Entrou no quarto, desligou a luz, deitou-se na cama e ligou a máquina. Demorou alguns minutos para funcionar, mas depois de ligar o teletransportou para o meio do oceano, onde em algum lugar da costa ela gritava o nome dele. Ele estava se afogando, mas seguia a voz sem pensar em cessar a tentativa de nadar e encontra-la, a dona dos gritos, e dona dele. Enquanto nadava, não conseguia pensar em muita coisa, só em sair logo daquele inferno úmido e azul, mas conseguia ver o reflexo de sua vida inteira naquelas águas, conseguia se ver puxando uma flor do solo, com raiz e tudo, encontrando ali o que ele precisava, relacionado a seus problemas (a raiz).
O grito ficava cada vez mais alto e claro, e a voz cada vez mais doce, e o coração mais rápido a cada centímetro percorrido. Beirava a exaustão quando se agarrou em um pilar de madeira num pier qualquer. A noite caíra e a visão era turva, devido a exaustão, mas conseguia vê-la, a pele branca como cocaína, os olhos verdes esbugalhados o olhando de cima, com um sorriso assustador nos lábios. Vestia um vestido todo desgastado e rasgado em algumas partes, de costas nuas preto, não vestia nada por baixo dele.
— Vamos, venha. Vou te ajudar a levantar. — Disse ela, o mais docemente possível.
— Ok. — Concordou ele, estendendo a mão.
Ela o levantou, o apoiou no ombro e disse: “Me acompanhe”. Ele não pensou duas vezes e foi junto, sem saber muito bem o que acontecia ali. Chegaram em frente a casa dela, e ela apontou a janela e sorriu, demonstrando uma malícia evidente. Era ela, enfiando uma faca treze vezes, contadas. Enfiando uma faca nele, com toda aquela doçura. Ele sem poder fazer muita coisa, além de assistir, permanecia atônito a tudo aquilo, sem entender.
— Eu quero você só pra mim, por isso vou te prender aqui, pra sempre.
— Mas eu não quero ficar, você não vai me prender aqui.
Ela abriu os braços, e foi se aproximando. Ele sentiu uma vontade quase que instintiva de corresponder o abraço, e percebeu que se aquele abraço acontecesse, ele ficaria preso ali com ela, para sempre, percebeu que ali seria seu fim.
Até que alguém liga a luz, desligando assim a máquina. Era sua nova namorada, com um riso nos lábios, causado pelo estranho jeito dele de sonhar quase que acordado, viajando.
O conto é um mistério, assim como o tempo, e próprio sonho. Mas podemos viajar em todos os três.
Como disse o Ferrari, a última frase soou como um envergonhado pedido de desculpas. Só te perdoo porque o texto é curto, o que minimiza a raiva pela má qualidade. Vá e não peques mais.
P.S.: o mote da memória da mulher que tenta aprisionar o amante num sonho lembrou-me da Mal, de Inception. Sem a qualidade geral daquele filme, no entanto.
Muito ruim.
Uma ideia boa, que o autor ensaiou começar, mas ficou nisso. Que pena! Espero que reorganize esse texto e veja como é possível melhorá-lo, sem ficar preso a tamanho…
Me pareceu um solteirão convicto com instinto de autopreservação invejável; até que eu gostei!
Parece cocaína mas é só preguiça. Preguiça de embarcar de fato na ideia. Outro texto broxante. E não por ser curto.
E eu gosto de contos curtos: eles dão menos trabalho para ler, quando estamos comentando num concurso de 41 contos.
Faltou dedicação, correção… Esqueci. Bom, mas vamos pegá-lo outra vez e ver o que dá com as mudanças. Abraços.
Esse foi bem louco. Mas por mais louca que seja a história, não gosto quando o autor tem de se explicar ou dar qualquer satisfação ao leitor, que é o que ocorre na última linha. Para mim, ela é completamente dispensável. Se a trama não é explicada dentro de si mesma, é porque o autor falhou na missão de contar uma história, de passar sua mensagem, o que não acho que tenha ocorrido aqui. A mensagem teria sido passada da mesma maneira se o texto terminasse em “viajando”, até porque o título deixa tudo bem claro. O que também poderia ter acontecido é um melhor desenvolvimento da ideia. Veja bem, não é pelo fato de o conto ser curto. Na verdade, gosto de textos curtos, porque eles demonstram a capacidade do autor de transmitir sua ideia em poucas palavras, o que é um talento invejável. Mas no presente caso creio que a trama carece de um pouco mais de recheio. Poderia ter continuado após o “viajando”, acompanhando a vida do personagem, conhecendo-o melhor, seria bem interessante. Mas é uma boa leitura, gostei desse estilo meio louco. Parabéns.
O conto ficou num espaço estranho entre o sério e o nonsense. Um dos mais malucos que li até agora. O vocabulário seguia um estilo bem limpo e convencional, até “a pele branca como cocaína, os olhos verdes esbugalhados o olhando de cima” que veio meio do nada. Não estava esperando por essa.
Eu recomendaria repensar “inferno úmido” para chamar o mar, já que na situação em que o protagonista se encontrava, falar em “umidade” me parece no mínimo eufêmico (foi essa a intenção?)
