EntreContos

Detox Literário.

Relógio Macabro (Raphael S. Pedro)

Atenção: baseado em fatos reais.

É sexta-feira na pequena cidade de Target. A chuva cai na janela do quarto de Daniel enquanto esse deita em sua cama ouvindo Tears For Fears em seu Discman recém-adquirido, um super presente da Tia Marie, por quem tinha muita afeição. Ao que tudo indica, o inverno já vai chegando ao fim, finalmente.

Ah os anos 80… a música, as roupas, a cultura, o esporte, tudo pulsa, é uma efervescência de novidades. Não em Target.

No auge dos seus 23 mil habitantes, é mais uma cidade do interior, onde tudo passa e nada acontece.

Crescida em virtude da corrida do ouro nos anos 30 e 40, Target parou no tempo após o desabamento da mina Blackfield, em 1951. A cidade que outrora pulsava tal como uma música do Eurythmics, agora mais parecia uma balada triste.

Daniel era o oposto de sua população. Sem visão de futuro, desejava a todo custo ir embora de sua cidade natal e conhecer o mundo. Era um ambicioso sonhador.

Com 19 anos, morava desde os nove com sua Tia Marie e sua prima Dayse. Tinha ficado órfão após seus pais se envolverem num acidente automobilístico poucos quilômetros dali.

Tia Marie, uma senhorinha franzina, professora aposentada, passava seu tempo cuidando das plantas e tocando o piano que tanto adorava.

Dayse, a prima, uma bela mulher no auge da beleza, trabalhava como contadora na prefeitura.

Apesar de lembrar constantemente da vida que levava com os pais, Daniel já tinha se acostumado a morar com a nova família na casa à beira do Lago Maine. Era uma vida tranquila.

Era.

Tudo começou quando Daniel recebeu o que podemos mencionar como “O chamado”.

03h33, domingo, 10 de março.

A luz de seu quarto começa a piscar freneticamente, sua cama balança de um lado para o outro e seu corpo treme.

Daniel acorda assustado e não consegue ver nada além da escuridão de seu abrigo, acreditou que foi um pesadelo.

Passaram-se mais 02 meses sem que nada de diferente acontecesse.

03h33, segunda-feira, 12 de maio.

O chamado veio novamente, dessa vez mais forte. Luzes, cama, corpo. Mente. Daniel entra em um estado de transe, seu corpo e seus olhos não obedecem a seus desejos, até que ouve uma voz que lhe ordena: mate-os.

05h47, quarta-feira, 14 de maio.

O despertador toca e Peter levanta, dessa vez assustado, suado.

Despede-se da esposa e do filho e promete tomar café na delegacia de polícia, onde com certeza já teriam café e donuts à sua espera.

Peter é o xerife local em Target, querido por todos, está mais do que acostumado com a vida pacata da cidade e jamais pensou em sair dali.

A rotina na delegacia é monótona, cuidando vez ou outra de uma briga entre vizinhos ou ajudando qualquer fazendeiro a lidar com algum lobo devorador de gado.

Nesse dia, tudo iria mudar.

O telefone dispara, um vizinho informa que ouviu barulhos estranhos na casa próximo ao lago durante a madrugada.

Peter pega seu chapéu e vai até o local.

04h12, segunda-feira, 12 de maio.

Daniel corre desesperadamente para as montanhas, seus pés descalços estão em carne-viva. Sua mão cortada profundamente. Flashes da casa varrida em sangue passam diante dos seus olhos vermelhos e cheios de lágrimas. O cheiro metálico de sangue impregna suas narinas, um odor que parece se intensificar a cada passo. Não sabe explicar o que aconteceu. Como aconteceu. Por que aconteceu?

De repente, tudo escurece.      

07h15, segunda-feira, 12 de maio.

Peter identifica a casa próxima ao Lago, ali morava Marie, sua antiga professora no ensino fundamental, uma senhora muito simpática e que sempre sorria ao lhe encontrar, perguntando por sua pequena criança.

Desceu da viatura e conforme ia se aproximando da porta de entrada, mais sentia aquele mesmo cheiro: cheiro de morte.

Bateu três vezes e não obteve resposta. Foi até os fundos da casa, uma bela vista para o lago, porém, tudo fechado.

Resolveu, por conta própria, quebrar o fino vidro da porta francesa, conseguindo facilmente acesso à casa, preenchendo o silêncio mortal do lugar.

O cenário era arrasador. Além do cheiro, a presença de morte estava por todo ambiente. Sangue manchava o carpete e as paredes em todas as partes visíveis. Chamou reforço pelo rádio. Enquanto isso, foi adentrando na residência. Encontrou o primeiro corpo.

Dayse estava em seu quarto, com roupas de dormir, corpo desabado no chão, repleto de marcas de defesa nos antebraços, com sinais de profunda brutalidade nos incontáveis outros cortes.

Peter saiu do quarto, arma em punho, atenção total.

Abriu a porta do cômodo seguinte. Ali jazia Marie, deitada em seu leito de morte, como se apenas dormisse, mãos cruzadas sobre o peito, não apresentava qualquer outro sinal de violência senão o único golpe desferido em seu coração. Descansava.

06h03, segunda-feira, 12 de maio.

Daniel finalmente acorda após o desmaio em frente à mina.

Ainda atordoado, inexplicavelmente se sentiu mais vivo do que nunca. Uma sensação de bem-estar tomou conta de si, foi caminhando cada vez mais para o fundo da mina até então desconhecida.

Algo não fazia sentido, conhecia cada caminho, cada corredor estreito e passagem do lugar abandonado há tantos anos. Era uma sensação não só de conhecimento, mas também de pertencimento. Uma conexão misteriosa havia naquele local.

08h02, segunda-feira, 12 de maio.

A casa até então pacata estava abarrotada com toda força policial de Target apinhada em seu interior, um total de 08 agentes, contando com o velho Tuck, um gorducho policial prestes a se aposentar.

Peter jamais tinha visto aquela cena em sua carreira profissional, era coisa de filmes que ouvia falar, sequer fazia questão de assistir.

Realizado o trabalho de levantamento pericial no local, os corpos foram retirados pelo serviço funerário logo após.

Ausente qualquer sinal de invasão, os porta-retratos denunciam o principal suspeito: o sobrinho que havia sumido.

