Havia areia por todos os lados, tanto quanto os olhos podiam ver. A ausência de qualquer variação na paisagem causava uma enorme sensação de vazio para quem observava. Não havia nem vestígios de vegetação. Era o deserto mais desértico e sem graça que se possa imaginar.
Pietra despertou com o sol do meio da manhã agredindo seu delicado rosto. De início sentiu-se confusa e deslocada. Tirou a areia do cabelo e espreguiçou-se com bastante vigor. Ainda um pouco atordoada, deu uma olhada à sua volta e a única coisa que identificou foi um robô.
Aquele era Bujada, seu companheiro de viagem.
– Bujada, tamo chegando?
– Seja mais específica, pequena Pietra. Onde exatamente deseja saber se estamos chegando?
– Não sei… qualquer lugar. Não aguento mais esse deserto chato.
Bujada levou gentilmente sua mão robótica sobre a cabeça da garota, tentando confortá-la.
Há semanas caminhavam a esmo por areias escaldantes sem fazer a menor ideia de onde estavam ou para onde iam.
Pietra consumiu seus últimos restos de alimento no dejejum da manhã. Água, por sua vez, nunca seria um problema. Bujada era capaz de filtrar e transformar suor, lágrimas e urina em água potável.
O céu sobre suas cabeças estava tingido de laranja, sem nenhuma nuvem à vista. Isso indicava boas notícias pois, em dias chuvosos, as nuvens não presenteavam a terra com água, mas sim com ácido sulfúrico.
O sinal de tempo bom não era o suficiente para animar Pietra. Bujada, por outro lado, nunca desanimava. Sua programação não permitia. Não precisava de água ou comida para sobreviver e suas células de combustível se recarregavam com a luz solar. Passava o dia se locomovendo com suas rodinhas especiais de alta tração que riscavam toda a areia do deserto por onde passava.
Caminharam durante horas, sem encontrar absolutamente nada pelo caminho.
– Bujada, não aguento mais. Nem sei mais por que nós estamos fazendo isso – Pietra caiu de joelhos sobre a areia, sem ânimo para prosseguir – Sinto falta do meu pai e da minha mãe, sinto falta dos meus amigos, da minha casa… sinto falta da minha vida!
– Acalme-se, pequenina – disse o robô com uma voz tranquilizadora – Pelos meus cálculos, as chances de encontrarmos algo nas próximas horas são de exatamente 48,7%. As estimativas são bastante promissoras.
– Tá, mas o que queremos encontrar? Uma máquina de teletransporte que nos leve de volta pra casa? Seria a única saída, pois estamos a um quinzilhão de quilômetros longe de casa. Sabe como eu sei disso? Simples, todo mundo sabe que não há desertos no Brasil! Acho que estamos em algum lugar das Arábias, ou sei lá onde ficam os desertos…
– A maioria dos desertos do globo concentram-se na África e na Ásia – complementou Bujada – Se os satélites ainda funcionassem, eu poderia usar meu sistema de GPS para determinar nossa localização de forma extremamente precisa e satisfatória, facilitando nossa aventura.
– Não há nada de aventuresco nisso. Até hoje não conseguimos achar nadinha de nada. Agora a comida acabou! Acho que logo eu vou morrer e você não vai ter mais ninguém para cuidar e conversar.
– Conversar não me fará falta, pequenina. Não faz parte de minha diretriz. Entretanto, não posso permitir que você morra. Minha principal função é servi-la e protege-la.
– Pois está fazendo um péssimo trabalho! – disse Pietra, mal humorada por causa da fome e do estresse – Eu não tô nem um pouco satisfeita. Logo vou chorar de novo, igual faço todo dia desde que começamos com essa tontice de aventura!
– Me perdoe, pequena Pietra, estou fazendo o possível para lhe ser útil. Se for chorar, devo sempre lembra-la, faça dentro deste frasco para que possamos filtrar e reutilizar a água.
Pietra jogou o frasco para longe num acesso de raiva e descontrole.
– Deixe comigo, eu pego de volta – disse Bujada prontamente.
Do lado oposto onde o frasco caíra, algo estranho movia-se sorrateiramente na areia. Enquanto Bujada seguia com sua tarefa, Pietra observava a anomalia. Era algo com um formato cilíndrico, do tamanho de uma garrafa pet de 500mL. Ficava entrando e saindo da areia, repetidas vezes.
Pietra aproximou a cabeça para observar melhor. Será que é algo de comer?, pensou, instigada pela fome. Quando sua curiosidade levou-a a três palmos de distância daquilo, a anomalia saiu completamente da areia e saltou para sua cara, revelando centenas de dentes dispostos a desfigurar sua face.
Bujada disparou com seus olhos uma rajada lazer interceptando a criatura e desintegrando-a antes que alcançasse a garota.
Pietra chorou e abraçou o corpo metálico de Bujada. A cicatriz roxa formada em sua bochecha pelo lazer disparado muito próximo a sua pele jamais a deixaria esquecer do incidente.
– Calma, pequenina. Chore aqui, olhe, aqui. No frasco.
Continuaram a viagem em silêncio, sem falar sobre o ocorrido, apesar de ser a primeira vez, em semanas, que encontravam outro ser vivo.
O dia por fim se retirou dando lugar à noite fria e impiedosa.
Era uma noite triste e feia, sem nenhuma estrela no céu, apenas um denso e inquieto breu. Desde que tudo aquilo começara, nunca mais houve uma noite enfeitada com estrelas. Nem mesmo a Lua se dava ao trabalho de brilhar, estando desaparecida há mais tempo do que devia.
Decidiram encerrar as atividades do dia por ali.
