EntreContos

Detox Literário.

Das pequenas grandes coisas (Daniel Reis)

Sozinha, ela vivia – sem sobressaltos, nem altos e baixos.

Via os anos passarem, como os quase quarenta antecedentes; e o tédio, a aumentar.

Publicou pequeno classificado em jornal de grande circulação.

Respondeu-lhe um alto funcionário, em cidadezinha distante.

Com afeto crescente, trocaram correspondências enormes.

Finalmente, ele apareceu: tinha o dobro da paixão e quase metade do tamanho imaginado.

“Nesta altura, nele me interessa mais a diversão que o prazer que poderá proporcionar” – premeditou.

Subiram ao altar.

Depois, dia após dia, fazia questão de diminuí-lo diante dos outros.

Em menos de um ano, já estava na palma da sua mão.

55 comentários em “Das pequenas grandes coisas (Daniel Reis)

  1. Guaxinim desmotivado
    2 de fevereiro de 2025
    Avatar de Guaxinim desmotivado

    FIQUEI com pena do prete. Casou com uma pessoa que só enxergava o que não era importante.

  2. Pedro Paulo
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Achei o começo um pouco confuso, com uma aplicação do ponto e vírgula que achei equivocada, quebrando o ritmo da leitura logo no início. Acho que o começo serve para determinar a personagem como alguém entediada, de modo que a aparição do homem apaixonado sugerisse ao leitor uma mudança de rumo e perspectiva. A subversão foi muito bem realizada nesse ponto, em que a escrita também já se desenvolveu melhor. O entretenimento da mulher é às custas do abuso do sujeito de quem desdenha, mas com quem se casa para tratar feito brinquedo. Poderia ser uma história sem graça de uma mulher que encontra propósito no amor. E é isso, mas instriga. A perversidade eleva o conto, apesar de achar que o início poderia ser um pouquinho mais bem trabalhado (a princípio, achei que especificar que o jornal foi o método de encontro é dispensável, mas me detendo mais nisso, percebi que isso aumenta o engano de que se trataria de uma história do “acaso entregando o grande amor”).

  3. Renato Silva
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Renato Silva

    Olá, tudo bem?

    Olha, parabéns pelo jogo de palavras e trocadilhos com a ideia de tamanho. Essa dubiedade entre o tamanho físico e moral de uma pessoa foi muito bem colocada, além de um toque de sarcasmo ao longo do texto.

    Nenhuma reviravolta ou “impacto”, mas isso pra mim é irrelevante. Um bom microconto na minha opinião precisa, antes de tudo, ser bem escrito e mostrar a técnica do autor. Depois vem os demais sentimentos que poderão ser passados. Nem sempre a intenção é chocar, surpreender, mas fazer uma pequena narrativa e nela inserir alguma crítica. De certa maneira, está mais dentro do meu jeito de escrever do que buscar fortes sensações a cada leitura. Pra mim, isso é consequência do vício em dopamina do que a sociedade vem sofrendo, claro que me incluo nisso também.

    Boa sorte.

  4. Victor Viegas
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Snowy!

    Ainda falta o meu comentário. Atrasado eu sei, mas também estou participando rs. É um bom conto, falava sobre uma mulher sozinha que arruma uma paixão para depois descobrirmos que ela realmente deveria ficar sozinha. Embora não fique explícito, acredito que o relacionamento seja abusivo, principalmente pelo parceiro estar “na palma da sua mão”. É uma boa história, com começo, desenvolvimento e conclusão presentes. Sinto que o final poderia ser mais impactante, mesmo assim foi uma boa leitura. Parabéns! Boa sorte no concurso.

  5. Snowy
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Snowy

    Esperei até perto do fim do desafio para comentar os comentários e não influenciar as análises, pois, afinal esse era o objetivo do desafio  –  perceber o que o leitor entendeu, ou mesmo o que ele viu de diferente, e não só pra ver se ele concorda ou não com o autor. Tem alguns que me fizeram pensar sobre como melhorar; mas, em outros, fiquei pensando o que será que eu fiz de errado para não entenderem nem o básico…
    Achei engraçado. No conto de vocês, aconteceu isso também?
    Comento duas coisinhas.
    A primeira: “Sozinha, ela vivia” – há uma razão para a frase ser construída assim, invertida: se fosse “Ela vivia sozinha”, era simplesmente solidão; mas, da forma como está, ela já se bastava, por conta própria – uma pista para o que viria a seguir…
    A segunda, foi a diferença entre “prazer e diversão”.
    Lembrei agora de um conto/anedota do Chico Anysio, que dizia mais ou menos isso: o cara foi na zona e leu numa placa já na entrada: “Lazer ou Prazer?”. Ele ficou curioso, mas como tinha ido pra isso, escolheu prazer. Conduzido a um quarto luxuoso, foi selvagemente dominado por uma linda acompanhante, que montou nele como se fosse um cavalo, sendo chicoteado sem dó. Na segunda vez, já escolado, preferiu experimentar “Lazer”. Foi conduzido a uma sala maior, onde vários homens assistiam televisão, enquanto tomavam cerveja e comiam churrasco. Na tela, pensou que assistiriam a um jogo de futebol, mas estava passando uma espécie de filme de arte, bem tosco, onde se via somente homem nu, bem magro, com um chapéu de viking. Ele comentou com o cara ao lado: “o que é isso que está passando aí?”. E o outro respondeu: “ah, espera um pouquinho, que já vai começar o rodeio…”.

