Ida de uma longa volta, volta de uma longa vida (Anderson Prado)
Mergulhou o corpo frágil na água morna do primeiro banho, lavou tentando não quebrar nada.
— O pescoço, o sovaquinho… Isso. Agora, o piu-piu — ensinou o banho quando o bebê aventurava passos ainda trêmulos.
— Pro banho, já — lutou contra a então criança até vencer.
Ouvidos colados à porta, adivinhou, envergonhada, o conteúdo dos extensos banhos adolescentes.
Teve o banheiro só pra si, no que foi o tempo mais longo. Faculdade na capital, casamento, netos. Ida que antecede a volta.
Enrubesceu da própria nudez. Na cadeira de banho, o corpo velho e frágil, que o filho lavou tentando não quebrar nada.
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Um conto impactante que retrata a odisseia de uma vida em poucas palavras. O início quando fala piu-piu me lembrou das pessoas de minas, kkk, sempre tem isso com as crianças, tadinhos.
Gostei bastante do conto!
Boa sorte e parabéns!
este foi pra mim o melhor conto até agora! Que passeio pela vida! Incrível!
COMENTÁRIO: O ciclo de uma vida de cuidados, escrito com bastante delicadeza. O texto tem o mérito de, em pouco espaço, tomar um ponto do cotidiano, o banho, como referência a partir da qual se acompanha duas vidas ligadas pelo afeto da criação e, depois, do retorno. Texto muito forte, apelando à humildade de reconhecermos os efeitos da passagem do tempo e a responsabilidade que se coloca sobre todos nós para enfrentá-los.
Gostei muito da circularidade da passagem do tempo usando o banho como símbolo. O carinho da relação e a intimidade foram muito bem tratados também, no início com palavras infantis e no final com a fragilidade.
Achei o conto bem delicado e original. A técnica também foi bem utilizada para deixar o conto fluido.
Parabéns. Boa sorte.
Mais uma história que trata dos ciclos da vida, tal como “Coisas da Idade”. Aqui, achei a abordagem até mais interessante e original.
A técnica é excelente. Escrita de primeira linha.
As frases nos conduzem bem até o desfecho, dando um aspecto belo sem precisar rebuscar em poesia.
Parabéns pelo trabalho!
Olá, tudo bem?
Muito interessante este resumo da vida de uma mãe e seu em relação ao banho. Começa com o banho no recém-nascido, depois passa pelo menino que não quer tomar ganho, aí vem o adolescente que passa muito mais tempo do que deveria, então este filho sai de casa e sua mãe passa longos anos desfrutando do banheiro sozinha. Então, na velhice, é esta velha mulher que depende do filho para tomar banho. Que situação constrangedora para ambos os lados, mas há situações em que não temos outra alternativa, né?
Boa sorte.
esse conto poderia estar muito bem no desafio “narradores inanimados” da finada lume literatura. O chuveiro narra o passar dos anos. Tem uma certa ternura, e certamente muita beleza. Afinal, todo mundo já passou e vai passar por todas essas fases. É fácil de se identificar. Não sei o que posso acrescentar, já é quase perfeito tecnicamente
boa sorte.
Chamo de “técnica” a facilidade com que o autor carrega o leitor pela narrativa, e/ou transmite subtexto, e/ou faz (bom) uso de figuras de linguagem que tornam a leitura agradável.
Chamo de “interesse” o quanto o texto me fisgou enquanto leitor, o quanto de impacto senti pela leitura.
Chamo de “objetivo do autor” um palpite do que o autor queria com o texto. É mais um esforço criativo e uma tentativa de fazer leituras mais enquanto escritor do que leitor.
Olha, esse texto é bom demais. Costumo dizer que existe uma certa aura de sensibilidade que eu só encontro em escritores latinos. Não é que td escritor latino tenha essa capacidade, mas quando eu encontrei ela sempre foi em alguém ao sul do equador.
Esse texto me transmite esse mesmo sentimento. É singelo, criativo, humano, concreto e cheio de sensibilidade.
Técnica: Alta. Toda uma vida transmitida através de um banheiro. Não só uma vida, mas um ciclo inteiro, inclusive com inversão de papéis. Texto bonito, fluido, perfeito.
