EntreContos

Detox Literário.

Filhos das Trevas (Sombria)

strigha

As prateleiras estavam cheias de coisas estranhas descritas numa letra bem desenhada: lascas de unhas, leite de cachorro, leite de mãe de defunto, língua de gato pardo, veneno de sapo da Amazônia, umbigos secos, cabelos de anjo, dentes de leite, fígados de anjos, pulmões virgens…

Os pelos dos meus braços e da nuca se arrepiaram. Tudo tinha cheiro de morte e eu senti medo.

Ela chegou, trazendo uma de suas poções. Apertou minha boca com força, despejando tudo de uma só vez.

“Engole logo!”

Engasguei com aquele líquido grosso fedorento e comecei a fazer vômitos.

“Ele está vindo.” Ela gritou com sua voz envelhecida. “O devorador de anjos tem fome e tem sede.” Olhou para mim com seus olhos mortos e gargalhou.

“Se fartará com seu sangue e cuspirá na sua carne.”… “Ele está vindo.”

Ela apertou os olhos na direção da porta e vimos garras segurando a madeira, espreitando o cômodo. A porta rangeu lentamente. Ouvi o barulho de cascos no chão e ele veio, com seus chifres negros e seus olhos vermelhos. Andava sobre duas patas numa mistura de homem e bicho, farejando a carne fresca.  Paralisei e quis fechar os olhos.

“Sirva-se!” Ela gritou me empurrando de encontro a fera.

Pude ouvir o barulho dos ossos se quebrando e da carne e sangue sendo devorados com desespero.

Começou quando eu tinha onze anos. Minha mãe ia parir sua quarta criança.

“A-a-ai! Corre lá na Dona Neném. Tá na hora. Aaaiii…”

Ouvi os gemidos espremidos, engoli um punhado de vento e atravessei correndo o portãozinho de ferro de Dona Neném. Meus gritos chegaram primeiro dentro da casa e ela saiu, carregando uma sacola de palha cheia de ramos secos. Era tão miudinha e pálida e velha. Pisquei duas ou três vezes e a parteira já estava atravessando o portão do outro lado da rua. Corri de volta.

A barriga enorme dentro do quarto parecia que ia explodir.

“Passa daqui minina, ispera na casa da Sonha. Quando acabá eu chamu.”

Fui… Contei o acontecido e a vizinha se apressou em ajudar.

Tempos depois, quando meu pai chegou do trabalho com as mãos encardidas e o rosto queimado de sol, Dona Sônia deu a notícia.

“Não tava toda formadinha ainda tadinha. Sinto muito Quinho, seu anjinho foi morar no céu.”

Fui me achegando devagarinho, espiando a cara dos adultos. Não tinha certeza se já podia ir até lá.

“Vem cá fia.” Segurou minha mão com carinho.

“Por que Deus tem que levar todas as minhas irmãs, pai? Ele bem que podia deixar essa aqui com a gente.”

“Num diz essas coisa minina. Deus é justo, sabe o que é mió pra nóis” Fungou, limpando o nariz com as costas das mãos e secando nas calças. Foi para o quarto consolar minha mãe.

Padre Bento chegou logo em seguida bagunçando minha franja com suas mãos enrugadas. Estava sempre pronto para rezar uma missa ou encomendar um defunto.

A noite se assentava no terreiro enquanto o pai fazia a fogueira para espantar o frio e estendia umas tábuas sobre uns pares de troncos. Os vizinhos iam chegando, tomando conta da casa e do quintal. Falavam de gente que já abotoou o paletó e de terra dos pés juntos. Servíamos café ralo e os chás da Dona Neném.

Lá fora, eu brincava com sombras nas paredes e elas me confirmavam, cínicas, que o menino Jesus estava no céu brincando com minhas irmãs.

