[A1]
De manhã, Theo era o rei da praça. Ninguém ia tão alto no balanço como ele. À tarde, era a vez do Seu Joaquim. Bom de raciocínio, ele vencia todos os torneios de Damas. De noite, a praça tinha sua rainha: Verônica, a garota que todos queríamos beijar. Quando ela pegou herpes, o cargo ficou vago.
[B4]
Nas noites de clubes lotados, o saxofonista ocupava aquela esquina. Seus solos se sobrepunham ao ruído desrespeitoso dos jovens. Canções românticas, maravilhosas. Eu ouvia com atenção, às vezes me emocionava. E desejava ter dinheiro, muito, para dizer ao saxofonista: toma, paga um programa comigo!
[C1]
Ele estava na arquibancada atrás do gol quando a bola estufou a rede. Na explosão que se seguiu, deixou de ser um indivíduo. Tornou-se euforia. Foi cercado por gritos, abraços suados e lágrimas. É campeão, porra!
Já faz 10 anos. Ainda espremido, agora no metrô, sorriu para seus botões.
[D4]
Ela era uma nota 8, no máximo. Mas chegou em mim, no meio da festa: eu quero você. Eu lá vou negar fogo? Agora, respondi. Fomos para a casa dela. De repente, a mulher virou um vulcão, com aqueles cabelos vermelhos. E, janela aberta, com a lua de testemunha, ela fez o que queria: me possuiu.
[E4]
Os jornais anunciaram o eclipse. Na escola, a professora de ciências explicou o fenômeno. Estávamos empolgados, o dia viraria noite! Rimos do voo confuso dos pássaros, dos cachorros se recolhendo. E quando as trevas tomaram o dia, vibramos. Ingênuos. Nos meus sonhos, ainda vejo o brilho do sol.
Olá Microautor,
Pseudônimo condizente com a excelente habilidade de desenvolver bem as narrativas em curto espaço, ambiente bem o leitor e suas subversões som sutis, o que não gera tanto impacto ao final da leitura, mas não deixam de ser competentes e confiantes. Há experiência aqui, mas senti falta de finais mais marcantes, saldo bem mais positivo que negativo.
Meu preferido, B4. Consigo me colocar do outro lado da calçada e assistir a cena construída. Rua movimentada, jovens no meio dela e várias vidas se tocando, se cruzando e seguindo como se nada fosse.
Parabéns pela coleção e boa sorte!
Olá, Microautor. Gostei dos seus micros, nada que me arrebatasse, mas foi uma leitura agradável e em minha percepção um é bem diferente do outro na carga emocional. Gostei mais de A1 e B4.
Olá, caro autor.
Para minha avaliação, utilizarei dois critérios principais: se o microtexto é uma HISTÓRIA e o IMPACTO que ela provocou.
Bons contos, leves, com inversões sutis e eficientes, na sua maioria.
[A1]
Um texto bem bolado, inteligente e com efeito muito bacana. Pena que a mulher sempre sobra nessas conversas. Mas é a realidade da vida, fazer o quê…
[B4]
Jogada maravilhosa no final da história. Bem surpreendente e leve ao mesmo tempo.
[C1]
Gostoso de ler. A paixão momentânea pelo momento do gol com efeito nostálgico no conto.
[D4]
Fico numa dúvida boa se o vulcão foi literal ou não. Acho que foi proposital. Ficou bom de ler.
[E4]
Um texto de FC, distópico, com ares de conto infantil. Bem bonito. Ótima inversão.
Parabéns.
Olá,
Seus contos são muito bons. Tem um quê de crônica e de realismo, na maioria deles quase trazendo um retrato da realidade e de suas malícias. Isso só é quebrado no último, que traz uma espécie de fantasia, mas que não chega a quebrar violentamente a coerência temática da coleção, e é um bom conto. Pra mim está entre os melhores.
Boa sorte!
Oiiii. Abaixo falarei um pouco mais detalhadamente de cada texto:
(A1)
Um microconto sobre a rotina de uma praça durante a manhã, tarde e noite. Também nos é apresentados os reis e a antiga rainha da praça.
(B4)
Uma garota de programa que se emociona com as músicas de um saxofonista de rua e que desejava ter mais dinheiro para estreitar o relacionamento entre eles digamos assim.