Interesse: Muito alto. Sempre que encontro um desses textos com essa aura de sensibilidade, e note, não estou falando de drama, mas dessa aura de difícil definição, eu fico emocionado.
Objetivo do autor: Meu palpite é sensibilizar o leitor, mesmo. E, ao menos aqui comigo, conseguiu.
Olá, Lorenzetti.
Contexto pessoal
Um conto difícil para uma pessoa como eu, que fico tentando ter o controle do futuro. Às vezes, ainda me pego pesando como será. Três dos meus avôs se foram ainda lúcidos e muito fortes. Meu outro avô ficou bastante doente, mas logo depois disso se foi. Eu não tenho referências de como é a vida cuidando de uma pessoa que precisa dos nossos cuidados. Seu conto me faz pensar e traz um aperto no coração.
Análise do conto
Apenas uma coisa me incomodou durante a leitura. Os dois diálogos. Não sei como você traria essas duas passagens sem eles, mas achei que quebraram o ritmo do conto. Sempre imagino diálogos acompanhados de textos que formem uma introdução e uma conclusão para eles, mas aqui não temos isso porque cada parágrafo é uma passagem. Fiquei incomodada, mas não refletiu em nada que senti.
Conclusão
Vou incluir seu conto na minha possível lista de indicados e espero que continue lá!
Desejo um bom desafio!
Olá, Lorenzetti,
Ah, que texto bonito. Todas as fases da vida de mãe e filho retratados no momento íntimo do banho. Ótima ideia, apesar de o tema não ser novidade, foi tratado de maneira muito original.
A opção por intercalar cenas e falas foi arriscada. Na primeira leitura, logo na segunda linha, precisei retornar, mas depois funcionou.
Lendo e aprendendo, não tenho filhos, estranhei já ensinar a limpar o piu-piu quando a criança nem anda ainda. Higiene em primeiro lugar. Interessante hahaha.
“Teve o banheiro só pra si, no que foi o tempo mais longo. Faculdade na capital, casamento, netos” – achei que esse trecho saiu do padrão. Você colocou no “banheiro só para ele” as fases que envolviam a faculdade, o casamento e os netos?
Não entendi o que quis dizer com “Ida que antecede a volta”
Adorei o final.
Parabéns pelo texto.
Olá, Lorenzetti,
Como leitor, agradeço por compartilhar conosco seu texto. Participar de um desafio exige coragem, expor-se de forma cega ao julgamento dos pares. Seu conto utiliza bem do gênero (miniconto) para contar uma longa história. Os títulos em narrativas curtas devem ser bem adequados, pois dentro do limite de palavras, toda informação é importante. No seu caso, o acerto é notável: o título diz muito sobre a história.
Em resumo, temos a história de mãe e filho contadas a partir de banhos. O ciclo da vida: a mãe cuidando do filho no princípio e, em seus últimos dias, recebendo a retribuição. Cena que vai se tornando cada vez mais comum: nossa população envelhece a cada ano e, como a taxa de natalidade despencou nas últimas décadas, são mais idosos que necessitam de suporte.
Seu conto é sensível, aborda um tema relevante, que envolve o leitor de algum modo. Por cobrir muitas passagens de tempo, é formado por transições um pouco abruptas. Fiquei pensando se não havia um modo de conduzir a narrativa sem tantos “solavancos”.
Ainda assim, sobressaem as virtudes. Parabéns e boa sorte no desafio!
Em vez de focalizar um instante, o microconto focaliza uma vida, resumindo-a em torno de um de seus aspectos mais prosaicos e repetitivos. Achei a ideia brilhante: a metáfora da agua escorrendo pelo ralo é muito boa. Ja quanto a execução, achei destoante o discurso direto, questão de gosto. A elegância dos períodos narrados em terceira pessoa para o gosto desta leitora combina melhor com a proposta do texto. Também acho que o título ficou devendo a ideia do texto. De qualquer forma, é um bom micro. Parabéns!
Tem coisa mais íntima que o banheiro? E, aqui, mãe e filho dividem a intimidade, em momentos-chave de suas vidas compartilhadas.
Talvez tenha sido o conto de drama que mais me marcou, talvez pela invertida que tomei no último parágrafo. Realmente, foi ótima a forma como você usou novamente o “cuidado para não quebrar”. Salienta muito bem a circularidade da vida.
