EntreContos

Detox Literário.

O campo e os corvos (Marco Piscies)

CAPA_Campo_e_corvos

Os corvos sobrevoavam o campo que borbulhava com alimento fresco. A vista de cima era uma mistura de metal, carne, vísceras, terra, grama e lágrimas.

Esperaram o movimento diminuir até não sentirem mais o perigo. Tudo o que avistavam agora eram os espasmos finais de criaturas mortas por sua própria espécie.

Nada incomum. Nada incomum.

Desceram às dezenas para refestelarem-se.


A notícia era que a batalha havia acabado.

Os soldados retornaram ao acampamento principal com suas armaduras amassadas e sujas de sangue e lama. Exibiam seus rostos em condição não diferente, sorrindo com boca e olhos, alguns já escolhendo as mulheres que tomariam para si naquela tarde de comemoração.

Laelia esperou que passassem. Cada minuto dentro de sua barraca esfarrapada diminuía seus espólios, junto com a chance de estupro. “Se lhe segurarem pelo braço e lhe sussurrarem gracejos, cobre um preço. Antes moedas e sangue entre as pernas, do que apenas sangue. Mas caso lhe tomem a força, estapeie e grite. Os romanos são orgulhosos e, em público, cautelosos. Mas trate de nunca mais ser vista por este”. Hoje com dezessete anos, Laelia não sabia se a balança das palavras da mãe pendia para a sabedoria ou para a ignorância.

Quando a hora certa chegou, esgueirou-se para fora felina, aproveitando a cobertura da tenda de açougue e do estábulo improvisado. A fila de soldados estava quase no fim, mas puxou o gorro do manto puído para cima, escondendo boa parte da cabeça.

Como sempre, tomou o caminho mais longo. Naquele campo aquilo envolvia subir uma colina pedregosa ao custo de calos e cortes nos pés descalços. Preferia aquilo a andar ao lado da fila de soldados que retornavam pela estrada, com a chance de encontrar-se com Gnaeus. Ele não a perdoaria pela última vez que seguiu o conselho da mãe: esperneou e gritou, causando um estardalhaço que fez o sangue subir ao rosto do centurião. O momento que ele teve de hesitação naquela noite, ao ver seus soldados observando a situação, foi o momento que ela usou para distanciar-se o máximo possível daquela legião.

Quando por fim chegou ao topo da colina, viu que o que chamavam de batalha foi, na realidade, um massacre.

A luz do sol refletia nas armaduras de placas e ferro polido, que agora vestiam corpos inertes e despedaçados. Vez por outra um destes clarões atingia seus olhos, mas eram poucos demais para causar algum incômodo. Um ano atrás, quando Spartacus e outros mais lideravam os escravos rebeldes com punho forte, os campos ficavam tão cheios de romanos mortos que o clarão a cegava.

A voz doente da mãe ecoava em suas memórias ao passo que ela iniciava mais uma caminhada por entre os corpos: “Este trabalho não é honroso. Ninguém sente orgulho de pilhar corpos e satisfazer soldados. Mas se você tiver mesmo que fazer isso, como eu, faça no lado vencedor. Não seja idiota de seguir o exército que está perdendo”.

Laelia vivera tempo suficiente para entender que o lado vencedor era geralmente o romano. Mas não era assim um ano atrás.

Sentia como se décadas houvessem passado desde então. Naquele tempo ela seguia os exércitos de escravos rebeldes. Eles focavam seus estupros nas senhoras romanas que encontravam nas cidades saqueadas, o que permitia que ela andasse livre pelo acampamento. Apesar de nunca ter servido como escrava, Laelia costumava correr e rir junto com as amigas ex-escravas. Foi lá que conheceu Tarbus, o homem que tomou sua virgindade. As palavras da mãe eram vento, então.

Não se apaixone por soldado nenhum. Junte dinheiro o suficiente para sair dessa vida e seduza algum camponês. Estes costumam trabalhar duro para conseguir o que têm, e não correm o risco de aparecerem mortos no dia seguinte.”

Tarbus foi seu primeiro amor. Sempre sorridente, ele se perdia em suas pernas torneadas e em sua pele cor de mel. Parecia-lhe invencível. Quando despia sua armadura, ela sentia seu peitoral tão duro quanto o metal. Mas Roma enviou Marcus Licinus Crassus para dar um fim às forças rebeldes. Quando encontrou o enorme Tarbus morto no campo de batalha, Laelia soube que era hora de mudar de lado.

No início, ela costumava levantar a barra dos seus trapos para não sujar-se com o sangue e as vísceras espalhadas pelo chão. Agora, o vermelho desbotado já tingia boa parte do pano que tocava suas canelas. O tempo era importante naquela atividade, e ela já havia perdido muito. Diversas outras pessoas perambulavam pelos corpos dizimados, olhos voltados para baixo procurando qualquer coisa que brilhasse.

Laelia podia ser limitada intelectualmente, mas seus olhos eram como os do lince. Uma mudança de ângulos e uma mera menção de brilho do sol revelou uma insígnia escondida. Agachou-se para tomar o item do infeliz romano e sentiu, para sua surpresa, a mão do morto agarrar-lhe o braço. Laelia soltou um grito rápido e agudo, percebendo que o homem agora tinha os olhos arregalados voltados diretamente para ela. Sangue escorria de seus lábios e ele lutava para falar alguma coisa. A mão, apesar de pertencer a um moribundo, segurava-a inexorável.

Tudo aconteceu rápido demais. Assustada, puxou sua faca feita de ferro e pano, escondida em um dos bolsos do manto. Com um novo grito, esfaqueou o homem de qualquer forma.

“…ch….chame…aju…aju…”

O romano não conseguiu terminar a sentença. Outra facada abriu sua garganta e tudo o que ele conseguiu pronunciar então foram grunhidos incoerentes. A mão demorou-se em seu braço, apesar de Laelia tentar a todo custo desvencilhar-se dela. Os olhos injetados do homem fitavam-na incrédulos, até não mais exalarem vida. A mão pendeu inerte ao lado do soldado e Laelia caiu para trás, ofegante.

Aquilo nunca tinha acontecido antes.

“Sempre carregue consigo uma faca. Se não conseguir uma, faça uma. De vez em quando os moribundos insistem em agarrar-se à vida e você tem que ajuda-los a encontrar o outro lado. Não há nada de errado nisso.”

Então por que o coração dela estava tão apertado? Trêmula, tratou de ajeitar-se. Ajoelhou-se vagarosamente ao lado do corpo. Os olhos permaneciam arregalados. Sentia algo de estranho ao observá-lo; como se o conhecesse.

Um corvo pousou no capacete do soldado e ela percebeu, enfim, que aquele não era um soldado comum. Era um legionário. Amaldiçoando sua estupidez, espantou a ave e retirou o capacete, revelando os cabelos loiros e encharcados de suor de Gnaeus.

Seu algoz estava morto.

Mesmo assim, o coração de Laelia insistia em sair do peito.

Olhou o resto do corpo do homem. Examinou, como podia, suas feridas. Não conhecia muito do assunto, mas a dúvida jazia profunda em sua mente: havia matado o legionário? Será que ele tinha alguma esperança?

O simples pensamento a aterrorizava. Crassus tornara-se famoso por aplicar a Lei da Dizimação em seu exército. O que faria com uma camponesa suja, acusada de executar a sangue frio um legionário? Tratou de pegar tudo o que viu de valor e sair dali o quanto antes.

Seus bolsos internos tilintavam toda vez que levantava os pés para evitar tropeçar nos cadáveres. Ela ainda tremia mas tentava continuar sua rotina. Esquadrinhava cada corpo que encontrava, mas alguns deles a olhavam de volta, acusando-a do crime cometido.

“Assassina”, eles diziam, suas vozes tão trêmulas quanto às mãos que os pilhavam. “A justiça pode não encontrá-la, mas o que dirão os deuses?”.

Por fim, encontrou uma mulher entre os mortos. Estava raquítica e tinha o rosto encoberto por um manto. Aquilo não estava certo, Laelia sabia, mas suas mãos moveram-se contra sua vontade. Ao revelar o rosto da mulher, viu sua mãe. Ela abriu a boca para falar algo mas foi abafada pelo grito desesperado da filha, então calada por facadas violentas.

Ao seu redor, algumas pessoas observavam a estranha garota esfaquear, vez após vez, o rosto de um rebelde desfigurado.

