EntreContos

Detox Literário.

Apenas um velho relógio (Charles Dias)

O furgão azul deu seta e entrou na avenida pouco movimentada àquela hora do dia. Alguns quarteirões depois diminuiu a velocidade. O motorista barbudo de boné e óculos escuros olhou pelo retrovisor e viu apenas algumas pessoas andando pelas calçadas, alguns carros estacionados, outro passando em sentido contrário. Olhou para frente e viu praticamente a mesma coisa. Tudo como planejado. Estacionou em local proibido diante do banco e deu três socos na divisória de metal da caçamba.

As portas detrás do furgão foram abertas com um safanão dando passagem para quatro homens fortemente armados com fuzis automáticos, coletes à prova de bala e máscaras de silicone de palhaço.

Dentro do banco o movimento era fraco. Dois caixas atendiam meia dúzia de pessoas . Numa mesa lateral o gerente conversava com um cliente. Um segurança próximo dos caixas lia absorto algo no celular, ao lado da entrada o outro lutava contra o desejo de sentar numa poltrona próxima.

“Infelizmente não posso autorizar um empréstimo. Com a crise econômica o banco está restringindo o crédito.” Disse o gerente a Jonas, que passou a mão preocupado pelos cabelos grisalhos. “Sou cliente há anos, nunca pedi nada e agora que preciso a resposta é não?!” Poucas vezes o gerente se sentiu tão constrangido em recusar um empréstimo como naquele momento. “Você sabe que se pudesse fazer alguma coisa faria. Realmente lamento.”

Tudo aconteceu muito rápido. Em segundos o guarda sonolento já tinha uma arma a poucos centímetros do rosto. Com um grito o assalto foi anunciado e ordenado que todos se deitassem no chão. Imediatamente o outro segurança se jogou ao chão com as mãos atrás da cabeça, afinal não era pago bem o suficiente para bancar o herói. Dois assaltantes empurraram com violência o gerente para trás do balcão dos caixas em busca dinheiro que havia no cofre enquanto os outros guardavam os reféns e desarmavam os seguranças.

O assaltante que liderava o bando gritou novamente para ninguém tentar nada estúpido. Os reféns ficaram de cara colada ao chão, alguns choramingando baixinho, outros murmurando orações, mas um jovem de jeans e blazer tinha outros planos.

Uma velha em pânico começou a gritar chorosa suplicando por sua vida enquanto tentava se ajoelhar sem tirar as mãos detrás da cabeça e chamou atenção dos bandidos. O jovem de blazer aproveitou a oportunidade e girou de lado para sacar a pistola do coldre sob a axila. Ao mesmo tempo que gritava que era da polícia atirou duas vezes no líder do bando. Antes que pudesse atirar no outro assaltante, uma rajada de projéteis acertou suas costas vinda da arma de um dos assaltantes que voltavam do cofre. Um dos seguranças tirou de um coldre no tornozelo um pequeno revólver e atirou no assaltante mais próximo. Uma menininha levantou chorando assustada e antes que fosse atingida por uma rajada de disparos foi salva por Jonas que sem se importar com sua própria segurança se jogou sobre ela para protegê-la. Então algo muito estranho aconteceu. O tempo simplesmente parou e tudo ficou congelado, exceto Jonas, a menininha e um homem de barba branca que ele nem ao menos havia notado que segurava seu pulso.

“Muito obrigado por se arriscar para salvar minha pequena princesa” disse o homem enquanto abraçava a menininha para acalmá-la. “O que está acontecendo aqui?” perguntou Jonas confuso olhando para os projéteis congelados em sua trajetória e as pessoas imóveis como estátuas. “Parei o tempo e é exatamente com tempo que irei recompensá-lo.” disse tirando de dentro do paletó um relógio de bolso que estendeu para Jonas.” Apenas pense no momento em que quer voltar no tempo e aperte tos botões ao mesmo tempo. Lembre-se, você terá apenas uma oportunidade, não a desperdice.”

“Infelizmente não posso autorizar um empréstimo. Com a crise econômica o banco está restringindo o crédito.” Disse o gerente a Jonas, que balançou a cabeça tentando compreender o que havia ocorrido e somente teve certeza que não era uma alucinação porque sentia na mão metal frio do relógio. Agradeceu e saiu rapidamente do banco deixando o gerente sem entender nada. Na entrada passou pela van azul dava seta para estacionar diante do banco. Os assaltantes só podiam estar dela. Atravessou a rua e ligou de um telefone público para a polícia avisando do roubo. Quando chegou à estação do metrô dois quarteirões adiante ouviu a sirenes dos carros polícia.