(C1)
Um microconto sobre a euforia que se seguiu ao gol e sobre como o momento continuou vivo na memória mesmo depois de anos.
(D4)
Um microconto sobre um encontro que ocorre no meio de uma festa.
(E4)
Esse foi um dos que mais gostei, principalmente devido ao final que nos faz imaginar um cenário assustador e pòs apocalíptico em que o Sol não brilha mais.
Parabéns pelos textos e boa sorte no desafio!
Olá, Microautor.
A sua escrita é competente e imaginativa. No geral, casou bem os micros com os estímulos escolhidos. A1 tem um toque de humor, B4, algo de nostálgico, tal como o seguinte, C1; D4 relata um homem enfeitiçado e, por fim, E4, é, para mim, o melhor de todos e em todos os aspetos.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Com esse pseudônimo imagino que seja escritor superhipergoldenmega modesto.
A1 – UAU um dos melhores contos do concurso! Este eu gostaria de ter escrito. Tem leveza, inteligência e sutilidade. Infelizmente eu não empregaria a herpes, provavelmente alguma DST e o conto perderia leveza. Você foi dez. B4 – Mandou bem de novo. C1 – Muito bom. Independe da provocação, mas ao saber da efemeridade proposta, o conto ganha mais brilho. D4 – senti falta da virada no fechamento. Final previsível. E4 doce sonhadora. Maravilha.
Micro: Aqui está bem difícil definir. A técnica varia de acordo com o conteúdo ou o estilo ainda não está definido. Tem boas sacadas.
Conto: A1 gostei da ambientação dos personagens e pude visualizar as cenas, mas achei o final bobinho. O B4 penso ser um clarinetista e não saxofonista. Não faz diferença, adorei o final. C1 delicado com linguagem forte; sói. O E4 sabe quando a gente lê um troço, acha bonito, mas não entende? É isso.
Destaque: Uhuuuuu! Fiquei até com inveja da diva. Adorei!
“[D4]
Ela era uma nota 8, no máximo. Mas chegou em mim, no meio da festa: eu quero você. Eu lá vou negar fogo? Agora, respondi. Fomos para a casa dela. De repente, a mulher virou um vulcão, com aqueles cabelos vermelhos. E, janela aberta, com a lua de testemunha, ela fez o que queria: me possuiu”.
Olá, Microautor, cá estou eu passeando pelos seu conjunto de microcontos. Uma obra interessante diante dos meus olhos. Sua escrita denota competência, bom uso do idioma e sensibilidade para abraçar o leitor. Dentre todos gostaria de lhe contar que o E4, trazendo-me o fim do mundo a partir da visão do eclipse através dos olhos do jovem ficou bem legal. Fica com o meu abraço.
Microautor… parabéns!
Gostei demais de todos os contos!
A1. a Praça como personagem e as vivências que ela abarca nas diferentes horas do dia, com seus destaques… muito bom, criativo e comum finalzinho sacana.. só pra cereja do bolo
B4.. gostei da criatividade tb, do final sacana tb, porém melancólico, como um solo de sax…
C1, muito bom.. das emoções marcantes que povoam e iluminam nossos dias para sempre.
D4.. é a foto do canalha q vc colocou pra nós, não é? filho de uma égua.. a mulher era nota 8 no maximo? uma bruxa? kkkkk entende nada de mulher, naõ merecia uma foda fodástica :p
E4.. outro com um final melancólico, desta vez defim de mundo.. oxi.. sem sol… terrível… hehe
Prezado(a) Microautor:
Não leve a mal, mas vou ter que rotular seus micros – simpáticos. Não é no mau sentido, não são todos muito agradáveis, sem ser surpreendentes. De todos, o que mais me impressionou foi o B4, pela inversão da expectativa entre a garota de programa e o saxofonista. Escrita boa, bom ritmo, mas faltou, a meu ver, uma fagulha de surpresa. Mas o conjunto já está entre os meus preferidos. Parabéns!
