EntreContos

Detox Literário.

A História de Ferdinand Dunkel (Gustavo Araujo)

Com toda a força que tinha, puxou-se árvore acima. Jamais estivera tão alto naquele carvalho. Dali podia ver sua casa, pequenininha, onde seu pai consertava arreios e bridões. Também conseguia enxergar a mãe, lavando roupa no rio que corria ali perto. Se esticasse a vista, podia identificar até as muralhas que protegiam Schwarzland, o Reino Negro.

Seu nome era Ferdinand. Ferdinand Dunkel. Miúdo, dez anos de idade, aparentando menos. Dono de olhos pequenos e apertados, tinha como traço distintivo uma mancha de nascença no pescoço. Não era lá muito inteligente, mas sua imaginação era infinita, uma espécie de passagem secreta para qualquer lugar, para qualquer momento.

Súbito, já não estava no topo de uma árvore enorme, mas no alto de uma montanha. E porque gostava de cavalos, liderava a cavalaria de um exército fabuloso:

― Por ali, homens ― bradou determinado. ― Vamos encurralar esses infelizes! É hora de mandá-los de volta ao Reino Weiss!

Com sua espada de lâminas afiadas, na verdade um galho fino, cortava o ar, como se debelasse os inimigos. Num movimento mais entusiasmado, porém, perdeu o equilíbrio. Os pés giraram em falso implorando um apoio inexistente. Coração, nervos, braços, tudo se agitou com a emergência da autopreservação. E naquele instante infinitesimal, os olhos pequenos e apertados de Ferdinand Dunkel voltaram-se para baixo, antecipando o choque com o solo… que nunca aconteceu.

Quando se deu conta, estava parado no ar, feito passarinho. Flutuando de verdade. Não, não era imaginação. Era real. Ferdinand conseguia voar. Sim, voar! Mexia os braços, subindo e descendo. Era inacreditável, como nadar no rio, só que melhor, pois o ar era infinito.

“Posso voar!”, pensou. “Que dia feliz!”

Não tardou a contar aos pais sobre sua nova habilidade. Claro, nenhum deles acreditou. Por isso Ferdinand subiu ao telhado de casa, chamando-os num tom urgente. Quando o viram lá em cima, perguntaram se estava louco, implorando em seguida para que descesse, pois podia quebrar uma perna, um braço ou o pescoço.

― Só funciona se eu me jogar de um lugar alto! ― disse o menino, exalando confiança.

Aprumou-se então na beirada, abriu os braços e atirou-se no vazio. A mãe quase desfaleceu, certa de que ele despencaria para a morte eterna. Mas não, Ferdinand deslizou no ar por alguns minutos até pousar no gramado em segurança. Os pais correram para abraçá-lo, aliviados, todavia incertos sobre o que tinham testemunhado.

― Muito estranho ― disse o pai, mais tarde.

― Estranho mesmo ― concordou a mãe.

Decidiram assim procurar o bispo. Ele saberia o que dizer.

No dia seguinte, vencendo uma chuva torrencial, levaram o garoto até a igreja. Com sua bata negra e comprida, a expressão grave marcada por décadas de sacerdócio, inclusive exorcismo, o bispo aproximou-se em diagonal pelo átrio. Exalava a simpatia de um cobrador de impostos. Impassível, ouviu atentamente aquela alegórica família. Ao fim, respirou fundo, mas não disse nada.

Um trovão se fez ouvir.

Em seus tempos de jovem clérigo, não hesitaria em mandar os três para o inquisidor. A fogueira sempre recebeu bem pessoas limitadas e mentirosas. O problema era o menino, aqueles olhos pequenos e apertados, aquele ar estúpido no rosto, a imagem da inocência. Talvez, por ele, merecessem uma segunda chance.

Outro estrondo.

― Algo me preocupa ― disse o religioso, a expressão indecifrável.

Os pais acompanhavam à distância, mas viram quando o homem passou os dedos ossudos pela mancha de nascença que Ferdinand tinha no pescoço.

― Há claros sinais do inominável… ― disse ele

A mãe tapou a boca com as mãos, sufocando as palavras.

― Como assim, eminência? ― indagou o pai sem esconder o nervosismo.

― Peões não voam, meu senhor. Movem-se lentamente, um passo depois do outro.

― Mas… ― começou dizer a mãe.

― Este menino não deve voar ― interrompeu o bispo. ― É contra as regras da natureza. As consequências podem ser terríveis!

― Eu sabia… ― lamentou-se a mãe. ― Isso não podia ser coisa de Deus…

Ferdinand assistia a tudo. Não entendia direito a conversa, mas não lhe escapara a parte que o proibia de voar. E isso, inevitavelmente, o fez macambúzio, enchendo os olhos de lágrimas.