A noite naquele mesmo dia observou o relógio atentamente de todos os ângulos possíveis, mas era apenas um relógio velho sem nada de especial a não ser o fato que tinha dois outros botões além do tradicional de ajustar a hora. Sentado na beira da cama tentava entender o que havia acontecido ou ao menos decidir se o que achava que havia acontecido era real ou não. Não conseguiu.

Um ano se passou desde o que aconteceu no banco e sua vida havia, sim, mudado, mas para pior. Apesar de todos seus esforços não conseguiu evitar que sua empresa fosse à falência. Fazia meses que não via os filhos, já que sua ex-esposa tinha se mudado para o outro lado do país, com toda certeza para ficar longe dele. Tinha conseguido emprego em uma empresa de terceirização de mão de obra, onde trabalhava muito e ganhava pouco, mas agradeceu por não estar desempregado. Agora sua casa era um quarto de hotel barato com cheio de mofo.

Antes de para o trabalho pegou o velho relógio na mesinha ao lado da cama. Tomou o ônibus para o trabalho e sentado num banco no fundo pensava, como sempre, em qual seria o momento de sua vida para o qual se voltasse conseguiria evitar tudo de ruim que lhe acontecera. Aquele processo era doloroso, principalmente porque não havia garantia nenhuma de que o relógio fizesse o que lhe fora prometido, mas não conseguia tirar o assunto da cabeça, simplesmente não conseguia. Como sempre não conseguiu a conclusão alguma antes que o ônibus parasse no alto da colina onde costumava descer. Se despediu do motorista e quando pisou no primeiro degrau foi empurrado por alguns garotos de bicicleta e se agarrou com força no retrovisor do ônibus para não ir ao chão. Então ouviu o barulho metálico e seus olhos foram atraídos imediatamente para o velho relógio que rolava com velocidade crescente morro abaixo.

Jonas iniciou uma corrida desabalada morro abaixo, esquecendo o trabalho e até sua própria segurança, enquanto o relógio teimava em rolar numa trajetória que o levou três quarteirões abaixo em direção a um movimentado cruzamento.

O semáforo estava aberto e uma enxurrada de automóveis em ambos os sentidos cruzavam rápido a interseção de ruas. Jonas teve de se agarrar a uma placa de trânsito para conseguir parar e observou
desesperado o relógio desaparecer sob a torrente de carros. Em sua mente apenas uma pergunta … “E se não fosse apenas um velho relógio?”.

Um minuto depois algo pequeno e brilhante saltou do turbilhão do trânsito e chamou a atenção de Jonas. Milagrosamente o relógio tinha sobrevivido e fazia um arco alto no céu até cair na caçamba coberta por
uma rede de plástico azul de um caminhão de entulho.

Do outro lado da rua um entregador acabara de estacionar junto do meio fio uma velha scooter e entrou por uma porta levando algumas caixas. Jonas não teve dúvidas, correu até ela, deu partida e disparou atrás do caminhão quase sendo atropelado quando entrou na avenida. Apesar de fazer muito tempo que não pilotava uma daquelas, rapidamente pegou o jeito e começou a costurar o trâsito enquanto os olhos esquadrinhavam a torrente de carros em busca da rede de plástico azul. Não pensava nas consequências do que fazia, seu único propósito era recuperar o relógio.

Não demorou muito para ver o caminhão virar uma esquina adiante pouco antes do semáforo fechar. Teve de fechar um taxi para subir com a scooter na calçada. Quando virou a esquina ainda ouvia os impropérios do taxista. Voltou para a rua e acelerou ao máximo a pequena moto, que começou a engasgar, soltar fumaça preta e estourar enquanto perdia potência, até que finalmente o motor morreu. Enquanto ia cada vez mais devagar o caminhão ganhava distância, mas consegiu ler na caçamba o nome da empresa e número do caminhão, ainda havia uma esperança.

“Removentulho, bom dia.” disse uma voz de mulher de meia idade do outro lado da linha. “Bom dia, aqui é inspetor Jonas da prefeitura. Preciso saber para onde o caminhão de vocês de número 452 está indo essa manhã.” Não foi fácil convencer a mulher a lhe informar o destino do veículo, que somente cedeu após a ameaça de outra multa para a empresa porque ela estava atrapalhando seu trabalho no inexistente serviço de inspeção de remoção de entulho na região central da cidade.

