EntreContos

Detox Literário.

Microcontos 2021 – Beija-Flor (Jürgen Bohn)

[A2]

“Eu tenho que sair dessa merda. Vejo só uma última chance. Agora ou nunca. Foda-se toda essa disciplina e as regras do capitão. Ou eu tento agora ou nunca mais.” Com um forte empurrão nos pedais ele se afastou do pelotão de ciclistas e não desistiu da liderança até a linha de chegada.

[A4]

“O senhor tem algo a declarar?”, perguntou-lhe o funcionário da alfândega.

“Nada que pertença a este mundo.”

[B1]

Para ela, a vida parecia um lugar de calor absoluto, sensações sutis, sons suaves, vozes agradáveis e delicadas. Um verdadeiro paraíso. Até que a bolha estourou, as águas se romperam e as luzes brilhantes e frias da sala de parto a receberam como presságios do inferno.

[B4]

O mundo estava a seus pés. Cartazes de suas atuações em todas as cidades. Salas de concertos cheias de pessoas encantadas por sua música. O rosnado de seu estômago o tirou bruscamente de seus devaneios. Agarrou seu violino e as poucas esmolas do chão, e se dirigiu para a próxima loja de bebidas.

[C1]

O vento batia em seu rosto. Adrenalina e endorfinas percorriam suas veias. Finalmente livre. Tanta felicidade. Se ao menos pudesse durar para sempre. As janelas passaram a uma velocidade vertiginosa. Até que bateu no chão e o esplendor do momento chegou a um fim abrupto, salpicado de vermelho.

[C2]

“Só se vê bem com o coração”, lamenta a alma.

“Pena que ele não tenha olhos”, responde a cabeça, e segue tropeçando.

[D3]

Ela tremia, quase em pânico. Sentia-se perdida, com um peso enorme no peito que quase a impedia de respirar. Sua mãe, com olhos cheios de compaixão, disse: “Filha, sei que o mundo lá fora parece assustador, mas tenho certeza de que você se sairá muito bem em sua nova escola”.

[E2]

Ela ansiava por atenção.

Procurava nos lugares mais clandestinos,

inquieta, sempre virando a próxima esquina.

Até tropeçar no chão, e, no poço da sua própria alma,

viu o monstro de feridas do passado

do qual tentava escapar.

Nenhum falso príncipe de formato mínimo

o poderia jamais decapitar.

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34 comentários em “Microcontos 2021 – Beija-Flor (Jürgen Bohn)

  1. Ana Carolina Machado
    10 de abril de 2021

    Oiiii. Abaixo falarei um pouco mais detalhadamente de cada texto:
    (A2)
    Um microconto sobre um ciclista que saiu do meio do pelotão visando alcançar a linha de chegada. Em um primeiro momento pensamos que se tratava de um soldado querendo se afastar das ordens do capitão.

    (A4)
    Um microconto profundo sobre uma pessoa que estava nesse mundo, mas a alma dela já parecia está no outro e isso é visto em suas palavras.

    (B1)
    Um microconto que narra o nascimento de um bebê de uma forma diferente, como se fosse do ponto de vista da criança.

    (B4)
    Um microconto melancólico que pode ser entendido de duas formas. Na primeira hipótese se trata de um músico antes famoso que acabou na rua por causa do vício em bebidas e da segunda se trata de uma pessoa em situação de rua sonhando com uma realidade em que ele é famoso. Ambas as hipóteses são tristes.

    (C1)
    Um microconto chocante sobre as sensações que uma pessoa que se jogou sente antes de atingir o chão.

    (C2)
    Um microconto que reflete sobre as formas de ver o mundo.

    (D3)
    Um microconto sensível sobre uma menina com medo de sua nova escola e as palavras de conforto da sua mãe. As sensações geradas pela ansiedade da menina foram bem narradas.

    (E2)
    Um microconto em forma de versos que fala de uma pessoa que tem que enfrentar o monstro das feridas do passado, pois como diz não é função do príncipe derrotar esse monstro mas da própria pessoa que precisa se perdoar.

    Parabéns pelos textos e boa sorte no desafio.

  2. Elisa Ribeiro
    10 de abril de 2021

    Gostei muito da sua coleção, li com interesse todos os seus textos. Gostei muito de B1, metáfora muito inspirada. C1 também me surpreendeu positivamente. D3 também ficou adorável. Um bom conjunto que se destaca pela inteligência e habilidade do autor. Parabéns pelo trabalho. Um abraço.

  3. Ana Martorelli
    10 de abril de 2021

    Olá Beija-Flor!

    Contos bacanas os seus, gosto da subversão do sentido de pelotão em A2, A4 é espirituoso, gosto também. B1 também busca sair do óbvio quando coloca a bolha como a bolsa por romper, não concordo com “os presságios do inferno”, haha’ mas cada um, cada um, não impacta na avaliação do conto, é só uma curiosidade sobre minha opinião. Os outros bacanas também, mas não chamaram tanto minha atenção. E2 talvez tenha saído um pouco da ideia de micro já que parece um poema. De todo modo, parabéns pelos textos.

    Boa sorte!!!

  4. Luciana Merley
    10 de abril de 2021

    Olá, caro autor.

    Para minha avaliação, utilizarei dois critérios principais: se o microtexto é uma HISTÓRIA e o IMPACTO que ela provocou.