Fingindo insensibilidade, o bispo disse:

― Rezem mil Ave-Marias e mil Pais-Nossos, cada um, inclusive você, rapaz. Vai ajudar a passar a tristeza. E, por derradeiro, esqueçam essa história de voar.

― Sim, eminência ― disseram os pais ao mesmo tempo, como se tivessem ensaiado.

― Isso é tudo. Vão em paz ― arrematou o clérigo, desaparecendo em seu caminhar oblíquo pela nave da igreja.

Ferdinand Dunkel não mais voou. Pela graça de Nosso Senhor, cresceu e tornou-se um jovem homem. As lembranças de que um dia havia pairado no ar terminariam sufocadas por recordações outras, quase sempre irrelevantes, lançadas em um abismo insondável pelas horas, dias e anos que se seguiriam.

Os pais, naturalmente, se empenharam para que Ferdinand voltasse suas preocupações para o futuro, dizendo a ele que deveria ser alguém, ter um propósito de vida. A pouca inteligência do rapaz, porém, era um obstáculo – jamais seria admitido como aprendiz ou artesão onde quer que fosse. Apenas um lugar poderia acolhê-lo: a cavalaria.

Começaria como aprendiz, mas poderia ser alçado a pajem ou algo assim em pouco tempo, disseram. Como peão de Suas Majestades o Rei e a Rainha, passaria a viver e a existir naquelas baias. Jamais veria novamente os pais, que morreriam de bexigas pouco tempo depois.

Acostumando-se às estrebarias, Ferdinand olhava para o futuro, como lhe fora recomendado. Obedecer era bom, dava-lhe conforto. Tinha poucos amigos, é verdade, eis que pajens, escudeiros e mestres de armas preferiam ignorá-lo. Mas acreditava que isso haveria de mudar. Que um dia estaria sentado com todos aqueles sujeitos em volta de grandes fogueiras, trocando insultos e contando mentiras sobre batalhas e guerras, como fazem os amigos.

Certo dia, o chefe das cavalariças culpou-o pelo desaparecimento da armadura de um graduado. Uma acusação falsa, mas que acabou vingando dada a incapacidade do rapaz em se defender. Mesmo sem provas, Ferdinand Dunkel foi expulso sumariamente das fileiras cavalarianas, sem direito a choro nem vela.

De um momento para o outro deixava de pertencer àquele grupo, via-se afastado definitivamente de seus camaradas, aquela gente que o excluía de modo solene, é verdade, mas que um dia viria a abraçá-lo, isso era certo.

Ninguém sabia, contudo, que por aqueles dias o reino Weiss havia reunido um exército numeroso nas cercanias de Schwarzland. Arqueiros, lanceiros e cavaleiros com suas armaduras brancas e imaculadas, montavam um cerco a que se seguiria uma invasão.

Alheio a isso (como todos os habitantes de Schwarzland), Ferdinand buscava conforto e consolo em suas raízes. Deixou-se levar até a casa em que crescera, rendendo-se aos fantasmas de seus pais e de si próprio. Em meio às ruínas reais e de suas memórias, viu a mãe depenando uma galinha, viu o pai, concentrado, reparando arreios e bridões. E viu a si mesmo brincando no alto do velho carvalho, como capitão de uma falange imaginária, bradando impropérios e impelindo seus homens adiante até… Voar.

Sim, naquele dia em que tornou a casa, ou o que dela havia restado, Ferdinand Dunkel sem querer revolveu o fundo do despenhadeiro em que jaziam suas memórias mais recônditas e lembrou-se de que podia voar. Que era um peão que voava.

Ah, precisava voltar ao regimento. Mostrar do que era capaz. Se vivos, talvez seus pais não aprovassem a ideia, muito menos o bispo com cara de texugo, mas era o certo a fazer. Era o certo. Porque era seu propósito, era o que o transformava em alguém. Pajens, escudeiros e mestres de armas ficariam admirados. E evidentemente o chamariam para a próxima roda de fogueira, contando a todos que ele podia voar e que isso não era mentira.

Entrementes, sentinelas destacadas de Schwarzland por fim descobriram os planos do Exército Branco. Que as legiões e colunas de Weiss marchavam rumo aos portões do Reino Negro munidos de armas fantásticas, até mesmo desconhecidas. O ataque, garantiram, era questão de dias, ou mesmo horas.

O pânico se alastrou rapidamente. Ninguém estava preparado para repelir uma ofensiva como a que se anunciava. Ainda mais porque o Rei, uma figura distante e, diziam, com os movimentos comprometidos há tempos, mantinha-se em silêncio quanto à estratégia de defesa.

Ante à ameaça, o comandante da Cavalaria Negra resolveu agir por conta própria. Confiante, empregou seus homens e animais em uma manobra ousada, ora avançando, ora seguindo pelas laterais. A tática, porém, foi descoberta. Meia dúzia de cabeças acabariam deixadas nos portões de Schwarzland naquela mesma noite como prova do fracasso. O recado do exército de Weiss era claro: entreguem-se ou sofram as consequências.

