Eu amo John, mas ele é uma pessoa complicada.
A velha fazenda foi o resultado da soma insana dos medos dele. Nunca partilhei dessa paranóia obsessiva, pois a única coisa que realmente dividíamos era um forte sentimento de longa data que eu achava ser amor. John comprou e modificou aquele lugar com quase todas as economias que tinha, mas, por algum motivo decidiu não mexer em um centavo do meu dinheiro. Foi sincero ao dizer que eu não tinha nenhuma obrigação de seguir aquele caminho, e que poderia pular do barco quando bem quisesse.
Ambos tínhamos pedido demissão de nossos empregos três meses antes, e foi nesse tempo que nosso relacionamento, já um tanto ruído, começou a definhar lentamente. Eu com certeza o amava, mas toda aquela conversa sobre a proximidade de uma guerra nuclear estava tirando meu sono noite após noite. Era cansativo demais ouvi-lo falar sobre como cada ação e reação da dança política mundial nos colocaria em rota de colisão com uma grande guerra atômica, e o quão terríveis as consequências daquilo poderiam ser. “Tínhamos que sobreviver, a humanidade tem de sobreviver”, dizia ele em seus inflamados discursos ao pôr do sol.
Estávamos isolados numa antiga fazenda caindo aos pedaços, longe o bastante para fazer a cidade mais próxima parecer apenas um conjunto de pequenas luzes brilhantes e achatadas na longínqua linha do horizonte. O lugar tinha falido cerca de três anos antes, por isso não foi tão cara sua compra, diferente da construção do maldito bunker entre a casa e o celeiro. John tinha gasto quase sessenta mil naquela construção monstruosa.
Tinha tudo lá, muita comida, bastante água e filtros, um pequeno quarto com banheiro, até mesmo armas ele colocou lá, tudo dentro de uma fúnebre caixa de concreto reforçado, enterrado bem perto da nossa sala. Era loucura, pura e palpável. Mesmo assim sempre estive do lado dele. Por mais que as ideias sobre a provável extinção da humanidade como resultado da próxima guerra não me entrassem muito na cabeça.
Já tinha se passado mais de um ano e meio desde nossa mudança, mas John ainda mantinha o mesmo genuíno espírito paranoico de sempre, mantendo em dia a manutenção do abrigo, checando a validade dos mantimentos e até mesmo repetindo à exaustão todos os malditos treinamentos e procedimentos no caso de ataque.
Não me lembro de quantas noites perdi após despertar sob o pânico agudo do alarme e dos gritos dele, enquanto me puxava às pressas para a escotilha do abrigo no meio da madrugada. Foram tantas as vezes que quase me acostumei com o desconfortável e fino catre que ele fixara em uma das paredes de concreto de nosso “quarto” subterrâneo.
No início até foi bom. Nosso relacionamento era tão bom quanto o de um casal normal, mas aos poucos tudo mudou. John só conseguia pensar e se preocupar com a iminência do fim do mundo. Com o passar do tempo fiquei amarga, me perguntando centenas de vezes por que deveria passar por aquilo. Todas as vezes que me indagava nunca chegava perto de uma simples conclusão lógica. Era como se eu tivesse que estar ali cuidando de uma criança doente, de um menino teimoso, birrento ou algo assim. Era triste pensar que não teríamos um futuro saudável juntos, pelo menos não daquela maneira patética e louca.
Numa manhã ensolarada de domingo, John estava em seu escritório, mexendo em seu grande rádio e monitorando as notícias como sempre. Eu entrei e sentei perto dele, ele porém pareceu não perceber, continuou focado no som ruidoso do maldito aparelho como se eu nem estivesse ali. Toquei seu ombro em busca de alguma atenção e tudo que recebi foi um olhar vago e sem sentimento por um segundo, até que ele se voltou para o rádio.
Nunca me senti tão só. Nunca me senti com tanto ódio. Todos os sentimentos que tinha enterrado afloraram de uma vez. Fui até o celeiro e arranquei o velho machado do antigo dono, voltei correndo na direção de John, que ao perceber meu olhar de ódio apenas cruzou os braços numa frágil tentativa de se defender do golpe. O machado percorreu um arco perfeito, descendo num golpe duro com ajuda da inércia do aço em movimento. John sentiu o golpe passar a poucos centímetros dele, com a lâmina enferrujada se enterrando bruscamente no console sobre a mesa.
Ele caiu sentado, paralisado por algum tempo sem entender o que havia acontecido, olhou pra mim e depois para o rádio destruído. Pensei que sua reação fosse ser violenta, dada a perda do aparelho, mas ele apenas se levantou com calma, pegou as chaves da picape e disse que ia até a cidade comprar um novo. Eu desabei em choro, mesmo assim ele não ligou, apenas pegou o carro e saiu. Não sei quanto tempo chorei aquele dia.
Depois de algumas horas me recompus, fiz minhas malas e me preparei para fugir dali. Precisava sair daquele lugar imediatamente para nunca mais voltar, pois agora estava mais do que decidida a deixar toda aquela merda para trás. Peguei tudo e fui até a porta da casa, saí e olhei pela última vez o pôr do sol por longos segundos. estava tão lindo quanto deveria ser. Ao longe a cidade parecia silenciosa e calma. John tinha passado quase o dia todo fora, talvez não tivesse encontrado o maldito rádio. Não importava, eu não iria esperar.
Antes de sair voltei até o escritório e peguei um mapa da região e um dos nossos telefones por satélite. Ao voltar para o rádio percebi que mesmo com o machado fincado ainda funcionava, porém reproduzindo as conversas roucas e cheias de estática de sempre, só que agora com bastante dificuldade. Por um minuto achei o tom mais agitado do que o normal, mas decidi não me importar. Desliguei tudo e saí, tomando o caminho entre as plantações mortas da fazenda.
