
Cá estou largada na sarjeta do mundo. Mais um que some. E se fosse só isto, mas tudo é uma desgraça só. Tenho que me sustentar, apesar da faculdade, com subempregos que me impedem de ter o próprio cantinho e, se ainda fosse pouco, obrigada a conviver com essa doença autoimune que me atazana o corpo.
O que sei fazer de melhor é criar esperanças. Sim, viver de ilusões achando que tudo, de repente, vai mudar. Coloco, cheia de cuidado, as sementes ilusórias da esperança no chão fértil, adubo, dou água e elas então crescem, tornam-se grandes, bonitas, até que, de repente, do nada, têm o tronco apodrecido e despencam sobre a minha cabeça.
Fui uma pessoa de fé até que constatei existirem níveis na filiação divina. Primeiro há os muito queridos, aqueles que só recebem graças sobre graças vida afora; depois os bonzinhos normais, aqueles que ganham uma graça, mas que nunca vem só, chega sempre trazendo em sua cola algo ruim; no final de tudo, aqui atrás, os párias fecham a imensa fila, somos aqueles que só recebem o lixo que é descartado lá no céu. Sim, esta é a verdade: Deus tem sob Ele uma multidão de filhos desprezados. Sou mais uma dalit dentre essa imensidão de gente, filhos de Deus deserdados e largados pelas beiradas do mundo.
Eis-me aqui, diante do espelho, à espera de um toque no celular que me venha com alguma história absurda do tipo me engana que eu gosto. Tem que ser muito idiota para ficar imaginando coisas desse tipo: “Amor, mil desculpas, a mulher do chefe sofreu um infarto e tive que viajar no lugar dele. Foi tudo tão corrido que nem houve tempo de lhe avisar. Tive trabalho demais. Consegui adiantar a volta por causa do nosso compromisso e cheguei não tem nem duas horas. Estou ligando para dizer que será o tempo de tomar um banho e me arrumar bem rápido. Saio de casa em, no máximo, meia hora. Ainda estamos em tempo para o encontro, não é? Nem se passarão duas horas e meia de atraso e te apanho aí.” Cá estou, repito, a mulher mais idiota do mundo.
A babaca tão inocente em frente ao espelho, celular na mão, como se esse milagre tão louco, quanto inverossímil, pudesse acontecer e uma história assim, esdrúxula, trouxesse de volta a bolinha de sabão do sonho. Se ao menos conseguisse parar de chorar… Sim, eu sei disso, homem nenhum merece as minhas lágrimas. Ainda mais esse que chegou, devagarzinho e tanto encanto, à distância, foi inoculando em meu coração. Um filho da puta que deveria se acabar devagarzinho, picado em mil partes, para que pudesse sofrer, pelo menos, um pedacinho que fosse da dor do mundo.
E o diabo do lúpus que segue atacando meus joelhos, a pele, a garganta… São tantas as frentes pelas quais me invade e em nenhuma delas consigo me defender. Só sei que se houvesse o carinho dele, o demônio da doença poderia vir de qualquer jeito e saberia como me proteger dela. E o médico, só pode ser sarcasmo, me alerta para evitar o stress…
Obrigado, Deus, que não o tenha conhecido pessoalmente. Do jeito que a minha vida é cheia de carência, se esse abandono tivesse acontecido depois de uns bons encontros, teria morrido, o que nem seria uma má ideia. O quê? Estou agradecendo a Deus? E eu que nem mais o quero e muito menos acredito, ou será que é diferente, que apesar de não querer crer, é impossível me libertar dele e assim, contra todo o meu desejar, sigo crente pela vida afora? Nada disso, não quero e muito menos tenho que dar graças por nada. Como me enganaram ao me ensinar no Catecismo, que Deus era bom e que só me daria o bem.
Por que essas coisas foram chegar? Estavam muito bem guardadas lá no inconsciente. Vieram de uma vez para piorar ainda mais aquilo que já estava tão ruim. Por que fui assistir aquele maldito filme? A partir dele passei a reler o que me havia acontecido com novo olhar. Pelo menos mamãe poderia ter me protegido. Ah, mais merda, estou entrando, de novo, no meu modo babaca inocente de ser. Se ela nunca me protegeu de nada, iria me defender contrapondo-se ao grande amor da sua vida? Opa, mas falando desse jeito, é porque confirmo a dúvida de que ela sabia de tudo. Mamãe tinha consciência do que papai fazia quando eu ainda era praticamente uma bebê e ele me dava banho, ou me colocava para dormir no berço e, quando mais crescidinha, me acordava ao visitar minha cama?
E nas minhas contas foram uns sete anos. No filme durou ainda mais. O abuso se manteve até que a garota completasse os quinze. Ganhou festa e ao dançar a valsa com o crápula teve o corpo apertado para que sentisse o membro excitado. “Você é só minha, nunca se esqueça disso” foi o que ele sussurrou em seu ouvido. E os convidados achando que ela chorava era de emoção.
Como fui capaz de apagar da memória aquilo tudo que vivi e que, babaca inocente, considerava como os anos dourados da existência? A psicóloga falou nos mecanismos de defesa que fizeram com que o consciente se protegesse bloqueando o abuso. Fez isto, até que o gatilho fosse acionado – amaldiçoado filme – e tudo viesse aos borbotões, com uma clareza tão absurda que chega a chocar. Agora só falta a coragem para a conversa tão ansiada, ao mesmo tempo que sempre adiada, com mamãe. A terapeuta acha que esse será um momento curador e que, libertada de guardar o segredo, estarei livre para voar. Às favas essa liberdade para o voo. Estar livre para viver mais ainda esse abandono? Ghosting, é assim que os americanos gostam de chamar esse chá de sumiço que eles tomam. E se fosse o primeiro a ter esse comportamento comigo. Mas acho que sou a eterna vítima. Mais um que Deus envie para a sua filha e poderei me pós-graduar nessa desgraça.
Estou adiando. Sim, estou empurrando para uma data indefinida a tal conversa com minha mãe. Por quê? Talvez por medo. Admito que nutri a vida inteira a esperança de ser desmentida, de ter a percepção do que julgo ter vivido não validada. Iludo-me com a possibilidade de minha mãe me apresentar uma realidade que eu não soube compreender.
Aquele não era o meu pai de verdade. Ou só me deitava na cama, beijava minha testa e lia um conto de fadas para acalentar meu sono. Ou nunca existiu esse homem. Eu me enganei, decerto, ele se foi antes do meu nascimento. Criei um monstro porque até um monstro é melhor do que uma eterna ausência. E pode ser que daí tenha nascido essa cadência de ghosting, de ser deixada no vácuo, esperando aquele que nunca virá. Pois assim, ele, meu pai, pode permanecer intacto, envolvido em uma aura de mistério, sumindo sem qualquer explicação.
Ele terá mesmo existido?
E agora tenho ainda que lidar com mais uma crise de lúpus. E fico imaginando que talvez essa doença seja apenas uma metáfora, um lobo faminto a devorar meus órgãos em busca de verdades que não estou preparada para ouvir. Autoimune. Meu corpo lutando contra si mesmo. Eu versus o que não consigo encarar em mim. Afinal quem sou? A filha de um degenerado, um filho da puta que me abandonou depois de anos de abuso? Ou sou a própria filha da puta? Padre Javier diz que sou uma filha de Deus e devo rezar para a salvação da alma de meu pai. Qual deles? O monstro ou Deus?