Contudo, o Reino Negro jamais se renderia sem luta. Durante a madrugada, peões improvisados haviam se posicionado nas ameias – gente de todo tipo, mendigos, bêbados, meninos e velhos, alguns armados de espadas e lanças encanecidas, outros com as mãos nuas. Velhos escudeiros, remanescentes de outras guerras, também se apresentaram, portando elmos e coletes enferrujados. Óleo fervente fora trazido, assim como tochas prontas para uso.

Em algum momento, o som familiar de cordas se esticando varou o ar, seguido de um gemido estridente. Um par de segundos depois, uma pedra gigantesca se chocava contra as muralhas. Os malditos tinham uma catapulta. Uma catapulta. Em seguida vieram os estrondos. Contavam com um aríete também.

Ferdinand tinha achado estranho quando se aproximou de seu antigo regimento e viu as baias vazias. Onde estavam os homens? Alguém lhe disse que Schwarzland estava sob ataque e que todos haviam sido convocados para a defender o reino.

Sem demora, tomou o rumo do portão principal. E ao correr naquela direção percebia que essa era a grande chance de sua vida. Que se chegasse à torre poderia se atirar lá de cima e que, pairando no ar feito um abutre, conseguiria informar a seus capitães a posição das forças oponentes. Era uma ideia fantástica, perfeita.

Ao aproximar-se dos paredões de pedra, percebeu as cores e os sons do inferno. Flechas cruzavam o céu, espadas se chocavam e produziam faíscas. Poças de sangue, membros amputados… Gritos e lamentos por toda parte. E fogo. Labaredas assombrosas dançavam nos céus, colhendo almas desavisadas. Era o hades, nada mais, nada menos.

Ferdinand foi dominado pela urgência. Não tinha tempo a perder. Protegendo-se com um pedaço de madeira chamuscada, chegou à base dos muros. Havia ali um canal estreito, construído para o escoamento d’água e que terminava na torre principal. Estreito, escuro e sufocante, era por ali que deveria seguir.

A queda de Schwarzland parecia iminente e aos peões negros não restava alternativa senão um milagre. Foi quando, de forma inesperada, viram surgir uma mulher. A Rainha. Vinda não se sabe de onde, trajava um manto negro. Segurando uma longa espada com ambas as mãos, assemelhava-se a um serafim da morte. Seus movimentos rápidos, cruéis e certeiros clamavam as vidas inimigas em todas as direções. Como se regesse um réquiem, tomou a frente do combate, instilando nos desgraçados de sua própria infantaria o germe da invulnerabilidade.

No túnel em que rastejava, Ferdinand notou enfim uma luz. A torre. Estava exausto, mas não se importava. Ali estava seu perdão. Pôs-se de pé ao chegar a uma escadaria que acompanhava as paredes circulares rumo ao topo.  Degrau a degrau, passo a passo, seria ele, no fim, o maior responsável pela derrota do exército branco. Alguém que seria celebrado, acolhido pelos seus. Porque era um peão que voava.

Com seus olhos pequenos e apertados notou a janela do topo. Sem pensar subiu no parapeito e, alheio à batalha, ao fogo e ao choque das espadas, aprumou-se na beirada, abriu os braços e atirou-se no vazio. Ao ser envolvido pelo ar, porém, Ferdinand Dunkel foi mortalmente atingido por uma flecha vinda de um lugar qualquer, em meio a tantas outras. Uma flecha que atingiu sua mancha de nascença no pescoço, fazendo-o despencar torre abaixo. Ao atingir chão já estava sem vida.

Graças à intervenção da Rainha Negra, Schwarzland repeliria o inimigo. O exército Weiss, ou ao menos o que restara dele, voltaria envergonhado a seu reino. A Rainha Negra seria celebrada e rememorada nas décadas por vir como modelo de coragem e bravura. Mas Ferdinand, ah, o peão Ferdinand, estatelado no chão junto à torre seria apenas mais uma baixa daquela guerra infame.

E nenhum pajem, escudeiro ou mestre de armas, nenhum cavaleiro e nem mesmo a Rainha, ninguém jamais saberia que Ferdinand fora capaz de voar.

Sobre Fabio Baptista

Avatar de Desconhecido

20 comentários em “A História de Ferdinand Dunkel (Gustavo Araujo)

  1. Andre Brizola
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Will!

    A história de Ferdinand Dunkel é uma tragédia, contada de forma a mostrar o quanto a insignificância dos insignificantes, por mais que se destaquem em algo, ainda é sua principal característica. Ferdinand é descartável, é nulo, é um ninguém que sonhou em ser algo que nunca poderia, não no mundo em que foi inserido.

