Mais uma vez teve que diminuir o brilho da tela do computador. A cabeça doía. Estava sempre tão ocupada. Como as pessoas não percebiam isso?
“Ficou sabendo que a vizinha está grávida?”
“A Patrícia Abravanel pegou a herança do pai e está distribuindo no jogo do tigrinho. Instala para mim?”
Entrou na reunião on-line, sacudindo as pernas debaixo da mesa.
“Bom dia a todos”, cumprimentou Agenor, do RH. “A reunião foi cancelada. O Cláudio sofreu um acidente de carro e não resistiu. A vida, meus amigos, é um sopro.”
Fechou o computador. Levantou os olhos e disse:
— Oi mãe.
COMENTÁRIO: Releituras me possibilitaram entender que a última linha de diálogo sugere que, dispensada da reunião, a personagem conseguiu, enfim, falar com alguém da própria família, como se estivesse ocupada demais para isso. Foi preciso reler porque, apesar dessa possibilidade de interpretação, pra mim o conto se encerrou abruptamente, sem muita coesão com o começo e, portanto, sem impacto, não conseguindo determinar o que queria contar exatamente. Era a exaustão da protagonista? O marasmo do trabalho? A desconexão com a família? O espaço pouco não permitiu uma conclusão. Mas o desafio é justamente esse.
Me pareceu a rotina de uma pessoa em home office. Passo por isso e digo que nem sempre é fácil, visto que nem todos entendem. A conciliação da vida cotidiana e profissional dentro de casa acaba gerando alguns conflitos. Essa foi a mensagem que me passou o micro. Gostei justamente pela semelhança com minha rotina. Parabéns!
O texto narra uma cena cotidiana, onde a personagem tenta se concentrar nas tarefas, uma reunião on-line, mas acaba se desconcentrando com outros assuntos.
Bem, tá bem escrito, não percebi erros, mas, não me empolgou muito. Sei lá, achei a história fria, sem causar impacto. Talvez a ideia fosse falar sobre procrastinação, coisa que acontece com todos nós. No entanto, não funcionou para mim como um conto.
Boa sorte no desafio
Olá, Marcela!
Um retrato da vida cotidiana que muitas pessoas poderão se identificar, mesmo não trabalhando nós pensamos em trabalho. Concordo muito com a vida ser um sopro e que nós não podemos deixar nossas motivações para depois e estar com a nossa rotina nos atropelando. É um texto bem escrito, com uma proposta de reflexão muito interessante. Parabéns! Boa sorte no concurso.
Olá, tudo bem?
Um microconto sobre a vida cotidiana, o excesso de trabalho, a vida pessoal deixada de lado e para no final, ganhar o quê com isso? Deve ter sido isso que a protagonista pensou ao receber a notícia da morte de um colega de trabalho. Deixou o trabalho um pouco de lado e foi passar um tempo com sua mãe, que estava à sua frente.
Bem, acho que muitos de nós nos identificamos com essas leituras. Penso que não é apenas comigo, mas a maioria de nós deve se perguntar todos os dias se o que fazemos, os sacrifícios, valem a pena. A cada perda de um familiar, amigo ou colega de trabalho, trazem essa sensação de que não passamos de “peões” neste mundo que temos em comum.
O microconto está bem escrito, não tem nenhuma grande reviravolta, nem choque, surpresa, nó na garganta, borboletas no estômago, mas nada disso desqualifica a qualidade do texto. Você fez um bom trabalho.
Boa sorte.
Olá, Marcela!
Nossa, esse conto retrata a minha rotina diária. Brigo todo dia para não deixar os compromissos com o trabalho, com as obrigações suprimirem o que eu sou. E o que eu sou? Sou minha família, sou meu tempo livre, sou minha saúde. Frequentemente ouço no serviço que, se eu morrer, minha empresa colocará outro em meu lugar e o serviço continuará sendo feito. E é verdade. Aqui até a dor de cabeça faz parte da minha realidade.
O conto envelopa essa mensagem numa cena moderna, em que o trabalho da personagem principal foi transferido para o home office. Ainda uma realidade distante da maioria das pessoas, mas que entendo que cabe melhor na proposta do micro conto, sem espaço para desenvolver um cenário mais elaborado.
O texto está certinho, há apenas uma vírgula faltando entre “oi” e “mãe”, no final, mas, de resto, nada a apontar nesse aspecto. O texto vai num ritmo direto, com poucas pausas para respirar, emulando a situação da personagem.
É um bom conto. Carece de um vocabulário um pouco mais elegante para se destacar um pouco mais, mas no geral atende à proposta do desafio.
É isso. Boa sorte!
Oi, Marcela,
Como leitor, agradeço por compartilhar conosco seu texto. Participar de um desafio exige coragem, expor-se de forma cega ao julgamento dos pares. Seu conto está bem escrito e trata de um tema sensível a todos nós: a vida conectada em redes, sociabilizando e trabalhando através do computador. Para muitos, o home office é uma dádiva, mas fico com a impressão de que não é tão saudável ter o trabalho invadindo nosso espaço íntimo.
