“Precisamos estar dispostos a nos livrarmos da vida que planejamos, para podermos viver a vida que nos espera. A pele velha tem que cair para que uma nova possa nascer.” Joseph Campbell
Brighton, Condado de Sussex, costa sul da Inglaterra, 21 de dezembro de 2014 d.C.
Ruminen vislumbrava aquele belíssimo espetáculo de luzes. Estava sozinho naquela ocasião e, tendo saído mais tarde do escritório, resolveu passar pela praça central para presenciar o festival Burning the Clocks. Foi trajado com o próprio terno que usava para trabalho, pois não teve tempo de passar em casa para se trocar.
A ideia de se desviar do caminho ordinário que lhe levaria em menor tempo para casa, veio assim de forma incogitada, pois precisava realmente tomar um ar fresco, afinal, sua recente candidatura à Law Society of England and Wales estava lhe tomando muito tempo e esforços. Pretendia representar a classe advocatícia, de forma a preservar o acesso à justiça e a propor mudanças estruturais para melhorar o apoio ao judiciário, incentivando a competitividade entre os escritórios e fortalecendo, com isso, toda a classe. Já estava eleito para a Law Society Council e já tinha formatado seu plano de liderança com uma nova base aliada, que esperava ser eleita no próximo ano. Foi tomado por esses pensamentos que decidiu, exatamente naquele dia, esquecer um pouco de seus planos e, tendo sido lembrado por um cliente sobre o festival, resolveu se desviar do trajeto, para apreciar o dia mais curto do ano, em que é comemorado o solstício de inverno.
Quase se arrependeu ao chegar ao local, tendo sido abordado por uma mulher de pele morena que tinha em seu rosto um relógio branco de ponteiros prateados pintado. Abrindo um sorriso natural e tendo fitado Ruminen dos pés à cabeça, simplesmente puxou-o pelo braço, arrastando-o para o meio da algazarra, repleta de munícipes e, principalmente, composta por uma multidão de turistas, de diversas etnias, cores e credos, convidando-o para uma dança não desejada.
Lembrou-se naquele momento do quanto costumava ser fascinante quando era uma criança, mais precisamente no ano de 1993, ao ver a queima das lanternas pela primeira vez, com pessoas fantasiadas com as mais fantásticas máscaras, dançando ao som da insensatez. Sentia-se naqueles tempos como se na era medieval estivesse, como se realmente os relógios tivessem sido queimados e o tempo pudesse retornar a qualquer lugar no tempo e no espaço. Via pessoas se beijando, danças, pinturas, todos os seres mágicos em papel e vida, reunidos em um só lugar. Algumas maquiagens eram um pouco macabras, embora o macabro chegasse a fasciná-lo. De mãos dadas com seu pai e com sua mãe, seu porto-seguro, aquele era o dia mais mágico de todo o universo, e se sentia realmente abençoado perante tantas divindades que acreditava que existissem.
O céu todo se decorou para felicitar sua alegria por estar vivo.
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La Tène, Noroeste da Europa, 270 a.C.
Ouvia-se uma canção no ar. Muitos seres rodopiavam ao som do vento, sendo que alguns viajantes solitários também assistiam àquele espetáculo de luz e de cores. Em movimentos suaves, as fadas cortavam o silêncio das florestas e cortejavam os bons sentimentos, comemorando a natureza, a paz, a vida, a beleza. Suas risadas ecoavam em todo o local, e as pessoas que por ali passavam, em meio à neblina, podiam ouvir somente aquele fantasmagórico som.
Em meio ao festival de Imbolc, cruzes de Brighid pendiam celestes cortando o horizonte. Agnes passava por aquele local no dia que se sucedeu ao festival, e esperava sinceramente que um dia pudesse se encontrar com um desses belos seres. Diziam-lhe que elas eram por demais ariscas, e capturá-las com um olhar era algo quase impossível, mas ela não precisava ver para crer e, em meio à relva, entoava uma velha canção à Deusa-Mãe. Naqueles tempos, onde imperava a sociedade Matrifocal, todo o planeta dançava ao corpo de uma mulher, e o ventre, tão quente, tão acolhedor, era a razão que ascendia a vida, esperando somente a paz.
A pequena criança, embalada pela natureza, no aquecido ventre de sua Mãe, entoava aquela canção na língua sagrada: o galês. Língua tão antiga e misteriosa quanto já diziam os ancestrais. Por debaixo das copas imensas das árvores, sentia o lado fantástico de estar viva, sentada sob um anel mágico de cogumelos.
O povo silencioso dançava sua canção sem ser percebido, e dizem que jamais se deixava perceber. Exceto por crianças como Agnes, que conheciam a beleza estreita da vida.
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Ruminen se afastou da multidão. Fitou, ao longe, eles caminharem em uma loucura coletiva. Puxou seu cigarro e ficou apenas observando aquelas pessoas, enquanto se afastavam rumo à praia em procissão, carregando papéis de seda branco e dançando ao som de uma banda local, com fadas, unicórnios, fênix, duendes e dragões pendendo sob suas cabeças, iluminados e em chamas, enquanto enormes relógios dançavam sob as mágicas criaturas pagãs ali representadas, marcando que o tempo passa, afinal, em plena época natalina, fatalmente mercantilizada.
Ruminen olha para seu lado e vê um pequeno rapaz de rua, maltrapilho, que devia ter cerca de oito ou nove anos, observando incrédulo o festivo céu pintado com lanternas. Ficou cativado e hipnotizado pela imagem do garoto e, jogando seu cigarro na rua, apagou a brasa com o solar do sapato, este que estava impecavelmente engraxado, e se aproximou do mesmo.
– Qual o seu nome?
O garoto, surpreso pela abordagem inesperada, olhou para todos os lados, tentando observar se realmente era com ele que o rapaz, tão bem vestido em requinte, dirigia-se. Tendo notado que apenas os dois ficaram naquele local, com jeito sem graça e olhar cabisbaixo, responde olhando pra sarjeta.
– Me chamam de Chad, senhor.
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Escandinávia, 1140 d.c.
Nas montanhas e florestas europeias, pequenos seres, guardadores dos lares, começaram a surgir, sendo que tinham as orelhas pontudas e eram muito elegantes. Antes viviam em florestas escuras, tão escuras que eles não podiam nunca ser vistos. Contudo, com o passar dos anos, eles passaram a habitar os lares humanos, e sempre cuidavam dos animais e das plantas, para que estes jamais fossem maltratados. Eram legítimos cuidadores e, dizem por esses quatro cantos do mundo, cuidavam tão bem do lar como ninguém.
Eles viviam escondidos nas casas e, como sentiam muito frio, costumavam se aninhar perto dos fornos e dos fogões. Tinham narizes pontiagudos, que se casavam perfeitamente com seus capuzes, igualmente pontiagudos. Eram seres muito leais, podendo viver por muitos e muitos anos em uma mesma família.
