EntreContos

Detox Literário.

O Filho do Bispo (Jorge Santos)

– É aqui, anda… – disse Duncan Bishop. Ethan seguiu o pai sem grande motivação. Não gostava do barulho dos karts. Tapou os ouvidos ao passar pelo portão. Duncan apresentou-o a dois homens. Aquela era a sua praia, o meio onde se sentia mais à vontade. O cheiro a gasolina e a borracha queimada, que o filho estranhava, era-lhe familiar.

– Pai, não quero ir.

Duncan aninhou-se. Esperava a recusa de Ethan. Contrariamente aos amigos para quem os filhos eram completos estranhos, Duncan conhecia bem o filho.

– Ethan, é natural que isto te assuste. Tenta. É só isso que te peço. Se não queres, vamos para casa. Se não gostares, nunca mais voltamos. Prometo. Sabes que o pai cumpre sempre as suas promessas, não sabes?

Ethan confirmou com um gesto determinado. O pai era a pessoa mais honrada que conhecia. Todas as pessoas que o tinham conhecido dos tempos de corredor de rally diziam a mesma coisa, o que fazia com que Ethan tivesse ainda mais orgulho de ser seu filho. Por isso fazia o sacríficio, mesmo sabendo que preferia mil vezes estar a jogar à bola com os amigos.

À sua frente estava um kart apropriado para a sua idade. A pintura vermelha estava gasta e o assento partido. Trinta e dois anos depois, Ethan ainda se perguntava o que o tinha feito entrar para o kart. Achou o assento incómodo, o cinto apertado. Quando o pai lhe ligou o motor, assustou-se com o barulho e o calor. Carregou no acelerador e o carro fez um solavanco para a frente. Fez-se à estrada, de uma forma lenta. Os outros carros faziam passagens rasantes, quase a bater no seu carro. Alguns condutores eram mais novos do que ele. Todos com mais experiência. Depois da terceira volta, saiu, quase batendo contra outro carro.

Regressou a casa cabisbaixo, mais triste do que o pai.

– Pelo menos tentaste, Ethan. Mas acho que tens de dar tempo ao tempo.

A mãe percebeu logo que entraram em casa. As mães sabem sempre quando as coisas correm mal.

– Eu disse-te, Duncan, é demasiado cedo!

Duncan suspirou. Ethan voltou a descer para a rua e foi jogar à bola com os amigos. Era o seu sonho, tornar-se jogador de futebol, mas não se achava suficientemente bom. Era rápido e tinha bons reflexos, mas não conseguia marcar golos como o Gerald. Anos mais tarde, a recordação desse mesmo amigo, perdido no vício da heroína, seria uma das maiores dores que carregaria consigo.

Nessa noite, custou-lhe a adormecer. Viu-se novamente na pista. Reviu os seus erros. O maior dos seus erros era o medo. Uma força irracional fazia-o querer regressar. Queria melhorar. Lentamente, tomou uma decisão.

No dia seguinte, disse ao pai: – Quero tentar outra vez.

O pai abriu a boca de espanto.

– Ethan, não precisas fazer isso por mim.

O pequeno Ethan, do alto da sua sabedoria de oito anos disse: – Quero aprender.

– Vês, amor, ele quer aprender. – comentou Duncan para a esposa, com um sorriso aberto estampado no rosto.

– Ainda bem. Já me basta um burro cá em casa. – Ripostou Susan.

Ethan sorriu. Sabia que aquilo não era verdade. O pai esforçava-se na fábrica para trazer algum dinheiro para casa. Não era nenhum burro, muito pelo contrário.

Voltaram à circuito de karts de Birmingham no sábado. Duncan escolheu o mesmo kart. Estavam ali os mesmos corredores que Ethan tinha enfrentado da outra vez, sorrisos trocistas afivelados no rosto, gestos injuriosos feitos às escondidas de Duncan. Ethan esforçou-se por esquecê-los. Concentrou-se no carro e no circuito. Queria aprender a conduzi-lo. De capacete na cabeça, sentou-se ao volante do pequeno veículo. O pai ajustou-lhe o cinto de segurança. Deu-lhe algumas indicações. No fundo, as mesmas que tinha dado da primeira vez. A diferença é que, desta vez, Ethan dava-lhe ouvidos. Fez-se à pista e acelerou. Cometeu os mesmos erros que tinha cometido antes. O pai, sempre atento, entrava na pista para o ajudar a virar o carro. Uma e outra vez. Incansável. E Ethan começou a tomar-lhe gosto. Percebeu que gostava de correr, de competir com os outros.