  6. Andre Brizola
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Snowy!

    Um conto sobre a verdade absoluta. Brincadeiras à parte, acho que esse, talvez, seja o conto mais bem escrito do desafio. Não sei se é o melhor, mas acho que é o que possui a melhor construção textual, pois alia de forma perfeita o vocabulário ágil, com construções bonitas e elegantes, ritmo cadenciado, dando tempo para o leitor absorver cada informação, sem atropelos, e um passeio intergêneros que acaba estacionando no bom humor.

    O enredo, da mulher entediada que, objetiva, decide encontrar um parceiro, não sei bem o motivo, me evocou a sensação de estar assistindo a um filme do Wes Anderson, um dos diretores mais interessantes e particulares do cinema atual. Talvez pela forma como as informações foram sendo disponibilizadas, curtas, em parágrafos separados, assim como o cineasta faz com seus personagens.

    O conto me conquistou já na primeira leitura. É muito bem resolvido e consegue, num limite muito curto, desenvolver a personagem principal de forma bastante ampla, mostrando muito de seu (falho) caráter.

    É isso. Boa sorte no desafio!

  7. Thales Soares
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Não sei se entendi direito. Este conto me pareceu ser sobre uma mulher que viviam numa época antiga, quando não existia sala de bate-papo virtual ou Tinder. Aí ela fez uma publicação num classificado de jornal e encontrou seu novo marido. Ele era baixinho, e então ela resolveu zoar ele, casar com ele, e maltratá-lo. No fim, pareceu ser mais um desses casamentos de merda, com relacionamento tóxico.

    Espero que eu não tenha ficado preso somente à camada mais superficial deste conto… eu o li umas 3 ou 4 vezes, e isso foi o máximo que consegui interpretar.

    Toda a sua construção foi muito bem feita. A escrita é ótima, e a forma como tudo foi mostrado ao leitor foi interessante.

    Vou tentar encaixar este conto na minha lista de favoritos, mas não prometo nada. De qualquer forma, boa sorte no desafio!

  8. fcaleffibarbetta
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de fcaleffibarbetta

    Olá, Snowy

    “sem sobressaltos, nem altos e baixos” – deixaria só “sem sobressaltos” pq já diz tudo e evitaria o altos altos

    “Via os anos passarem, como os quase quarenta antecedentes” – algo me incomoda aqui. Quase quarenta antecedentes, quer dizer que os anos que ela via passarem eram o 38º e 39º? Fica confuso. Hpa formas bem mais simples de se dizer sua idade.

    “sem sobressaltos, nem altos e baixos.

    Via os anos passarem, como os quase quarenta antecedentes; e o tédio, a aumentar” – todo este trecho é a repetição da mesma informação. Em um texto curto, é ainda mais necessário que evite as redundâncias.

    “tinha o dobro da paixão e quase metade do tamanho imaginado” – gostei disso.

    “mais a diversão que o prazer que poderá proporcionar” – diversão e prazer são quase sinônimos, né?

    No final, fiquei me perguntando o porquê de ela fazer isso. Nada no texto adianta ou justifica que ela tente diminuí-lo diante dos outros.

    Entendi que a sua intenção com a diminuição do tamanho dele, a ponto de fazê-lo caber na palma de sua mão, seja relacionada ao tamanho que você citou anteriormente. Eu colocaria “fazia questão de diminuí-lo AINDA MAIS” assim, retomaria o fato de ele ter metade do tamanho imaginado. Não sei se foi essa a intenção mesmo.

    Parabéns pelo texto.

  9. Gustavo Araujo
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Acredito que para funcionar bem um microconto precisa de camadas diferentes. Para além da história literal que é contada pelas palavras, é preciso haver tramas subjacentes, dilemas e dramas escondidos nas entrelinhas, algo que se revele somente ao fim da leitura, ou até mesmo em uma segunda ou terceira leitura.

    Há um tanto disso neste conto. Isso porque começa como uma história de solidão, transforma-se em amor e finaliza como terror. Mudanças que fluem quase naturalmente em face da habilidade do(a) autor(a). Não há sobressaltos forçados, mas um fluxo suave de pensamento que, no fim, deixa o leitor estarrecido.

    De fato, é fácil compadecer-se da protagonista logo no início. Coitada, vive só, recorre a correspondências para aplacar a solidão. Logo, encontra alguém. Que bom, será a felicidade? Bem, talvez seja, se a felicidade for tomar o amor desmedido do pretendente e reduzi-lo a pó.

    Pena e ojeriza se sucedem num crescendo. E em 99 palavras. Habilidade de poucos.

  10. Luis Fernando Amancio
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Olá, Snowy,

    Como leitor, agradeço por compartilhar conosco seu texto. Participar de um desafio exige coragem, expor-se de forma cega ao julgamento dos pares. Seu texto é bem elaborado e gira em torno de proporções. Nas releituras, a gente percebe melhor o seu cuidado em ir construindo um jogo em que tudo é, ou pequeno (cidadezinha, pequeno classificado) ou grande (alto funcionário, grande circulação).

    Também é em pequenas proporções, com parágrafos frasais, que você desenvolve sua narrativa. Não é meu estilo favorito, acho que o picotado atrapalha a fluência da leitura.