Laelia largou a faca ao chão e sentou, escondendo o rosto entre as pernas. Quando percebeu, as lágrimas já desciam involuntárias, abrindo caminhos salgados pela sujeira.


 

O sol quase completava sua fuga por entre os montes quando ela ouviu a voz de Cassia gritar seu nome. Levantou o rosto molhado e encontrou a amiga acompanhada de um oficial.

“Laelia, sua louca! O que faz aqui tão tarde? As más línguas diziam que você havia fugido com os pertences de Roma”.

Ela não tinha notado o brilho do sol diminuir.Teve dificuldades de levantar-se e foi ajudada pela amiga.

“Venha. Eu te acompanho até a tenda do tesoureiro. Você parece cansada.”


 

A tenda do tesoureiro não ficava longe da entrada do acampamento. Cassia não pôde seguir a amiga até o interior, então Laelia entrou acompanhada apenas pelo oficial. O homem idoso responsável pelas moedas grunhia, mal-humorado por ter sido forçado a trabalhar até tão tarde por causa de uma camponesa qualquer. Para melhorar o ânimo do homem, ela jogou todos os achados de uma só vez sobre a mesa. O tilintar de prata, ouro, cobre e ferro fez os olhos do tesoureiro brilharem.

Laelia sabia que não ganharia muito por aquilo, especialmente por ter chegado tarde. Não conhecia exatamente o valor de um punhado de moedas de cobre, mas sabia que desta vez não sairia de mão cheia, como costumava sair. Uma mão cheia significava uma semana de pão fresco e água, mas meia mão já seria o suficiente para ela. Sentia urgência de sair dali o mais rápido possível. Sua mente navegava vazia por um rio que beirava, de um lado, seu pagamento e, do outro, o legionário Gnaeus morto a facadas.

Não ouviu a indagação do tesoureiro. O oficial que a acompanhava empurrou-a de leve.

“Ele fala com você”.

Ela olhou para o tesoureiro que não escondia a irritação.

“Isso aqui”, ele apontou para uma insígnia dourada em forma de águia, “pertencia a um legionário. Tullius e Gnaeus pereceram nesta batalha. Sabe a qual deles pertencia?”

Os tremores retornaram. Ela não conseguia falar. Seus olhos dançavam perdidos entre a insígnia e o rosto do velho. O homem tentou repetir a pergunta, mas quando não obteve resposta tratou de expulsar a garota com um punhado de moedas de cobre, que ela pegou sem notar o peso nas mãos.

Laelia saiu da tenda assustada demais até mesmo para respirar da forma correta. Puxava o ar para o pulmão com a força de quem passou tempo demais debaixo d’água. Cassia tocou o seu braço e ela gritou, assustada, derrubando todo o pagamento no chão.

“Sua louca! O que deu em você hoje?”

Ambas agacharam-se para recolher as moedas da lama pisoteada. Cassia não pôde deixar de reparar no valor diminuto do trabalho da amiga.

“Só isso? Ele deveria estar realmente irritado com você”.

Mas Laelia já não a ouvia. Um sentimento de liberdade tomava conta do seu peito. Ela estava livre. O crime, se é que ele realmente existiu, passou despercebido. Ela sentia que poderia fazer qualquer coisa no mundo.

“Preciso de vinho”

Cassia dirigiu-lhe um olhar debochado.

“Vinho? Isso aqui não paga três dias de comida, garota. E você quer vinho?”

Ela queria o mundo. Tomou a amiga pela mão e pagou para as duas o vinho mais barato que encontrou. Beberam até sentirem-se tontas demais, e Laelia compensou a perda das moedas dormindo com o primeiro soldado que a cortejou.

 

Os dias seguintes fluíram como todos os outros. Laelia acordava, acompanhava o exército, esperava uma batalha terminar e recolhia os espólios para o tesoureiro. À noite, por vezes, ganhava moedas extras com o próprio corpo. A vida continuava.

Mas ela não era mais criança.

Em suas andanças pelo mar de mortos que cobria os campos de batalha, por vezes Gnaeus a amaldiçoava, os olhos injetados de ódio cuspindo as palavras inaudíveis que a garganta cortada não permitia articular. Ela sorria debochada, recolhia os pertences de valor e seguia em frente.

Os corvos haviam levado consigo todo seu medo.

Muitos anos depois ela entenderia que os mesmos corvos que carregaram em seus bicos todos seus temores, também levaram embora seus sonhos e amores.


Meses antes, as mesmas aves empoleiravam-se nos galhos altos que circundavam o emaranhamento de lâminas e urros. Para elas, música e dança. Para os soldados e escravos rebeldes, a visão do próprio Tártaro.

O centurião Gnaeus assistiu as forças inimigas inundarem as formações romanas, destruindo tudo em seu caminho. Sacou sua espada com a certeza da fatalidade que um descuido poderia causar.

Lutou como sempre lutava.

Sentiu os impactos em sua armadura, que minguavam na mesma proporção que sua ferocidade aumentava. Os escravos, maltrapilhos e selvagens, mostravam os dentes e berravam ao atacá-lo. Ele respondia com brados ainda maiores. Separou um escravo de seu braço e outro de sua cabeça. O grito de outro escravo anunciou um golpe vindo de trás. Movido apenas por sua audição, Gnaeus evitou o ataque do machado duplo, que atingiu a terra e espalhou grama vermelha pelo ar.

Os corvos voavam, antecipando o banquete.

Um escravo rebelde aproximou-se brandindo uma lança, mas era o machado que o centurião temia. Quebrou a lança do sujeito com dois movimentos e atravessou sua garganta com a espada curta. O machado já descia sobre sua cabeça, então levantou o escudo, absorveu o impacto e usou o corpo para desequilibrar o inimigo. No segundo seguinte derrubou o homem, já desarmado, e atravessou suas costelas com a espada até sentir o solo do outro lado. A boca de dentes amarelos rugiu, irrompendo em sangue.

Os olhares se encontraram. Os de Gnaeus, cheios de vida e glória. Os do escravo, cônscios do seu último momento.

“Eu morro como um homem livre, romano.”

Um homem livre.

Livre.

 

Gnaeus acordou sozinho em sua tenda, como todos os outros dias. O suor salpicava seu corpo. Seu sonho o remetia à batalha que acontecera no início de sua campanha sob o comando do Legado Mummius e do pretor Marcus Crassus, quando por muito pouco não foram massacrados pelas forças rebeldes de Spartacus.

Lembrou-se da dizimação.

Balançou a cabeça para pôr de lado os pensamentos revoltosos. Voltou sua atenção para as memórias de sua esposa e dois filhos. Sorriu. Vestiu suas roupas oficiais e saiu de sua tenda, sendo recebido pelo sol da manhã. O acampamento acordava e se preparava para seguir caminho. Os soldados que protegiam sua tenda não esboçaram reação ao ver seu superior. Treinados como cavalos, ele pensou.

Eu morro como um homem livre, romano.

A voz do escravo rebelde ressonava tão nítida em seus pensamentos que ele a reconheceria dentro de uma taverna agitada. Evitando os ecos do seu pesadelo, Gnaeus montou em seu cavalo e esporeou na direção da tenda de seu legado.

O acampamento romano cheirava a ordem. As mulheres que saíam das tendas dos soldados faziam-no discretas, os bolsos tilintando o som oco do cobre. A gritaria e a bebedeira pertenciam às noites de vitória. As conversas descontraídas e os sussurros, às noites de vigília. Gnaeus odiava as noites. Preferia o sol que, ao nascer, trazia consigo o trabalho e a proteção da rotina.

Proteção contra seus próprios pensamentos conflitantes.

O legado Aelius, é claro, não poderia ser encontrado em sua tenda. Dois outros centuriões trocavam palavras cuidadosas com o tribuno, um homem altivo e temperamental, que anotava as perdas do dia anterior. Enquanto esperava por sua vez reparou um amontoado de pequenos pedaços de madeira marcados com inscrições, esquecidos em um canto da tenda.

Eram as madeiras usadas no sorteio da dizimação.

As imagens dos homens crucificados assaltaram sua mente. Um décimo dos legionários mortos por causa da decisão de um legado rebelde.

Eram mesmo homens livres, todos eles? Nesta guerra entre homens livres e escravos, de que lado estou?

Estava do lado dos sobreviventes.

“Gnaeus”

A voz arrastada do tribuno soou impaciente

“Um morto”, ele respondeu rápido, forçando o tribuno a engolir o veneno que destilava e estava prestes a cuspir. O homem demorou o olhar no centurião, então molhou a pena na tinta e retomou a escrita.