E se Deus não existir? Serei então órfã duas vezes.
Desaparecer é um verbo engraçado. Parece coisa de mágico, fazer sumir, nunca mais aparecer. Desaparecer é expandir o esquecimento. O que minha mãe fez comigo não tem perdão, ignorar o horror, enquanto alimentava o amor por aquele homem. Meu pai? É o nome dele que consta na minha certidão de nascimento, mas… pode haver outras facetas da verdade. Por que fui me lembrar dele? Aquele maldito filme.
Agora, temo enfrentar uma conversa certamente dolorosa, para conhecer as razões do que me parece inconcebível. Por que aquele homem sumiu? De repente, decidiu que era melhor diminuir o contato até não haver relação nenhuma. Que tivesse sido eficiente no seu truque de mágica. Mas não, na minha mente, ele some e aparece, some e aparece, como um pisca-pisca sem controle. Tentei tantas estratégias de fuga para evitar lidar com a memória do que eu nunca deveria ter vivido. Não posso me culpar, era apenas uma criança, mas ainda me recrimino por fazer de conta que nada aconteceu.
A psicóloga tentou me tranquilizar dizendo que será libertador conhecer a verdade. Como na bíblia: A verdade vos libertará. Receio que, ao invés de me libertar, a verdade possa me matar. Se meu pai fosse bom, ou mesmo alguém fazendo figuração pela casa, já me bastaria como recordação. Se meu pai fosse mesmo Deus, eu não precisaria de lembrança alguma, pois seria eterna sua presença em mim. Mas não sou filha, nem nada. Sou um naco de carne devorado lentamente por lobos.
Parece que minha mãe decidiu conversar comigo. Posso marcar hora e lugar. Quando e onde eu quiser. É o que leio no bilhete mal escrito, amassado como se tivesse sido jogado fora antes de ser enviado. Não gosto de minha mãe. Ela não soube me defender, eu, a filha do meu pai, a filha do monstro, a filha de Deus. E se tive ódio das suas ausências, apavora-me a ideia do que possa me revelar.
A ansiedade faz meu raciocínio embotar. Crio motivos para postergar decisões. Envio uma mensagem para o último sujeito que sumiu. Para minha surpresa, ele logo responde, sem dar qualquer desculpa pelo sumiço. Finge esquecimento e marca um encontro. Talvez eu não apareça dessa vez. Talvez eu não esteja lá, esperando alguém me pegar na rua de trás para evitar os olhares curiosos dos vizinhos. Depois penso nisso. Agora preciso resolver o meu avesso. Não será fácil. Sinto minha fragilidade estampada nas faces, nas articulações doloridas, a cabeça quase explodindo.
Não me permito desculpas. Marco para o final da tarde a minha desgraça. Quero e não quero encontrar minha mãe. Ouvir outro lado da história que ela sempre diz não existir. Ali naquela cozinha revestida com azulejos datados de uma feiura familiar, deixo-me seduzir pela impulsividade.
— Tenho pai ou só sou filha de Deus mesmo?
Minha mãe engasga com a saliva bloqueada pela surpresa. Percebo seus gestos desajeitados, o tremor repentino de suas mãos.
— Ai, você vem com cada uma, hein…
Então ela se senta apoiando as mãos na mesa bamba. A artrose rangendo os joelhos, o sorriso desaparecendo no rosto. Antevejo a tragédia nas palavras ainda não ditas. Penso em recuar, deixar meu passado enterrado, pulverizado em cinzas. Mas ele está comigo. O passado é como a sombra que não se descostura dos pés.
— Seu pai…Quer mesmo saber?
E, para minha surpresa, quando me encontrei no momento tão aguardado por mim mesma, fantasiado por noites e noites em que confrontava minha mãe, não tive ânimo para prosseguir. Tive a impressão de que a pergunta sequer era válida. Não havia mais o que saber. Tudo me fora dito nas noites em que sentia uma presença em minha cama, nos momentos indelicados de toques pelo meu corpo, na invasão e do desconhecer do meu consentimento.
De repente, minha mãe me pareceu velha, frágil, decrépita e, ao mesmo tempo, ingênua. Iria me contar o que eu sempre soube? De certo modo, em sua ingenuidade, ela imaginou que eu pudesse passar pelo que passei com total ignorância. É bem verdade que, quando menina, tudo tinha um outro significado, embora houvesse sempre uma mancha, como uma doença autoimune, por trás de toda narrativa criada. E, para poder observar essa mancha, a mulher de hoje teve que se vestir de menina, revisitando o suplício pelo qual teria dito: “afasta de mim este Cálice”, se tivesse a consciência libertadora de Nosso Senhor.
A verdade é que estou debruçada sobre as escaras da vida, sobre as dores do passado e do presente, sobre a enfermidade familiar e sobre a doença autoimune, tentando compreender os porquês. Debruço sobre mim mesma, numa tentativa de auto-acolhimento. É num debruço constante que desdobro as fieiras do tempo transcorrido, maciço, pesado, como se fosse uma tonelada concentrada em um ponto singular.
Seria esta busca dos porquês uma pergunta tão inválida quanto a de minha mãe? Por que há de haver um porquê? E se vivi o que vivi por um acaso?
E nesse descaso, só pude sorrir para minha mãe e me retirar, ato este amplamente repetido por mim através de minha existência.
E aqui, neste quarto pequeno que me encontro, nessas janelas fechadas e empoeiradas que me circundam, neste local em que escrevo estas palavras, me pergunto se minha mãe, mesmo sob a força do acaso, não poderia ter feito tudo diferente. Como tudo poderia ser tão dual e contraditório? Não havia somente uma invasão, uma força ativa que me destruía por dentro, mas também um abandono. E foi nesse sentimento que segui, vagando pelo mundo como errante, tal como se não houvesse lugar para mim. Hoje, ressignifico estes sentimentos: há certa alegria nisso tudo. Vivi a vida de uma solitária em busca de um lugar. Vi nas mais vis pessoas a possibilidade do acolhimento. Que tola! Que eu vivesse o abandono, vestisse a mim mesma e seguisse em solidão, vagando no Deserto, sendo tentada e resistindo bravamente.
Talvez, tudo se resuma a este abandono, talvez esse seja o sentimento motriz, a força maior que nos impulsione. Se até mesmo o Deus Vivo, encarnado, se sentiu abandonado em Sua cruz, o que estaria reservado a mim? Ora, fui escolhida para ser mártir também, para sofrer as torturas da carne, mas sem antes me apresentarem a sarça ardente. Como poderia estar preparada para o fardo divino, se me sinto abandonada até mesmo por Ele? E se não fosse, então, este abandono, o motivo de tudo, o guia para o infinito encontro com Deus?
É que a verdadeira vida está no além, no cosmos, nos corredores eternos percorridos às cegas: na vida após a vida. Foi o que entendi do que me disse Padre Javier. Somos sentenciados desde o momento em que nascemos, no primeiro segundo da existência. A existência, embora seja dádiva, já é em si uma sentença, uma amostra do imensurável poder do que há acima de nós, da inevitabilidade da finitude daquilo que passou a existir. É primeiro preciso ter presença, sair do imaginário mundo impossível, para ter um fim.