Também gostava de observar a fogueira ardendo, a forma como engolia a madeira, os pequenos estalos e o cheiro cinzento que ardia as narinas. Tudo isso me encantava. Mas o fogo, o fogo também não era um bom amigo. Fazia questão de mostrar Jesus, rodeado de anjinhos rechonchudos brincando entre nuvens tão brancas quanto o leite da vaca do Seu Carlos. Disputavam alegres as estrelas do firmamento, correndo daqui e dali com seus baldes dourados, mastigando doces pontas de luz. Vi um deles, aos tropeços, deixar cair o balde de estrelas aos pés do menino deus e o reizinho torceu o nariz!… Toquei aquelas fagulhas mágicas ansiando descobrir que gosto teriam as pontas de estrelas, mas o menino torceu novamente o nariz, apertou os olhos e franziu as sobrancelhas. Quando alcancei a primeira faísca senti um puxão e aquela voz irritada. “Num chega tão perto du fogo minina. Vai lá pra dentro ficar com sua mãe… Anda!” Saí correndo, chateada com aquela brusquidão. Nunca gostei de levar pito do meu pai.

Na sala minha mãe roía as unhas enquanto Dona Neném servia chá para acalmar os nervos. Mulheres rezaram em coro a ladainha do terço. O dia custou a amanhecer.

“Está na hora Zefa!” Avisou o Padre.

Ela abafou o choro nos meus cabelos e meu pai encostou a cabeça na dela.

“Jesus é tão egoísta.” Praguejei baixinho.

O enterro e o resto do dia passaram rápido, com gosto de chá de erva cidreira e o cheiro de cravo de defunto que não queria sair da casa.

A noite fria e os pés gelados espantaram o sono. Da janela, vi Dona Neném me acenando, lá do outro lado da rua.

Saí sem fazer barulho.

“Está tudo bem Dona Neném?”

Ela fez que sim com a cabeça e caminhou pelo quintal. Segui atrás. A noite clara deixava ver bem a casa de adobe com suas paredes caiadas, as telhas em formato de carapaça de tatu, as portas e janelas azuis fechadas apenas por tramelas bambas. Dentro da casa era puro breu.

“Dona Neném?”… “Onde a senhora está?”… Segui o barulho dos passos, tateando as paredes para ascender a luz. As mãos frias dela me procuraram e seguimos no escuro mesmo.

“Está na hora de alimentá-lo menina. Ele pode dar aquilo que você deseja. Venha.”

“Do que a senhora está falando?”

“Eu não sou idiota, sei bem o que as sombras cochicham em seus ouvidos…”

Não era a voz de Dona Neném, era a serva do inferno, se preparando para alimentar o Demônio. Num quarto sombrio, detrás de uma prateleira, observei a criatura engolir o corpo do recém nascido em uma só bocada. Fiz minha escolha!

Nos meses que se seguiram vi três vizinhas e uma prima do meu pai perderem seus filhos em partos dolorosos ou consumidos precocemente pela miséria ou pela doença. Lá estávamos, Dona Neném e eu, ajudando a velar caixões vazios e dando de comer ao Demônio.

Ninguém desconfiava da boa velhinha do interior, nem da doce filha da Dona Zefa.

Numa noite, após devorar nossa oferenda, ele se enfureceu.

“Não quero mais essa carne morta e esse cômodo escuro… Já esperei demais!”… Socou a mesa e jogou as coisas no chão.

“Bruxa, você disse que ela serviria! Quanto tempo mais daremos a esta criança?”

Eu quase tremi.

A bruxa não demonstrou medo.

“Não precisaremos esperar mais… sei o que fazer.” Se apressou em escolher uns vidros na prateleira e saiu.

Fiquei lá quieta. Não ousei falar com a criatura.

A velha voltou muito tempo depois com uma de suas poções e me fez dar um grande gole. Nunca tinha sido tanto e tão pegajoso. Ardi por dentro!

Por alguns momentos ele ficou me olhando contorcer e queimar. Pareceu desconfiado quando alisou o chifre com a ponta do rabo e segurou o meu rosto perto do seu. Soprou um bafo sussurrante: “Você está pronta… mulher?”

O calor se acumulou no meu ventre e escorreu vermelho por minhas pernas. O cheiro de sangue fresco chamou sua atenção e o Demônio sorriu para mim com grandes olhos famintos. Abaixou… farejou minha perna… e lambeu a pele úmida.

“Você está pronta, mulher? Ele esbravejou batendo um dos cascos com força.

Meu corpo obedeceu de imediato e as palavras saíram da minha boca.

“Sim”… gritei… “Estou pronta. Quero ser a mãe daquele que destruirá o pai dos homens e seu reinado egoísta.”… Senti prazer naquelas palavras e no sorriso diabólico que se formou na cara dele.