E nos tira dele, de certa forma. O “Oi, mãe”, no fim do texto, nos mostra isso, a trabalhadora que, diante da iluminação do notebook, só vai dar saudar a mãe no fim do dia.
Há também a morte do colega de trabalho, a reflexão genérica (“a vida é um sopro”) feita pelo gerente do RH, que parece não impactar a vida da personagem.
Seu microconto trata de um tema universal, mas de uma forma bem própria. Não é um texto simples, com as informações mastigadas, mas fica bem clara a crítica à vida contemporânea, digamos assim.
Parabéns pelo texto e boa sorte no desafio!
Bom dia/boa tarde/boa noite e um bom ano pra nós, amigo entrecontista. Bora começar um novo ano arrasando na escrita! Parabéns pela participação nesse primeiro desafio no ano,! Pra mim, escrever micro conto é um macro desafio kkkkkk. Bora pra sua avaliação, mas, por favor, não leve minhas palavras a sério demais, afinal, micro conto é algo muito fora da curva e é difícil até analisar. Pra ajudar, criei um micro sistema que espero que ajude a ser justo com todos os amigos. Bora lá!
Micro resumo: mulher focada demais no trabalho não enxerga a propria mae, bem na sua frente. Ate que toma um susto e passa a enxergar.
Microsensações: engraçado como é recorrente nesse desafio o tema dos dilemasda visa moderna. Quer dizer, não é engraçado, pois é um assunto recorrente mesmo, mas achei interessante como esse tema apareceu muito mais no desafio micro contos doq ele aparece geralmente. Talvez o espaço limitado desperte nos autores o desejo de tecer uma crítica mais aguda e de impacto do que os contos mais longos, cujo desenvolvimento mais demorado pode tirar o impacto da crítica. Sei la, devo ta viajando. Mas falando sobre seu conto especificamente, a primeira leitura foi dificil, e eu fiquei perdido sem entender quem estava falando com ela. Não peguei a ideia do “oi, mãe” no final. As releituras ajudaram a juntar as pontas, e isso deixou o impacto muito maior. A mãe prestes a perder dinheiro no tigrinho baseado numa fake news e ela nao prestava atenção alguma, ate que o susto de perder um colega de trabalho a despertou sobre como estava vivendo. Olhou para fora da tela e viu a mãe, carente de atenção. Pesado. Um conto que trabalha bem essa ideia em seu pouco espaço, contando bastante com a interpretação do leitor e deixando muito nas entrelinhas. Arriscado e corajoso. Funcionou.
Impacto:
Micro
Médio –> é uma mensagem impactante e bem trabalhada no conto. Acho que a frase final, que entrega o impacto, podia ser melhor trabalhada. Acho que “oi, mãe” foi pouco para gerar a sensação que o conto se propunha. Funcionou, mas podia ser mais impactante.
Macro
Uso das pouquíssimas palavras permitidas: bom. Muito fica nas entrelinhas, o que ajuda a transmitir a mensagem proposta.
Conclusão de um leitor micro-capacitado a opinar sobre micro contos: minha mãe queria me contar a historia da vizinha que não saía do computador pra nada e nem viu que a propria mãe tava passando mal. Eu, distraído, falei pra ela falar mais baixo pq eu tava lendo os ultimos micros do desafio. Tomei um susto quando li esse aqui, parei pra tomar um café com ela.
Parabéns e boa sorte no desafio!
O conto eleva a importância de dar atenção ao que realmente importa, e não levar tão a sério assim o seu trabalho. Inicialmente a leitura ficou um pouco confusa, pois eu não sabia que os trechos entre aspas eram as falas da mãe. No final, entendi que foi proposital: assim como a personagem principal, que estava focada demais para ouvir o que a mãe tinha a dizer, eu, como leitor, achei estranhas aquelas frases soltas no meio do texto.
A personagem principal leva um choque quando entende que a vida é um sopro. Súbito, a reunião do RH não era mais tão importante assim. Queria ouvir mais a voz da sua mãe.
Forte. Muito bom!
Acredito que para funcionar bem um microconto precisa de camadas diferentes. Para além da história literal que é contada pelas palavras, é preciso haver tramas subjacentes, dilemas e dramas escondidos nas entrelinhas, algo que se revele somente ao fim da leitura, ou até mesmo em uma segunda ou terceira leitura.
Tem-se um tanto disso neste conto que, ao que parece, conta a história de uma mulher focada, talvez demais, no trabalho. Sem tempo para si ou para a família, vê-se presa à rotina de reuniões e compromissos, à beira de um burnout. Seus colegas de trabalho não percebem. Mesmo assim ela só desliga desse ritmo quando uma reunião on-line é cancelada e ele, enfim, enxerga a mãe, ali próxima.
É um conto que trata dos dilemas modernos, do embate entre vida pessoal e vida profissional, sendo que esta se sobrepõe àquela, impedindo que enxerguemos além.