Vadenberg era amigo dos elfos e em sua família vivia Meldor, sem ser nunca percebido. Apenas o pequeno garoto era quem o notava e, embora algumas vezes, a louça aparecesse lavada, a meia costurada e a casa limpa, os adultos não poderiam entender.
Meldor contava para Vadenberg muitas histórias fantásticas sobre os pequenos elfos. Contava para o menino que, além desses pequenos seres domésticos, também havia os dissidentes, como eram chamados, que ainda viviam em meio à mata escura.
Vadenberg decidiu que sairia durante uma noite apenas para capturá-los à luz do luar. Certa vez, encontrou um diabrete em forma de coelho, mas percebeu seus olhos dourados em meio à penugem escura e, ao tentar capturá-lo, o pequeno elfo se transformou em fogo-fátuo, saindo em luz azulada pelas matas escuras.
Muitas das histórias contadas também eram sobre os Leprechauns. Leprechaun era uma espécie de elfo que se tornou amigo das fadas, e ouviu o menino dizer que estes elfos eram os melhores sapateiros do universo, que faziam os mais belos e nobres calçados para as pequenas. As fadas pagavam muito bem, ouro esse que os pequenos seres escondiam com muito cuidado no final de um arco-íris. Eram verdadeiros acumuladores, eternamente acumulando suas pratas e seus ouros, e suas casas eram os dólmens, refúgio desses pequenos e amáveis seres.
Em meio a uma dessas histórias, Meldor prenunciou:
– Vade, entenda uma coisa. Um belo dia você pode acordar e não mais me encontrar por aqui, um belo dia.
O menino nem ligou para o prenúncio de um futuro próximo, afinal, percebia que a natureza tinha a sua própria música, tão serena e suave, orquestrada por estes seres mágicos. Percebia encantadamente como uma luz na madrugada, até que um dia, tendo saído para encomendar um sapato mágico para o seu amigo Meldor, exatamente no seu aniversário de treze anos, não mais o encontrou em regresso àquele que teria sido um dia seu lar. E, quando adulto, nunca mais pôde acreditar nos elfos.
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– Chad, onde estão seus pais?
O menino olhou surpreso para ele diante da pergunta, balançando os ombros como quem não sabe ao certo a resposta.
Queria conversar com o garoto, mas, em seu mundo de adulto, talvez não fosse possível uma amizade entre ambos. Seus mundos estavam tão separados, em suas crenças e suas histórias, que uma aproximação parecia ser algo impossível. Foi quando algo lhe ocorreu.
“O que caracteriza todas as crianças do mundo, não importa o lugar e o tempo em que vivem? O que faz de crianças criaturas tão mágicas e especiais?” A resposta estava assim na ponta da língua e era clara como um cristal: “o que faz de crianças, crianças, é justamente o poder de acreditar: a fé, a esperança e a credulidade”.
Foi então que retornou às imagens de sua própria infância, em busca de respostas. O que havia feito para deixar aquela criança morrer, passando a residir em um mundo tão incrédulo e banal, onde nada tem mais graça? Olhou para o garoto e percebeu nele sua própria imagem, quando era ainda pequeno, onde o mundo não tinha um código preestabelecido e não havia limites para a sua imaginação.
– Venha comigo. O que estamos fazendo parados aqui, olhando a festa passar?
E puxou Chad, que gostou da ideia, levando-o rumo à multidão de transeuntes, inebriados e pagãos, em direção às ondas da praia. Ruminen se divertiu como se fosse criança outra vez, enquanto Chad, embora tivesse uma vida tão dura e difícil, deixou reinar a esperança em seu mundo possível.
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Coventry, região central da Inglaterra, 1940 d.C.
Guerra. Fogo. Ar. Heitor observava inerte àquela cena inexplicável aos olhos de crianças. Não entendia de onde aquele tumulto pudesse surgir: talvez de um universo paralelo dos adultos, esse universo de imaginação que somente os “grandes” podem entender. Afinal, a idade cega.
Vendo de um campo, na visão pequena e simplista, observou que um pequeno ser causava problemas mecânicos em aviões. Não pôde entender muito bem naquele momento, mas ficou maravilhado com a visão do avião sendo derrocado em pleno ar, e partindo em pedaços no meio do céu. Seu avô lhe contara que aqueles eram os gremlins, essa história que a criança de cada geração repassa às crianças das próximas gerações. “Os contadores de histórias eram, afinal, aqueles adultos que nunca deixavam a criança que em si habita morrer”, pensava.
Em seu ápice, chegou a imaginar que talvez aqueles seres mágicos fossem verdadeiros justiceiros, um pouco trapalhões, talvez, mas vingando sem querer a guerra que lhe tirou, afinal, um lado amável da infância. Passou, então, a admirá-los, em verdadeira obsessão, já que a juventude, ainda na guerra, é algo mágico.
Durante o tempo em que esteve por lá, parado, arrastado, por coisas que não pediu para que acontecessem, conheceu muito seres terríveis.
Um dia, tentando dormir, foi surpreendido por um ser asqueroso, que imaginou que fizesse o armamento de tropas inteiras, pois as utilizava até nos dentes. Esse ser veio em seu lar em busca de um pouco de leite e comida, coisa que sequer a guerra lhe deixou. Outra vez, enquanto silenciosamente caminhava pela estrada, foi abordado por um ser enorme e grotesco, tão violento que em um só movimento o capturou. Teve que negociar sua partida, em troca de um pouco menos de tempo de imaginação.
Foi sucumbido durante muito mais tempo por seres mágicos: goblins, orcs, dentre outros. Mas o ser mágico que mais lhe deixou marcas com certeza foi a guerra, enaltecida em canções, como uma ferida aberta e latente, prestes a se romper.
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Gräfenroda, Floresta Thüringer, 1320 d.C.
No subsolo, ouve-se um som contínuo, ininterrupto, de trabalhadores incansáveis, noturnos e diurnos: os anões. Tais seres, embora de baixa estatura, são muito habilidosos com as mãos, podendo fazer obras belíssimas, transformando metais comuns em objetos mágicos. Outros vivem também em montanhas, nos Alpes, e têm pés tão grandes que lhes servem de esquis. Todos eles adoram noites iluminadas pelas estrelas, e são seres muito festivos e apegados à família.
Seus primos distantes, os gnomos, são seres cavernosos, que fazem verdadeiros palácios subterrâneos. As barbas são sempre brancas e os gorros sempre vermelhos. Quando fogem à superfície, vê-se de relance por entre as raízes das árvores, em um mero farfalhar de folhas, pequenos pontinhos vermelhos, sendo que somente os olhos mais ligeiros podem vê-los.
Clarice gostava de observar os pequenos gorrinhos correndo por entre o verde, e ficava verdadeiramente encantada com tais pequenos seres. Certa vez, encontrou perdido em um galho um cristal, e sabia que se tratava de um tesouro dos pequeninos, pois ouviu dizer que estes eram os guardiões das pedras preciosas.