Enquanto o taxi seguia para a periferia, Jonas pensava apenas em recuperar o velho relógio. Concluiu que realmente não acreditava que ele pudese fazer o que o homem de barba disse que faria àquele dia no banco, mas apenas a perspectiva insana de que pudesse ser verdade o impediu de fazer uma bobagem nos últimos meses. Sempre que se sentia desesperado, procurava refúgio na fantasia de que quando encontrasse o momento certo para quando deveria retornar no tempo, nada daquilo existiria e talvez ele nem se lembraria das dificuldades e tristezas que assombravam sua vida. Duvidava que conseguisse seguir em frente sem aquela válvula de escape. Lembrou-se dos livros de espionagem que tanto gostava na na adolescência nos quais os espiões tinham sempre um dente falso com veneno para o caso de serem capturados, e como a certeza de que no final tinham o controle da situação de um jeito ou de outro os deixava mais fortes e confiantes. Ele poderia não ter um dente falso com cianeto, mas tinha um relógio que o levaria de volta no tempo, um relógio que estava disposto a recuperar de qualquer maneira.

Meia hora depois o taxi o deixou na entrada do grande depósito de lixo da cidade. Lembrava-se do lugar de reportagens na TV e fotos nos jornais, mas nunca tinha estado ali. O cheio era realmente nauseante e a visão de dezenas de caminhões descarregando toneladas de lixo enquanto uma pequena multidão revolvia as montanhas de detritos em busca de algo aproveitável o chocou. Entrou e começou a procurar o lugar onde o entulho era despejado. Passou por uma caminhonete deixada aberta de onde pegou um capacete, um colete preto riscado de amarelo cítrico e uma prancheta com alguns papéis e uma caneta dependurada por um cordão, para todos os efeitos era mesmo um funcionário da prefeitura.

Não demorou muito para ver as montanhas de entulho e as nuvens de poeira dos caminhões descarregando restos de construção. Uma buzina alta o fez saltar assutado para o lado. Era o caminhão com a rede de plástico vermelho, tinha certeza. Olhou com atenção e viu o “452” pintado na carroceria. Correu gritando atrás dele enquanto segurava o capacete com uma das mãos. Mas o caminhão estava rápido demais e logo ganhou distância.

Jonas corria com determinação e apesar do cansaço não diminuia a velocidade. Pensou em como aquilo lhe fizera falta nos últimos anos, a determinação resoluta de quem tem tudo a perder, algo que não teve quando teve tudo a perdeu e efetivamente perdeu. O ar empoeirado que entrava por suas narinas parecia queimar o caminho até seus pulmões, seus músculos reclamavam, mas a simples ideia de parar de correr e perder o relógio era por demais dolorosa para permitir que não corresse o mais rápido que pudesse.

Gritou a plenos pulmões quando viu dois homens subindo na carroceria para soltar a rede, um deles se abaixou para pegar algo que então mostrou ao outro antes de descer. Tinha certeza de que tinha achado seu precioso relógio. Somente quando desceu do caminhão o outro homem o ouviu. A caçamba começou a levantar e despejar seu conteúdo enquanto ele caminhava em sua direção fazendo mímica com os braços como que perguntando o que eu queria afinal de contas para precisar correr daquele jeito.

“O que seu companheiro achou lá em cima é meu” gritou para se fazer ouvir com o barulho do entulho deslizando pela caçamba. “Aquele relógio velho é seu? E como foi parar lá, espertalhão?” respondeu curioso. “Você não acreditaria se contasse” respondeu Jonas enquanto tentava retomar o fôlego. “Tarde demais. Está com o chefe e ele está voltando para o escritório” disse o motorista apontando para o carro que passou por eles rápido para fora daquele lugar. “Droga, era do meu sogro. Minha mulher vai me matar” mentiu. “Também vou para a empresa assim que descarregar. Te dou uma carona. Já está mesmo perto da hora do almoço e você poderá encontrá-lo no refeitório” ofereceu com um sorriso de simpatia.