“Nome?”

“Ovidius”

“Ah. Sentirei sua falta”

Ele não sentiria, e Gnaeus sabia disso.

 

 

Os próximos dias foram de marcha. Os escravos rebeldes corriam para as montanhas de Petelia, onde estranhamente achavam que teriam mais proteção. Gnaeus passava quase todos os dias falando pouco e pensando mais do que deveria. Sua esposa e filhos eram constantes em seus pensamentos, mas à noite era o escravo que falava com ele, a boca vermelha vomitando palavras afiadas.

Eu morro como um homem livre, romano.

Os trabalhos repetitivos dos dias de marcha ajudavam-no a manter a mente ocupada: tomar um copo de vinho pela manhã; verificar seu acampamento e todos os sessenta e oito homens que ainda restavam da sua centúria; ordenar a marcha; considerar estratégias de posicionamento com os seus superiores; receber os relatórios dos batedores; dormir.

As conversas noturnas deram lugar a roncos vigorosos e vigias sonolentos. O acampamento estava cansado. Os únicos momentos de festividade aconteciam após as vitórias ocasionais, quando alcançavam um grupo de escravos desgarrados. Nestas noites os soldados comiam e bebiam, cantavam e deitavam com as mulheres que rastejavam pelas tendas. Uma ode à vida que não haviam perdido.

Nestas noites, a alegria lá fora penetrava a tenda do centurião e o impedia de dormir. Afogava-se em vinho e pensamentos.

Quantos anos Caius tem agora? ele pensava. Como está a saúde de Prisca?

Pelos deuses, o que faço aqui tão longe de casa?

O mundo girava e ele dormia enquanto conversava consigo mesmo, tentando responder perguntas retóricas.

 

 

Todos os dias alguns ingênuos andavam na direção do acampamento romano com as mãos ao ar, implorando perdão. Estes, após interrogatório, eram crucificados, pés e mãos pregados à madeira e olhos chorando as dores de uma vida de arrependimentos.

Certa tarde, após nova vitória, Gnaeus viu-se observando um dos infelizes que haviam sido dependurados. Uma chuva fina começava a cair do céu limpo, tilintando nas armaduras dos legionários ao redor, criando uma estranha sinfonia fúnebre.

O tempo passou furtivo. Gnaeus observou-o até o anoitecer.

O homem parecia dormir. Apenas o mínimo movimento de seu peitoral, subindo e descendo com sua respiração, denunciava que ainda estava vivo. Ele não está dormindo. Está morrendo, pensou. Não faz muita diferença.

Andou até o escravo e tocou-lhe o pé. O homem abriu os olhos devagar.

“Você morre um homem livre?”

O escravo moribundo tentou cuspir, mas a boca estava seca. Ao invés disso tossiu, estremecendo todo o corpo e injetando nova onda de dor.

“Você morre um homem livre? Responda a pergunta.”

A boca do escravo, escondida pela barba desgrenhada, abriu-se devagar.

“Mais livre que você, romano.”

Sua voz era familiar. O homem pendurado diante dele era o mesmo homem que matara tantos dias atrás. O mesmo que conversava com ele todas as noites.

Gnaeus sacudiu a cabeça e, olhando novamente para o escravo, já não o reconhecia. Assustado, apressou-se até sua tenda.

 

 

O chuvisco era constante. A lama pastosa que revestiu o acampamento não impediu os soldados de festejar. Naquela noite Gnaeus bebeu demais e saiu da tenda com um raro sorriso no rosto. Os poucos que o notaram acotovelaram os outros até as vozes começarem a morrer.

“Continuem bebendo e falando” ele disse, antes que os murmúrios superassem a cantoria. “Um centurião não pode beber com seus legionários?”

Um homem riu e estapeou o traseiro da mulher que sentava em seu colo, envolvendo-o com suas pernas.

“Beber e foder!”

Todos os soldados rugiram em aprovação. Gnaeus pegou pela cintura a primeira garota que viu passar por perto.

“E foder!”

Todos riam, menos a garota. Gnaeus puxou para baixo o manto que ela usava. A garota impediu sua nudez da melhor forma que pôde, mas um seio ficou à mostra, gerando novos gritos de aprovação.

Com um tapa no próprio rosto, afastou as lembranças de sua esposa, que o assaltavam sem piedade.

Gnaeus não entendia por que a garota parecia incomodada. Não costumava fazer aquilo durante suas campanhas, mas sabia que dormir com um centurião era algo cobiçado. Pegou-a novamente pela cintura, mas com um grito ela desvencilhou-se, esperneando e acertando-o um chute na canela. Em seguida, vendo o que fez com olhos arregalados, fugiu o mais rápido que pôde.

Três soldados brandiram suas espadas, mas foram impedidos pela voz de seu superior.

“Deixem-na ir”. Seus homens olharam-no confusos. Ele sorriu e bebeu em goles generosos até o vinho escapar de sua boca. “Temos mulheres o suficiente aqui para todos, não temos?”

O líquido ajudava a apagar as memórias de sua esposa e filhos. Não queria pensar naquela noite. Só queria esquecer.

Mais tarde, deitado ao lado de uma mulher sem nome e atacado pela insônia, ele pensou. Pensou no escravo que o atormentava. Pensou no escravo crucificado naquele dia.

Pensou na garota que fugiu de seus braços e invejou sua liberdade.

 

 

Os dois meses que se seguiram foram de perseguição a escravos dispersos. As forças de Spartacus minguavam.

Gnaeus nunca mais dormiu com outra mulher. Pensava na esposa o tempo inteiro. Ao voltar para casa, trocaria os campos de mortos por campos de trigo. Ensinaria o ofício aos filhos.

Seria livre.

Até que um grupo enlouquecido de rebeldes entocou-se nas árvores e esperou a distração dos legionários para atacar. Eram dezenas de escravos e milhares de romanos. Matar um romano antes de morrer era o lema que carregavam consigo nos últimos dias. E os romanos que decidiram matar naquela tarde foram os de sua centúria.

Pegos de surpresa, seus homens tiveram dificuldades para manter a formação. Gnaeus viu-se cercado por três escravos. Desceu sua lâmina sobre eles com ferocidade, então sentiu uma lança penetrar suas costas, perfurando costelas e encontrando o outro lado. Urrou a plenos pulmões. Segurou a ponta da lança e quebrou-a com o peso do próprio corpo, girando e matando o escravo que a segurava.

Seus pés fraquejaram e ele caiu sobre os corpos e sobre a grama pisoteada. A dor era lacerante. O som da batalha ao seu redor se esvaía, dando lugar às risadas de seus filhos e à voz serena de Prisca.

Morrerei assim?

Uma lágrima escorregou tímida até encontrar o chão. O som findou. As luzes findaram. Gnaeus dormiu.

 

 

Não soube quanto tempo havia se passado quando acordou sem abrir os olhos. Sentia a rigidez do corpo que lutava para agarrar-se à vida. Sentia a fraqueza dos membros e o sangue escorrendo.

Estou vivo!

Precisava de ajuda. Os corvos ao redor gralhavam satisfeitos. Além deles, Gnaeus ouvia os passos vagarosos dos seguidores de acampamento, recolhendo os pertences dos menos afortunados.

Ajudem-me. Ajudem-me.

Em sua mente ele gritava.

Uma mão muito leve tocou o seu corpo, procurando por pertences de valor. Em um urgente surto de energia, Gnaeus agarrou o braço de quem quer que fosse e olhou-a nos olhos. A garota que olhava de volta para ele parecia tão assustada quanto na noite em que ele tentou violá-la.

Ela produziu uma faca de dentro do manto que a cobria – o mesmo que ele tentara rasgar tantos dias atrás – e esfaqueou-o inabilmente. Sentiu o ombro explodiu em sangue e dor.

Não, não. Perdoe-me. Posso levar você comigo, ele pensava, desesperado pela primeira vez na vida. Eu lhe ensino o ofício. Posso cuidar de você.

As palavras que conseguiu balbuciar nada tinham a ver com o que pensava:

“…ch….chame…aju…aju…”

A segunda facada atingiu-lhe a garganta. Assustado, Ganeus teve a certeza da morte.

Não quis largar do braço da garota que ainda segurava mesmo não a enxergasse mais. Queria pedir perdão e desejar-lhe sorte. Queria pedir para que falasse com sua família por ele. Queria coisas demais.

Tudo o que fez foi grunhir e expirar enquanto pensava em uma vida de arrependimentos.

 

 

Os profundos olhos negros do corvo misturavam-se à sua penugem enquanto vigiavam os arredores. Sua cabeça fazia movimentos rápidos e cronometrados. Uma bicada, olhar para frente. Outra bicada, e mais uma, olhar para o lado. Olhar para o outro lado. Uma bicada.

Satisfeito, voou.

Carregava consigo sonhos nunca realizados, esperanças despedaçadas e amores findos. Tecia uma melodia tristonha, cantada nos salões de Orcus com tantos outros de sua espécie, sobre o cotidiano do mundo.

80 comentários em “O campo e os corvos (Marco Piscies)

  1. Fabio D'Oliveira
    5 de novembro de 2015

    ☬ O campo e os corvos – Final
    ☫ Marte

    ஒ Físico: Mesma impressão em relação à primeira parte. Texto bem escrito e narrativa natural, mas o estilo não se destaca. É tão simples que se torna somente mais um entre tantos textos. O bom do estilo simples é que ele abraço todos os leitores, inclusive os exigentes. Todos conseguem apreciar a leitura, independendo do nível de excentricidade daquele que lê. No entanto, se não tiver nenhuma característica especial, como um toque poético, não se destaca muito. Textos prolixos chamam mais a atenção daqueles que querem contato com a estética física do livro, não sua mensagem. No caso do texto simples com algo a mais, alcança esses leitores e mais aqueles que procuram encontrar um significado profundo na estória. Procure desenvolver seu estilo assim, pois parece que tem talento. Sabe muito bem conduzir uma estória.

    ண Intelecto: O personagem está tão bem construído quando a protagonista da primeira parte. É possível entender a relação deles, mas, no fundo, parecem dois textos distintos. O melhor seria seguir uma lógica, ou seja, continuar a estória da menina. O texto fica sem uma essência maior dessa forma, digamos. Mas está bom! Não se preocupe com isso. Digo isso porque você escreve muito bem e sabe conduzir uma estória.

    ஜ Alma: Um dos melhores textos nesse desafio que trata sobre o cotidiano. Poxa, parabéns, Marte! Muitos escritores se confundiram e praticamente adotaram o tema do desafio como livre. Não basta adaptar o texto na nossa realidade ou algo semelhante. O foco é necessário! Enfim, mais uma vez parabéns pelo sucesso!

    ௰ Egocentrismo: Gostei do texto. Posso falar que a leitura aconteceu de forma natural e consegui ver os personagens como seres humanos. Parabéns! O maior problema é que o estilo simplista está frio demais. Apimente isso, rapaz!

    Ω Final: O autor sabe escrever e conduzir uma estória como ninguém. Mas seu estilo é frio demais. Impessoal demais. O autor precisa melhorar isso se quiser se destacar no futuro. A estória e os personagens estão bem construídos, mas não há emoção no texto. Falha da narrativa fria. Se fosse o contrário, o efeito seria melhor e ganhar a maior nota possível, pelo menos da minha parte. Se encaixa perfeitamente no tema, pois o autor conseguiu fundir, de forma maestral, o cotidiano dos personagens com seus problemas, sem perder o foco ao tema do desafio. Parabéns!

    ௫ Nota: 9.

    • Piscies
      9 de novembro de 2015

      Obrigado novamente Fabio. Vou continuar trabalhando o meu estilo até conseguir algo melhor. Sempre evoluindo!

  2. Pedro Luna
    5 de novembro de 2015

    Bom, a escrita é boa e acho que sei quem escreveu. O conto é massa, e achei uma boa sacada a inserção da parte do morto, Gnaeus. Não pude deixar de dar um sorrisinho quando a mesma cena do início se repetiu, mas sob uma ótica diferente. Achei o contexto histórico bacana também. Enfim, me agradou.

  3. G. S. Willy
    5 de novembro de 2015

    A pesquisa para o conto foi bem feita, incluindo nomes, estilo de vida e guerra. Alguns termos menos conhecidos ficaram sem uma explicação e isso atrapalhou um pouco o entendimento em algumas partes.

    Acredito que o autor poderia ter descrito melhor o ambiente, utilizando os cinco sentidos do leitor. Não consegui sentir a sujeira, o cheiro da guerra, o calor da batalha.

    A ideia de mudar o ponto de vista foi bem executada e ficou até interessante sabermos mais da vida do centurião. Porém, acho que a primeira metade deveria ter dado mais destaque a ele, como uma figura de medo para a garota ais vezes, para que também sentíssemos medo dele, para depois descobrirmos como ele é realmente, acabando por entender e até gostar do personagem. As camadas teriam funcionado melhor dessa maneira.

    • Piscies
      9 de novembro de 2015

      Concordo G. S. Willy. Acho que tem espaço aí para trabalhar melhor Gnaeus na primeira parte.

      Oh well. Vivendo e aprendendo. Obrigado pelo feedback!

  4. Bia Machado
    5 de novembro de 2015

    Gostei bastante do resultado ao final, no começo o tamanho intimida um pouco, mas a escrita fluiu, a leitura também. Seu texto me lembrou o filme “Gladiador”, sei que não tem nada a ver, mas talvez tenha sido a construção das personagens. O texto foi muito dramático e eu gostei desse tom que foi dado. Parabéns pelo trabalho!

    • Piscies
      9 de novembro de 2015

      Obrigado Bia!

      Acho que minhas influências para este texto incluem Gladiador mesmo. Rs rs rs.

  5. rsollberg
    5 de novembro de 2015

    Caro (a), Marte

    Esse conto torna-se interessante por trazer uma nova abordagem do tema cotidiano. Ele vai pelo caminho do romance histórico. Gênero que aprecio bastante graças aos incríveis Christian Jacq, Allan Massie, Valerio Massimo, Manfredi, Wilbur Smith e Margaret George. Pelo estilo adotado, creio que o autor tenha muita familiaridade com esse tipo de história. Aliás tenho que dizer que me lembrei na hora do Conn Iggulden e sua saga sobre Roma. Na minha opinião, algo ótimo por se tratar de um escritor tão talentoso.

    Penso que o autor se destacou ao narrar as lutas, fica evidente que sabe o que está fazendo e que o texto ganha agilidade nesta hora. É muito bom ver os personagens das duas partes andando no limite, ou melhor dizendo, além do bem e do mal. Mostrando a sobrevivência na guerra. Discordo do narrador, com base na própria história, quando ele diz que a protagonista é limitada intelectualmente. Sua trajetória e atitudes demonstram o contrário.

    Gostaria de ter sentido um pouquinho mais do cotidiano da guerra, tanto quanto senti a dilema do dever x liberdade. Bom, de qualquer modo não tenho dúvidas de que o autor fez um belo trabalho.

    Parabéns e boa sorte!

    • Piscies
      9 de novembro de 2015

      Obrigado Rafael! Sou seu fã!

      Pior que não li nenhum destes autores que você falou. Meu contato com livros deste gênero vem mais de Bernard Cornwell.

      Não costumo escrever textos deste tipo, então foi muito bom saber que consegui agradar alguns.

      Valeu!

  6. Anorkinda Neide
    5 de novembro de 2015

    Nossa Senhora do texto perfeito!!
    que dizer além de parabéns e obrigada por esta leitura?!
    .
    que narrativa deliciosa, perfeita mesmo, envolvente… qd terminou a primeira parte eu estava ansiosa querendo saber mais de Laelia, que nome delicioso… mas o que veio foi a história de Gnaeus… outro nome show de bola!
    a contradição dele fisgou-me embora eu seja resistente para este tipo de recurso, das lutas de consciência dos homens de ação, não compro muito, mas aqui, caí de joelhos.
    sinceramente não sei o que fazer… quero te encontrar e te dar um bj estalado por este conto!
    Abraços

    ahh a cena final do corvo!! ceus! meus sentidos poéticos se arrepiaram em todas as dimensões!

    • Piscies
      9 de novembro de 2015

      Hahahah! Obrigado kinda!

      Engraçado como as opiniões variam bastante né? Eu vou lendo os contos e anotando todas as falhas apontadas pela galera, então me deparo com esse seu comentário e abro um grande sorriso. É sempre bom saber que agradei alguém assim =)

      Obrigado novamente!

  7. Jefferson Lemos
    4 de novembro de 2015

    Olá, autor (a).

    Gostei bastante do seu conto. A forma como você construiu a história é bem verossímil, nos inserindo nessa realidade de guerras e que era tão cotidiana antigamente. Se pararmos para pensar, fazem parte do nosso cotidiano em dias atuais também.
    As personagens ficaram bem construídas, apresentando seus lados bons e ruins.
    A narrativa também me agradou bastante. É bem descrito e casa bem as situações, sendo um narração bem situada e repleta de boas descrições.
    Gostaria, como alguns já disseram, de ter escrito esse conto. Mas não é meu. Haha

    Enfim, parabéns pelo conto!
    Boa sorte!

  8. Leonardo Jardim
    4 de novembro de 2015

    O campo e os corvos (Marte) – Primeira Fase

    📜 Trama: (4/5) se fechou decentemente na primeira parte, mesmo deixando algumas pontas em aberto para a segunda. Gostei da ambientação, da explicação rápida e eficiente do passado e dos “ensinamentos” da mãe.

    📝 Técnica: (4/5) muito boa, narrou com eficiência, alternou bem entre o mostrar e o contar e conduziu bem a história.

    🎯 Tema: (2/2) cai naquele limiar “cotidiano de uma catadora de espólios”. Não gosto muito dessa variação, não parece muito no tema, mas não chego a descontar pontos por isso.

    💡 Criatividade: (3/3) muito interessante. Sabia dessa terrível “profissão”, mas nunca havia lido um texto sobre isso.

    🎭 Emoção/Impacto: (3/5) alguns trechos se destacaram nesse quesito, como a parte do legionário e a apreensão de ser descoberta. Mas o impacto final ficou um pouco prejudicado pela sensação de ter acontecido pouco coisa.

    Frase de destaque: “Quando percebeu, as lágrimas já desciam involuntárias, abrindo caminhos salgados pela sujeira.”

    • Leonardo Jardim
      4 de novembro de 2015

      O campo e os corvos (Marte) – Segunda Fase

      📜 Trama: a troca de ponto de vista incomodou um pouco, ainda mais sendo parra um que sabíamos que havia morrido. A boa ambientação me manteve preso à história, mas a morte dele acabou não sendo nada muito novo. Seria mais interessante se tivesse alguma relação mais forte com o escravo, para a história dele ficar mais forte. (-0.5)

      📝 Técnica: no mesmo bom nível. (0)

      🔧 Gancho/Conexão: a conexão não é muito forte, aproveitando um personagem e contando uma nova história. A relação entre essas histórias é basicamente a ambientação, não são muito complementares. (-0.5)

      🎭 Emoção/Impacto: gostei da relação do legionário com o escravo e o tema da liberdade. OO final não teve grande impacto por já sabermos como seria sua morte. (0)

      ⭐ Nota: 8,0

      • Piscies
        9 de novembro de 2015

        Obrigado pelo feedback leonardo!

        Você falou algo interessante: “Seria mais interessante se tivesse alguma relação mais forte com o escravo, para a história dele ficar mais forte.”. É verdade. Vou manter este tipo de coisa anotado. Não vou voltar atrás e refazer este conto, mas é realmente uma boa sacada para deixar a história mais envolvente.

        Valeu!

  9. Felipe Moreira
    4 de novembro de 2015

    Posso dizer que gostei mais da segunda parte. Gnaeus protagonizando essa jornada ficou mais interessante ao meu ver. Algumas colocações culturais foram muito bem exploradas, trazendo verossimilhança ao texto. Como antes, não esperava um conto deste teor no desafio, ainda mais num tema de cotidiano.

    Ficou muito bom. Gosto dessa linha visceral. Parabéns pelo seu trabalho.

  10. Gustavo Aquino dos Reis
    28 de outubro de 2015

    Autor(a), o teu trabalho tem pontos de suprema excelência. Como já havia comentado, aprecio demais narrativas históricas – e eu, dentro de minhas limitações em termos de escrita, me arrisquei em trabalhos como o seu. O final do conto é muito bom, embora tenha notado alguns erros de português ao longo da narrativa.

    Porém, devo confessar que embora o teu conto tenha trazido originalidade ao certame (creio que é o único trabalho com esse viés de histórico) ele não me pareceu se adequar bem. A história de Gnaeus é boa, melhor ainda na segunda parte, mas não conseguiu me arrebatar.

    Não obstante, lhe dou parabéns pelo conto.

    Já leu alguma das histórias de Bran Mak Morn, de Robert E. Howard? Ou algum trabalho de Mika Waltari?

    Se sim, ótimo. Se não, leia-os. Tem tudo a ver contigo.

    • Piscies
      9 de novembro de 2015

      Opa, obrigado pelas dicas Gustavo. Ainda estou trabalhando na minha revisão. Tenho que escrever com mais antecedência para dar tempo de revisar tudo =(

      Nunca li nenhum destes autores. Este conto destoa bastante do meu estilo: sou mais voltado para a Ficção Científica ou Terror/Suspense. De qualquer forma, conhecer novos autores é sempre bom. Vou dar uma lida nesses caras!

  11. Thata Pereira
    28 de outubro de 2015

    Após a segunda parte:

    Adorei o último parágrafo do conto. Lindo.

    Eu gostei muito do conto, como disse na primeira vez que li, foi, para mim, o cotidiano mais surpreendente, pelo cenário. Gostei dessa surpresa. O modo como o conto foi escrito também me agradou, narrando a mesma versão dos fatos através de personagens diferentes. Confesso que esperava que o conto terminasse com algum pensamento de Laelia, mas eu adorei o modo como o autor terminou.

    Só achei um errinho de digitação bem no final, onde está escrito Ganeus invés de Gnaeus.

    Boa sorte!!

  12. Tiago Volpato
    27 de outubro de 2015

    É um bom texto. Você escreve bem e aborda bem os detalhes, conseguiu criar um universo muito rico, ponto pra você.
    Pessoalmente eu não sou fã desse tipo de história. Achei o ritmo dela um pouco lento, o que pra mim, deixa desinteressante, mas isso não é motivo pra achar o texto ruim, como já disse, o texto é muito bom.
    Parabéns e boa sorte!

  13. catarinacunha2015
    22 de outubro de 2015

    Parte II: O TÍTULO cresceu em importância (2/2) e o TEMA manteve-se refletindo um cotidiano assustador (2/2). O FLUXO dramático de um narrador experiente (2/2) segurou a TRAMA meio forçada na inversão de protagonista (1/2) . FINAL sem novidades, mas quem disse que o cotidiano de um corvo precisa de novidade? Genial (2/2). Total 9.

  14. Claudia Roberta Angst
    22 de outubro de 2015

    Eu ainda não tinha lido este conto. Olhei a imagem e ao ler o primeiro parágrafo, pensei: conto de menino.

    Este enredo de batalhas, mortes e disputa de poder não são muito do meu gosto. No entanto, aos poucos, Laelia chamou minha atenção e fui seguindo os seus passos.

    Não entendi esta passagem:
    “Ao revelar o rosto da mulher, viu sua mãe. Ela abriu a boca para falar algo mas foi abafada pelo grito desesperado da filha, então calada por facadas violentas.”
    A mulher era afinal a mãe da moça ou uma alucinação?

    “Ela produziu uma faca de dentro do manto que a cobria (…)” > Produziu?

    O conto está bem escrito. Não encontrei erros graves.

    O ritmo da narrativa estava equilibrado, mas lá pela metade,perdeu a força. Eu diria que o autor não soube lidar muito bem com o destino dos personagens e ficou dando voltas para achar uma saída.

    As reflexões finais de Gnaeus embaçaram um pouco a trama, diminuindo o interesse do leitor.

    Gostei dos últimos parágrafos com a visão do corvo. Foi um final diferente.

    Boa sorte! 🙂

    • piscies
      7 de novembro de 2015

      Oi claudia.

      É, numa releitura até eu senti que as reflexões dos personagens acabaram atrapalhando um pouco a leitura. Tenho que rever esta minha “mania”.

      A mulher era uma alucinação. Acho que não deixei isso nem um pouco claro, visto que você é a terceira pessoa que ficou confusa com essa parte. Vou revisar esse conto bastante antes de postar lá no meu blog xD

      Obrigado pelo feedback!