Tuck, casado há anos com uma colega de Marie, Donna, cochicha à Peter que o garoto tem boa-fama, era gentil com sua tia, sendo um bom aluno durante o período colegial.

Tudo muito estranho. A cabeça de Peter está prestes a explodir.

08h55, segunda-feira, 12 de maio.

Daniel caminha sem parar, a escuridão quase total da mina sequer parece existir para seus olhos e mente familiarizados com aquele ambiente hostil para qualquer outro morador da região.

De repente, um pequeno feixe de luz chama sua atenção.

Uma enorme porta, toda entalhada e maciça surge à sua frente. Como se esperando por sua chegada, ela se abre e Daniel enfim começa a entender o que está se passando.

08h23, segunda-feira, 12 de maio.

A notícia se espalha pela velha Target ansiosa por algo que lhe tire da monotonia.

Vizinhos, conhecidos e curiosos se amontoam na porta da delegacia à procura de informações sobre o acontecido, as mais criativas explicações são apresentadas.

Em meio aos curiosos, surge apressadamente um caçador que afirma ter visto um jovem correndo em direção às montanhas, pés descalços e ar desesperado.

Peter não tem dúvidas que esta é a pista a ser seguida, aciona Tuck e os dois disparam com a viatura em perseguição a Daniel, sem saber o que pode lhe esperar.

09h00, segunda-feira, 12 de maio.

Daniel sentiu novamente o chão frio da mina sob seus pés descalços. Agora, aquele cheiro de terra úmida misturado com algo mais denso invadiu suas narinas. Seu corpo ainda tremia, mas não de medo. Não mais. Algo dentro dele pulsava, um instinto primitivo e desconhecido, como se sua mente estivesse se alinhando com a escuridão ao redor.

A porta entalhada atrás dele se fechou sozinha com um estrondo seco, mas ele sabia exatamente para onde ir.

Caminhou. Ali o tempo não fazia mais sentido.

Então ouviu.

Era um sussurro. Não uma voz única, mas um coral de murmúrios enroscando-se dentro de sua cabeça, se alimentando de seus pensamentos.

“Você voltou.”

“O ciclo nunca termina.”

Daniel piscou. Não estava mais sozinho.

Diante dele, uma criatura disforme se materializava. Olhos espalhados por uma massa que não deveria existir. Alguns eram grandes e brilhantes como faróis, outros pequenos e fundos como buracos na carne. A criatura se arrastava, se esticava, se moldava à escuridão da mina como se ela própria fosse feita dela.

E então, ela falou.

09h01, segunda-feira, 12 de maio.

Peter e Tuck chegaram à entrada da mina. A trilha de sangue dos pés de Daniel ainda estava fresca, levando direto para o abismo escuro.

— “Isso não me cheira bem, xerife,” murmurou Tuck, ajustando o chapéu. Seu rosto redondo estava pálido, suado.

— “Eu sei.” respondeu Peter, apertando a lanterna e sacando a arma. “Mas temos que entrar.”

Os dois policiais seguiram em silêncio. Cada passo ecoava como um trovão abafado nas entranhas da montanha.

De repente, o rádio chiou. Estático. Depois, um som fraco de murmúrios.

Tuck olhou para o xerife, arregalando os olhos.

— “Droga… ouviu isso?”

Peter engoliu em seco.

Conforme avançavam, a temperatura caía. O ar ficava denso, e o cheiro metálico de sangue mais forte.

Então, o som começou.

Algo estava acontecendo. Algo grande. Peter agora sentia seu medo se transformar em confiança, cada passo que dava criava a certeza de que precisava estar ali.

09h04, segunda-feira, 12 de maio.

“Daniel…”

Seu coração disparou. Ele não queria, mas algo dentro dele já sabia. Ele matou sua tia e sua prima? Ou ele foi apenas um instrumento para algo maior?

O ar na velha mina Blackfield ficou pesado. A criatura avançou lentamente, mas Daniel não recuou.

Sentiu sua respiração pesar enquanto a presença demoníaca se movia diante de seus olhos. Não era um simples monstro. Era uma entidade que não deveria existir, algo que poderia ser a própria escuridão.

A criatura sussurrava dentro de sua cabeça, e cada palavra era como uma faca apunhalando seu cérebro.

“Você já sabe quem é.”

“Sempre esteve aqui.”

“Sempre foi parte de nós.”

Daniel tentou recuar, mas seus pés não obedeceram. Algo em seu peito queimava, não de dor, mas de compreensão. Ele não queria lembrar, mas as imagens vinham como relâmpagos cortando sua mente:

A mina desabando, mas não por acidente. Os trabalhadores haviam visto algo. Haviam encontrado algo. E foram silenciados.

A criatura avançou um passo e algo se esticou de dentro dela. Um membro longo e fino, retorcido como uma raiz que se alimentava do vazio. A ponta daquela coisa tocou seu peito.

“Seja um de nós.”

O contato queimou sua pele como gelo seco, uma dor intensa, um prazer. Saiu de si, entrou em estado de transe outra vez.

12h00, segunda-feira, 12 de maio.

Os feixes de luz emitidos pelas lanternas tremiam sobre as paredes de pedra, revelando marcas antigas, arranhões profundos como se mãos gigantescas tivessem tentado sair dali.

O rádio chiou outra vez.

Estática.

Depois, uma risada gutural.

Peter e Tuck congelaram.

— “Droga… você ouviu isso?” repetiu Tuck, agora também com arma em punho.

— “O que diabos foi isso?”

O xerife olhou para o túnel adiante. A escuridão aumentava, como se estivesse se aproximando.

Foi quando a lanterna em sua mão apagou.

E os olhos surgiram.

Não era um par de olhos. Eram dezenas. Talvez centenas. Olhos da mais pura maldade.

No começo, pareciam apenas reflexos de algo no escuro. Mas então se moveram. Piscaram. Os olhos estavam vivos.

O policial gritou e disparou a arma.

O som ecoou na mina. O clarão do tiro iluminou por um segundo o horror diante deles:

Corpos. Mas não humanos. Algo entrelaçado, torcido, costurado pela escuridão. Peles fundidas. Membros contorcidos. E todos os rostos estavam olhando. Todos os olhos abertos, gritando silenciosamente.

Peter puxou o rádio com mãos trêmulas.

— “Aqui é o xerife! Precisamos de reforços! Agora! Pelo amor de deus!”