“Voce é louco de trazer um relógio do seu sogro para esse lugar” disse em tom divertido o motorista enquanto o caminhão sacolejava para fora do depósito de lixo. “Minha mulher faz questão que sempre o leve para o trabalho. Disse que assim seu pai queria, para que o genro tenha o mesmo apreço pelo trabalho que ele teve a vida toda” respondi sem deixar de pensar que não tinha mais nada aquilo, sogro, esposa, aquelas manias familiares que nunca tinha dado atenção e agora tanto faziam falta. “Gente velha tem essas manias mesmo. Minhã mãe ainda me dá um monte de meias de lã todos os invernos, para eu não ficar com os pés frios no trabalho e não correr o risco de resfriar”. Lembrou-se com tristeza da mãe e da última vez que a viu depois de anos somente se falando ao telefone uma vez por mês, em seu funeral.

Como o motorista havia dito, chegaram na empresa na hora do almoço. No grande e barulhento refeitório seguiu-o invejando como ele era querido por seus colegas que acenavam, brincavam e faziam piadas. Sua empresa não fora tão grande quanto aquela, mas chegou a ter uma centena de trabalhadores. Se deu conta que nunca tinha almoçado no refeitório com eles. Se achava importante demais para isso, preferia um distanciamento respeitoso.

“Chefe, esse cara aqui disse que é o dono do relógio velho que encontrou no meu caminhão” disse o motorista para o homem gordo, bochechudo e careca com um narigão vermelho e amplas sombrancelhas brancas desgrenhadas.” No mesmo instante ele parou de comer e olhou com curiosidade para Jonas por um momento, então voltou a comer como se nada houvesse acontecido. “Esse relógio era do meu sogro. Se chegar em casa sem ele minha mulher pedirá divórcio” disse acreditando que conseguiria comover o chefe com a mesma mentira que contara ao motorista. “Ela será uma idiota se não fizer isso, camarada” disse sério, mas todos que estavam na mesa deram gargalhadas. “Posso pagar pelo relógio” suplicou Jonas. “Coma primeiro e então conversaremos” ordenou dando por encerrado o assunto por aquele momento.

“Hoje é aniversário do meu filho mais velho. O moleque fará dezesseis anos. Estava planejando comprar para ele uma guitarra, mas como você quer tanto esse relógio de volta, as coisas mudaram” disse o homem rolando nas grandes mãos calejadas o relógio que Jonas tanto queria de volta. “O menino gosta muito de uma banda de rock que essa tarde autografará numa loja de discos do centro, aquela famosa com o grande neon do cachorro ouvindo um gramofone na fachada. Ele queria ir até lá, mas não deixei faltar à aula. As crianças têm de estudar para ter uma vida melhor do que essa que temos. O negócio é o seguinte, camara, você volta aqui até às seis da tarde com um disco autografado pela banda e o troco pelo relógio.”

Jonas jogou numa lata de lixo na entrada do metrô as coisas que tinha pego na caminhonete e comprou um bilhete. Àquela hora o metrô estava tranquilo e pode se sentar para enfrentar a viagem de uma dezena de estações até a loja de discos. Aquele dia estava sendo quase tão estranho quanto o do incidente no banco, que há muito duvidava se realmente tinha acontecido. Mas no fundo sua vida inteira tinha sido estranha no sentido de que não cultivara valores como os que dizia valorizar, tinha agora a nítida sensação de que vivera sempre uma vida de mentira. Mentia que era feliz, mentia que amava sua família, mentia que se dedicava ao seu negócio, mentia que era um homem realizado. Nunca se preocupara com nada se não manter aquelas mentiras. No fundo sabia que era infeliz, mas não tinha coragem de admitir. Estranho que somente quando fazia de tudo para ter de volta a promessa de poder mudar tudo aquilo conseguiu enxergar a verdade que por tanto tempo se esforçou para não ver.

Uma multidão cercava a loja de discos. Eram três da tarde e jovens de ambos os sexos e idades variadas vestindo roupas pretas e camisas da famosa banda de rock cantava, gritava, chorava. “Nunca conseguirei um disco autografado até às seis da tarde” pensou Jonas desanimado. Conhecia o sabor da derrota, o que não significava que gostava de senti-lo novamente.

“Se me contassem não acreditaria. Nunca poderia imaginar que você é fã de rock” disse alguém às costas de Jonas. Se virou e viu um rosto conhecido, mas demorou alguns segundos para se lembrar quem era. “Então não precisa imaginar, porque apesar de gostar não sou tão fã assim. Vim para tentar realizar o sonho de um fã de verdade que não pode vir pessoalmente porque os pais são linha dura e não o deixaram faltar à escola. Pelo menos tentei, mas com tanta gente não sei se conseguirei” respondeu Jonas sem conseguir esconder a frustração. Lembrou-se que o rapaz havia sido estagiário numa grande empresa multinacional em que trabalho anos atrás, antes de sair para montar sua própria empresa. “Será que há uma fila organizada ou distribuição de senhas?” perguntou Jonas, mas somente então notou que estava novamente sozinho em meio à multidão, o rapaz tinha ido embora sem ao menos se despedir.