Bujada ajudou a armar o acampamento e ficou o resto da noite de vigília, como fazia toda noite. Não que eles temessem ser atacados. O ataque da criatura cilíndrica ocorrido mais cedo havia sido um caso único. Os maiores inimigos, de fato, eram a fome, o cansaço e o abalo psicológico causado pela situação.
Robôs não precisam de repouso para repor as energias, mas Bujada sentia-se útil observando Pietra dormir.
Pietra sonhou com o dia em que tudo aquilo começou.
Seu pai estava andando de um lado para o outro, atribulado com várias tarefas. O céu estava diferente, parecia uma sopa de beterraba.
– Papai, olha o desenho que eu fiz.
– Agora não, Pietra! Estou ocupado!
– Por que tá todo mundo gritando e correndo na rua?
O pai não respondeu. Estava distraído fazendo ajustes num robô enquanto conversava com o presidente no telefone e observava uma série de gráficos no computador.
– Já falei que é impossível, sr. Presidente. Os satélites pararam de funcionar. Não dá para saber com exatidão quanto tempo ainda temos!
O som de algo explodindo junto com um tremor por todo o prédio fez cair a linha telefônica. Pietra levantou-se com um pulo e foi correndo agarrar a manga do suéter de seu pai.
– Papai, eu tô com medo!
– Calma, pequenina. Venha comigo. Vou leva-la a um lugar seguro enquanto lhe explico uma coisa. Está vendo este robô bonito que está nos acompanhando? Você e ele vão participar de uma grande aventura juntos. Eu programei a voz e o jeito dele falar parecidos com os meus, assim você não vai sentir tanta saudade do papai durante sua aventura. Não há necessidade de ficar com medo, pois certamente ele vai cuidar de você durante todo o tempo.
– Mas eu quero ficar junto com você.
– Não dá, meu amor. O papai estará ocupado cuidando de outros assuntos. Essa mochila bem grandona possui uma variedade enorme de alimentos e um refrigerador interno para ela não estragar. O robô vai levá-la para você não passar fome durante a viagem.
– Pra onde eu vou viajar?
Mais uma vez o pai não respondeu.
Chegaram a uma sala pequena e sem janelas, com uma porta bem grossa. Parecia um cofre vazio.
– Feche os olhos, pequena. Vou dar uma picadinha em você, não vai doer mais do que uma mordida de formiga. Seja forte… Eu te amo.
Uma seringa perfurou o braço de Pietra. Sua visão foi ficando turva e embaçada. As paredes a sua volta começaram a se fechar e a desaparecer.
– Pequenina, já acordou?
– Hã…? Pa-papai?
– Não. Sou eu, seu fiel protetor robótico, Bujada. Deseja iniciar a exploração do dia de hoje?
– Eu tô com fome…
– Vamos procurar algo para comer.
Pietra passou a manhã toda pensando em seu sonho, que nada mais era do que suas recordações. Depois de acordar naquele dia, o primeiro dia desde que começara sua jornada, o robô fez sua cerimônia de apresentação e logo se tornaram amigos. Pietra escolheu um nome que julgou apropriado, Bujada, e juntos saíram da sala em que estavam. Deram de cara com um vasto deserto. Não havia sinal de nada à sua volta, com exceção da sala, que agora estava deslocada do resto da casa. Durante os dias seguintes nada foi encontrado além de areia. Nenhuma notícia sobre o pai de Pietra. Nenhuma informação de como eles vieram parar num deserto. Nenhum progresso foi feito num período de semanas.
– Pequena Pietra, meus sensores estão detectando algo bastante intrigante!
Bujada encontrara uma máquina de refrigerante e salgadinhos semi-enterrada no meio da areia. M&Ms, Twix, Crunch, Ruffles, Doritos, Coca-Cola, e muito mais. Tudo dentro da máquina, apenas esperando para ser consumido.
Bujada removeu o vidro, permitindo que Pietra se deliciasse com todas aquelas guloseimas.
Pietra comeu somente o essencial para sanar a fome e guardou o resto com Bujada, pois sabia que quando a comida acabasse dificilmente teria a sorte de encontrar outra máquina de salgadinhos.
A comida encontrada na máquina foi a única conquista naquele dia. Somente isso já tornava-o muito mais produtivo que os anteriores.
Os dois dias que vieram após aquele, em compensação, não apresentaram nenhuma novidade.
No terceiro dia que se seguiu, uma espécie de bruma envolveu as dunas do deserto.
Após algumas horas de caminhada, outra coisa além de areia era vista pelo chão: escombros. Por toda parte havia entulho de construções destruídas. Com certeza um dia existiu algum tipo de civilização por ali. Mas agora havia somente seus destroços como lembrança.
Logo adiante, em meio à neblina, era possível enxergar a silhueta de algo grande. Algum tipo de edificação ainda em pé, talvez.
Conforme se aproximavam, a bruma ia se atenuando.
Ao chegarem bem próximo, a bruma que tanto insistia em dificultar a visão dos viajantes, almejando esconder algo para o próprio bem deles, decidiu revelar seu segredo e acabou por dissipar-se de uma vez.
Foi um verdadeiro choque.
Aflição e choradeira dominaram Pietra quase que imediatamente. A pobre garota caiu de quatro no chão. Os dedos puxavam a areia com força enquanto suas lágrimas eram derrubadas. Sua esperança fora estilhaçada. Bem a sua frente estava a causa de todo seu drama: a estátua do Cristo Redentor.
– Nós e-estamos… no Rio de Janeiro! A cidade foi totalmente vaporizada, Bujada! Nunca estivemos nos desertos da Arábia. Este tempo todo estávamos andando pelo Brasil, pertinho de casa. Talvez até já tenhamos passado em casa, sem perceber. Tudo foi destruído. Todos estão mortos…
– Interessante… – disse uma voz vinda de perto da estátua – Essa cena me lembra um filme.