É um estilo pouco convencional, e certamente contribui para uma maior variedade de estilos no Desafio.
terminou se desculpando com o leitor. (a ultima frase foi um pedido de desculpas, né?) Tá desculpado. Arruma o primeiro paragrafo q ta uma bagunça… eu gosto de narrativas curtas. AO invés de enfiar a faca, poderia ser algo tipo…enfiar um caranguejo no ouvido…seria mais sonho.
“Pele branca cor de cocaína”
Isso é tudo que tenho para comentar… (rsrs)
Até achei a premissa interessante, mas só isso.
Não houve o interesse em desenvolver uma trama, o autor apenas começou a escrever tudo que lhe veio a cabeça e pronto.
Talvez dê um bom poema, se ele quiser desenvolver.
A história precisa ser desenvolvida especialmente porquê a ideia de viajar no tempo via sonho é muito promissora (tipo medium – a série).
Cadê o conto? E não tô falando do tamanho…
Achei uma ideia muito boa e um texto muito curto, por isso fiquei com raiva desse conto. Poderia ter sido mais desenvolvido, a escrita é boa e mistério levantado é criativo.
Gostei a associação da palavra raiz e a comparação incomum com a cocaína (risos). Mas ainda assim não entendi muita coisa (a narração ficou meio confusa), e acho que forçou um pouco quanto ao tema.
A ideia, se melhor trabalhada, poderia transformar o fragmento num conto. Num bom conto até (poderia explorar um bocadim mais essa relação entre essa máquina e o sonho). Tentei forçar a tal “viagem” na temática, mas não deu…
(A associação da pele da garota com a cocaína foi totalmente fora… Desbaratinada total…)
Um fragmento interessante, mas só isso. Não há envolvimento do leitor com a história, nada que permita uma identificação com quem “viaja”. Enfim, o autor jamais se afasta da praia, preferindo a segurança de uma baía bem protegida. Para mim, essa falta de ousadia foi o que marcou o texto. A narrativa poderia ser melhor explorada, aprofundada, mas parece que houve preguiça. E nem vamos falar do último parágrafo: parece aquela “moral da história” que víamos nos livros de escola. Totalmente broxante. De todo modo, estou certo de que se o autor quiser, poderá nos surpreender positivamente da próxima vez.
A comparação da cor da pele com cocaína foi… inesperada, para dizer o mínimo. Mas esse foi o menor dos problemas. O elemento onírico poderia ser melhor aproveitado e o tema proposto (“Viagem do Tempo”) não foi claramente exposto.
Mas o autor tem potencial, se trabalhar melhor alguns pontos críticos.
Sobre a história… Como mostra o título, mistura a viagem temporal com sonhos. Seria uma proposta boa se viesse na forma de uma surpresa. Mas isso não acontece porque, do título a cada linha, o fato de ser um sonho já está exposto, e isso DESTROI a força que o texto poderia ter, mesmo curto. Assim, fica apenas um conjunto de palavras óbvias. Você já sabe como vai terminar, e só lê até o fim para cumprir a obrigação.
Sobre a técnica… Merece alguma revisão. Existe certo atropelo nas palavras (senti isso principalmente no primeiro parágrafo). Mas o texto não está ruim, vem de uma forma simples, que agrada. É leve e bem montado, sem muitos erros ortográficos.
Sobre o título… Preciso falar algo mais? PÉSSIMO. Entrega tudo, acaba com sua história. Sugiro trocar por algo que fale sobre a misteriosa mulher, sem citar que se trata de um sonho.
Hum, não gostei. Não chega a desenvolver uma história propriamente dita. A frase do final é um péssimo arremate.
Não sei..não consigo deixar de achar que tá faltando história aí. Quando começa a ficar bom..acaba. rs..
Oooops…!
😐
Pessoal, o ultimo parágrafo, seria um dito do próprio personagem. Eu talvez tenho esquecido de colocar as aspas ou algo que sinalize isso, ou talvez tenha me perdido em minha própria exatidão.
É confuso, isso é um elogio ^^, um verdadeiro sonho, consegue passar ao leitor uma visão privilegiada do personagem e da historia, sem medo de usar as palavras, ousado. Minha unica critica é em relação ao ultimo paragrafo que destoa do resto do conto (pode ser que o ultimo paragrafo não faça parte do conto, seja só um comentário do autor, se for então sinalize de algum modo).
bem viajado mesmo HSUAHUISAHUSU por isso que namorar é um problema, tá vendo?
Também achei o último parágrafo desnecessário. Não precisaria de explicação, melhor deixar o rastro de sonho curto e sem sentido mesmo. Viagem curta e rápida de ler e absorver.
escreve mt s2s2 e fique sóbrio na próxima, em? ksajdja
Bem escrito, audacioso pelo tamanho, mas agradável de ler. Eu cortaria o último parágrafo.
muito louco – “pele branca, cor de cocaina?!” que susto…o autor cheirou e escreveu? hahaha…mas a ideia é boa, precisa ser melhor trabalhada e…sobrio, ein!