É um conto simpático e bem escrito, mas sinceramente fiquei esperando algo mais pungente, mais assertivo. O fim é bacana e tem sua beleza, mas não traz o impacto que o tema merece.
Este é um conto bem contemporâneo, localizado no periodo pós-pandemia, com trabalho home officee e jogo do tigrinho. Achei até que no final o cara ia dizer um “Calma calabreso”. Mas no lugar disso ele diz um “Oi mãe”. Não entendi direito… deve ser pra representar que hoje em dia os caras dos 30~40 anos não veem mais a necessidade de sair da casa dos pais?
Apesar de uma escrita muito boa do autor, o enredo em nada me entreteve. É só a história de um protagonista do mundo moderno que tem mil afazeres (hoje em dia todo mundo se acha multi-tarefa), e que não tem tempo para nada.
De qualquer forma, desejo boa sorte no desafio.
Estamos todos nós atrás de uma tela… É um conto extremamente atual, uma crônica do cotidiano do século XXI. Os joguinhos, a ansiedade, home office e tudo o mais. Admito que a notícia da virada me pareceu um tanto artificial, mas, em 99 palavras, o trabalho foi muito bemm feito. A frase fnal, inclusive, funciona muito bem. Parabéns e boa sorte no desafio.
Parabéns pelo conto! Gosto do trabalho de forma, com o andamento e formato de virada comum a microcontos funcionando muito bem.
O enredo é extremamente realista para mim em mais de um aspecto, mas ainda assim não me pegou tanto, talvez por oferecer uma dinâmica que já vi explorada antes de outras formas.
Ainda assim, bom conto.
Olá, Entrecontista,
Na minha leitura, uma criança se apossa do computador da mãe enquanto ela não vê e faz um monte de traquinagem, lê fofoca, participa de reunião do trabalho, bem safadinha, sacode as perninhas, até que a mãe a flagra.
Mas… também pode ser lido como uma mulher super exausta que se mete em tudo que é coisa da internet e não tem tempo pra ela, nem pra mãe, que está ali próxima.
Tá bem interessante porque não é fácil concluir. Não sei se inventei tudo isso (não leio os outros antes de escrever), mas gosto de pensar nessas duas vertentes.
Valeu pelo texto.
Um conto de uma atualidade que chega a chocar, trazendo o trabalho online desde casa e até a me obrigar a diminuir a luz da tela do computador, Marcela. Sim, não dá para deixar para depois. E esse final fechando o computador, levantando os olhos e dizendo “oi mãe” me pegou demais, sabe? Pensando aqui se a mãe estava mesma ali presente, ou se ela já tinha partido (mesmo considerando que o trabalho é remoto, ou seja, desde a sua casa, eis que a vida é um sopro? Gosto desse final aberto. Ele enriquece a história no meu modo de ver. Parabéns.
Oi, bem?
Seu conto é uma carapuça. Me senti nessa situação de não dar a devida atenção a alguém por estar ou distraída, ou sei lá o que a gente fica às vezes. Especificamente com a mãe, é um clássico.
A personagem está em home office, cansada, estressada e sentindo-se incompreendida. Como as pessoas podem encher tanto o saco dela diante de tanta coisa importante que ela tem para fazer? Ao fundo, temos a mãe, buscando alguma conversa… bem típico. Talvez esteja feliz que a filha esteja em casa para lhe fazer companhia, mesmo que trabalhando e sempre ocupada.
Na reunião, algo tira a personagem do eixo e alguma ficha cai. A vida é um sopro, qualquer hora é a hora. Ela abaixa a tela do notebook e, naquele momento, tenta fazer diferente, começando por dar atenção à mãe. Naquele momento, possivelmente voltará à rotina corrida e sem tempo para nada nem ninguém em breve.
É uma boa crítica, abordada com inteligência. Gostei.
Boa sorte no desafio.
DEIXEI PARA DEPOIS (MARCELA)
Bom dia, boa tarde, boa noite autor(a)! Espero que esteja bem! Meus critérios de avaliação foram escolhidos baseando-se em conceitos que encontrei sobre o gênero microconto na internet. São eles: utilização do espaço permitido, subtexto, impacto, escrita. Nesse desafio em específico, não soltarei minhas notas no comentário. E, por fim, mas não menos importante, gostaria que você tivesse em mente que microcontos são difíceis de escrever e difíceis de avaliar; logo, não leve tanto para o lado pessoal se o meu comentário não estiver bom o suficiente, por qualquer motivo que seja. Garanto que li com o cuidado e a atenção que seu conto merece, dando o meu melhor para tanto contribuir com a minha opinião quanto para avaliar de uma forma justa você e os demais colegas.
É isso! Chega de enrolação e vamos para o meu comentário:
Ø Breve resumo:
Uma pessoa, presa na vida corrida do dia-a-dia, recebe a notícia de um colega. E a vida segue.
Ø Utilização do espaço permitido:
Boa utilização. Articulou bem o título e o conteúdo do micro.