Uma coleção interessante em que destaco a competência com a linguagem e a habilidade narrativa. Em A1, um efeito interessante, o fecho anticlimático que frustra completamente o leitor. Em B4, o que mais me agradou na sua coleção, você brilhou: inteligente, surpreendente, perfeito. Em C1, novamente a passagem do tempo e um fecho anticlimático. É desgostoso, mas é bom. Em D4 um diálogo interessante com a imagem estímulo. Por fim, em E4, o tom nostálgico e um final de forte impacto fazem o leitor sair da leitura dos seus textos muito bem impressionado. Muito inteligente. Parabéns pelo trabalho. Sucesso. Um abraço.
[Microautor]
[A1] A coisa infantil/adolescente da pegação ficou com bacana com o bom humor.
[B4] Gostei da virada no final. As intenções não ficaram tão claras quanto pareciam e isso deixou o conto melhor.
[C1] A virada aqui foi triste e lembrou várias histórias de riqueza que terminam na sarjeta.
[D4] Bom desenvolvimento mas o final ficou apenas OK.
[E4] Inteligente mas enigmático demais. Os micros, penso eu, precisam pescar o leitor na primeira leitura.
Mais uma boa coleção de contos e para mim, se destaca o B4. Os outros, todos corretos e bem escritos, não me impactaram. Boa sorte.
Olá, microautor!
Uma coleção de micros bastante segura de si, eu diria! A leitura corre rápida e sem entraves, as ideias são claras e a escrita é muito boa, sóbria e sem firulas. Na estrutura de praticamente todos há aquele final típico dos micros, que acaba dando um outro sentido ao texto. Geralmente não gosto muito disso, porque é extremamente usado, mas aqui não me incomodou tanto. No geral, são todos muito bons. Temos o humor no conto A, trazendo um quê meio de Turma da Mônica conhece Os Skrotinhos, uma mistura muito legal.
O conto B, na minha opinião, foi o melhor de todos. O final é surpreendente (e não simplesmente uma reviravolta, como de costume) e deixou a situação, que era triste, em algo bem humorado e que realmente fisgou minha atenção. Achei genial a prostituta, em meio do seu expediente, aproveitando uma boa dose de música (ou de dor de corno, dependendo das músicas, o que seria entendível o programa no final!). Talvez um dos meus preferidos até agora. O último conto também é bom, mesclando o eclipse com o fim do mundo, mas o impacto foi médio (já que o tema era conhecido). Mas no geral, ótimos contos que demonstram uma solidez e experiência na escrita! Parabéns!
Olá caro autor ou autora.
Por mais que eu deseje escrever um imenso comentário para tentar, com muita dificuldade exprimir o quanto gostei dessa linda seleção de mini contos, vou me concentrar em resumir o sentimento que me assombrou desde o início até o fim da leitura. A expressão é tempero de Chef! É isso que sempre procuro nas minhas leituras, criações bonitas, bem estruturadas e principalmente temperadas. Parece estranho falar sobre esse conceito, mas pra mim faz todo o sentido. As vezes encontro textos irretocáveis sob vários pontos de vista, porém sem esse bendito tempero! É quase refrescante passar por essa seleção, cada um com sentimento pulsante e vida própria: A comédia “séria” e gostosa do primeiro, a porrada que foi final desenvolvido do segundo (meu segundo preferido), da realidade e nostalgia perante o avanço no inexorável do tempo no terceiro, da enganação do nada inocente protagonista e sua musa devoradora presente no quarto (uma piada que cabe aqui kkk), e finalmente a maravilha (de minha preferência absoluta) de formato apocalíptico embalada na pura poesia fatalista e também nostálgica:
“Nos meu sonhos, ainda vejo o brilho do sol”
– Fantástico.
Com certeza estará no meu top 3.
Sem mais palavras eu acabo esse comentário. (acho que me estendi um pouco, droga kkk)
Parabéns pelo trabalho e muita sorte no desafio.
O começo de A1 mostra o cotidiano na praça sob o ponto de vista infantil, para no final ser probido a menores de sei-lá-quantos-anos. Istingante. Já o B4 me deixou uma dúvida – se a mulher tivesse muito dinheiro, ela ainda faria programas? A ironia da vida.
Em todos os microcontos há uma pitadinha de ironia, uma sagacidade concisa. Muito dito em pouco escrito. Cabe ao leitor tentar alcançar a intenção do autor. ra.
Meu favorito é o E 4, achei bonito o fim do mundo descrito como um empolgante evento de eclipse.