    Técnica – Tudo certinho aqui. Acho que o conto ganha força por estar bem ajustado tecnicamente. É bem revisado (senti falta apenas de um artigo em “atingir o chão”, mas que não é obrigatório, mas que deixaria a frase mais agradável), bem estruturado no que diz respeito à distribuição de informações, com parágrafos de tamanhos adequados. O vocabulário utilizado é condizente, vai além do coloquial sem ser pedante e raramente falha no que está tentando dizer. Não há frases com excessos, não há adjetivação desnecessária. Por outro lado, ele está certinho, mas não há nada realmente digno de nota.

    Enredo – É no enredo que reside o que há de mais interessante neste conto. A vida de Ferdinand é o relato do cidadão médio, que passa pela vida sem deixar sua marca, sendo um número, produzindo para outros, recebendo menos do que deveria, e morrendo como um ninguém. A crítica contida é devida e forte. Mas acho que a ambientação poderia ter sido um pouco mais trabalhada. Entendo que pela temática do xadrez a presença do bispo faz sentido, mas em um cenário com a inquisição, pai nenhum levaria seu filho com uma marca no pescoço, e que voa, para ver o homem, em seu ambiente. Não consigo comprar essa ideia, sinceramente. E dela vem desdobramentos importantes do roteiro. Isso é algo que me faz questionar o quanto o tema está ajustado ao enredo.

    Impacto – Gosto de escrever o comentário dias depois de ter lido o conto, para entender como ele vai se encaixar na minha cabeça. Lembrar do conto, mesmo que sejam de passagens que considero como ruins, ainda assim é lembrar do conto. E este aqui teve, sim, algum impacto, pois pensei nele em alguns momentos, pensando sobre a crítica contida no enredo.

    Conclusão – Gosto de pensar que o conto tem mais qualidades que defeitos, mas no geral acho que a crítica é mais forte do que o enredo. O final é forte, impactante, mas acho que é pouco para fazer com que a totalidade do conto se destaque. A utilização do xadrez é outro detalhe que também não me pareceu legal.

    Bom, é isso. Boa sorte no desafio!

  2. Rodrigo Ortiz Vinholo
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Muito interessante! Gosto desse estilo de fantasia que às vezes é mais avoado (sem intenção de trocadilho), e outras vezes é menos, mas que funciona muito bem e enche o texto de personalidade. O paralelo com uma partida de xadrez fica bem claro, mas não por isso há um problema: o texto funciona bem, diverte, e a história é envolvente. Parabéns!

  3. leandrobarreiros
    13 de dezembro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    De início, achei uma história competente com um certo exagero nas referências de xadrez, quase como se ficassem deslocadas da história. Depois de um tempo, percebi que o problema estava mais nos meus olhos. Como se trata de um desafio sobre o xadrez, eu já fico buscando as referências. Mas se eu cruzasse com esse texto em um desafio aleatório, teria me deliciado em perceber e encontrar essas coisas. No fim das contas, então, acabei gostando das referências ao longo do texto.

    Eu achei que a ideia de o Ferdinand voar acabaria revelando que ele era, na verdade, um cavaleiro, e o lance de voar seria uma alusão ao salto de peças que o cavalo faz. Não sei se era essa a intenção, mas acabou ficando um pouco estranho com o fato de existirem cavaleiros na história que não voam. Imagino, portanto, que não consegui pegar bem a questão do voo dele. Talvez representasse a possibilidade de o peão se tornar qualquer peça, não sei.

    Outra coisa que me chamou a atenção no texto foi que muitas passagens são mais narradas do que mostradas. Muitas vezes a galera aponta a questão do “show don’t tell”, mas eu acredito que existe um certo exagero nessa crítica, especialmente em um espaço limitado como um conto. Aqui, acho que funciona bem, e essa coisa de narrar as cenas com uma certa distância dá um toque de história oral que acho que se encaixou bem nessa história.

    O final me pegou de surpresa. Não esperava que Ferdinand acabasse sendo apenas um peão e, acima de tudo, não esperava um final trágico na narrativa. Mas funciona.

    Um bom conto.

  4. Kelly Hatanaka
    12 de dezembro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Considerações

    A história de um peão. Um menino pobre, de pouca inteligência e grande imaginação, que descobre que pode voar. Seu talento é oculto por ordem do bispo e acaba quase esquecido até que uma batalha lhe parece uma boa oportunidade para usar seu dom e ganhar a admiração das pessoas.

    Ferdinand é aquela pessoa que não tem muito a seu favor na vida. O que ele tem, como um milagre, como algo que é parte de sua natureza, ele não pode usar, nem para angariar “vantagens” nem por mero prazer. Ele é impedido por um poder externo, institucional, que não poderia se importar menos com ele.

    Faria bem em ter deixado seu dom em segredo e voado o quanto quisesse. Mas não podia. Precisava mostrar aos pais, que não compreenderam.

    Na cavalaria, foi desprezado, injustiçado e expulso.