Um gorila bípede com shorts jeans, camiseta abóbora e sapatos combinando aproximou-se. Pietra nem olhou para o primata. Estava ocupada demais caindo em desgraça.
– Identifique-se! – disse Bujada, de forma tão severa que quase soou como uma ameaça.
– Meu nome é Salomão Hammersmith IV.
– Você é um macaco?! – perguntou Pietra, agora curiosa com o exótico ser.
– Não, garota. Sou um gorila.
– Como você sabe falar?
– Ora essa… da mesma maneira que você. Utilizando de maneira sábia minhas cordas vocais.
– Nunca vi os gorilas do zoológico falando. Você deve ter tido um adestrador fantástico!
– Mas que ultraje! Eu nunca tive um adestrador, sou um cientista. Sou o último sobrevivente dos Laboratórios Blue Star.
– Meu pai também era cientista. Ele que fez este robô. Você também faz robôs?
– Não, eu sou outro tipo de cientista. Minha área é a mutação genética. Agora me digam, como vocês se chamam? Vocês por um acaso teriam um pouco de comida para compartilhar com um pobre e faminto símio?
– Meu nome é Pietra e este aqui é o Bujada. Essas são minhas duas últimas batatinhas. Uma pra mim e uma pra você… o Bujada não come. Toma, pode pegar!
– Muitíssimas gracias!
– Quer ser nosso amigo e andar com a gente pra procurar comida e coisas úteis?
– Uma ótima sugestão, senhorita. Andar em grupo seria bem mais produtivo, imagino.
Assim, os três prosseguiram com a jornada.
Salomão demonstrou-se uma figura bastante interessante. Entretinha Pietra narrando histórias da literatura brasileira e cantava para relaxar. Seu repertório musical era admirável para um gorila: Roberto Carlos, Caetano Veloso, Chico Buarque, Zeca Pagodinho, entre outros. Mas não demorou para a fome tirar todo o seu brilho.
Quatro dias sem nenhuma comida. Todos, exceto Bujada, estavam estagnados de fraqueza.
– A informação não procede, senhor – disse Bujada para Salomão.
– É muito simples, meu caro cabeça de lata. Você usa algum dos seus instrumentos de defesa para arrancar meu braço. Em seguida, usamos sua visão lazer para acender uma fogueira e assar a carne.
– Qual seria a lógica dessa auto-mutilação? – indagou Bujada.
– Sobrevivência! Isso resolverá, por hora, o problema da fome, permitindo que possamos voltar a avançar. Garotinha, feche os olhos e tampe os ouvidos. O que acontecerá certamente não será nada agradável.
Pietra nem ouviu. Estava ocupada demais verificando o quanto seu próprio cheiro tornara-se intolerável com os vários dias sem banho, quando algo peculiar roubou sua atenção.
– Pessoal… vejam! – gritou, interrompendo a discussão de seus colegas – Mais uma daquelas coisinhas que entram e saem da areia, igual aquela que quase me atacou naquele dia. A marca roxa do lazer tá até hoje no meu rosto.
Todos se voltaram para a pequena criatura cilíndrica movendo-se na areia. Não havia somente uma. Havia várias pelas redondezas, espalhadas, todas entrando e saindo da areia.
– Alerta! Pequena Pietra, não saia de perto de mim – Bujada ativou seu modo de defesa.
– Pelo samba-canção de Charles Darwin, vejam só essas criaturas tão curiosas! – Salomão observava bastante intrigado – Esses seres são vermes que foram vítimas de sucessivas mutações genéticas e rapidamente se adaptaram para a sobrevivência em ambientes áridos e secos.
– É, mas não fica muito perto deles não… se não eles mordem a sua cara – alertou Pietra.
Os vermes, que de início produziam um movimento caótico, agora se locomoviam de forma organizada e quase ritmada. Estavam se aproximando e se focando num único local, formando uma grande concentração naquela região, com centenas deles, talvez milhares. As criaturas estavam se amontoando, subindo umas em cima das outras. Suas células começaram a se unir através de uma porção de ligações e pontes feitas por suas epidermes. Todas aqueles pequenos e frágeis seres se juntaram para formar um gigantesco e poderoso verme monstruoso do tamanho de cinco ônibus.
Pietra e Salomão estavam congelados devido à sensação de pânico que percorria suas almas.
– Alerta! Alerta! Ataque iminente detectado!
O monstro colossal, com suas centenas de dentes afiados como navalha, pulou para cima deles.
Todos teriam sido completamente devorados se Bujada não tivesse ativado um grande campo de força em sua volta, abrigando Pietra e Salomão e impedindo que o verme os abocanhasse.
– O campo de força está fraquejando, não resistirá a outro ataque – observou Salomão.
O monstro recuou enquanto se preparava para uma segunda investida. Os outros aproveitaram a deixa para fugir.
Corriam o mais rápido que podiam sem olhar para trás. Se olhassem, teriam se deparado com a mais assustadora das situações. O verme, através de explicações científicas perfeitamente aceitáveis que Salomão poderia explicar caso não estivesse correndo por sua vida, começou a voar.
Não era uma miragem nem um simples devaneio. Realmente havia um verme gigante voador perseguindo-os de forma voraz.
Salomão pisou em falso, torceu o calcanhar e trincou um osso. Passar toda a vida ignorando seus instintos primatas e acostumar-se a andar sobre duas pernas lhe impedia de utilizar o máximo potencial de sua herança genética.
– Oh, maldita sorte! Continuem sem mim. Não desejo ser um empecilho.
