EntreContos

Detox Literário.

A Ascensão das Trevas (Lorde W)

Europa. Século XII.

A pequena fogueira bruxuleante que ardia em meio à longínqua aldeia, era tudo o que o mendigo maltrapilho e adormecido detinha para aquecê-lo naquela noite fria e isenta de estrelas.

Eis que as labaredas antes fracas e tremeluzentes ampliaram-se, tornando-se um fogaréu negro e de formas demoníacas; uma manifestação incontestável de magia negra.

A única testemunha ocular do que veio a acontecer com o mendigo, foi Capella, uma órfã sardenta e arruivada de apenas oito anos, que fazia de uma carroça velha e abandonada, próxima dali, a sua morada.

Embora escutassem os gritos aflitos do mendigo até que este por fim silenciou-se, os aldeões, temerosos, só deixaram a segurança de seus casebres miseráveis ao amanhecer.

Em meio a decadente e emporcalhada rua, composta por detritos, lama e esterco, estava o mendigo, sem vida, desnudo. No rosto, a expressão distorcida do sofrimento e do terror.

– Por Deus, o que houve com ele? – indagou o taberneiro, perplexo, ao notar que o sangue fora drenado até a ultima gota do corpo do pedinte, tornando dele uma definhada carcaça.

– Chamem Malva – proclamou Demétrio, o comerciante de tecidos. – Agora!

Malva não tardou a chegar, acompanhada de um truculento carrasco, munido de uma intimidante machada presa à cintura.

– Esta, senhoras e senhores, é uma obra evidente dos artifícios das trevas – proferiu a austera mulher, que tornara-se uma autoridade local após o falecimento do seu marido, um impiedoso inquisidor. – Isto indica que um de vocês compactua em segredo com o mal – concluiu. – Resta saber quem é o culpado deste ato satânico.

Os aldeões, humildes camponeses em sua maioria, entreolharam-se com apreensão.

– Roseline, a lavadeira, é a responsável por isto – acusou a mulher do ferreiro. – Ela tentou me vender uma pomada medicinal feita com sangue de fetos abortados. Disse que isso me ajudaria a gerar um filho.

Sua acusação, na realidade, não passara de um punição contra a modesta lavadeira, visto que a flagrara no estábulo com o próprio marido há dois dias atrás, entre tórridos beijos

Roseline foi imediatamente detida pelo carrasco da inquisidora e levada a casa de um mercador de quinquilharias, cedida gentilmente por ele, a fim de interrogá-la.

Embora fosse cristã, a ímpia Malva torturou a vitima por horas a fio até que esta, sem mais suportar os requintes de crueldade, admitiu ser adoradora de divindades pagãs.

Atada a uma árvore de fantasmagórica aparência, a lavadeira foi decapitada em praça pública. Não sem antes revelar, por mera vingança, nomes de alguns aldeões, mencionando-os como integrantes do seu coven; aqueles que a hostilizaram no passado e mostraram-se deliciados com o seu atual suplicio.

A mando da inquisidora, os acusados pela lavadeira foram detidos e apedrejados até a morte pelo resto da população.

Aliviados com a extinção da suposta bruxa e de seus cúmplices profanos, os aldeões voltaram sem mais temores aos seus rotineiros afazeres.

Só conscientizaram-se do erro irrevogável que cometeram ao matar aquela dezena de pessoas; seus vizinhos e amigos desde a infância, com o principio de um novo amanhecer.

Saindo as ruas, a população tornou-se inexpressiva quando notou que os cadáveres apedrejados, dispersos pelo chão como meros dejetos, estavam encovados e igualmente desprovidos de sangue. Assim como o mendigo, aqueles corpos aderira a horrenda aparência de múmias milenares.

A culpa pairou como uma nuvem negra sobre a cabeça dos aldeões.

Chamada as pressas de volta a aldeia, Malva, a apática inquisidora, juntamente com o carrasco, que a seguia tal qual uma sombra agourenta, observou os corpos ressequidos no chão com os seus lábios franzidos e as narinas dilatadas.

– Eu exijo saber quem foi o responsável por este ato herege?  – bradou ela, enraivecida.

Notando que os camponeses, cabisbaixos, não manifestaram-se, a inquisidora, perspicaz, refez a pergunta:

– Aquele que me disser ou meramente apontar quem foi o responsável por este ato herege, receberá uma generosa recompensa.

Como previra, recebera não uma, mas dezenas de imediatas respostas.