Ø Subtexto:
Bom, a mensagem que o conto nos passa é sutil. É preciso ler e reler o micro para compreender sua intenção. O que ficou para mim foi; temos uma pessoa muito atribulada e estressada com a rotina do dia-a-dia. Diante da morte de um colega de trabalho e da frase pronta do funcionário do RH – a vida, meus amigos, é um sopro — surge um possivel ponto de virada, que até então, ignorava as tentativas de dialogo da mãe.
Aqui, fica em aberto: ou a personagem percebe a finitude da vida e da importância de valorizar as relações enquanto é possível vivê-las ou segue na mesma toada de compromissos. Cabe ao leitor decidir, por meio de sua interpretação.
O que sou levado a crer a partir da minha interpretação, do título e do texto aberto é que a personagem permanecerá estressada, atribulada…
Uma boa construção da autora/ do autor.
Ø Escrita:
Faltou um pouco mais de cuidado e atenção aos detalhes, ao meu ver. É uma escrita bem direta. Talvez, tão direta que leva até mesmo ao leitor não perceber o ponto de inflexão pelo qual a personagem passa.
Ou seja, faltou um pouco apurar melhor a técnica. Trazer mais sutileza ao conto.
Além disso, percebi a falta de algumas pontuações (Bom dia a todos!/Oi, mãe.)
Ø Impacto:
Médio.
Boa construção de narrativa, boa articulação entre os elementos do micro. Execução da escrita um pouco a baixo do esperado, infelizmente.
Parabéns pelo trabalho, de uma forma geral! Boa sorte no Desafio!
Plot: Alguém que trabalha em home office e tem mil atribulações se dá conta do quanto deixa as pessoas que gosta de lado em virtude de trabalho, mas também de futilidades.
Desenvolvimento: Gostei, tem uma agilidade e enfatiza bem a rotina de home office de alguém que não consegue se organizar direito e utiliza mal o tempo que tem, deixando de lado a família. Acho que mostrou bem essa futilidade, principalmente com a fala sobre o jogo do tigrinho, sobre a vizinha estar grávida (o que essas coisas agregam à vida dela? Claro que nada!). Vontade de ir lá e dar um chacoalhão nessa guria, hahahaha.
Destaque: Para a naturalidade das falas, me fez realmente criar ranço da pessoa.
Impressões da leitura: Sim, gostei da leitura por ter me envolvido com as situações que ocorrem ali. Muito bom!
Gostei bastante deste conto. Apesar de ser apenas um momento, é um momento de virada. E por isso a história ganha outra dimensão – a de se dar importância a quem está perto de nós. Me pegou de jeito. Lembrei de um conto que gosto muito do Fernando Sabino, acho que é “Vovó vai para o céu”, que é essencialmente diferente, mas, entre pai e filho e avó morta, tem um paralelismo com esta história. Parabéns.
Achei o texto muito confuso, tive que reler algumas vezes para tentar captar a essência.
Quando se capta e tudo passa a fazer sentido, o microconto ganha força. É uma narrativa do cotidiano, da mulher moderna, das prioridades dos tempos de agora.
A técnica é boa, embora falte uma ou outra vírgula no texto, as frases são bem construídas e o ritmo é bom.
O texto é monótono, acredito que de maneira proposital, justamente para reforçar a premissa.
No fim de tudo, é uma boa obra.
Não tenho muitas palavras a dizer sobre a situação escolhida: sobre a realidade home office, sobre as informações escolhidas pela mãe para tentar estabelecer um contato, sobre as pernas embaixo da mesa (que podem significar infinitas emoções), sobre a reação apática à morte de um colega de trabalho, sobre a continuidade do dia como se nada houvesse acontecido.
Essas escolhas foram muito bem feitas pelo autor, para construir um conto com a habilidade, que eu gostaria de ter tido, de conectar o leitor àquela realidade, mesmo que em contextos diferentes.
“Mais uma vez, teve que diminuir o brilho da tela do computador. A cabeça doía. Estava sempre tão ocupada. Como as pessoas não percebiam isso?”
Essa primeira parte já envolve qualquer indivíduo, que sofre com essa “Modernidade Líquida” em que vivemos. Praticamente todo mundo sofre com a sobrecarga de demandas e faz sintomas que outras pessoas, também sobrecarregadas, não se comovem minimamente nem para expressar que aquele sofrimento foi notado.
A importância de muitos eventos absurdos, como a gravidez de uma vizinha que possivelmente vive em condições degradantes, como a difusão entre as massas de jogos de aposta golpistas, a morte precoce de um trabalhador no trânsito, foi abordada da forma mais rápida e insignificante possível, tirando qualquer valor de cada pessoa envolvida. Isso sem falar sobre a mãe, que, em meio a isso tudo , tenta se conectar pelo menos com o ser humano que colocou no mundo, mas não obteve muito sucesso.
Enfim, Marcela, achei seu conto brilhante. Você conseguiu transmitir as 99 palavras e muitas outras reflexões, que acredito que são necessárias a todos. Tive a intenção de fazer algo parecido no meu texto e estou vendo aqui como eu realmente conseguiria o que eu queria.
