Penguim Company
Série Clássicos
192 págs.
Já pela introdução mostra-se um lado do escritor que pouco se divulgou: um homem apaixonado por seu trabalho que é escrever, além de fazer de sua profissão como piloto um instrumento para sua carreira literária.
Interessante saber que era engajado no amor por sua nação que era a França, além da inconformidade por ver seu país decaia sob o julgo dos invasores, em uma guerra que seu governo não admitia e nem encarava-a como uma doença, como ele dizia, consumir seu querido país.
A abstração da realidade difícil em ser adulto, transpondo-o para a sua infância, onde o pesar desta passagem de vida ser muito brusca e lançou-o na vida adulta para enfrentar situações cruéis para um sonhador como ele era. Ele faz da sua infância seu território de fuga e suporte para lidar com as agruras que encontra pelo caminho.
No livro ele mostra que a guerra paralisa o tempo, onde o progresso não mais beneficia o homem, estraga a ordem natural do funcionamento de tudo que é interligado naturalmente. É um vazio que ele tenta compreender em divagações filosóficas do papel dele como homem diante dessa tragédia.
A linguagem crua da destruição que a guerra traz tira a identidade das pessoas, jogando-as mobilidade cega e na estrada da sobrevivência em meio à lama e desespero.
O governo dá ordens surdas e não se importa pois não estão em terra e junto às vítimas na guerra. Se estivessem, saberiam o que é fome, identidade destruída, inconformidade com as consequências humanas do que é uma guerra. Diz ele que mulheres e crianças deveriam ser poupadas e não metralhadas em trabalho de parto e nem jogadas à lama da estrada da evacuação à míngua.
Todo encadeamento filosófico existencial que o coloca em um dos elos do que é um ser humano, ao autor coloca o sentido do que é enxergar seu papel no mundo, mesmo imerso em caos e inépcia política para proteger sua pátria, sua casa e os seus que perfazem a França.
Uma obra de quem fez parte e soube retratar ao mundo o que foi uma guerra de fato. Não é só uma obra panfletária. É uma ode de puro amor de um cidadão francês.
Mesmo criticado por se opor e criticar DeGaulle, a inconformidade e a exigência por ações efetivas para conter a derrota da França sendo invadida, o autor não aceita simplesmente aceitar o destino que os reserva. Faz seu papel denunciador da condição em que o cidadão como ser humano não deva se render simplesmente e jogar seu país sob a lama das botas do invasor.
Sobre o livro
O livro foi escrito em base da experiência pessoal como piloto, de quando participou de missões de reconhecimento aéreo sobre Arras. Componente da equipe 2/33 de reconhecimento aéreo da Força Aérea Francesa. Ele testemunhou a tragédia que se abateu sobre os cidadãos comuns, combalidos a participar de uma guerra, viu a fome estampadas em suas vítimas e a indignação por não poder fazer nada, ainda sob o julgo de autoridades que não enxergavam o sofrimento dos que foram jogados à estrada de lama e desespero.
Depois que foi desmobilizado após o armistício que vigorou na França, ele vai à Nova York e escreve o livro seguindo sua experiência como piloto do regimento de reconhecimento aéreo. Depois de lançado, torna-se um bestseller no mercado americano. Enquanto esteve em território estadunidense, gravou um discurso denunciando o que a guerra estava fazendo ao seu país e que algo deveria ser feito, suas palavras acordaram a opinião pública a respeito dos horrores que a guerra produzia.
Na França, foi publicado após 1 semana da invasão alemã. Apesar da censura, o editor retira apenas uma frase do livro que remonta uma crítica a Hitler. Sendo aprovada, tomou as ruas, sendo um sucesso editorial. Mal sabiam os censores alemães que a obra exaltava o orgulho nacional e em meio ao filosofismo da importância do homem mascarou-se a mensagem que o cidadão deveria preservar sua própria casa que era a França. Até proibirem a circulação da obra, muitos entenderam a mensagem e deu a motivação para que algo ocorresse para mudar a situação de sua nação.
Notável. Não sou muito desses livros de dramas hiper-realistas, mas sua linguagem metafórica me atrai. Tanto para ler e tão pouco tempo…
Tenho a mesma sensação, Victor. Especialmente quando a resenha é instigante.