Depois de alguns metros ouvi o barulho abafado do telefone dentro da bolsa, olhei e era John, desliguei e segui meu caminho. O aparelho tocou novamente, e de novo era ele. Decidi colocar no silencioso ou algo do tipo, mas não fazia ideia como. Foi então que eu ouvi. Era um barulho baixo vindo de cima da minha cabeça, como um sibilo quase mudo de algo rápido cortando o ar entre as nuvens. Olhei melhor e vi que a coisa que fazia aquele barulho soltava um rastro fino de fumaça branca atrás de si. A coisa então pareceu perder altura e mergulhou com velocidade sobre o centro da cidade.
Nunca imaginei ver algo como aquilo. Quando a bomba caiu, um clarão branco tomou conta de tudo. Um grito agonizante da cidade ecoou ao longe. Fechei meus olhos, mas mesmo assim eles sentiram a grande onda de calor os cozinhando. Foi como estar de frente para o centro do próprio sol. Lembrei do que Jhon tinha falado, então corri o mais rápido que pude de volta para a fazenda enquanto a terra tremia sob meus pés. A cada passo que dava sentia o calor aumentando cada vez mais. Era a onda de choque a caminho. Depois de alguns metros pude ver os contornos da escotilha de metal do abrigo. Aquilo me deu alguma esperança, porém não fui tão rápida.
Não houve tempo de fugir. Fui jogada longe pelo impacto da onda e rolei na grama seca até próximo da entrada do bunker. Tentei me colocar de pé, mas a torrente de furiosa de fumaça quente me manteve no chão, enquanto grandes destroços voavam a poucos metros da minha cabeça. Me arrastei com dificuldade até a escotilha e toquei o metal quase incandescente, o soltando com gritos de dor logo depois. Mais pedaços voaram da casa em minha direção, até que um deles, um grande pedaço de madeira, me atingiu em cheio. Desmaiei na hora.
Quando dei por mim estava coberta pelo que restou da casa, que aparentemente não existia mais, assim como o celeiro que tinha ido pelos ares. Gritei de dor assim que percebi que ainda estava viva. Me arrastei com dificuldade pra fora daquela pilha de madeira fumegante e tropecei sem rumo por alguns metros. Eu estava coberta de fuligem quente e uma grande soma de fumaça preta envolvia tudo, dificultando muito a visão. Tentei abrir um pouco mais os olhos, mas uma dor imensa me alertou a não fazê-lo. Toquei com uma das mãos em carne viva o olho direito e percebi que havia pele queimada e um líquido grosso escorrendo aos poucos pela ferida.
Olhei ao redor com o olho esquerdo semi cerrado e vi que tudo tinha sido varrido pelo impacto, nada estava em pé, nem mesmo uma tábua. Olhei então na direção onde deveria estar a cidade, mas tudo que pude ver foi uma grande nuvem escura em formato de cogumelo tocando o firmamento. Era um pesadelo, um pesadelo real, quase como uma piada infame do destino. Algo então começou a cair do céu. No início parecia neve, mas logo depois percebi que eram cinzas da explosão da cidade. Sem forças, me ajoelhei e chorei lágrimas e sangue enquanto pensava o quanto de John poderia estar naquela neve maldita.
Eu amava John.
Ele era uma pessoa complicada.
Mas infelizmente estava certo.
O clássico dilema dos conspiracionistas. Adoro!
AMBIENTAÇÃO
Simples.
Direto, sem enrolação, dando poucas informações do cenário e focando na relação da protagonista com John. É básico, mas é eficiente dentro da proposta do conto. O foco é o relacionamento desgastado. E como se passa numa realidade próxima da nossa, descrever demais apenas dispersaria a atenção do leitor.
Boa.
ENREDO
Bom.
É uma boa história. E foi bem desenvolvida. Os sentimentos da narradora ficam claros, enquanto John é o mistério da trama. Não sabemos exatamente o que ele sente, apenas o que a protagonista acha. Por causa do tema do desafio, já sabemos qual é o final, mas ainda esperava ser surpreendido por alguma coisa, dada a habilidade do autor. Mas isso foi apenas uma expectativa minha. Gosto de histórias que me tiram da zona de conforto, onde não sei o que vai acontecer.
ESCRITA
Madura.
Não identifiquei nenhum problema e a leitura foi natural, sem entraves. Para mim, isso é resultado de um escrito maduro, que sabe o que deseja escrever. Apesar disso, o estilo não brilha em nenhum momento, deixando a leitura sempre morna, principalmente quando percebemos que o enredo vai trilhar na direção óbvia.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
É um bom conto.
O autor poderia ser um pouco mais ambicioso, pois certamente tem cacife para isso. A obviedade da trama é o ponto fraco do conto. Às vezes, acredito, é bom ser um pouco pretencioso, contanto que possa aguentar o tranco do fracasso, hahaha.
Parabéns pelo trabalho!
Ambientação: Boa. Simples, direta, funcional. O cenário é bem típico de histórias de gente paranoica: uma fazenda afastada onde o sujeito constrói um bunker. Não ganha pela originalidade, mas faz com que seja fácil imaginar o ambiente, por já estarmos familiarizados com ele. A tensão entre o casal funciona bem, deixa o leitor interessado na narrativa.
Enredo: Razoável. Gosto da ideia de trazer uma trama intimista para o desafio. A cena do machado é realmente boa. Mas, de forma geral, o enredo é plano, linear, decepcionando um pouco pela ausência de elementos que o tornem mais interessante. O final é forte, mas previsível. As descrições da agonia da personagem parecem beirar o sadismo. Nada contra descrições fortes, mas aqui não pareceram necessárias. E me incomoda muito que o conto pareça, no fim, dar uma lição para a mulher, que se arrepende de nunca ter ouvido o marido. Dessa forma, o sofrimento dela fica com cara de “castigo” por não tê-lo ouvido. Isso realmente me desagradou.
Escrita: Muito boa, segura. Notei poucos erros, mas coisas bobas, como uma frase iniciando com letra minúscula. Nada que uma revisão não resolva. De resto, as descrições são boas, o texto é fluido, bem conduzido. Nenhuma grande crítica.