Miseráveis, os aldeões passaram a acusar uns aos outros no aflito propósito de serem recompensados.

– Basta – gritou Malva, cessando aquela selvagem balbúrdia. – E voltem ao trabalho.

Com um brilho indecifrável nos olhos, a inquisidora partiu dali com um tênue e satisfeito sorriso.

Seu regresso à aldeia não tardou a acontecer. Desta vez no meio da noite, sem o conhecimento dos moradores. Nas mãos do carrasco, seu fiel escudeiro, a existência de uma tocha ardente.

– De acordo com a confissão dos aldeões, todos possuem uma ligação com as forças obscuras. Neste caso… que sejam eliminados sem exceção – decretou ela, observando, com um sádico deleite, o carrasco cumprir sua ordem expressa de atear fogo nos casebres.

Elaboradas com tetos de palha e junco, as humildes residências foram imediatamente consumidas pelas chamas, incinerando ainda vivos os seus desesperados residentes.

– A senhora acredita realmente que eram todos culpados? – quis saber o carrasco, dotado de uma voz grave e sombria enquanto ambos, lado a lado, contemplavam o ágil devastar da aldeia.

– Só há um culpado nesta história – mencionou uma pequena menina sardenta e arruivada, às suas costas.

– Quem é você? – sobressaltou-se a inquisidora, virando-se bruscamente para encará-la.

– Capella, senhora – respondeu ela, timidamente. – A peste negra assolou meu povoado, à oeste, tornando-me órfã de pai e mãe. Encontrei esta aldeia ao acaso, enquanto perambulava pelas ruas. Desde então vivo aqui, sobre a boleia de uma carroça abandonada, a mendigar. Testemunhei quem, de fato, vitimou o velho mendigo e profanou os cadáveres.

– Pois então diga-nos! – exclamou o carrasco, demasiadamente curioso. – Quem, afinal, cometeu tais atrocidades?

Hesitante, Capella apontou seu trêmulo e diminuto dedo na direção de Malva.

– A inquisidora sempre planejou apropriar-se indevidamente da aldeia a fim de lucrar com a venda destas terras – revelou a menina. – Não poderia realizar isto sem antes dar fim à vida dos seus moradores. Foi ela quem implantou a semente do mal neste local, levando-o a crer que os pacíficos e inocentes habitantes eram adoradores do oculto.

– Isto é um disparate! – defendeu-se Malva, tomada de espanto. Buscou a cumplicidade do carrasco, seu mais leal aliado. Este, porém, olhava-a com uma mescla de asco e descrença.

Crendo piamente nas palavras daquela inocente criança, o corpulento homem encheu-se de fúria com a conduta inumana da inquisidora.

Com ímpeto, cravou sua machada no estômago de Malva no exato momento que a inquisidora, precavida, retirou um punhal de suas vestes negras e perfurou o coração do carrasco.

Ambos caíram com um baque surdo no chão, fatidicamente mortos.

Vendo-se novamente sozinha em meio à ruínas e corpos decompostos, Capella, de ombros caídos, tornou-se cabisbaixa.

Ao invés de lágrimas, porém, um malévolo sorriso tomou sua face.

– Um brinde a extinção da patética raça humana e à ascensão das trevas – sussurrou ela, sorvendo o sangue mesclado à lama que dispersava-se pelo chão. – Um brinde a uma nova era. A era das bruxas.

Capella rejuvenesceu ainda mais após sugar a energia vital que restara da inquisidora e do carrasco; reduzindo seus corpos em figuras esqueléticas e desprovidas de sangue. Quanto mais jovial parecesse, afinal, menores seriam as chances de ser desmascarada.

Nem mesmo o mais astuto dos homens seria capaz de imaginar que aquela menina de frágil aparência, na realidade ocultava uma criatura pérfida e desalmada. Criatura que já vitimara milhares de pessoas ao longo de sua centenária vida.

Aspirando aquele fétido odor de morte como se este fosse uma inebriante fragrância, Capella partiu lentamente dali, cantarolando e saltitante, rumo à conquista e a devastação de um novo vilarejo.

29 comentários em “A Ascensão das Trevas (Lorde W)

  1. Pedro Luna
    21 de agosto de 2014
    Avatar de Pedro Luna

    Conto com lição de moral implícita. Interessante a exploração desse lado patético do ser humano. Intrigas, falsas acusações, medo do desconhecido, sentimentos mesquinhos…enfim, tudo de ruim e ao povo ainda acha que existe um céu para eles..rs. Gostei do final, com a menina endiabrada

  2. Fil Felix
    21 de agosto de 2014
    Avatar de Fil Felix

    Conto bem escrito, mas a história ficou um pouco batida, ainda mais depois de tantos contos de bruxas e reviravoltas kkkk Nao me empolgou muito. Mas gostei das queimadas.