Nada. Estática.

E então, uma voz sussurrou pelo rádio.

Era a voz desconhecida de Daniel.

— “Não há saída.”

A escuridão se moveu.

E a mina engoliu o xerife e seu parceiro.

13h33, segunda-feira, 12 de maio.

A câmara após a porta era imensa, maior do que qualquer um poderia imaginar existir sob a cidade de Target.

O teto era alto, sustentado por colunas de pedra negra cobertas por inscrições que pareciam se mover quando vistas de relance. No centro, um altar maciço, esculpido em um material que não parecia pedra, mas algo mais vivo, a mesa no centro não possuía nada além de sangue. Rachaduras percorriam sua superfície, brilhando em vermelho pulsante, como veias sob a pele de um gigante adormecido.

E ali, de pé diante do altar, estava Daniel ou o que um dia já teria sido o jovem angustiado.

Ele os esperava.

Peter foi o primeiro a vê-lo, seu coração apertou de um jeito que não sentia desde a primeira vez que o ainda jovem xerife apontou uma arma para alguém, um bêbado que havia arrumado confusão num bar da cidade.

Daniel estava parado, imóvel, de costas.

Seus pés descalços estavam sujos numa mistura de terra e sangue seco. Seus ombros levemente curvados, como se sua própria existência fosse pesada demais para carregar.

Mas o que fez o xerife hesitar não foi a postura do garoto.

Foi a sensação de que ele sabia que esteve ali antes mesmo de chegar.

Peter se forçou a dar um passo à frente.

— “Daniel?”

Não houve resposta.

— “Garoto, você está bem?”

Silêncio.

Até que Daniel começou a virar.

Devagar. Um movimento sobrenatural.

Seu pescoço virou antes dos ombros, o rosto surgindo primeiro, como se seu corpo não obedecesse às regras do movimento humano.

E então os olhos.

Peter sentiu um calafrio tão profundo que seus dedos afrouxaram o aperto na arma.

Os olhos de Daniel não eram mais os de um garoto.

Negros. Profundos. Dois buracos que absorviam a luz da enorme câmara. Como se olhassem para além deles, para algo que os policiais não podiam ver.

O pior de tudo foi o sorriso.

Era pequeno, quase imperceptível. Mas estava errado.

Daniel deu um passo à frente.

O som ecoou como uma batida de tambor.

Os policiais ergueram as armas, vacilantes.

Tuck falou, sua voz hesitante, num tom paternal.

— “Filho, que aconteceu com você?”

Daniel piscou lentamente. Seu sorriso cresceu um pouco mais.

E então, falou.

— “Estava esperando vocês.”

O xerife deu outro passo.

— “Abaixe as mãos. Vamos te levar pra casa, ok?”

Daniel inclinou a cabeça para o lado, estudando Peter como se ele fosse um inseto preso em vidro.

— “Casa?” Ele riu. Sua voz saiu baixa, com um eco estranho, como se mais alguém falasse ao mesmo tempo.

— “Eu sou a casa.”

As paredes gemeram.

Os policiais recuaram quando as sombras começaram a se mover.

Algo se arrastava nelas. Algo sem forma. Sem limite.

Peter ergueu o rádio, mas só ouviu chiados.

Daniel deu mais um passo.

O altar tremeu.

— “Vocês não deviam ter vindo,” ele sussurrou.

E então, a escuridão avançou.

Segunda-feira, 12 de maio, horário incerto.

O xerife Peter tentou reagir, mas foi tarde demais.

As sombras tomaram a câmara.

Tuck ainda gritou antes de ser puxado para trás, seu corpo sumindo na escuridão como se nunca tivesse existido. Ainda disparou a arma três vezes antes de ser envolvido por algo negro e viscoso. Seu grito foi interrompido abruptamente.

O simpático policial idoso caiu de joelhos, murmurando uma prece desesperada.

Peter continuou de pé, mas não conseguia se mexer. Seu corpo inteiro tremia, não pelo frio. Era um medo mais profundo. Mais primitivo.

Daniel ainda estava lá, parado diante dele. Mas agora algo mais estava com ele.

A escuridão se contorcia ao redor do garoto. Braços, garras, olhos — uma entidade colossal que pulsava na sombra, usando Daniel como um véu, um intermediário.

E então, ele falou.

Não era mais apenas Daniel.

— “O ciclo termina aqui.”

O altar brilhou intensamente, e Peter sentiu o mundo girar.

Memórias que não eram dele invadiram sua mente.

A mina. Décadas atrás. Homens cavando fundo demais na ganância pela efêmera riqueza do ouro. Encontrando algo que deveria permanecer selado.

Os primeiros sacrifícios.

E então ele viu o próprio rosto.

Peter sempre esteve ali. Não apenas como xerife. Mas como outro Daniel.

Outras vidas. Outras vezes. Sempre voltando, sempre repetindo. Sempre terminando da mesma forma.

Mas dessa vez, algo era diferente.

No mesmo instante, Daniel levantou uma mão, e a criatura atrás dele hesitou.

Ele tinha controle.

Agora eles sabiam o que estava acontecendo.

Daniel olhou para Peter.

— “Eu posso acabar com isso.”

Peter ainda tentava compreender.

Daniel estendeu a mão para o policial.

— “Mas você tem que escolher.”

A criatura começou a avançar de novo. Se Peter não fizesse nada, o ciclo recomeçaria.

Ele viu Tuck, ainda ajoelhado, os olhos vidrados, já longe demais para ser salvo.

Ele viu a mina se fechando ao redor deles.

Ele viu a cidade de Target, onde tudo parecia normal, mas nunca foi normal.

Ele entendeu.

Peter respirou fundo. E puxou o gatilho.

O tiro ecoou na câmara.

O brilho do altar se apagou.

O ciclo foi quebrado.

Epílogo.      

A mina Blackfield desabou novamente naquela noite.

Nenhum dos policiais foi encontrado. Nenhum corpo foi recuperado.

A cidade de Target seguiu em frente. Como sempre fez.

Mas algumas noites, exatamente às 03h33, se alguém escutasse com atenção, podia-se ouvir algo vindo das ruínas da mina.

Algo sussurrando.

Esperando recomeçar.