Começou a treinar todas as semanas, aos sábados de manhã. O pai estava sempre pronto para o levar. Ethan tinha um relacionamento tão bom com o pai que estranhava ver os pais dos outros corredores discutirem com os filhos. O seu pai não era assim. Dava-lhe tempo para crescer, espaço para errar. Duncan ria-se como um perdido quando ele fazia um pião no circuito, ou quando os outros carros lhe batiam. Enquanto os outros sentiam a pressão desde o primeiro momento, Ethan corria porque gostava de correr. Passadas algumas semanas, já sentia o carro como um prolongamento do seu corpo, o cheiro da borracha queimada e do óleo entranhara-se nele e não saíam do seu cabelo, não importava quantos banhos tomasse. E, então, sentiu a necessidade crescente de querer vencer. Não pelo pai, mas por ele próprio.

Ethan fechou os olhos. Não podia dar-se ao luxo de se perder em recordações quando se estava ao volante de um Fórmula Um. Tinha sido um longo percurso de 32 anos. Era agora um dos pilotos mais velhos no campeonato. Sentia o peso dos anos em cada curva, no tempo que demorava a recuperar depois de cada corrida.

Fez a terceira curva do circuito de Imola. Estava em décimo lugar, longe dos corredores da frente. Sabia que era necessário um milagre para conseguir o pódio. Principalmente naquele carro.

Carregou no travão. A força necessária tinha-o surpreendido nos primeiros tempos, agora era algo natural que se tinha tornado especialmente difícil depois da operação a que tinha sido submetido na coluna. As probabilidades de recuperação eram diminutas, mas ele era um lutador. Assim que tinha sido dado como apto para conduzir, voltou aos circuitos. Rejeitava medicação para as dores, porque lhe retardavam os reflexos. Por isso berrava sempre que carregava no travão.

Acelerou. Aproximou-se da curva Tamburello. Sempre que passava naquele ponto do circuito, lembrava-se do ídolo que ali morrera. Tinha visto a corrida em casa com o pai. No momento do acidente de Senna, os dois levantaram-se como se projetados por molas. A violência do choque pronunciava o pior, que lançou Ethan num pranto desconsolado quando se confirmou o óbito. Tinha dez anos quando teve de aprender a lidar com a perda de alguém querido. Mesmo nunca o tendo conhecido pessoalmente, era como se fizesse parte da família.

A bandeira amarela fê-lo regressar à realidade. Travou, mas não o suficiente para evitar bater com alguma violência contra um de três carros que estavam acidentados no meio da pista. Desviou-se para a berma, conseguiu controlar o carro e fez-se de novo à pista. A direção tinha sido afetada e ficara sem a parte direita da asa dianteira, mas estava habituado a compensar esses problemas. Faltavam poucas voltas para o final e já tinha mudado de pneus, pelo que não teria de perder tempo nas boxes. Aquele tinha sido o milagre que ele esperava. Estava agora em sétimo lugar. A melhor posição nos dois últimos campeonatos. Mas não podia sorrir. Sentiu uma pontada na coluna. A força do impacto tinha sido maior do que pensara. Sentia as pernas mais pesadas e os braços começavam a ficar dormentes.

“Está tudo bem, Ethan?”, perguntou Kurt pela rádio.

“Sim, está tudo bem. Estou em sétimo.”

“Ah, ah, ah… estás em quinto, meu caro. Houve duas desistências.”

Ethan sentiu a dor a aumentar. Desistir? Há alturas em que desistir era a atitude mais inteligente. A única saída. Mas quinto lugar? Porra… ir para o pódio era o seu sonho. Dava tudo pelos comprimidos contra as dores. À sua frente tinha Piastri, Verstappen, Russel e Norris.

Curva. Pé no travão. Sentiu uma dor intensa. O carro quase não fazia a curva.

“Ethan?”

Agora não estou para te aturar, Kurt, pensou.

Faltavam três voltas. Vinte e uma curvas por volta. Ethan fez o cálculo rapidamente. Cada vez que carregava no travão era como se lhe cravassem um prego na coluna. Sessenta e três pregos. Cada curva aumentava o suplício. 

“Ethan, responde. Estás com grande dificuldade a fazer as curvas. Estamos preocupados.”