  3. Weslley Reis
    19 de agosto de 2014
    Avatar de Weslley Reis

    Uma boa proposta, mas mal executada ao meu ver. Talvez pelo limite reduzido de palavras a narrativa tornou-se corrida e os personagens pouco aprofundados. A exceção seria a inquisidora, mas ainda ela me pareceu superficial dada a necessidade do conto. Um ponto positivo é a ambientação que nos transporta para a ideia proposta.

  4. Rodrigues
    18 de agosto de 2014
    Avatar de Rodrigues

    Não gostei desse conto, a velha sensação de que algo está faltando foi uma das maiores que senti no concurso. Apesar de personagens fortes, como a pequena que carrega todo o mal, esse cenário, o didatismo e as errantes descrições não ficaram ao nível da peça central do conto. No mais, achei interessante a revelação final.

  5. rsollberg
    16 de agosto de 2014
    Avatar de rsollberg

    ah, também gostei do título!

  6. Carmem Soares
    14 de agosto de 2014
    Avatar de Carmem Soares

    O texto está bem escrito, as cenas bem amarradas se complementam, mas não me despertou emoções fortes. Senti o texto apenas como um relato morno. Ler é isso né, às vezes não conseguimos mesmo nos conectar numa primeira leitura.

    Queria que tivesse me conquistado mais!

  7. rsollberg
    11 de agosto de 2014
    Avatar de rsollberg

    Bom conto. Tem uma áurea de mistério bem interessante, que ajuda o leitor a continuar preso. Também possuí algumas boas reviravoltas, e certa surpresa no final. Bem escrito e ambientado.
    Parabéns e boa sorte!

  8. Martha Angelo
    9 de agosto de 2014
    Avatar de Martha Angelo

    Excelente! Que leitura deliciosa!

  9. Juliano Gadêlha
    8 de agosto de 2014
    Avatar de Juliano Gadêlha

    Ótima narrativa, muito agradável de se ler. Gostei do enredo, interessante a ideia da exterminação humana pelas bruxas. Mereceria até um trabalho mais amplo, um romance quem sabe. Muito bom, parabéns.

  10. Gustavo Araujo
    7 de agosto de 2014
    Avatar de Gustavo Araujo

    O enredo é interessante e o final, surpreendentemente bom. Isso porque o desenrolar é sôfrego. Os personagens são rasos, a narrativa em geral, esquemática e telegráfica. Além disso, o conto clama por uma boa revisão. Há inúmeros erros de pontuação e de digitação, o que revela pressa e falta de cuidado ao postar. Na média, portanto, um conto irregular, tendendo para fraco.

  11. fernandoabreude88
    6 de agosto de 2014
    Avatar de fernandoabreude88

    Esse conto, apesar de algumas partes confusas, como aquela em que surge um diálogo sem dono e logo depois descobre-se que era de uma camponesa corna, tem um clima sombrio que gostei. Esses personagens parecem jogados num cenário pecaminoso e decadente, abandonados à própria sorte, observados por uma força externa que revela-se ao final com elegância. Gostei muito da personificação do mal, da bruxa na pele dessa garotinha macabra, achei o final bem surpreendente. Acho que com um pouco de trabalho no conto, arrumando algumas passagens e cortando um pouco de gordura, poderia bem ser um dos melhores dos desafios, mas peca na desorganização.

  12. Marcellus
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Marcellus

    O conto é imaginativo, tem poucos erros (o que é um “coven”?), mas é explicadinho demais… conduz o leitor pela mão, sem dar-lhe nenhum trabalho.

    Além do mais, a Capellinha parece mais a Sangria que a Hermione…

    De qualquer forma, boa sorte!

  13. Lucas Almeida Dos Santos
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Lucas Almeida Dos Santos

    Que surpresa agradável esta história, do jeito que eu gosto rs
    Sensacional, meus parabéns, nem sei o que dizer mais. a não ser que foi muito bom mesmo.

  14. Edivana
    2 de agosto de 2014
    Avatar de Edivana

    Gostei da Malva não ser a vilã, fiquei tentada com ela, desconfiei mesmo quando a garota finalmente se pronunciou, mas era tarde para eles e para mim. Mas a história é legal, é a idiotice dos humanos de forma mais pura.