    A protagonista é cruel, no fim das contas, e encontra diversão em diminuir ainda mais o seu companheiro.

    Parabéns pela participação e sucesso no desafio!

  11. Amanda Gomez
    30 de janeiro de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Achei curioso o seu texto. Precisa de algumas leituras para captar todas as nuances.

    Uma mulher, com seus quarenta e tantos anos, aparentemente entediada, conhece um homem por correspondência. Conquista-o e começa a pôr em prática sua verdadeira intenção com esse relacionamento.

    Ela não quer amor ou paixão. Quer diversão. Um arrepio de diversão que só certos… sociopatas apreciam. Assim que cai em sua teia, o homem, cheio de qualidades, começa a se apequenar em um relacionamento tóxico.

    Imaginei que ela já teve vários relacionamentos assim, que esse é o seu modus operandi. O que a faz ser assim? Se nasceu desse jeito, não sabemos. Só que esse homem está ferrado.

    É um texto com um assunto sério, mas abordado de forma divertida. Gostei de como os tamanhos foram regredindo. Que mulher pequena, não é mesmo? 

    Uma crítica atual e muito bem executada. 

    Parabéns pelo texto!Boa sorte no desafio.

  12. Rodrigo Ortiz Vinholo
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Boa narrativa, boas voltas e adoro o jeito como a altura do personagem se combina com os jogos de palavras da narração. A metáfora vai se intensificando, a altura vai se reduzindo e o controle sobre o pobre personagem vai aumentando na mesma proporção.

  13. Roberta Andrade
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Roberta Andrade

    Quão triste e comum é essa necessidade doentia de diminuir a pessoa amada para se sentir satisfeito ou seguro, sei lá…

    Mas, para nossa sorte, o autor utilizou essa temática para criar um conto genial. A técnica foi excelente e deu vida aos jogos de palavras que, em cada frase solta, conseguiram transmitir muito mais do que estava escrito. Creio que este autor seja dono de muitas outras obras-primas.

    Parabéns pela excelente obra!

  14. Luis Guilherme Banzi Florido
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia/boa tarde/boa noite e um bom ano pra nós, amigo entrecontista. Bora começar um novo ano arrasando na escrita! Parabéns pela participação nesse primeiro desafio no ano,! Pra mim, escrever micro conto é um macro desafio kkkkkk. Bora pra sua avaliação, mas, por favor, não leve minhas palavras a sério demais, afinal, micro conto é algo muito fora da curva e é difícil até analisar. Pra ajudar, criei um micro sistema que espero que ajude a ser justo com todos os amigos. Bora lá!

    Micro resumo: mulher parece uma coitadinha e no fim é uma fdp.

    Microsensações: esse conto é surpreendente! não somente o enredo dele, mas as sensações que me causou. Vamos começar pelo enredo: nesse ponto ele é surpreendente pq vc nao espera o plot twist. Quando ele tava quase acabando eu tava pensando: “hmm, ok, é isso. Esse conto nao tem muito a me contar e é uma historinha bem agua com açucar.” Dai vem as ultimas linhas e tudo se transforma. Voce me pegou de jeito com esse desfecho, e o nivel do conto subiu muito. E isso que acabei de falar explica pq ele também foi surpreendente na forma como me senti lendo. Eu achei, sinceramente, que não tinha como gostar dele quando tava lá pelos 75%. “Ah, ok, um romancezinho meio sem sal”. Mas dai vc veio e pimba! Me pegou de surpresa e me tirou um sorriso. Bom trabalho!

    Impacto:

    Micro

    Médio

    Macro –> desfecho muito bom que me pegou desprevinido.

    Uso das pouquíssimas palavras permitidas: muito bom. As palavras são bem escolhidas e têm umas rimas boas, como a questão do tamanho. A personalidade da personagem é muito bem construida para que, no momento preciso, seja subvertida, causando surpresa.

    Conclusão de um leitor micro-capacitado a opinar sobre micro contos: eu tenho uma tia, a Raquel, que é uma coitada. Vive sozinha, nao fala mal de ninguem. Aí foi e casou com um Geraldo, e coitado do cara, só sofrencia. E eu vendo tudo e pensando “raaaapaz, olha só que dissimulada, to pasmo!”

    Parabéns e boa sorte no desafio!

  15. Mariana
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Mariana

    É um conto surpreendente. Você pensa que vai ler o romance e se depara com uma narrativa de abuso por uma pessoa possivelmente narcisista. Possui começo e fim, extremamente bem amarrados – é uma costura redondinha, de uma costureira (ou tricoteira, pela imagem) habilidosa). É, talvez, a técnica mais refinada do desafio e o uso dos adjetivos foi excelente. Entra na lista, parabéns e boa sorte no desafio.

  16. Priscila Pereira
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Snowy! Tudo bem?

    Muito interessante seu texto! O jogo de palavras está perfeito!

    Altos e baixos, pequeno classificado e grande circulação, alto funcionário e cidadezinha, crescente e enorme, dobro e metade. Bem legal isso!

    Sobre o conto em si é uma história bem triste para o pobre baixinho… A moça, provavelmente narcisista, deveria continuar sozinha.

    Apesar do jogo de palavras, a forma meio jornalística com que foi escrito impediu uma maior imersão na história tirando um pouco da emoção.