Seu texto está excepcional.
Meus mais sinceros parabéns e boa sorte!
Chamo de “técnica” a facilidade com que o autor carrega o leitor pela narrativa, e/ou transmite subtexto, e/ou faz (bom) uso de figuras de linguagem que tornam a leitura agradável.
Chamo de “interesse” o quanto o texto me fisgou enquanto leitor, o quanto de impacto senti pela leitura.
Chamo de “objetivo do autor” um palpite do que o autor queria com o texto. É mais um esforço criativo e uma tentativa de fazer leituras mais enquanto escritor do que leitor.
Embora o conto mire mais na reflexão da nossa relação com o trabalho e com quem amamos (e não precisa ser necessariamente trabalho, a ideia do não dito a pessoas que você ama depois que elas vão embora é universal) o que me conquistou mesmo foi a tirada com o jogo do tigrinho
“A Patrícia Abravanel pegou a herança do pai e está distribuindo no jogo do tigrinho. Instala para mim?”
Muito bem encaixada, o absurdo e realismo da declaração/pedido é ótimo. Uma ads melhores tiradas, se não a melhor, do desafio.
Técnica: Boa. Senti que as falas da mãe nas aspas separadas (ou tinha mais alguém além da mãe?) ficaram meio estranhas. Talvez precisasse de um pouco de narração entre uma e outra.
Interesse: Alto. O conto é real, me fez lembrar de algumas coisas e tem uma leveza cômica pelo tigrinho.
objetivo do autor: retratar um episódio que todos os leitores podem em maior ou menor medida empatizar, proporcionando uma reflexão relevante no mundo atual.
Este conto bem que podia ter o título Bofetada, porque é isso que a personagem leva. Uma bofetada de realidade. A mensagem aqui é que há vida para além do trabalho, embora, tenho a certeza, que não se limita ao trabalho, mas sim a tudo aquilo em que nos encerramos, descorado tudo o resto, em especial quem nos rodeia.
Apesar de, a princípio, ser algo confuso, com uma segunda leitura, mais pausada, consegui compreender a história. Creio que a confusão se deve a uma excessiva simplificação forçada pela ditadura das 99.
Independentemente disso, considero ser uma temática que, infelizmente, se mantém muito atual e que está aqui muito bem explorada.
Mulher dá pouca atenção para a mãe enquanto espera para entrar na reunião on-line. Quando descobre que um colega morreu, muda sua prioridade.
Quem nunca?
Quem nunca se deixou devorar pelo trabalho, priorizou a profissão e focou no cumprimento das obrigações para então, graças a uma rasteira da vida, levar um susto, um safanão que bota tudo em seus lugares certos?
Gostei deste conto, bem crítico. Sem grandes explicações, a história é contada pelas ações.
Excelente.
Parabéns pela participação e boa sorte.
Kelly
Olá, Marcela.
Contexto pessoal
Uma das coisas que estou buscando nesse desafio é me conectar com personagens e história, também ler histórias com começo, meio e fim bem amarrados em um espaço tão curto. E é impossível para mim não me conectar com a sua personagem principal. O trabalho suga muito do meu tempo e às vezes sinto falta de dar mais atenção para as pessoas que eu amo.
Análise do conto
No começo, imaginei duas pessoas diferentes falando sobre a gravidez e sobre o jogo do tigrinho. Achei curiosa a citação do jogo do tigrinho, um contexto interessante por ser atual. A Patrícia Abravanel fica meio perdida na história, pelo menos eu não entendi a referência. Só no final, que descobrimos que as falas entre aspas são da mãe, buscando da filha um pouco de atenção. Falta uma vírgula depois de “Oi”.
Conclusão
História muito bem amarrada e conduzida. Aperta o meu coração a situação e por isso gera o sentimento que estou buscando as leituras nesse desafio. Vou adicionar o seu conto na minha possível lista, espero que continue lá.
Desejo um bom desafio!
O conto ficou bem ilustrativo apontando um dos dilemas do nosso tempo- quase um jogo- que é ficar presente/ausente em todo momento que o brilho de uma tela acende.
Quando a prioridade é a vida, para muitos, tarefa árdua é distinguir entre real e virtual a de maior valia.
Boa sorte!
Rogério Germani
Não sei se compreendi bem a narrativa, mas vou explanar o que interpretei.
sacudindo as pernas debaixo da mesa. > eu imaginei uma menininha que não alcançava o chão quando sentada e por isso balança as pernas. O final também me pareceu retratar o flagra da estrupulia da criança pela mãe.
— Oi mãe. (aqui falta uma vírgula depois de Oi para isolar o vocativo “mãe”.
Apesar da narrativa apresentar uma linguagem simples, sem rebuscamentos que travem a leitura, encontrei dificuldade em desvendar o que acontecia na cena retratada.
Fiquei com a ideia de uma mãe que faz home office porque tem que cuidar da filha pequena. Ela se afasta por um momento do computador e a pequena brinca de imitar a mãe, fingindo estar trabalhando… até tem dor de cabeça e se faz de muito ocupada.