  15. Marquidones Filho
    2 de agosto de 2014
    Avatar de Marquidones Filho

    Curta, porém boa. Interessante.

  16. williansmarc
    1 de agosto de 2014
    Avatar de williansmarc

    O conto não me cativou muito. Desde o início da pra perceber que a bruxa seria a menina ou a própria inquisidora. Acho que o ritmo das mortes ficou um pouco acelerado e por isso não deu nem tempo de criar um clima apropriado.

    Reparei em dois pequenos erros que passaram pela revisão:
    “principio” ao invés de “princípio”
    às e à em “Chamada as pressas de volta a aldeia”

    Boa sorte no desafio!

  17. Wender Lemes
    31 de julho de 2014
    Avatar de Wender Lemes

    A menina ruiva foi meu primeiro palpite rs. Acho que os demais comentaram ou comentarão sobre as pequenas questões de ortografia, então restringirei minha opinião a um ponto que achei sublime no seu conto: a superficialidade humana. Você explorou muito bem este aspecto, tanto nos subjugados, quanto nos detentores de poder, chegando a uma percepção final: a humanidade não precisa de grandes estímulos para se destruir. Parabéns e boa sorte no desafio.

  18. Thata Pereira
    31 de julho de 2014
    Avatar de Thata Pereira

    Gostei!! Logo desconfiei da mocinha e gostei da forma como ela foi revelada. Sabe o que eu lembrei? O Corcunda de Notre Dame, acho que é porque li ele recentemente. A ambientação que imaginei foi a mesma que criei para o livro do Victor Hugo, como se passassem no mesmo mundo.

    Boa sorte!!

  19. Pétrya Bischoff
    31 de julho de 2014
    Avatar de Pétrya Bischoff

    Que adoráveis descrições! Remeteu-me à série que mais gosto no momento: Salem. Inclusive, recomendo aos interessados no assunto, trata-se de uma estória fantasiosa sobre bruxarias do século XIX no famoso vilarejo de Salem.
    Gostei, também, do enredo, mesmo tendo pensado na guria desde o início. Foi um conto que, apesar de sucinto, contou tudo que deveria. Parabéns e boa sorte.

  20. David.Mayer
    31 de julho de 2014
    Avatar de David.Mayer

    O que gostei:
    A narrativa; a história envolvente, com um desfecho inusitado; Parabéns.

    O que não gostei:
    De alguns erros gramaticais, mas nada que abone a história.

    Melhorar:
    Zelo na pontuação e nas revisões.

  21. Claudia Roberta Angst
    31 de julho de 2014
    Avatar de Claudia Roberta Angst

    Encontrei omissão de algumas crases e virgulas empregadas de forma indevida.
    “Com ímpeto, cravou sua machada no estômago (…)” Sua machada? Talvez tenha pensado em “machadada” e por isso a confusão de gênero.
    O que me criou estranhamento foi a menina revelar os motivos de Malva: “- A inquisidora sempre planejou apropriar-se indevidamente da aldeia a fim de lucrar com a venda destas terras – revelou a menina.” Já que era só uma menina e que estava há pouco tempo na aldeia, não falaria assim ou saberia da antiga ambição de Malva. Tudo bem que na verdade era uma bruxa centenária, mas ela não disfarçaria isso?
    A ideia é boa, a narrativa prende a atenção. Gostei da leitura, mas acho que precisa de alguns ajustes. Boa sorte.

  22. Eduardo Selga
    30 de julho de 2014
    Avatar de Eduardo Selga

    Este é o décimo terceiro conto que analiso neste desafio.

    Falta trabalho, lapidação narrativa. O conto ainda está muito cru, no sentido de que os fatos são apresentados ao leitor muito diretamente, sem haver, antes, situação que sirva de preparo. Ou anteparo. Noutras palavras, é objetivo demais e artístico de menos.

    E nessa objetividade o(a) contista gosta de uma adrenalina, a ação pela ação, uma vez que aspectos emocionais e psicológicos de personagens importantes são relegados a segundo plano. É o externo em detrimento do interior; a ação antes da introspecção; o significado antes do significante. A ponto de repetir uma cena muito cansada (e essencialmente visual), típica de obras de ação: a morte violenta simultânea de dois contendores (Malva e o carrasco).