Guardou em seu porta-jóia, esperando seu dono vir algum dia buscar. Ela nunca deixou de acreditar que um dia ele viesse, tendo enfeitado o seu jardim com pequenos anões de argila, como um palácio que espera festivo o regresso de seu rei.
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Mitos: histórias atemporais e universais que nos lembram o significado da vida por meio de símbolos.
Vendo aquelas lanternas perambulantes, Ruminen chegou à conclusão de que aquele festival, Burning the Clocks, era um dia em que se celebrava a infância. Entendeu finalmente o que jamais tivera o poder de entender: os relógios queimados simbolizavam que, tenha você nove ou noventa anos, acreditar é sempre urgente e preciso. O tempo existe apenas aqui, na nossa imaginação, e envelhecer ou não é sempre apenas uma questão de opção.
Com seu novo amigo, Chad, visitou novamente mundos que nunca imaginava regressar, apenas em pensamentos. Crianças de todos os tempos e vivendo sob as mais insofismáveis circunstâncias, sempre sonham, e esse sonho coletivo se torna um mito, que se repassa de geração a geração, mantendo acesa a chama da humanidade.
Aquela cena de um rapaz tão alinhado e seu pequeno amigo farrapo, podia parecer estranha para um olhar adulto, adulterado por realidades socialmente inventadas e convencionadas. Mas para um olhar desnudo de uma criança, aquela era uma cena comum, ordinária, que acontece todos os dias em qualquer lugar do planeta.
Chad nada mais tinha a não ser a roupa do corpo e mais alguns sonhos, e Luminen nada mais tinha agora do que uma amizade, simples e verdadeira. Afinal, enquanto nascerem crianças, estarão as lendas acesas. E enquanto os adultos manterem as crianças que em si residem vivas, em nosso mundo reinará a paz.
Buenas! Esse conto fez jus ao tema, certamente! Adorei-o. A escrita é suave e a narrativa conduz o leitor muito bem. As descrições estão perfeitas para essa miscelânea de acontecimentos, sem deixar a desejar. Gostei de todas as referências, foram muitos elementos inseridos, e com êxito. Não senti como uma quebra de ritmo as várias ambientações/momentos históricos. Por fim, é um tipo de leitura que muito me agrada, parabéns e boa sorte.
São várias sensações… bem, começando pelo que gostei: Pude notar que teve que realizar uma pesquisa funda para escrever o texto, e isso é muito bom. A ideia é boa, a premissa, também.
Mas acho que ficou repleto de informação, assim como o autor do conto, e isso pode ter sido um ‘tiro no pé’. Em certas partes, não pareceu uma narrativa, mas sim uma apresentação: pareceu que os fatos foram escritos, e não mostrados.
Desconhecia o festival: muito feliz por tê-lo conhecido aqui… aprender é sempre bom.
Alguns errinhos, uma revisão se faz necessária.
Boa sorte no desafio!
Achei interessante o formato do conto, no entanto, a ligação entre os vários “mini-contos” é muito tênue, o que me fez refazer a leitura algumas vezes para tentar encontrar e amarrar, para que me escapasse mais, o fio da meada. Boa sorte.
Esquema do comentário + nota: 50% Estética/ Tema e 50% Questões Pessoais
= ESTÉTICA/ TEMA = 4/5
Escrita muito gostosa e, por mais que tenham apontado os erros, não percebi nenhum que me atrapalhasse. É um estilo bastante romancista, ainda mais pelos lugares e nomes. O tema está bem discreto, colocado de forma cuidadosa, entre as ligações e imaginário das personagens. *No final, o nome do protagonista está errado.
= PESSOAL = 3/5
Apesar de bonito, não me prendeu muito. Não percebi com muita clareza as ligações entre os períodos. Pensei que fossem acontecimentos durante o mesmo dia, mas num trecho se passam mais de um dia, então descartei.
Um bom conto!
O autor(a) escreve bem, isso é certo, mas algo parece desconectado por aqui.
Uma leve revisão no conto deixará ele ótimo e uma reestruturação em algumas passagens se faz necessária para que o mesmo seja mais objetivo.
Eu gostei de algumas passagens e digo que é um conto para ler e reler!
Parabéns e boa sorte!
O texto tem bastante conteúdo, o que por um lado é bom, mas pode deixá-lo um pouco menos “lível”. Tem frases que necessitam de revisão, mas nada muito grave. Boa sorte e parabéns.
A história é muito boa, mas para outra ocasião. Os vai e vem serviram para introduzir as criaturas fantásticas, mas também para passar a ideia central do conto. A reflexão proposta é interessante, mas poderia estar mais “camuflada”.
Se Chad fosse uma criança do passado ficaria ótimo.
Boa sorte!!!
Muito bom começar com Joseph Campbell, o homem que dissecou a jornada do herói.
O conto se destaca pelo evidente trabalho de pesquisa. Algumas passagens foram muito interessantes, outras nem tanto. Não gostei muito da trama, em determinados momentos me senti em museu onde o guia vai explicando as obras de modo didático. Penso que faltou conexão em partes da história.
Encontrei poucos apontamentos no que diz respeito a revisão:
“Tendo notado que apenas os dois ficaram naquele local, com jeito sem graça e olhar cabisbaixo, responde olhando pra sarjeta.” Acho que neste trecho o certo seria “respondeu”.
“…começaram a surgir, sendo que tinham as orelhas pontudas e eram muito elegantes”, penso que esse “sendo” não soou bem na frase.
Cuidadores e cuidavam se repetem muito em um mesmo parágrafo, assim como “tendo” e “sido” na primeira parte do texto.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Terminei o texto com um misto de sensações. Gostei da quebra em forma cronológica e da ambientação proporcionada em cada período. No entanto, não senti uma conexão entre as partes. Está muito bem escrito, apesar de algumas trocas temporais incomodarem um pouco. As criaturas demoram a aparecer, mas refletem bem o estado de espírito das crianças em cada época. A camada reflexiva compensa.
Terminei o texto com um misto de sensações. Por um lado gostei da narrativa quebrada cronologicamente. Por outro, não senti conexão entre as partes. Está muito bem escrito, apesar de algumas trocas temporais incomodarem. A camada reflexiva do texto deu um ar melancólico bem interessante. As criaturas demoram um tanto a aparecer, mas as ambientações refletem bem o estado de espírito das crianças citadas.
Obrigado por seu comentário, Brian!
A conexão existe, mas infelizmente não foi muito bem compreendida por um erro meu, acredito.
Um abraço.
Grato!
Sua estratégia foi bem cinematográfica. Eu vejo que isso seria um curta melhor do que foi um conto. Todas essas cenas pequenas ao redor do mesmo tema. Me lembra um pouco daquele filme Cloud Atlas (A Viagem em português), mas nenhuma dessas histórias me chamou particularmente a atenção. Eu vi pessoas, eu vi sorrisos e risadas, mas eu não conheci ninguém que vai me deixar falta, que é o que, afinal, procuramos em um conto.
Parabéns e boa sorte!