Considerações gerais: É um conto simples, sem floreios. Não chega a brilhar, mas entrega o que promete. Não gostei do tom moralista do final, mas a jornada foi interessante. Acho que o autor tinha material para mais. O texto poderia ser mais longo, desenvolvendo melhor os personagens e investindo mais na atmosfera de dúvida, de tensão. Não tenho pretensões de dizer o quê ou como os outros devem escrever, apenas pontuo que enxerguei potencial na história e no autor para voos maiores. De toda forma, foi uma boa leitura.
Desejo sorte no desafio.
Abraço.
Ambientação: Um texto mais intimista, com ares do filme Cloverfield Rua 10, lembrando muito aqueles encontros extraterrestres em milharais. O clima, as emoções, a descrição, casaram de maneira homogênea. Me colocou dentro da história. Ponto por isso.
Enredo: Perdi as contas de quantas bombas nucleares, meteoros e casais vi nesse desafio, mas aqui, pelo menos, tem um ar mais cotidiano e verdadeiro, com um casal em crise, típico de meia-idade ou próximo disso. A paranoia do marido convence e traz aquele ar de conspiração de filmes antigos. Em certos momentos me lembrou do seriado “The Blue Book”, ou O Livro Azul, que mostra o programa do governo para acobertar as primeiras aparições de OVNIs no céu. Num primeiro momento ninguém acredita, depois é caos e correria.
Escrita: Tem uns errinhos bobos do meio para a frente, logo quando o escritor começou a se empolgar (dá pra perceber isso), mas que são corrigidos facilmente numa pequena revisão. Tirando também algumas repetições, a escrita é bastante competente e flui muito bem.
Considerações gerais: Um texto básico, com uma premissa básica, mas bem executado, o que lhe dá vários pontos. Não traz nada de novo, mas traz um clima conspiracionista que senti falta nesse desafio. E fecha com chave de ouro.
(Obs. essencial: não leio os outros comentários antes de comentar).
Oiii. Abaixo falarei um pouco mais dos seguintes elementos do texto:
Ambientação: A ambientação é boa e mostra um mundo aparentemente pacífico, mas com o fantasma de uma guerra nuclear rondando. Tanto que o John tenta se preparar para isso.
Enredo: O enredo é sobre um homem que se preparou tanto para um desastre nuclear, mas que quando o desastre realmente ocorreu nem ele e nem a mulher conseguem escapar da explosão. A mulher somente acreditou que tinha uma guerra a caminho quando já era tarde demais e foi isso que tornou o final ainda mais triste. Esse fato me lembrou um pouco da história bíblica da Arca de Noé, pois muitas pessoas da época de Noé não acreditaram que o dilúvio estava vindo.
Escrita: A escrita é boa e foi interessante a história ser contada em primeira pessoa, pois assim a narrativa foi acompanhada pelos olhos da personagem.
Considerações finais: Um conto sobre um fim de mundo envolvendo uma tragédia nuclear. Entendi que o principal mundo que chegou ao fim foi o dos personagens, pois mesmo que a mulher sobreviva aos ferimentos nada será como era antes da explosão.
Boa sorte no desafio!
Ambientação: aquele clima de filme de baixo orçamento com uma carga dramática bem grande voltada ao cotidiano de pessoas comuns.
Enredo: um enredo simples com uma proposta bem conhecida quando o tema é o fim do mundo. O(a) autor(a) nos apresenta algumas datas e fiquei meio confuso com o que a protagonista nos revela a partir dela e de sua mudança para a zona rural. Ora diz que era uma relação ruim, mas dentro de outra data que ela gostava daquilo… enfim, acho que isso me atrapalhou a entender a psique dessa mulher, a mais azarada do mundo. Fora isso, há algo que não me convenceu acerca do ataque nuclear. Se John era um fanático/paranoico pela coisa toda de sobrevivencia acerca de um ataque nuclear, pq ele moraria consideravelmente próximo a uma cidade com probabilidade de ser um alvo de ataque e tbm próximo o suficiente para ser afetado pela onda de choque? Uma cidade como a minha, por exemplo, não seria alvo nem de ataque de abelhas, pois não tem qualquer significância industrial, política ou militar. Se John fosse esperto, teria pensado nisso.
Escrita: sem dúvida é uma boa escrita capaz de criar um texto que se faz entender sem entraves, nem dificuldades.
Considerações gerais: houve a opção de contar uma história rápida aqui, talvez até rápida demais. Não houve um desenvolvimento que tornasse as questões militares interessantes; a protagonista, quando começa a deixar de ser aquela criatura bidimensional e ganhar novos aspectos que a tirem daquela monotonia que ela mesma descreve, morre (ou quase isso). Porém, ficamos claramente situados dentro do contexto das “loucuras” de John e, dentro delas, tudo aquilo faz mto sentido.
Quando com conto começa a ganhar conflito, ação, a empolgar com sua leitura, ele já está acabando. Queria ter visto mais desse lado do conto, gente morrendo e olhos derretendo. Nem precisaria ser gore, na verdade, igual no filme “O Dia Seguinte”, que vemos mto do terror de um ataque dessa magnitude.
Ambientação:
Gostei, mas faltou algo a mais, mais informações sobre o local, sem muitos detalhes.
Enredo:
Foi bem desenvolvido, o desenrolar da história e toda aquela melancolia de um relacionamento com uma pessoa obcecada pelo “fim do mundo”, bem bizarro, posso dizer que deu vontade de bater no John, apesar que no fim ele estava certo. Só um pouco confuso em relação a descrição da bomba e o local.
Escrita:
Um ponto forte do conto, não encontrei nenhum erro, e a forma da escrita deixou a história fluida .
Considerações Gerais :
Senti falta das falas do John, acredito que causaria mais ” Medo ” ler o que ele pensava sobre, só que ele falando…
Boa sorte, concorrente forte!