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19 comentários em “Relógio Macabro (Raphael S. Pedro)

  1. Thales Soares
    29 de março de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Gerais:

    A ideia aqui é excelente. O conto mistura bem elementos de horror cósmico, repetição cíclica, possessão e o clichê reconfortante do “cidadezinha com um passado sombrio”. Tudo isso, se bem trabalhado, seria digno de um bom filme.

    A ambição da trama é digna de elogio: há múltiplos personagens, múltiplas perspectivas, uma escalada de tensão que culmina num confronto místico, e até uma quebra de ciclo com final “épico”.

    ***

    Pedradas:

    O estilo de escrita aqui é truncado. Essas frases curtíssimas, quase sempre de uma única linha, tornam a leitura extremamente quebrada e cansativa. Em vez de criar ritmo e tensão, como se espera em uma boa narrativa de terror, o texto vira uma sucessão de telegramas. A leitura perde fluidez e força dramática. É como se estivéssemos lendo um storyboard, não um conto.

    A divisão em capítulos com hora marcada simula o ritmo de roteiro de série, o que poderia funcionar se o texto tivesse cenas mais visuais e menos “sombra que cresce / escuridão que engole / olhos que piscam”. Aqui, esse artifício vira repetitivo e prejudica o envolvimento emocional. Além disso, algumas marcações de tempo são redundantes e até desnecessárias para a tensão narrativa.

    Os personagens têm função, mas não têm alma. Tudo acontece rápido demais, sem que o leitor sinta o peso das mortes, das decisões ou das revelações. O passado de Daniel, por exemplo, surge com boas pistas sobre reencarnação ou repetição de destino, mas nunca é desenvolvido com real profundidade, apenas “contado” nos momentos finais.

    O final tenta ser grandioso e simbólico (e há mérito na quebra do ciclo), mas como os personagens foram pouco desenvolvidos, o leitor não se importa tanto com a escolha de Peter ou o destino de Daniel. Parece mais um script de filme B do que um clímax literário de horror psicológico ou místico.

    ***

    Conclusão:

    O conto tem um plot com muito potencial, daria um ótimo curta ou graphic novel. Mas a forma como foi escrito, com frases curtas demais, pouca profundidade emocional e estrutura excessivamente fragmentada, tirou grande parte do impacto.

    Se fosse reescrito com mais fluidez, foco em mostrar (em vez de contar) e ritmo mais literário que cinematográfico, poderia facilmente se destacar neste desafio.

  2. jowilton
    29 de março de 2025
    Avatar de jowilton

    Bom conto. O texto narra a história de Daniel um garoto que recebe o chamado macabro de uma mina.

    A narrativa é boa e a leitura flui bem. Os aspectos de terror são bem empregados, gerando boas cenas. Achei um pouco longo demais, e talvez os últimos parágrafos pudessem ser cortados. Bom impacto, boa criatividade.

    Boa sorte no desafio

  3. Pedro Paulo
    29 de março de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: É um conto que merece ser reescrito. Alguns aspectos me desviaram logo no começo, sobretudo a ambientação artificial em uma cidadezinha estadunidense oitentista, como se quisesse reproduzir o enredo dos vários filmes de terror daquela década, sem conseguir capturar o ambiente o suficiente para justificar a escolha como homenagem ou como uma adaptação legítima (ocorrem-me “Stranger Things” e “Rua do Medo: 1978” como obras recentes que tiveram sucesso nisso). Outra escolha que achei equivocada foi a de escrever uma centena de parágrafos de uma linha quando é às vezes a linha seguinte continua uma ação ou uma descrição da linha anterior, fazendo perceber que quem escreveu ainda não encontrou o senso de quando deve ou não fragmentar em um novo parágrafo. Ainda nessa estruturação do texto, achei completamente dispensáveis os intermediários que dizem “data e hora”, como se quisessem atribuir um ar de documentário ao conto, como também no início, apresentado como uma “história real”. Pareceu a tentativa de reproduzir o cinematográfico em uma plataforma que requer estratégias diferentes de se contar uma história. Não é dizer que não pudesse implementar o retrato de uma situação real ou simular que é baseado na realidade… mas esse aviso geralmente fica melhor nos filmes. O mesmo digo quanto ao “horário/data”.  Poderia ter funcionado se houvesse razão de ser. Citarei uma obra que me atraiu para a literatura: “Anjos e Demônios”, de Dan Brown. Na obra, uma bomba vai explodir no Vaticano a 0h e a cada hora a partir das 20h será morto um cardeal com motivos referentes a cada um dos quatro elementos… veja, nesse thriller, os capítulos progridem com as horas, o que faz sentido, pois aí se tem algo em risco… e aqui?

    Dito isso, com todas essas ressalvas eu fiquei surpreso de estar cativado no final, sobretudo pelas descrições da criatura ao se apossar do garoto e da revelação final do que a história realmente trata, desvelado o tal do “ciclo” que os prende àquela situação… se ao menos houvesse menos parágrafos, talvez tivesse funcionado.

  4. José Leonardo
    28 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Roland Orzabal.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: Acompanhamos Daniel, um jovem adulto que mora numa cidade interiorana onde praticamente nada de interessante acontece. Deseja sair dali, mas ao mesmo tempo não parece tão incomodado com o marasmo da cidade. Contudo, a monotonia de Daniel será quebrada de forma dramática quando começa a receber “o chamado”. Coisas estranhas acontecem com ele no mesmo toque do relógio. E isso tudo acabará em tragédia e num mergulho no horror – quando passamos a acompanhar Peter, o xerife local. As linhas desses dois personagens irão convergir na mina da cidade, que esconde uma verdade ancestral.

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: Roland, seu conto me atraiu mais pela premissa e pela criatura que vive na mina. É um plot muito interessante. O texto tem pequenas divisões pela data e hora em que os personagens estão agindo, embora possamos perceber, primeiramente, algo como uma introdução à história (precedendo a primeira entrada datada). A partir daí, vamos alternando blocos de texto não extensos que se alternam entre os acontecimentos envolvendo Daniel e a abordagem policial de Peter (que em dado momento passa a caçar o foragido Daniel). Para contribuir com o tom de mistério, o(a) autor(a) preferiu alternar os pontos de vista não exatamente em ordem cronológica.