Eu retiraria o “corpo velho e frágil” para não ficar tão na cara. A cadeira já dá conta do recado e me desarmou…. “faculdade na capital” também acho que explica demais do que se trata aquela passagem.
Mas é isso. Apenas coloquei algumas melhoras ao meu ver, para um conto que já está muito bom. Provavelmente estará no meu top.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Um conto muito interessante, contando através do banho (inclusive excelente o nome do autor) a história de uma mãe e seu filho.
A passagem do tempo é feita de forma bem clara e o final, fechando com o início, onde ela iniciou banhando o filho com cuidado e termina sendo banhada da mesma forma.
Autor(a) saiu da zona de conforto e entregou um conto realmente muito bom.
Parabéns!
Através do relacionamento com o banho, é-nos contada a história de vida de uma mãe e do seu filho. Uma história de amor dado e amor retribuído. Da mesma forma cuidada que a mãe tratou do filho bebé, o filho adulto tratou da mãe idosa.
Muito bem escrito, o ritmo do texto dá-nos mesmo a sensação da passagem do tempo, da fugacidade da vida.
É mais um daqueles contos que nos deixa a pensar no que nos diz depois da leitura.
O banho como metáfora do relacionamento entre mãe e filho. A água é o elemento relacionado às emoções. Quem primeiro cuidou, depois, foi cuidada. Nada mais justo, mas nem sempre acontece assim.
O conto comove porque traz o que seria parte do ciclo natural da vida, e isso nos parece extraordinário. Talvez isso ocorra devido ao fato de já estarmos acostumados a esperar o contrário: o abandono, o descaso com os idosos.
Não encontrei falhas de revisão, apenas palavras que se encaixam perfeitamente ao quadro sensível retratado e ao limite imposto.
Parabéns pela participação e boa sorte!
Pois é, um conto que me traz resumido dentro das poucas palavras permitidas pelo desafio, o ciclo completo da vida… O primeiro banho e um dos últimos (ou seria mesmo o derradeiro?). Uma bela história, a partir do banho, de como a vida se desenrola desde o começo da infância, os primeiros passos trêmulos, até a cadeira de banho do idoso que nem consegue dar mais seus passos. Gostei do seu microconto. Parabéns e sucesso no desafio.
O conto aborda uma mãe cuidando do filho, particularmente dando banho quando bebê, depois ouvindo pela porta o adolescente no banho, em seguida, ela idosa, senil, o filho dando banho nela. Mais um conto de grande sensibilidade , simples, sem reviravoltas. Normal como a vida é. Em poucos elementos tem-se a visão da vida, da relação mãe filho e o cuidado um com o outro. Mais um conto no estilo A Vida Como Ela É. Causou-me nenhum impacto.
Plot: A história de uma vida, contada a partir das fases dos banhos.
Desenvolvimento: Muito bom, só consegui entender no último parágrafo e isso foi ótimo. Escrita segura do que quer e precisava mesmo ser, porque não seria um desenvolvimento fácil e há aqui uma linha tênue, o conto poderia ser piegas e melancólico, mas não foi. Diferente do título, pseudônimo e imagem totalmente a ver com o texto rs. O título achei genérico, porque longa volta, longa vida pode se referir a muitas coisas diferentes. O trecho final foi mesmo chave de ouro para a narrativa.
Destaque: Para a ideia bem executada e que fugiu ao comum. Parabéns!
Impressões da leitura: Gostei bastante do texto, funcionou tanto como micro que acho seria desnecessário fazer dele um texto muito maior do que isso. Meu preferido, por enquanto (estou lendo na sequência). Pode não ser o primeiro quando tiver comentado todos, mas sinto que estará entre os 15, com certeza! Boa sorte no desafio.
O banho, como ritual e momento de vida… acho que o autor conseguiu aquele “elo simbólico” que faz a história de uma vida inteira perpassar na frente da gente. A escolha dos momentos mais relevantes, e a necessidade de condensar isso tudo em 99 palavras, demonstra a técnica e criatividade do autor. Só não gostei mesmo do título, acho que escolheria algo mais relacionado à imagética do conto. De qualquer forma, parabéns!