Em tudo, dai graças. Disse-me Padre Javier. Agora, até ele me parece frágil, como Padre Karras, vacilante em sua fé. Tenho certeza que os questionamentos são comuns a todos nós. Que Padre Javier só encontrará as respostas, que diz ter, quando se sentir verdadeiramente abandonado, como Nosso Senhor… Como eu mesma.
Não acho que me entreguei, como se houvesse uma força irresistível. Não me entendam mal, essa força sempre existiu, mas, no fim das contas, vou voluntariamente, com a consciência libertadora encontrada após revisitar minha vida.
Não sei o que me espera daqui algumas horas, mas tampouco me sinto ansiosa para isso. Confabulei, como de costume. Talvez eu sinta um arrepio, um piripaque. Ou quem sabe um sopro ou um afago de mão invisível? Talvez, eu sinta o cantar de um anjo, com seu hálito e o calor de sua voz ao pé do meu ouvido. Talvez eu perca meus sentidos pouco-a-pouco, assim como minha consciência, se esvaindo num fluxo constante, como num furo no fundo de um copo. Talvez, para minha surpresa, minha consciência se mantenha, enquanto meu cérebro se desliga, dando seus últimos suspiros elétricos.
São muitas as possibilidades do tal momento. E terei de estar vivenciando-o. Terei de dizer adeus, com todas as letras. Desta vez, não poderei sorrir e virar as costas: estarei presente no meu definhar.
Ato derradeiro, este que controlo, finalmente. Não dependo das respostas, não dependo do retorno. Pela primeira vez em minha vida, não dependo do outro. Estou consentindo comigo mesma e, por último, decidindo meu presente. Encontrarei a face de Deus. O verei mesmo, face a face, seja ele EU SOU ou o vazio. Se Deus não for pessoa, o encararei de mesmo modo. Se Deus for o fim, o mergulhar para nunca mais emergir, o enfrentarei com calma e resiliência moribunda. Só há desespero quando há juventude, vida, felicidade. Em meu caso, verei o destino final, o assombroso nada, com uma determinação que somente a verdadeira paz pode trazer.
E nesta sarjeta, como mencionei, vou me esvaindo, beirando o meio-fio, antecipando o inevitável, a fim de controlar e decidir. Esta é a única decisão possível.
E assim me despeço, já sentindo saudade. Neste encontro solitário, me vou, sabendo que já me vou. Sozinha, como vim ao mundo e como o vivi.
Assinado: Clarice, uma filha de Deus ansiosa para o encontro com Ele.
Buenas!
Dessa vez farei uma avaliação mais pessoal, apontando o impacto do conto em mim.
Um grande monólogo. Está muito bem escrito, completamente coeso e acho que é um dos únicos contos que realmente parece ter sido escrito por uma pessoa. Mas vou ser sincero… Chato! Chato demais. Deus… Foi uma das minhas últimas leituras, tentei ler três vezes e consegui apenas na quarta.
Eu tenho um grande problema com isso. Se o conto me entedia, não consigo apreciá-lo completamente. E isso não é culpa dos autores. Longe disso.
Acontece que isso é um efeito natural em contos com uma narrativa mais densa, pouco dinâmica, e é natural que o texto acabe entrando numa espécie de nicho. É aquela coisa, né, é o tipo de texto que não foi feito pra agradar todos.
Buenas!
Dessa vez farei uma avaliação mais pessoal, apontando o impacto do conto em mim.
Diferente do pessoal, meu problema com o conto não foi o final. É um bom conto, achei coeso, no geral, mas a história não me cativou. Admito que achei a leitura chata.
Trata-se de uma história de autodescoberta, através do pecado, através da chuva. Um conto introspectivo e com tons filosóficos. Normalmente, acho que poderia gostar dessa narrativa, então culpo a história pelo desinteresse da minha parte. É uma zona de comum muito grande.
Enfim, como disse, o conto é bom, no geral, apenas não me cativou, mesmo. É o clássico “o problema não é você, sou eu”, rs.
Buenas!
Dessa vez farei uma avaliação mais pessoal, apontando o impacto do conto em mim.
Um grande monólogo. Está muito bem escrito, completamente coeso e acho que é um dos únicos contos que realmente parece ter sido escrito por uma pessoa. Mas vou ser sincero… Chato! Chato demais. Deus… Foi uma das minhas últimas leituras, tentei ler três vezes e consegui apenas na quarta.
Eu tenho um grande problema com isso. Se o conto me entedia, não consigo apreciá-lo completamente. E isso não é culpa dos autores. Longe disso.
Acontece que isso é um efeito natural em contos com uma narrativa mais densa, pouco dinâmica, e é natural que o texto acabe entrando numa espécie de nicho. É aquela coisa, né, é o tipo de texto que não foi feito pra agradar todos.
—
Possessor
Buenas!
Dessa vez farei uma avaliação mais pessoal, apontando o impacto do conto em mim.
Esse conto me agradou bastante.
Sua abertura é sensacional.
Somos apresentados a um homem com habilidades de possessão e leitura mental. Ele ganha dinheiro com isso. Mercenário. E, nas primeiras linhas, vemos um de seus serviços, que é assassinar uma família possuindo um de seus membros. É tudo explicado: o ato, como a possessão funciona e suas consequências. Com isso, o leitor está pronto para mergulhar na trama, que, por não ser tão complexa, é muito bem trabalhada no limite do desafio e pelos três autores. O final me surpreendeu e não tive a menor pena do protagonista. Ele merecia.
O conto é coeso, bem executado e trabalha com questões interessantes. A única coisa que vi, que tenha quebrado um pouco a coesão, foi a forma como o protagonista trata o pai entre as partes. Primeiramente, ele se sente satisfeito por tê-lo deixado naquele estado, mas depois, em outra parte, ele demonstra remorso. Essa é a única parte que me causou estranhamento, mas posso ter perdido algo no caminho.
Enfim, o conto capturou minha atenção, do início ao fim!
Conto bem escrito e coeso, mal percebi a transição entre as autorias. Apesar da boa escrita, não me agradou, não trouxe uma história a ser contada, mas apenas lamúrias e frustrações. Aparentemente, uma carta de despedida da vida.
Percebo que este conto é 0% o meu estilo. Não consegui me conectar com nada aqui escrito, e, apesar de eu ter compreendido a narrativa, não consegui entender nada das questões emocionais aqui tratadas. Isso se deve, unicamente, a uma questão de gosto pessoal minha, pois nota-se que os três autores escreveram muito bem, e estão em perfeita sintonia, a ponto de eu nem perceber que esta história foi feita por tantas mãos.
A história trata de uma mulher que tem uma vida toda fodida, e fica se lamentando toda hora para o leitor, e se fazendo de vítima. Tudo para ela é uma desgraça, só acontece catástrofe na vida dela, desde a infância, quando o próprio pai abusava sexualmente dela, e agira ela tem uma doença auto imune, e tá tomando bolo nos encontros que ela marca com uns machos. Esse plot, para mim (opinião 100% pessoal), não poderia ser mais desinteressante.