    No entanto, Roland, alguns aspectos do seu texto deixaram a leitura menos fluida. Há deslizes de revisão; a pontuação por vezes não condiz com as pausas das frases (a troca de ponto-e-vírgula por vírgula, ou mesmo ponto final). Certas repetições também:

    “Daniel tentou recuar, MAS seus pés não obedeceram. Algo em seu peito queimava, não de dor, MAS de compreensão. Ele não queria lembrar, MAS as imagens vinham como relâmpagos cortando sua mente:

    A mina desabando, MAS não por acidente. Os trabalhadores haviam visto algo. Haviam encontrado algo. E foram silenciados.”

    Conforme o texto avançava, os parágrafos ficavam mais curtos – até ficarem em linha única na maior parte do terço final.

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Adequa-se ao tema “Terror” por conta do mote da mina, do “chamado” de Daniel e pelo ser assombroso que o aguardou e depois o dominou.

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: Há elementos para tanto, embora eu não tenha me amedrontado (admirei mais o enredo do que a prosa, como disse).

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto?

    R.: Seu conto não caiu no meu gosto, Roland, o que eu lamento por mim mesmo, pois queria ter gostado mais de sua história. Ademais, gosto de divisões tais como a sua – de perspectivas alternadas, de crescendo do mistério, de criaturas ancestrais que prendem suas vítimas em espécie de rodas eternas de sofrimento e servidão.

    Parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

  5. Marco Saraiva
    28 de março de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Este é o tipo de história que eu vejo que precisa de um espaço maior para ser contada. Seu conto é bem cinematográfico, com descrições tais quais um script de cinema. Na verdade, o formato é bem parecido mesmo: estes parágrafos de uma única sentença, as vezes com uma única palavra. Descrições muitas vezes rápidas e objetivas. O conto é bem visual, o que não é problema. A estrutura narrativa tem muito a ver com um filme, mas aqui sim, há um problema. Pois o filme tem mais espaço do que 3000 palavras em um desafio do EC. Me senti assistindo um filme inteiro de terror/policial, porém em velocidade 5x.

    A história é bem bacana. Lembra Senhor dos Anéis e os anões que cavaram tão fundo que encontraram o Balrog. Sacrifícios após aquilo mantiveram a criatura em cheque, mas logo isso se perdeu também. O final é que achei um pouco estranho, confuso, com direito a viagem no tempo (eu acho). Não ajuda que a escrita está um pouco despreocupada demais, misturando cabeçalhos de data/hora com texto descritivo e prosa, pulando cenas e horários para lá e para cá. Inclusive tem uma data errada lá em cima (um quarta-feira 14 de maio) que me deixou muito confuso por muito tempo até eu entender que provavelmente aquilo era um erro.

    Enfim: uma ideia bacana, mas explorada de uma forma um pouco apressada, e exibida de maneira um pouco relaxada demais.

  6. Luis Fernando Amancio
    28 de março de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Olá, Roland Orzabal,

    (Algum plano em vir com o Tias Fofinhas para o Brasil?)

    Seu conto aposta numa ambientação bem clássica de terror oitentista. Um evento misterioso em uma cidadezinha americana. O garoto normal que se vê no centro de um evento violento e misterioso. O Mal subterrâneo tomando o controle sobre moradores.

     Confesso que em alguns trechos me perguntei se você não errou o desafio e já fez uma fanfic do Stephen King. Entendo você ter essas referências e usar os clichês à favor da história. Porém, fiquei com a sensação de que estava diante de um enlatado. Tudo muito artificial nessa construção de cidade e mistério de terror oitentista. 

    O conto é intenso, a narrativa está bem desenvolvida. Sua escrita não é esteticamente especial, mas funciona. Cuidado com algumas frases redundantes: “Dayse, a prima, uma bela mulher no auge da beleza”. Qual a necessidade de afirmar que alguém é belo E está no auge da beleza?

    A troca de tempos verbais deixa o texto confuso. Entendo que há motivo para alternar os trechos narrados no passado e no presente. Mas não deu muito certo.

    Boa sorte no desafio!

  7. danielreis1973
    27 de março de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Comentário inicial (válido para todos os contos):
    Prezados participantes: este meu comentário NÃO É UMA CRITÍCA, É A MINHA IMPRESSÃO PESSOAL sobre o seu conto – e não é sobre você, como escritor ou ser humano!  Espero que os comentários possam ajudá-lo a aprimorar sua história ou sua escrita, num sentido mais amplo. Outra coisa é que não está sendo fácil é comparar os contos participantes, já que apesar do desafio estar  restrido a DOIS TEMAS (que inclusive tem fronteiras tênues, e às vezes se misturam entre si, em diferentes proporções), as diferenças dos gêneros literários escolhidos pelos participantes tornam muito difícil dar um valor absoluto entre os contos, quando colocados lado a lado. Então, o melhor humor não tem o mesmo efeito que o melhor terror, e um terror com elementos realistas pode ter um efeito mais impactante para mim que um horror com elementos de fantasia ou ficção científica – por isso, digo que é MINHA IMPRESSÃO, ok? As notas não representam “média para aprovação”, mas O EFEITO FINAL que me causaram.

    Dito isso, vamos ao:

    COMENTÁRIO ESPECIFICO:

    LOGLINE:  protagonista que se torna um assassino psicopata da própria família, influenciado por uma antiga mina da cidade futurista.

    TEMA ESCOLHIDO: Terror (misturado como ficção científica e policial).

    PREMISSA: o mal se manifesta do nada, com a possessão tomando conta das atitudes e tornando o protagonista um assassino frio, que depois se integra à mina abandonada, como parte do macabro ambiente.

    TÉCNICA E ESTILO: apesar da escrita lacônica e direta, foi um dos contos mais difíceis de ler e interpretar. Principalmente porque o elemento do “cidade futurista” inserido nos detalhes não tem muita razão, a meu ver – a história poderia tranquilamente se desenvolver em qualquer tempo, da forma como está. Outra coisa também foi a construção dos personagens estereotipados, como os policiais, praticamente “tiras” numa dublagem brasileira. E, finalmente, algo no ritmo das frases, tão curtas em alguns pontos que pareciam entrecortadas, numa respiração ofegante.

    EFEITO FINAL:  mediano para razoável, a história tem desenvolvimento completo mas muitos pontos de narrativa a preencher, principalmente quanto às motivações e construção dos personagens.