No entanto, parece mais lógico ser uma mulher em home office, que se considera muito ocupada e sem paciência com assuntos banais, reclamando que não percebem sua exaustão. E, no entanto, ignora completamente o que a tentativa de conversa da mãe (provavelmente uma idosa) ali ao seu lado.
As falas devem ser da mãe: “Ficou sabendo que a vizinha está grávida?”/ “A Patrícia Abravanel pegou a herança do pai e está distribuindo no jogo do tigrinho. Instala para mim?”. E quando a protagonista fica sabendo da morte de um colega, se dá conta de que a vida é muito breve e precisa rever suas prioridades: a mãe.
Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.
A pessoa deixa o computador para ouvir a mãe depois da notícia da morte de um colega.
O conto é simples e direto.
“A vida é um sopro” é um baita chavão.
A referência a P. Abravanel soou estranha. Mas tudo bem.
Parabéns!
o texto explora a efemeridade da vida em relação às exigências do mundo do trabalho. Tem um bom impacto e faz refletir. No começo achei que ia pra um lado meio “admirável mundo novo” mas acabou indo por outro lado.mas ao mesmo tempo é um pouco clichê, não é a forma mais original de explorar o assunto
boa sorte!
Conto com temática atual, bem escrito e que nos deixa reflexivos sobre como priorizamos nossas ações.
Gostei da capacidade da autora em descrever as cenas com tão poucas palavras.
Cyro Fernandes
cyroef@gmail.com
O conto flagra um daqueles momentos em que nos damos conta do que realmente importa na vida.
O primeiro parágrafo oferece uma moldura que apresenta a personagem principal e seu conflito. Em seguida, ouvimos a voz da outra personagem, cuja identidade só se revelará ao término do conto.
O parágrafo que descreve o cancelamento da reunião por causa do óbito do funcionário me pareceu um pouco brusco e também senti falta de uma pausa maior, que sublinhasse melhor a reflexão da personagem, antes do fecho. Talvez abrir um parágrafo após computador criasse esse efeito.
Mas é um bom conto, com um bom twist no final que causa impacto e provoca reflexão. Parabéns!! 👏
Gostei do conto. Numa primeira leitura, não percebi a conexão entre a morte do colega e a decisão de falar com a mãe. Pensei que, por não ter reunião, ela se viu obrigada a desligar-se do computador por um momento. Foi só com os comentários que percebi que, sim, a intenção era conectar a morte com a frase final. Talvez se a reunião ocorresse normalmente, mas ela escolhesse sair mesmo assim? Ficaria mais claro, e teria mais impacto.
De qualquer modo, acho que está bem escrito, bem construído, e bastante sensível. O título, apesar de não estar no texto, representa a desculpa que sempre damos para não vivermos. Gostei da sutileza de não deixar tudo mastigadinho pro leitor.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Marcela, Marcela…que bomba você colocou aqui. Parabéns pelo texto, aliás!
Entendi que este conto explora a fragilidade da vida e a importância de valorizar os momentos presentes através da rotina de uma pessoa que, imersa em suas tarefas e responsabilidades, é confrontada com a finitude da existência, e pra completar ironicamente deixa a pessoa que teoricamente deveria ser a mais importante pro final.
A quebra da rotina com a notícia da morte foi tão abrupta, que a personagem teve lidar com a culpa e arrependimento, ligando pra mãe em seguida.
Não acho que esse seja um texto fácil de entender, apesar da linguagem simples, assim como também acho que não foi fácil escrevê-lo. Considerando o espaço que você teve pra fazer isso, espero que seja devidamente apreciado, e desejo-lhe boa sorte neste desafio!
Você conseguiu resumir o que seriam várias cenas diferentes em apenas 99 palavras e ficou totalmente entendido. Isso é difícil pra caramba e eu tiro meu chapéu pra você. Eu mesma não consegui fazer isso direito.
O tema é mega atual, né? É a nossa vida hoje, ou essa coisa que chamamos de vida e que nos afasta das pessoas que amamos, dos momentos de alegria e afeto, ligados 24h nas mais diversas telas, dentro de apartamentos com as janelas gradeadas, para que ninguém entre. Um tema que gera muita empatia e traz reflexão ao leitor. Parabéns!
Jamais esperaria a Patrícia Abravanel no desafio do EntreContos kkkkk
O recorte narrado é perfeitamente pinçado e descrito. É sobre tantas coisas, a brevidade da vida, o torpor que beira a indiferença diante do sofrimento e da própria morte… Daqueles textos que deixam a gente pensativo depois de ler. Parabéns!
Uma breve história que parecia não chegar a lugar nenhum mas tem um final certeiro.
Uma visão de como uma rotina doida pode nos privar das coisas realmente importantes, e que estão do nosso lado.
E isso muito bem escrito em poucas palavras.
Parabéns!