Ambientação:
Acredito que poderia ter um pouco mais de detalhes, mas escrita de uma forma mais plana, sem muitas descrições sobre o local, mas mesmo assim foi bom, pude imaginar um pouco o local.
Enredo:
Foi bem desenvolvido, só faltou uma breve explicação em relação a tal ” Bomba “, ademais, tudo bem feito .
Escrita :
Essa foi uma das coisas que mais me chamou atenção, não encontrei nenhum erro, e a leitura foi bem fluida.
Considerações Gerais:
Gostei de quase tudo, faltou alguns elementos sobre o ” Fim ” do mundo, faltou as pessoas morrendo, os gritos, aquela coisa toda…e o que mais eu senti falta, foi da fala do John, eu esperava que ele dissesse alguma coisa além do que ela mencionada sobre ” ele disse “, só isso. Muito bom , boa sorte!
Enredo
Olá caro autor ou autora.
Ambientação: É sóbria e com poucos detalhes, mas o suficiente para nos inserir com bastante clareza na história. É fácil reconhecer o ambiente desolado e o sentimento de exclusão.
Enredo: Bem simples e direto, quase nenhum rodeio. Mesmo bem curto tem uma boa história, mesmo só mostrando o “verdadeiro fim” nos instantes finais do texto. A construção com certeza é simples, porém efetiva.
Escrita: Se apresenta algum erro não encontrei. Sendo bem simples com uma fluidez objetiva.
Considerações gerais: Não é uma excelente história, mas cativa a seu modo. Poderia ler mais longa e mostrar o desenrolar das consequências pós ataque nuclear, mas a falta disso não torna o texto menos bom.
Parabéns pelo trabalho e sorte pra você.
AMBIENTAÇÃO: o clima tenso de um fim de mundo que não vem, a dúvida se as precauções eram pura paranoia, tudo isso corroendo a relação do casal protagonista. Para mim foi um ponto positivo, esse tom melancólico da espera e da dúvida. Gostei muito da descrição do bunker e o equipamento de sobrevivência.
ENREDO: O enredo tem um tom melancólico, a cena do machado surpreendeu (realmente achei que ela o tivesse golpeado). O final poderia ter sido mais curto e com mais impacto, terminado na cena da explosão da cidade e a onda de choque atingindo a protagonista.
ESCRITA: muito bem conduzida, sem erros, com ritmo e fluidez.
CONSIDERAÇÕES GERAIS: O conto nos traz reflexões interessantes sobre a antecipação da dor causar mais dor que a dor em si. Se o casal tivesse gastando os últimos momentos cultivando uma boa relação ao invés de se preparar para um mal que poderia nem vir, talvez tivessem um final menos trágico.
AMBIENTAÇÃO –
O medo pelo apocalipse e o instinto de sobrevivência foram bem apresentados no texto com a reforma da fazenda nos arredores da cidade, a construção do bunker e o acúmulo de alimentos, remédios, ferramentas, lanternas, baterias e, certamente, armas e munição. O sentimento de oposição entre o marido sobrevivencialista e a mulher descrente está bem explorado e a bomba nuclear é bem descrita e verossímil.
ENREDO –
Personagem dúbios carregam o protagonismo (ele, precavido ou maluco? — ela, racional ou despreparada?) e são compostos com habilidade. Mesmo em meio às dificuldades, a princípio, eles são felizes, mas os excessos começam a mudar os comportamentos e a mulher se dá conta de que a questão é mais grave do que se imagina somente no dia final e sem saber onde o marido está, pois não atendeu a ligação dele.
ESCRITA –
A narrativa mescla com competência a dúvida se estamos diante de fenômenos apocalípticos ou de um insano. No desfecho, toda a carga dramática envolvida se completa de uma maneira visualmente elaborada.
O texto é gramaticalmente bem escrito, apesar de uns pequenos problemas de revisão. Frases curtas, o ritmo ágil, boa dose de suspense são ferramentas para conduzir a atenção do leitor e colaboram com a fluidez.
CONSIDERAÇÕES GERAIS –
A expectativa pelo fim-do-mundo não é ideia nova; reportagens sobre pessoas que se preparam como no texto aparecem na mídia constantemente, assim como filmes e séries (Sobrevivencialistas – Documentários, The Rain, O Colapso, O Abrigo, etc).
A premissa, no conto foi bem explorada, com sentimentos fortes e ótimas cenas de terror, mas de certa forma previsível, porque em situações assim todo preparo é insuficiente e as soluções acabam improvisadas — não sabemos o que aconteceu com o homem, pode até ter se salvado se ligou para a mulher já de dentro do bunker; a mulher foi castigada pela sua descrença.
Sucesso no desafio. Parabéns pelo trabalho. Abraço.
– Ambientação: O autor constroi um cenário triste e aterrador com as descrições do vazio sentido na rotina da personagem. Ela começa se preparando para um tipo de fim diferente do que acaba acontecendo. É uma perspectiva bem aterradora, essa relação agonizante na qual ela se encontra encurralada, o que dá o tom melancólico com que o conto se desenvolve.
– Enredo: A história se foca muito mais nos sentimentos dela do que propriamente nos acontecimento que levam ao fim do mundo. Um conto com uma perspectiva bem definida, que não se aprofunda em nada além do necessário para entendermos os sentimentos da personagem. Gosto muito de não termos explicações sobre a situações no resto do mundo, ou o que levou à explosão da bomba, porque isso é secundário no ponto de vista dela. E a catarse a que chegamos não é a destruição do mundo, mas a conclusão fatal do relacionamento dos dois.
– Escrita: Bem clara e direta, retratando com precisão os pensamentos da personagem. O fato de ser em primeira pessoa dispensa maiores reflexões, pois acabe tudo ficando nas entrelinhas do ela está nos contando. A resolução é bem rápida, mas reflete bem o estado de confusão em que a mente dela provavelmente se encontra.