O fato é que a protagonista é muito chata, daquelas pessoas que ninguém aguenta ficar por perto. Sim, ela tem motivos para ser uma chata, com traumas e tal, mas acho bastante difícil, agindo e falando da forma como ela fala, ela conquistar a empatia do leitor. A história tenta ser de drama, mas ela cai para um dramalhão, ao meu ver, bastante piegas. O drama é muito interessante quando trabalhado de forma calibrada, alternando entre momentos felizes e tristes. Mas aqui só há momentos tristes e choradeira, da primeira linha à última. Assim complica… mesmo uma história de terror, precisa ter seus momentos felizes, para fazer justamente um contraponto da felicidade com o horror. No caso do drama, a mesma coisa… é precisos haver momentos de felicidade e esperança, para contrabalancear com a desgraça. Senão fica uma tortura incessante tanto para a personagem, quanto para o leitor. Como diria o Deadpool: “A vida é uma série interminável de acidentes de trem, com intervalos breves de felicidade”. O problema é que aqui não houveram esses intervalos breves de felicidade, e, portanto, o drama não me atingiu.
Então a protagonista resolve se encontrar com sua mãe, para falar sobre esse problema que ela teve com o pai, a respeito de seu grave trauma. Mas quando as duas começam a conversar, a protagonista dá uma acovardada e pensa “Ah, deixa quieto”. Totalmente anclimax!!!!!
Depois a história continua indo de nada a lugar nenhum, divagando com parágrafos extensos que nada contribuem para gerar uma trama… mas isso não é culpa de nenhum autor específico, pois os três fazem isso de forma perfeitamente sincronizada. Aliás, o único mérito que vi nesse conto, além da escrita fluida e muito bem feita, foi a coesão dos três autores.
Então, sem nenhuma parte mais acalorada, totalmente ausente de climax, a história termina, com a protagonista encerrando sua carta de tristeza absoluta, e, provavelmente, se matando logo em seguida. Impacto? Em mim, como eu disse, foi zero.
De qualquer forma, parabenizo os três autores por terem conseguido continuar de forma tão fiel a linha dada pelo primeiro autor, e pela ótima escrita. Boa sorte no desafio!
COMENTÁRIO: Nesta reta final tenho encontrado muitos contos intensos, este sendo mais um desses. Parte disso é pela técnica bem utilizada pelas três autorias, com manutenção do uso da 1 pessoa em um quase fluxo de consciência, com a protagonista misturando indagações, lembranças e novas ações em sua narração. Além disso, é uma escrita poética, com construções inspiradas que transmitem a profundidade da angústia da personagem pela maneira como recobra e olha para si mesma. Em termos de enredo, entretanto, o texto já perde um pouco, acredito que também pela opção do estilo, que quebra a linearidade de uma forma que torna a leitura arrastada. Além disso, o conteúdo traumático da personagem, ao qual retornamos sempre por um caminho de mais experiências dolorosas, une o passado e presente numa angústia que é o objeto de constante reflexão da protagonista. Não é inverossímil, mas é cansativo. Então, os dois momentos em que o enredo avança fora da personagem é na sua decisão de enviar mensagem para o seu último romance e no seu encontro com a mãe, mas ambos aparecem breves na narrativa, o maior avanço ocorrendo dentro dela, quando decide pelo que, enfim, dará a ela a verdadeira resposta que procura. É catártico e a escrita se mantém sofisticada até a última linha, só restando crítica ao percurso, que foi um pouco tortuoso de seguir.
Olá, Frankensteiners!
✨ Destaque: “Cá estou largada na sarjeta do mundo”
📚 Resumo: Não foi possível propor um resumo, são tantas desgraças que o tamanho ficaria igual ao conto. Ele próprio já é um resumo.
🗣️ Comentário: Não dá para comentar um conto deste. Vou propor uma terapia. Você está bem, autor 01? A narrativa explora as dores da personagem e, embora o leitor consiga entender os problemas pela escrita ser clara, a estória fixa andando em círculos.
“Tenho que me sustentar, apesar da faculdade, com subempregos que me impedem de ter o próprio cantinho”
“obrigada a conviver com essa doença autoimune que me atazana o corpo”
“O que sei fazer de melhor é criar esperanças. Sim, viver de ilusões achando que tudo, de repente, vai mudar”
“Sou mais uma dalit dentre essa imensidão de gente, filhos de Deus deserdados e largados pelas beiradas do mundo.”
“Cá estou, repito, a mulher mais idiota do mundo.”
“A babaca tão inocente em frente ao espelho”
“Homem nenhum merece as minhas lágrimas”
“São tantas as frentes pelas quais me invade e em nenhuma delas consigo me defender”
“Do jeito que a minha vida é cheia de carência, se esse abandono tivesse acontecido depois de uns bons encontros, teria morrido, o que nem seria uma má ideia”
“Como me enganaram ao me ensinar no Catecismo, que Deus era bom e que só me daria o bem.”
Eu entendi, minha filha. Tua vida não está boa, muda o disco e coloque mais camadas na estória. Deixe o leitor se aprofundar mais em vez de entregar em frases expositivas. Alguns trechos estão muito gerais, o que torna o momento superficial.
💬Considerações finais: Oh vida! Oh céus! Por que eu? Me avise quando for marcar terapia. Parabéns pelo Frankenstein! Boa sorte!
O texto é bem escrito, uma narrativa intensa e emocional, que toca em profundas e dolorosas feridas, uma luta interior, permeada pela desesperança, mas, também, por uma busca intensa pelo sentido da vida e pela felicidade.
Houve uma boa sintonia entre os autores. As mudanças não são perceptíveis, de forma que a coesão foi mantida.
O relato em primeira pessoa aproxima o leitor do personagem, revela um personagem humano e vulnerável. A sensação é de estarmos vendo algo íntimo, privado, porém, o conto alongou-se um pouco mais do que deveria, na minha opinião, sem que alguma tentativa de criar um clímax ou uma reviravolta na trama tenha obtido sucesso (se é que foi tentada).
Há o emprego de metáforas muito ricas que denotam que o(s) autor(es) possuem experiência e um bom domínio literário.
O leitor é convidado a imergir na mente do personagem, seja pelos relatos de memórias, seja pela identificação com situações que são relativamente comuns na vida de todas as pessoas.
Revela-se um trauma profundo, um abuso parental, metaforicamente associado à doença autoimune da personagem. Notório o descaso da mãe (inocente ou culpada?) e as associações dessa desgraça pessoal com tudo que sempre deu errado na vida dessa mulher.
Ainda assim, o tema é interessante e foi bem explorado. No final, penso que a assinatura poderia ter sido um pouco mais “dissociada da fé”, posto que a personagem alegou várias vezes que, para ela, o final que fosse encontrar, fosse o que fosse, estaria de bom tamanho. No entanto, é interessante que a personagem, pelo menos “nesse momento” tenha tido poder sobre sua própria escolha.
Parabéns aos autores pela participação no desafio. Desejo boa sorte!
Bom dia aos autores!