Parabéns pela participaçao e boa sorte.
[A1]
Gostei do seu microconto, a ideia foi boa, o desenvolvimento também, Só achei que o final deixou a desejar. Houve um declínio.
[B4]
Neste, diferentemente do anterior, o ponto alto foi o final, muito bom.
[C1]
Conseguiu contar uma bela história aqui. Gostei da quebra do presente para o passado.
“sorriu para seus botões” – muito bom.
[D4]
O micro vai se desenvolvendo bem, como alguém contando um caso, o que capturou a minha atenção. O final foi um pouco óbvio demais, aquém do que eu esperava.
[E4]
Este ficou bastante enigmático, precisei ler algumas vezes para entrar no clima. Quando entendi, gostei bastante da ideia, mas prefiro quando a mensagem é inteligente, mas sem ser tão confusa e enigmática. Quando impacta logo primeira leitura.
Fala, Microautor! Saudades de uma festa, né?
Gosto muito do tema boêmio. É atraente, para mim. Já tive minha fase, talvez retorne, depois da pandemia, então alguns micros tocaram fundo em lembranças. Bateu uma saudade, não chegou a ser uma nostalgia, mas é sempre bom sentir uma boa saudade, não acha?
Meu micro favorito é B4. Ele toca fundo na humanidade, da nossa essência, e tudo isso num clima que adoro. Imagino o músico solitário na noite da perdição, iluminando algumas almas, àquelas dispostas a escutá-lo. Gosto dessa ideia.
Parabéns pelo ótimo trabalho!
Olá, Microautor. Sua foto lembra um carinha que vi por aí, um certo Kerouac. Mas, falando sério. Vamos aos seus contos.
[A1] traz a rotina cotidiana de uma praça. O final, quase abrupto, traz o desfecho de um dia que inicia com a alegria da primeira figura régia que transita pela praça e termina com o ostracismo da rainha, que é destronada por sua própria popularidade.
[B4] traz a cena noturna, um desejo insólito, as figuras marginais do músico da rua e do vendedor de prazer são os pontos fortes deste texto que dá valor aos sentimentos de dois seres geralmente invisíveis. Conto com subtema bem construído.
[C1] é estruturado a partir da memória, mas aí está o bonito do texto, porque o leitor só sabe do valor mnemônico quando percebe que o atleta na verdade é um passageiro do metrô que conversa consigo durante a viagem desconfortável.
[D4] é uma amostra de quando o ser deprecia o outro pela embalagem e é destruído pelo conteúdo. Não nega fogo? E quem foi consumido? O conto começa com o comando do garanhão avaliando a jovem que lhe aborda e certo que será o protagonista acaba sendo coadjuvante.
[E4] é o apocalipse anunciado como eclipse. A expectativa da experiência, estudada à luz da ciência, acaba por se mostrar um equívoco sem volta, o mundo do narrador faz-se trevas. É um dos melhores aproveitamentos do tema do Raul. Gostei muito.
Sucesso no Desafio.
MICROCONTOS 2021 – MICROAUTOR
A1: Muito boa ideia e execução. Gostei da simplicidade e da veracidade transmitidas.
B4: Um belo e ambíguo microconto, permitindo interpretações variadas, mas teria gostado um pouco mais de criação de tensão.
C1: Conto sobre um rapaz louco por futebol mesmo. Me deixou um pouco dividido, mas decidi que gostei também.
D4: Interpretação inesperada da imagem, mas bem executado e ilustrado.
E4: Microconto lindo e expressivo, o destaque na coleção, ainda mais que eu já esperava mais um conto com referências a futebol e sexo.
Parabéns pelo bom trabalho e boa sorte no desafio!
Acho que são muito bem escritos os contos. Gosto muito do primeiro, o B4, pelo resultado bem humorado. O D4 também tem um final surpreendente, e isso me agrada. Enfim faz um bom trabalho, considerando todos os contos. Boa sorte pra você!
Microautor, aplaudi teus microcontos.
Sabe a que veio. Que poder de narrativa, a envolver o leitor na tua história.
A1 é realmente muito, muito bom. A ideia de dar protagonismo à praça foi fora da caixa.
Dos melhores que li até agora.Parabéns e boa sorte.