Uma hora depois havia descoberto que havia, sim, um esquema organizado para aquela tarde de autógrafos. Uma centena de fãs havia sido sorteada em programas de rádio, porém outros cinquenta  seriam sorteados dali alguns minutos e Jonas tinha nas mãos um dos bilhetes que dava direito de participar do sorteio. A sorte estava lançada, se ganhasse teria o relógio de volta, se não ganhasse teria de tentar comprar de volta o relógio de alguma forma, algo que o preocupava uma vez que não tinha muito para oferecer em troca.

O sorteio começou com uma surpresa que deixou os fãs ainda mais agitados, um dos membros da banda apareceu para fazer sortear os ganhadores. O rapaz de cabeleira loura, camiseta rasgada e um forte sotaque estrangeiro se divertiu e a seu público ao se esforçar para dizer os números sorteados de forma compreensível. O bilhete de Jonas não foi sorteado. Por sua mente passava tudo o que poderia fornecer àquele que estava com o relógio para tê-lo de volta parecia insuficiente.

Quando abria caminho pela multidão para ir embora, achou que ouviu alguém gritar seu nome, mas pensou que fosse apenas impressão. Então uma garota de piercing no nariz bateu em seu ombro e apontou para trás. Olhou e viu o rapaz com quem tinha conversado pouco antes e havia sumido na multidão, que gestisculava para que se aproximasse.

“Não dei sorte de ser sorteado.” lamentou Jonas. “Venha comigo.” disse o rapaz abrindo caminho pela multidão de volta para a entrada da loja. Não demoraram muito para chegar à barreira de seguranças que impedia que os que não tivessem convite entrassem. Ao verem o rapaz abriram passagem. “Ele está comigo”. Alguns minutos depois estavam diante da bandmomea. O rapaz explicou quem era Jonas e porque estava ali. Os roqueiros fizeram algumas piadas engraçadas e cada um autografou um exemplar do último disco da banda. “Só posso agradecê-lo” disse Jonas ao rapaz com sincera gratidão. “Quando cheguei àquela empresa, apenas um novato inseguro, você me ajudou, me deu força, me ensinou muita coisa, me valorizou. Nunca me esqueci aquilo e incorporei ao meu modo de trabalhar. Isso me permitiu orientar minha carreira para minha paixão, a indústria fonográfica. Eu que tenho de agradecê-lo”.

Naquela noite Jonas estava sentado na beira da cama do hotel com o relógio na mão. Ele estava intacto, como se nunca houvesse saído de seu bolso. Por um ano buscou um ponto em seu passado para o qual se realmente voltasse poderia evitar que sua vida se tornasse no que tornou, mas nunca conseguiu encontrar tal momento. Depois daquele dia de desventuras finalmente havia encontrado a resposta. Sua decisão por fazer de sua vida o que sempre quis foi o começo do fim, quando se perdeu acreditando ter se achado. Agora sabia exatamente para quando deveria voltar. Então fechou os olhos e apertou com decisão os três botões desejando que aquele não fosse apenas um velho relógio.

25 comentários em “Apenas um velho relógio (Charles Dias)

  1. Andrey Coutinho
    29 de outubro de 2013
    Avatar de Daryen

    Rapaz, vou ter que confessar uma coisa… esse foi um dos contos em que fiquei mais perdido. Acho que o objetivo do autor era esse mesmo, fazer da viagem no tempo uma experiência etérea, volátil e confusa (como é de se imaginar para algo tão complexo quanto uma viagem no tempo)… mas também senti que os personagens envolvidos no episódio da viagem poderiam ser um pouco melhor explorados antes que ela ocorresse. Eu tive que voltar no texto para entender quem era quem ali.

    Fora isso, achei uma história bem desenvolvida, mas que, como grande parte dos textos do desafio, ainda pede revisão e edição.