– Considerações gerais: Um conto bem simples, talvez por ser em primeira pessoa poderia ter se aprofundado mais em alguns aspectos do relacionamento dos dois… Mas no geral entrega uma boa história sem se alongar além do necessário.
Ambientação: Me passou uma sensação de vazio muito grande, de desesperança. A narradora quer viver e vive sob a perspectiva de John, que, por sua vez, só quer esperar pelo fim do mundo.
Enredo: O fim de um relacionamento não deixa de ser, também, um fim de mundo. Uma relação que se desgasta e acaba numa bomba sempre deixa um rastro de cinzas. Gostei do paralelo. Me parecia óbvio que John estava certo, mas fica a reflexão: estar certo não impediu que ele explodisse junto com o mundo…
Escrita: Revela o mundo interior, na vibe dos pensamentos da narradora. Alguns erros de digitação que uma revisão corrige.
Considerações gerais: Nada a declarar.
Palavras ao vento (Mercador do fim do mundo)
O texto tem uma história interessante. Do meio para o fim o leitor atento percebe que a narradora está errada e sim, o mundo vai acabar, apesar da descrença dela. Já no momento em que ela fitou os olhos dele e não “o encontra” e logo depois, sem reagir à violência dela, ele sai para comprar outro rádio, sabemos que ele sabe mais do que ela imagina.
Também fica claro que ao contar a história, ela vai formando uma ideia errônea dele, falando que ele é paranóico obsessivo. Entretanto, John não tem nenhum tipo de paranoide já que ele é consciente, diferencia universos, respeita o outro – não toca no dinheiro dela e a deixa livre para seguir seu próprio caminho se assim ela desejasse. A atitude dele em não se importar com ela, vista pelos olhos e narração dela, parece fria, mas há duas coisas a se considerar aí. Primeira: Em caso de agressão ou intensa violência do outro, o melhor é se afastar. Falar sobre o assunto no momento da ira pode piorar tudo. Segundo, se ele realmente sabia que o fim estava próximo, ter um receptor de ondas de rádio era mais importante do que acalmar a mulher que passaria horas cansativas com ele no bunker quando o acidente nuclear acontecesse e que o entenderia quando as coisas acontecessem.
A fuga dela e o fato de não atendê-lo ao telefone acabam por colocá-la em perigo. E ele que tanto quis preservar suas vidas estava fora no momento que as coisas realmente aconteceram. Espero que ele tenha também feito melhorias no carro e tenha tido mais sorte que ela, embora, ela fale dele no passado, logo…
Poucas vezes tive tanta raiva de um narrador como tive dessa “amargada”.
O texto tem uma manta semântica razoável, dá conta de passar alguma credibilidade e isso é positivo porque marca a inabilidade da narradora perceber os outros – pessoas e espaços. Também é positiva a ambientação. O micro espaço é trabalhado de forma a criar a consciência negativa da narradora sobre ele e, por isso, a sua descrição da fazenda e da cidade se torna muito interessante. O abandono do espaço de convívio deles que ela aponta já é uma amostra do caos em que ambos estão, ela por sua incompreensão, ele por sua luta em manter-se vivo.
O texto foi elaborado de forma a criar a ideia de que o homem realmente sofria de alguma paranóia, mas, como já disse, no meio do texto dá para saber que o mundo vai acabar, logo, ela fica desacreditada. O “pulo do gato” no texto se dá porque o ataque nuclear acontece e quem tanto tentou proteger-se não está em casa para se salvar. e por mais que seja odioso, é um final ideal para o conto.
Sobre o Enredo: Bem construído. A ideia da bomba ser lançada vai surgindo nos pontos em que a narradora descrer nas atitudes e falas do homem que via “cada ação e reação da dança política mundial” como uma possibilidade drástica de colocar o mundo “ em rota de colisão com uma grande guerra atômica”.
A fala: “Eu amo John, mas ele é uma pessoa complicada”, embora seja uma marca da não aceitação do luto, é também a forma de que o autor usa a fraqueza da narradora para criar a ilusão de que John está vivo. Você lê pensando nele vivo, percebe que tudo vai se acabar no meio do texto, mas seu personagem “salvador do micromundo” vai sobreviver. Ao dar-nos a explosão nuclear com ele fora da área de segurança, o autor cria uma ambiguidade mínima que se quebra na frase de aceitação da perda e cristalização do luto: “Eu amava John. Ele era uma pessoa complicada.” Os verbos amar e ser no passado marcam o irrevogável. Ele não sobreviveu.
Pela estrutura textual, o texto é realmente um conto. As pistas dadas sobre o final não quebram o desfecho, já que ele não se dá como é esperado pelo homem. A Linguagem é boa, sem arroubos vocabulares e embora o campo semântico esteja abaixo da média, por ser classificável como a visão egoísta da narradora, acaba por tornar a produção textual rica. Sendo tão centrada em si e em suas necessidades seria impossível ela ver qualidades no espaço em que está já que ele é diferente de suas ambições.
A escolha da narração para a primeira pessoa cria a sensação de falta de realidade aos fatos justamente porque o narrador-personagem só pode ocupar um espaço, diferente da narração em terceira pessoa que pode usar o recurso da onisciência. entretanto aqui, como o texto não está realmente contando o fim do mundo e sim os sentimentos da mulher, todo o contexto externo é apenas pano de fundo para a história do casal em crise. Perfeito.
Parabéns!
Ambientação: De 0 a 100 em 1 segundo. O conto nos realoja em uma nova realidade com uma grandiosa velocidade, esta parte realizada de forma magistral.
Enredo: Uma bomba nuclear e poucas explicações. Até porque nada justificaria uma bomba nuclear, não é mesmo? Parece ter faltado algo no final, precisamos saber o que aconteceu! É um dos melhores contos do certame mesmo assim.
Escrita: Perfeito, e a execução da machadada foi 10/10.
Considerações gerais: Nada mais a declarar.