Que coisa linda. O título é maravilhoso, e o conto entrega tudo que promete. Como pai, essas imagens tão palpáveis da passagem de tempo me emocionaram. O tema é instigante, muito frequente, mas a escolha de como retratá-lo é muito original e bem executada. Um dos meus favoritos até agora. Parabéns!
Um banho de bela escrita, Lorenzetti, parabéns! Confesso que eu estava precisando rs
A circularidade da vida, desde a infância até a velhice, retratada pela experiência do banho, hábito mais comum entre nós brasileiros devido à influência indígena do que entre outros povos.
O texto é marcado pela delicadeza e pela emoção, revelando a fragilidade e a beleza da vida.
Ao apresentar o banho como um ritual que acompanha o indivíduo ao longo de toda a vida, é criada uma sensação de completude e de aceitação dos ciclos desse processo.
Aqui estão presentes temas como a vida, a morte, o tempo e a família. Todos organizados de modo a entendermos a importância dos ciclos da vida e dos relacionamentos.
Obrigado pelo conto e boa sorte!
O conto narra o ciclo básico de uma vida, pais cuidando dos filhos e no fim o contrário, filhos cuidando dos pais. O passar do tempo é feito de uma forma bem agradável, pelos olhos dos pais, acho que é mãe, narrando o crescimento do filho a medida que ele fica mais longe de casa e necessita menos dos cuidados dela, até o momento que ela começa a necessitar dos cuidados do filho. O título mostra isso. É um bom conto, com uma boa técnica e com um impacto de médio.
Boa sorte no desafio.
errata / texto do Lorenzetti / que quis dizer: “…é tão natural e verdadeira que é bem difícil de não emocionar”
Parabéns. Gostei muito deste miniconto.
É daqueles que não precisam de grandes reviravoltas ou tramas elaboradas para conquistar, mesmo em se tratando de um espaço tão curto. O autor, de forma inteligente, investe seus esforços naquilo que todo mundo tem em comum: o tempo, as mudanças, as fases da vida. É simples e direto, mas com uma profundidade que faz a gente parar e refletir.
Vemos um resumo da vida que ocorre com qualquer um. A relação entre mãe e filho, que começa com o cuidado dela com o bebê e termina com o cuidado dele com a mãe idosa, é tão natural e verdadeira que é bem difícil de emocionar. É a vida em ciclo, crua e poética ao mesmo tempo.
O que mais me chamou atenção aqui foi a delicadeza com que a passagem do tempo foi mostrada – quase sem esforço, mas cheia de impacto. Não tem um grande plot twist, mas nem precisa. Nem todo conto precisa ter uma reviravolta inesperada para impactar.
A força do texto está na forma como ele nos faz pensar sobre a brevidade da vida, sobre como os papéis se invertem com o tempo, sobre o que significa cuidar e ser cuidado. É filosófico, sim, e mexe com a gente porque, reitero, é algo que todo mundo vive ou vai viver. No fim das contas, é uma leitura que deixa um gostinho agridoce e faz a gente lembrar de como tudo é passageiro – e, por isso mesmo, precioso. Muito bom!
Acredito que para funcionar bem um microconto precisa de camadas diferentes. Para além da história literal que é contada pelas palavras, é preciso haver tramas subjacentes, dilemas e dramas escondidos nas entrelinhas, algo que se revele somente ao fim da leitura, ou até mesmo em uma segunda ou terceira leitura.
Este conto me fez lembrar do filme “Here – Aqui”, em que testemunhamos a vida de um casal sob o ponto de vista da casa deles. Sempre do mesmo ângulo vemos o tempo passar com eles se conhecendo, se apaixonando, se casando, ficando velhos… É um filme que faz pensar.
Neste conto algo semelhante ocorre na medida em que se tem o momento do banho como parâmetro para uma vida inteira: a infância, a adolescência, a maturidade e a velhice. Fazer isso em 99 palavras é de fato uma façanha, ainda mais quando paramos para pensar no que os mais velhos nos dizem: que no fim, a impressão que se tem é a de que a vida passa muito rápido.
O conto faz isso de forma muito competente, ainda que não permita um vislumbre maior sobre o protagonista. Há um tanto de poesia nas entrelinhas, mas nada que busque cativar o leitor pelo uso das palavras.