  2. bellatrizfernandes
    29 de outubro de 2013
    Avatar de isabellafernandes

    Tá difícil comentar nesse texto! Já digitei umas 3 vezes o comentário, vou te contar, viu?! kkkk
    Enfim, particularidades do comentário, a parte, a história foi boa e bem escrita. O personagem tem seus valores e está disposto a mudar. Porém senti falta, apesar das reviravoltas e da correria de um verdadeiro clímax, algo para colocar em cheque os valores dele, algo para realmente testá-lo, para convencer o autor a ir até o fim do conto.

  3. Alexandre Leão.
    29 de outubro de 2013
    Avatar de Alexandre Leão.

    Só mais uma coisa que penso que deveria ser revisado. Irreal demais um relógio rolas por mais de trezentos metros sem encostar em nada e tombar. (è em média o tamanho de três quarteirões) Deveria repensar nessa distãncia e encurtá-la.

  4. Thata Pereira
    29 de outubro de 2013
    Avatar de Thata Pereira

    Também gostei do começo e do fato de só poder voltar ao tempo uma vez. Depois disso, perdi o encanto :/ mas nada que não possa ser trabalhado…

  5. selma
    29 de outubro de 2013
    Avatar de selma

    acho que o autor deve ir com calma, repensar, revisar, nunca desistir!

  6. Juliano Gadêlha
    29 de outubro de 2013
    Avatar de Juliano Gadêlha

    Gostei do lance de só poder viajar no tempo uma vez. Isso cria no personagem uma indecisão, um conflito que ainda não tinha visto nos contos do desafio. Também curti os pequenos saltos que a história dá, tornando-a mais dinâmica sem que o leitor se perca. O texto carece de uma revisão, tem muitos erros bobinhos, apenas de escrita. Algumas construções frasais também poderiam ser melhorados. Há casos em que eu simplesmente não consegui entender o que o autor quis dizer, como por exemplo: “Pensou em como aquilo lhe fizera falta nos últimos anos, a determinação resoluta de quem tem tudo a perder, algo que não teve quando teve tudo a perdeu e efetivamente perdeu”.

  7. Alexandre Leão.
    28 de outubro de 2013
    Avatar de Alexandre Leão.

    Amei o bang-bang inicial e acreditei muito no desfecho. Mas foi só o início. Ele foi ficando cansativo e não consegui ler mais sem pular trechos. Se der tempo, leio-o novamente depois para uma análise mais justa. Abraços.

  8. José Geraldo Gouvêa
    28 de outubro de 2013
    Avatar de José Geraldo Gouvêa

    Que história bacana! Sem erros óbvios, sem apelações. A velocidade vertiginosa da narrativa é parte do charme desse conto que justamente aborda o tempo que perdemos. Eu não mudaria muito na estrutura desse conto se o revisasse. No máximo, além de corrigir óbvios erros de digitação, eu me permitiria dividir melhor os parágrafos (isso é uma obsessão minha).

    Gostei pacas.

  9. Sérgio Ferrari
    28 de outubro de 2013
    Avatar de Sérgio Ferrari

    Olha, senti falta do velho falar algo sobre motivações dele para com aquele gesto. Acho q caberia um desabafinho qualquer. Eu curto a narrativa de ação q vc criou. Muito bem feita. Só um revés que são assaltantes com mascara de palhaço…já deu, né? Assaltante com essas mascaras temos aos milhares em todos os meios de entretenimento rsrs…Quando vc saiu do banco eu pensei: “Nossa…que pena…poderia ter bolado uma situação lá e encerrado lá mesmo” mas retomou o fôlego mais pra baixo e ficou ok. Vc foi bem longe….ficou com cara de sessão da tarde (no bom sentido). O final é bacana. Enfim…legal seu conto. Mas poderia ter pensado mais sobre a situação. Da impressão que vc ficou com tesão de escrever ele e foi numa carreira só até o fim.

  10. Frank
    28 de outubro de 2013
    Avatar de Frank

    Um excelente ideia. Também achei um pouco “excessivas” as reviravoltas, mas gostei. O final me deixou curioso, rs.

  11. Bia Machado
    28 de outubro de 2013
    Avatar de Amana

    Do começo eu gostei., depois fui ficando sem paciência para tanta informação. Não me prendeu a atenção, precisa ser bem revisado, talvez até melhor estruturado, para mudar algumas coisas que não estão se encaixando… Não me agradou muito o final. Fica a dica então para trabalhar esse material.