“Estou bem, Kurt. Deixa-me acabar esta corrida.”

“O patrão prefere que desistas. Não estás bem.”

Ethan abanaria a cabeça se o suporte do capacete deixasse. Estava colado a Norris. Olhou pelo retrovisor. Sainz e Alonso mordiam-lhe os calcanhares. Não os deixaria passar. Se ao menos a dor atenuasse, mas parecia querer aumentar cada vez mais.

“Ethan!”

Já não era Kurt na rádio, mas a voz ríspida do patrão. Lembrou-se dos pais dos outros pilotos de kart, há mais de trinta anos anos. Não percebiam como o rapaz frágil que pouco tempo antes parecia fugir dos karts se tinha tornado no piloto mais rápido. Não percebiam que ele passava todo o tempo que tinha no circuito, a treinar. Curva a curva, a cada aceleração, ele aprendeu a gostar da adrenalina, a mesma adrenalina que era, agora, a única coisa que o impedia de desistir. Queria mostrar a si próprio de que conseguia, porque ao pai já mostrara há muito as suas capacidades.

Sainz passou-o na curva 15, aproveitando uma travagem mal feita. Alonso ia batendo na sua traseira, mas corrigiu no último momento.

“Ethan, não sei o que queres provar, mas já chega.”

“Estou em sexto, Meik.”

“Tens uma filha. Lembra-te dela.”

Ethan casara há cinco anos com Eva,  uma modelo espanhola que conhecera em Madrid e que amava de uma forma quase descontrolada. Viviam numa quinta a cinquenta quilómetros de Toledo, onde mandara fazer uma pista de karts. Mara Bishop, a sua filha, começava a dar os primeiros passos, ou melhor, a dar as primeiras voltas no circuito, sob o olhar atento e preocupado da mãe.

“Nunca a esqueço, Meik. É a minha luz.”

Sentiu uma pontada mais forte na coluna. O pé perdeu a força e não conseguiu travar a tempo, mas Ethan conseguiu compensar e voltou ao circuito.

“Vencer não é tudo, Ethan.”

Não estava em questão vencer, mas pontuar. Isso traria um retorno financeiro à equipa. O objetivo de Ethan não era vencer, mas sim não desistir. Queria ver a bandeira no final. Não desistir. Esse era o seu grande objetivo. Sabia que, depois, teria de tomar uma decisão dolorosa, a de terminar definitivamente a carreira. Aquela seria a sua última corrida. Merecia ver a bandeira axadrezada pela última vez.

Ainda faltavam duas voltas. Cada curva era mais irregular do que a anterior. Cada berro soava mais alto do que o motor. As lágrimas caíam-lhe pela face. Focou-se nas pessoas que amava. A mãe, o pai, Eva e Mara. O seu mundo. Sentiu a dor aumentar a cada curva.  Albon passou-o. Mal o tinha visto pelo retrovisor. Estava em oitavo lugar. Diversas luzes avisadoras apareciam no visor do volante. A falta de parte da asa dianteira diminuía a entrada de ar e o motor sobreaquecia, por outro lado a perda de potência na travagem não recarregava a bateria e o sistema elétrico estava a um ponto de parar por falta de energia.

“Encosta, Ethan!”

Terminar em oitava posição era excelente, pensou Ethan. Aumentou a velocidade. Ignorou os incessantes pedidos de Meik. O carro aguentaria, tal como ele. Não soube como fez a última volta. Quando, finalmente, viu a bandeira axadrezada abanar-se para ele, deu por si a chorar compulsivamente. Regressou às boxes, onde viu a cara preocupada de Meik.

Bastou um simples olhar para que o chefe de equipa mandasse entrar a equipa de emergência, que tiraram Ethan do cockpit do carro e o colocaram numa maca que transportaram para a ambulância. A notícia correu rapidamente pelas equipas. Ethan Bishop terminara a corrida lesionado, com fortes probabilidades de ter terminado a carreira.

Deitado na maca, a ser medicado, ouviu um burburinho no exterior. Gritos em diversas línguas. A voz mais proeminente era a de Meik, que protestava veementemente. A porta abriu-se e quatro homens retiraram-no na maca da ambulância.

Meik era um deles.

– O que se passa? – perguntou Ethan, visivelmente debilitado pela medicação.

– Eles querem que não te esqueças deste dia, Ethan.