Curioso seu comentário Bellatriz, você não é a primeira que aponta minha abordagem como uma estratégia cinematográfica. Engraçado que outros também falaram que esse tipo de abordagem não funciona muito bem em escritos – o que talvez seja verdade, já que muitas pessoas não gostaram ou não visualizaram muito bem meus motivos e o meu fio condutor – acredito que no cinema haveria melhores meios para representá-lo.
Curioso também que não pensei e/ou visualizei essa abordagem enquanto fazia o texto, pensei apenas em inovar de alguma forma, tentar quebrar com o tradicional e fazer uma abordagem que nunca havia feito antes em um conto. Mas você tem razão…
Amo “Cloud Atlas”! Você já assistiu “Uma História de Amor e Fúria”, uma animação brasileira fantástica, que se assemelha um pouco com aquele? Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=e8pzqnvV4AY
Abraço e boa sorte! Obrigado por seu comentário.
Sua estratégia foi bem cinematográfica. Eu vejo que isso seria um curta melhor do que foi um conto. Todas essas cenas pequenas ao redor do mesmo tema. Me lembra um pouco daquele filme Cloud Atlas (A Viagem em português), mas nenhuma dessas histórias me chamou particularmente a atenção. Eu vi pessoas, eu vi sorrisos e risadas, mas eu não conheci ninguém que vai me deixar falta, que é o que, afinal, procuramos em um conto.
Parabéns e boa sorte!
Sobre a técnica.
Apesar dos deslizes, li sem maiores problemas. No geral consegui entender muito bem, mas o tom explicitamente didático não me agradou durante a leitura.
Sobre o enredo.
Não consegui encontrar uma ligação entre tudo, a não ser a mágica de ser criança. Mas acho que não foi o suficiente para dar sentido a história. Essa coisa de enaltecer a magia da infância lembrou muito Neil Gaiman. Só que faltou a suavidade. Como disse anteriormente, muito coisa ficou didática. Não curto muito quando leio algo assim. Porém, não podemos deixar de parabenizar o autor pela pesquisa. É sempre bom conhecer coisas novas, e mesmo o que eu já conhecia consegui pegar as referencias no texto.
Acho que tudo que poderia ser dito ao autor já foi dito. E pelas discussões, ele já conseguiu pegar bastante do que lhe foi passado. Então sugiro que escute essa galera porque são gente boa.
Parabéns pelo conto e boa sorte!
Olá JC, realmente, em uma releitura, percebi o tom didático. Deve ser a questão do meu talento pra ser professor. Tenho sempre essa tendência de ser didático, porque, desde bem novo, um dos meus ofícios é ensinar. Nem havia notado esse tom… Se eu tivesse percebido isso antes, poderia dar uma arrumada. Obrigado pela dica, vou me atentar a esse detalhe sempre que eu for escrever, é um risco que eu corro sempre fugir pra algo mais didático. Contagia.
Se você ver o que comentei com alguns, minha ligação (fio condutor), além da questão da beleza de ser criança, era fazer um intercalar entre os seres simbolizados no festival, a relação das crianças com a fantasia e a comunhão com o mundo adulto, comunhão esta representada nos mitos e rituais. É como um ciclo representando a mensagem dos mitos, dos folclores e das representações do cotidiano, que rememoram o poder da infância e da crença – algo que sempre acompanhou e sempre acompanhará a humanidade.
Como já mencionei em outros comentários, foi um pecado meu não ter trabalhado de forma mais adequado no entrelaçar das histórias, pois este estava claro na cabeça do autor – frisa-se.
De qualquer forma, obrigado pelos toques. A maior parte da galera daqui eu já conheço há um bom tempo e sei que são gente boa… Rs!
Boa sorte para você também.
adequado = adequada
Não encontrei o “fio condutor” do conto. Histórias separadas, que têm em comum as lendas, mas completamente isoladas de Chad e Ruminen.
Infelizmente, não me encantou.
Mas desejo boa sorte no desafio!
Olá prezado Marcellus, o fio condutor era fazer um intercalar entre três coisas: os seres fantásticos simbolizados nas lanternas do festival, a relação das crianças com a fantasia e a comunhão dessa relação com o mundo adulto, comunhão esta representada nos mitos e rituais.
Tentei traçar no conto um ciclo representando a mensagem dos mitos, dos folclores e das representações do cotidiano, que rememoram o poder da infância e da crença – algo que sempre acompanhou e sempre acompanhará a humanidade, ressaltada no conto através do festival dos relógios onde se reúnem diversas crenças pagãs.
Infelizmente, esse entrelaçar ficou claro para a minoria dos leitores, e, por isso, digo que foi um erro meu não tê-lo feito com mais propriedade.
Obrigado e boa sorte também!
Conto legal, enredo interessante e bem escrito. Confesso não ter percebido um interligação forte entre as partes. Mas isso não desmerece a obra. Apresenta uma bela conclusão ao final. Parabéns!
Achei interessante essa história de festival de relógios, nunca tinha ouvido falar.
A maneira como você utilizou as criaturas fantásticas (em que apenas crianças poderiam vê-las) foi interessante. Senti que as narrativas em diferentes épocas serviram para reforçar a mensagem passada pela trama principal, em que temos Ruminen e Chad.
Entretanto, sua narrativa parece não caber em 3000 palavras. Se não existisse esse limite, sinto que você poderia aprofundar muito mais as criaturas fantásticas, os personagens, a ambientação e até mesmo a mensagem geral do conto.
Quanto ao festival, creio que poderia ter sido melhor explicado e também melhor descrito, ajudaria o leitor a se envolver mais na narrativa.
Acredito, também, que você se alongou demais explicando o ofício do protagonista; mencionar que ele tivera uma semana excepcionalmente atarefada e/ou estafante no escritório seria o suficiente para justificar a súbita decisão de se desviar do trajeto. Uma menção sucinta a uma rotina ou à preocupação do protagonista com assuntos referentes a carreira, sem deixar espaço para a fantasia, poderia explicar como a criança interior de Ruminen “morreu”. Em síntese, sugiro que dê uma resumida no início do conto, deixando apenas aquilo que mais tarde servirá ao desenvolvimento do personagem.
TRAMA: 4/5
Não entendi por que tanta gente não gostou da trama. Eu fui lendo o texto e lendo, sem perceber o tempo passar. No início fiquei frustrado com o fato de que as tramas não se entrelaçavam… mas o tema era o mesmo, e a leitura era tão boa, tão convidativa, que não levei em conta o fato.
Achei o conto bom demais. Viajei por cada um dos minicontos e gostei do desfecho, assim como o desenvolvimento de Ruminen. Acho que acabei me projetando aos meus tempos de infância, como o texto mesmo nos convida a fazer. Me lembrei daqueles especiais de natal que apareciam na televisão, como desenhos da Disney e afins.
Enfim, gostei muito do que li. Não dei nota máxima na trama por que, realmente, ela não tem um impacto tão grande como outras. Mas ela é mágica e adorável de um jeito único. Parabéns!