    Acredito que literatura seja sofisticação, ainda que esta se apresente enquanto simplicidade formal. Mas o conto não apresenta essa característica, e demonstra ao menos um equívoco quanto à coerência: a fala da suposta menina, na verdade uma bruxa. Para alguém tão jovem e sem educação formal (crianças pobres na Idade Média não tinham acesso à escola), ela é muito bem articulada. Certo, trata-se de uma mulher adulta, a bruxa, mas ela deveria saber se disfarçar melhor. Refiro especificamente ao trecho “- A inquisidora sempre planejou apropriar-se indevidamente da aldeia a fim de lucrar com a venda destas terras – revelou a menina. –”. “Apropriar-se indevidamente”? “a fim de”?

    Outro pecado (mas aí quanto ao aspecto formal) está no trecho que segue, em que o ponto de exclamação foi substituído pelo de interrogação, prejudicando completamente o sentido: “- Eu exijo saber quem foi o responsável por este ato herege? – bradou ela, enraivecida.”

    Em 30/07/2014

  23. JC Lemos
    30 de julho de 2014
    Avatar de JC Lemos

    Legal! No meio eu já havia descoberto o fim, mas ainda sim foi agradável. Posso dizer que esperava um pouco mais de ação e descrições, pois assim achei que deixou a desejar. Senti falta de algumas cenas mais detalhadas e de mais diálogos entre os personagens.

    Mas como falei, é um bom conto.
    Parabéns e boa sorte!

  24. mariasantino1
    30 de julho de 2014
    Avatar de mariasantino1

    Olá!
    .
    Um conto curto com três reviravoltas. Eu gostei da ideia e dos cenários. Senti vontade de ler mais, pois para mim os acontecimentos foram rápidos demais. O mais rápido deles é a morte da inquisidora e o carrasco. Também achei que ele acreditou rápido demais na Campella, o que soa artificial. Entretanto, se houvesse algo que repassasse a ideia de que ela o havia enfeitiçado para crer no que dizia, fecharia melhor essa passagem.
    .
    O texto pede uma revisão (uso da crase, acentuação de palavras, por exemplo).
    .
    Parabéns pela criação. Boa sorte no desafio.

  25. Ricardo Gnecco Falco
    30 de julho de 2014
    Avatar de Ricardo Gnecco Falco

    Gostei da história! Um bom texto, bem escrito e rico em boas imagens que remetem certeiramente ao tema deste Desafio. Cumpre a missão destinada ao Conto, que é contar uma história curta de forma focada e que prenda a atenção do leitor com o menor número de palavras possíveis. Com um começo interessante e um final, de preferência, surpreendente. Por isso gostei. E está bem escrito e vai fluindo que é uma beleza!
    Mas… É claro que (sempre) podemos melhorar nossas obras e, por este motivo, pretendo contribuir com o autor(a) deste trabalho indicando alguns pontos que, em minha (pessoal) visão, poderiam ser melhor trabalhados. São eles:
    – o uso de certos chavões; que podem ser substituídos por outras expressões menos “rodadas”, como no caso do carrasco, por exemplo, descrito em uma cena como o “fiel escudeiro” da vilã e posterior vítima.
    – revisão do texto. Não sei se houve pressa em enviar o conto ou se passou mesmo despercebido, mas aconselho sempre deixar o trabalho “esfriar” um pouco depois de terminado o processo criativo para, então, sem o calor do apego, revisar a obra como um simples leitor. Destaco algumas partes… “…há dois dias atrás” (ou exclui o ‘atrás’, ou o ‘há’.); “Assim como o mendigo, aqueles corpos aderira a horrenda aparência de múmias…” (concordância); “Chamada as pressas” (crase). Só vi estes, por alto…
    – furos da história… Bem, aqui certamente no calor criativo e, mais ainda, pela história estar se encaminhando para seu final (e, imagino eu, desejando chegar logo na grande surpresa que lá aguarda para ser revelada), ficou um pouquinho forçado (ok, ficou beeeeem forçado!) matar todos os aldeões restantes queimados de uma vez só. Vai por mim… Visualizando a cena, é praticamente impossível ninguém acordar com o telhado de casa pegando fogo. Ainda mais de uma aldeia inteira… Ninguém sair correndo, gritando… E isso sem falar que era apenas uma pessoa (o onipresente e “the flash” carrasco) a incendiar TODAS as casas de madrugada. Sei lá… Acho que vale a pena pensar em algo diferente para dar fim em todos, nesta parte. Faz uma grande festa na noite anterior, com todo mundo bêbado; ou um feitiço da “menina.má” para todos dormirem/chaparem… Porque, sinceramente, ia sair a maior galera de dentro das casas quando tudo começasse a pegar fogo. Fica a dica para o autor(a) repensar esta parte da história que, como já disse lá no início, eu gostei bastante!
    Bem… Acho que é isso!
    Parabéns pelo trabalho — você escreve muito bem! — e boa sorte!
    😉
    Paz e Bem!