– Bujada, não podemos deixar o tio gorila para trás!
– Temo que não temos outra alternativa, pequenina. Não seremos capazes de obter êxito em nossa sobrevivência se carregarmos Salomão durante a fuga.
– Mas… não podemos deixá-lo para trás. Ele vai morrer!
Bujada carregou Pietra, que estava relutante, e distanciou-se do inimigo.
O monstro executou um mergulho aéreo em direção ao chão, engolindo Salomão e entrando na areia, sumindo de vista.
Pietra e Bujada passaram o resto do dia correndo, apesar de não verem mais o verme após sua sua refeição.
Na manhã seguinte, Pietra acordou indisposta. Estava dominada por uma fome agressiva, tristeza, pela trágica perda do companheiro, e medo, por saber que havia um verme gigante à espreita na areia. Não queria mais ficar andando sem rumo pelo deserto.
– Já disse que chega! É besteira continuar com essa aventura boba!
– Pequena Pietra, devo recitar uma das várias mensagens encorajadoras gravadas por seu pai em minha memória?
– Não! O papai me abandonou nesse deserto! Ele devia estar junto comigo agora, cuidando de mim…
– Eu fui incumbido dessa tarefa…
– Não interessa! Você não é o papai. Você só tem a voz igual a dele. Me dê o frasco, eu preciso chorar agora. Minha vida é horrível!
Com o sol a pino, atormentada pelo calor e pelo tédio, Pietra percebeu que ficar parada se lamuriando não levaria a nada. Por fim, decidiu continuar caminhando.
Passado um tempo, encontraram algo triste e insano em seu caminho.
A carcaça de Salomão havia sido rejeitado e cuspida pelo verme gigante e agora o pobre coitado – ou aquilo que restou dele – encontrava-se estirado na areia, todo desfigurado. A cabeça havia se desprendido do restante do corpo e suas pernas estavam repletas de contusões e fraturas expostas.
– De acordo com minhas análises, a saliva do monstro conservou a carne de Salomão ao invés de digeri-la, dando-nos a possibilidade de resolver o problema da fome.
– Mas eu não posso comê-lo… ele era meu amigo.
– As chances de encontrarmos outra fonte de alimento antes que seu corpo deixe de funcionar por falta de energia são quase nulas, pequenina. Encare isso como um último presente de nosso ex-companheiro.
Bujada acendeu uma fogueira com seu raio lazer. Apesar de ser uma atitude cruel e inescrupulosa, Pietra não conseguiu conter sua fome. Ela devorou seu amigo. Não tudo. O resto foi guardado na mochila com Bujada, para comer depois.
O sol nasceu mais três vezes até que finalmente o destino os guiou até um importante lugar onde todo o futuro seria decidido.
Era uma pequena região a céu aberto onde o chão era feito de mármore polido e bem conservado. Sobre o chão não havia paredes ou objetos, apenas duas alavancas e um velho corcunda usando um sobretudo.
– Olá, linda jovem.
– Identifique-se! – disse Bujada.
– Não possuo um nome… Estou aqui apenas vigiando essas alavancas.
– O que elas fazem? – perguntou Pietra, curiosa.
– Deseja puxá-las, garotinha?
– Sim! Eu posso?
– Com certeza, meu doce anjo. Mas você poderá escolher somente uma.
– Qual a diferença entre as duas?
– Uma delas tem a capacidade de reverter todo o caos que assolou nosso mundo, devolvendo seu brilho e salvando todos nós! A outra abrirá um portal com milhares de vermes gigantes e famintos, seria impossível de escapar com vida.
– Tá. Então qual alavanca faz tudo dar certo para nós?
– Isso eu não posso lhe dizer, minha adorável princesa.
– E como eu vou saber qual alavanca é a certa?
– As duas são certas, mas possuem funções diferentes.
– Como vou saber qual alavanca salva o mundo?
– Hm… Para isso, permitirei que você me faça uma única pergunta sobre elas. Talvez eu diga uma verdade. Talvez diga uma mentira.
– Mas isso não ajudaria em nada. Como vou saber se você vai falar a verdade ou mentir?
– Você com certeza vai saber, depois que puxar a alavanca. Agora faça sua escolha.
– O que acha disso, Bujada?
– Sinto muito, pequena Pietra. Minha programação me permite entender apenas assuntos que envolvem lógica e análise de dados, sendo incapaz de avaliar a psicologia humana. É por isso que constantemente falho nas tentativas de te animar em seus momentos difíceis, pequenina. E agora, não poderei ajudar-lhe a determinar se a informação dada por esse senhor será verdadeira ou falsa.
– Tudo bem, Bujada. Você é o melhor robô do mundo, obrigada por tudo!
Pietra sentou e refletiu durante alguns instantes. Olhou de um lado ao outro da sala sem paredes. Mexeu no cabelo e bocejou. Então levantou-se e voltou a encarar o velho.
– Já decidiu o que vai me perguntar?
– Você é um mentiroso!
– Por que acha isso, minha bonequinha?
– Porque não existem alavancas que salvam o mundo. Não conheço nada sobre você, mas conheço o suficiente do mundo para saber que nada é assim tão fácil!
O velho gargalhou de forma sinistra.
– Ouviram isso, meus filhos? A garotinha pensa que sou uma fraude! HaHaHa! Por isso eu adoro crianças! A verdade é que pouco me importa o que você acha ou deixa de achar!
Pietra moveu-se determinada para uma das alavancas. Sem pestanejar, puxou-a.
Um portal foi aberto sobre sua cabeça. Ela e Bujada foram sugados para dentro.
Os dois se depararam com uma infinidade de realidades alternativas.