  12. Leandro B.
    28 de outubro de 2013
    Avatar de Leandro B.

    Infelizmente o conto se fragiliza muito pela falta de revisão. Também achei o início interessante, mas mesmo ali seria bacana reconstruir algumas coisas. Detalhar mais o início da ação dos assaltantes. Como, por exemplo, passaram pelo detector de metais?

    Sobre esse início, o que mais gostei foi da figura que detém o poder e de quem ele protege, a menina. Tenho um gosto por personagens misteriosos e fiquei um pouco decepcionado por Jonas não indagar quem eram.

    Depois desse início, lemos um conto de caça ao tesouro. O que pode até ser legal, mas, como disse, a falta de revisão acabou prejudicando muito. Existe, inclusive, uma troca de pessoa do narrador ao longo da leitura : “Disse que assim seu pai queria, para que o genro tenha o mesmo apreço pelo trabalho que ele teve a vida toda” respondi sem deixar de pensar que não tinha mais nada… ”

    Também reforço a dica do Elton, sabemos mais sobre a corrida do que sobre o personagem. O texto enfatiza mais a caça do que o homem. E, quando conta um pouco da sua história o faz de maneira muito superficial. Carece, portanto, de uma introspecção.

    Sou um fã de finais trágicos e, ao fim do conto, tive a esperança dele decidir voltar para o assalto do banco, proteger novamente a menina e recusar o relógio, dando fim à vida que, claramente, o personagem odiava.

    Vou torcer para que no próximo desafio você tenha mais tempo para revisar o texto. Ate lá!

  13. Sandra
    25 de outubro de 2013
    Avatar de Sandra

    O início foi um déjà vu… me lembrou uma cena de Arquivo X, inclusive com a entrada dos palhaços que invadem um banco e rendem um monte de clientes. Daí, alguém atira, e o tempo volta…
    Primeiramente, enxugaria mais os parágrafos retirando informações desnecessárias, inclusive diluiria os diálogos ‘aprisionados’ dentro de um único parágrafo (deixando o texto pesado) e trabalharia novamente o final.
    E… revisão.

    • Leandro B.
      28 de outubro de 2013
      Avatar de Leandro B.

      Acho que vi esse episódio há uns dez anos e ainda tenho na memória. Ah, arquivo X…

  14. fernandoabreude88
    25 de outubro de 2013
    Avatar de fernandoabreude88

    Gostei do conto. Precisei voltar em alguns parágrafos, para me situar, pois algumas frases estão complicadas. Mas ao entender certinho, apreciei a história e os personagens. O final não me agrada muito, mas…

  15. Claudia Roberta Angst - C.R.Angst
    24 de outubro de 2013
    Avatar de Claudia Roberta Angst - C.R.Angst

    O começo do conto prende a atenção, mas depois perde um pouco do ritmo apesar da ideia central ser muito boa. O paralelo entre a corrida do homem atrás do relógio e a reavaliação das escolhas feitas poderia ser mais focado. Seria importante revisar todo o texto para eliminar os erros de digitação e mesmo de ortografia.

  16. marco nazar
    23 de outubro de 2013
    Avatar de marco nazar

    A tragédia anunciada, o personagem no fundo do poço me prenderam no início do texto, apesar das máscaras de palhaço demonstrarem uma certa falta de originalidade. Quando o tempo congelou e Jonas recebeu o premio por sua bravura, pensei: “Agora vai!”, mas não foi muito. A perseguição pelo relógio também mereceu mais criatividade, e talvez nem fosse necessária. (Que raios de relógio é esse que quica até a caçamba de um caminhão? ). A idéia é muito boa mesmo, a mensagem “faça por onde que eu te ajudarei” ficou bem clara na minha humilde opinião. E seu eu fosse o tal Jonas “cabeça de prego”, decoraria um número de loteria e voltava no tempo feliz da vida. Parabéns pela idéia e continue o bom trabalho.

  17. Ricardo
    22 de outubro de 2013
    Avatar de Ricardo

    Pontos positivos: ótima premissa e início promissor, que prende o leitor.
    Pontos negativos: premissa ótima e início promissor, que prendeu o leitor.