Ambientação: gostei da escrita sobre o mundo reduzido aos arredores da cidade, mostra que o fim do mundo não distingue esta ou aquela região.
Enredo: interessante, o contraponto do psicológico com as ações são marcantes.
Escrita: gostei das frases curtas e bem acabadas, o ritmo utilizado é de pensamentos em torno de um presságio.
Considerações gerais: gosto de histórias curtas e ritmadas, o inicio é que mais gosto porque mostra que há uma história antes do acontecimento.
Ambientação:
O(a) autor(a) privilegia a descrição psicológica, dando apenas as referências necessárias para que o leitor se situe. A estrutura da narrativa é em arco, usando a repetição para reforçar esse mesmo arco.
Enredo:
O conto narra a história de uma mulher que está farta dos excessos do marido, obcecado com a guerra nuclear. No final, ela é obrigada a dar razão e ele tem um fim inesperado e injusto. Bem vistas as coisas, o principal do conto é mostrar que o amor aparece das atitudes mais inesperadas. Se ela não duvidasse dele, estariam os dois confortáveis num bunker. O conto apresenta dois ganchos narrativos (e não um único, como é comum nos contos bem escritos). o primeiro gancho ocorre quando a mulher destrói o rádio, quando esperávamos que tentasse matar o marido. O segundo gancho ocorre no final, quando ela tem de se salvar no bunker que era a razão das divergências deles. Tudo é feito de forma a manter o leitor na expectativa.
Escrita:
Não vi problemas na linguagem, que é simples e correcta.
Considerações gerais:
Conto com final inesperado, que prende o leitor e provoca uma reflexão: quantas vezes optamos por não ouvir o que os outros dizem. Por mais inusitado que seja, podem ter razão.
Ambientação: Um lugar remoto, distante e tranquilo. Gosto do espaço descrito e da forma da descrição.
Enredo: Muito bom. A eminência da guerra em detrimento da tranquilidade rural. Gostei dos direcionamentos da narrativa e do desfecho.
Escrita: Dentro dos padrões. Tem fluência e atenção às construções frasais.
Considerações finais: O texto tem qualidades. Particularmente gosto de histórias mais curtas o que e o caso.
Ambientação: Uma fazenda antiga e afastada de tudo é um ambiente muito bom para se ver o fim do mundo com mais chances de sobreviver. Um horizonte limpo em que se vê apenas o sol e a cidade minúscula ao longe dá muito corpo ao conto. A ideia não é nova, mas me empolguei. Não me empolgo só com novidades.
Enredo: Muito envolvente. A história de um casal que vive em função da espera de uma guerra nuclear causa muita expectativa. Entendemos o ambiente de loucura que domina os dias em que passam treinando para encarar o fatídico dia. E quando ele vem, eles não estão preparados! Quem está?
Escrita: Muito boa, fluente e caprichosa.
Considerações finais: A história é curta, mas é completa. Não senti falta de complemento nenhum, apenas queria ler mais. Não para entender a trama, mas para mergulhar nela e apreciá-la. Conto gostoso de ler!
Ambientação: A ambientação na fazenda é boa. E a descrição da explosão e suas consequências beira o fantástico (tudo bem próximo das descrições reais dos eventos em Hiroshima e Nagasaki).
Enredo: A parte da descrição da paranoia do marido é excelente (a realidade, sobretudo a americana, é prolixa de casos como esse). Também é fantástica a descrição da explosão e seus efeitos (achei muito realista e competente).
Porém, em dois momentos odiei o enredo. O primeiro foi a parte do romance, que, pra mim, beirou, principalmente no desfecho, o piegas. Porém, eu poderia ignorar esse ponto. No entanto, houve um segundo momento em que sofri um ódio desmedido pelo enredo: quando os receios do homem se concretizaram, quando o ataque nuclear realmente ocorreu. Pra mim, ficou parecendo uma solução fácil, conveniente.
O autor realizou dois grandes acertos: 1. descrever com excelência a paranoia do homem e 2. descrever com excelências as consequências de uma explosão nuclear, mas estragou tudo adotando uma solução fácil: o evento paranoicamente temido se concretizou, matando o paranoico e, ao mesmo tempo, provando que ele estava certo e, mais, dando uma “lição de moral” na companheira que o ignorou, que duvidou dele: agora, ela terá de suportar o fardo das consequências de sua descrença.
Enfim, o autor perdeu a oportunidade de escrever um grande conto sobre um tipo muito específico de paranoia (esse tipo de paranoia já foi muito bem explorada no filme “O abrigo”). E perdeu também a oportunidade de escrever um conto sobre as consequências dramáticas das explosões nucleares, quem sabe ambientando seu conto em Hiroshima ou Nagasaki (nesse conto, poderia falar do drama dos sobreviventes de uma maneira séria, respeitosa e comovente e, não, adotando uma solução fácil para “dar uma lição” numa personagem descrente e, até certo ponto, bitolada, já que suportou por tanto tempo as agruras de um relacionamento desequilibrado).
Quase ia me esquecendo: houve outro momento em que o autor se revelou magistral (além da descrição da paranoia e dos efeitos da bomba atômica) – foi na cena da machadada. Esse cena foi bastante aterrorizante. Repleta de suspense mesmo. Fui enganado. Pensei que o conto descambaria para o terror. Pensei que a machadada seria no homem.
Escrita: A escrita é boa. Não me deparei com erros reprováveis.
Considerações gerais: É um conto nota 9,8.
AMBIENTAÇÃO
Competente, ainda que não seja precisa. A história se passa em uma fazenda afastada da cidade, com um bunker para abrigar seus moradores em uma eventual guerra nuclear. Pode ser um conflito futuro ou do passado. Não faz diferença.
ENREDO
Marido paranoico se muda com a esposa para uma fazenda afastada, com bunker, após os dois abandonarem seus empregos. O relacionamento está em crise, a esposa desconfia que o marido esteja levando a sério demais o perigo da guerra. Ela perde a paciência com a situação, o que faz o marido ir para a cidade em busca de um rádio novo. É quando ocorre a explosão. Enredo simples e desenvolvido de forma adequada.