    Parabéns e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  17. Givago Domingues Thimoti
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    DAS PEQUENAS GRANDES COISAS (SNOWY)

    Bom dia, boa tarde, boa noite autor(a)! Espero que esteja bem! Meus critérios de avaliação foram escolhidos baseando-se em conceitos que encontrei sobre o gênero microconto na internet. São eles: utilização do espaço permitido, subtexto, impacto, escrita. Nesse desafio em específico, não soltarei minhas notas no comentário. E, por fim, mas não menos importante, gostaria que você tivesse em mente que microcontos são difíceis de escrever e difíceis de avaliar; logo, não leve tanto para o lado pessoal se o meu comentário não estiver bom o suficiente, por qualquer motivo que seja. Garanto que li com o cuidado e a atenção que seu conto merece, dando o meu melhor para tanto contribuir com a minha opinião quanto para avaliar de uma forma justa você e os demais colegas.

    É isso! Chega de enrolação e vamos para o meu comentário:

    Ø  Breve resumo:

    O golpe tá aí, cai quem quer! Uma mulher na altura dos 40 anos, de aparente fragilidade, se mostra na realidade uma cobrinha.

    Ø  Utilização do espaço permitido:

    Foi bom, mas acho que poderia ter sido melhor. A sensação que tive ao final é que a coisa é meio pontual demais, sabe? Uma hora ela é boa. Depois, ela é megerinha. Depois megera completa.

    Ø  Subtexto:

    A narrativa é clara e não tão simples quanto parece. É uma protagonista que se mostra frágil no início, mas conforme se desenvolve a narrativa, revelam-se as contradições da vida: a paixão súbita desaparece diante da inconsistência entre a idealização e a realidade. Frustrada, ela encontra diversão em diminuí-lo. Casam-se e ela o mantém na palma da mão.

    De interessante, destaco essa narrativa que mostra um ponto de vista diferente; dentro de um relacionamento hétero, a toxicidade está do lado feminino e não masculino. Importante pontar, dentro do contexto que vivemos; isso não é regra, tá mais para exceção.

    Ø  Escrita:

    Simples. Honestamente, acho que faltou um pouco mais de refino técnico. Algo que captasse a atenção do leitor.

    Detalhe: acho que sobrou um “a” antes de aumentar.

    Ø  Impacto:

    Baixo. Me repetindo um pouco, diante da narrativa simples, faltou uma escrita mais apurada. Pessoalmente, creio que uma história assim, que mostra os sentimentos inconstantes da personagem teriam um impacto maior num conto sem limite de palavras, num espaço maior, que permite o leitor perceber melhor a história por trás do relacionamento deles.

    Boa sorte no Desafio!

  18. Sabrina Dalbelo
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Sabrina Dalbelo

    Olá, Entrecontista,

    Não sei se foi proposital – espero que sim – mas consegui ver no texto o uso de palavras como “alto”, “crescente, “grande”, no momento inicial, quando o micro fala da aposta, da expectativa e do encontro.

    Depois, os verbos e características mínguam, “metade do tamanho”, “diminuí-lo”, logo quando a personagem revela-se perversa e diminui o parceiro.

    Bem legal, obrigada pelo texto.

  19. Fernando Cyrino
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Fernando Cyrino

    Olá, Snowy, que legal o seu conto. A mulher solitária que vê crescer o tédio à medida em que passam os anos. A busca do parceiro e a sua diminuição. A partir do tamanho que era menor do que havia imaginado, para a diminuição dele, na medida em que ia fazendo com que fosse se tornando ainda menor… o final é ótimo: até que coubesse na palma da sua mão. Muito legal. Parabéns.

  20. bdomanoski
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de bdomanoski

    Olha só, não estava dando muito por este conto (não sei explicar o porque) e talvez por isso, ele superou minhas expectativas. A narradora, que parecia ser uma “pessoa de bem”, nos surpreende no fim, mostrando-se perversa, ao humilhar seu marido anão. Achei sua história de uma criatividade abundante. Tanto a compexidade da personalidade da narradora, que primeiro nos faz ter compaixão por ela estar entediada e solitária, e no fim, a vemos com outros olhos. Tanto por ter um personagem anão. Enfim, candidato fortíssimo a entrar na lista. Abraços

  21. Bia Machado
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Plot: Mulher encontra parceiro por meio de classificados e consegue dele tudo o que deseja.

    Desenvolvimento: Gostei demais do desenvolvimento da trama, tornando o conto, que tem um plot bem simples, algo interessante de ler, contendo inclusive um jogo de palavras que só agrega à narrativa.

    Destaque: Para os dois últimos parágrafos, que dizem muito bem, fugindo do lugar comum, que ela conseguiu tudo o que queria e como conseguiu.

    Impressões da leitura: Eu gostei muito do conto. Uma aura de simplicidade, mas com uma narrativa interessante por meio de metáforas.

  22. danielreis1973
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Uma história completa num miniconto, com começo-meio-fim. Deu pra entender que ela era autossuficiente e só queria alguém para dominar, na primeira frase. Bom uso dos termos relacionados à altura/tamanho. Achei meio fora de moda usar o jornal, mas tudo bem… Bom conto. 

  23. Rogério Germani
    25 de janeiro de 2025
    Avatar de Rogério Germani

    Ah! A sedução feminina é capaz de tudo!

    Mal aplicada, um dia oferta o mundo, no outro arrasta os sonhos no chão.

    Bipolaridade muito bem trabalhada no conto.

    Deu match.

    Boa sorte!

    Rogério Germani

  24. Mauro Dillmann
    25 de janeiro de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Conto bem escrito. Explora metáforas, tem camadas de sentido. Muito bom.

    Se hoje aplicativos e redes sociais funcionam como mecanismos disparadores de relacionamentos, no passado era o jornal. Quem escreveu esse conto desse ser alguém experiente.

    Parabéns!

  25. JP Felix da Costa
    25 de janeiro de 2025
    Avatar de JP Felix da Costa

    Este conto descreve, de forma muito bem dissimulada, uma história de abuso. Joga com as palavras, dando-lhes um sentido que só é compreendido no fim, palavras essas que associamos, automaticamente, a outros sentidos. “sozinha”, “tédio”, são palavras que nos fazem sentir empatia pela personagem, apenas para vir a descobrir que a forma dela combater o tédio é espezinhando outra pessoa, diminuindo-a até a ter na palma da mão. Gostei deste jogo de palavras, O conto trabalha muito bem os conceitos associados ao tamanho, mas sempre com um sentido literal e figurado ao mesmo tempo.

  26. cyro fernandes
    25 de janeiro de 2025
    Avatar de cyro fernandes

    Conto muito bem escrito, com as palavras minuciosamente escolhidas. Achei o tema um pouco menor, principalmente quando se compara com a qualidade da escrita.

    Cyro Fernandes

    cyroef@gmail.com

  27. André Lima
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de André Lima

    Gosto como o(a) autor(a) brinca com as palavras. Embora seja de um estilo bem distinto do meu, sei reconhecer um trabalho bem feito. Para mim, este conto é um forte candidato a personificar o que se espera desse desafio.

    Aqui, a força da narração já se inicia na primeira frase: “nem altos e baixos”. E, a partir daí, tudo se desenrola através desse conceito. Até o baixo literal, que se encerra no metafórico.

    Gostei muito.

  28. leandrobarreiros
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Chamo de “técnica” a facilidade com que o autor carrega o leitor pela narrativa, e/ou transmite subtexto, e/ou faz (bom) uso de figuras de linguagem que tornam a leitura agradável.

    Chamo de “interesse” o quanto o texto me fisgou enquanto leitor, o quanto de impacto senti pela leitura.

    Chamo de “objetivo do autor” um palpite do que o autor queria com o texto. É mais um esforço criativo e uma tentativa de fazer leituras mais enquanto escritor do que leitor.

    Tem alguns trabalhos no desafio que eu me pergunto “o que tem pra não gostar aqui?”. Esse é um deles. Cada palavrinha parece ter sido escolhida com cuidado, a metáfora quase funciona como realismo mágico por conta da maneira tão natural que foi aplicada.

    Técnica: Alta. A qualidade do autor fica clara pela escolha das palavras, da pontuação e das figuras de linguagem. Com isso não me refiro ao uso dos elementos por conta de normas gramaticais, disso entendo pouco, mas sim da montagem de tudo para proporcionar ao leitor uma grande experiência.

    Interesse: Alto. A história reflete uma daquelas situações que mesmo que você não tenha passado é fácil de lembrar de alguém que viveu algo parecido, tanto na personalidade dos personagens quanto no evento de diminuição do parceiro ou parceira.

    Objetivo do autor: Criar uma conexão/empatia entre leitor e personagem para puxar o tapete de todo mundo através de uma metáfora ao final da história.

    Entre os meus preferidos, creio.

  29. Leo Jardim
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 Conteúdo (⭐⭐▫): uma mulher solitária inicia um romance por correspondência com um homem que é bem pequeno. Ela, desesperada, se casa com ele, mas depois fica judiando do coitado. Uma história com início, meio e fim.

    📝 Técnica (⭐⭐⭐): gostei dos adjetivos a cada parágrafo com metáforas ao tamanho do cara.

    💡 Criatividade (⭐⭐⭐): o jogo de palavras, a reviravolta e o final meio fantástico, meio metalinguístico do cara ficar tão pequeno a ponto de caber na palma da mão. Tudo isso é muito criativo.

    🎭 Impacto (⭐⭐▫): um pouco trágico, mas também cômico. Comecei torcendo pela mulher e terminei xingando ela. Sacanagem com o baixinho.

  30. jowilton
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de jowilton

    O conto é muito bem executado, com uma ótima técnica. As figuras de linguagem são muito bem colocadas e a ambiguidade do uso da palavra tamanho também foi ótima.

    O conto vai passando, assim como os anos e deixando o leitor cada vez mais intrigado. Aí chega o arremate final de forma cruelmente inesperada. Quando terminei a leitura a única coisa que me veio a cabeça foi: Mas que FDP! kkkkkkkkkk

    Excelente conto.

    Boa sorte no desafio

  31. Raphael S. Pedro
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de Raphael S. Pedro

    Gostei da reviravolta. O início do conto me fez pensar na protagonista de uma forma, termino com outra. Não tenho o que acrescentar, acho que seu trabalho faz exatamente o que o desafio pede. Parabéns.

  32. Thata Pereira
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de Thata Pereira

    Olá, Snowy.

    Contexto pessoal

    Esse jogo de palavras me encanta muito. Não é poesia, mas li como se fosse. Você fez isso muito, muito bem. Fiquei encantada.

    Análise do conto

    Coitado do rapaz. Logo imaginei ela como uma pessoa traumatizada pela solidão. Alguém que precisa de atenção e que para se sentir valorizada, precisa diminuir o outro. Será esse o motivo de estar sozinha no começo da história?

    Conclusão

    Um microconto que apesar de triste é bonito de se ler desde o título. História com começo, meio e fim. Vou te colocar na minha lista de possíveis indicados e quero muito que permaneça lá!

    Desejo um bom desafio!

  33. Juliano Gadêlha
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Juliano Gadêlha

    Claramente um texto muito bem lapidado, cada palavra cuidadosamente escolhida para compor um conjunto muito coeso e repleto de sentidos. A maneira como tamanhos e medidas são usados com diversas conotações é fascinante. A técnica narrativa utilizada faz com que uma longa história seja contada em pouquíssimas palavras sem que pareça apressado ou incompleto. Na primeira leitura, me passou a sensação de que a história acaba no meio, mas percebi que depois da última frase do texto, realmente nada mais precisa ser dito. Parabéns!

  34. Diego Gama
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Diego Gama

    Gostei muito da forma como o contraste de proporções vai fazendo com que o leitor viaje no conto, acho que fluiu muito bem! Apesar de eu não ter gostado dela, a manipuladora protagonista, fiquei com pena do coitado rapaz diminuido!

  35. toniluismc
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Ainda não cheguei na metade dos textos deste Desafio, mas já lhe digo que este é o meu favorito até agora. Parabéns!

    A expectativa inicial do conto de fadas foi assertivamente subvertida por essa protagonista sedenta por poder e controle. Acho que os finais poderiam ser muito mais felizes se as pessoas tivessem essa realidade em mente rs

    O modo como essa personagem complexa e ambígua foi construída com tão poucas palavras é digno de nota. Dito isso, considero que independente do gênero d@ autor@, esse conto é muito pertinente na discussão dos papéis de gênero e das relações de poder em nossa sociedade.

    Obrigado!

  36. Fabiano Dexter
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    Achei bem interessante a temática do conto, mostrando inclusive como o fato de umaa pessoa se sentir sozinha não é garantia que ira tratar bem aqueles que ama ou a amam.

    A execução foi muito boa, fazendo valer cada palavra e contando uma história longa com detalhes interessantes.

    O final, o modo como trabalhou o tamanho físico e depois como analogia ficou impressionante.

    Parabéns!!!

  37. Felipe Lomar
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Felipe Lomar

    me parece uma pessoa manipuladora, narcisista, utilizando-se da baixa estatura do parceiro para diminuí-lo a fim de se tornar manipulável, por pura diversão. Pra mim foi bem impactante e bem construído. Me parece um pouco comprido demais, a primeira parte é desnecessária. O conto funcionaria perfeitamente sem ela

    boa sorte!

  38. Thiago Amaral Oliveira
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Thiago Amaral Oliveira

    Para mim, o ponto alto do conto realmente são os dois últimos parágrados. Excluindo a palavra “Depois”, acho até que funcionariam por si só como nanoconto rs.

    Legal a dicotomia colocada ao longo do texto. Podemos ver o ponto onde a protagonista se encontrava, na mesmice, depois suas altas expectativas. Em seguida, a decepção com o baixo personagem (apesar do dobro da paixão).

    O Marco me colocou a dúvida se o último parágrafo era propositalmente ambíguo ou não… mas acho que a intenção era ela ser manipuladora mesmo. Foi assim que entendi, pelo caminho pelo qual a história nos leva.

    Entendo que a escolha de opostos afeta a estrutura do texto, mas os três parágrafos

    “Publicou pequeno classificado em jornal de grande circulação.

    Respondeu-lhe um alto funcionário, em cidadezinha distante.

    Com afeto crescente, trocaram correspondências enormes.”

    ficaram muito repetitivos, ao meu ver. A mesma estrutura deixa a leitura um pouco monótona, no sentido mais literal possível do termo. Mono tom.

    Como outros leitores, também me confundi sobre a diferença entre diversão e prazer. Parei nessa parte e tive que refletir um pouco sobre o que queria dizer. Ela decide manipulá-lo ali? Quanto sadismo…

    No fim das contas, esses dois últimos pontos não afetam muito o resultado. Ficou bem bom. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

  39. claudiaangst
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Texto que brinca com a oposição de ideias, já começando pelo título: pequenas coisas/grandes coisas, altos e baixos, pequeno classificado/ jornal de grande circulação

    Além disso, há muitas referências à questão de valorização da altura (tanto da estatura física como da posição social): alto funcionário, cidadezinha crescente, correspondências enormes, o dobro da paixão, nesta alltura, subiram ao altar.

    Mas o coitado do moço tinha quase a metade do tamanho esperado e por isso sua paixão não foi valorizada mesmo com o casamento. Paixão acaba, não é mesmo? Tudo foi diminuindo até virar uma relação tóxica, dominada por uma mulher manipuladora (que o tinha na palma da sua mão).

    Conto bem escrito, evidenciando a grande habilidade do(a) autor(a) com a escrita. Percebe-se que cada palavra foi escolhida com cuidado para trazer o impacto necessário ao seu texto.

    Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.

  40. Marco Saraiva
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Nota: perdao pela falta de acentos no texto, estou escrevendo em teclado gringo =)

    Jogos de palavras em desafios de microcontos sao inevitaveis, mas algumas vezes eles saem pela culatra. No caso deste conto, a ultima frase muda completamente o seu significado: ela era, afinal, uma megera que resolveu se casar apenas para explorar emocionalmente o marido? Ou uma mulher que entrou hesitante no casamento, com medo de passar a vida sozinha, inicialmente com pouco amor mas, com o tempo, apaixonou-se pelo marido? Talvez a ambiguidade tenha sido proposital mas, para mim, fez com que o conto perdesse muito da sua forca.

    Achei interessante a exploracao dos tamanhos e medidas no texto. Desde o titulo (pequenas grandes coisas), passando por diversas iteracoes de expressoes similares: “nem altos e baixos”, “pequeno classificado”, “correspondencias enormes”, “nesta altura”, “metade do tamanho”, “fez questao de diminui-lo”, etc. Nao sei se toda esta exploracao do mesmo conceito tem algum significado mais profundo, eu pessoalmente nao enxerguei, mas vou ler os outros comentarios no conto e ver se perdi alguma coisa.

  41. Juliana Calafange
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Juliana Calafange

    Interessante o jogo que você faz com os opostos:

    pequeno classificado / grande circulação

    Alto funcionário / cidadezinha distante

    o dobro da paixão / metade do tamanho

    Mas acho que o uso dos antônimos funciona melhor quando traz dualidade ao contexto, ao dilema do personagem (que em minha visão da história está no jogo de poder, a protagonista vive sozinha, mas deseja não estar. E quando finalmente não está, diminui o parceiro para permanecer sozinha, no controle da relação). Então acho que funcionaria melhor se os opostos dissessem respeito aos sentimentos dela, a solidão, a idade, o tédio etc.

    Uma coisa que acho importante nos minicontos é a exatidão. Como há um limite de palavras, é preciso que essas palavras sejam escolhidas minuciosamente. Acho que seu conto ganharia mais força se você revisse o texto com foco nisso. Por exemplo: “quase quarenta” provoca uma cacofonia e traz pouca exatidão. Não ficaria mais palatável escrever “trinta e nove”? E ao invés de “antecedentes” usar “anteriores”? “diversão” e “prazer” são praticamente sinônimos, então, por que criar essa ideia redundante, quando poderia seguir com os opostos?

    Por outro lado, acho que vc acertou em cheio com o desfecho. A frase “Em menos de um ano, já estava na palma da sua mão” resume toda a história, o jogo de poder presente nessa relação.

    Gostei do texto e acho mesmo que só precisa de alguns ajustes para se tornar um conto perfeito. Parabéns.

  42. Vítor de Lerbo
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Vítor de Lerbo

    A habilidade de escrita é notável. Forma e conteúdo se entrelaçam nesta história, com a presença constante de palavras que remetem ao tamanho – tanto físico quanto metafórico. Neste ponto, o título é perfeito, assim como a imagem.

    Uma escrita simples, porém poética.

    Muito bom.

    Boa sorte!

  43. José Leonardo
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Snowy.

    As figuras de linguagem são sensacionais aqui, com um(a) autor(a) que botou os advérbios na roda e nos proporcionou uma anedota (um grande sarro) contra o pequeno homem que lhe tiraria da monotonia. No começo eu estava estranhando as pausas, mas ao reler vi a grande graça em que caí como leitor. Parabéns mesmo.

    Boa sorte neste desafio.

  44. Kelly Hatanaka
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Uma história longa contada em poucas palavras, com muita competência. A mulher solitária, o homem que ama de forma desproporcional, um relacionamento tóxico.

    Fiquei pensando no que significaria “Nesta altura, nele me interessa mais a diversão que o prazer que poderá proporcionar”. Que diversão seria essa? Por fim, ficou claro. Uma diversão sádica em apequenar o outro.

    Parabéns pela participação e boa sorte.

    Kelly

  45. Sidney Muniz
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Sidney Muniz

    Sozinha, ela vivia – sem sobressaltos, nem altos e baixos.

    Talvez não careça dessa vírgula após sozinha, o que acha?

    Via os anos passarem, como os quase quarenta antecedentes; e o tédio, a aumentar.

    Aqui revela-se que realmente é uma pessoa de idade, vendo o tempo passar. Cansada, com uma vida monótona, intediante.

    Publicou pequeno classificado em jornal de grande circulação.

    Aqui um feito, pequeno? grande? Um feito, isso que importa!

    Respondeu-lhe um alto funcionário, em cidadezinha distante.

    Eis que aqui surge uma oportunidade.

    Com afeto crescente, trocaram correspondências enormes.

    E então a oportunidade, o interesse, o mistério e a distância, fazem com que o afeto cresça. Com que as possibilidades sejam vistas de maneira otimista.

    Finalmente, ele apareceu: tinha o dobro da paixão e quase metade do tamanho imaginado.

    Eis a frustração, o contato visual e magnético. A magia do encanto quebrada pela maldição do rótulo, do perfeito, do comum.

    “Nesta altura, nele me interessa mais a diversão que o prazer que poderá proporcionar” – premeditou.

    Aqui conhecemos mais a nossa protagonista, e entendemos um pouco do que de fato ela é, ou muito mais do que nos havia sido revelado.

    Subiram ao altar.

    Aqui a oportunidade se fez ato.

    Depois, dia após dia, fazia questão de diminuí-lo diante dos outros.

    Eis que nesse ponto entendemos que nosso pequeno grande homem foi tão iludido no início como nós.

    Em menos de um ano, já estava na palma da sua mão.

    Aqui entendemos que ele, diferente de nós, não enxergou a verdade.

    A nossa protagonista infelizmente tende ao lado negro da força. Uma pessoa que suga a vida, que faz com que tudo ao seu redor se torne seco, frio e sem vitalidade.

    Ela não dá valor ao essencial, ela quer ser o centro, e nas pequenas grandes coisas ela se fez tão pequena que não deu valor ao grande homem que estava ao seu lado, por preconceito, orgulho, vaidade ou mera maldade mesmo.

    Parabéns e boa sorte!

  46. Afonso Luiz Pereira
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    O miniconto é uma boa sacada sobre o poder e as dinâmicas de controle em relações humanas. A rápida narrativa conduz o leitor com habilidade, começando com a solidão e o tédio da protagonista e termina, aos olhos do leitor, em sua sutil transformação em alguém que tem a compulsão de dominar o outro. A escolha de palavras é precisa, e achei bem pontuada, bem escrita e a ironia embutida em frases como “quase metade do tamanho imaginado” e “na palma da sua mão”, que reforçam a mudança de perspectiva da personagem dominadora.  Não queria casar com uma mulher dessa, não!

  47. Nilo
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Nilo

    Texto muito bem escrito. O autor nos conduz por uma linha de raciocínio e a um final inesperado. tudo que um microconto precisa. parabéns.

  48. Elisa Ribeiro
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Elisa Ribeiro

    um micro diferente que nós conta uma história longa no tempo em brevíssimas palavras. Escolha engenhosa de palavras, estratégia interessante de construir o texto em frases curtas. Excelente!

  49. Evelyn Postali
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Evelyn Postali

    Mas gente… A mulher foi da monotonia e solidão, do desejo de estar com alguém, para a manipulação caprichosa. Foi uma crescente sensação de domínio culminando com o pobre parceiro na palma da mão. Tadinhoooo! Esse micro expõe a dinâmica do poder em um relacionamento de forma sutil e engenhosa. Ela foi implacável. Pra você ver como o desejo, o controle e a busca por alguma emoção pode transformar uma pessoa e os relacionamentos nos quais ela se mete…

  50. geraldo trombin
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de geraldo trombin

    Formatação impecável. Fio condutor muito bem instalado. Só me restam apenas duas palavras: Palmas> Parabéns!

  51. andersondopradosilva
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    Das Pequenas Grandes Coisas se leva a sério. Retrata uma mulher que, mesmo solitária e agoniada pela velhice, não sabe comungar. Busca um relacionamento por todos os meios que tem às mãos e, quando o conquista, não sabe valorizar. Corre o risco de o perder de tanto o apequenar. Por outro lado, o amado não se dá valor. É sua permissividade que o vai fazendo cada vez menor, até chegar ao ponto de metaforicamente caber inteiro nas mãos do outro. É um relacionamento doentio e disfuncional, retratado com maestria e competência em poucas e apertadas linhas. Há referências cruzadas no texto, como na primeira frase, em que aparece um “nem altos nem baixos”, antecipando o que virá. A pontuação é muito boa, toda ela aparecendo sem excessos ou sobras: vírgulas, dois pontos, ponto e vírgula etc. Sem reparos quanto à técnica ou ao conteúdo.

  52. Marcelo
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Marcelo

    O texto é muito bem trabalhado e suas metáforas deixam claras as intenções. Relacionamentos abusivos e subjugantes, narcisismo e relações interpessoais podem ser discutidas a partir do escrito.

  53. Antonio Stegues Batista
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Na década de 80/90, relacionamentos amorosos eram feios através de anúncios em jornais; “Tenho 34 anos, trabalho na indústria metalúrgica, sou solteiro, sem filhos procuro mulher não fumante para casar”. A personagem solteirona, já passando dos 40 anos, resolveu arranjar um namorado, aliás, uma marionete. para brincar. Imagina um alto funcionário do governo caindo na lábia da mulher sem coração! O alto funcionário se  apaixonou e se ralou, né. A estória é bem escrita, mostra a força da mulher em seduzir os homens, torna-los escravos com seu encanto. Acontece na vida real. Toda rosa tem espinhos.

  54. antoniosodre
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Antonio Sodre

    A parte final do texto é muito boa (não que o começo não seja). A ideia de uma pessoa ser diminuída e aí tem-se duas figuras de linguagem que indicam o controle da relação via diminuição figurativa do outro. Outra boa sacada é usar “correspondências enormes”, pois faz um contraste do fim e mostra um percurso narrativo sinuoso e bem escrito.

  55. Nelson
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Nelson

    Gostei, logo que terminei me veio à mente o conto 15 Centímetros, do Bukowski. O microconto foi composto de forma bastante eficiente, sem floreios, e as escolhas do autor para impactar a história foram interessantes. Conseguiu resumir bem a sensação dessas relações ruins. Esse tema da pessoa que vai mitigando a personalidade da outra, bastante utilizado na literatura, e que aos poucos transforma o outro em pó, foi bem sintetizada no microconto.

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Publicado às 19 de janeiro de 2025 por em Microcontos 2025 e marcado .