    E, quando viu a batalha, pensou que seria o momento de por seu dom em ação e ser reconhecido pelos seus. Mas ao invés, é morto, anônimo, apenas mais um, enquanto a glória foi para a rainha.

    Gostei ou não gostei

     Gostei. Achei a ambientação muito boa, uma escrita excelente, engajante. 

    Pitacos não solicitados

     Achei o final anticlimático, mas entendo que foi justamente essa a intenção. Ferdinand foi um injustiçado pelos seus e pela vida, destinado a ser um peão sacrificado. Seu dom de voar talvez fosse apenas para sua alegria e que pena que nem disso ele desfrutou.

  5. Pedro Paulo
    11 de dezembro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    Este é mais um conto que adapta o xadrez por uma abordagem mais literal da guerra entre o branco e o preto, interpretação recorrente do tema. Outra coincidência é se dedicar a um personagem representativo do peão. Mas um peão especial. Achei a contextualização da guerra entre os reinos e o cenário medieval convincentemente representados, mas para mim o que se sobressai é a caracterização do personagem principal e sua persistente vontade de ser aceito, mesmo quando recobra o seu dom, o que o faz único fica posto a serviço de conquistar os outros e se provar para as pessoas como alguém digno de simplesmente ser bem tratado. Isso já é trágico em si, mas a autoria optou pelo fim ainda mais trágico de apoucar seu personagem na banalidade imperceptível de uma baixa da guerra. Achei a escolha equivocada, em especial por finalizar uma boa narrativa de um modo anticlimático que diminui a força que o dom do voo tem no começo.

  6. Fabio D'Oliveira
    8 de dezembro de 2025
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas!

    O começo deste conto é maravilhoso. Eu gostei muito. É tudo perfeito, no meu ponto de vista. Narrativa bem cadenciada, protagonista com um conflito interessante, descrições vivas e assertivas, introdução cativante. Admito que criei expectativas. Fiquei animado. Gosto de histórias que saem do óbvio. E, talvez por culpa minha, acabei me frustrando. Não gostei tanto do restante do conto. O personagem de Ferdinand perde muita força quando ele é apresentado como um adulto burro e passivo. No começo, tive a impressão que ele era mais ousado, mais corajoso. A guerra teve pouco impacto, por causa do seu desenvolvimento tardio, e as descrições do combate não me conquistaram. Para mim, não acompanhou a qualidade narrativa do restante do conto. No final, todo o esforço de Ferdinand foi em vão. Ele pula da torre e morre de forma estúpida, reforçando a ideia de que um peão sempre será um peão. Acredito que explorar o conceito da promoção do peão poderia tornar o conto mais interessante. E talvez não perder muito tempo descrevendo o combate de forma onisciente. Descrevê-la a partir do ponto de vista de Ferdinand, no meio da sua busca por aprovação, tanto dos outros, quanto de si mesmo, seria mais interessante. 

    Entendo que a intenção foi quebrar a expectativa do leitor em relação ao destino de Ferdinand. Percebi que o final poderia ser assim depois que a narrativa começou a repetir a ideia de que Ferdinand era apenas um peão, que queria se encaixar num lugar, etc. Depois que a rainha foi apresentada, e o conto estava chegando no final, tive certeza de que o destino do protagonista seria trágico. O conto não é ruim. Longe disso. A escrita está redondinha. Apenas queria um desfecho mais criativo. 

    Não posso deixar de comentar que uma coisinha. Antes de ler esse conto, vi alguns comentários no grupo de WhatsApp. Uma pessoa comentou sobre algumas incongruências históricas no conto, como o pronome de tratamento do bispo. Não concordo com ele. O conto não se propõe a ser realista. Muito pelo contrário, me parece uma fantasia sombria com temática medieval. Oras, na nossa realidade, nenhuma rainha vai pro campo de batalha, principalmente no fronte, e ainda é a fodona, HAHAHAHAHAHAHA. Como se exige exatidão de termos históricos, até de comportamento, num conto de fantasia? Que falta de noção.

    Boa sorte no desafio!

  7. Mariana
    4 de dezembro de 2025
    Avatar de Mariana

    Estou lendo a A, os comentários serão menores – mas não significa que a leitura foi menos proveitosa.

    É um conto interessante: uma árvore, que cai no meio de uma floresta, faz barulho?

    Usa da condição de peão do Ferdinand para tratar sobre nossas habilidades, o quanto somos podados ao longo da vida por normas e restrições, diferentes saberes etc. Ferdinand é um personagem interessante, me lembrou do pobre Kaspar Hauser. Parabéns pelo trabalho.