ESCRITA
Também competente, embora com pequenas falhas (emprego de vírgulas e frases mais longas do que o recomendado em alguns momentos). O foco do autor é contar a história, o que faz de forma objetiva.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
É um texto que cumpre com o prometido, com bom ritmo. Parabéns ao autor. O desenvolvimento da narrativa, na minha opinião, não foi o melhor. Não há construção de tensão. Logo no princípio o centro da ação, que é o relacionamento do casal, é apresentado como “em crise”. Fica assim até o final. Faltou uma evolução, algo que culminasse melhor com o ataque de machado ao rádio.
[EM] Palavras ao vento (Mercador do fim do mundo)
Ambientação: Focou no medo nuclear, muito presente na época da Guerra Fria, provavelmente se passando nos EUA, onde eram comuns a aquisição de bunkers no quintal de casa. Senti mais falta do ‘fantástico’ no teu conto, houve apenas a explosão e ela foi no fim.
Enredo: Simples e eficiente. Girou entorno da paranoia e fez um final infeliz do tipo além da imaginação.
Escrita: Simples e eficiente. Não houve problemas suficientes para atrapalhar a experiência. Narrou o dilema da protagonista, que tinha razão mas se ferrou do mesmo jeito. Gostei que não enrolou demais. O conto era curto e é isso. Não é porque havia um limite de palavras no desafio, que o autor tenha que usar para explicar alguma coisa ou explorar outros personagens.
Considerações gerais: O final, com a explosão, não foi o suficiente para imergir no mundo fantástico e isso pesou contra, a favor temos a concisão, história bem contada sobre a paranoia.
Olá, Mercador.
Muito boa, a sua história! Meus comentários, abaixo.
Ambientação:
Eficiente. Sem mirabolancias, desenha muito bem o espaço físico e a sensação de solidão. Esta sensação de solidão é importante para dar voz ao sentimento descrença e impotência da narradora.
Enredo:
Enredo simples. Há rumores do fim do mundo e ele, de fato, ocorre. O ponto aqui é o relacionamento entre uma pessoa que acredita que o fim está cada vez mais próximo e outra que não crê.
Escrita:
Escrita fluida e correta, na qual é possível sentir a irritação crescente da narradora e suas dores. Muito bom!
Considerações gerais:
É uma história bem feita e bem contada. Porém, ficou uma sensação de quero mais. Dado o limite de palavras, acho que teria caído bem um pouco mais de história. Mostrar um pouco mais de John ou do que aconteceu com a narradora após a explosão.
AMBIENTAÇÃO: Fazendas isoladas, bunkers nucleares e sujeitos paranoicos. Parece uma reedição do medo sentido na Guerra Fria, quando um conflito nuclear era iminente e o “Doomsday Clock” aproximava seu ponteiro maior da meia-noite. Nesse sentido, o atrofiamento do relacionns me pareceu ser um bom ângulo para se adotar para contar essa história. O cenário ficou bem representado, embora, como já dito, puxando de uma imagem bem típica de um período, a inspiração parecendo influenciar também os personagens, o marido se chamando “John”. Chuto que a cidade deve ser uma das principais capitais dos Estados Unidos, o ano é algum da década de 60!
ENREDO: Nesse tópico vou abordar o tema e a estória. Achei que o “fim do mundo” pedido pelo certame ficou em segundo plano, enquanto que o principal mote da história é o relacionamento entre os dois personagens, fendido pela paranoia de um deles. Como bem observou um outro participante do desafio, caso seja o desejo do autor, um relacionamento pode significar o fim do mundo para uma personagem, mas não vi essa escala ser trazida para o texto e, assim, o principal que se leu foi os sentimentos de desespero e solidão se apossando da personagem na medida em que a distância entre ela e John foi aumentando. Sobre essa história, acho que tudo ocorreu de forma bem convencional. A paranoia sobrepôs o amor, a solidão enterrou a personagem e, numa perversa ironia, o fim do mundo atômico realmente ocorreu. Em certo momento imaginei que a história seria justamente sobre a esposa tentando sobreviver no bunker que por muito tempo desprezara, mas então o conto se encerrou, tangente no tema e sem personagens muito mais aprofundados do que o cenário pediu deles.
ESCRITA: Gostei bastante da escrita empregada aqui, a narração em primeira pessoa agilizando os fatos enquanto também nos apresentando aos tormentos da narradora. Um bom exemplo disso é visto nos primeiros parágrafos, em que já da primeira linha sentimos a incerteza e insegurança da narradora ao mesmo tempo em que, como numa sequência de imagens, compreendemos o que está acontecendo em sua vida. Pude visualizar bem, por exemplo, o discurso caloroso e inflamado de John de frente ao pôr do sol, enxergando na beleza do poente o brilho fatal de uma explosão atômica.
CONSIDERAÇÕES GERAIS: Acho que o cenário ficou bem representado, especialmente nos detalhes e na caracterização das personagens e do lugar em que se refugiaram. Por outro lado, acredito que teria sido bem-vinda uma expansão adentro das personagens, talvez trazendo mais dos seus passados e de quais anseios foram atropelados pela mudança para a fazendo. Por exemplo: certo, demitiram-se de seus empregos, mas qual era a relação deles com os seus respectivos trabalhos e, uma vez decididos pela fazenda, o que viam pela frente? São perguntas que, uma vez respondidas, poderiam ter enriquecido as personagens, da mesma forma que dar mais ênfase ao fim do mundo traria o texto mais para dentro do tema do certame.
Boa sorte!
Ambientação: gostei da construção do ambiente, a fazenda afastada, o rádio, o bunker, elementos clássicos de fim do mundo nuclear.