  8. claudiaangst
    26 de março de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Para este desafio, utilizarei o sistema de avaliação TERRORIR:

    T(ítulo) — RELÓGIO MACABRO — Só o adjetivo “macabro” já aponta para um conto de terror. 😱🕞

    E(nquadramento ao tema) — Sim, temos um conto de terror aqui.😱

    R(azão de gostar do conto) — O clima de suspense instiga o(a) leitor(a) a descobrir o mistério por trás do assassinato cometido e a insanidade repentina de Daniel. O texto não apresenta entraves, rodeios na narrativa, o que torna a leitura fluida.

    R(evisão) — Tomaria cuidado com a alternância de tempos verbais.🤷

    – Crescida em virtude da corrida do ouro > Essa frase ficou bem estranha. Alcançando seu auge em virtude da corrida do ouro/ Devido à corrida do ouro, a cidade alcançou pleno desenvolvimento.

    – […] cochicha à Peter > […] cochicha a Peter

    O(utras questões técnicas) — O uso da marcação de data e hora parece ter sido escolhido como recurso narrativo, talvez para separar as cenas de cada personagem e dar sentido ao título. A opção por parágrafos de uma única frase é arriscada, pois pode tornar o texto muito fragmentado.🙄

    R(azão de desgostar do conto) — A questão das datas e dos horários pode confundir o(a) leitor(a). A narrativa se perde um pouco sem a linearidade, mesmo que essa quebra tenha sido intencional. Apresentação de informações excessivas na introdução da trama.🤔

    I(ntesidade da narrativa) — Há aumento gradativo do horror, dosando o mistério e o suspense em cada cena apresentada, até atingir o momento maior de tensão: o confronto de Daniel com os policiais.🥺

    R(esumo da ópera) — O conto apresenta traços relacionados a Lovecraft, Stephen King e Stranger Things. Não chega a ser original na abordagem do tema escolhido, mas revela boa construção de cenas, mantendo o suspense.😱

    Parabéns pela sua brilhante participação no desafio e boa sorte!

  9. Mauro Dillmann
    26 de março de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Mais um conto que busca o horror a partir do ‘sobrenatural’, do susto, do medo de ‘vozes’, de fantasmas, de porta misteriosa. Mas mais do que terror, é um conto de suspense. Eu não consigo sentir qualquer terrível emoção com narrativas sobre “criaturas disformes”, “abismo escuro”.

    Anos 1980, uma pequena cidade de interior, uma mina, alguns personagens. Ao final, uma sequência descritiva-explicativa. Para mim, ficou um pouco confuso.

    Parabéns!

  10. leandrobarreiros
    25 de março de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Olá, autor.

    Existem elementos interessantes aqui. Eu diria, inclusive, que uma das trocas mais tensas e sinistrar da série B, porque é ameaçadora e enigmática:

    “— “Abaixe as mãos. Vamos te levar pra casa, ok?”
    …. “— “Eu sou a casa.””

    Infelizmente sinto que isso não é o bastante para sustentar o conto. Há certos vícios aqui que, sinto, o autor seria feliz em retrabalhar.

    O primeiro é o excesso de informação. Por exemplo, nessa troca sinistra que mencionei há “— “Casa?” Ele riu. Sua voz saiu baixa, com um eco estranho, como se mais alguém falasse ao mesmo tempo.”

    Eu sei que a princípio isso parece aumentar a tensão, mas acaba tendo o efeito contrário. Essa é uma troca que ficaria mais forte na ausência, não com explicação no meio.

    O maior problema, contudo, é a informação direta proporcionada pelo texto como se o autor falasse diretamente com o autor.

    Por exemplo:
    “Tia Marie, uma senhorinha franzina, professora aposentada, passava seu tempo cuidando das plantas e tocando o piano que tanto adorava.

    Dayse, a prima, uma bela mulher no auge da beleza, trabalhava como contadora na prefeitura.”

    Essas informações, além de desnecessárias (mais tarde vemos que Marie era professora de Peter) é feita de maneira muito direta. Quase como se fosse uma descrição de roteiro para, depois, alguém trabalhar nesses personagens.

    Quem disse que Dayse era bonita? O narrador? Por que não trazer isso mais perto para os personagens? Tipo, o Peter, ao ver a Dayse, poderia lembrar ou mencionar que ela era bonita ou blabla ( o que também não é muito relevante pra história, mas enfim)

    De todo modo, acho que o autor podia retrabalhar um pouco essa questão de jogar a informação tão crua assim pro leitor e praticar a incorporação dessas coisas na história.

  11. Givago Thimoti
    25 de março de 2025
    Avatar de Givago Thimoti

    Relógio Macabro (Roland Orzabal)

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for extremamente perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1 quando nada perceptível e 2,5 quando tiver pouco perceptível. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    1 – ruim 😓 / 2- abaixo da média😬  / 3- regular,acima da média,   😉/ 4- bom 😇/ 5- excelente!🥰

    Critérios de avaliação:

    • Resumo:

    Relógio Macabro é um conto de terror (e pela adequação ao tema, nota 5!), que versa sobre o mistério da mina Blackfield, numa cidadezinha dos EUA, onde dois policiais investigam dois homicídios e o principal acusado de assassinato.

    • Pontos positivos e negativos:

    Positivo: adequação ao tema

    Negativo: escrita, de uma forma geral!

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais: 2

    Problemas de Concordância= Uso indevido de tempos verbais na mesma frase (exemplo: “acordou assustado e não consegue ver nada”). Discordância entre sujeito e verbo (exemplo: “seus olhos não obedece”).

    Regência Verbal e Nominal= “Obedecer a” exige preposição: “seus olhos não obedecem aos seus desejos”. Uso incorreto de “mencionar como” em vez de “chamar de”.

    Pontuação = Falta de vírgula antes de orações subordinadas (exemplo: “apesar de lembrar constantemente da vida que levava com os pais Daniel já tinha se acostumado” → deveria haver uma vírgula antes de “Daniel”). Separação inadequada de ideias que exigem ponto e vírgula ou ponto final. Uso indevido de vírgulas em frases que não precisam de pausa.

    Ortografia e Capitalização= Uso desnecessário de maiúsculas em termos genéricos (“O Chamado” → “o chamado”). Escrita numérica inadequada em textos narrativos (exemplo: “02 meses” → “dois meses”). Palavras compostas e nomes próprios sem capitalização correta (“Lago Maine” deveria ser “lago Maine”).