Esse conto tem virtudes e problemas (como todos os outros risos). Virtudes: creio que é um dos contos mais coesos entre os participantes. Os três autores caminharam direitinho, numa narrativa harmônica e robusta. Além disso, o conto está muito bem escrito, do ponto de vista gramatical. Por fim, o conto tem rompantes filosóficos interessantes e que podem conquistar o leitor.
Bom, vamos aos problemas. Primeiro, os rompantes… Pena que foram só rompantes, e não tomaram o espaço que merecia. Aqui, vou fazer um paralelo (injusto talvez, mas para ilustrar) com um conto do desafio Recomeço, escrito pela dona Regina Ruth. É um conto similar, guardado às devidas proporções, com um monólogo da personagem que está, assim como a protagonista, acometida por uma doença grave e revê a vida. Acho que nesse conto faltou o lúdico, um esmero literário maior em determinadas partes.
O que nos leva ao segundo ponto de crítica: é um conto que a personagem, seja intencionalmente ou não, é sofrida demais. E esse sofrimento, esse amargor, por mais que seja absolutamente necessário e verossímil, ele pesa demais no final das contas, arrastando a história. Tudo escrito de uma forma bastante crua, realmente numa espécie de desabafo. Acho que um lirismo não necessariamente suavizaria a história, mas tornaria ela mais palpável e acessiva.
No mais, uma história bem escrita, com um sabor bem forte
Olá, autores! Tudo bem com vocês?
Começo: Em primeira pessoa, uma mulher se lamenta da vida, da sorte, do abandono do “namorado” e de por causa de um filme ter lembrado dos abusos sofridos pelo pai. Está bem escrito, apresenta o enredo de forma clara.
Meio: focada agora no tentar descobrir mais sobre o abuso, ou melhor, sobre o porque a mãe não a livrou do abuso. Continua muito bem escrito e coerente.
Final: Não imaginava que seria uma carta de suicídio… acho que não foi o que os dois autores anteriores haviam imaginado, mas confesso que combinou com toda a narrativa.
Coesão: O conto está muito coeso, muito bem escrito, com ótimas frases e sacadas muito boas nas três partes e coerência total na narrativa, mesmo em primeira pessoa, sendo escrito por três pessoas diferentes.
Visão geral: apesar de reconhecer todas as qualidades citadas, não consegui gostar do conto. As ideias da protagonista sobre a paternidade de Deus vão totalmente contra a minha visão sobre o assunto. O conto é denso e pessimista. Uma realidade cruel e dilacerante e como leitora me senti frustrada por não poder fazer nada pela protagonista.
Parabéns aos autores!
Boa sorte no desafio!
Até mais!
X Sensação após a (segunda) leitura: vou ali cortar os pulsos rapidão e depois termino o comentário
X Citações pro bem e pro mal:
x E se Deus não existir? Serei então órfã duas vezes.
Há muitos trechos inspirados ao longo de todo o conto, esse me chamou a atenção em particular, talvez o melhor do desafio.
X Conclusões:
O conto está muito bem escrito e há uma coesão quase perfeita entre as autoras (“quase” porque senti que há indícios no começo que destoam um pouco de uma carta de suicídio). Se eu levasse em conta o lado puramente técnico e enquadramento na proposta do desafio, levaria nota próximo da máxima. Mas, por mais que tente não dar tanto peso ao meu gosto pessoal, aquela subjetividade “gostei / não gostei” não pode ser ignorada. E aqui, infelizmente, isso pesou muito contra o conto. Apesar das qualidades mencionadas, foi um dos contos mais maçantes do desafio, com lamentação seguida de lamentação e desgraça seguida de desgraça na vida dessa mulher. Ok, certamente havia todos os motivos para toda essa choradeira, mas não pude deixar de suspirar fundo e pensar “mano, que mina chata…” durante alguns pontos da leitura.
Excelente dentro dos parâmetros do desafio, mas longe do tipo de conto que gosto.
BOM
Olá trio.
Consegui terminar de ler o vosso conto sem cortar os pulsos, mas foi difícil. Há um realismo sentido em todo o texto, uma coerência bem conseguida pelo trio de mãos que segura o leitor até ao final de um conto extremamente bem escrito, numa linguagem elegante, sem erros evidentes. Tive pena apenas das ideias recorrentes que o tornaram uma leitura mais penosa no terceiro terço. Percebe-se que estamos perante uma pessoa que tem motivos para se sentir deprimida, e que explica a Deus os motivos pelos quais muito provavelmente irá procurar o suicídio. A última frase mostra bem isso e sintetiza perfeitamente o texto. E, falando de frases, encontro outras memoráveis, o que mostra que estamos perante três autores ou autoras com experiência e que sentiram profundamente o que escreveram.
Olá, autores! Tudo bem? Primeiramente, parabéns pela participação num desafio tão dificil e maluco quanto esse!
Início: uma mulher, bastante desencantada da vida, lamenta sobre sua falta de sorte e sobre como Deus deixou ela no fim da fila dos injustiçados. Ela acabou de tomar um bolo de um ficante, tem lupus, e, após assistir um filme, tem gatilhos e lembra dos abusos sofridos pelo pai na infância. Bom, sendo bem sincero, esse tipo de história mais divagante e carregada de drama não é muito meu estilo, mas vamos ver o que vem pela frente.
Meio: o autor do meio, que se camufla de tal modo ao primeiro que eu jamais seria capaz de distinguir um do outro, segue desenvolvendo a personalidade amargurada e desesperançosa da protagonista. Eu meio que perdi um pouco o interesse em algum lugar no meio do caminho, pois sinceramente o drama ficou intenso e repetitivo demais, e o impacto desse tipo de história em mim é bem baixo. Eu meio que só queria terminar a leitura logo.
Fim: a passagem de bastão aqui também é imperceptível, eu não tenho ideia de onde entrou o autor 3. A história segue rumo ao desfecho esperado. Foi um pouco surpreendente saber que era uma carta de suicídio, acho que esse mini twist foi o auge do conto. Eu não sei se isso aconteceu na parte 2 ou 3, mas devo dizer que achei anticlimático a personagem fugir da conversa com a mãe, apesar de isso não ser totalmente contraditório à personalidade dela.
Tecnicamente esse conto está impecável, a escrita é impressionante. Mas infelizmente, o drama exagerado e a lamentação repetitiva e constante da protagonista me deixaram cansado e eu não consegui me conectar ao conto, cuja leitura acabou sendo longa e cansativa.
Coesão entre os autores: com o primeiro autor, a protagonista questionou a paternidade divina, no segundo, ela pediu um teste de DNA, e no terceiro, o teste deu positivo. Como diria o Ratinho: Ele é o pai! (e nessa hora, o pau quebra no palco do programa). Em outras palavras: a coesão nesse conto é perfeita, se eu não soubesse que se trata de um desafio em trio, jamais desconfiaria. Parabéns aos autores.
Nota final: razoável.
🗒 Resumo: uma mulher sofrida, que sofreu abusos de seu pai, da vida e portadora de uma doença autoimune, escreve uma carta de despedida antes de tirar a própria vida.