Lentamente, Ethan começou a perceber o que iria acontecer a seguir. Foi aplaudido por uma multidão em júbilo. Levado para o pódio de maca,  foi levantado com toda a gentileza por Piastri, Verstappen e Russel. Estava no pódio. No meio da multidão, distinguiu o rosto de Eva e da filha. Ambas sorriam, mas Eva limpava a lágrimas. Em Birmingham, a assistir à corrida pela televisão com a esposa, um Duncan Bishop banhado em lágrimas sentiu-se o pai mais realizado do mundo.

Sobre Fabio Baptista

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18 comentários em “O Filho do Bispo (Jorge Santos)

  1. Andre Brizola
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Ethan!

    Este conto vai por um caminho diferente do que a maioria dos outros que li, ao invés de pegar como tema o jogo de xadrez, pegou a bandeira xadrez acenada ao final de uma corrida. Tudo certo aí. O problema que encontrei com esse conto foi outro, que espero conseguir especificar melhor nos itens abaixo.

    Técnica – O texto está bem escrito, se formos analisar friamente o aspecto gramatical; eu, pelo menos, não encontrei nada que atrapalhasse o ritmo da leitura. Por outro lado, senti muita rigidez em sua composição, com partes descritivas muito fortes, um tanto quanto cansativas, bastante focadas em termos e ações relacionadas ao automobilismo. A relação mais humanizada, com o pai, no começo, acaba se perdendo. Muito do texto, inclusive, acabou sendo gasto com as descrições que citei, e sobrou muito pouco de sua família, sobretudo a filha, que era “sua luz”. Esse desequilíbrio contou contra.

    Enredo – A trama aqui é bastante simples, Ethan é apresentado ao kart pelo pai. Invariavelmente, aquilo torna-se grande em sua vida e somos transportados ao presente, em que ele já está à beira da sua aposentadoria na fórmula 1, o ápice dos esportes automobilísticos. Ele está no meio de uma corrida, a sua última, e não quer desistir. Mas é só isso. Sua força de vontade acaba sublimada pelas constantes descrições do que está ocorrendo em Ímola. Até a menção à morte de Aírton Senna me pareceu algo forçado pois, segundo o personagem, lembrava-se do piloto brasileiro sempre que passava por aquele ponto do circuito. E, numa corrida, ele passaria ali umas 60 vezes, então é uma menção que achei algo desnecessária, ou utilizada de forma meio apelativa. Pra mim, o enredo foi simples demais perto do seu potencial.

    Impacto – Gosto de escrever o comentário diz depois de ter lido o conto. Justamente para deixar que o texto descanse na memória. E aí vejo se ele se destacou ou não. Devo dizer que O Filho do Bispo passou praticamente despercebido, infelizmente. Não consegui me conectar com o conto, sobretudo porque não encontrei nele um enredo que conseguisse me conquistar.

    Conclusão – Seu conto é um bom trabalho, mas que não encontrou em mim um leitor adequado. Na comparação com outros dentro desse contexto do desafio, ele acaba perdendo para outros que apostaram em direções mais ousadas, com tramas mais originais. Acredito que ele vá encontrar leitores alvos melhores do que, inclusive.

    Bom, é isso. Boa sorte no desafio.

  2. Rodrigo Ortiz Vinholo
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Emocionante! Muito interessante, bem escrito, e quem escreveu realmente entende muito de corridas e da natureza humana. Um bom drama, bastante envolvente, como devem ser as histórias de superação. Mas achei a ligação com xadrez um tanto tênue, quase inexistente. Um nome de personagem e a bandeira da corrida… me deu a impressão que o autor queria escrever uma história de corrida e tentou encaixar a obra dentro desse tema.

  3. leandrobarreiros
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Uma abordagem interessante para o tema.

    No geral, o texto não funcionou tão bem comigo. Achei o final interessante, mas não consegui me conectar muito à história. Talvez por não entender nada de F-1 e corridas de carros.

    No que diz respeito à narrativa em si, sinto que o conflito foi apresentado um pouco tarde demais, o que deixou o ritmo do texto um pouco estranho para mim.

    Ponto alto do conto é conseguir vender o personagem como alguém de fato real em um curto espaço de tempo, introduzindo um núcleo familiar realista. Além disso, dá um ar de frescor ver alguém tentando uma pegada um pouco mais original no enredo, o que dá alguns pontos à história.