Enredo: um pouco batido, embora clássico. Imaginei que mais coisas fossem acontecer entre o casal para além do distanciamento afetivo. Talvez pudesse ter descrito mais o dia a dia na fazenda, para além das coisas relacionadas à paranoia de Jonh.
Escrita: um tanto confusa. A personagem começa dizendo que ama John, depois diz que julgava que era amor. As ações no tempo estão demarcadas de uma forma um pouco bagunçada, tornando um pouco difícil entender em que momento do tempo a história está. Também há alguma repetição de palavras em certas passagens. Achei que a ação, concentrada no final, teve um ritmo bom, embora a conclusão tenha ficado um tanto aberta. John estava na fazenda de volta? Ou estava ainda na cidade/voltando da cidade?
Considerações gerais: acho que a ideia é muito boa, mas poderia ter sido melhor explorada. Reorganizando algumas passagens, por exemplo, o ritmo do conto ficaria melhor. E acho que poderia ter tido mais acontecimentos inesperados/marcantes, a machadada foi interessante mas se resolveu de uma forma meio frustrante.
Ambientação: Ambiente isolado, eficaz para aumentar a tensão do casal , auxilia no desenvolvimento da narrativa. Você não se demorou nas descrições. Colocou os personagens no cenário e pronto, o que para mim nesse caso, foi ilum ponto positivo.
Enredo: Enredo simples, cujo desdobrar, quando ocorre, não surpreende. Fiquei pensando em como essa relação se deteriorou ao longo do tempo, mas como a narrativa já se inicia com a personagem cansada da companhia de John, o desfecho do arco dos dois não teve tanto impacto. O final é belíssimo! Tivesse desenvolvido melhor a relação/tensão entre os personagens, ele seria muito bem aproveitado.
Escrita: Direta, sem poeticidade ou volteios. A personagem conta o que viu e sofreu. Há alguns lugares comuns, como “Numa manhã ensolarada de domingo”, além de um erro de revisão em “torrente de furiosa de fumaça quente”. O ponto positivo é que não há confusões no seu conto.
Considerações gerais: No geral, gostei, apesar dos lugares comuns, está bem escrito e o final é excelente!
Parabéns e Boa sorte!
Ambientação: Boa, descreveu bem o lugar sem gastar mais linhas do que o necessário
Enredo: Gostei, não tem muita ação mas tudo bem, é um estilo mais realista eu gosto da trama psicológica
Escrita: Fluida e clara, parágrafos bem divididos
Considerações gerais: Eu gostei do texto, só fiquei confusa na hora da explosão que não consegui identificar muito bem para onde ia a bomba e aonde estava as personagens. Pareceu que as duas personagens foram atingidas pela bomba mas elas estavam em lugares distintos.
Ambientação: Gostei muito, acho que você descreveu o ambiente na medida certa, com linhas suficientes pra gente entender o que está acontecendo mas sem perder muito tempo
Enredo: É um enredo mais psicológico do que de ação, e não tem nada de errado nisso, eu gosto, são duas vidas comuns no fim do mundo.
Escrita: Muito bem feita, fluida e clara
Considerações gerais: O texto é bem bom, só tenho uma coisa a comentar, na parte da bomba, não ficou claro pra mim a posição da personagem no ambiente, ela não tinha saído? Onde foi que a bomba atingiu, na cidade ou na fazenda? Ela desmaiou com a explosão mas quem morreu foi o companheiro que estava em um lugar distinto, não? A história é legal, mas essa parte ficou um pouco confusa.
Ambientação: A ambientação está boa. As imagens estão legais e bem construída. O único problema é que uma explosão nuclear é mais rápida do que o descrito… Não daria tempo dela ir e voltar como imaginou.
Enredo: Tranquilo, bem desenvolvido o único problema é que a personagem principal poderia ter ido embora muito antes… Pense! Qualquer pessoa em situação normal teria desaparecido meses antes dela. E não há nada na história que indique que ela tinha alguma dependência emocional dele.
Escrita: Tá muito bem escritinho.
Considerações gerais: É um conto 7,5/10. Só tem os dois problemas que descrevi.
Ambientação: achei meio chato de início toda a explicação sobre o relacionamento do casal, e no final a garota dizendo que amava John pra fim foi meio estranho e talvez desperado, mas pode fazer sentido pelo fato de ela estar à beira da morte.
Enredo: gostei de como foi construída a trama, mesmo que meio devagar. Porém um ponto que pra mim foi ruim, foi quando a garota simplesmente ataca o amado por raiva. Como ela mesmo disse, ele deixaria ela sair quando quisesse, então ela não precisava tentar atacá-lo.
Escrita: achei bem fluida.
Consideração gerais: Achei bem mais pontos positivos do que negativos e a fluidez da escrita contribuiu muito para isso.
Ambientação= Conto de acordo com o tema. Boas descrições, imagens visuais perfeitas.
Enredo= O enredo não é nada espetacular, original, mas gostei da trama, do suspense que cresce e se intensifica no final contundente, apesar de comum.
Escrita= Também gostei da escrita simples, sem grandes ornamentos mas claras, precisas e objetivas.
Considerações gerais= Acho que houve uma falha na narração, quando a protagonista/narradora, se refere ao seu sentimento pelo companheiro- “…era um forte sentimento que eu achava que era amor”. Logo adiante ela diz; “Eu com certeza o amava”. Não sei, acho que primeiro ela tinha dúvida e depois ficou com certeza. Deve ser isso. No mais é um bom conto, embora não tenha me surpreendido com o final.
Ambientação : foi um pouco parado para um fim do mundo, não ouve lá grande desenvolvimento, estava esperando mais impacto é fim do mundo, sendo assim deveria haver aquela correria do fim do mundo.
Erendo: foi calmo e suave, se calhar pelo número de páginas, ouve pouca acção e muita imaginação.
Escrita : não notei nenhum problema foi bem elaborado
Considerações gerais : gostei da narração, porém esperava por acção que não houve, as crises que ocorrem no final do mundo a luta pela sobrevivência, tirado isso gostei.