Caro(a) autor(a),
Bem escritos, coerentes, com uma estrutura clara. Concisos. Destaco o A1, com leve toque irônico. Os outros também chama à atenção pela realidade que imprimem. Gostei.
Boa sorte no desafio.
[A1] No primeiro conto a protagonista parecer ser a praça. Interessante, mas não constrói de fato uma narrativa. A piadinha no final é funcional. Um micro correto.
[B4] Esse achei muito bom. Apresenta um enredo e tem um final surpreendente. Usa bem o estímulo. Um dos meus favoritos dessa coleção.
[C1] Não gostei tanto desse. Tem um cenário bem engendrado, um arco que se fecha. Mas não me gerou nenhum impacto.
[D4] Meu outro favorito. Constrói muito bem a narrativa e faz uma abordagem diferente da imagem inspiradora.
[E4] A reviravolta no fim não ficou clara pra mim. O enredo é bem desenvolvido, mas o final por demais aberto roubou o impacto do micro.
O que me chamou a atenção aqui foi que o autor tem habilidade para construir histórias e ambientações num espaço tão exíguo. Aos meus olhos, apenas dois realmente se destacaram, mas todos são competentes. A escrita também é segura. O salto final é positivo.
Boa sorte no desafio.
Abraço.
Você foi muito feliz nas escolhas de imagens, das descrições… na tensão. Realmente, cada micro me veio à mente como aquelas cenas de filmes que arrancam sorrisos e fazem lamentar pelos atos-falhos da condição humana. E os textos estão muito bem escritos.
Preferido? “Ele estava na arquibancada atrás do gol quando a bola estufou a rede. Na explosão que se seguiu, deixou de ser um indivíduo. Tornou-se euforia. Foi cercado por gritos, abraços suados e lágrimas. É campeão, porra!
Já faz 10 anos. Ainda espremido, agora no metrô, sorriu para seus botões.” – Por quê? Fui atingida em cheio. É a pandemia. Dois (talvez mais) quilinhos na balança.
Parabéns, boa sorte e um abraço! Lugar garantido na minha lista.
Olá, Microautor,
Seus microcontos são bem sólidos, coesos. Você opta por construir narrativas relativamente complexas, dentro do limite de possibilidades dos 300 caracteres. Gosto disso. Acho interessante que, mesmo que as histórias não conversem diretamente entre si, há um fio autoral que liga seus textos. Um universo cotidiano literário.
A1 – a praça é a personagem da história. Espaço de tantas vivências. Podemos visualizar facilmente o que é narrado: a brincadeira das crianças, o passatempo dos aposentados, os adolescentes enamorados.
B4 – não sei se a foto o instrumento na foto é um clarinete ou um sax soprano. Em todo caso, muito bom você ter optado pelo segundo, instrumento que transmite maior sensualidade. A personagem/ narradora, que condiciona o amor à mercadoria, causa um grande impacto.
C1 – ótima apropriação da frase. Importou a reflexão para um contexto que conheço bem – meu time não é campeão há quase dez anos, sei bem o que é lembrar de triunfos só no passado.
D4 – boa narrativa, linguagem bem adequada. Verbos “querer” e “possuir” deixam o final em aberto. Ótima apropriação da ilustração.
E4 – final também em aberto. E bem sombrio. Clássico microconto com impacto.
Boa sorte, Microautor. Você fez um ótimo trabalho nesses textos!
A 1- A vida na praça. Texto com final contundente.
B 4- Não entendi muito bem o porquê pagar. Às vezes a percepção do leitor não consegue alcançar o raciocínio do autor. Aconteceu comigo agora.
C1- Torcedor fanático que não esquece um gol. Algumas coisas boas ficam na memória pra sempre. Micro conto nostálgico.
D 4- Ela era uma bruxa e nem todas são velhas com berruga no nariz.
E 4- Gostei bastante desse fim do mundo apocalíptico.
No geral foram bons contos.
Oi Microautor.
Excelentes micros, todos! Expressivos, claros, vibrantes, E eles trazem um sentimento nostálgico e , ao mesmo tempo, cru. Tudo parece muito verdadeiro, real, cotidiano.
Meus favoritos são B4 e C1.
Parabéns e boa sorte!
Olá, Microautor!