***
Pietra moveu-se determinada para uma das alavancas. Sem pestanejar, puxou-a.
Nada aconteceu, o velho não passava de um mentiroso.
***
Pietra moveu-se determinada para uma das alavancas. Sem pestanejar, puxou-a.
Um portal cheio de vermes gigantes se abriu em cima dela, devorando-nos impiedosamente.
***
Pietra moveu-se determinada para uma das alavancas. Sem pestanejar, puxou-a.
O planeta explodiu, o velho havia mentido. Todos morreram.
***
Pietra moveu-se determinada para uma das alavancas. Sem pestanejar, puxou-a.
Era uma cilada! Um mecanismo elétrico foi ativado causando um curto-circuito em Bujada. Agora Pietra estava indefesa, à mercê das maldades daquele terrível velhinho.
***
Havia infinitas outras possibilidades. Na maioria delas Pietra nem chegava a encontrar o velho.
Em grande parte delas, tudo o que ela conhecia estava distorcido. A única regra é que todas as realidades existentes mergulhavam as personagens num cenário pós-apocalíptico.
***
Além de enfrentar os perigos do deserto, Pietra e Bujada tinham que confrontar alienígenas.
***
A cidade não era um deserto, mas era dominado por zumbis. Bujada era uma máquina especializada em caçá-los.
***
Os humanos estavam em guerra contra os robôs. Bujada era o comandante das máquinas e Pietra, numa versão um pouco mais velha, era sua concubina.
***
– O que é isso, Bujada?
– São todas as realidades possíveis para o desfecho de nossa jornada.
– Mas em nenhuma delas nós estamos felizes e a salvo!
– Talvez tal destino não exista, pequena.
– Não pode ser! Isso seria errado e injusto. Eu vou encontrar uma realidade onde tudo acaba bem!
***
Pietra estava em seu quarto, brincando com seus brinquedos. Entre eles, um gorila de pelúcia chamado Salomão e um robô de plástico chamado Bujada. Juntos enfrentavam um cenário pós-apocalíptico de mentirinha.
– Vamos pequena, vá se arrumar. Está quase na hora da escola!
– Tô indo, papai!
Pietra vestiu o uniforme o mais rápido que pôde e correu para seu pai. Abraçou-o com bastante força.
– Hey, pequenina. O que é essa marca roxa em seu rostinho lindo?
Uma porção de pensamentos sinistros assolaram sua mente antes de responder ao pai. Fome. Angústia. O Cristo Redentor. Um gorila sendo morto por um verme gigante. O sabor desse gorila morto. Um velho corcunda que tinha um estranho gosto por crianças.
– Não é nada, papai… eu te amo!
– Eu também te amo, querida.
Pietra havia conseguido. Encontrara o melhor final entre os infinitos disponíveis. Sua maior recompensa era poder estar mais uma vez aconchegada e cheia de amor nos braços de seu querido pai.
quero só o resumo
Gosto de contos adultos narrados pela voz de uma criança. A ingenuidade oferece um filtro que permite ao autor, se possuir talento suficiente, dosar a realidade e deformá-la à vontade, sem que se perca a confiança do leitor. Este conto e’ um exemplo primoroso disso. Talvez ele se tornasse ainda melhor se o autor introduzisse, em futura versão revisada, uma ambiguidade no final. Seria tudo real ou não? Me parece que o texto só tem essa possibilidade de melhora. Não concordo que houve falha na apresentacão das realidades alternativas.
Como alguém comentou, enquanto lia o conto, também lembrei um pouco de Mágico de Oz. Gostei do Bajuda e até da aparição do Salomão, só na repetição das várias realidades é que o conto, no meu gosto pessoal, perdeu um pouco o encanto, não sei, quebrou o ritmo. Talvez pudesse apresentar isso de outra forma, com o velho ou o próprio Bajuda divagando sobre as possibilidades. É uma sugestão. Mas de um modo geral me agradou bastante. Parabéns e boa sorte!
Que conto bacana, esse trio andando pelo deserto despertou-me memórias muito boas. E olha, a inserção de um macaco de bermuda em nada ficou forçada, já que a história se passa num momento após o final do mundo, causando a impressão de que coisas assim realmente podem acontecer e aumentando ainda mais o caos que o apocalipse gera. Personagens muito bem criados, cenário rico e escrita primorosa. =) Parabéns!
Meio confuso… Mas a realidade manipulada pode se escolher qualquer fim… Interessante. Boa sorte!
Um bom conto: pareceu-me uma mistura de Planeta dos Macacos com Alice no País das Maravilhas. Há umas escorregadas na narração, mas que não chegam a comprometer.
Gostei.
O conto alterna bons momentos com outros nem tanto. O que há de positivo é a relação entre Pietra e Bujada, e entre Pietra e seu pai. É tudo construído de forma cativante e sem pieguice. No entanto, há trechos em que a menina parece adulta demais, principalmente no momento em que se depara com o Cristo Redentor em meio à areia. No geral, de todo modo, devo dizer que gostei – inclusive do final. Estava me perguntando qual seria o desfecho depois de tantas realidades possíveis e acho que a autora soube escolher um arremate adequado. Parabéns.
Conto bem escrito e com uma história interessante. Gostei da jornada da garota pelo deserto com robô – a frieza e a emoção na relação entre os dois. Essa frase me ganhou: “Pelo samba-canção de Charles Darwin”, muito boa, rs. Bom, o final, já que foi escolhido pela menina, não poderia ser outro final. Gostei. Parabéns pelo conto.
Com certeza é uma história muito criativa carregada de referências ao universo nerd. Como um todo, apreciei o conto, sua leveza na leitura e a visualização muito fácil de todas as descrições. Também houve uma ótima construção dos personagens e uma empatia com todos.