TÉCNICA 4/5
O autor escreve muito bem. Achei estranho ver tanta gente apontar tanto erro de português.. acho que me envolvi tanto com a leitura que não os percebi, rs. De qualquer forma, achei a leitura muito fluída e atraente. Ler o texto foi uma atividade libertadora, leve, mesmo com palavras refinadas.
No início anotei alguns trechos passíveis de melhoria. Por vezes o autor se confunde o tempo da narrativa (presente, pretérito). Também notei que o nome de Ruminen estava errado no último parágrafo (Luminen). Uma frase também me chamou a atenção. Segue:
– “…sentada sob um anel mágico de cogumelos.” – Sob? Não seria “no centro de”?
Boa sorte no desafio, seu conto está muito legal!
Olá Piscies, como vai?
Fico muitíssimo horado por você ter gostado do meu texto. Realmente as tramas aparentemente não se entrelaçam – e essa foi uma falha minha, que não deixei esse entrelaçar mais claro. Na verdade, eu fiz um estudo histórico de onde surgiram alguns mitos, mitos esses simbolizados no festival, sempre retratando as relações das crianças com a fantasia.
Realmente, muita gente não gostou da trama, alguns não conseguiram captar o espírito do texto e passaram longe de entender, mas são comentários de pessoas como você que me fazem perceber que realmente a mensagem foi bem dada, só alguns que não souberam compreendê-la em suas nuances.
Meu texto é um convite mesmo, um convite para abandonarmos a carcaça do que somos, para sermos a criança que existe em nós, a criança que sempre acredita e que sempre tem esperança, e que fica ali à espreita, esperando para ressurgir.
Obrigado!
Quanto à técnica, se você rever as questões apontadas, não houve erros, mas sugestões de novas construções de frases, menos “truncadas”, coisa que eu discordei. Sou muito cuidadoso com gramática, inclusive sempre tomo o cuidado de ajudar meus colegas com isso, com correções/revisões. Erro mesmo que passou no meu conto foram apenas 2. Mas essas coisas acabam contagiando as pessoas que vão lendo – e lendo o comentário das outras pessoas antes de comentar – por essa razão sou a favor de que o comentário fique escondido até o final do desafio.
Obrigado pela sugestão da questão dos cogumelos. Você tem razão, pois “no centro de” fica bem mais adequado. Inclusive já modifiquei no meu texto original! Obrigado mesmo!!!
Boa sorte pra você também. Muito grato por seu gentil comentário.
Então, achei o conto mediano. Está bem escrito em linhas gerais e há algumas imagens bem construídas e descritas.
A trama, no entanto, é muito dispersa, sem fazer boas ligações entre os eventos do passado e do presente. Achei também que a ligação entre o Chad e o Ruminen não soou natural.
Que pena você não gostou muito, Rubem.
As ligações existem, mas são sutis! Eu realmente deveria ter trabalhado com maior cuidado com esse entrelaçar – e essa foi uma falha do autor e eu não te culpo por achar disperso.
O que eu fiz foi trazer um estudo com recortes históricos sobre os mitos, sempre mostrando as relações das crianças com o fantástico e entrelaçando esses fatos históricos com os seres trazidos nas lanternas do festival.
Como comentei anteriormente, as menções, os locais escolhidos, os tempos históricos e os mitos folclóricos da antiguidade foram todos minuciosamente escolhidos, pois nenhum dado jogado no texto foi escolhido por um acaso. Eu trabalho com a ideia de que o fantástico exista no imaginário da infância ou, talvez, que não exista no imaginário, mas no plano da realidade – e só perdemos a capacidade de enxergar. Fica o convite para a imaginação!
Com o festival, eu trago a ideia da mensagem dos mitos, dos folclores e das representações do cotidiano, que rememoram o poder da infância e da crença.
A ligação entre Chad e Ruminen realmente não é pra soar natural, essa foi minha intenção. Sabe aquelas amizades na infância que eu tive, você já teve também, com certeza, em que basta um olhar para florescer? Uma amizade de um final de tarde, ou de um final de verão, que não ter razão pra começar ou tempo de acabar? Aquele melhor amigo que você conheceu em uma viagem à praia e que vocês brincaram e brincaram, e sequer sabiam o nome um do outro? É isso que tentei trazer.
Abraço e muito grato por seu comentário.
que não ter = que não tem
Olá, autor(a). Primeiro, segue abaixo os meus critérios:
Trama: Qualidade da narrativa em si.
Ortografia/Revisão: Erros de português, falhas de digitação, etc.
Técnica: Habilidade de escrita do autor(a), ou seja, capacidade de fazer bons diálogos, descrições, cenários, etc.
Impacto: Efeito surpresa ao fim do texto.
Inovação: Capacidade de sair do clichê e fazer algo novo.
A Nota Geral será atribuída através da média dessas cinco notas.
Segue abaixo as notas para o conto exposto:
Trama: 6
Ortografia/Revisão: 8
Técnica: 7
Impacto: 5
Inovação: 6
Minha opinião: Olha, sou mais um que não entendeu ao certo a proposta do conto, vi apenas algumas histórias soltas e não consegui interligar elas. Dito isso, não sei muito bem como poderia sugerir alguma alteração.
Boa sorte no desafio.
Mais um escritor com evidente talento para romances. O limite de palavras parece ter causado um entrave para a sua criativa narrativa. O trabalho de pesquisa merece parabéns. Não vejo problema algum na divisão feita, achei até interessante. No entanto, apesar de ser um daqueles contos que eu “deveria” gostar muito, não consegui mergulhar na história. Acredito que seja apenas uma questão de gosto pessoal. Boa sorte!
Nossa, gostei muito mesmo!
A criatura fantástica pode estar em todo lugar no conto ou pode não existir: depende do ponto de vista do observador. Se nós perdemos a capacidade de enxergar quando crescemos ou se tudo não passou do fruto da imaginação de uma criança, isso depende do lado que escolhemos defender.
Entendi bem essa relação que os mini contos das crianças tentou estabelecer com os mitos, e achei as cenas bem bonitas. O trabalho de pesquisa realmente foi fenomenal!
A lição no final não me incomodou, pois entendi que realmente fazia parte do contexto da trama e era algo necessário. Percebi poucos erros. Alguns: no lugar de Luminen, o correto é Ruminen – aparentemente um erro de digitação que trocou a primeira consoante do nome do personagem principal. Outro erro: na passagem “enquanto os adultos manterem as crianças”, o correto é mantiverem.
Concordo com o Gustavo de Andrade que este foi sem sombras de dúvidas o conto mais criativo do desafio, pois realmente se destacou dos demais, que se focaram em trabalhar cada qual uma criatura fantástica específica. Creio que este tenha sido o objetivo do autor, inovar em todos os termos, inclusive com a inserção dos mini contos, que foi algo meio polêmico e controverso, pelo que percebi das opiniões diversificadas dos colegas abaixo.
Também fiquei um pouco perdida neles e acredito que a conexão deveria ser melhor trabalhada, mas eu gostei desses flagrantes históricos e no final deu pra contextualizá-los com o texto, então, fica a sugestão de melhora.