“Beba.” Ela ordenou, me fazendo beber outro gole da poção nojenta. O gosto amargo e o cheiro podre queimaram ainda mais intensamente e os gritos não diminuíram aquela dor. Minha pele ferveu e começou a borbulhar. Vi nascerem em mim seios. Garras rasgaram as pontas dos meus dedos e presas cresceram em minha boca.

O riso do Demônio ecoou no cômodo e ele se aproximou mais, me rodeando, me cercando enquanto batia levemente os cascos no piso. Ofegante eu ouvia seus relinchos curtos e o barulho daqueles passos.

Ele me cheirou…

Alisou meus cabelos com a ponta do rabo… e pulou em cima de mim, faminto, pecaminoso, mordendo meus peitos e apertando a carne da minha bunda.

“Você está pronta.” Sussurrou, engolindo minha língua e plantando em mim sua semente.

34 comentários em “Filhos das Trevas (Sombria)

  1. Pedro Luna
    20 de agosto de 2014
    Avatar de Pedro Luna

    Bom. O lance do filho do demônio deixou o conto meio batido. Não gostei muito e achei o início do conto meio desconexo com o restante. E achei que a criança aceitou rápido demais o seu destino. Bem escrito, mas não me empolgou.

  2. Fil Felix
    20 de agosto de 2014
    Avatar de Fil Felix

    Gostei da temática, um pouco ousada, mas o estilo narrativo está estranho. A primeira parte do conto parece escrita por uma pessoa e a segunda parte por outra totalmente diferente. Vai desde as frases mais cruas, sem muitas descrições, para as mais arrojadas.

    • Carmem Soares
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Carmem Soares

      Pois é né, meu segundo conto de terror, nunca nem li coisas do tipo então não estou tão mau. rsrs Participando apenas como passatempo. Vou ver se começo a ler algumas coisas do gênero para evoluir e quem sabe até adquirir alguma identidade. rsrs Eu também faço essa crítica! Você é bem perceptivo. Abraços e obrigada pelo comentário.

  3. rsollberg
    20 de agosto de 2014
    Avatar de rsollberg

    Gostei. Mais um texto que se alinha ao binômio sacrifício/profecia. Apreciei o jeito que misturou os ares de “causo” com o terror mais clássico.
    Usar o nome Dona “Neném” na bruxa que dava recém nascidos para o demônio foi dose! rs
    As descrições foram bem conduzidas. Os diálogos também foram muito bem usados.

    Afinal o demônio comeu ou “comeu” a “pobre” menina? rs
    Parabéns e boa sorte no desafio.

    • Carmem Soares
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Carmem Soares

      Nem reparei nessa questão do nome. Ri muito aqui! rsrsrs Completamente sem propósito. Ele não comeu a menina, foi só sexo diabólico mesmo. rs

  4. Marcellus
    17 de agosto de 2014
    Avatar de Marcellus

    O mérito do conto é fazer o leitor imaginar que é a menina quem está sendo devorada. Mas há algumas falhas, como a caracterização do sotaque interiorano/ignorante ou o vigésimo sexto parágrafo, um completo mistério para mim.

    Mas é um conto que merece ser retrabalhado. O autor tem bom material.

    Boa sorte!

  5. Martha Angelo
    17 de agosto de 2014
    Avatar de Martha Angelo

    Puxa vida, quando a história começou com aqueles clichezinhos dos ingredientes usados pelas bruxas, jamais imaginaria tantas reviravoltas com personagens e cenários tão inusitados! As expressões idiomáticas, o cenário rural, os nomes familiares, são detalhes que tornaram o texto ainda mais saboroso, bem brasileiro. Adorei!

  6. Edivana
    17 de agosto de 2014
    Avatar de Edivana

    Hey, que doido! Perfeito. A linguagem, a construção da história, um soco no banal, um trago de pura maldade! Parabéns.

  7. Juliano Gadêlha
    15 de agosto de 2014
    Avatar de Juliano Gadêlha

    História aterrorizante e até surpreendente. Texto muito bem escrito, explorando o tema de maneira bastante satisfatória, dando um clima sombrio e macabro ao enredo, que se adequa perfeitamente ao formato conto. Gostei bastante, parabéns ao autor.