📜 Conteúdo (⭐⭐▫): a vida vai passando, vamos jogando ela fora com redes sociais, vídeos curtos e outros vícios e, quando menos percebemos, ela passa, num sopro. Entendi que era sobre isso o conto e achei interessante essa leitura.
📝 Técnica (⭐⭐▫): boa, conduz bem as poucas palavras
💡 Criatividade (⭐⭐▫): dentro da média do desafio
🎭 Impacto (⭐⭐⭐): não é um microconto de impacto, mas de reflexão. E nisso foi eficiente. Me fez pensar como o tempo passa e como ele é voraz. Parabéns!
O que achei interessante foi como a protagonista deixou de lado a mãe para se concentrar em suas tarefas mas a noticia não a abalou tanto, sera que agenor fazia tanta falta assim? Do mais gostei do conto e da escrita!
Olá, Marcela! Tudo bem?
Provavelmente ela está em home office e se frustra com o papo furado da mãe, talvez já idosa. Ela provavelmente tem ansiedade e está estressada, balançar a perna é um sinal.
Quando um colega morre ela se depara com a realidade. É só um trabalho. O tempo corre, e logo não estaremos mais aqui e o que fizemos? Trabalhamos?
Então ela fecha o computador, e dá atenção à mãe, enquanto ainda é tempo.
É um bom micro, nos faz refletir!
Parabéns e boa sorte no desafio!
Até mais!
Olá, Marcela
Seu micro trouxe muitas questões para serem pensadas. As tecnologias, a rotina, a correria, a falta de atenção uns com os outros. Vamos nos tornamos robôs. Ela questiona as pessoas, mas tb se mostra “robotizada”, uma boa sacada.
“Entrou na reunião on-line, sacudindo as pernas debaixo da mesa” – construção estranha. Não entrou sacudindo as penas debaixo da mesa. São ações diversas.
O final é bastante aberto. De onde veio essa mãe? Não entendi por que você terminou a narrativa assim… faltou alguma coisa.
— Oi mãe – colocar uma vírgula antes de mãe.
Parabéns pelo microconto.
Voltei pra me retratar. É bem possível entrar na reunião sacudindo as pernas debaixo da mesa… seria uma situação de nervosismo. Desculpe.
Bom dia, caro autor(a),
tudo bem?
Mais uma vez teve que diminuir o brilho da tela do computador. A cabeça doía. Estava sempre tão ocupada. Como as pessoas não percebiam isso?
De fato, acontece comigo, ter que diminuir o brilho, mas no meu caso quem pede é a mulher, seja do celular, do note, e por aí vai.
Eu me faço a mesma pergunta, como não percebem? Mas em contraponto, eu eu, como não percebo?
“Ficou sabendo que a vizinha está grávida?”
“A Patrícia Abravanel pegou a herança do pai e está distribuindo no jogo do tigrinho. Instala para mim?”
Aqui, creio que ela está falando no whats, ou teams, ou alguma rede social fazendo aquela fofoquinha diária.
Entrou na reunião on-line, sacudindo as pernas debaixo da mesa.
interessante, seria nervosismo? Ansiedade?
“Bom dia a todos”, cumprimentou Agenor, do RH. “A reunião foi cancelada. O Cláudio sofreu um acidente de carro e não resistiu. A vida, meus amigos, é um sopro.”
Eis que temos um alarme! Aqui temos a fragilidade, não sei se temos a empatia possível, ela mal reagiu a morte do tal “Cláudio”, nem uma resposta, ou algo do tipo. isso mostra o quanto ela está ligada no automático, ou como ela realmente é?
Complicado. Fica a dúvida e fica a certeza que é um conto bom.
Fechou o computador. Levantou os olhos e disse:
— Oi mãe.
E aí, onde essa mãe estava? Olhando para ela, de pé, enquanto a filha mexia no computador/note/celular? Aí voltamos ao início do conto: Como a filha não percebeu a mãe ali? A carência, a preocupação da mãe. Como ela não entende que a vida é um sopro?
Um conto que para mim trás o que espero de um micro.
Parabéns e boa sorte!
Olá, Marcela.
Às vezes só nos conectamos com o que realmente importa depois de desconectarmos as trivialidades e outros obstáculos. Seu conto demonstrou isso com sucesso a meu ver, embora tenha me parecido mais como um trecho de um capítulo do que um microconto per se. Ainda assim, como disse, tem seu mérito.
Parabéns e boa sorte neste desafio.
O texto mostra uma protagonista dedicada ao trabalho. Está sempre ocupada e as pessoas não percebem isso, enchem o saco dela com baboseiras, fofocas e assuntos irrelevantes, até que chega aa notícia da morte de um colega de trabalho e ela não sente nada, talvez porque não tinha amizade com ele, o conhecia apenas por videocâmara, né. Ou talvez porque ela se tornou um robô transformando-se na insensível tecnologia da comunicação, escrava do trabalho remoto. O dia termina, ela desliga o pc e segue a vida normalmente. Imagem do mundo atual. Bom conto.
A construção é bem interessante. Embarcamos na vida da personagem rapidamente, a empatia é instantânea.