Minha única crítica é o último parágrafo. Não havia necessidade dessa explicação final, acho que o leitor foi subestimado, visto todas as definições anteriores.
Mas isso não tira o brilho do conto. Meus parabéns.
Um conto interessante, a meu ver peca pelo fim. Simplesmente não aprecio este tipo de fim,mas é a minha opinião. As personagens foram cativantes e bem conseguidas.
Parabéns e boa sorte!
Nâo sei bem do que algumas pessoas reclamaram. Achei a história bem legal e divertida, adorei os elementos lúdicos misturados com a morte, o pseudo-canibalismo e tudo mais. Adorei o Bujada e visualizei ele como uma versão de metal do Olaf, o boneco de neve do filme Frozen, da Disney.
Gostei das várias realidades e o final então, foi muito inesperado e lindo, na minha opinião.
Parabéns, xará!
Que leitura gostosa. Deslizou tanto que nem percebi quando alcancei o fim.
A história tem lá em seus momentos pesados, mas num contexto geral tem cara de conto infantil. Relevei alguns errinhos de continuidade e só tenho a dizer que gostei do resultado.
Continue escrevendo. Abraço. 😉
Que viagem! Um conto instigante e com inúmeras possibilidades, mas com a conclusão menos indicada, na minha humilde opinião.
Gostei bastante da narrativa psicodélica, me surpreendi algumas vezes com as atitudes dos personagens e fiquei realmente preocupado com o futuro deles. A narrativa consegue nos inserir nesse mundo particular e a trama, apesar de surreal, consegue ligar os fatos de forma satisfatória, sem perder o ritmo.
De todas as possibilidades achei que a conclusão foi a que menos combinou com a narrativa fantástica (em todos os sentidos).
Parabéns, um excelente conto.
Eu gostei do conto. Comecei a lê-lo ontem de noite durante uma janela da minha faculdade, mas não consegui terminar. Acho que isso influenciou para que eu fosse dormir comparando a história com minhas aulas de Teoria da Comunicação (matéria preferida do semestre). Se você for levar isso em consideração, a história do conto é perfeita!! haha’ É claro que o final poderia ter sido mais sutil, mas gostei muito da presença das inúmeras possibilidades.
Minha frase preferida: “– As duas são certas, mas possuem funções diferentes.”
Boa Sorte!
Eu li o título na lista e fiquei super entusiasmada. Queria porque queria ler, mas prometi ler os outros antes. Cheguei e fiquei toda entusiasmada, achando que seria uma história de amor mas… Não.
Ah. Ok.
Eu achei tudo fantasioso e confuso demais. Não tenho certeza se tudo foi uma brincadeira ou não (mas imagino que a confusão seja parte da intenção, certo?).
Achei que, em alguns momentos, a história parecia bobinha e fabulosa e em outros pesava demais (como a parte do canibalismo).
Névoa no deserto, um gorila falante, um verme gigante, um desastre inexplicável… Tudo bem deixar pontas soltas… Mas às vezes é perigoso tropeças nelas… Não sei se o conto funcionou para mim…
Alguns errinhos que encontrei:
Deserto desértico -> Pleonasmo
Dejejum -> Desjejum.
De qualquer forma, parabéns e boa sorte!
Desculpe por te decepcionar. Realmente, um conto de amor está fazendo falta por aqui. Não teve nenhum neste desafio…
Eu vi você comentando vários outros contos… e ficava me perguntando “Por que será que ela pulou o meu?” kkkk
Mas fiquei feliz com seu comentário, mesmo não sendo tão positivo.
Realmente, o conto dá uma oscilação entre momentos infantis e momentos fortes. Não chega a ser um canibalismo, pois o gorila não é um humano… mas mesmo assim, devorar um amigo é suficientemente terrível…
Com somente 4 mil palavras ficou difícil dar uma explicação lógica para tudo… então optei por jogar algumas coisas para o leitor e dizer “olha, tá acontecendo isso… não vou explicar porquê, mas aceite”
Obrigada.
Eu pessoalmente, achei este o melhor conto que li (até o momento). Há uma forte dramatização e me emocionei em certos trechos.
Estas viradas nos tempos ou dimensões, onde a personagem tenta achar um rumo melhor para a sua vida foi muito bem construída, afinal nossa vida tmb é assim, não é? A amizade com a “robô” é muito cativante e quase que uma amizade canina. rsrsrsrs
Sem dúvida há algumas coisas que poderiam melhorar alguns excessos e outras faltas como a descrição do monstro poderia ser melhor trabalhada, mas nada que uma revisão profissional e paciência não resolva.
Abs
Yeah, finalmente alguém que pegou a essência do conto!
Obrigada por existir, Amadeus. Você é o tipo de fã que todo mundo quer ter aos montes. Mês que vem espero conquistar uma legião de fãs (dependendo do tema que vier no desafio hehe)
Concordo com a Bia Machado. Esse conto é longo, mal temperado, os personagens não são cativantes… Realmente, esse está fraco.
Obrigada por nada acrecentar em seu comentario, britoroque. Nao destacou nenhuma parte que lhe chamou atenção na história, não deu nenhuma dica para que eu possa evoluir e desenvolver minha escrita e habilidades literarias, não demonstrou nenhuma critica contrutiva nem nada. Apenas descarregou sua frustração por ter que comentar um texto que não lhe agradou, sem nem ao menos demonstrar que realmente o leu.