📜 Trama (⭐⭐▫▫▫): é pequena e fica basicamente na premissa. O conto dá voltas e voltas no mesmo tema. Não que isso seja totalmente ruim, porque a Clarice realmente parece existir. Seu fluxo de consciência é de alguém que parece de verdade (autor 1, se precisar de ajuda, avisa, tá?). Quando um pequeno fio de trama se desenha, no encontro com a mãe, nada de fato acontece e o conto volta aos devaneios depressivos. No fim acaba sendo uma carta de despedida, a trama se descortina um pouco no final trágico e reflexivo. Dito isso, reconheço que meu método de avaliação não favorece contos desse tipo.
📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): um texto que não é do tipo que gosto, sem uma trama clara a seguir, mas que mesmo assim me guiou sem se tornar maçante. Isso só mostra a ótima qualidade de escrita do trio. Não fosse uns excessos e repetições de ideias, ficaria ainda melhor.
🧵 Coesão (⭐⭐): perfeita! Se não soubesse que eram três autores, eu acharia que era obra de um só.
💡 Criatividade (⭐⭐▫): ok, não se destaca nem incomoda.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): dada a temática pesada, achei que ia me emocionar mais. Talvez tenha vindo preparado demais ou talvez seja a trama simples ou as voltas no mesmo ponto. O resultado final ficou bom, mas para um texto tão emotivo, esperava terminar mais… emocionado.
Difícil de perceber a troca de canetas. Parece um escritor/escritora apenas. Um fluxo narrativo muito bom em uma carta-confissão desiludida. Poderia finalizar com um final catastrófico, como essa minha mente desvairada chegou a imaginar (um duplo assassinato seguido de suicídio), mas foi bom assim, calmo e no mesmo tom do início, se prestando a mostrar uma mente atormentada, como um capítulo de divagações em um livro de memórias.
Dos seis que li, foi o mais impactante, seja pelas frases, seja pela premissa, pela coesão entre as autoras (concordo com o Fernando Cyrino que devem ser três mulheres). Grande candidato ao First Prize.
Olá, amigos/amigas do desafio. Aliás, acho que nesse caso me parece serem três amigas. Minha intuição masculina e, portanto, sujeita a erros, indica serem três autoras desse texto tão profundo e triste. Puxa, que história mais triste vocês me trouxeram! Caramba, fizeram-me refletir bastante sobre pontos interessantes e que, de vez em quando, nos acometem vida afora. A questão de Deus existir, o mal no mundo, por que alguns têm muito e outros só pegam as desgraças? A questão do abuso infantil, a morte, doença, dentre vários outros. Ponto para vocês. Trouxeram-me um caminhão de coisas para pensar e acho que literatura tem também essa função, fazer-me refletir. Algo que ficou bem legal, outro ponto pra vocês, foi a mudança de bastão entre os autores. Será que não combinaram antes? Hehehe. Mas fica complicado pra mim ver o que é de uma e o que começa a ser da outra (afinal, continuo achando depois de duas leituras e mais uns pedaços, serem três mulheres). Um tom lúdico, poético. Vocês foram felizes nas metáforas. Não sou de ficar olhando os erros, mas noto-os quando são gritantes. Nesse conto não os vi desse jeito. Ponto também. Sucesso no desafio, amigas, acho que não preciso lhes desejar. O conto está muito bom e creio que os demais autores reconhecerão isto. Parabéns pelo belo trabalho de criação e coesão.
Olá, caros colegas entrecontistas!
Primeiramente, parabéns pela participação corajosa e desapegada.
Vou avaliar e comentar de acordo com meu gosto, não tem muito jeito, afinal não tenho conhecimento nem competência para avaliar de forma mais “técnica”. Ou seja, vou avaliar como leitora mesmo. Primeiro, cada parte separadamente, valendo 1 ponto cada. Depois, a integridade do resultado, valendo 3 e, por último, o impacto da leitura, valendo 4.
Começo
Clarice sofre. Sofre por sucessivos abandonos, pela doença debilitante, pela situação financeira ruim, por ter sofrido abusos na infância. Este estado de espírito é relatado por um longo discurso um tantinho vitimista, invejoso e, bem, cansativo. Não digo que Clarice sofra em vão, acho que ela tem motivos de sobra para sofrer. Mas, quando digo que o discurso é vitimista, me refiro à impressão de que talvez ela aprecie ver-se desta forma.
Meio
O autor 2 emulou o estilo muito bem, não percebi a mudança de autoria. Do ponto de vista narrativo, também manteve-se coerente com o autor 1. O problema foi que não acrescentou muito ao enredo.
Fim
O autor 3 também manteve o estilo e a estrutura narrativa. Também acrescentou pouco. Porém teve o mérito de transformar o texto em uma carta suicida, o que causou algum impacto.
Coesão
Um texto muito coeso, tanto em estilo quanto em estrutura.
Impacto
Baixo. Não consegui simpatizar com Clarice. Entendo que a narrativa mostra os pensamentos de uma pessoa deprimida e autodestrutiva, mas o ciclo de lamúrias tornou-se enfadonho. Imaginando a situação da personagem, senti dó dela, mas não vontade de torcer por ela. Não houve uma “identificação” com o personagem, tanto que a constatação de que se tratava de uma carta de suicídio tampouco teve em mim o efeito de “uau”. Enfim, um bom texto, bem escrito e coeso, mas que não caiu muito no meu gosto pessoal.
Olá, autor(a), tudo bem? Sem mais delongas, vamos ao que interessa.
Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ FEITO ◊ para avaliação de cada conto.
◊ Título = FILHA DE DEUS. O título remete à ideia de uma relação sagrada. O conto apresentará teor religioso?
◊ Amálgama = Não foi possível definir em que momento houve a troca de autoria. Considero isso um grande feito dos(as) autores(as) que continuaram e finalizaram o conto. O(A) autor(a) 1 deve ter ficado satisfeito(a) quanto à emulação.
◊ Fim = Os fins justificam os meios? Talvez… E a ordem dos fatores altera o produto? Permita-me começar pelo fim, observando o impacto causado na leitura. Não sei se havia outra saída além de terminar o conto na desgraceira. Tudo desde o início da narrativa apresentava-se fadado à tragédia. Não daria mesmo para tecer um final feliz que soasse minimamente verossímil. Confesso que não tinha percebido o porquê da inserção do Padre Karras, mas lendo o comentário do Gustavo, fez-se luz. Será que a moça só precisava ser exorcizada? O(A) autor(a) 3 optou por batizar a narradora que antes seguia sem nome, só no desespero de causa mesmo. A escolha do nome Clarice pode não ter sido intencional, mas pode estar ligada à grande Clarice Lispector (que adorava um fluxo de consciência). Também lembra Clarissa, protagonista de Mrs. Dalloway, livro de Virginia Woolf, outro exemplo de narração em fluxo de consciência. Boa sacada.
◊ Entremeio = O(A) autor(a) 2 soube desenvolver bem a narrativa a partir dos elementos fornecidos pelo(a) autor(a) 1. Precisava dar continuidade à desgraceira, sem se esquecer de lidar com questões relacionadas à doença lúpus, ao trauma gerado pela ausência (e possível abuso) do pai, à dificuldade de entendimento com a mãe, e a sensação de abandono relacionada ao pai, aos homens, à mãe e a Deus. Não deve ter sido fácil, mas creio que o(a) autor(a) 2 realizou um bom trabalho de continuação.