    Redundâncias e Palavras Desnecessárias = Expressões que podem ser mais concisas (exemplo: “Daniel era o oposto de sua população” → “Daniel era o oposto dos habitantes de Target”). Uso desnecessário de pronomes possessivos quando o contexto já deixa claro a posse (“pega seu chapéu” → “pega o chapéu”).

    Uso de Números e Horários = A forma “05h47” não é comum em narrativas; “5h47” é mais natural.

    Faltou uma revisão significativa nesse conto. 

    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo. 1

    Hum, eu não gostei. A leitura teve um ritmo quebrado por esses inúmeros parágrafos de frases simples.  Além disso, algumas frases apresentam estrutura pouco fluida, tornando a leitura truncada ou confusa (exemplo: “crescida em virtude da corrida do ouro” → melhor seria “nascida da corrida do ouro”).

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa. 1

    O conto ousa em tentar descrever a história de uma forma não linear; vai e volta na linha do tempo.  Dito isso, creio que faltou organização nesse conto. Por exemplo, o conto está dividido em capítulos. Ainda assim, é difícil discernir onde começa e onde termina o capítulo. Epílogo, por exemplo, está colocado apenas como uma frase, similar a tantas outras frases referentes.

    Além disso, como já citei anteriormente, essas múltiplas frases como parágrafos travaram demais a leitura, assim como o vai e volta na linha do tempo. Toda hora o leitor aqui teve que ir e voltar, e, com o tempo, isso vai cansando a leitura.

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável: 1

    Não gostei muito desse conto. Para além do que já expus, a sensação que tive foi a de ler uma história genérica, repleta de clichês. E acho que vários elementos podem ilustrar isso. Por exemplo, quando o policial se vê diante da criatura, é citado um medo primitivo(?). OK, mas o quê é um medo primitivo? Será que todo medo não é algo primitivo, algo para além do racional?

    E o conto tem vários desses elementos, genéricos por natureza, sem destrinchar melhor a história ou ousar em arriscar uma descrição diferente. Desde a ambientação nos EUA, até a descrição do policial Tuck parece dessas que vemos em várias histórias por aí.

    Enfim, uma pena a execução.

    Nota final: 2😓

  12. Amanda Gomez
    25 de março de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Não sei se foi intencional, mas a ambientação americanizada do texto, com os nomes dos personagens e etc., me deu aquela sensação de estar assistindo a um filme… Daqueles que não saem no cinema. Uma Sessão da Tarde sem censura (acho que falei a mesma coisa em outro conto).
    Considero um mérito isso de parecer um filme. Gosto dessa escrita mais cinematográfica, com cenas vívidas e bem imaginativas… Os cortes de tempo funcionam como capítulos mesmo.

    Vamos à história. Um assassinato brutal assola a cidade pacata e tudo vira uma confusão. Temos um xerife e seu parceiro. Temos o assassino assombrado por uma maldição. E temos o lugar da maldição. Todos esses elementos se juntam e temos a resolução do conto.

    Quando a gente escreve histórias assim, mais roteirizadas (continuo dizendo que gosto!), pecar nos detalhes é muito fácil — especialmente no desenvolvimento dos personagens. Quando é assim, o ideal é focar no menor número possível de personagens e dar a eles toda a camada necessária pra brilhar. Aqui se perde muito disso.

    Eu acho que não entendi o final, e os porquês que ficam após a leitura. Realmente não sei o que o autor quis dizer… ou talvez não tenha tido tempo de dizer. É um enredo que carece de lapidação. A construção em si está boa, mas os alicerces são fracos.

    Enfim, o texto parece um rascunho de algo maior… O autor pode pegar a deixa e desenvolver mais depois do desafio.

    Parabéns pelo trabalho.
    Boa sorte no desafio!

  13. Priscila Pereira
    24 de março de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Sr Autor! Tudo bem?

    Seu conto é bem interessante, o mistério e o suspense são o ponto forte dele. Não sei se entendi direito o título… Tudo acontecia exatamente na mesma hora sempre, por isso o “relógio macabro”?

    Estranhei o uso de — e “” nos diálogos porque geralmente usamos um ou outro, primeira vez que vejo os dois juntos.

    O conto está bem escrito e bem revisado. Sem arroubos literários, direto e focado no contar e não no mostrar, o que é válido (eu também costumo escrever assim) mas o conto ficaria ainda melhor se “mostrasse” um pouco mais.

    O enredo é simples e eficiente, e a criatura achei bem original. E o final com o xerife se sacrificando para quebrar o ciclo foi bem legal.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  14. Mariana
    23 de março de 2025
    Avatar de Mariana

    Técnica: A escrita em terceira pessoa deu uma sensação de impessoalidade que dificultou se apegar aos personagens e a história. É descritivo demais também, a ideia é o clássico mostrar ao invés de contar. Mas a escrita está uniforme e é fiel ao seu estilo do começo ao fim. 1/2

    Criatividade: acredito que o maior problema da história é o fato dela estar ambientada nos EUA dos anos 80, Stranger Things saturou a última década. Se o foco fosse o monstro e a mina, outra época e lugar poderiam cair bem melhores para a história. Os policiais não ajudaram muito a escapar do clichê também. A popularização dos discman é algo muito mais anos 90 ou a tia do Daniel tinha grana 1/2

    Impacto: Foi como se eu assistisse um episódio de uma série que se inspirou em Stranger Things, depois de ver a original. Bem produzida, mas a ideia já foi reproduzida várias vezes 0,4/1

  15. andersondopradosilva
    23 de março de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    RELÓGIO MACABRO tem a leitura prejudicada pelo excesso de fragmentação. O texto possui muitos capítulos, cujos títulos não foram destacados pela formatação. Conta também com um epílogo, igualmente não destacado pela formatação. RELÓGIO MACABRO é um terror comum, cercado de estereótipos: mina, xerife etc. E são estereótipos americanos, o que torna o texto muito comum – talvez se ao menos fosse ambientado no Brasil, em Minas Gerais, em uma mina mineira, como as muitas de extração de ouro existentes nas cidades turísticas de Ouro Preto e Mariana. Abrasileirar o conto talvez tivesse se revelado interessante, tirando do texto o caractere de lugar comum do cinema e da literatura americana. RELÓGIO MACABRO faturou a nota 1,8 e o penúltimo lugar em minha lista.