Demais disso, trata-se de uma história só, sem subtexto, sem algo escondido nas entrelinhas, sem algo que se revelasse apenas ao fim da leitura.
Em suma, é uma trama simples e bem escrita, mas que carece um tantinho de ousadia.
Bom dia/boa tarde/boa noite e um bom ano pra nós, amigo entrecontista. Bora começar um novo ano arrasando na escrita! Parabéns pela participação nesse primeiro desafio no ano,! Pra mim, escrever micro conto é um macro desafio kkkkkk. Bora pra sua avaliação, mas, por favor, não leve minhas palavras a sério demais, afinal, micro conto é algo muito fora da curva e é difícil até analisar. Pra ajudar, criei um micro sistema que espero que ajude a ser justo com todos os amigos. Bora lá!
Micro resumo: o ciclo da vida, começando com a mae banhando o filho e terminando com o filho banhando a mae.
Microsensações: triste e real. Pesado. O ciclo que a maioria das familias passa: os pais cuidam dos filhos e no final os filhos cuidam dos pais. Os 4 sofrimentos descritos pelo Buda: nascimento, envelhecimento, doença e morte. O conto tranbsmite perfeiramente a noção de passagem do tempo, com pouquissimas palavras, sem precisar escancarar na nossa cara. Uma leitura atenta é suficiente pra explicar tudo. Acho que é exatamente assim que um micro deve ser, e por isso o seu é um dos bons. Uma beleza poética, muito pesada e densa. Parabéns.
Impacto:
Micro
Médio
Macro –> o final é muito impactante. Quando cheguei no ultimo paragrafo, e por meio dele desvendei o penultimo, foi um bom choque. O impacto vem também das situações que todos nós ja vivemos com pais, tios, avós, etc. Minha esposa está sofrendo isso agora mesmo com o avô. Real e impactante.
Uso das pouquíssimas palavras permitidas: excelente. Cada palavra parece escolhdia a dedo para contar algo relevante. Nada falta, nada sobra.
Conclusão de um leitor micro-capacitado a opinar sobre micro contos: assisti diante de meus olhos a vida passar: do primeiro banho ao ultimo. Me emocionei com o ciclo da vida.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Conto forte. Cada parágrafo, uma fase da vida. Incrível como os autores estão sendo criativos neste desafio. Gostei muito desta abordagem, do ciclo estabelecido no texto, e de como o título é, por si só, parte do ciclo do conto, que é também o ciclo da vida: primeiro, cuidamos dos filhos. Depois, eles cuidam de nós.
O penúltimo parágrafo foi o que bateu mais em mim: “Teve o banheiro só pra si, no que foi o tempo mais longo. Faculdade na capital, casamento, netos. Ida que antecede a volta”. É a despedida do filho, a crise do ninho vazio. Especialmente o final: “a ida que antecede a volta”. O filho foi embora, mas volta no último parágrafo, para completar o ciclo.
Conto lindo, muito bem escrito e de grande imaginação. Parabéns!
O microconto é delicado e envolvente e mostra o ciclo de cuidado e vulnerabilidade que perpassa duas gerações. O tempo flui de maneira natural ligando as etapas da vida por meio do banho. E a inversão de papéis é mostrada com sensibilidade e sutileza. Sem melodramas, mas com certa melancolia e beleza. Me fez lembrar de meus filhos (das várias fases até agora, já adultos e independentes) e da minha mãe com 93 anos. É um ciclo e o micro conseguiu criar essa estrutura, além de reforçar a ideia de continuidade e do afeto ser algo que perdurou (porque é o filho quem dá banho para a mãe e se ele faz isso, se não delega essa função a outra pessoa, significa que ele quer cuidar, que a proximidade e o amor entre os dois é forte e verdadeiro).
Olá, Entrecontista,
Opa, temos um excelente tema aqui, bem explorado.
O título só se desvenda com a leitura, e tudo faz sentido porque está bem costurado. Simples e direto.
O mesmo tempo verbal e o mesmo sujeito ajudaram a entender que se tratava de uma linha do tempo. Gostei muito.
Obrigada pelo texto.