  8. Sarah S Nascimento
    27 de novembro de 2025
    Avatar de Sarah S Nascimento

    Olá! Seu conto faz excelentes analogias com as peças de xadrez, o protagonista, a própria rainha, a guerra em si. Toda a descrição da guerra está muito boa. Gostei principalmente quando descreve todos os habitantes prontos pra lutar, de meninos a idosos, de bêbados a velhos guerreiros. Essa cena ficou tão emocionante! Dá aquele clima de antecipação. Suas descrições de locais como o túnel que o Ferdinand se arrastou pra chegar na torre, a pedra que atinge a muralha, até a forma de voar, dizendo que era como nadar num rio, só que melhor porque era no ar, isso ficou tão legal e empolgante de imaginar!
    Achei o conto bem escrito, mas confesso que me perdeu em certa parte. Mas imagino que seja por conta de toda a questão da guerra, isso não costuma me prender tanto. Ainda assim gostei de como tudo foi feito.
    Achei que a história flui bem e eu não esperava que o coitado do Ferdinand ia se esborrachar no chão, coitado. E morto por uma flecha da rainha, eu fiquei com medo que ele fosse levar flechada mesmo quando ele pensou em saltar antes. Mas talvez o ponto chave foi ter sido ferido bem no lugar onde tinha a mancha de nascença. Fiquei com muita pena dele no final do conto.
    Eu pensei que ia acabar com um final feliz, com aquela jogada do peão que é promovido, ou que ele tipo voaria por cima do rei, rs. Então fiquei triste que ele tenha morrido e o dom dele nunca nem tenha sido visto por ninguém além dos pais. Ainda sim, bem legal seu conto!

  9. claudiaangst
    23 de novembro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    O tema proposto pelo desafio foi abordado de forma criativa, simbólica. Temos elementos que remetem ao jogo de xadrez: cavalos, rei, rainha, peão, bispo, além da oposição entre o Reino Weiss – o reino Branco e Schwarzland, o Reino Negro.

    Ferdinand Dunkel nada mais é do que um peão, uma peça qualquer no tabuleiro do poder. Quando eliminado não deixa rastro, sua falta não é notada, não fica para a história. “Peões não voam, meu senhor. Movem-se lentamente.”

    “Dunkel” é uma palavra alemã que significa “escuro”. A flecha atinge exatamente a mancha de nascença de Ferdinand Dunkel, como se ele estivesse o tempo todo marcado para morrer. Um alvo humano.

    Narrador onisciente, ritmo bem equilibrado no desenvolvimento da trama. Não encontrei lapsos de revisão importantes.

    Um bom conto, com alto teor simbólico, talvez uma crítica à sociedade que enaltece os poderosos, enquanto usa e se livra dos peões (trabalhadores).

    Parabéns pela sua participação nesta última rodada. Boa sorte!

  10. marco.saraiva
    21 de novembro de 2025
    Avatar de marco.saraiva

    Esse conto navega diversas águas diferentes, todas elas interessantes. Em um primeiro momento, ele se apresenta como a história de um menino cujos sonhos (e poderes!) são mantidos em xeque por repressão religiosa e ele, ainda muito jovem para entender que estava sendo oprimido, segue quieto, com aquele poder latente dentro de si.

    Então o conto vira um épico fantástico, com guerra entre reinos, rainha guerreira, capitães heroicos. Entre as linhas destas tramas, as metáforas e paralelos com as peças de xadrez se fazem como terceira narrativa. E no final ele resgata a primeira historia, o cavaleiro que se vê menino novamente e sabe voar, mas termina com uma tragédia, quase como um conto de cautela: a repressão religiosa impedindo um jovem de seguir a sua real vocação e que, por causa disso, descobre-a tarde demais e morre antes de realizá-la. Talvez se a tivesse exercido desde o início, não estivesse morto!

    Enfim, um conto interessante, quiçá um pouco “conta demais, mostra de menos“, com uma linguagem um pouco burocrática ao meu ver, mas que conta uma história leve (apesar do final trágico!) e que me prendeu.

  11. cyro eduardo fernandes
    17 de novembro de 2025
    Avatar de cyro eduardo fernandes

    Conto criativo com excelente técnica. A marca de nascença do Peão serviu de alvo para sua morte. O derradeiro vôo foi triste. Interessante a força da Rainha e a ausência do Rei.

  12. Alexandre Parisi
    15 de novembro de 2025
    Avatar de Alexandre Parisi

    Gostei muito desse conto — ele tem alma e ritmo. A história é trágica e simbólica, misturando inocência, fé e destino com uma ironia amarga. Ferdinand é um personagem cativante, meio ingênuo e puro, e isso torna seu fim especialmente doloroso. A metáfora do “peão que voa” é excelente: simples, mas poderosa, sintetizando o desejo de transcendência em meio à mediocridade e à obediência.

    O enredo é fluido e prende até o fim; não se arrasta. A escrita é madura, elegante, e o equilíbrio entre fantasia e realismo é bem conduzido. Pequenos excessos de adjetivos e repetições poderiam ser aparados, e há uma ou outra vírgula mal posicionada, mas nada grave.