  8. Weslley Reis
    15 de agosto de 2014
    Avatar de Weslley Reis

    A ambientação foi muito bem construída, tanto em seu caráter regionalista, quanto na relação com o demônio propriamente dita. Fora a surpresa no final. Muito bom.

  9. Wender Lemes
    14 de agosto de 2014
    Avatar de Wender Lemes

    Fiquei meio perdido no final. A primeira parte (antes do flashback) me deu a impressão de que a moça teria sido triturada – literalmente – pelo demônio (mas poderia ser outro corpo sendo triturado também, talvez), enquanto o final mostrou que ela seria a mãe do anticristo. Mas, se ela foi triturada, como seria a progenitora? Desculpe-me se for falta de atenção minha. De todo modo, boa sorte no desafio.

    • Carmem Soares
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Carmem Soares

      O inicio não diz quem foi torturado. Foi apenas o recorte de um dia em que alimentavam o demônio. A intenção era mesmo confundir um pouco! Obrigada pelo comentário! Bjs

  10. Thata Pereira
    11 de agosto de 2014
    Avatar de Thata Pereira

    Não sei se o corte no começo do conto me agradou. Talvez o(a) autor(a) devesse deixá-lo seguir na ordem normal. Isso porque no meio eu me senti um pouco perdida. A figura da menina se destacou da bruxa, tudo bem, mas fiquei me perguntando se a garota foi encarada pelo(a) autor(a) como uma bruxa também, já que ouvia “o cochicho das sombras” (gostei disso rs’).

    Boa sorte!

    • Carmem Soares
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Carmem Soares

      Pois é, a meu ver ela tinha sim algo de bruxa. Obrigada pelo comentário! Bjs

  11. Willians Marc
    11 de agosto de 2014
    Avatar de Willians Marc

    Ótimo conto, bem corajoso por tocar em tantos assuntos polêmicos. Foi bem desenvolvido e teve uma boa conclusão. Não achei erros a serem destacados.

    Parabéns e boa sorte no desafio!

  12. Eduardo Matias dos Santos
    7 de agosto de 2014
    Avatar de Eduardo Matias dos Santos

    Legal, a ambientação e o desfecho foi perfeito. Um pouco satânico, sim, mas realmente muito bem escrito. Parabéns.

  13. JC Lemos
    7 de agosto de 2014
    Avatar de JC Lemos

    Sinistro! hehe
    Gostei muito do conto. Agora sim, um conto de bruxas para tocar o terror.
    Gostei da narração e das cenas bem descritas, principalmente as últimas. O autor mostra ter um domínio muito bom, sabe o que faz.

    A forma direta e visível como as imagens foram criadas me lembraram um certo autor, mas não creio que esse texto seja dele.Enfim, é um bom conto e me agradou bastante.

    Parabéns e boa sorte!

  14. Lucas Almeida Dos Santos
    6 de agosto de 2014
    Avatar de Lucas Almeida Dos Santos

    Eu achei a ideia bacana apesar de que como está em primeira pessoa acredito que faltou a personagem sentir o que estava lhe acontecendo, pareceu que a alma dela estava fora do corpo vendo o que o demônio fazia com ela.
    Mas parabéns.

  15. fernandoabreude88
    6 de agosto de 2014
    Avatar de fernandoabreude88

    Não sei se gostei, ou devo ter gostado por algo que o próprio escritor não quis passar. Acabei achando cômica essa parte do demônio tentando trepar com a mulher. ESTÁ PRONTA, MULHER? ESTÁ PRONTA? Parece marido esperando a mulher se arrumar pra sair. Aliás, a imagem desse demônio foi o mais legal, pois consegui vê-lo como um bicho vermelho, grandão, desses de desenhos animados, a personificação bruta do capeta no meio do conto foi boa. No mais, achei o texto meio truncado, os personagens não chamam muito a atenção, exceto o diabão, Agora, esse final com o bicho apertando a bunda dela está impagável.

    • Carmem Soares
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Carmem Soares

      Ri muuuuito ao ler esse comentário! Me fez enxergar a história de forma diferente. Me diverti.