Uma observação final: também sempre achei que quem criava os mitos eram aqueles adultos que um dia foram crianças muito criativas, a partir da necessidade de explicação sobre a origem e a forma das coisas que não conhecemos.
Parabéns e boa sorte!
Parabéns pelo texto, muito bom mesmo. Só gostaria de fazer uma observação em relação a Sonia, que ao meu ver, não entendeu, criticou sobre erros ortográficos sem saber apontá-los e ainda assim teceu os comentários com diversos erros. Bom, achei isso no mínimo engraçado. Sugiro que comece a ler gibis, é uma leitura mais branda e acredito que a ajuda a compreender melhor a natureza da coisa.
Olha, gostei não…
Só entendi que as historias de cada criatura fantastica apareceram conforme as bandeiras da festa, pq foi comentado pelos colegas, eu nao havia entendido o pq das historias soltas no texto.
Nao gostei do relacionamento do protagonista com a criança, foi arficial e nao gerou empatia, talvez este texto se adequasse a um roteiro de um filme, mas como conto, deixou a desejar, ao menos para mim.
Boa sorte!
Abraço
Gostei bastante do conto – ou melhor, uma reunião deles – à medida que avançava na história. Esta miscelânea foi bem vinda, certamente uma inovação no concurso pelo que tenho presenciado. Nunca havia visto desta forma. Além do mais, percebi (pode ser que eu esteja errado) que há influências de criaturas mágicas do universo de Harry Potter, Guerra dos Tronos e O senhor dos anéis, que trouxeram um “ar” mais interessante à trama. Gostei das mudanças no tempo e também da lição ao final. Na verdade, concordo que esta poderia ser menos explícita e também que deveria haver um elo mais rígido entre os tempos passados e o tempo presente. Entendi que este “elo” são crianças… Melhor, a mente infantil que possibilita a existência de seres mágicos; achei isto muito bonito, porém, poderia ser um melhor trabalhado. Mesmo assim, um belo conto. Parabéns e sucesso!
Um conto bem interessante. Concordo com o pessoal que se perdeu nos contos paralelos, mas não achei tão grave assim. No geral o conto me agradou. Abraços!
O conto pareceu, na verdade, uma reunião de contos, e não confundiu. Interessante. Achei, a princípio, que as histórias eram um tanto desconexas, mas tive a impressão de que a diversidade tivesse alguma representação no festival. Entretanto, há aí, a meu ver, uma falha, já que esse tipo de informação deve ser clara ao leitor. De resto, gostei da amizade de Ruminen e Chad, gosto desses flagrantes de fuga de liberdade, fuga de convenções sociais, fuga da ditadura opressora do ‘bom senso’. E a fuga, aqui, se deu na infância de Ruminen. Gostei. Parabéns.
Bem, Galileu, em relação à criatividade e na execução da criatividade, pra mim este conto foi, até agora, O superior. As imagens criadas (em maioria) me pareceram muito finamente criadas e executadas, e simplesmente belas. A cena do ritual germânico foi a melhor do texto.
Agora, ele infelizmente me apresenta certas imperfeições: não me convenceu a súbita ternura de coração do primeiro protagonista em relação a Chad; a cena da Segunda GM me pareceu desnecessária, forçou um pouco o sentimentalismo; a narração, em termos de gramática, acho que precisa de um tanto de cuidado. Alguns períodos tão estranhos, e há um certo excesso de vírgulas.
Parabéns e boa escrita! Ótimo conto!
======== TÉCNICA
O começo me deixou uma má impressão.
Já na citação tem algo que me incomodou (teria utilizado “livrar” e não “livrarmos”).
Nas duas primeiras frases temos aquele / naquela (não é a mesma palavra, mas soa repetido).
No final do primeiro parágrafo: “Foi trajado com o próprio terno que usava para trabalho”. Eu trocaria por: “Foi trajado com o terno que usou no trabalho, pois (…)”.
“Tempo” aparece 3 vezes nos dois primeiros parágrafos… e volta a se repetir 3 vezes na mesma frase no 4º parágrafo.
Nessa segunda ocasião ainda a frase ficou bastante confusa:
“Sentia-se naqueles tempos como se na era medieval estivesse, como se realmente os relógios tivessem sido queimados e o tempo pudesse retornar a qualquer lugar no tempo e no espaço”.
Bom… mas depois a narrativa melhorou, assumindo um tom doce de conto de fada e tornando a leitura bastante agradável, só voltando a dar uma escorregada no final:
“E enquanto os adultos manterem as crianças que em si residem vivas, em nosso mundo reinará a paz”
Esse “manterem” está errado. O correto seria “mantiverem”.
http://www.conjugacao.com.br/verbo-manter/
======== TRAMA
Não gostei.
As idas e vindas no tempo me fizeram perder o interesse ao perceber que as histórias não possuíam uma conexão mais forte (tipo o Chad ser uma das crianças do passado, por exemplo, como imaginei a princípio).
Também não sou adepto de contos que esfregam a lição de moral na cara do leitor.
======== SUGESTÕES
Minha sugestão vai na mesma linha do amigo Leonardo Jardim: deixar mais clara a questão do flashback.
Uma conexão mais forte entre passado e presente também seria bem-vinda.
Assim como uma lição de moral menos explícita.
======== AVALIAÇÃO
Técnica: ***
Trama: **
Impacto: **
Obrigado pelos seus apontamentos e correções Fábio. A citação, eu copiei do livro, então fui fiel à forma que já estava escrito. Também acho que ficaria melhor do jeito que você me apontou.
Que pena você não gostou da trama, mas acredito que em boa parte a culpa foi minha, que acabei me esquecendo de lapidar o texto com a conexão das tramas paralelas. Realmente, isso era algo que estava claro na minha cabeça, mas que por displicência minha acabei não fazendo.
E quanto à lição de moral explícita, achei que fosse necessário para o meu objetivo. De qualquer maneira, muitíssimo obrigado e boa sorte!
Galilei,
relendo o meu comentário, vejo que eu NÃO falei em erros de português.
Eu disse: frases do tipo “enquanto os adultos manterem as crianças que em si residem vivas,” realmente merecem uma revisão.
Porque é uma frase estranha que soa mal, quem fala em crianças que residem vivas? ou que residem mortas? Não tem nenhum erro nessa frase. É uma frase estranha, só isso. Poderia ter usado o clichê criança interior para dizer a mesma coisa.
Acredito que você quis fugir do clichê e ser original, mas a frase me soa rançosa, como aquelas frases de pesquisas acadêmicas.
E eu não utilizei o comentário da maria santinho para fazer o meu, eu apenas comentei, na resposta, que ela havia citado algumas coisas na linguagem que eu acho pertinente. (desculpe maria santinho eu não tive intenção de pegar carona em seu comentário, apenas concordei com o que você disse)
Repetindo – eu nunca falei em erros de português. Espero ter esclarecido isso. Boa sorte.