  4. Kelly Hatanaka
    12 de dezembro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Considerações

    Ethan Bishop disputa sua última corrida em meio a recordações do início de sua carreira no kart. O laço com o pai a fortalecer o amor à corrida. Os sacrifícios feitos em nome do esporte, a negação da dor, o auto sacrifício.

    Um bom conto sobre o amor entre pai e filho.

    Porém, apesar da ligação entre F1 e a casa do bispo no xadrez, e o nome Bishop de Ethan, a relação com o tema é muito fraco. Isso é um risco, do qual, tenho certeza, o autor estava ciente. Ou seja, o autor escreveu sobre o que quis, foi a história que ele quis contar e correu o risco de uma avaliação baixa.

    Não ganharia de mim uma avaliação baixa, visto que, de forma fraca ou não, o tema estava presente. Mas, temo que essa não seja a opinião comum.

    Gostei ou não gostei

     Gostei. É uma história bela e bem contada.

    Pitacos não solicitados

     Talvez fosse possível reforçar alguma conexão mais forte com o xadrez, através da estratégia do automobilismo.

  5. Fabio D'Oliveira
    12 de dezembro de 2025
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas!

    Um conto que brinca com emoções. Tem o formato ideal para o cinema. Feito para despertar sensações. Mas cadê o tema? O conto inteiro é sobre F1. Não basta ter referência, é necessário que o tema seja importante para a trama.

    Sinceramente, não tenho muito o que comentar sobre este conto. Não faço parte do público-alvo (não curto muito histórias que estimulam muitas emoções com momentos artificiais), então não curti muito. A escrita está boa. A leitura flui muito bem e os personagens são bem feitos.

    É isso, rs.

    Boa sorte no desafio!

  6. Suzy D. B. Pianucci
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de Suzy D. B. Pianucci

    Senti falta de mais elementos relacionados ao xadrez, sobre o filho do bispo, infelizmente não consegui me prender a história.

  7. Pedro Paulo
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Veja: este conto é potente, tem uma condução excelente que permite sentir a velocidade e toda a tensão envolvida na corrida. A abordagem do tema é o seu maior problema, mas penso que se eu pontuasse essa série, não zeraria a pontuação de tema, enquanto outros colegas que inseriram o xadrez na trama me viram ser mais impetuoso. Isto é porque o xadrez adjetivo tem peso decisivo na narrativa. Só acho que teria sido uma estratégia melhor suprimir parte do início, demasiado detalhado em sua aparência de prólogo, e inserir já ali a imagem da bandeira xadrez. Assim, a leitura não seria acompanhada da interrogação que só certames como este fazem surgir: e o tema?

    Bom conto. Abordagem arriscada.

  8. claudiaangst
    9 de dezembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Temos aqui – sim − a abordagem do tema Xadrez. Acho que fui a primeira a decifrar o enigma da relação entre Fórmula 1 e o jogo de tabuleiro. Quando uma partida começa, os bispos das Brancas estão localizados em c1 e f1. Logo F1 remete à casa onde um dos bispos está posicionado. Assim, também se justifica o título do conto: o filho do bispo. Afinal, o sobrenome paterno é Bishop, um bispo associado à F1. Além disso, há menção à bandeira axadrezada.

    O bispo é a peça que muitas vezes se sacrifica como estratégia para se avançar no jogo — isso transparece no sofrimento físico de Ethan na sua última corrida.

    O sotaque lusitano é evidente em várias passagens. Portanto, não vou me deter a detalhes relacionados à revisão. Só apontarei o que considero possíveis deslizes:
    • sacríficio > sacrifício
    • estar a jogar à bola > estar a jogar a bola
    • Voltaram à circuito > Voltaram ao circuito
    • Repetição de “tinha” (4x em um parágrafo)
    • nas boxes > nos boxes
    • há mais de trinta anos anos. > há mais de trinta anos.

    O desfecho dramático traz o protagonista acidentado sendo levado em uma maca para o pódio. Estar deitado em uma maca, derrotado, poderia ser simbolizado pela peça bispo tombado no tabuleiro. Porém, mãos o elevam do chão (tabuleiro) e o levam ao reconhecimento.

    Enfim, este é um bom conto, que agradará a muitos leitores aficionados pela F1, mas será alvo de críticas quanto à abordagem do tema proposto pelo desafio. Riscos assumidos como no circuito de Fórmula 1.