◊ Início = O(A) autor(a) 1 entregou um cenário de lamentação e dor, com elementos bem definidos quanto à natureza “desgraça pouca é bobagem”. A narrativa em tom confessional traz um quê intimista à trama que consegue puxar o leitor para o caos. Por outro lado, deixa em aberto a possíveis interpretações a fim de nortear o desenvolvimento da narrativa.
◊ Técnica e revisão = O conto é narrado em primeira pessoa, em tom de desabafo, fluxo de consciência. Um pequeno diálogo entre mãe e filha se dá de forma muito rápida, e a trama volta aos pensamentos de Clarice. A linguagem empregada é clara, coloquial, com bom emprego de metáforas que dão um leve toque poético à narrativa.
Encontrei poucas e pequenas falhas no quesito revisão:
– Há a repetição muito próxima da palavra “tipo”
– Há a repetição muito próxima de “devargazinho” (e o correto seria devagarinho). Logo depois, o(a) autor(a) usou a palavra “pedacinho”, o que culminou em excesso do som -inho.
– […] assistir aquele maldito filme > […] assistir àquele maldito filme
– auto-acolhimento > autoacolhimento (não tem hífen)
– Ainda mais esse que chegou, devagarzinho e tanto encanto, à distância, foi inoculando em meu coração > é preciso acertar a colocação das palavras e vírgulas para não prejudicar a interpretação. Sugestão: Ainda mais esse que chegou devagarzinho e, à distância, foi inoculando tanto encanto em meu coração.
– Obs.: a repetição de “talvez” não constitui erro, pois funciona como reforço à ideia da sucessão de dúvidas surgidas na mente da protagonista/narradora.
◊ O que ficou = Uma sensação de tristeza, mas já premeditada. Uma bordoada, mas muito bem dada. Dói, mas passa. Passa, não passa?
Parabéns pela participação e boa sorte!
Boa tarde, autores! Um comentário de quem está do lado de fora do desafio!
Um conto bastante intimista e repleto de camadas.
A primeira parte/ autor nos apresenta a protagonista, ainda sem nome, seu pessimismo, seus traumas e raivas, uma atmosfera triste e um tanto niilista, “deus está morto!” de Nietzsche.
A leitura é rápida e segue um fluxo de pensamento com vários toques poéticos e alegóricos (o que gosto muito!). Passagens como a da semente e a esperança são bastante inspiradas.
Um ponto de observação nessa primeira parte é que alguns parágrafos parecem truncados, com a narrativa meio atropelada, sem dar tempo pra gente respirar (como o trecho em que fala do “namorado/ ficante”).
A segunda parte/ autor começa, pra mim, quando ela passa a agradecer a Deus, cita o cinema, o filme que lhe trouxe gatilhos, aponta para o leitor os abusos do pai e a ausência da mãe. Gostei que incluiu a terapia no meio, dando margem para abordar questões psicanalíticas como os mecanismos de defesa.
Isso também dá ao texto uma nova camada. Temos uma protagonista que recalcou um trauma e que, mais tarde, entra em negação ao confrontar a mãe. O cerne de todos os problemas, evitar a angustia de lidar com o fato em si.
Essa segunda parte mantém a ideia do fluxo de pensamentos e acerta na agilidade. Sai de cena o namorado, entra a mãe e o pai, com mais detalhes. Ainda temos alegorias bonitas como a da doença ser como um animal. Nesse sentido, ajustou o ponto da primeira parte, que as vezes atropelava.
Acredito que a terceira parte/ autor se dá a partir do diálogo com a mãe. Gostei que manteve a poética da narrativa e agora ainda mais intenso, com frases mais longas, mas ainda assim com os cortes rápidos.
Nesse momento não temos mais uma “cronologia”, indo de um ponto a outro, mas sim um mergulho ao inconsciente da personagem, o que também é bastante acertado com as primeiras partes. Temos parágrafos e parágrafos destrinchando sentimentos e emoções. Raiva, remorso, dúvidas, indignação, solidão, carência…
Um turbilhão que, pra mim, foi um dos pontos altos do conto. E que não perde de vista o teor espiritual. Quem é Deus? É uma pessoa, é um vazio? E se for um vazio, irá encará-lo mesmo assim, citando mais uma vez Nietzsche: quando você encara o abismo, ele encara de volta.
Um conto que gostei muito, repleto de passagens bonitas e que traduz pro texto os conflitos que a personagem tem e que, em menor ou maior grau, o leitor irá se identificar. É triste, sim. Mas não aquela tristeza arrastada. E (acho que) tivemos alguns easter eggs divertidos, como o Padre Karras do Exorcista e uma possível Clarice Lispector.
*Todo e qualquer crítica refletem mais um ponto subjetivo meu do que qualquer outra coisa. Outro leitor pode achar o oposto.
Para mim é mais um exemplo de coesão de estilo muito bem trabalhada pelos autores.
No que diz respeito ao conto em si… acabei não gostando tanto do resultado final. O início foi como um soco na cara que despertou a minha atenção e fez com que eu me questionasse para onde a história estava indo… e depois de um tempo tudo ficou um pouco… repetitivo. Os socos se transformaram em um espancamento coletivo de terça-feira e, como geralmente acontece com estes, depois de um tempo não senti muita coisa, além de uma cotovelada aqui e ali.
Há construções em alguns momentos que deram uma certa rejuvenescida no texto, mas não foi o bastante para que eu recuperasse o interesse. A pegada intimista e furiosa foi perdendo o brilho.
Esse é um daqueles casos em que o gosto pessoal do leitor (deste leitor) acaba falando mais alto do que a clara qualidade técnica dos autores que, de novo, elaboraram construções que eu diria se aproximam do brilhante, como, por exemplo “um lobo faminto a devorar meus órgãos em busca de verdades que não estou preparada para ouvir” em referência ao lupus ou “E se Deus não existir? Serei então órfã duas vezes.”, dentre muitas outras.
De todo modo, parabens a todos os autores e boa sorte no desafio.
Primeiramente gostaria de parabenizar os autores, conseguiram manter uma coerência que já não é simples em um texto compartilhado, nesse belo Conto que é um tanto intimista e pessoal. O primeiro autor abriu diversos caminhos que foram seguidos com maior ou menor ênfase, mas dando jus à ideia inicial.
Ainda que não haja uma “história” propriamente dita, vamos seguindo o pesar e as dúvidas que povoam a cabeça da protagonista e sua conversa com um Deus que ela acredita sem querer acreditar. Fala-se Dele, do encontro mal sucedido, do abuso (ou não) do pai e do encontro com a mãe. Encontro esse que poderia ser o clímax/conclusão mas que acabou sendo mais uma desilusão, mais um fracasso, e que acaba culminando no final muito bem fechado e dentro da proposta do texto.
O fato da protagonista narrar todo ele em primeira pessoa e falar quase que exclusivamente dos seus pensamentos e sentimentos é o ponto forte do Conto, mas, para mim acabou sendo o único ponto negativo, quando pelo número de palavras fiquei com a impressão de que o conto se estendeu demais e acabou ficando um pouco repetitivo.
Um conto excelente!