O trabalho de pesquisa foi muito bom. Entendi o objetivo do texto de mostrar a relação das crianças com os mitos, deixando no ar se eles eram invenções dos pequenos ou se os esqueciam quando cresciam. O único porém, em minha opinião, é que faltou uma relação maior entre a linha de tempo principal (no festival) com as histórias intercaladas. Como eu não estava enxergando relação (apenas boas histórias relacionadas somente pelo tema), achei cansativas as inúmeras mudanças (novo ambiente, novos personagens, essa troca às vezes cansa). Lendo seus comentários, vi que a intenção era que cada vez que Ruminem via uma figura mitológica representada no festival, você introduzia um flashback da origem daquele mito. Isso é legal, mas acho que faltou ficar mais explícito no texto, pois não observei isso enquanto lia (nem em uma releitura). Fica como sugestão para melhoria.
A técnica está boa e não peguei nenhum erro que incomodasse, exceto o nome do protagonista que mudou no final (mas como era incomum, deu pra sacar que era erro, por isso não atrapalhou).
Parabéns e boa sorte!
Caro Leonardo, obrigado pela alerta: você está pleno de razão!
Acontece que eu fui intercalando esses minicontos com a estrutura principal e eu já tinha começado a trabalhar com algumas histórias do saci, dragão, ninfas e sereias, dentre outros seres, além de estreitar a relação entre Chad e Ruminem, quando o meu Word me alertou que eu já havia ultrapassado os 3.000 caracteres. Simplesmente apaguei os últimos ensaios que não estavam terminados e esqueci de traçar de forma mais adequada esse intercalar, que estava claro apenas na cabeça do autor, frisa-se.
Vou modificar isso, com certeza. Seu comentário foi muito útil e produtivo, obrigado, de verdade! Salvou meu dia, rs.
E fiquei muito feliz por você ter conseguido captar o espírito do meu conto. Fiquei receoso de não ter sido claro com a minha mensagem.
Saudações e boa sorte no desafio!
E eu fico muito feliz em “salvar seu dia” 😀
Estamos todos aqui no mesmo barco. Escrevendo e aprendendo cada vez mais. Tem coisas que só outras pessoas pegam em nossos textos. Invejo aqueles que conseguem escrever contos “prontos” com poucas revisões. Abração!
Um dia, todos chegaremos lá. Rs!
Um forte abraço e muito grato por suas gentis palavras.
Oi, tudo bem?
Bem, pode ser eu (será? Não sei), mas não curti. Li três vezes seu conto para ver se havia perdido algo, mas deve ser minhas chatices. Então falo e você observa se tem algum fundamento, se não, apenas ignore, ok?
Primeiro algumas (só algumas) observações que espero que sejam úteis em algo.
Mudaria diversas construções porque achei estranha e também porque travou a narrativa.
“Foi trajado com o próprio terno…” –- foi trajando, ou melhor, trajava o mesmo terno. — “A ideia de se desviar do caminho ordinário que lhe levaria em menor tempo para casa, veio assim de forma incogitada…” — A ideia de tomar um ATALHO surgiu de forma REPENTINA. — “uma mulher de pele morena que tinha em seu rosto um relógio branco de ponteiros prateados pintado …” — uma mulher de pele morena que tinha UMA PINTURA em seu rosto, um relógio branco DE ponteiros prateados…. — “Ruminen olha para seu lado e vê um pequeno rapaz de rua… ” — Olha e ver – primeiro observe a mudança no tempo verbal, segundo ficaria melhor percebeu ao invés de ver — olhOU para o seu lado e PERCEBEU — “e se aproximou do mesmo” — Para evitar ambiguidades, só o “se aproximou” já dá conta do recado —- Chad nada mais tinha a não ser a roupa do corpo e mais alguns sonhos, e Luminen (Ruminen, não?)
Algumas repetições de termos incomodam um pouco —- Tendo saído, tendo sido, tendo fitado, tendo notado, tendo enfeitado … Os “seres e ser”, sobretudo no capítulo “Coventry, região central da Inglaterra, 1940 d.C.” também. Você pode usar criatura, ou monstro, ou entidade… Esses aqui também me incomodaram — “sendo que” tinham, “sendo que” alguns, “sendo que” somente…
Uma observação muito pessoal e desculpe por isso, mas acho que no 4º parágrafo há muitas palavras com “s”, a gente acaba sibilando (sentia-se, como se, se, estivessem, tivesse).
Bem, seu conto é daquele que tem lição de moral e/ou explicação escrachada. Eu não curto, mas sei que há quem goste. Me perdi um pouco nessas histórias paralelas, mas gostei das imagens. Sobre o personagem e a explicação final, puxa! Não senti que ele precisava (com essa intensidade) entender algo. Vi-o cansado, mas pouco senti dele além disso.
Desejo sorte.
Que pena que você não gostou, Maria.
Mas de qualquer maneira, obrigada por suas observações e ponderações.
Quanto às suas sugestões de novas construções nas frases, confesso que me soaram um pouco estranhas, e eu prefiro da maneira que já estão. Contudo, quanto às repetições de termos, obrigado, vou corrigir isto o quanto antes possível. Acredita que nas mil vezes que eu reli o texto não percebi que havia trocado a primeira letra do personagem? MUITO obrigado mesmo, muita displicência e, se não fosse por sua indicação, jamais perceberia.
Realmente, o texto tem explicação escrachada. Rsrsrsrsrs, tem quem goste e tem quem não goste. Contudo, nem todos conseguem captar isso, mesmo escrachado, acredita?
Sobre as histórias paralelas, como eu expliquei pra Virginia, eu procurei contar de onde surgiram os mitos representados nas lanternas que Ruminen via passando, e também de que forma esses mitos apareceram na história da humanidade. Teve pesquisa histórica, inclusive, e nenhum dado, local, menção e tempo histórico foi colocado por um acaso. No final, tive que fazer MUITOS cortes, porque acabou ultrapassando em muito os 3.000 caracteres, mas, no geral, espero ter conseguido passar a mensagem dos mitos, folclores e representações do cotidiano x perda da capacidade de ver o mundo de forma mágica, tão comum na infância.
Mais uma vez, obrigado pelas ponderações. Desejo-lhe sorte também.
Olá, Galileu Galilei!
Voltei aqui por dois motivos.
1 – Porque fiquei feliz 🙂 com sua maturidade, compreensão e paciência ao receber meu comentário (obrigada, mesmo.) Você está certíssima, só sugeri mudanças que para mim (no meu pouco conhecimento) julgo auxiliar na fluidez narrativa. Mas, é claro, o texto é seu e só cabe a você prosseguir da melhor maneira.
2- Porque fiquei triste 😦 que meu comentário tenha sido mal interpretado por terceiros. A amiga Sônia não deveria usar minhas palavras para apontamentos de de pareceres acerca do presente texto.
Reafirmo que tudo o que disse são apenas sugestões e julgamentos baseados somente no meu limitado conhecimento e/ou preferências.