    Parabéns pela sua participação nesta última rodada. Boa sorte!

  9. Sarah S Nascimento
    27 de novembro de 2025
    Avatar de Sarah S Nascimento

    Olá! Estou comentando enquanto estou lendo e queria dizer que gostei da frase: “sorrisos afivelados nos rostos”. Tem tudo haver com o assunto do conto, karte! Kkkkk. Ainda não terminei seu conto, mas queria comentar que achei o tema muito original! Nunca havia lido um conto antes onde o personagem era um corredor de kart, eu adoro quando leio coisas assim diferentes sabe? Muito original mesmo!
    Achei super legal que o Ethan chegou a gostar do cheiro de borracha e gasolina, exatamente igual ao pai dele.
    Muito profunda e bonita a descrição da dor que tanto o pai quanto o filho compartilharam na morte do Senna. Da pra sentir como a corrida se tornou importante para o garoto.
    Uau, como estou aprendendo com seu conto! Que maneiro! Eu não fazia ideia de que carros de fórmula 1 tinham asas! Parece que a velocidade é tanta que o carro voaria! Estou chocada.
    Ai meu coração, Ethan tem de conseguir finalizar a corrida, vivo! O carro do cara tá morrendo e o pobre moço também porra, que nervoso! rs. Tô na parte que descreve o motor mais quente e o problema do sistema elétrico.
    Meu Deus, pensei que viria uma tragédia das boas, ai que alívio que ele tá vivo! E eu não sabia que no carro também se chama cockpit como no avião, maneiro.
    Cara, acabei de ler e que conto incrível! Eu adorei tudo nele, principalmente ter entendido melhor como é um carro de fórmula 1@ Tá muito bem escrito, consegui sentir a aflição nessa corrida. Bem, deu pra notar pelos meus comentários anteriores, kkkk.
    Vou considerar seu conto dentro do tema, por causa da bandeira axadrezada, mas tenho pra mim que talvez digam que está fora do tema viu? E além disso não entendi o título. O pai do Ethan era bispo? Ele não trabalhava numa fábrica? A esposa dele diz isso não diz? Então, porque filho do bispo? Não entendi.
    Esses são só detalhes, porque o seu conto com certeza é um dos meus favoritos!

  10. LEO AUGUSTO TARILONTE JUNIOR
    27 de novembro de 2025
    Avatar de LEO AUGUSTO TARILONTE JUNIOR

    Seu conto ficou interessante. A temática da auto superação é uma ideia inspiradora. O aumento gradual do conflito foi muito bem realizado. 

    Na minha opinião, a mera utilização da palavra bispo no sobrenome do protagonista e ainda em inglês, satisfaz fracamente os requisitos do desafio.

    Espero que minha crítica ajude em seu desenvolvimento na escrita. Também agradeço por você dividir comigo um pouco de seu universo literário. Além disso desejo ler outros contos seus nos próximos desafios.

  11. marco.saraiva
    23 de novembro de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Este conto brilha na estrutura. É muito raro eu ver este tipo de escolha narrativa funcionar: a história contada em parcelas, em flashbacks durante a ação. O primeiro ato é um pequeno preâmbulo, mas o âmago do conto é a última corrida de Ethan. E lá vemos tudo o que aconteceu desde a sua infância até aquela derradeira competição, cada nova curva uma nova lembrança, um novo dilema. Você fez isso com técnica incrível! Manteve a tensão o tempo todo, foi visual, foi visceral. Muito bem feito, mesmo. Senti-me ali junto de Ethan no carro, senti a tensão de todos que o amavam, o nervosismo do próprio piloto. A energia que o conto passou foi incrível! Se tem algo de negativo no enredo, só achei meio apelativo citar, do nada, um amigo da infância que morreu para o vício das drogas. Foi nome lançado ao ar e descartado, nunca mais abordado, basicamente uma frase de impacto para tentar adicionar um pouco de drama. E desnecessário, por que o conto já tem drama o suficiente com a incrível corrida e o final emocionante!

    Achei a inclusão do tema uma forçada de barra inacreditável mas… parando para pensar, não está fora do tema, né? Afinal, o desafio é uma “abordagem livre” de xadrez, e você pegou a bandeira axadrezada e visualizou uma abordagem única. Me fez torcer o nariz mas… é válido.