Que lindo esse conto. Toda uma existência narrada em poucas palavras, provocando um efeito circular, onde o fim repete o início, assim como é a própria vida. E essa é a força significativa desse conto. A escolha precisa das palavras em frases curtas dá coesão ao texto, os personagens são bem apresentados, nada sobra, nada falta. Um microconto perfeito. Parabéns!
IDA DE UMA LONGA VOLTA, VOLTA DE UMA LONGA VIDA (LORENZETTI)
Bom dia, boa tarde, boa noite autor(a)! Espero que esteja bem! Meus critérios de avaliação foram escolhidos baseando-se em conceitos que encontrei sobre o gênero microconto na internet. São eles: utilização do espaço permitido, subtexto, impacto, escrita. Nesse desafio em específico, não soltarei minhas notas no comentário. E, por fim, mas não menos importante, gostaria que você tivesse em mente que microcontos são difíceis de escrever e difíceis de avaliar; logo, não leve tanto para o lado pessoal se o meu comentário não estiver bom o suficiente, por qualquer motivo que seja. Garanto que li com o cuidado e a atenção que seu conto merece, dando o meu melhor para tanto contribuir com a minha opinião quanto para avaliar de uma forma justa você e os demais colegas.
É isso! Chega de enrolação e vamos para o meu comentário:
Ø Breve resumo:
De uma mãe dando banho ao filho recém nascido, para o filho dando banho à mãe idosa. O inevitável ciclo da vida. Cuidado.
Ø Utilização do espaço permitido:
Irretocável! Condução perfeita do conto. Ciclo.
Ø Subtexto:
Esse é um conto muito bom. A relação de mãe e filho, o ciclo da vida e o cuidado contados diante da ótica do chuveiro. O que esse aparelho não viu, não é mesmo?
Destaco a sensibilidade do autor/ da autora para contar essa história. Muito bom!
Ø Escrita:
A escrita é simples, singela. Os diálogos lembram o cotidiano. Gostei!
De negativo (eu sei, sou chato), eu diria que algumas coisas escaparam da revisão, mas nada que estraga a leitura; pra, já (!)…
Ø Impacto:
Esse conto é muito bom, ótimo. Autêntico microconto; sucinto, simples, mas de uma profundidade ímpar.
Parabéns pelo trabalho!
Boa sorte no Desafio.
Olá, Lorenzetti!
Tanto a imagem, quanto a história e até mesmo o pseudônimo remetem ao banho. Pode parecer óbvio, mas nem todos seguiram uma sequência lógica e aplaudo quem deixou o mínimo de sentido para que o leitor pudesse se situar. A questão que eu vejo no conto, é que não percebo um desenvolvimento claro. Entendo as passagens desde o primeiro banho até o envelhecimento do personagem, porém não saiu do senso comum e, para mim, não teve muito impacto. Talvez se o banho tivesse ouvido uma revelação ou uma reviravolta, aí eu poderia ver uma criatividade um pouco mais presente. No meu entendimento são apenas passagens que, de certo modo, o leitor faz uma associação e uma progressão com esses trechos, mas não deixam de ser passagens. Parabéns pelo conto!
Ralos de banheiro, se fossem objetos com consciência, seriam testemunhas das maiores intimidades e fraquezas dos indivíduos…
É uma ideia realmente legal, contar uma relação entre mãe e filho a partir de algo tão corriqueiro e tão íntimo quanto um banho. Há começo e final e a escrita segura bem a curta narrativa. Entrou na lista dos favoritos, parabéns e boa sorte no desafio.
Ótima ideia. Falamos sobre a passagem do temo de modo recorrente, mas você encontrou uma maneira bem singular de abordar o tema.
Parabéns
Muito interessante abordar uma relação parental ao longo de toda uma vida por meio de um ponto de vista curioso: o de um cômodo. O banheiro, ainda por cima, local de intimidades e escatologias – assim como de momentos doces, como bem trazido na história.
Ótima escrita. Em poucas linhas, viajamos décadas, e criamos empatia pelos dois personagens quase que instantaneamente.
Boa sorte!
O conto é sobre uma questão muito delicada: o cuidado. A partir de uma transformação etária, vemos um ciclo de cuidados de uns com outros, até que chega ao ponto em que a primeira geração passa a ajudar seus genitores. O conto perpassa por isso de maneira sóbria, sem muito indicar o sofrimento causado pelo processo que, obviamente, nos faz lidar com situações de amor e ódio ao longo do tempo, de cansaço extremo e também de satisfação e amor extremos. Enfim, achei interessante a temática e a forma como foi construído, mas não do estilo.
