Duas gotas de chuva bastam para que o temor se instale em minha cabeça. Simplesmente pelo fato de que é tarde da noite e não consigo calcular onde está a parede da sala a minha frente, muito menos calcular a distância que me separa do desespero daquele momento. Serenas, as gotas cavalgam no telhado de amianto e ocultam estalos e estampidos nos corredores desertos da casa. A penumbra trouxera-me uma sensação de impotência; insegurança. Recolhera-me ao canto da sala, amotinando-me junto às ratazanas – sentia seus bigodinhos roçando em minha pele fria. Abracei-me aos meus joelhos surrados e enterrei meus olhos na escuridão. O medo dissolve-se no ambiente úmido ao meu redor.
Difícil será quando um raio de luz cruzar o horizonte e eu notar que não estava sozinha aquele tempo todo. Observavam-me da escuridão.
é verdade o que disseram aí de q pra ser mini-conto precisava ser mais sucinto ainda. detectei uma vocação neste texto para virar prosa poetica… hehehe
Gostei das questões levantadas pelo medo da chuva e da umidade, entendi assim, a escuridão estava lá, mas a pessoa tinha medo da chuva. não é?
bem, nao importa muito, como uma poesia o que interessa é a estrada de pensamentos que se trilha na leitura…e eu gostei do que vc induziu aqui.
Algumas lapidações e extensões até, o texto ficará mais ótimo! 🙂
Abração
ps: joelhos surrados? é isso mesmo?
Gostei bastante a descrição sobre a chuva como algo que vai além da própria água. Gosto quando os contos trabalham mais as sensações (através dos sentidos) do que sentimentos. Micro-contos tem esse tipo de potencial, que acredito ter sido bem utilizado aqui.
Parabéns.
A ideia é boa e o clima formado ficou interessante e misterioso. Tem potencial para mais trama, mas como está, já provoca a imaginação do leitor. Só pensaria em definir melhor a questão temporal. Percebi cinco tempos verbais diferentes neste mini-conto:
– Presente = bastam
– Pretérito mais que perfeito = trouxeram-me
– Pretérito imperfeito = sentia
– Pretérito perfeito = enterrei
– Futuro = será
☬ Escuridão
☫ André Luiz
ஒ Físico: Um microconto que possui um grande potencial. Fazer textos assim é um grande desafio. É necessário ser sucinto e direto. O leitor precisa ser capturado pelo clima. E a mensagem deve ser passado com sucesso. Da forma como ficou, no entanto, não impacta muito. Apenas o final cumpre com o seu papel. Os floreios na narrativa não são necessários nesse texto. É necessário objetividade. Isso facilita o leitor a entrar no clima. E o foco é indispensável. Acredito que o escritor deveria falar apenas sobre a relação do protagonista com a escuridão. No entanto, o autor mostrou que sabe o que está fazendo. A narrativa é boa, apesar de ser um pouco travada, revelando certo domínio da escrita. Continue assim!
ண Intelecto: É impossível falar que o texto é original. Ele não é. E dificilmente será. A escuridão é um tema muito desgastado. É necessário uma roupagem nova para encantar o povo. É necessário ousar. Por fim, o texto está bem construído. Não perde completamente o foco do assunto abordado.
ஜ Alma: Felizmente, captei o sentimento geral que o autor quis passar. Isso se deve pelo fato da minha afeição pela escuridão. Calma! Estou falando da noite material, hahaha! Quantas vezes não sentei num aposento escuro e observei as trevas e suas artimanhas. Uma mistura de curiosidade com medo me domina. E a sensação do desconhecido que parece se aproximar é inconfundível.
௰ Egocentrismo: Gostei do microconto em sua totalidade. Não inovou. Não conseguiu impactar. Não conquistou. Mas conseguiu fazer um mero mortal apreciar a alma do texto.
Ω Final: Um texto que quase cumpre com sua proposta. Com um pouco mais de objetividade, o autor alcançará seu objetivo. O breve vislumbre da habilidade me fez pensar. O escritor parece ter certa carga nesse mundo literário. Será?
௫ Nota: 7.
Criar mini-contos é muito difícil, ainda mais como o seu, que é bem fechadinho. A escolha da foto também é digna de nota.