Um forte abraço.
Oi Maria!
Agradeço muitíssimo a sua volta, sempre serás bem vinda… rs!
Admiro muito mesmo a sua sinceridade, isso é algo bacana e jamais será interpretado de forma negativa, pode ter certeza absoluta. Até porque, isso faz parte das nossas vidas como autores, às vezes agradamos, às vezes desagradamos. E eu realmente acredito que no final das contas é tudo questão de sentir mesmo, ou você sente com o texto e se identifica com ele ou não. Não há discussão ou espaço para qualquer tipo de mágoa.
Achei muito gentil de sua parte sugerir novas construções de frases, de verdade, embora, como você mesma pontuou inclusive no primeiro comentário, fluidez é algo relativo, algumas coisas podem soar estranhas pra você e não para mim… e vice-versa.
Realmente, fiquei um pouco incomodada com o comentário da Sônia, porque eu frequento esse espaço há mais de ano e o mais valorizado aqui não é a desconstrução, mas a construção. É sim criticar, mas junto com a crítica sempre trazer uma explicação, sugestão, enfim, que seja acrescentado algo para o autor que está do outro lado da tela. Como pontuou meu colega Leonardo, estamos todos no mesmo barco.
Erro é erro, gosto é gosto, concorda? Quando você fala que tem um erro sem explicá-lo e a pessoa pede ajuda pra que esse erro seja sanado, e se responde de forma igualmente vaga, e ainda, utilizando-se da fala de outrem, não há muito o que fazer, certo?
Não se preocupe, porque entendi muito bem o seu intuito. Percebo também que seu conhecimento e preferências não são limitados como você diz, mas sim, bastante vastos, como a sua sinceridade e humildade. Como já pontuei, no final das contas é questão de sentir junto ou não sentir.
Se não sentiu, não tem problema, sempre tem uma próxima vez. = )
Um forte abraço e boa sorte!
Muito interessante esse festival dos relógios, nunca tinha ouvido falar! O nome do protagonista também se destaca, bastante original, e gostei das menções às religiões antigas e criaturas do folclore europeu. Acho que por isso mesmo esperava um pouco mais da história, não que a mensagem sobre as crianças não tenha sido legal, é uma ideia criativa, mas acho que queria ter lido mais sobre fantasia em si… gosto pessoal, rsrs. Se entendi bem, quando Ruminen fica olhando as lanternas subirem, ele fica imaginando as cenas das crianças do passado, é isso?
O conto está bem escrito. Parabéns e boa sorte !
Oi Virginia, esse festival é realmente interessante. Tomei conhecimento dele em uma revista recente e achei que seria uma boa oportunidade para trabalhá-lo no texto.
As menções, os locais escolhidos, os tempos históricos e os mitos folclóricos da antiguidade foram todos minuciosamente escolhidos, nenhum dado jogado no texto foi escolhido por um acaso. Obrigada por sua observação.
Sobre trabalhar com a fantasia em si, eu até comecei a pensar algumas ideias para isso, mas realmente nesse desafio eu quis fugir do lugar comum, fazer algo diferente do que as pessoas já estavam fazendo.
Quanto às cenas do passado, eu trabalho com o seguinte motivo: de onde surgiram esses mitos das lanternas que Ruminen via passando? E de que forma esses mitos apareceram na história da humanidade? Teve pesquisa histórica, inclusive, para isso. No final, tive que fazer MUITOS cortes, porque acabou ultrapassando os 3.000 caracteres.
Trabalhando com outros seres e outras histórias no intercalar da redescoberta da beleza da infância, por meio de Chad, foi o que me fez confirmar que sim: esses mitos surgiram na criatividade de um menino, ou uma menina. Ou que, talvez, simplesmente percamos a possibilidade de ver o mundo de forma fantástica e o remoramos por meio de rituais/festivais/celebrações.
Um grande abraço e muito obrigado.
Obrigada pela explicação! Ficou realmente muito interessante e diferente a sua ideia. Ah, quanto a essa frase que apontaram: “enquanto os adultos manterem as crianças que em si residem vivas,” acredito que deveria ser “mantiverem” em vez de “manterem” por questão de conjugação verbal(“manter” é irregular). Não falo muito de erros de revisão, me interesso bem mais pela história do que por gramática, no caso do seu conto não encontrei nada que me incomodasse, nem falaria disso se não tivesse surgido a questão.
Cara Virginia, muito obrigado mesmo pela sua volta aqui.
Já foi corrigido o erro mencionado, que você e o Fábio gentilmente me apontaram! Realmente está errado, na hora que fiz fiquei na dúvida, até por isso estava insistindo em saber qual a formulação certa.
De qualquer forma, muitíssimo obrigado e boa sorte pra gente! = )
Eu desconhecia este festival, interessante, mais uma que aprendo.
Portugues: frases do tipo “enquanto os adultos manterem as crianças que em si residem vivas,” realmente merecem uma revisão.
“beleza estreita da vida” é outra expressão que ficou bem confusa.
repetições como “uma cena comum, ordinária” e “pequenos anões” … existem grandes anões????
achei a trama fraca, a o desenvolvimento pobre.
impacto – pouco.
O começo parece não ter nada a ver com o restante da história.
Fiquei em dúvida sobre se a sua criatura fantástica era um fantasma ou uma alegoria imaginada pelo personagem.
Olá Sonia, agradeço por seu comentário e por suas indicações.
Contudo, sobre o erro de português, creio que você poderia ser mais clara, e não apenas indicar que mereça revisão, pois desse forma não acrescenta em nada para o autor. Por que a expressão indicada merece revisão?
Beleza estreita da vida quer dizer “beleza” sutil, adj.: pouco larga. Na expressão, fica claro que se trata de uma beleza que não é tão fácil de ser percebida e que, talvez, somente crianças possam ver.
Agradeço pelo apontamento das repetições, vou corrigir esta falha. Sobre pequenos anões, é apenas uma adjetivação, pois embora na cultura ocidental anão seja sinônimo de baixo, na mitologia, é apenas a “raça”.
A criatura fantástica aparece em todo o texto, vou deixar no subjetivo para que os meus leitores possam considerar e o percebam na sutileza. Só te adianto que não havia fantasma algum.
mariasantinho1 respondeu com detalhes sobre o português.
quanto aos anões, a “raça”a que você se refere é baixa, portanto o comentário continua valendo.
Ela sugeriu novas construções de frases, e não erros de português. Insisto para que os aponte.
Eu realmente queria entender qual o erro de português mencionado, pois é isso que faz os autores evoluírem aqui nesse espaço. Sempre que eu aponto um erro no texto dos meus colegas, eu os aponto e explico – isso é algo realmente importante aqui nesse espaço e sempre foi.
E quanto aos pequenos anões, acabei de reler o texto aqui, e não sei se você conseguiu captar, mas eu falei que a menina moldou “pequenos anões de argila”. Não usei como adjetivação de anão, mas sim para explicar o tamanho das estatuetas moldadas pela garota no jardim.