  16. Gustavo Araujo
    5 de agosto de 2014
    Avatar de Gustavo Araujo

    Desculpe, mas não gostei. Não está mal escrito. As cenas são bem desenvolvidas e as palavras, metáforas e diálogos são bem empregados. O que pegou para mim foi a trama. Achei muito, muito batida. Desde o início dá para perceber o que vai acontecer lá no fim. E não há nada que sugira uma alternativa, não há um conflito, não há uma dúvida. O leitor é conduzido por um corredor sem portas. Sem opções, resta esperar o fim da viagem. E só =/

  17. Walter Lopes
    4 de agosto de 2014
    Avatar de Walter Lopes

    Achei inacabado.

  18. rubemcabral
    4 de agosto de 2014
    Avatar de rubemcabral

    Não gostei. A ideia do conto é até boa e nova, mas a execução deixou a desejar… O texto carece de um tanto de revisão, principalmente quanto à pontuação.

  19. Eduardo Selga
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Eduardo Selga

    Este é o vigésimo primeiro conto que analiso no presente desafio.

    É um conto narrativamente forte, mas isso não se baseia na sintaxe, nem na semântica, tampouco na escolha vocabular. Há, inclusive alguns erros, os quais logo comentarei. Seu vigor está no modo como o(a) contista construiu as cenas principais, situadas estrategicamente no início e no fim do texto. Extremamente prosaicas do ponto de vista da construção da superfície textual, sem maiores recursos estilísticos, o(a) autor(a) aposta na recepção textual, ou seja, no impacto que terá entre os leitores cenas que fazem parte de nosso imaginário midificado (manipulado pela mídia)[1]. A posse do corpo feminino pelo Demônio de modo que ele gere outros de sua estirpe é algo que, não obstante antigo, sempre é muito poderoso no imaginário. Esta exclusivamente aí a força do conto.

    Incomodou-me o mau uso da tentativa de usar a “semântica popular”, na medida em que houve incoerência quanto a algumas palavras. Esse recurso, necessário para se estabelecer uma autenticidade identitária de certos personagens, soou artificial, pois por vezes o(a) contista esqueceu-se de que sua tentativa era a de reproduzir a prosódia. Assim, temos em “Passa daqui minina, ispera na casa da Sonha. Quando acabá eu chamu.” um problema: “Quando” deveria ser “quandu”; da mesma maneira, em “Vai lá pra dentro ficar com sua mãe… Anda!” deveriam ser “dentru” e “ficá”.

    Também há problemas quanto ao uso da vírgula, como em “Está na hora Zefa!”. Na frase, deveria haver uma vírgula entre HORA E ZEFA. O mesmo problema, vírgula como marcador de vocativo, se repete em “Está na hora de alimentá-lo menina”. Aqui, a pontuação deveria estar antes de MENINA.

    [1] Quando digo isso não me refiro exclusivamente às mídias contemporâneas: uso o termo no sentido de “mediação”. Nossos arquétipos e medos atávicos sempre são narrados para nós mesmos por processos sociais de mediação.

    Em 03/08/2014

    • Carmem Soares
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Carmem Soares

      Arquétipos, é somente o que tenho para criar esse que é meu segundo texto do gênero. Não sou amante desse tipo de texto, embora tenha gostado de participar do desafio. Sua crítica é muito boa! Discordo apenas na questão das falas, acabei me baseando nas pessoas que conheço e de fato elas não pronunciam tudo dessa forma, algumas palavras apenas. Quanto à virgula, é apenas uma de minhas muitas dificuldades. rsrsrs Obrigada pelas dicas! Bjs

  20. José Geraldo Gouvêa
    3 de agosto de 2014
    Avatar de José Geraldo Gouvêa

    Um ponto em que poderia o conto se tornar ainda mais satânico: não seria a bruxa a responsável pela morte das natimortas? Isso adicionaria um grau de ironia cruel a essse texto.

  21. Marquidones Filho
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Marquidones Filho

    …Meio bizarro…

  22. Fabio Baptista
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Fabio Baptista

    ======== ANÁLISE TÉCNICA

    – repetição de “leite” no primeiro parágrafo
    >>> poderia ter variado mais o repertório de ingredientes

    A simulação da oralidade não foi muito bem conduzida…
    Exemplo: “Num chega tão perto du fogo minina. Vai lá pra dentro ficar com sua mãe… Anda!”
    Há outras palavras terminadas com O com som de U na mesma frase (perto, fogo, dentro)

    ======== ANÁLISE DA TRAMA

    Estava indo muito bem, um clima bem macabro e tal, uma aura de mistério… mas aí veio a parte “épica” e, na minha opinião, estragou tudo.