Gostei muito do seu trabalho. Todos os textos são bons. É engraçado o modo irônico como vc inseriu o sexo em alguns, e os dois primeiros parecem se conectar ao se imaginar que tudo transcorre na mesma praça. Enfim, no primeiro, embora haja vários personagens o importante mesmo é a praça, que ganha vida própria com a presença (ou ausência, rsrsrs) dessas pessoas. No segundo conto [B4] a sofisticação que a música e o artista possui se choca (por falta de palavra que melhor se encaixe devido ao meu curto vocabulário) com o desejo carnal da pessoa que o admira na surdina. Eu simplesmente não sei ao certo comentar esse texto, só sinto que é bom. Já o [C1] com a ascensão e queda consegue despertar esse sentimento de enlevo para depois chamar para a realidade, para a vida comum sem fama tendo que ralar para ganhar seu pão. Já o que foi inspirado pela bruxa foi o que até agora teve representatividade mais diferente no certame. Muitos contos baseados na ilustração lá são bobinhos, mas esse seu é ótimo, diferente e, de fato, o que seria do sexo sem a conquista, vontades, o lance de possessão e tals?Parabéns mesmo! No fim vc fecha os textos nos colocando no fim do mundo onde observamos com saudades a vida pelos olhos do narrador.
Foda que quando gosto das coisas eu só elogio. Então acho melhor parar por aqui.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Microcontos 2021 – Microautor
[A1] – Palavra: PRAÇA
A praça era o ambiente para tantas peripécias da vida. O ambiente servia a cada um conforme o gosto do freguês. Acho que não captei o cargo vazio, ao final. Abrupto.
[B4] – Fotografia: CLARINETISTA
Um texto com final surpreendente. Daqueles que trazem o pé na cabeça. Inicia na poesia, envolve o leitor, e a oferta da prostituta é o ápice. Genial!
[C1] – “Há coisas que são preciosas por não durarem.”
É. Muitas vezes, deixamos de ser indivíduo, passamos a ser massa. Massa alegre ou massa triste, depende do contexto. E nem tudo é muito fugaz. Geralmente a efemeridade fica com a alegria, mas ainda bem que temos a memória. Essa danada nos traz sorriso que ninguém mais compreende. Precioso.
[D4] – Ilustração da bruxa e da lua
Que maldade! Você a comparou a uma nota 8 (meio bruxa?), e, mesmo assim, não resistiu aos “encantos”. Espero que ela tenha tido mais satisfação que você. Brincadeirinha… Sim, é um texto com um cadiquinho de deboche, mas valeu. “Estando bom para ambas as partes”, quem sou eu para não aprovar! Mordaz ou sagaz?!
[E4] – O dia em que a terra parou (Raul Seixas)
Que bonito! Um sonho ou uma volta ao tempo de criança. Texto poético, traz alguma coisa de nostalgia. Bem escrito, ritmo adorável. Doçura.
Parabéns, Microautor!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
ola Micro, gostei de todos seus contos, irônicos, divertidos, leves e bem escritos. como sempre costumo apontar os que mais gostei, fica até difícil… B4, D4, E4. parabéns, boa sorte.
Auto teor nostálgico, escrita bem despojada, mas bastante precisa. Todos os micros tem 4 linhas e até graficamente são confortáveis aos olhos. Muito bom, gostei de tudo, acho, ainda que não tenham reviravoltas, jogos de palavras, são relatos sinceros de humanos falhos, como todos nós, talvez por isso a identificação.
Veja só, a influência foi tão grande que até meu comentário acima deu 4 linhas!
Bom demais!
Destaque:
“Ele estava na arquibancada atrás do gol quando a bola estufou a rede. Na explosão que se seguiu, deixou de ser um indivíduo. Tornou-se euforia. Foi cercado por gritos, abraços suados e lágrimas. É campeão, porra!
Já faz 10 anos. Ainda espremido, agora no metrô, sorriu para seus botões.”
Com disse, me identifiquei em vários sentidos com teus textos, talvez neste especificamente a ligação tenha sido direta. Que saudade de virar euforia, a alegria suprema de um gol, do time campeão, tão poderosa quanto a frustração da perda. Pior que ambos, só o dia à dia terrível a nos castigar.
Parabéns, boa sorte e um abraço para esse micro autor de texto gigante!