Agora me sinto culpada por apenas ter apontado falhas no conto em meu comentário, mas como deixei bem claro: questão de gosto, falo por mim, e realmente, PARA MIM, a leitura foi cansativa (talvez pelos diálogos, pela estrutura), não me cativou, e acredito que destacando o que me incomodou mais é possível ajudar também. Nenhum conto é unanimidade, e cada leitor vê o texto de uma forma, os próprios comentários aqui deste conto podem atestar isso, então… Só quero pedir desculpas se não destaquei partes boas em meu comentário.
Bia Machado, seu comentário na verdade foi de grande ajuda. Você disse que não gostou do conto e apontou os erros que te incomodaram, e eu aprecio muito isso. Através de suas palavras pude enxergar sua visão particular em relação a minha obra e, assim, respeito imensamente a sua opinião.
Ninguém é obrigado a fazer elogios de algo que não gostou. Mas, acredito que os comentários deste desafio servem, principalmente, para ajudar o autor a se desenvolver, para no mês seguinte se superar e aparecer com um conto ainda melhor, e receber novas críticas que lhe permitam crescer ainda mais. E seu comentário contribuiu para isso sim, Bia.
Obrigada.
Isso mesmo, Giulia. No desafio passado, recebi críticas que me ajudaram bastante. Não foram elogiosas, mas construtivas e alavancaram meu desempenho posterior. Alguns colegas são verdadeiros professores nos seus comentários e cabe a nós absorver o que melhor nos impulsionar para superar nossas falhas. É um exercício e vamos sair desse desafio mais fortes. Boa sorte.
Bem, espero que sim, se você diz, rs… Eu acabo comentando de forma meio “passional”, sabe? Às vezes gostaria de ser mais técnica, nunca tenho a certeza de que estou realmente ajudando… Acho que isso serve de reflexão pra mim, pra eu tentar me aprimorar quanto a isto e poder auxiliar ainda mais… Enfim, boa sorte! =)
Indo um pouco na contramão do que vi na maioria dos comentários (acho que além de velho rabugento estou me tornando também um velho “do contra” :D), gostei bastante desse texto.
A escrita não é brilhante, não encanta os olhos com belas metáforas, mas cumpre os objetivos principais (no meu conceito, é claro) de um texto – ser claro e manter a atenção do leitor.
Além dos já citados Alice e Planeta dos Macacos, também tive um “déjà vu” de Mágico de Oz quando a menina está andando com o robô e o macaco (macaco não, gorila! :D).
Dessa vez concordando com os colegas, acredito que realmente teria sido melhor se tudo fosse apenas uma brincadeira (e que isso ficasse bem destacado).
Abraço!
Seria bom se o conto fosse imaginativo, pois daí era fruto da imaginação infantil da criança. ficaria muito bom até, mas o final, joga tudo pelos ares a conclusão, um deus ex-machina. Bom, é isso.
Abraços
Além dos erros de revisão ja’ apontados pelos colegas, me pareceu que em determinado momento (após acordar no cofre), Pietra se depara com o robô. Este se apresenta como “Bujada”. Daí a três parágrafos, “…Pietra escolheu um nome que julgou apropriado, Bujada…”.
De qualquer forma, a história é imaginativa, mas precisa de algum trabalho e polimento. Boa sorte!
Sim… só que esse foi um erro de ambiguidade, e não de falha de lógica. Mas infelizmente continua sendo um erro.
Depois do cofre Pietra acordou no presente, e suas recordações deram uma pausa para mostrar o que estava acontecendo no “agora”. Então, três parágrafos depois, Pietra volta a se lembrar do passado.
Nossa… com certeza é um conto bem diferente…
O conto parece que oscila entre ficção científica e fantasia, dois gêneros bastante próximos.
Há muitas partes bizarras e viajadas. Concordo com o Eduardo Selga, também senti uma leve semelhança com Alice no País das Maravilhas e Planeta dos Macacos.
Gostei dos diálogos finais com o velhinho. O velho parece meio drogado…
Enfim, foi um bom texto. Boa sorte.
A escrita é boa, simples. Gostei dos vários universos paralelos (na verdade, amo essa teoria), o que me possibilitou escolher um; o cenário pós-apocalíptico “exterminador do futuro”, em que Pietra vira concubina de Bajuda. Como Anorkinda, também preferiria se fosse tudo imaginação da menina. Bueno, não está ruim, mas por questão de gosto não me agradou completamente. Boa sorte 😉
A ideia da garotinha brincando e a imaginação dela gerando todo o enredo, me satisfaria mais.
Mas realmente acho q ela era muito infantil para chegar a todas as conclusões que chegou, inclusive a última, sobre ter escolhido o melhor final.
A historia toda não me cativou, embora seja uma boa escrita, bem desenvolvida, bem acessível, não gostei das ações do robozinho, não gostei do gorila, comer gorila então.. ai ai ai.. rsrsrs, não gostei do monstro tb.
Enfim, boa sorte ae!
Alguns erros escaparam da revisão como, por exemplo “lazer” no lugar de laser. No geral, a narrativa corre bem, mas há momentos em que se arrasta e se entope com a areia das dunas.
Adorei o samba canção de Darwin. Bem criativo!
gostei também do final, afinal a criancinha foi poupada e eu adoro quando isso acontece. 🙂 BOA SORTE!
O conto apresenta, propositalmente ou não, algumas relações intertextuais: O Planeta dos Macacos e Alice no País das Maravilhas. No primeiro caso, a estátua do Cristo Redentor caída na areia lembra a da Estátua da Liberdade, no filme. Além disso, há o gorila falante; no segundo caso, o velho corcunda com suas explicações que não explicam e suas várias estradas possíveis lembram alguns personagem de Lewis Carroll, que também não indicam o caminho exato a Alice.