  18. Gustavo Araujo
    21 de outubro de 2013
    Avatar de Gustavo Araujo

    Este conto tinha tudo para ser ótimo. Uma premissa interessante, criativa, original – diferente das demais que se vê no desafio. No entanto, a boa ideia morreu na casca, infelizmente. Depois do assalto ao banco (que, aliás, merece ser reescrito, já que existem mais palhaços-assaltantes do que em circo ultimamente), chega-se ao ápice, onde nos perguntamos: e agora? O que ele vai fazer com o relógio? O que se vê é decepcionante, já que o conto se desenrola com uma busca repleta de erros gramaticais, de concordância e de ortografia. Mais do que isso, repleto de um moralismo barato, clichê mesmo. Peço que o autor me perdoe pela franqueza, mas é que pela (boa) qualidade da ideia em si – e pelo fato de haver, sim, momentos legais no texto – a crítica deve recair de maneira severa. Tenho certeza de que havendo um pouco mais de paciência, de dedicação e de perseverança, é possível transformar este conto em algo muito mais interessante.

  19. mportonet
    21 de outubro de 2013
    Avatar de mportonet

    Me senti vendo um filme de gato e rato.

    O inicio promissor, apesar da impressão de que já vi aquela cena em trocentos filmes de roubo a banco. Como já dito, a introdução do objeto mágico foi o diferencial, mas daí em diante a conto começou a descer a ladeira, literalmente.

    Demorou demais para o desfecho, que não me agradou.

  20. Gina Eugênia Girão
    21 de outubro de 2013
    Avatar de Gina Eugênia Girão

    O texto necessita de revisão gramatical e diagramação. O conto começa muito interessante, mas se perde também pelo excesso de narração de ações sem importância, como a perseguição ao relógio. A ideia é boa, mas fica prejudicada por clichê inicial (boa ação que ganha recompensa pontual) e final (‘você foi bonzinho comigo, um dia; agora serei legal com você, que não ‘tá tão bem quanto eu) – quem é rato ou leão, na vida, mesmo?! – e pelo final abrupto. Pela ideia inicial, eu leria uma reedição.

  21. rubemcabral
    21 de outubro de 2013
    Avatar de rubemcabral

    Gostei muito do começo do texto, pois a cena do assalto está bem descrita e o aparecimento do “objeto mágico” foi interessante. No entanto, concentrar quase todo o restante do conto na perseguição ao relógio não foi uma boa ideia, em minha opinião. Terminei o texto com um “e aí?” na cabeça. Como outros já observaram, o conto realmente clama por mais revisão.

  22. Rodrigues
    21 de outubro de 2013
    Avatar de Rodrigues

    O começo do texto é bom, prende a atenção do leitor. O assalto ao banco foi uma boa ideia de introdução. Porém, depois o conto fica cansativo, com frases excessivamente longas. Outra coisa, a ação dos personagens é narrada de uma forma que não me agradou. Exemplo – “teve de fechar um táxi (…)”. Pq não simplesmente “fechou um táxi e tal tal tal”… Acho que precisa dar uma elaborada melhor.

  23. Marcellus
    20 de outubro de 2013
    Avatar de Marcellus

    O conto precisa de uma boa revisão, isso é fato. O autor perdeu-se numa correria sem fim e fugiu da profundidade que, ao que parece, queria transmitir.

    Além do mais, que tipo de relógio é esse que consegue rolar mais que uma bola? Mesmo com a suspensão de credibilidade que o tema exige, soou forçado demais.

  24. Elton Menezes
    20 de outubro de 2013
    Avatar de Elton Menezes

    Sobre a história… A idéia do objeto mágico que permite remodelar uma vida de erros é muito boa. Mas o texto carece de introspecção. Um homem que está ali avaliando a própria vida merecia sofrer mais, ser mais desesperançoso. Talvez você conseguisse isso usando a narrativa em primeira pessoa. Outra coisa… O texto se focou muito mais na corrida do homem atrás do relógio do que nas escolhas do homem de fato. E, ao final, o mais importante não acontece: terminamos o texto sem saber o que o homem vai de fato mudar.
    Sobre a técnica… REVISÃO. Esse texto está carecendo demais de ser revisado, para corrirgir erros de digitação e ortografia! Você tem uma boa didática, uma boa escrita, mas tudo se perde sem a revisão. Vi muito emprego fora de norma culta, como próclises em início de frase. Acho que o momento mais intenso disso é no parágrafo que começa “Antes de para o trabalho…”. Vale reclamar também dos diálogos dentro de um mesmo parágrafo, que atrapalham MUITO a leitura.
    O título… Eu mudaria o artigo indefinido por um definido: “O Velho Relógio”.

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Publicado às 20 de outubro de 2013 por em Viagem no Tempo e marcado .