    PS: fui até as regras do desafio e está escrito lá o seguinte:

    Xadrez e seus derivados: histórias que envolvam o jogo de xadrez em si E/OU elementos que remetam às peças do jogo: cavalos, peões, reis, rainhas, etc.”

    Então, em teoria, o seu conto está fora do tema. Mas ainda acho que a sua abordagem, apesar de forçar muito a barra, é válida.

  12. leila patricia de sousa rodrigues
    22 de novembro de 2025
    Avatar de Leila Patrícia

    O autor começa bem, mas para mim logo ficou claro que ele confia mais na explicação do que na cena. Tudo é dito, pouco é vivido. Os personagens parecem funcionar só como engrenagens, não como gente — e isso tira peso das escolhas, deixa tudo mais protocolar do que pulsante.

    A narrativa até tenta criar tensão, eu sentia ela vindo, mas o texto parece sempre um passo atrás do próprio tema, como se tivesse medo de se comprometer emocionalmente. O autor aponta para um conflito forte, mas trata como se fosse menor, limpinho, quase higienizado. A história precisava de menos controle e mais entrega.

    No fim, o conto passa, mas não fica. Faltou arriscar mais.

  13. toniluismc
    20 de novembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Olá, Ethan!

    Se você está no grupo de WhatsApp do EC (e acredito que esteja), já recebeu bastante aplauso por este texto. Então, para evitar maiores constrangimentos (da minha parte, no caso), serei objetivo nas ponderações:

    1. Técnica

    Pontos fortes

    • Escrita sólida e madura: Claramente um texto em português europeu, com domínio sintático e fluidez narrativa.
    • Boa construção emocional: A relação entre pai e filho é bem desenvolvida, com nuances e ternura genuína.
    • Estrutura linear clara: O conto alterna entre passado e presente de forma compreensível e coesa.
    • Descrição competente do universo das corridas: O autor demonstra algum conhecimento do ambiente automobilístico, transmitindo verossimilhança.

    Pontos negativos / Oportunidades de melhoria

    • Excesso de sentimentalismo explícito: O conto enfatiza continuamente dor, esforço, superação, amor paternal, lembranças tristes — tudo isso dito de forma muito direta, sem sutileza. Fica melodramático.
    • Ritmo irregular: A parte inicial (infância) é extensa e detalhada, enquanto a parte final (clímax da corrida) torna-se repetitiva pela sobrecarga de descrições de dor + curvas + travagens.
      → O leitor pode sentir cansaço pela redundância.
    • Falta de tensão real: Apesar de todo o drama em torno da dor física, sabemos desde cedo que o protagonista é “um lutador” e que está a viver o “último grande momento”. Não há real surpresa.
      → O conto segue os tropos clássicos do herói esportivo — previsível.
    • Personagens unidimensionais:
      • Ethan: lutador, determinado, quase impecável.
      • Pai: amoroso, perfeito.
      • Chefe: preocupado.
      • Rivalidade esportiva: inexistente.
        Esse universo moral sem arestas reduz a complexidade e a densidade literária.
    • Tendência ao didatismo emocional: Frases como “É a minha luz”, “Nunca a esqueço”, “o pai mais realizado do mundo” são muito declarativas e tiram profundidade emocional. O texto “diz” o que o leitor deve sentir, em vez de “mostrar”.

    2. Criatividade

    Pontos fortes

    • Boa narrativa de formação esportiva: A ideia de acompanhar um piloto da infância ao auge e declínio é simpática e acessível.
    • Cenas bem visualizadas: A reconstituição da curva Tamburello, por exemplo, cria conexão emocional com fãs de F1.

    Pontos negativos

    • Total desconexão com o tema “Xadrez”:
      Aqui está o problema central e incontornável.
      → O único vínculo é o sobrenome Bishop (que é Bispo em inglês) e a bandeira axadrezada — elementos decorativos, não temáticos.
      → Nada referente à lógica do jogo, suas peças, estratégias, metáforas, conflitos ou estética aparece na narrativa.
    • Forçar a bandeira axadrezada como elo temático não funciona: Tentar considerar a bandeira da F1 como referência ao xadrez é interpretar de forma artificial. Essa bandeira não tem função metafórica no texto, apenas marca o fim da corrida.
    • História extremamente convencional: “Piloto supera trauma de infância, dor física e expectativas externas para chegar ao pódio pela última vez.”
      → É uma narrativa já bastante explorada em filmes, contos e reportagens.
      → Nada de novo ou surpreendente é acrescentado.
    • Ausência de elementos metaesportivos ou reflexivos mais profundos: O texto tenta tocar em temas como a relação pai-filho, superação, perda, mas sem desenvolvê-los filosoficamente ou esteticamente de modo original.