  15. Evandro Furtado
    21 de outubro de 2015

    Tema – 10/10 – adequou-se à proposta;
    Recursos Linguísticos – 10/10 – texto muito bem escrito, não encontrei problemas;
    História – 10/10 – muito bem desenvolvida em seus vários arcos;
    Personagens – 10/10 – complexos e verossímeis, bem caracterizados psicologicamente;
    Entretenimento – 10/10 – quando Roma está envolvida, tudo fica mais interessante;
    Estética – 10/10 – a estratégia de mostrar a perspectiva da moça primeiro e depois a do legionário foi um acerto enorme. É possível enxergar a história sobre duas facetas com isso. Excelente trabalho.

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      “Quando roma está envolvida, tudo fica mais interessante”, rs rs rs. Gostei!

      Obrigado pelo feedback Evandro! Vlw pelo 10! =D

  16. Fabio Baptista
    20 de outubro de 2015

    Meu, que conto foda!

    Fiquei imaginando como o autor faria a segunda parte, pois, se continuasse com a história da mulher provavelmente cairia numa enrolação de mais do mesmo.

    A ideia de contar pelo ponto de vista do soldado foi sensacional.

    A escrita está muito boa, não vi nada que pudesse tirar a nota máxima pelo conjunto da obra.

    Parabéns!

    NOTA: 10

    • piscies
      7 de novembro de 2015

      Eita! Nota máxima do Fábio Baptista para mim vale 20!! rs rs rs

      Vlw!

  17. Rubem Cabral
    20 de outubro de 2015

    Olá, Marte.

    Gostei da continuação, da versão da história através dos olhos do romano. A reparar somente em algumas vírgulas faltantes e pequenos erros de digitação.

    Um bom conto! Nota 7,5.

  18. Brian Oliveira Lancaster
    20 de outubro de 2015

    EGUAS (Essência, Gosto, Unidade, Adequação, Solução)

    E: O clima de guerra foi bem descrito, sob dois pontos de vista. Inusitado. – 9,0.
    G: Voltar e explicar o que aconteceu está sendo um ótimo recurso utilizado por muitos por aqui. Fechar o ciclo e explicá-lo em detalhes foi uma bela jogada. As descrições convencem, embora algumas soem um tanto exageradas. – 9,0.
    U: A escrita flui bem. O que incomodou foram os excessos de espaços, não bem definidos. Sei que pode ser culpa da formatação, mas atrapalha um pouco. – 8,0.
    A: A atmosfera romana foi retratada de forma praticamente fiel, o que é um ponto alto. – 8,0.
    S: Pontos de vista sempre atraem e diversificam a leitura, o que você fez aqui, de forma sutil e convincente. – 9,0.

    Nota Final: 8,6.

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Obrigado !!

      Os espaços enormes que donatavam uma pausa na narrativa foram feitos de forma tosca mesmo. Seria melhor uma linha horizontal, ou coisa parecida. Vou ver se mudo isso na nova versão!!

  19. Rogério Germani
    18 de outubro de 2015

    Olá, Marte!

    Confesso que fui surpreendido pela continuação do seu conto. Mas foi uma surpresa boa. Esta narrativa apresentando os pensamentos perturbados do centurião Gnaeus antes de sua morte elucidaram o conto. Mesmo que, desta vez, o foco tenha se voltado completamente para Gnaeus, o cotidiano no campo de batalhas ficou visível e denso, tal qual a morte viva nos olhos dos corvos.
    Algumas passagens ficaram sem revisão:

    “Sentiu o ombro explodiu em sangue e dor.”

    “Assustado, Ganeus teve a certeza da morte.”

    Boa sorte!

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Opa, obrigado Rogério!

      A primeira frase eu vi o erro. Vou alterar. A segunda, porém… não entendi. Será que a frase fica melhor sem o artigo “a” antes de “certeza”?

      Valeu!

      • Claudia Roberta Angst
        7 de novembro de 2015

        Também não vi erro na segunda frase.

  20. Renato Silva
    30 de setembro de 2015

    Olá.

    Muito bom o conto, ambientação romana. Vejo que fez uma pesquisa e criou um cenário bem construído, narrando as desventuras de uma pobre mulher.

    Boa sorte

  21. Gustavo Aquino dos Reis
    30 de setembro de 2015

    Aprecio demais narrativas históricas e sou um amante confesso de trabalhos que tendem a recriar certos tipos de cenários da antiguidade. Porém, autor, infelizmente, devido à roupagem do certame, o conto não me caiu bem. Quando penso em cotidiano, penso em narrativas que partem do contemporâneo e da modernidade. Debruçar-se numa história que tem como narrativa romanos e etc., não funcionou comigo por conta da verossimilhança.

    No mais, parabéns pelo trabalho.

    Existem alguns erros pontuais que carecem de atenção.

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Hummm que pena que o texto não seja do seu agrado pessoal, Gustavo. Entendo que “Cotidiano” pode ser aplicado a qualquer época da nossa história, visto que o ele não existe apenas nos dias de hoje.

      Gostaria de saber quais erros você enxergou, mas já tenho alguns em mente que merecem atenção.

      Valeu!

  22. Lucas Rezende
    30 de setembro de 2015

    Olá,
    A história é bem interessante, uma ambientação diferente e muito bem feita. A retratação da vida de Laelia é… comovente? Não sei, mas faz pensar.
    A texto abordou a transição da vida da personagem e pecou um pouco nisto. Foi rápido demais. Por mais traumática que foi a sua experiência de matar Gnaeus, ela muda muito rápido. Entendo que o limite de palavras pode ser um problema.
    O desfecho ficou legal, mas podia ser mais sutil. Gostei do texto no geral. Parabéns.
    Boa sorte!

    Nota: 7,5

  23. catarinacunha2015
    29 de setembro de 2015

    TÍTULO simples, mas fortalecido ao salientar a importância da metáfora dos corvos (1,5/2). O TEMA retrata um cotidiano de uma passagem histórica dramática (2/2), fortalecida por um FLUXO forte e competente (2/2). Os intervalos na TRAMA densa quebraram um pouco o ritmo (1,5/2); devidamente compensados pelo gancho bem pendurado no FINAL (2/2). 9

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Obrigado pelo feedback Catarina. Muito legal!

  24. Thata Pereira
    28 de setembro de 2015

    Eu gostei do conto, uma história que foge do comum e dos cenários que esperava ver por aqui. Não sei o que esperar da continuação, pois o conto me pareceu completo, como se não fosse preciso terminar. Tenho medo que uma continuação fique sobrando. Mas espero muito lê-la, para ver como o(a) autor(a) irá trabalhar isso.

    Boa sorte!!

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      OI Thata! Obrigado pelo feedback, espero que tenha gostado da continuação xD

  25. Bia Machado (@euBiaMachado)
    28 de setembro de 2015

    Emoção: 2-2 – Gostei da história. No começo estava achando meio chato, mas acho que fui me afeiçoando a Laelia.

    Enredo: 2-2 – Interessante, não sei se por conta de ser um tanto diferente da maioria dos contos que li nesse desafio, mas achei bem definido e de leitura rápida, conforme vamos avançando. Mérito de quem escreveu.

    Construção das personagens: 2-2 – Gostei, acho que o autor desenvolveu bem e não fugiu do foco, compôs bem dentro da proposta do conto. A Laelia é personagem que cativa.

    Criatividade: 2-2 – Como não ser criativo? Foi criativo, empregou bem a criatividade, gostei bastante de encontrar um conto histórico por aqui, nesse desafio.

    Adequação ao tema proposto: 1-1 -Ok, adequado, e fugiu do lugar comum desse desafio, creio.

    Gramática: 1-1 – Não vi nada de mais.

    Trecho destacado: “Mas Laelia já não a ouvia. Um sentimento de liberdade tomava conta do seu peito. Ela estava livre. O crime, se é que ele realmente existiu, passou despercebido.

    Ela sentia que poderia fazer qualquer coisa no mundo.”

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Eeeeita. Feedback positivo da Bia? Aí meu coração não aguenta, rs.

      Obrigado!!