    Também achei desnecessária aquela introdução…

    ======== SUGESTÕES

    – Não usar essa aproximação da oralidade. O jeito de “pensar” da menina (que narra a história em primeira pessoa) não combina em nada com o jeito de falar das pessoas ao redor.

    – Dar um objetivo menos cataclísmico para o diabo da dona Neném.

    – Ah… eu trocaria esse “dona Neném” (fiquei lembrando da Grande Família quando lia)

    ======== AVALIAÇÃO

    Técnica: ***
    Trama: **
    Impacto: ***

  23. Caos
    1 de agosto de 2014
    Avatar de Caos

    Olha. Que conto foi esse? Que loucura hein? Me perdi e me encontrei por aqui. Achei que você foi sombria, perfeita e inadequada para menores de dezoito anos. O linguajar ficou ótimo, adoro quando o inicio do conto é o parte do fim dele (isso me instiga demais).

    Meus parabéns por tanto talento. Se esse é o segundo conto que leio, espero que tenhamos muitos mais com essa qualidade.

    Bom,

    Não vou ficar aqui fazendo uma varredura no conto (até porque não sou nenhum bruxo para procurar maldição onde não há nada além de um feitiço).

    E é isso!

    Você simplesmente me enfeitiçou!

  24. Pétrya Bischoff
    1 de agosto de 2014
    Avatar de Pétrya Bischoff

    Eita, quanta pornografia haha’, brincadeira.
    Achei a ideia bem simples e demoníaca, obviamente. A escrita está direta e sem floreios e penso que não havia necessidade em caracterizar a linguagem dos personagens. Não desgostei tanto assim, mas não agrada meu gosto literário. Boa sorte.

  25. Claudia Roberta Angst
    1 de agosto de 2014
    Avatar de Claudia Roberta Angst

    Nossa, forte! A narrativa desenvolve-se em ritmo contínuo, prendendo a atenção do leitor. O autor domina bem o emprego das palavras que se encaixam perfeitamente ao enredo criado. Parteira bruxa, serva do coisa ruim. Conto bem elaborado. Boa sorte.

  26. Ricardo Gnecco Falco
    1 de agosto de 2014
    Avatar de Ricardo Gnecco Falco

    Conto bem escrito e fluído, embora não tenha conseguido despertar minha atenção. Mesmo na Primeira Pessoa, não consegui me sentir inserido na história. Talvez apenas por não ter gostado muito da mesma. Não senti profundidade nas personagens e fiquei com aquela sensação de “faltou alguma coisa”… Achei bem morninho. Fora o caráter pessoal, o texto cumpre o que promete e atende bem ao tema proposto. Dona Neném — a bruxa –, a menina e o coisa ruim estão todos presentes, embora meio embaçados por uma névoa que não permitiu ao conto decolar como o esperado.
    Um abraço,
    Boa sorte,
    Paz e Bem!

  27. mariasantino1
    1 de agosto de 2014
    Avatar de mariasantino1

    POW! Que conto DU CA!

    Gostei no geral. Da ideia, do mistério e de algumas passagens como essa:”O enterro e o resto do dia passaram rápido, com gosto de chá de erva cidreira e o cheiro de cravo de defunto que não queria sair da casa” Adorei a palavra “brusquidão”. Só não gostei muito de pensar no Devil ali, vindo visitar a casa de Dona Neném, comendo os fetos… Mas o conto é muito bom e o final é bem MAU e perturbador.
    Boa sorte para você. Um abraço 😉

  28. José Geraldo Gouvêa
    31 de julho de 2014
    Avatar de José Geraldo Gouvêa

    Que conto mais satânico! Aaahahah… Confesso que o li com prazer. Só não sei se esse tipo de terror espiritual vai funcionar para todos. Para mim funcionou bem. Este é um dos contos que vou voltar a ler porque encontrei motivos para voltar a ele. Uma leitura que traz prazer.

Deixar mensagem para Marquidones Filho Cancelar resposta

Informação

Publicado em 31 de julho de 2014 por em Bruxas.