O texto apresenta uma deficiência no ritmo. Sua primeira parte é lenta e cansativa; a segunda, bem corrida, sem que se perceba um motivo estético para essa mudança de marcha. Apesar disso, a repetição de “Pietra moveu-se determinada para uma das alavancas. Sem pestanejar, puxou-a” para demonstrar uma versão do destino sendo substituída por outra ficou bem interessante. Talvez, se o conto fosse todo baseado nessa alterações de destino, porém de maneira mais esparsa, ficasse melhor..
Normalmente, os contos costumam se concentram num único espaço ficcional, com poucos personagens com fala (dois ou três). O fato de Pietra e seu robô estarem sempre caminhando contribuiu para o esgarçamento da trama.
Há um dado que mostra o quão patético podemos nos tornar, nesse avanço tecnológico que parece não ter limites e que já começa a minar um dos traços que nos faz humanos: a expressão das emoções. Refiro-me ao fato de a menina, a pedido do robô, ter que chorar numa vasilha. A lágrima, símbolo de emoções fortes, precisa ter lugar certo para ser derramada. Diz o personagem: “Calma, pequenina. Chore aqui, olhe, aqui. No frasco.” Isso ficou muito bom.
Há uma passagem no conto, em que estão em cena a menina, o robô e o gorila (ailás, um personagem pouco necessário) que eu realmente não entendi. Bujada diz a Salomão “_A informação não procede, senhor (…)”. Mas que informação? Não vi a que se referia.
Você escreve bem. Meu ponto predileto foi a relação da Pietra com o Bujada. Durante a leitura, eu insistentemente lia-o com som de “burrada”. Eu estava gostando, me sentindo envolvido até a chegada do Salomão. Realmente não esperava e supus que se tratava de um universo paralelo. As mutações biológicas dos vermes foram rápidas demais dentro do processo evolutivo, porque a adaptação é lenta e vai aos poucos modificando a espécie até gerar outro tipo de vida.
Gostei também de Bujada possuir a mesma voz do seu pai, mantendo-o vivo dessa maneira pela aventura. O final não me agradou muito.
PS: Dei boas risadas com o samba-canção do Darwin.
Achei o mote do conto muito surreal. Assim como o Jefferson, penso que as falas da garotinha não ficaram boas, pois às vezes fala como uma adulta e em outras feito uma criança pequena.
O final poderia ter sido apresentado de forma mais sutil, pois da forma que foi executado ficou realmente um deus-ex abrupto.
Há alguns erros, feito o “lazer” – (laser é uma abreviatura: Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation).
Gostei, no entanto, da paisagem do deserto, que lembrou-me Vênus (chuvas de ácido sulfúrico) e Duna tbm (vermes de areia).
Achei cansativo e as personagens não conseguiram me cativar. Não gostei do final, pelo tom apressado, explicando sem necessidade o que era o conto e por um certo deus ex-machina a meu ver também desnecessário… Mas é questão de gosto, claro. Comigo não funcionou, mas te desejo boa sorte!
Sempre é interessante ver o relacionamento que se estabeleceria entre um humano e um robô, contudo comigo não funcionou porque já há várias histórias no mesmo sentido. No final a menina estava contando uma história de um fim de mundo de mentirinha e queria era estar com o pai. Quando pensamos na possibilidade de se desenvolver sentimentos nos androides a ponto deles serem considerados humanos (exemplo, O homem bicentenário), acabam sempre sendo uma fantasia ou a criatura é descartada como se ela não tivesse importância. Na minha opinião o conto está mais voltado para uma história infantil do que para um conto de fim de mundo. De qualquer forma, sempre é bom ler algo neste estilo também. Desejo sucesso.
Bom… gostei da personagem no começo. Achei-a de forte personalidade, e seu robô também. Mas depois, vi que ela alternava entre momentos infantis e outros mais adultos, e isso me incomodou um pouco.
O texto necessita de alguma revisão. Vi em um momento a palavra “sua” duas vezes seguidas. Vi “lazer” ao invés de “laser” e a parte onde o robô se apresenta, dizendo que seu nome é Bujada, onde logo em seguida, o narrador diz que ela deu o nome de Bujada ao robô.
Achei as falas de Salomão muito estranhas, sei lá, acho que ficou um pouco “desenho animado”. A cena onde o Verme voa também não funcionou comigo.
Caso o final estivesse um pouco mais explícito, e a realidade fosse apenas uma brincadeira de criança, não seria bom, mas explicaria o porque da história meio infantil, com coisas bem loucas acontecendo. Mas como isso não ficou claro, para mim o texto pareceu um pouco confuso.
Acho que é isso, deixo claro que é apenas o que eu pude intender, espero que outros possam apreciar e avaliar melhor do que eu.
De qualquer forma, parabéns e boa sorte!
Esses dois “sua” que apareceram repetidamente infelizmente me passaram despercebido…
A parte que Bujada diz “Sou eu, Bujada, seu fiel protetor”, ele não está se apresentando pois isso está acontecendo no presente. Ai a menina começa a se lembrar do passado, e ela diz que escolheu o nome do robô. A falha pode ter sido minha por dar brecha para essa ambiguidade.
Obrigada pelo comentário.
Você tocou em um ponto importante que esqueci de citar: A divisão temporal.
Achei que faltou algo que desse a perceber em qual tempo ela estava falando, pois isso não fica muito claro. Tive que voltar a leitura algumas vezes, para saber se era no passado ou no presente. Mas creio que isso seja questão de uma melhor divisão, e não uma grande falha. Uma revisão mais atenta resolve o problema.
Achei-o o bem escrito, mas o que pegou para mim foi a história.
Acabei sendo o primeiro a comentar seu texto, e pode parecer mentira, mas já sabia que era seu. hahaha
Boa sorte!
ENTENDER*