  26. Gustavo Castro Araujo
    26 de setembro de 2015

    De cara já gostei do conto ter começado com o ponto de vista de uma ave – o que casou perfeitamente com o final, num loop bem pensado. Também gostei da ambientação, para mim o ponto alto do texto. A história da garota que parasita as legiões romanas foi bem criativa. Duvido que alguém tenha uma sacada assim neste desafio. Laelia é uma personagem fácil de se apegar, bem construída, repleta de dramas e dona de uma história pessoal de dificuldades. E, o que é mais importante para mim, como leitor, é alguém que possui defeitos e qualidades, afastando-se do estereótipo “bonzinho X malzinho”. Só não curti muito o fato de ela ter encontrado, em meio aos mortos no campo de batalha, sem dificuldade aparente, pessoas com quem tivera alguma relação. Que os tenha reconhecido é ainda mais surpreendente, dada a carnificina que ocorria nesse tipo de situação. Não que não seja possível, mas, ao contrário da vida real, a ficção precisa fazer sentido, rs. Tirando esse detalhe, o conto me agradou, seja pela criatividade, seja pela ousadia. Tenho certeza de que passará para a próxima fase. E confesso que estou curioso para ver essa história se desenrolar. Boa sorte!
    Nota: 8

    • Gustavo Castro Araujo
      2 de novembro de 2015

      Retomando…
      Numa segunda leitura da primeira parte, acrescida, agora, da segunda, posso dizer que gostei muito do conto. Achei brilhantemente escrito, com palavras bem colocadas e expressões certeiras. Em determinados momentos me senti ao lado das legiões, o gosto ferruginoso de sangue na boca, a adrenalina da batalha, o medo e o orgulho de morrer, a inveja dos homens livres. Muito bom mesmo!
      Quanto à primeira parte, repito que a construção de Laelia foi realizada de forma competente. As alusões aos ensinamentos da mãe também caíram bem, permitindo a leitor entender os motivos pelos quais ela acompanhava os exércitos e os parasitava. Na segunda parte esse virtuosismo prossegue. É fácil gostar de Gnaeus e torcer para que o destino a ele reservado – a morte pela faca de Laelia – seja de alguma maneira alterado. Claro, isso não ocorre, fazendo do conto algo real, crível, verossímil. Percebi que o sentimento que Gnaeus nutre em relação aos escravos, essa inveja do homem livre, se assemelha à saudade que o gladiador Maximus sente de sua família, como visto no filme de Ridley Scott. Bem sacado tanto lá como aqui, fazendo com que o leitor se identifique com o personagem.
      O artifício dos corvos foi bem engendrado, quer na primeira, quer na segunda parte. Como disse, um loop inteligente e que serviu muito bem como início e término dos dois trechos.
      Nem tudo são flores, contudo. Apesar de eu ter gostado bastante do resultado, é fato que tive que fechar os olhos para algumas incongruências. Não consegui engolir o trecho de Laelia ter encontrado Gnaeus – exatamente Gnaeus – no campo de batalha onde havia senão milhares ao menos centenas de mortos, massacrados, desfigurados e mutilados. E depois, ela encontra a mãe? E a esfaqueia? Sério mesmo ou isso foi uma alucinação? Espero que tenha sido isso, um devaneio. Outra coisa que tive que relevar foi o fato de Laelia conhecer (e depois reconhecer Gnaeus). As legiões eram compostas por uma quantidade enorme de centuriões. Mesmo os grupamentos menores eram numerosos. Como ela poderia saber o nome dele? Gnaeus, ao que parece, era algo como um tenente, ou um capitão, isto é, alguém que não estava no topo da hierarquia. Também não era “famoso” ao que tudo indica. E também não deveria ter sido o primeiro a tentar dormir com Laelia… Como e por que só ele teria ficado na memória dela?
      Bom, tudo isso é chatice de minha parte haha Como disse, o conto é muito bom, especialmente por conta da atmosfera criada e pelo esmerado trabalho de pesquisa. Faço novamente menção ao filme “Gladiador”. Mesmo com suas incongruências, foi um ótimo filme, até mesmo ganhando o Oscar. Acho que o mesmo vale aqui. Ainda que imperfeito, este conto está acima da média. Parabéns pelo excelente trabalho.
      Nota final: 9,0

      • Piscies
        6 de novembro de 2015

        Grande mestre!!

        É, você não foi o único que não sacou a alucinação de Laelia. A mãe dela era uma alucinação – a mente dela gritando sobre o crime que cometera. Vou ter que melhorar isso numa versão final do texto. Não deixei claro, por exemplo, que a mãe dela já estava morta muito tempo antes do conto começar.

        Por isso a reação dela com facadas. Ela sabia que a mãe estava morta, então a viu novamente no campo de batalha. Ela meio que “perdeu o chão”.

        Mas ficar me explicando é péssimo. Vou melhorar isso aí! rs.

        De qualquer forma, o fato dela lembrar-se de Gnaeus é que ele foi o único que ela teve a ousadia de resistir e, inclusive, bateu nele de forma involuntária. Ela sabia que, se ele a encontrasse, ela estaria morta. Por isso seu rosto ficou estampado em sua memória.

        O fato de encontrá-lo no campo de batalha foi uma coincidência, é claro. Mas de coincidências vivem nossas mudanças de cotidiano, não é? rs rs

        Abração!

  27. Tiago Volpato
    25 de setembro de 2015

    O texto demonstra que você não é um iniciante. A história foi muito bem construída, ela segue um ritmo bom até o seu final. Não tem muita coisa aqui para ser apontada, foi legal você escrever sobre esse tema, foi uma mudança de ares muito bem vinda. O texto está muito bom, acredito que vai ser um dos que passarão para a próxima fase.
    Abraços.

  28. Pedro Viana
    23 de setembro de 2015

    Que proposta ousada, hein?

    Acho que nem se eu estivesse numa vibe muito rock n’ roll eu animaria escrever um conto histórico, retratando o cotidiano dos campos de batalhas da época do Império Romano, em apenas 2000 caracteres. Por ter encarado este robalo, receba meus parabéns!

    Agora, os comentários… A escrita é boa, a ambientação histórica ficou muito boa e a construção de personagens precisa de um pouco mais de nuances (pois está oscilando ora em personagens complexos ora em personagens superficiais). Por último, gostaria de comentar sobre as descrições. Sou péssimo com feedbacks, mas vamos lá. Tente não caminhar tanto para lugares comuns, descrições que todos nós já vimos em algum lugar (frases como “A vista de cima era uma mistura de metal, carne, vísceras, terra, grama e lágrimas”; “Esperneou e gritou, causando um estardalhaço que fez o sangue subir ao rosto do centurião”; “Diversas outras pessoas perambulavam pelos corpos dizimados, olhos voltados para baixo procurando qualquer coisa que brilhasse”, entre várias outras). Não estou pedindo para tornar cada frase sua uma peça de originalidade – isso é impossível – mas tente, tanto quanto conseguir, descrever lugares e cenas de um modo que faça a sobrancelha de seu leitor arquear, que faça com que ele se aproxime da tela ou da página para ler o que vem depois, que faça ele ficar curioso. Quando a descrição é muito “já vi isso antes”, a única coisa que traz é sono.

    Apesar das minhas duas cochiladas no texto, vou dar nota 7 e desejar meus votos de boa sorte para este desafio e os demais! Um grande abraço!

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Obrigado pelo feedback Pedro.

      Realmente estou ainda molhando os meus pés na minha técnica de narrativa. Sinto que melhorei muito desde que cheguei aqui, mas falta muito para chegar a algum lugar. Agradeço o comentário. Esta dica está anotada!

  29. Anorkinda Neide
    23 de setembro de 2015

    Mas, bah, tchê! Quem esperaria um cotidiano no tempo do glorioso Império Romano? Muito bem, surpreendeu mais do que se falassem de dinossauros…hehehe
    Gosto deste cenário e vc trouxe um conto muito bom mesmo. Obrigada por isto. Limpo, claro, de fácil entendimento sem que a leitura seja simplória, ao contrário, é densa e forte. Vou gostar muitíssimo de ver a continuação da sina de Laelia. Já estou curiosa pra falar a verdade e olha que , no meu entender, vc nem deixou um gancho.
    Parabéns, acho que eu não preciso dizer que nota lhe dei, né?
    Abração

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Obrigado Anorkinda!

      É sempre um deleite ler seus comentários. E sim, eu não tinha deixado um gancho para a história da Laelia. Quando soube que passei para a segunda fase, fiquei perdido, rs rs rs. Pensei e comecei a escrever quatro versões da continuação até enfim chegar na que enviei.

  30. pythontrooper
    22 de setembro de 2015

    Visão interessante sobre alguém que vive, contra sua vontade, dos espólios da guerra. A situação da personagem em si me cativou, embora o problema que ela tenha enfrentado, não.
    Me pareceu mais coisa da cabeça dela do que um perigo real.
    Muito bem escrito, sem erros e dentro do tema.

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Olá. Obrigado pelo feedback =]

      Sim, o “crime” que ela cometeu aconteceu mais na cabeça dela do que na realidade, visto que era quase impossível alguém notar que ela tinha realmente matado o oficial. Mas e o “e se”?