Este conto tinha tudo para correr mal. O passado, o pai, a mãe e a verdade sobre tudo o que acontecera que apenas sabemos pela voz daquela que foi criança. Podia facilmente ter virado para uma história em que este mistério passaria a primeiro plano perdendo-se a essência do começo. Aí congratulo os três autores por saberem manter o nível e a coerência do texto. Um dos momentos que mais gostei foi o confronto com a mãe. Ao fim de todo aquele tempo, de tantas perguntas sem resposta, de um fantasiar constante sobre a verdade, no momento em que se prepara para a confrontar, recua. Prefere viver com a sua realidade, aquela que criou ao longo dos anos, aquela que, no fundo, lhe é familiar. É um momento que define bastante o estado mental da personagem principal.
A história revela-nos alguém que se encontra numa profunda depressão, não devidamente tratada, e que decide desistir de lutar contra tudo e contra todos, incluindo uma doença, e, ao o fazer, encontra o seu equilíbrio refugiando-se na educação religiosa da infância que a princípio rejeitava. Ao longo de todo o texto nos deparamos com pensamentos algo erráticos e contraditórios, caraterísticos de alguém neste estado mental.
Da primeira leitura ficou-me a sensação de ser demasiado longo, algo cansativo, mas uma segunda, mais pausada, retirou-me essa ideia. No entanto, e apesar da simbiose entre autores ser grande, parece-me haver algumas incongruências, nomeadamente a nível cronológico do desenrolar do enredo. A princípio está em monólogo frente a um espelho, depois vai confrontar a mãe e no fim regressa ao monólogo, como se tudo fosse um só, revelando que o estava a deixar por escrito. Isto, porém, parece-me um pequeno deslize pelo facto de o texto ser a três mãos, e que não fere a qualidade do conto. Muito bom.
A voz narrativa neste conto é impecável. Todos os três autores conseguiram dar à história o mesmo tom, com um fluxo de consciência bastante verossímil e que não destoa da primeira à última linha. Se alguém me dissesse que foi escrito por uma pessoa só, eu acreditaria. É uma coesão que merece aplausos.
Temos aqui o depoimento pessoal de quem está prestes a se despedir desta existência. É uma mulher um tanto amargurada, que sente-se deixada de lado, vítima de um abandono maior, de uma falta de atenção, de uma ausência injustificável. Vítima, enfim, da injustiça da vida. A ausência de um amor verdadeiro, de um amparo divino e sobrenatural e da cegueira auto-imposta da mãe (que não percebe ou finge não perceber os abusos que a protagonista-menina sofria do próprio pai) dão o tom da história, eivada de pessimismo e, curiosamente, de conformidade. Isso porque ao discorrer por tantas linhas sobre sua sofrida condição, a narradora parece conformada, resignada — até em paz — com a decisão de tirar a própria vida.
Há muito de filosofia no conto, o que me faz gostar dele, já que coloca diante dos nossos olhos questões universais sobre o que é e o que não é justo, se é ou não válido encerrar a própria história neste mundo de modo voluntário (mormente quando tudo parece desmoronar e nada, absolutamente nada indica que no horizonte a tempestade arrefece).
Olhando bem, não sei se o primeiro autor imaginava um fim desse tipo — no início pensei tratar-se de uma história de desilusão amorosa — mas de qualquer forma, achei que o arremate fico excelente.
Talvez alguns leitores torçam o nariz por conta da falta de ação, por não haver aquele ritmo de videogame, por não haver sangue na parede já na terceira linha. Infelizmente a literatura tem sido afetada pelo imediatismo e pela diversão fácil, superficial. Por isso há que se louvar um trabalho como este, em que três pessoas diferentes se dedicaram — com sucesso — a explorar, no melhor sentido da expressão, a mente de uma mulher tristemente demolida pela vida.
Em suma, um trabalho muito bom. Dos que li até agora, o melhor. Parabéns e boa sorte no desafio.
P.S. A menção a Clarice (Lispector) no fim é a cereja do bolo.
Uma carta de suicídio em formato de conto. Pesado, denso, mas com características peculiares.
O conto trata do micro e do macro paralelamente. Enquanto nos ambienta com a história de uma mulher destroçada emocionalmente por conta dos traumas do passado, por conta de uma doença autoimune e em todas as consequências que isso causa ainda no presente, o conto também trata de questões filosóficas maiores como O Probelma do Mal, vida pós-morte e a relação com Deus.
A protagonista tem muitas camadas. É confusa, quer saber a resposta, depois não quer mais saber; diz que não desistiu, mas de fato desistiu; tem raiva de Deus, mas por vezes torce pela sua existência, depois diz não se importar com isso… O conto soube retratar bem uma mente conturbada, dinâmica, em constante questionamento.
É um conto de auto-reflexão, de força narrativa, do início ao fim.
Gosto desse tipo de leitura. São temas sensíveis abordados aqui, mas tratados com a delicadeza que merecem.
É um conto delicado e ao mesmo tempo potente. Micro e macro.
Sinto que os 3 autores fizeram um bom trabalho.
Resumo: Mulher abusada pelo pai na infância e com lúpus, tem problemas com relacionamento amoroso. Enquanto espera o telefonema do namorado, ela medita sobre sua vida difícil e toma uma decisão para acabar com tudo.
Achei a protagonista, pessimista, egocêntrica por natureza, porque poderia muito bem enterrar o passado e procurar ser feliz, mas o conto é assim e se desenrola de outra forma, igualmente triste. Uma longa narrativa de lamentos e desesperanças, uma mente perturbada que não sabe o que quer, marca encontro com a mãe para saber a verdade e desiste. Do encontro com o namorado ela decide ir ao encontro com Deus, mesmo tendo se questionado se ele existisse. Achei o conto bem escrito. A narrativa poderia ter sido melhor trabalhada, mas de qualquer forma, eu gostei da história. Claro que eu tive que consultar o google para saber o significado da palavra, Dalit e sabendo, achei que não teve nenhuma relevância, serviu apenas como figura de linguagem. Dalit, na cultura hindu é uma pessoa expulsa de um grupo da sociedade, que tem privilégios. Ou seja, a protagonista se viu tirada de uma vida confortável e sadia, para o mundo da miséria e da derrota espiritual por conta de seus traumas que nem o psicólogo resolveu. Esses lamentos todos é que dão valor ao conto, é a essência da arte narrativa.
Quesitos avaliados: Entretenimento, Originalidade, Pontos Fracos
Entretenimento Até aplaudo o último(a) a escrever, porque tentou imitar o autor inicial. Porém, achei que ficou um pouco “encheção de linguiça” e sem muito conteúdo real o fim. Acabou perdendo um pouco o ritmo qnd a protagonista desiste de saber sobre seu passado, questão que a atormentou boa parte do tempo no conto. Porém, o começo e meio ficaram mais entretivos.
Originalidade Infelizmente é um tema bem comum, e às vzs surge em um ou outro conto nos certames a fora. Porém, continua sendo um tema válido. E creio que foi bem explorado aqui nesse conto. De certa forma, a mistura de toda desgraça da vida da protagonista deu um toque de originalidade, bem como a narrativa de monólogo mental em primeira pessoa.
Pontos Fracos Já comentado acima.