    O conto me deixou melancólico, quase com raiva do destino, mas admirando a beleza da queda inevitável. É uma narrativa simbólica e emocionalmente eficaz.

  13. Antonio Stegues Batista
    10 de novembro de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Quando menino, Ferdinand descobriu que podia voar, mas precisou esconder o seu dom para não ser acusado de bruxo e ser queimado na fogueira. Ao ficar adulto, para salvar seu país atacado pelo inimigo, ele sobe em uma torre para se lançar e voar, mas uma flecha o atinge na pequena mancha de nascença e ele morre. Sinal que a mancha era a fonte de seu poder. Acho que esse enredo tem material para uma história mais extensa, com mais ações explorando o dom de Ferdinand e o perigo de ser acusado de bruxo.

    Se o conto tem rainha, está dentro do tema.

  14. Léo Augusto Tarilonte Júnior
    10 de novembro de 2025
    Avatar de Léo Augusto Tarilonte Júnior

    Gostei bastante do seu conto. As histórias de fantasia estão dentre as minhas preferidas. Sua narrativa é muito interessante e imaginativa. Você conseguiu aludir as peças de xadrez de forma primorosa. O único problema para mim foi que você matou o seu protagonista antes da conclusão da história. Por causa disso foi uma personagem coadjuvante, a rainha que resolveu todo o conflito. Espero que minha pequena crítica construtiva contribua para o seu crescimento na escrita. Desejo ler outros contos seus nos próximos desafios.

  15. suzypierro50@gmail.com
    9 de novembro de 2025
    Avatar de suzypierro50@gmail.com

    Inicialmente achei que o texto seria infantilizado pela apresentação de Ferdinand, mas a cada parágrafo as peças do xadrez fazia a história crescer. Foi possível sentir o “abismo insondável pelas horas” do protagonista que incompreendido deixou o dom de lado e se recolheu a sua insignificância. Gostei da sutileza como a inquisição foi citada, de usar macambúzio para dizer tristeza, do personagem buscar no recôndito da madrugada suas antigas memórias que deu força para ele voar uma última vez. A intervenção da rainha foi apropriada, não sei jogar xadrez, mas manjo da importância do peão no tabuleiro. Foi incrivelmente poético como o peão inicialmente a peça mais fraca tinha o trunfo de poder voar. Como poetisa eu amei isso.

  16. toniluismc
    8 de novembro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Olá, Will!

    Esta é apenas a minha quinta leitura nesta rodada, mas é o texto com melhor uso do tema até agora. Pela façanha, meus parabéns!

    A seguir, algumas observações:

    Técnica

    O que funciona muito bem

    • Prosa segura e imagética. Ritmo estável, variação frasal, cenas visualmente nítidas (árvore → telhado → nave da igreja → túnel → torre).
    • Coesão estrutural. O conto fecha em si mesmo: infância, interdição, apagamento social, tentativa de redenção, morte anônima.
    • Economia de marcas emocionais. Em geral, o texto mostra mais do que explica; as emoções emergem das ações (proibição do bispo, expulsão, decisão de voltar).
    • Simetria de motivos. O “voo” como desejo/possibilidade volta no clímax, e a “torre” reaparece como palco do salto — isso dá unidade formal.

    Possíveis pontos a lapidar

    • Coincidência sublinhada. A flecha atingir exatamente a mancha no pescoço é eficiente como símbolo, mas soa conveniente/on-the-nose. Uma morte igualmente aleatória, porém menos “marcada”, poderia preservar o sentido trágico com mais verossimilhança.
    • Entrada tardia da Rainha. A Rainha Negra surge como força decisiva sem ser prenunciada; um vislumbre dela antes (rumor, estandarte, gesto à distância) reforçaria o payoff e reduziria a sensação de deus ex machina.
    • Algumas redundâncias pontuais. Trechos como “era o hades, nada mais, nada menos” ou “que isso não era mentira” podem ser enxugados sem perda de efeito.
    • Nomenclatura literal. “Schwarzland/Weiss” funciona, mas é transparente; se quiser um grau a mais de sutileza, nomes menos diretamente cromáticos manteriam a alegoria sem didatismo.

    Criatividade

    O que funciona muito bem

    • Alegoria enxertada na diegese. O xadrez não é citação: é arquitetura. O bispo que “vem em diagonal”, peões nas ameias, a torre, a cavalaria, reinos Preto/Branco, o rei “com movimentos comprometidos”, a Rainha onidirecional — tudo opera como tradução viva das peças e de suas funções.
    • Ideia central potente: “um peão que voa” (violando a regra) tensiona destino vs. possibilidade. A proibição do voo é a interdição social do peão.
    • Ironia trágica fina. Ninguém saberá que Ferdinand podia voar; a promoção impossível do peão (em vez de transformar-se, ele é abatido) comenta o lugar dos invisíveis nas guerras.