      Sem contar que ela nunca tinha contado ninguém. O que tentei narrar aqui foi o seu medo. Este sim, foi bem real para ela.

  31. Maurem Kayna
    21 de setembro de 2015

    tá certo que cotidiano sempre existiu em todos os tempos, mas tenho visto muitas narrativas que me soam fora do tema proposto… mas vamos lá… a história triste da camponesa que é um misto de ladra, assassina e coveira é bem plausível mesmo como rotina daqueles tempos. não é o tipo de história que me conquista, mas ela está bem estruturada.

  32. Brian Oliveira Lancaster
    21 de setembro de 2015

    Texto bem profundo e diferente. Uma atmosfera rara por aqui. Bem escrito, fluente e com flashback não incisivos. A forma de contar conquista à primeira vista.

  33. Felipe Moreira
    20 de setembro de 2015

    Ainda não li todos os contos, mas esse pareceu um tanto deslocado do tema. Mas eu gostei bastante dessa saga da Laelia. Não esperava ler um trabalho com tão bom conteúdo. Achei, em parte, até educativo. Não vou descontar ponto por achar que o cotidiano nesse aspecto foi abordado de maneira mais branda que os demais. Seu conto tem um material bom o suficiente para disputar a classificação. Só acho que esse desfecho poderia ser definitivo também.

    Parabéns pelo trabalho. Boa sorte no desafio.

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Obrigado Felipe!

      Houve certa confusão neste desafio mesmo. Teve gente que achou que o conto deveria ser autossuficiente (como eu), e gente que achou que precisava de um gancho.

  34. Fabio D'Oliveira
    18 de setembro de 2015

    ☬ O campo e os corvos
    ☫ Marte

    ஒ Físico: O estilo do autor parece estar em desenvolvimento. Não há peculiaridades, nem brilho, nem escuridão. Apenas um texto bem escrito. A narrativa é muito suave, entrando tranquilo na mente do leitor. É um conto muito visual. Em alguns momentos, o autor poderia desenvolver melhor a escrita, como o final, que percebesse que foi agilizado de forma bruta. Oriento que o autor tente aprimorar seu estilo. Ele é simples, mas apenas isso. Se tiver algo de especial, com certeza irá se destacar mais.

    ண Intelecto: A protagonista está muito bem construída, foi interessante ver como a mãe dela moldou sua personalidade. E a guerra também, é claro. A ambientação ficou fantástica. Parece que o autor viveu nessa época, pois tratou o assunto com muita naturalidade. Parabéns!

    ஜ Alma: O texto se encaixa no tema do desafio. Perfeitamente! Ele se sustenta sozinho e encontrei alguns ganchos para uma continuação. O autor parece ter talento para a escrita. Escreve bem, tem uma narrativa natural e consegue construir uma estória concisa. Vou observá-lo melhor!

    ௰ Egocentrismo: Gostei do texto. O tipo de estória não me conquistou, mas a técnica do autor facilitou minha vida. Foi possível apreciar o conto como texto.

    Ω Final: Texto bem escrito e desenvolvido. Estilo indefinido, sem brilho próprio, mas a narrativa suave compensa. Estória concisa com uma protagonista real. Está dentro do tema e tem alguns ganchos para uma continuação.

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Uau! Obrigado Fabio!

      Suas críticas costumam ser bastante sinceras e, muita vezes, até dolorosas (rs rs rs). Saber que você gostou do conto foi um triunfo para mim.

      Obrigado!

      • Fabio D'Oliveira
        6 de novembro de 2015

        Opa!

        É, eu já imaginei que poderia causar dor com minhas críticas, mas às vezes isso é bom, né. Podemos crescer assim.

        Sabendo que você foi o escritor desse texto não me impressiona, contanto. Quando vi na tabela que você era o autor, pensei: “Bem, nada extraordinário”. Já te vejo bem faz tempo!

        Mas sempre temos algo para desenvolver. Eu, você e todos aqui.

  35. Fabio Baptista
    16 de setembro de 2015

    Muito bom.

    Mais uma amostra inusitada de cotidiano. Até quase o final eu não tinha sacado qual que era a da menina… estava parecendo que todo dia tinha uma batalha perto da casa dela e isso estava bem inverossímil. Daí foi explicado que ela seguia o exército e tudo fez sentido. Só não entendi muito bem como funcionava essa questão do recolhimento dos espólios, mas isso é o de menos.

    O cenário foi bem retratado, só pecando um pouco pelo exagero na retetição das vísceras e sangue que cobriam o campo de batalha.

    Gostei bastante dos conselhos da mãe, formaram o ponto alto de um ótimo.

    NOTA: 9

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Fala Fábio!!

      Sempre após uma batalha, os pertences dos mortos eram confiscados e entregues à Roma. Eles eram, oficialmente, bens de Roma. Mas como catar os bens dos mortos era uma tarefa quase humilhante e monótona, outras pessoas o faziam e depois recebiam pequenas quantias de dinheiro pelo trabalho.

      Todas as guerras antigas tinham este tipo de seguidor de acampamento, fosse Romana, fosse Grega, fosse onde fosse. Os mortos não têm mais como defender os seus pertences.. não é? rs rs

  36. Rubem Cabral
    15 de setembro de 2015

    Olá, Marte.

    Muito bom o seu conto. Muito interessante o cotidiano de Laelia. Achei que a ambientação foi também bastante verossímil. Legal notar que alguns autores pesquisam ou detêm conhecimentos de história e outros temas. O estilo sujo e realista lembrou-me o livro “A voz do fogo”.

    Quanto à escrita, também a achei bastante correta. Só faltaram talvez uns voos maiores, embora aqui e ali existam frases bem sacadas.

    Enredo: 5,5 (0-6)
    Escrita: 3,5 (0-4)

    Abraços.

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Obrigado Rubem!

      Ainda estou aprendendo a voar, rs. Aprendendo com mestres como você : )

  37. Ruh Dias
    13 de setembro de 2015

    Melhor conto até aqui! Excelente! Só não darei a nota máx por não ter certeza se o conto sr enquadrou 100% no tema do desafio.

  38. Rogério Germani
    12 de setembro de 2015

    Olá, Marte!

    Seu domínio na escrita quanto na arte da guerra é inquestionável. Retrata um cotidiano dolorosa de uma personagem que vive pilhando os defuntos no fim das batalhas com intensos tons rubros. Porém, existem lacunas na estratégia militar, algumas peças que não se perfilaram direito no arsenal literário:

    “Tratou de pegar tudo o que viu de valor e sair dali o quanto antes…”
    “Ela ainda tremia mas tentava continuar sua rotina…”
    “Ao revelar o rosto da mulher, viu sua mãe. Ela abriu a boca para falar algo mas foi abafada pelo grito desesperado da filha, então calada por facadas violentas.”

    Ao analisar a sequência dos fatos supracitados, nota-se uma incongruência entre eles e o desenrolar da trama. Se Laelia, após matar o legionário, quis fugir o quanto antes da cena do “crime”, por que ela continuou a sua rotina de pilhar cadáveres? Se não era hábito da protagonista, o que motivou-a a retirar o manto sobre o rosto da própria mãe para, logo em seguida, desferir-lhe golpes de faca? Acredito que a morte da mãe de Laelia tem a mesma importância e temor cicatrizado no momento do último suspiro do legionário morto pela protagonista… Ficou confuso, verdadeiro campo minado…

    Nota 5

    • Piscies
      6 de novembro de 2015

      Olá rogério!

      Você não foi o primeiro a não sacar que a mãe de Laelia era apenas uma alucinação. Uma metáfora para a sua consciência dela e o medo que sentia de ser punida pelo “crime” que cometera.

      Falhei em não deixar claro em momento algum no texto que a mãe dela estava morta muito antes do próprio conto começar.

      Tentei me fazer claro sobre a alucinação em trechos como:

      “Esquadrinhava cada corpo que encontrava, mas alguns deles a olhavam de volta, acusando-a do crime cometido.”

      “Ao seu redor, algumas pessoas observavam a estranha garota esfaquear, vez após vez, o rosto de um rebelde desfigurado.”

      Mas acho que não fui muito feliz. Vou refazer esta parte numa revisão antes de publicá-lo oficialmente no meu blog.

      Obrigado pelo feedback!

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Informação

Publicado às 12 de setembro de 2015 por em Cotidiano, Cotidiano Trevisan e marcado .