    3. Impacto

    Pontos fortes

    • Desperta emoção em leitores que gostam de automobilismo: Para quem já acompanha F1, alguns momentos podem ativar memórias (ex.: Tamburello e Senna).
    • O final tem apelo visual dramático: O piloto sendo levado ao pódio de maca, rodeado pelos outros — é cinematográfico.

    Pontos negativos

    • Impacto limitado para quem não gosta de F1: O conto não oferece camadas metafóricas, filosóficas ou poéticas suficientes para transcender o tema automobilístico.
      → Para um leitor neutro, ele se torna simplesmente uma narrativa esportiva longa.
    • Excesso de sentimentalismo enfraquece a força dramática: A tentativa constante de gerar emoção acaba saturando.
      → O texto quer muito que o leitor chore, e isso se torna perceptível.
    • Falha no cumprimento do tema mina parte do impacto: Quando o leitor sabe que o conto deveria envolver xadrez, todo o investimento emocional se torna secundário — porque o texto não cumpre o desafio proposto.
      → Isso compromete a recepção do conto — ele pode até comover, mas não funciona dentro do contexto temático.
    • O clímax não adiciona nada inesperado: O final é esperado desde metade do texto — não há reviravolta, reflexão aprofundada, ambiguidade moral ou subtexto simbólico.

    De todo modo, parabéns pelo texto e boa sorte no desafio!

  14. cyro eduardo fernandes
    17 de novembro de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto bem desenvolvido. Ousado ao tangenciar o tema do desafio. Gostoso de ler, descrevendo bem a emoção de uma corrida. Òtima técnica e deixa a marca do uso do português luistano.

  15. Alexandre Parisi
    15 de novembro de 2025
    Avatar de Alexandre Parisi

    Gostei bastante deste conto — ele é emocional, direto e muito bem estruturado. A relação entre Ethan e o pai é o coração da história, e isso funciona lindamente. A infância, o medo inicial, a paciência do pai e a lenta descoberta da paixão pelas corridas criam um arco sincero e convincente. A transição para a F1 é fluida, e o texto consegue equilibrar nostalgia e tensão de maneira eficaz.

    A parte final, com Ethan lutando fisicamente para terminar a corrida, é intensa e até angustiante — no bom sentido. Você sente a dor, o esforço e o significado emocional daquela última bandeirada. O pódio na maca é piegas? Um pouco. Mas funciona, porque foi bem construído.

    Como ponto fraco, às vezes o texto explica demais os sentimentos — dava para confiar mais no leitor. Há também alguns clichês (“a adrenalina que o impedia de desistir”, “o pai mais realizado do mundo”), mas nada que estrague a experiência.

    Gramática bem cuidada.

    No geral, forte, emotivo e envolvente.

  16. Antonio Stegues Batista
    13 de novembro de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Um bom conto de corrida de automóveis, mas onde está o tema?

  17. Martim Butcher Cury
    4 de novembro de 2025
    Avatar de Martim Butcher Cury

    A crítica, quando prioriza a adjetivação sobre a análise, corre o risco de igualar-se à mera opinião. Mesmo sabendo disso não vou resistir: o conto é sentimentalista demais. Piegas. A mensagem de superação se sobrepõe ao interesse que o jogo com a forma poderia suscitar. O problema, creio, é que a história se coloca de saída a serviço de uma ideologia, uma visão de mundo pré-concebida que, por sinal, é bastante questionável. Sacrifício em nome de quê? De quem? Se ao menos a relação entre o pai e o filho tivesse uma questão pendente, vá lá. Ainda assim seria sentimentalista, mas pelo menos haveria uma razão pessoal para o sacrifício.

  18. Kauana Kempner Diogo
    4 de novembro de 2025
    Avatar de Kauana Kempner Diogo

    A obra possui um ritmo fluido, alterna entre passado e presente excelentemente. O conto é coeso e preciso, descreve detalhadamente sensações e memórias, criando uma harmonia emocional admirável. O conto é mais clássico e direto, aposta na emoção e no arco heroico.

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Publicado às 2 de novembro de 2025 por em Liga 2025 - 4A, Liga 2025 - Rodada 4 e marcado .