Quarto em Arles são de Van Gogh, assim como a depressão profunda do personagem que simboliza uma grande parte da vida do pintor. O conto em si, sem considerar a relação óbvia com o famoso, fica um pouco sem aquele suspiro final que esperamos nos micros, mas considerarei a referência para melhor avaliá-lo. Grande abraço.

  77. Anorkinda Neide
    19 de janeiro de 2020

    Nesta altura de minha vida estou propensa a pensar que este personagem não tem coragem de viver a vida tal como ela se apresenta, por isso critica tanto a inutilidade dela…
    Reflexões na madrugada, caro amigo entrecontista…
    Seu micro conto é muito bom, bem desenvolvido dentro da proposta.
    Parabéns

  78. Cilas Medi
    19 de janeiro de 2020

    Caro Vincent.
    Um pouco teatral a comiseração de alguém preso em um quarto com dificuldades de assumir a mesma vida cotidiana da população que via através da janela. Boa sorte no desafio.

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Publicado às 19 de janeiro de 2020 por em Microcontos 2020 e marcado .
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