Olá, Lorenzetti! Tudo bem?
Gostei bastante do seu conto!
Podemos dizer que é o chuveiro (Lorenzetti 😅) quem narra a história dessa ligação entre mãe e filho e seus banhos ao longo da vida.
Impressionante como você conseguiu mostrar uma vida inteira em tão poucas palavras! Cada fase da vida está perfeitamente narrada aqui! Coisa de mestre!
Terminar o conto com as mesmas palavras com que terminou o primeiro parágrafo, frisando o fato de que a vida é cíclica, foi sensacional!
É realmente um ótimo conto!
Parabéns e boa sorte no desafio!
Até mais!
Um conto sobre a vida e o processo do envelhecimento.
Bem escrito e, em alguma medida, emocionante.
O título é interessante pela brincadeira com as palavras.
Será que o pseudônimo faz referência à marca de um chuveiro/ducha ?
Parabéns!
Um ótimo microconto. Curtinho, sucinto, conta uma história grande e faz pensar.
Através do banho, descreve a passagem do tempo e mostra a ida e a volta da vida: quando velhos, voltamos, de certa forma, a infância.A escrita é muito boa, sensível e a narrativa é clara. Gostei muito!
Parabéns pela participação e boa sorte.
Kelly
Falou muito bem do inevitável ciclo da vida. Me peguei sinceramente lembrando dos familiares que já passaram e os que certamente irão passar por isso. Uma dor que não é vivida sozinha, absolutamente. Parabéns pelo texto!
Olá, Lorenzetti!
Uma vida contada através de banhos. Achei uma ideia muito, muito original. O que, por si só, já é algo acima da média. O texto colabora, com um ritmo fácil, agradável, enveredando pelo drama, mas sem apelar para os clichês do gênero.
Achei particularmente genial a forma como o conto aborda a questão do ciclo, quando lemos no primeiro parágrafo o “tentando não quebrar nada”, que é resgatado no último parágrafo, mudando o sujeito. E são esses detalhes que fazem a diferença em contos de limites tão curtos.
Com relação à técnica empregada, talvez não tenhamos aqui as escolhas frasais e o vocabulário mais elegante. Acredito que seu conto poderia, sim, ter ganhado um pouco de requinte com algumas escolhas “melhores” dentro da gama de termos utilizados. Frases como “lutou contra a então criança até vencer” e “ensinou o banho quando o bebê aventurava passos ainda trêmulos” me soaram um tanto quanto estranhas em comparação com o restante do texto.
Mas, mesmo com os pontos que critiquei, ainda gostei bastante do conto e, acredito, estará na minha lista de favoritos.
É isso. Boa sorte no desafio!
Memórias liquefeitas que se evaporam no ralo do tempo até que a alma saia lavada para ser estendida nos varais das estrelas.
Poético? Talvez.
Mas é um ciclo necessário e bem contado para a assepsia dos nossos dias que passam rápidos como a tormenta das grandes águas.
Boa sorte!
Rogério Germani
A passagem do tempo analisada pelo banho. A ideia foi bem original. A separação do texto por parágrafos facilitou a compreensão. Bem escrito, texto de leitura agradável, mas senti a falta de algo marcante, além da simples evolução. Foi sem dúvida um bom conto. Boa sorte no desafio Lorenzetti
Sutil e belo jogo de palavras. São bastante explicativas, embora sutis, o que auxilia na compreensão do conto logo na primeira vez que é lido. Fala sobre as passagens da vida de um homem, do ponto de vista de seu banho diário. Achei quase genial. A execução da ideia foi satisfatória, deu pra perceber que o autor passou um tempo dilapidando o conto até sua versão final – e fez um bom trabalho. Mesmo assim, este gênero dificilmente me cativa de verdade, mas isso é uma questão de gosto pessoal.
Gostei! É interessante ver a passagem de uma vida na perspectiva de situações de banho. A transição para cada fase, implícita a cada quebra de linha, torna a leitura um pouco estranha no começo, mas depois nos acostumamos. Realista, sensível, e bem interessante.