    Onde pode crescer

    • Tática dramatúrgica. Você já tem a malha simbólica das peças; uma leve estrutura de partida (abertura–meio-jogo–final) explicitada nos ritmos das cenas poderia dar camada extra (ex.: abertura = infância/descoberta; meio-jogo = interdições e expulsão; final = combinação torre+rainha vs. flecha “aleatória”).

    Impacto

    O que funciona muito bem

    • Tragédia de classe com elegância. O fim não busca choque gratuito; é melancólico e coerente com o que foi plantado: o peão morre fora da crônica oficial.
    • Imagens memoráveis. O salto da torre, o túnel estreito, a processualidade do cerco e a Rainha “serafim da morte” ficam na retina.

    Possíveis fragilidades

    • Catárse negada por conveniência. O acerto cirúrgico da flecha pode soar “arranjado”; se a morte parecer menos mecânica, o leitor aceita melhor a negação da catarse.
    • Moral já muito clara. A denúncia do apagamento social é precisa; cortar um ou dois sublinhados manteria o leitor ativo na inferência.

    É isso por hoje! Muito obrigado pelo excelente trabalho e boa sorte no desafio!

  17. Martim Butcher Cury
    8 de novembro de 2025
    Avatar de Martim Butcher Cury

    O conto é bastante decepcionante, e digo isso como um elogio. O mais interessante dele é o fato de que a morte do protagonista frustra as expectativas de redenção. Ferdinand enfim voa, mas isso não gera quaisquer efeitos sobre o destino da guerra. Sua façanha, além de despercebida, é inútil. Tem algo de kafkiano na completa indiferença do mundo a respeito de sua habilidade. Isso fica claro no final, mas acho que no trecho em que suas habilidades vêm a público (na cena com os pais e o bispo) há uma oposição ao fato de ele voar, pronunciada em tintas fortes, que não contribui para a dinâmica do conto e para sua, digamos, dimensão histórica. Seria mais kafkiano se desde o princípio o mundo não desse bola ao seu dom extraordinário. O tratamento do tipo “herético” ou “subversivo” dado a Ferdinand força uma adesão do leitor aos interesses do herói às custas de uma caracterização daqueles que se lhe opõem. Essa caracterização se simplifica. Dito de outro modo: pintar um vilão (o bispo) como alguém tão alinhado à ideia de censura e inquisição é, hoje em dia, chutar cachorro morto. Não porque não seja uma ameaça concreta (infelizmente ainda é), mas porque seu modus operandi já está codificado por vários discursos, incluindo a literatura do passado. O inquietante de Kafka é que os maus sempre são incompreensíveis ou desconcertantes, e nisso ele aponta a alguma maldade que não se tornou senso comum (ainda hoje, daí sua atualidade).

  18. leila patricia de sousa rodrigues
    5 de novembro de 2025
    Avatar de Leila Patrícia

    Gostei muito desse conto. Ele tem um tom de fábula triste, mas contado com uma tranquilidade que dá força à história. E o Ferdinand é um personagem que fica, pequeno, meio tolo, mas de uma doçura que comove. O autor escreve bem, tem ritmo e cria imagens que sustentam bem o texto. A metáfora do xadrez funciona quase sempre, só o trecho do bispo parece um pouco forçado, como se quisesse explicar demais. Mesmo assim, o final é bonito e melancólico. Ficou ecoando depois da leitura. Só boa literatura faz isso.

  19. Roberto Fernandes Junior
    3 de novembro de 2025
    Avatar de Roberto Fernandes Junior

    Gostei muito deste texto, mexe com espectativas, faz criticas sem panfletarismo, e entrega um vazio que vem se construindo desde o inicio, em alguns lugares a pontuação parece um pouco confusa, mas nao atrapalha o desenvolvimento da história. Faz referências a elementos do xadrez sem ser direto, as vezes os termos parecem caídos do nada no texto, como : “Peões não voam ” apenas para citá-los, contudo eles compõem muito bem o universo que o autor deseja espelhar.

    E um conto melancólico sobre a perda da inocência, o silenciamento e a falta de perspectiva.

    PARABÉNS!

  20. Kauana Kempner Diogo
    3 de novembro de 2025
    Avatar de Kauana Kempner Diogo

    Além da estrutura impecável, possui uma beleza um tanto quanto melancólica. Uma variação de realismo com um toque mágico, e uma alegoria com teor histórico. Ao criticar a crença cega, que pode, sim, ser autodestrutiva. A narrativa tem um tom entre lirismo e uma linguagem mais visual, não perdendo a fluidez ao longo do texto. A obra é madura e compassiva, seu final é com certeza um ótimo ponto final.

Deixar mensagem para leila patricia de sousa rodrigues Cancelar resposta

Informação

Publicado às 2 de novembro de 2025 por em Liga 2025 - 4A, Liga 2025 - Rodada 4 e marcado .