Isso faz com que a pancada da última linha também nos atinja. Quantas vezes estamos focados nos nossos problemas, imaginando como as pessoas não os valorizam, sendo que nós mesmos acabamos ignorando a profundidade do que as pessoas ao nosso redor estão vivendo?
A literatura tem diversos potenciais, e um dos que mais admiro é o de fazer pensar e repensar nossas atitudes cotidianas.
Boa sorte!
Este é o primeiro miniconto em que, confesso, fiquei ‘boiando’. O texto apresenta uma sequência de eventos que parecem desconexos e não apontam claramente para um objetivo ou mensagem central. Não sei bem, mas essa falta de coesão dificulta que o leitor se envolva emocionalmente ou compreenda a intenção do autor. Tentei reler mais de uma vez em busca de um insight, mas me vi frustrado por não conseguir entender.
A introdução de temas diversos, como o cansaço da personagem, o comentário sobre a vizinha, a reunião on-line e a tragédia inesperada, me perdoe, carece de uma amarração que justifique sua presença no enredo. A não ser que a morte de um funcionário, em meio a tantas outras notícias, tenha se diluído na avalanche midiática em que vivemos. Mesmo assim, se o personagem não tiver um grau de proximidade com o morto, acaba parecendo apenas um evento aleatório, sem profundidade ou reflexão suficiente para dar peso ao desfecho.
Uma colcha de retalhos alinhavada com várias situações contrastantes. Senti falta de um grande arremate, um acabamento mais ousado, um gran finale… Boa sorte.
O tema reflete o mundo contemporâneo e o excesso de informações. À parte, a mãe. O que viria na sequência?
O final em aberto, algo que acho importante num conto.
Bem escrito e criativo.
Fica a observação da necessidade de vírgula na última frase.
A protagonista, exausta pelo trabalho, a mãe querendo atenção, a cabeça doendo. Difícil conciliar tudo. Mesmo assim, exausta dispõe-se a atender (conversar) com a mãe. Interessante, real, atual. Bem escrito.
Esse foi interessante. Em tempos de excesso da informação, cai como uma luva no que toca à crítica dos excessos individualistas e o quanto a má utilização da tecnologia tem complicado os laços familiares. Ao final, a personagem, impotente, simplesmente se rende ao chamado da mãe, pois é melhor instalar o tigrinho enquanto ela está viva, não é mesmo?
O trecho final pra mim não teve muito sentido. Não sei porque. Outros, porém, parecem ter encontrado algo que não vi. Eu quase gostei do seu conto. As frases me pareceram meio soltas e carecendo de uma cola para colá-las num enredo maior. O que a mãe tem a ver com tudo isso? AAhhh… algo me vem a mente. Será que a mãe dela apareceu para pedir alguma coisa pra ela ? Pra contar alguma fofoca? Pra sobrecarregá-la ainda mais? Enfim. Parece que faltou as ferramentas necessárias pra eu compreender o texto no seu aspecto global. Fiquei apenas com cara de tacho ao terminar a leitura, e ler mais vezes não ajudou pra esclarecer.
Deixei Para Depois apresenta uma mulher jovem focada no trabalho. As pessoas ao redor não percebem sua sobrecarga e mais a requisitam. Mas uma intempérie lhe desperta da apatia (a morte do colega de trabalho) e, finalmente, ela afasta os olhos da tela e do trabalho, e presta atenção em quem está ao redor, a mãe negligenciada. A figura da mãe parece representar a dedicação perene, mesmo nos piores momentos. Ela está sempre ali, atenta, vigilante, disponível, aguardando o retorno da filha pródiga. Mas o conto não se dedica a uma crítica pontual da atitude e do estilo de vida da filha. Há outros personagens de qualidades duvidosas: a vizinha fofoqueira, a pessoa ambiciosa de olho na fortuna do Sílvio. Então a crítica se estende a um mal estar geral, social.
Quanto à técnica, “mãe” é vocativo e deveria ser antecedido de vírgula.
Quanto ao conteúdo, eu até poderia esperar mais, mas isso é problema meu. O que mais é possível entregar com 99 palavras? Micro é isso. O autor fez e entregou o que pôde.
Um conto de tema relevante, como uso das mídias sociais invadem todos os aspectos da vida, desde a infância. O conto usa bem a intertextualidade (ex. jogo do triginho) e tem um final surpreendente.
A vida, hoje, para alguns, é desconectada. Talvez porque tudo exija rapidez. ‘Tudo ao mesmo tempo agora’. Temos excesso de informações, tarefas diárias que reduzem nossa capacidade de empatia (o colega morreu), urgência na resolução de problemas. O que realmente importa em nossa vida? Onde estão os sentimentos? Talvez estejam em momentos como esse, do final, onde ela olha para a mãe – presença sempre presente, alguém que nos faz retomar nossa sensibilidade, que nos abraça e nos faz voltar ao que somos (humanas, sensíveis, frágeis, batalhadoras) e perceber a necessidade de valorizar as relações próximas, antes que seja tarde.