  26. rubemcabral
    30 de julho de 2014
    Avatar de rubemcabral

    Não gostei. A história, o mote, é até bom, e com outra abordagem e técnica resultaria num conto muito melhor. O texto, no entanto, é hiperadjetivado – o que o torna cansativo – e pouco criativo na criação de boas frases.

  27. Fabio Baptista
    29 de julho de 2014
    Avatar de Fabio Baptista

    ======= ANÁLISE TÉCNICA

    Assim como em outro texto aqui do desafio, o maior problema aqui foi o uso extremamente excessivo dos adjetivos. São muitos, muitos mesmo.

    Os parágrafos curtos também me incomodaram um pouco.

    – Detinha
    >>> Essa palavra não ficou legal no contexto

    “Em meio a decadente e emporcalhada rua, composta por detritos, lama e esterco”
    >>> Exemplo dos adjetivos. Pela descrição (composta por detritos, lama e esterco), o leitor já percebeu que a rua era, no mínimo, “emporcalhada”.

    – ultima / vitima / suplicio / principio
    >>> acentuação

    – há dois dias atrás
    >>> redundância (“há” já caracteriza passado, dispensando o “atrás”)

    – levada a casa / Saindo as ruas / Chamada as pressas
    >>> crase

    – aqueles corpos aderira
    >>> concordância

    – “Nas mãos do carrasco, seu fiel escudeiro, a existência de uma tocha ardente.”
    >>> Esse “a existência de” foi totalmente desnecessário

    – “Capella, senhora – respondeu ela, timidamente. – A peste negra (…)”
    >>> Gostei bastante desse diálogo.

    ======= ANÁLISE DA TRAMA

    Olha, a caracterização foi até bacana, não posso negar. Passou bem a ideia (pelo menos a que domina o imaginário popular) de medieval.

    A primeira reviravolta (a inquisidora ser a bruxa) é previsível.

    A segunda torna-se previsível assim que a menina aparece e acaba ficando um pouco exagerada.

    Aliás, todo o plano da menina me pareceu meio exagerado. Bruxas que querem dominar o mundo não me convencem.

    Mas ao menos aqui nós temos uma história sendo contada! Só é preciso um pouco de lapidação.

    ======= SUGESTÕES

    – Dar uma boa revisada e substituir esses adjetivos (pelo menos metade deles) por descrições que deixem o leitor montar as imagens na cabeça.

    – Trabalhar melhor as intenções da “bruxinha”… matar todos os humanos parece pretensioso demais.

    ======= AVALIAÇÃO

    Técnica: **
    Trama: ***
    Impacto: **

  28. Eduardo Matias dos Santos
    29 de julho de 2014
    Avatar de Eduardo Matias dos Santos

    Muito bom, me assustei aqui! Uma reviravolta e tanto, com toques de Harry Potter e O exorcista…

  29. José Geraldo Gouvêa
    29 de julho de 2014
    Avatar de José Geraldo Gouvêa

    Didatismo…. Coisa de gente que vê mais filmes do que lê livros.

    Não precisa começar a história com um rótulo “Europa. Século XII”. Isso é coisa de filme americano. Insira essa informação na própria história, não necessariamente de forma explícita.

    Outra coisa que não fecha é haver uma “inquisidora”. Faça uma pesquisa. Não havia como, na cultura machista da época, uma mulher estar em posição de poder tal. Se você faz tanta questão de uma inquisdora, invente sua história em uma ambientação fictícia. Nárnia. Século XII. Ninguém vai encasquetar de dizer que não existem inquisidoras em Nárnia.

    Lembre-se sempre de que um texto, mesmo se não for o melhor em qualidade, precisa ser bem pesquisado. O trabalho de pesquisa é um exercício bom para a escrita porque ele não te ajuda apenas a não errar coisa boba, ele te ajuda a encontrar caminhos para desenvolver sua história, mesmo as histórias de fantasia.

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Publicado em 29 de julho de 2014 por em Bruxas.