Ida de uma longa volta, volta de uma longa vida” (misericórdia, outro título longo! lá se vão minhas aspas novamente porque senão me confundo; doravante será apenas Ida De Uma Longa Volta), Ida De Uma Longa Volta é um microconto sobre envelhecimento. O filho nasce, a mãe lhe dá um atrapalhado primeiro banho, tenta não quebrar nada. O bebê cresce e ela lhe ensina o banho. O tempo passa, a criança espiga, espoleta pela casa, quer correr, brincar, foge do banho. A mãe luta, ordena, berra. Já o adolescente adora o banho. A mãe estranha, espreita atrás da porta. Por fim, a mãe tem o banheiro só pra si. Sentimos a dor da separação. O filho segue em frente. Faz faculdade longe de casa, se casa, dá netos à mãe. É uma das idas de uma longa volta deste conto, porque haverá volta, está reservada para o parágrafo final, é quando o filho se vê obrigado a voltar pra casa da mãe e lhe banhar, tentando agora ele não quebrar nada. O ciclo se fecha pra mãe, a longa volta de uma longa vida.
A linha do tempo bem contextualizada: do começo até o fim, retratando – com muita sensibilidade e densidade – os banhos que a gente leva da vida. Parabéns e boa sorte.
É um conto comovente. A estrutura de olhar o momento do banho em diferentes momentos da vida é muito criativo. O texto segue uma lógica segura e flui bem, do início (ida) até o fim (volta).
📜 Conteúdo (⭐⭐⭐): achei muito boa a concisão de uma vida contada em 99 palavras (ou menos) usando o banho para marcar a passagem do tempo. Do bebê ao idoso, ambos frágeis. Excelente!
📝 Técnica (⭐⭐▫): boa, conta muito em tão pouco espaço
💡 Criatividade (⭐⭐▫): dentro da média do desafio
🎭 Impacto (⭐⭐⭐): me marcou, pois tenho filhos, os vejo envelhecer, já não precisando mais da minha ajuda. E também tenho um pai e sogro idosos, precisando de ajuda no banho. Muito bom, parabéns!
Oi, bem?
Esse micro é uma mostra de que não é preciso muito para criar uma história com início, meio e fim. A relação de mãe e filho é o coração do texto, e o lugar de apoio a essa relação é o banheiro, onde de fato acontecem as transformações.
O cuidado da mãe inexperiente, o mau humor pelo filho desobediente, a descoberta de que esse filho já não é mais uma criança e, então, a ausência. O banheiro agora era só dela, por enquanto.
A forma como você demonstrou o ciclo da vida foi criativa e sensível. De repente, os papéis se invertem naturalmente, como tem que ser ou deveria (exceto para os filhos que se afastam e os pais de pets).
O texto mostra como somos frágeis e dependentes no começo e no final da vida.
Belo trabalho.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Olá, Lorenzetti.
É o melhor título de conto até aqui e o microconto que mais gerou impacto em mim até o momento. O curioso é que o tema deste me remete a um outro microconto de outra edição, de autoria de um excelente escritor, mas não vou especular autoria…
Acredito que os aspectos ou características de um microconto estão todos atendidos aqui, mesmo na minha limitada forma de ver a coisa. É triste e tocante. Parabéns!
Boa sorte neste desafio.
Conto de muita sensibilidade, explorando bem o ciclo da vida, nascimento, envelhecimento e as fragilidades se alterando com o tempo.
Cyro Fernandes
cyroef@gmail.com
Esse título me deu um nó no cérebro, e acho que eu não o compreendi completamente, mesmo agora após a leitura.
O mote do conto é bastante interessante. Extremamente criativo. É uma história de vida, mas mostrada na ótima de…… banhos? A cada parágrafo, um banho diferente, uma época diferente da vida. Banho do bebê, banho da criança, banho do adolescente, banho do adulto, banho do véio… o próximo parágrafo, se houvesse, seria já no caixão.
Achei bem legal a proposta. O que está me surpreendendo neste desafio é que todo mundo está investindo bastante na criatividade, e isso está me satisfazendo bastante.
Gostei desta história sobre o ciclo da vida com banhos. Provavelmente estará na minha lista de favoritos.