  16. Antonio Stegues Batista
    18 de março de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    A história se passa em Target, no Maine, EUA, em uma cidade onde uma mina foi aberta num antigo altar primitivo dedicado a um deus maligno. A mina desabou, prendendo os mineiros, que foram absorvidos pelo monstro.

    De madrugada, a entidade sobrenatural, influencia Daniel que mata a tia e prima e foge para uma mina. A polícia vai atrás dele entra na mina onde vive o espírito maligno, a mina desaba e todos morrem. Só não entendi o fato de tudo se repetir. Como se a cidade e seus habitantes, estivessem num looping, um circulo eterno. Ficou meio deslocado essa parte, mas o resto eu  gostei.

    ENREDO – Bom

    ESCRITA – Boa

     FRASES – Boas frases

    NARRATIVA – Fluida, sem entraves. Tempo verbal misturando passado e presente. Tempo verbal presente é difícil fazer, corre-se o risco de errar.

    PERSONAGENS – Bem construídos

    DIÁLOGOS – Diálogos corretos. Não precisava aquelas aspas, apenas travessão para diálogos. Aspas ficariam melhor em diálogo por telepatia como no caso do monstro conversando com Daniel.

    AMBIENTAÇÃO – Correta

    IMPACTO – Forte.

  17. Kelly Hatanaka
    17 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi  Roland.

    Antes, um aviso geral: li seu conto com toda a atenção e cuidado e meu comentário, abaixo, expõe minha opinião de leitora, com todas as falhas que tal opinião possa ter. Os quesitos que uso para a pontuação são: Tema, Escrita e Enredo, valendo 2 pontos cada e Impacto, valendo 4. Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

    Tema

    Conto dentro do tema terror.

    Escrita

    Escrita boa, bem revisada. A estrutura de parágrafos curtos torna a narrativa dinâmica, meio jornalística.

    Enredo

    Mineiros escavam demais e abrem uma espécie de templo. A deidade maligna que vive lá derruba a mina. Anos depois, faz Daniel matar a família e ir para o templo. Os policiais que vão atrás dele tentam resgatar Daniel. Peter, um dos policiais, lembra que já esteve lá antes e que aquilo é um evento cíclico, do qual já participou em outras vidas. Ele sabe o que precisa fazer para quebrar o ciclo. Dá um tiro (em quem?). No final, o ser ainda está esperando retornar, o que mostra que, seja lá o que Peter fez, não funcionou.

    Impacto

    O clima de mistério é bom e a premissa é interessante. Mas o enredo resultou confuso. Não fica muito claro o papel de Daniel e de Peter e o texto sugere uma participação maior de ambos. Por que Daniel foi escolhido? Por que Peter tem lembranças daquilo tudo? O que há de cíclico no evento? Como quebrar o ciclo? O que Peter fez? E, no final, nem funcionou.

  18. Luis Guilherme Banzi Florido
    17 de março de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Ola, amigo(a) entrecontista! Tudo bem por ai? Esse conto faz parte das minhas leituras obrigatórias.

    Resumo: um horror cósmico cíclico numa pequena cidade dos EUA.

    Comentário geral: um horror cósmico! Que bom! achei que encontraria mais desses no desafio. E o seu tá realmente bom! Antes de falar do que gostei, vou pra parte chata e falar de alguns probleminhas do conto. Acho que o que mais se destaca são os erros de revisão. Não vou listar, mas tem vários acentos (especialmente crase) errados, e tem uma das datas que me parece errada, pois você fala que Peter acordou e foi tomar café na delegacia no dia 14, mas depois volta pro dia 12. Dá uma conferida. Além disso, não acho um problema, mas achei estranho o uso de frases unicas como paagrafos. Algo nesse estilo parece deslocado, nao me parecer haver necessidade. Eu, no seu lugar, usaria paragrafos normais, acho que tecnicamente ficaria melhor o conto. Nao que isso estrague a experiencia, claro, mas achei que valia mencionar. Enfim, tecnicamente eu acho que o conto poderia melhorar, e isso deixaria a experiencia total ainda melhor.

    Dito isso, vamos ao que interessa: seu conto é muito divertido e eu adorei a leitura. Foi um otimo entretenimento, gostei do enredo, do desenvolvimento, das doses de terror e horror. Fiquei curioso e ansiando por descobrir o que ia acontecer, onde aquilo ia parar. Gostei do final também, com a ideia de ciclos e recomeços. Sendo totalmente sincero, acho que voce podia descartar totalmente o epílogo, pois aquilo já estava claro, sem necessidade de voce escancarar na cara do leitor. Tirando isso, um final muito satisfatorio. Gostei da ambientação da caverna, da descrição das cenas, que é muito imagetica e funcional, e do monstro feito de corpos retorcidos. Alem disso, voce foi muito bem em diferenciar o protagonista antes e depois da “possessao”. Otimo trabalho, parabens!

    Sentimento final como leitor: muito satisfeito.

    Recomendação do meu eu leitor: como comentei acima, recomendo trabalhar melhor a revisão e utiloizar paragrafos mais longos, ao inves de uma frase por paragrafo. Sobre o enredo, a unica recomendação é que o epilogo é totalmente desnecessario.

    Conclusão: vi uma galera entrando numa caverna, fui atrás e o que vi me amarrou o estomago. Saí correndo antes que tudo desabasse e fui correndo contar pro meu amigo uma historia muito louca e daora que eu presenciei.

  19. Gustavo Araujo
    15 de março de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Um terror juvenil com forte influência de Stephen King. Dá para perceber que o autor buscou inspiralção no mestre desde a ambientação até a construção dos persogens. A menção ao Maine não é por acaso. No entanto, creio que essa influência foi demasiada, a ponto de retirar a identidade própria do conto. SK, ele mesmo, dizia que não havia mal algum em copiar textos, em basear-se nos clássicos, contanto que o autor desse um toque pessoal à narração. Foi isso que faltou aqui. O conto parece sguir uma cartilha, com personagens americanizados vivendo uma trama vista em diversos filmes. Não está mal escrito, mas creio que o autor pode sair da casinha — ou da caverna — e ousar mais, ambientando essa história, quem sabe, num contexto mais brasileiro, com personagens brasileiros, em vez de usar a muleta de tantos contos americanizados. Cacife para isso parece haver. Falta, portanto, um tantinho de incentivo. Que este comentário sirva para isso.

    Nota: 2,5

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Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1B, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .