EntreContos

Detox Literário.

O Universo num Pé de Manga (Leo Jardim, Priscila Pereira e Fabiano Dexter)

Acordei quando o ônibus pulou num dos quebra-molas transparentes da entrada da cidade. Até o motorista mais experiente era incapaz de perceber aquela loteria de elevações na pista com ausência de sinalização. Só não são mais eficientes para avisar que a viagem estava terminando que os pardais luminosos de quarenta quilômetros por hora, mas que todos passam tão lento que à pé seria mais rápido. Se eu fosse fazer um cartão postal de Conceição do Uirapuru, os quebra-molas semi-invisíveis com certeza estariam nele. Os radares, não. São bem mais recentes e menos charmosos.

Após passar pelo radar, já é possível ver a rodoviária. Afinal, a estrada é também a rua principal do município. Crescer numa cidade assim é interessante, pois sua maior aventura é brincar de atravessar correndo a rodovia e não ser atropelado pelos caminhões e carros chateados por terem que reduzir o ritmo de sua viagem ao passar numa cidade que para eles é um cisco num vendaval. Pensando bem, aquelas lombadas salvaram muitas vidas.

Além dos radares, uma modernidade me tirou dos devaneios: uma fila de caminhões carregando materiais de construção causou um engarrafamento na entrada da rodoviária. Confesso que essa pitada de cidade grande na minha cidadezinha incomodou quase na mesma proporção que encontrar feijão do pote de sorvete.

Fui o único a desembarcar na rodoviária, alguns passageiros me esfaqueando com os olhos por perderem tempo demais de suas viagens neste fim de mundo. Ninguém estava lá para me receber. Mamãe com certeza estaria ali, mesmo tão cedo. Pensei que essa seria a última vez que iria à Uirapuru, pois os últimos laços com a cidades estavam sendo finalmente cortados.

A barriga cobrava as dez horas de jejum, portanto precisei parar na lanchonete da rodoviária. O cheiro de café fresco e pão na chapa me trouxe uma sensação de conforto, um pequeno alívio em meio ao emaranhado de emoções. Ao me aproximar do balcão, o atendente, um rapaz de rosto familiar, sorriu ao me ver.

— Não acredito! Márcio!? É você mesmo? — ele exclamou, com um brilho nos olhos. — Lembra de mim? Sou eu, João!

A memória veio como um facho de luz encontrando os cantos mais obscuros de um cômodo há muito abandonado. João, o menino que sempre ficava com medo de pular o muro do vizinho para roubar mangas. Sorri, surpreso com a coincidência.

— Claro que lembro, João! Quanto tempo, hein? — respondi, tentando esconder a melancolia que me acompanhava desde a chegada.

Enquanto preparava meu café, João comentou casualmente:

— Estão demolindo a casa do pé de manga, sabia?

A notícia me pegou de surpresa, mas não dei muita importância naquele momento. A casa era apenas uma lembrança distante, tal qual um álbum largado no fundo de uma gaveta poeirenta.

Saindo da rodoviária, me deparei com uma mulher cambaleando pela rua, descabelado, falando sozinha. Tentei me afastar, mas ela me reconheceu. Era Sara, minha amiga de infância. Seus olhos estavam arregalados, e ela parecia mais perturbada do que nunca.

— Você tem que ir embora, não devia estar aqui! — ela disse, com voz afetada.

Tentei explicar que estava ali para o velório da minha mãe, mas isso só a deixou mais desesperada.

— Ah, não, não, não… tá tão perto, preciso impedir, você tem que ir embora, não pode ir lá, não pode ir lá! — ela repetia, quase em prantos.

A mãe de Sara apareceu e a recuperou, pedindo desculpas pelo comportamento da filha.

— Sinto muito pela sua perda — disse ela, com um olhar de compaixão. — Como você está?

Respondi educadamente, mas minha mente estava longe, tentando entender o que havia acontecido.

***

— Vamos, João! — a menina pequena, de vestido sujo, sussurrava, com um brilho travesso nos olhos. — O senhor Arnaldo nunca vai nos pegar!

João, sempre mais cauteloso, hesitava.

— E se ele aparecer? — perguntou, olhando nervosamente para os lados.

— Deixa de ser medroso! — Sara retrucou, já escalando o muro com agilidade. — A vida é curta demais pra não aproveitar essas mangas!

Eu a segui, o coração batendo acelerado, não só pelo medo de ser pego, mas pela excitação da aventura. Sara sempre foi a mais corajosa, a exploradora do grupo. Ela tinha uma mente aberta e uma curiosidade insaciável que me fascinava.

Do outro lado do muro, o pé de manga se erguia majestoso, carregado de frutos maduros. Sara subiu na árvore com uma destreza felina, enquanto eu e João ficávamos de guarda.

— Pega essa! — ela jogou uma fruta para mim, rindo. — E essa é pra você, João!

João pegou a manga com um sorriso tímido, ainda olhando para os lados, mas começando a relaxar. Aquele momento, com o sol brilhando através das folhas, parecia encapsular toda a magia da nossa infância.

Mas o sabor da fruta era agridoce. Uma sombra maculava aquele momento luminoso. Olhei para os galhos mais altos do pé de manga e Sara não estava lá.

***

A sala do velório jazia silenciosa, com apenas alguns poucos presentes. O cheiro de flores e velas preenchia o ar, criando uma atmosfera pesada e solene. Eu me sentia deslocado, como se estivesse assistindo a tudo de fora, incapaz de processar completamente a perda.

João, o atendente da lanchonete, estava lá também. Ele se aproximou, visivelmente desconfortável, tentando encontrar as palavras certas.

— Sinto muito pela sua mãe — disse ele, olhando para o chão. — Ela era uma boa mulher.

— Obrigado, João — respondi, tentando ser educado, mesmo reparando que ele havia ignorado esse assunto quando nos encontramos na lanchonete.

Houve um silêncio constrangedor. João parecia querer dizer algo mais, mas não sabia como continuar. Finalmente, ele arriscou:

— Você… você ouviu sobre a casa do pé de manga, né? — perguntou, com um tom hesitante.

Assenti, lembrando da conversa na lanchonete.

— Sim, você mencionou que estão demolindo.

João coçou a cabeça, claramente desconfortável.

— É que… você lembra o que aconteceu lá?

Eu franzi a testa, confuso.

— Lembro que roubávamos mangas…

Antes que ele pudesse responder, a porta se abriu e Sara entrou. Ela parecia mais lúcida e arrumada do que antes, caminhando até mim com determinação. Reconheci que parte do olhar que me fascinava ainda residia em seus olhos. João se afastou, tenso por não ter conseguido dizer o que gostaria.

Sara impediu que sua mãe a afastasse e se aproximou de mim.

— Quero dar os pêsames ao meu amigo — disse ela, com uma firmeza inesperada.

Quando chegou perto, ela me abraçou com carinho e por uns longos instantes, tudo parecia bem. E então sussurrou no meu ouvido:

— Você não pode ir na casa, não pode mexer no pé de manga.

Me olhou novamente e agora seus olhos estavam cheios de uma urgência que me deixou inquieto. Antes que eu pudesse responder, ela se afastou, sendo levada pela mãe. Fiquei ali, parado, tentando entender o que aquilo significava. O pé de manga, a casa… Havia algo mais profundo acontecendo e eu precisava descobrir.

Perto das dez horas da noite, os poucos presentes começaram a se despedir e irem para suas casas. Fiquei meio incomodado de não ter mais nenhum parente, que ficasse comigo até a hora do enterro, que seria no final da manhã seguinte. 

Ficar em uma sala de velório, sozinho com um defunto, mesmo sendo minha mãe, parecia muito mais do que minha coragem poderia suportar. Mas não poderia deixá-la sozinha, poderia? Claro que não! 

Então, na quietude assustadora da noite, meus pensamentos se voltaram para a conversa estranha de João e de Sara. O que havia acontecido naquele pé de manga? Por que essa árvore parecia tão importante para eles? 

Encostei a cabeça no espaldar alto da poltrona de courino do velório e fechei os olhos, tentando lembrar de algum acontecimento, que nós três supostamente tenhamos presenciado, e que justificaria o desconforto deles. 

Voltei naquela época mais simples, em que minha mãe não estava dura e fria em um caixão a poucos passos de mim, mas radiante e cheia de vigor, na plenitude da vida adulta. Ela era tão linda, tão cheia de vida, trabalhava o dia todo para que nada faltasse para nós dois, mas nunca reclamava de nada. 

Lágrimas correram pelo meu rosto, enquanto aquela lembrança se desenrolava em minha mente. Não tinha chorado ainda. Era bom enfim desabafar a dor que havia tomado conta de mim com aquele telefonema de óbito. 

Então como que destrancada dos arquivos secretos de minha mente, lembrei daquele dia em que Sara desapareceu naquele pé de manga. 

***

— Márcio… 

Abri os olhos assustado e me deparei com Sara a centímetros de mim. 

— Estava dormindo? Desculpa… mas eu preciso falar com você…

Esfreguei os olhos, tentando me recuperar do susto. 

— Não estava dormindo, estava lembrando… o que aconteceu com você naquele dia, sabe, quando você desapareceu daquele jeito?

Uma ruga profunda vincou sua testa. Então lentamente sentou na poltrona ao lado da minha e com o olhar fixo na fumaça que subia das velas, respondeu: 

— Você não vai acreditar, Márcio. Ninguém acredita em mim. Mas você precisa me prometer que não vai, em hipótese alguma, voltar naquele pé de manga, me promete!

Estava aliviado de não estar mais sozinho no velório, então não queria que a conversa terminasse tão cedo. 

— Eu prometo se você me contar tudo. 

Ela suspirou e começou a falar:

— Eles me levaram. Passei muito tempo com eles, vi muitas coisas, sofri muitos abusos e invasões, presenciei muitos acontecimentos futuros e então eles me devolveram, e não havia se passado mais do que algumas horas. Eu não era mais a mesma. E ninguém acreditou em mim. Nem você e João. 

Me remexi na poltrona, tentando lembrar daquela época, tão longínqua, enevoada pelo tempo. 

— Éramos crianças, Sara. Não lembro de quase nada daquela época, mas agora é diferente… mas me conta isso direito, quem são eles? 

Os olhos dela estavam cheios de lágrimas, ainda magoada pela descrença de seus amigos. 

— Não sei quem eram eles…  mas o João sabe! Ele também viu, mas ele não foi levado. Só conversaram um pouco. 

Essa história estava ficando cada vez mais estranha e confusa. 

— Onde? 

— No pé de manga! É lá que está a base deles. E você não pode chegar nem perto de lá, porque eu sei o que vai acontecer e não é nada bom! Nada bom! Nada bom! Nada bom! 

Ela voltou a parecer a desvairada que encontrei na rua. Repetindo sem parar as mesmas palavras, com os olhos arregalados de pavor. 

— Tá bom, eu não vou… Sara, olha pra mim, Sara! Isso… eu não vou! Prometo! Fica tranquila. Isso… 

Ela pareceu relaxar um pouco, e depois de um tempo balançando a cabeça para frente e para trás, voltou a falar normalmente.

— Ninguém acredita em mim. 

— Eu acredito. Se você está tão convencida de que alguma coisa vai acontecer se eu for lá então eu não vou. Mas você não me explicou muita coisa… sobre eles. 

— Eu não quero falar sobre eles. Foi horrível! E ao mesmo tempo incrível! Eu vi tanta coisa… e o universo é tão lindo, tão lindo…

Seus olhos se iluminaram e seu rosto transparecia paz. 

— Então eles te levaram para o espaço, tipo, em uma nave? 

Ela riu e sua gargalhada ecoou pela sala vazia. O som parecia fora de lugar, um sacrilégio com os mortos.

— Claro que não, seu bobo. O universo está no pé de manga. 

Eu queria acreditar nela, mas estava muito difícil.

— Como assim? 

— Ah, não sei explicar como, mas tudo está lá. 

Ficamos em silêncio por alguns minutos, então ela se levantou e me olhou com aquela urgência de sempre. 

— Não coloque os pés ao redor daquela árvore. Você me prometeu! 

— Sim, claro! Pode ficar tranquila. 

Então ela simplesmente foi embora, me deixando sozinho novamente. 

Mas não se passou nem cinco minutos após a saída dela e João entrou e sentou onde Sara estava.

— O que aquela louca te falou? 

Foi tudo tão rápido, como se ele estivesse lá fora o tempo todo, só esperando que ela fosse embora para vir falar comigo. 

— Ah, ela só me fez prometer não ir lá, no pé de manga. 

Ele estava sério e seu olhar tinha a mesma intensidade do de Sara. 

— Mas você prometeu? 

— Sim… de qualquer forma não tinha a intenção de ir lá. Amanhã, logo depois do enterro, pretendo voltar para casa. 

— Sei… mas antes, você realmente precisa ir até lá comigo. 

Não esperava por isso. Alguma coisa muito estranha estava acontecendo. Sara podia ser só uma pobre mulher com uma doença mental, mas por que João estaria interessado nesse assunto? Será que era tudo real, no final das contas? 

— Como assim? Por quê?

De uma forma ou de outra, marquei de encontrar com João após o sepultamento, marcado para o início da manhã. Mesmo sem saber ao certo se queria ir ou não ao Pé de Manga, isso me daria tempo para pensar e, quem sabe, me lembrar.

Segui sentado onde me encontrava. O dia havia sido difícil e cansativo e esses últimos encontros não haviam me ajudado em nada. Fechei os olhos e recostei novamente a cabeça para trás na poltrona, buscando cada vez mais fundo na memória o que havia acontecido naquele dia em que Sara sumiu do Pé de Manga.

Não sei ainda se foi uma lembrança, sonho ou mesmo a minha imaginação, só sei que revivi aquele momento em minha mente. Eu estava embaixo do Pé de Manga, próximo ao muro, e olhava hora para Sara lá no alto e hora para a manga que saboreava. João estava mais perto da árvore, indicando a ela por qual dos galhos deveria seguir enquanto também se lambuzava. Até que em uma das vezes que que levantei os olhos ela não estava mais lá.

Me vi dando dois passos em direção à árvore ainda sem entender, enquanto via que João também a havia perdido de vista. “Sara! Sara!” começamos a gritar e, enquanto João seguia na direção do Pé de Manga, eu já havia largado a minha manga e me afastava na direção do muro, com a ideia de pulá-lo e buscar ajuda. E ainda que esse momento estivesse confuso, as próximas memórias (se é que eram mesmo memórias) eram ainda mais estranhas e entrecortadas. Cheguei no muro e não ouvia mais a voz do João. De cima do muro olhei para trás e não vi nenhum dos dois. Retornei (não sei quanto tempo depois) com a mãe de Sara (que não me lembro onde encontrei) e lá estavam eles, próximos às raízes. João estava sentado com a cabeça de Sara, que estava inconsciente, no colo. Ele apenas olhou para nós e disse: “Ela caiu.”

Acordei assustado quando o funcionário da Igreja derrubou uma cadeira enquanto arrumava a sala do velório para o dia.

– Me desculpe, não queria acordar senhor…

– Não tem problema – respondi – Eu já estava mesmo precisando levantar.

Esfreguei os olhos tentando entender o que havia se passado na minha cabeça, se era realmente uma lembrança, ainda que confusa, ou apenas um sonho. Fui ao banheiro para lavar o rosto e me preparar para o funeral, que não tardaria, e havia me decidido. Iria com João ao Pé de Manga.

***

Não há como descrever o que senti quando vi o caixão com o corpo de minha mãe descendo. Eu estava longo já a algum tempo, e desde que sai de Conceição do Uirapuru praticamente só nos falávamos nos aniversários e datas comemorativas. Se vim visitá-la duas vezes em todos esses anos foi muito. Mas apesar disso não consegui segurar as lágrimas que desciam pelo meu rosto sem que eu fizesse nenhum esforço para segurá-las.

João me aguardava, um pouco afastado. Eu já havia informado a ele a minha decisão. Sara estava com a mãe, próxima ao caixão que descia.

– Daqui você vai para onde? – ela havia perguntado assim que chegou para o sepultamento.

– Direto para a Rodoviária – menti. Isso pareceu tranquilizá-la.

Por segurança, esperei ela sair antes de me dirigir a João.

– Vamos? – ele disse.

– Só se for agora – respondi.

Descemos caminhando, lado a lado. João parecia ansioso, mas não me dirigia a palavra. Uma das vantagens de uma cidade pequena é justamente a liberdade de ir e vir dependendo apenas de seus pés e alguma disposição.

À medida que nos aproximávamos, eu via ao longe a copa do Pé de Manga, sempre carregado de frutas. A casa estava exatamente como eu me lembrava. Parecia que o tempo não havia passado ali, pois até as rachaduras da casa e as pinturas descascadas estavam exatamente como eu me lembrava. Como eu havia visto na minha lembrança/sonho.

João abriu o portão, que estava destrancado, e nos aproximamos do Pé de Manga.

-NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! – vinha Sara gritando pela rua, com sua mãe atrás. Eu me virei para ela e não vi mais nada, apenas escuridão.

Meus olhos arderam com a luz do sol quando os abri novamente.

***

Eu estava deitado em uma relva macia. Olhei a minha volta e via apenas flores, árvores e crianças correndo, algumas se aproximando de mim, curiosas. As cores pareciam mais vivas, como se alguém tivesse alterado o brilho dos meus olhos ou eu estivesse sob o efeito de alguma droga. Ainda estava tentando entender o que havia acontecido e onde eu estava, quando uma das crianças se aproximou.

-Márcio? – ela perguntou.

– João? – reconheci imediatamente meu amigo de infância. Não aquele que havia me acompanhado até o Pé de Manga, mas o que havia sumido junto com Sara, muitos anos antes.

– Você cresceu – ele afirmou

– O tempo passou, meu amigo.

– Não para mim. Não para nós. E agora não mais para você. – ele respondeu.

– Onde estamos? Como fazemos para voltar para casa?

– Essa é sua casa agora. Nossa casa.

– Ninguém nunca saiu saqui? – perguntei, me sentindo estranhamente calmo.

– Só a Sara. Naquele dia. Depois de falar com Eles. Mas ninguém sabe como. Nem Eles – ele enfim respondeu, antes de me dar a mão para me apesentar a minha nova casa. Me apresentar a Eles.

No final Sara estava certa. Sempre esteve.

Eu não deveria ter ido ao Pé de Manga.

Independentemente do que esteja acontecendo com o meu corpo, estou sentindo aquela paz que ela falou, que vi em seus olhos.

E existe mesmo um Universo aqui.

Sobre Fabio Baptista

Avatar de Desconhecido

21 comentários em “O Universo num Pé de Manga (Leo Jardim, Priscila Pereira e Fabiano Dexter)

  1. Fabio D'Oliveira
    30 de setembro de 2024
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas!

    Dessa vez farei uma avaliação mais pessoal, apontando o impacto do conto em mim.

    Aqui está um conto que me surpreendeu. 

    Quando vi o título e a cena inicial, pensei: lá vem drama. Bem, veio drama, mas um drama diferente, focado em algo esquisto, meio sobrenatural. E se tem uma coisa que gosto, bem, é de weird, hehe.

    Admito que, mesmo assim, em alguns pontos, a repetição das cenas com Sara, “não vai lá, não vai lá”, acabou me cansando. Não precisava tanto. Apesar disso, o final me conquistou, com aquela realidade esquisita, nova, revelando que João nunca saiu de lá e que havia um impostor no mundo real, talvez atraindo mais e mais pessoas até o universo dentro da mangueira. Fiquei extremamente cativado com esse universo, por sinal. E por Eles.

    Gostei bastante desse conto.

  2. Renato Puliafico da Silva
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Renato Puliafico da Silva

    O conto me lembrou “Cinema Paradiso” e “Central do Brasil”. Gosto dessas histórias onde o protagonista volta à terra natal e revive sua juventude, seus amores. E ter como ponto de partida a morte de alguém importante, como a mãe, é ainda mais impactante.

    O texto ficou bem amarrado e um final satisfatório.

  3. Pedro Paulo
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Bem, esse texto a princípio parece uma história infanto-juvenil, a imagem e o cenário que é montado com os personagens e o mítico pé de manga apontando para o que parece uma combinação para uma história mais leve. Entretanto, elementos de suspense e ficção científica começam a aparecer quando o protagonista encontra os seus dois amigos de infância, cada um com uma versão a respeito do último encontro deles sob o pé de manga e o que pode ter acontecido. Neste texto, ao contrário do outro texto que li anteriormente Miragem, nós vemos um uso melhor do elemento flashback com o retorno ao passado sendo mais dosado e contribuindo para construção de mistério em torno do retorno do personagem. Num lado mais negativo da minha leitura, achei a escrita pouco elaborada, com o recurso do personagem fazer perguntas sendo didático demais, o que parece se encontrar bem com o tom mais juvenil do início da narrativa, mas que empobrece a tensão do enigma que Sara e João nos dão. O desfecho é apressado e sem impacto. Tudo o que Sara havia contado está ali, mas, justamente, ela só havia aludido ao seu sumiço de forma superficial, evitando mais detalhes devido ao seu trauma… e é a essa versão do universo do pé de manga que chegamos, quando o protagonista enfim reencontra o local, o que foi desapontador, visto todo o mistério investido nisso até então. No quesito coesão, não notei as emendas, mas acredito que isso não seja mérito, pois não percebi muito desafio nesse quesito.

  4. rubem cabral
    21 de setembro de 2024
    Avatar de rubem cabral
    • Enredo. Bom. Márcio volta à sua cidade natal para o funeral de sua mãe e reencontra seus amigos de infância: Sara e João. Sara parece sofrer de alguma doença mental, pois afirma que o pé de manga que fica em certa casa da cidade é uma espécie de portal para outro universo. Márcio não acredita de início, mas acaba por querer investigar o assunto, terminando “do outro lado”, no universo do pé de manga.
    • Escrita. Boa. Apenas senti que faltou algum outro conflito, principalmente no meio, o enredo não se estendeu muito além da ideia original e apenas ficou dando voltas. Achei que a expressão “pé de manga” foi muito, muito repetida.
    • Personagens. Bons. Márcio e Sara funcionam bem, Sara, em especial.
    • Coesão. Boa. Os estilos dos autores não diferem muito e as costuras do texto resultaram bem discretas.
  5. Victor Viegas
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Frankensteiners!

    ✨ Destaque: “Você precisa me prometer que não vai, em hipótese alguma, voltar naquele pé de manga, me promete!”

    📚 Resumo: Três amigos de infância se reencontram e vão para o funeral da mãe de Márcio. No funeral é um disse e me disse, um vai e não vai no pé de manga que,  por curiosidade, Márcio entra na árvore e descobre um universo de parar o tempo, literalmente. 

    🗣️ Comentário: A estória estava sendo bem contada até as constantes repetições dr “Márcio, não vai no pé de manga, hein!”. Não saía disso, não parecia ter outra coisa para falar e ficou muito limitado. Por vezes eu jurava que era uma espécie de psicologia reversa para botar o dito cujo no bendito pé de manga e, vencendo a verossimilhança, Márcio foi saber que diacho tinha naquele pé de manga. Pelo menos nessa parte ficou mais realista. 

    💬Considerações finais: Não tenho muito a acrescentar, ainda não vi o universo no pé de manga. Parabéns pelo Frankenstein! Boa sorte!

  6. Sílvio Vinhal
    20 de setembro de 2024
    Avatar de Sílvio Vinhal

    Mais uma história que começa bem, e vai sendo desconstruída lentamente até que o final parece apressado e deixa a desejar.
    A mistura de memória com mistério e fantasia, cria uma atmosfera enigmática que atrai a atenção do leitor, os personagens aos poucos são revelados e convencem, principalmente a Sara, que tem um papel fundamental na trama.
    Conceber um universo num pé de manga é algo inovador – não me lembro de ter visto/lido algo semelhante.
    Justamente por ter um início instigante, texto agradável os elementos descritos e a possibilidade de existir de fato um universo no pé de manga, sobrecarrega a expectativa.
    Quando, enfim, chegamos no universo fantástico, em poucas linhas ele se torna completamente etéreo, sendo inevitável o sentimento de frustração.
    O terceiro autor descuidou um pouco do texto, da revisão e da pontuação.
    Parabéns pela participação no desafio. Desejo sorte!

  7. André Lima
    20 de setembro de 2024
    Avatar de André Lima

    É um conto divertido, mas que possui inúmeros erros de revisão que atrapalharam a imersão.
    Há uma mudança de tom também, mas isso, para mim, foi positivo. O conto começa num drama intimista, passa por um mistério climatizado por um terror em suspensão e termina com um final Stephen King.
    Há qualidades aí. Mas, vamos, primeiro, aos defeitos:
    O conto possui um clichê de gênero que me incomodou. Sara convenientemente ter aparecido para avisar sobre o pé de manga, como uma louca descredibilizada, é um clichê amplamente repetido por filmes e séries. Quantas vezes não vimos essa cena do mendigo, da louca, do fanático etc alertando o protagonista que não consegue acreditar pelo emissor não ter credibilidade?
    Há uma facilitação narrativa também na cena em que o protagonista conversa com “João” (Ou a versão terráquea/espelho de João. O conto não é claro sobre isso, mas falarei mais adiante). Após a conversa com Sara, o protagonista fica com a impressão de que a menina disse loucuras, mas quando João o convida para ir ao Pé de Manga, ele magicamente acha que toda a conversa de Sara pode fazer sentido. Isso é uma facilitação narrativa que poderia ser evitada e tudo isso ter sido mais bem elaborado. Fica apenas a sensação de um apressamento na narrativa para João facilmente convencê-lo a ir ao local.
    No trecho “Mas apesar disso não consegui segurar as lágrimas que desciam pelo meu rosto sem que eu fizesse nenhum esforço para segurá-las.” Há uma incongruência. Primeiro ele passa a impressão de tentar segurar as lágrimas (“não consegui”) e depois diz que não tentou (“nenhum esforço para segurá-las”).
    Por fim, o texto não nos revela o que é o João adulto, já que o mesmo está preso no novo universo e nem o porquê de João-falso estar motivado a levar o protagonista até lá. São questionamentos que não comprometem completamente o conto, mas dão a impressão de falta de melhor elaboração.
    O conto é imersivo, bom de ler, possui bom ritmo, a história é bem estruturada, os diálogos são interessantes, as cenas ao lado do caixão são boas (Me lembraram A Maldição da Residência Hill)… mas os apontamentos que fiz antes tiram um pouco do brilho do conto.
    É bom início, um bom meio e um bom fim. Fica o gosto de que tudo poderia ser melhor, como a própria nova realidade do novo universo no Pé de Manga.

  8. Thales Soares
    19 de setembro de 2024
    Avatar de Thales Soares

    Pela imagem de capa, achei que este conto seria bem fofo, e pelo título, achei que teria um tom meio de fábula ou algo infanto juvenil. Talvez eu esperasse algo no estilo Horton e o Mundo dos Quem, ou qualquer outra coisa na vibe do Dr. Seuss. No entanto… o que temos é uma narrativa pé no chão, um pouco triste, e com um mistério que não empolga. Mas vamos falar por partes:
    O conto começa com Marcio fazendo uma viagem de onibus para ir até sua antiga cidade, para o velório de sua mãe. Um plot bem pesado, e que já quebrou todas as minhas expectativas com o conto. O primeiro autor escreve bem, e suas descrições são bastante íntimas do leitor, fazendo com que nos sintamos bem próximos do personagem, com várias referências do cotidiano. Esse teor de proximidade é perdido pelos autores seguintes, mas o nível da escrita continua alto, e para mim foi difícil de distinguir onde terminava uma parte e iniciava outra, de forma a mostrar que os 3 autores estavam com certa sintonia.
    Chegando na rodoviária, Márcio encontra seu amigo de infância, joão. João menciona que estão demolindo a casa do pé de manga, e aí vemos que tem algum tipo de mistério envolvendo esse pé de manga. Mas Márcio parece ser o único na história a cagar para esse pé de manga, então ele sai de lá, e dá de cara com Sara, outra amiga de infância. Ela tá meio perturbada, falando umas coisas meio doidas sobre algo terrível que aconteceu no pé de manga, e que Marcio não pode ir lá de forma alguma. Mas, mais uma vez, Marcio está cagando e andando para isso.
    Aqui acho que entra o autor 2, mostrando um flashback do passado, com os 3 personagens apresentados até agora no pé de manga do vizinho. De repente, Sara some. E com isso, o flashback termina.
    Voltando ao presente, Marcio está no velório de sua mãe. Sara aparece de novo, e dá mais alertas a ele sobre o pé de mangas, até que ele decide perguntar que caralhos aconteceu ali. Então Sara revela que lá é um lugar tipo Nárnia, mas que é ruim na verdade, porque ela foi abusada pelos seres misteriosos e sofreu invasões. Marcio parece cagar pra isso também, e Sara vai embora, mas antes ela faz Marcio jurar que nunca vai se aproximar do pé de manga dos abusadores.
    Ai do nada aparece o João, e diz “Vamos pro pé de manga?”, e Marcio diz “Bora!”. Chegando lá, Marcio fica surpreso, meio que como pensasse “Puta merda! O lugar é real!”. O João também tá ali, e parece que ele sempre esteve ali (e quem era o outro João então??). Pelo que eu entendi, ele está mais novo, e diz pro Marcio “Agora a gente vai morar aqui pra sempre”, e o Marcio termina pensando “Porra… eu devia ter ouvido a Sara”. Fim.
    Achei a revelação do mistério meio sem graça… e o próprio mistério em si não instigava muito a curiosidade do leitor. O ponto forte é que a leitura foi bastante fluida. Mas não consegui me conectar com os personagens, e nem com o mistério que movia o enredo.
    Desejo boa sorte aos autores!

  9. Fabio Baptista
    15 de setembro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    X Sensação após a leitura: é… mais ou menos, mais ou menos…

    X Citações pro bem e pro mal:

    x Só não são mais eficientes para avisar que a viagem estava terminando que os pardais
    Seriam melhor usar “eram” para não misturar os tempos verbais
    Também colocaria “do que”
    Na real… daria uma reformulada nessa frase inteira

    x mulher cambaleando pela rua, descabelado
    descabelada

    x O que havia acontecido naquele pé de manga?
    Ué, ele não estava lá?

    x a cidades

    x lembrei daquele dia em que Sara desapareceu naquele pé de manga.
    Aqui me pareceu uma volta desnecessária… anteriormente ele parecia se lembrar.

    x olhava hora para Sara lá no alto e hora para a manga
    ora

    x Eu estava longo já a algum tempo
    longe já havia

    x o que havia sumido junto com Sara
    Não tinha sido só a Sara?

    X Conclusões:

    O conto começa com uma narrativa simples contando uma história de pegada infanto-juvenil coleção vagalume. Há uma volta para a cidade natal, motivada por um velório. Há uma casa com um elemento fantástico e um mistério do passado. Até aqui lembrei bastante de um conto meu “Memórias de uma bruxa”. Havia elementos para serem trabalhados e um tom para a história.

    Diferente de boa parte dos outros trabalhos deste desafio, não achei que os autores subsequentes deturparam a história, mas, em menor escala, houve aqui o problema ocorrido na segunda parte de IO… muitas voltas que se tornaram repetitivas, não saíram do lugar e acabaram lançando dúvidas sobre as coisas contadas antes.

    O final me soou apressado e pouco elaborado. Ok, todo mundo que chegava ao pé de manga era teleportado? Só aquelas crianças foram roubar mangas? Como João estava lá se ele estava na cidade? Quando ele foi abduzido?

    Pode ser que eu tenha perdido algum detalhe importante aí no meio do caminho, mas minha impressão geral é que os autores ficaram sem saber o que fazer com a história e ficaram postergando as decisões importantes na maior parte do tempo.

    MÉDIO

  10. Jorge Santos
    15 de setembro de 2024
    Avatar de Jorge Santos

    Olá trio.

    Estamos aqui perante um conto complexo, uma narrativa não linear que por milagre conseguiram tornar coerente. Poderia ter ficado ainda mais coerente e um pouco mais simplificada, mas gostei do caos e da magia inerente. O todo ficou uniforme, pelo que os autores estão de parabéns. Mesmo assim, precisei de algumas leituras para compreender a profundidade do texto, que ficaria bem como argumento de um episódio dos X-Files. Não ficou explicado como é que podiam haver várias versões das mesmas pessoas, umas presas numa outra dimensão e num outro tempo, no pé de manga ( pelo menos foi esta a interpretação que fiz).

    De resto, é um bom conto, com potencial para ser excelente.

  11. Luis Guilherme Banzi Florido
    14 de setembro de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Olá, autores! Tudo bem? Primeiramente, parabéns pela participação num desafio tão dificil e maluco quanto esse!

    Início: misterioso e surpreendente! Eu comecei a leitura achando que se trataria de um drama ou algo cotidiano, provavelmente devido à imagem fofa de capa. Porém, quando menos esperava, o autor apresentou um mistério muito bem vindo, que me grudou na leitura! Muito bom. O que aconteceu com Sara quando ela sumiu? Por que Márcio foi embora? Tem a ver com esse dia? Por que ele esqueceu do que aconteceu? Espero que os autores 2 e 3 respondam.

    Meio: continua bem de onde o anterior parou. Aliás, se não fosse pela guinada que a história dá, com a inserção d’Eles, uma espécie de extraterreste ou algum ser que abduziu a menina, eu nem notaria a mudança de autor. A história continua curiosa e interessante, e o mistério continua evoluindo. Devo dizer, no entanto, que esperava que o conto desenvolvesse mais pra um terror, mas isso é gosto pessoal, e não culpa do autor. De todo modo, o autor cumpriu bem seu papel de pegar a ideia inicial, inserir elementos para evoluir o enredo, e entregar pronto para o desfecho para o autor 3.

    Ah, um adendo: não sei qual dos autores fez isso, mas gostei da ideia de que não foram extraterrestes que desceram do céu e abduziram a menina, mas sim seres que vivem na árvore. Isso deu um toque pitoresco à história e saiu do lugar comum, muito bom.

    Fim: os 3 autores emularam bem o estilo um do outro, portanto não sei dizer exatamente onde foi a passagem de bastão do autor 2 pro 3. Isso é um ponto muito positivo. Mas fiquei com a sensação (que pode ser incorreta) de que o autor 3 usou muito menos que o limite de palavras, pois pareceu que a transição entre o meio e o desfecho foi abrupta. Quando eu esperava que o mistério evoluísse mais, que algum suspense fosse criado culminando no clímax, a conto acabou. Acho que isso define bem o que quero dizer: senti que o conto não tem clímax, o que dá uma sensação de que faltou algo. Por outro lado, devo dizer que gostei da ideia de que o João do lado de fora era falso e atraiu Márcio para a árvore, enquanto Sara tentava protegê-lo.

    Concluindo, infelizmente achei que o final deixou muitas pontas soltas, e muitas das perguntas que me fiz na parte 1 nao foram respondidas. Posso estar enganado, mas acho que ainda havia limite de palavras para explorar aqueles pontos. Isso, sem dúvida, teria elevado o nível do conto.

    Coesão entre os autores: o autor um subiu na árvore e jogou uma manga, que foi agarrada no ar pelo autor 2. Ele descascou a manga de maneira surpreendente, diferente de como o autor 1 tinha imaginado. Faltava só o autor 3 comer a manga, já descascadinha, docinha e temperada com um toque de estranheza. Porém, o autor 3 comeu tão rápido que deu até uma dentada no caroço. Em outras palavras: na escrita, a coesão está fantástica. Os três autores se misturam muito bem. No enredo, a parte 1 cria algo interessante e curioso, o autor 2 desenvolve bem e dá seu toque pessoal, mas o autor 3, ainda que não tenha feito um mal trabalho, corre demais e deixa pontas soltas (ou talvez eu poderia dizer que ficou cheio de fiapos nos dentes?). De todo modo, me entreteve e foi uma leitura fluida e divertida.

    Nota final: bom.

  12. Kelly Hatanaka
    12 de setembro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá, caros colegas entrecontistas!

    Primeiramente, parabéns pela participação corajosa e desapegada.

    Vou avaliar e comentar de acordo com meu gosto, não tem muito jeito, afinal não tenho conhecimento nem competência para avaliar de forma mais “técnica”. Ou seja, vou avaliar como leitora mesmo. Primeiro, cada parte separadamente, valendo 1 ponto cada. Depois, a integridade do resultado, valendo 3 e, por último, o impacto da leitura, valendo 4.

    Começo

    Márcio volta para sua cidade natal para o enterro de sua mãe e reencontra seus amigos, Sara e João. A casa que tinha o pé de manga que eles costumavam roubar. Sara não quer que ele volte lá. João quer.

    Há um clima de estranheza. João sabe da morte da mãe de Márcio, mas não menciona nada.

    Meio

    Sara conta que foi abduzida e que há um universo no pé de manga. A mudança de autor ficou imperceptível. Porém, senti que a história se arrastou. Muito das reflexões da parte um se repetiram aqui e isto tornou o texto meio cansativo. Algumas ações soaram estranhas também. Num momento, os meninos estavam debaixo do pé de manga, em seguida, eles estavam correndo em direção do pé de manga. O termo pé de manga também se repete muito, em trechos muito próximos.

    Fim

    Márcio vai ao pé de manga, que aqui passou a ser Pé de Manga, com maiúsculas. Ele também é abduzido. Aqui houve uma mudança de estilo, o texto ficou mais corrido e tudo terminou sem maiores explicações. João estava no universo do pé de manga. Mas e o outro João, que estava na cidade? Era um duplo? Sara menciona “abusos e invasões”. E por que João não sofreu nada?

    Coesão

    A história resultou estranha. Parece que o autor 1 propôs um grande mistério que ficou suspenso. O autor 2 acrescentou o elemento de abdução e o autor 3 jogou Márcio para dentro do pé de manga. Incoerente não foi, mas tem coisas que não encaixam. Acho que o problema é o buraco que ficou na história. Sara some, reaparece pouco depois dizendo que foi para outro universo, ninguém acredita nela e não sabemos o que aconteceu depois disso. Ela diz que os amigos não acreditaram nela. Eles deixaram de ser amigos, então? A partida de Marcio tem alguma coisa a ver com isso? Por que ele nunca mais voltou?

    Impacto

    Baixo. A história não me fisgou. Por alguma razão, pareceu que estavam o tempo todo me prometendo uma boa história e essa promessa foi sendo postergada até o fim. Tem a parte faltante da narrativa, que mencionei acima. Talvez seja isso que tenha me dado a impressão de colcha de retalhos.

  13. Priscila Pereira
    11 de setembro de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, autores! Tudo bem com vocês?

    Começo: Gostei bastante do começo, da forma simples e direta da escrita e de como tudo foi acontecendo na história. Um mistério bem aberto a várias interpretações, dando muita liberdade aos próximos autores! Muito bom! Você entendeu bem o sentido do desafio.

    Meio: pegou bem o gancho e tentou explorar tudo o que podia do começo, dando andamento mesmo que com passos curtos ao mistério e a trama. Também deixou o enredo bem flexível para a parte final, sem limitar de forma alguma a criatividade do último autor.

    Final: Decidiu seguir a mesma linha dos dois autores e encerrou a trama com um final aberto dando ao leitor várias interpretações. Não sei se gostei muito, pq não curto finais abertos…

    Coesão: Achei que os dois primeiros autores estavam mais conectados, e que o terceiro quase conseguiu acompanhar, por muito pouco mesmo. Mas de modo geral o conto ficou bem coeso. Com algumas repetições de ideias, como o protagonista tentando lembrar do que aconteceu várias vezes…

    Visão geral: Gostei do conto, mesmo que a ideia central e o mistério tenham ficado meio vacilantes no final. Notei algumas coisas que passaram na revisão, mas acho que os revisores do grupo já apontaram. Fiquei curiosa pra saber qual era a ideia do primeiro autor para o final do conto.

    Parabéns aos autores!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  14. Fernando Cyrino
    10 de setembro de 2024
    Avatar de Fernando Cyrino

    Olá, pessoal. Aqui estou às voltas com o nosso pé de manga na mais do que distante (são 10 horas de viagem do que presumo seja a cidade maior, na qual Márcio foi morar ao deixar lá a mãe sozinha lá naquele fim de mundo, só ligando nas datas festivas e só a visitando duas vezes! Puxa, ele ficou devendo e achei que com isto quis se dizer algo sobre a personalidade do protagonista. A volta do filho pródigo à sua terra num momento mais que triste. Retorna para enterrar a sua mãe. E nessa volta ele se depara com um mistério em volta do pé de manga da infância. Ah, as árvores da nossa infância costumam carregar mistérios realmente e essa mangueira não foi nada diferente. E o conflito passa a se dar entre ir ao pé de manga – conforme queria o amigo João e não ir até ele – conforme implorava a amiga Sara. João vence e o pé de manga é visitado. E aqui a história adquire ares sobrenaturais com uma espécie de abdução de Sara. Bem, o conto, amigos/amigas, está muito bem escrito. Não senti aqueles solavancos dos quebra-molas quase invisíveis da chegada à Conceição. A passagem de bastão no revezamento é feita de modo leve, tornando evidente o cuidado dos autores/autoras com a manutenção do conjunto da narrativa. Um conto gostoso de ler, mas que não me encantou. Talvez tenha faltado uma exploração maior do mistério existente na mangueira… Tantas vezes houve o alerta e o mistério mesmo se manteve em meio ao nevoeiro. Ou era para ficar mesmo assim e aqui nada mais é do que a opinião de um leitor meio chato? Um belo conto, repito. Parabéns aos autores e muito sucesso no desafio!!!

  15. vlaferrari
    10 de setembro de 2024
    Avatar de vlaferrari

    Como tive morte recente na família, condeno de pronto a ideia de solidão no velório em cidade pequena e a distância entre mãe e filho. Cidade pequena é um universo bem explícito até. Aparece gente para velar o morto de tudo que é lado, tenham certeza disso. Mas voltando ao que interessa, o conto ficou bem coeso, apesar dos três autores. A estória segue um fluxo bem legal, mas como disse o Gustavo, “flerta com o terror, mas não sucumbe a ele” (adorei isso). E na minha opinião, deveria ter sucumbido. Afinal, se João-menino estava no Pé de Manga, o João-homem poderia muito bem ser um Lovecraftiano, oras bolas.

    Diz Stephen King que a estória começa na cabeça do autor e termina na do leitor. E essa conseguiu. Arestas a aparar, como disse JP Felix, sempre haverá num conto escrito à três mãos. Mas dos 4 primeiros que li, esse é sem dúvida, o melhor.

  16. claudiaangst
    7 de setembro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem? Sem mais delongas, vamos ao que interessa.

    Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ FEITO ◊ para avaliação de cada conto.

    ◊ Título = O UNIVERSO NUM PÉ DE MANGA – O título apresenta uma espécie de contraste macro/microcosmo, a infinitude e a simplicidade de um pé de manga. Imagina-se que a árvore terá importância na trama, o que sugere uma narrativa ligada à infância de alguém.

    ◊ Amálgama = A transição de uma parte para outra é sutil e quase imperceptível. Talvez a intenção do(a) primeiro(a) autor(a) não tenha sido compreendida completamente pelos demais autores, mas todos deram conta do recado.

    ◊ Fins = Os fins justificam os meios? Talvez… E a ordem dos fatores altera o produto? Permita-me começar pelo fim, observando o impacto causado na leitura. Embora eu estivesse esperando por um outro final, não me decepcionei com o desfecho apresentado. Talvez o título do conto tenha direcionado o(a) autor(a) para essa finalização, focando na ideia de um universo… e ousadamente, apostou em universo bem particular, talvez as memórias de infância constituam esse mundo paralelo nos galhos de uma mangueira. Ah, a mente humana é surpreendente, pode até dar frutos maduros e docinhos. Por que não?

    ◊ Entremeio = Fiquei com a impressão de que o(a) segundo(a) autor(a) estendeu um pouco além do necessário a narrativa. O mistério já estava estabelecido: por que era perigoso chegar perto do pé de manga? O que teria acontecido com Sara? E a narrativa do meio parece ter ficado patinando no mesmo lugar, em círculos, sem acrescentar elementos que tornassem a leitura mais fluida.

    ◊ Início = Márcio chegou à cidade onde nasceu para ir ao velório e enterro de sua mãe. Nada tinha mudado de fato, embora ele tivesse estado ausente por muitos anos. Estranho isso de um filho ficar tantos anos sem ver a mãe, sem uma justificativa. Era apenas um filho desnaturado? Sem julgamentos, só estou tentando entender. O início proposto foi um presente para o(a) autor(a) seguinte, pois deixou o caminho aberto para aventuras.

    ◊ Técnica e revisão = A linguagem empregada é simples, clara e acessível. Boa ambientação da narrativa, com descrição do cenário – no caso, a cidade – mas sem tornar a leitura maçante.  Notei alguns lapsos de revisão:

    à pé > a pé

    […] iria à Uirapuru > […] iria a Uirapuru

    […] uma mulher cambaleando pela rua, descabelado > […] uma mulher cambaleando pela rua, descabeladA

    Ela tinha > cacofonia (latinha)

    Repetição de palavras (ou de seus radicais) muito próximas: cheia/cheia, nada/nada, marquei/marcado

    […] olhava hora para Sara lá no alto e hora para a manga > […] olhava ORA para Sara lá no alto e ORA para a manga

    […] estava longo > […] estava longe

    ◊ O que ficou = A vontade de comer manga! Tirando isso, ficou a sensação de um final aberto a várias interpretações. Não dá para determinar o que era real ou fruto da imaginação. Quem sabe tudo não passasse de um devaneio, uma lembrança de um sonho de infância? E dar asas à imaginação é sempre bom.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  17. Leandro B.
    1 de setembro de 2024
    Avatar de leandrobarreiros

    *Todo e qualquer crítica refletem mais um ponto subjetivo meu do que qualquer outra coisa. Outro leitor pode achar o oposto.

    Achei, no geral, uma história bem gostosa de ler. Os três autores equilibraram bem o enredo e a quantidade de personagens e, tematicamente, acredito que houve também conexão com a proposta inicial do primeiro autor.

    Digo isso porque a história parece ser especialmente sobre a aversão de Márcio à mudanças em sua cidade natal, possivelmente em sua vida como um todo. Os radares retratam o avanço indesejado, enquanto as memórias do passado parecem trazer alguma paz ao seu coração. É claro, contudo, que as coisas não podem continuar as mesmas. O tempo passa, e isso é claro pela morte de sua mãe.

    E ao cair no mundo no pé  da manga, ele encontra justamente algo que ansiava: o retorno ao passado, representado pelo verdadeiro amigo João, incapaz de envelhecer.

    E isso é problemático, porque eu não consegui sentir o desenrolar terrível que Sara prometera. Talvez se houvesse um pouco mais de elementos sobre o horror desse outro universo o final se encaixasse melhor. Ou se talvez o horror fosse o de Sara, de não conseguir mais estar em hipótese nenhuma com os verdadeiros amigos.

    Mesmo assim eu gostei do conto como um todo, inclusive do final.

  18. JP Felix da Costa
    1 de setembro de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    Nesta história não consegui identificar a passagem entre autores, o que é um ponto muito positivo. Nota-se alguma diferença entre as estruturas narrativas, mas nada que não possa ser feito por um mesmo autor. Em termos da história, há alguns pontos por explicar, mas a forma como o final está executado, deixando a conclusão em aberto, valida alguns desses pontos. O autor não pretende explicar tudo e deixa ao discernimento de cada um o preenchimento das lacunas. A interpretação literal do título acaba por ter um efeito surpresa. Por mim foi bastante inesperado. A história mantém um segredo durante algum tempo, desperta a curiosidade, e depois dá uma curva apertada totalmente justificada pelo título.

    Como falha aponto esta frase “Então como que destrancada dos arquivos secretos de minha mente, lembrei daquele dia em que Sara desapareceu naquele pé de manga.” que deve ser a que termina a segunda parte porque o autor da terceira ignorou-a por completo e aquilo que deveria ser o começo da revelação, regressou ao estado de amnésia seletiva. Como ponto positivo, é de referir a forma como o terceiro autor teve o cuidado de explicar a oscilação entre o estado de loucura de Sara do primeiro autor e a lucidez da mesma do segundo.

    No global, a história está muito boa e vê-se que houve uma procura de cada autor para colmatar detalhes do anterior (como o caso da Sara). Mesmo assim, ficou com algumas pequenas arestas que poderiam ter sido limadas mas que não mancham o conto. Muito bom.

  19. Gustavo Araujo
    28 de agosto de 2024
    Avatar de Gustavo Araujo

    Creio que em termos de coesão este conto é um dos melhores do desafio. Os três autores conseguiram imprimir uma identidade única à história, com pouca variação de estilo. Claro, dá para perceber as mudanças na maneira de narrar, as preferências por diálogos ou por descrições, mas na que alterasse o fluxo narrativo. A história é simples, flerta com um terror mas nunca sucumbe a ele. Como em outros contos do certame, aqui tem-se a volta para casa de um filho — no caso, para o funeral da mãe. Para além da nostalgia, com o reencontro com velhos amigos e conhecidos, surge a ameaça do pé de manga, que é constantemente trazida a lume. Para mim esse é o ponto fraco do conto, pois há repetidas menções a isso, sem que se chegue a algum lugar, o que torna a narração cansativa e arrastada, apesar da boa escrita. Só no fim do conto é que sabemos (?) o que acontece no pé de manga, com a abdução do protagonista Marcio a despeito dos reiterados avisos do seu crush do passado, a enigmática Sara. Mas ainda assim não há uma resposta definitiva. Trazendo à superfície a Catarina Cunha que habita em mim, creio que dava para enxugar bastante. Ou acrescentar tramas paralelas, se a ideia fosse aproveitar ao máximo os limites do certame. Porém, não quero que fique uma sensação de que o conto é ruim. Não é. Como disse, a escrita é boa, fluida e a história, agradável. O fim aberto é uma opção válida e, ao fim e ao cabo, o resultado é positivo. Parabéns aos autores e boa sorte no desafio.

  20. bdomanoski
    25 de agosto de 2024
    Avatar de bdomanoski

    Quesitos avaliados: Entretenimento, Originalidade, Pontos Fracos

    Entretenimento Gostaria de parabenizar os três autores. Acho q esse foi um dos melhores contos do certame. Achei bem entretivo e bem escrito do começo ao fim.

    Originalidade Parabenizo também o terceiro autor(a) que conseguiu dar um final digno pro conto. Foi bem inesperado sinceramente, embora tenha deixado no ar algumas perguntas não respondidas como (continua no próximo quesito):

    Pontos Fracos (…) “quem era o João da lanchonete, então?”. Creio que ficou faltando a resposta dessa questão, provavelmente pela limitação de palavras. Há outras micro questões também. Embora esteja ótimo o fim, não deixa de ser uma falha. A única do conto na minha opinião : as pontas soltas. De resto está supimpa, gostei muito!

  21. Antonio Stegues Batista
    20 de agosto de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    O título é estranho, o quê que um pé de manga tem a ver com o universo? Só se ele for um portal para outra dimensão, outro universo, ou apenas figura de linguagem.

    Protagonista chega a cidade onde cresceu. Ele volta para o enterro da mãe que ali morou a vida toda. Ele deve ter partido ainda na adolescência, talvez em busca de melhores conduções de vida, voltou 10 anos depois. Até então deve ter se correspondido com a mãe por carta. Meio estranho essa parte. Estranho também, ele achar os radares da avenida menos charmoso que os da cidade grande, mas isso é uma ideia do autor(a), algo assim como que, “encher linguiça”.

    Ao chegar na cidade, Marcio vai encontrado seus amigos de infância, importantes para atrama, e isso não é coincidência. Logo em seguida há um pulo temporal para a época, onde começa realmente a história dos 3 amigos e o pé de manga. Sara sobe no pé de manga e vai para outro universo, encontra “Eles”, possivelmente os governantes daquele mundo. Sara volta e fica perturbada das ideias, não se sabe o que de ruim aconteceu para ela querer impedir os amigos se aproximarem da árvore. Mas a curiosidade é maior que o medo e Márcio vai até o pé de manga, e lá ele é arrebatado para o universo do pé de manga e encontra os amigos ainda crianças. Talvez fossem clones que “Eles” criaram, não há uma conclusão compreensível na finalização do conto.

    O título é bonito, gostei da narrativa, do clima de mistério e suspense, porém, o final ficou meio estranho. O problema é que, às vezes o título é apenas uma figura de linguagem que o segundo, ou terceiro autor interpretou literalmente. Mas havia algo estranho no medo de Sara e isso não foi explicado racionalmente falando.

Deixar mensagem para Victor Viegas Cancelar resposta

Informação

Publicado às 19 de julho de 2024 por em Começo, meio e fim e marcado , , .