    Uma coletãnea bastante heterogênea, com alguns textos muito bons, belos e bem construídos. Pata outros, fiz algumas considerações, caso deseje re-olhar.

    [A2]
    Uma história bem contada, atendendo ao estímulo, mas, o desfecho me decepcionou bastante. Não consegui enxergar um enredo tão interessante.

    [A4]
    Ótimo. O “nada a declarar” utilizando os dois sentidos do termo e finalizando com a interpretação da declaração de bens de outro mundo. Um absurdo tratado literariamente muito bem.

    [B1]
    Uma excelente sacada para a bolha enquanto um útero. Adorei. Acho que “quase um paraíso” sobrou no texto.

    B4
    Um bom texto, com um enredo triste, mas realista. Você deixou a romantização da miséria de lado e isso, às vezes, faz bem.

    [C1]
    Nesse texto, você utiliza todo o espaço permitido, mas não esclarece quem é seu personagem. De onde ele veio? Do céu? (“caiu no chão, bateu no chão” parece ter vindo de cima) ou estava em um carro? Livre? De que exatamente? Parece estranho, mas dá para responder tudo isso em um pequeno espaço sem deixar o leitor no ar.

    [C2]
    Utilização inteligente. Boa sacada para a frase tão conhecida.

    [D3]
    Muito bonito o uso que você fez do estímulo, de MUNDO enquanto a nova fase de uma criança, que sabemos bem, é assustador para elas e para nós também.

    [E2]
    Me pareceu mais uma bela poesia do que propriamente um conto. Não percebi enredo suficiente aí no texto, mas um bonito texto.

    Parabéns.

  5. Amana
    10 de abril de 2021

    Olá! Gostei da leitura que fiz dos seus micros. Meus preferidos foram A2 e B1, pela surpresa que me causaram, o que você certamente tencionava conseguir. Também gostei muito de A4, tão curto e encerrando tanta filosofia em si. E2 chega a ser um poema de versos livres, o que acredito subverter um pouco em relação a este ser um concurso de micros, porém há um enredo nele. Enfim, parabéns!

  6. Felipe Lomar
    9 de abril de 2021

    Olá,
    Você escreve muito bem! seus contos ficaram ótimos.Tem um jeito meio poético, e traz reflexões muito profundas e reais. Alguns, como o A2 e o B1 trouxeram ótimos finais inesperados e surpreendentes.
    Boa Sorte.

  7. Ana Maria Monteiro
    9 de abril de 2021

    Olá, Beija-Flor.

    No geral, gostei da sua escrita e da sua originalidade. A2, não sendo um grande micro, teve o mérito de sair do pelotão de fuzilamento e levá-lo para o ciclismo; A4, não é propriamente um micro, mas está muito bem visto; B1, está muito bom com o paralelismo entre os bolas de sabão e essa bolha de conforto e a placenta na barriga da mãe, antes do despertar para a vida com tudo o que nela vamos encontrar; B4 é profunda e tristemente realista, muito bom; C1, não apreciei; C2 está muito bom, embora excessivamente racional; D3 é um micro e tem história, mas funciona mais como legenda imaginativa de uma imagem do que como conto; E2 é bem forte, ainda que suavizado por uma boa escolha de palavras, este último e B1 foram os meus favoritos.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

  8. Catarina Cunha
    9 de abril de 2021

    Micro: Uma escrita sensível de quem domina a técnica da emoção rápida.

    Conto: B4 violino? Eu poderia jurar que era um clarinete. Ótimo. O C2 eu só teria entendido se fosse “ela” (a alma) e não “ele”. Boiei, mas gostei. O poema E4 está lindo.
    Os demais estão muito bons.

    Destaque: Este foi um pequeno diamante:
    [A4]
    “O senhor tem algo a declarar?”, perguntou-lhe o funcionário da alfândega.
    “Nada que pertença a este mundo.”

  9. Klotz
    9 de abril de 2021

    Pseudônimo singelo. Eu apostaria ser do de mocinha que ainda sonha com um príncipe encantado montado em um cavalo branco. Será?
    A2 – Gostei muito. Fugiu do clichê do pelotão de fuzilamento. Eu trocaria “desistiu” por “brigou” ou “insistiu”. A4 – Corajosa! Com poderosos fiscais da alfândega não se brinca. B1 – tem o que sempre busco em microconto: conflito e impacto! B4 – UAU! Aqui vai um dez! C1 – Não entendi que janelas passavam rapidamente quando o vento batia em seu rosto. Gostei do contraste da liberdade com o impacto final. C2 – Muito bom. Curto e engraçado. D3 – muito real. E2 – Muito bom. Rindo aqui com o “falso príncipe”. Ao tentar imaginar o autor por trás do pseudônimo me enganei na docilidade.

  10. Fernando Dias Cyrino
    8 de abril de 2021

    Olá, Beija-Flor, cá estou eu envolto em sua obra. Apresenta-me microcontos interessantes. são ricos e denotam um autor com grande domínio do idioma e facilidade no manuseio das palavras. Não tenho nada a declarar na alfândega que possa ser medido, pesado, ponderado pelas regras do mundo em que vivemos. Achei esse conto muito legal. Fica com o meu abraço de parabéns pelas suas histórias. ,

  11. cgls9
    8 de abril de 2021

    Ótima coleção de contos. Alguns, poderiam ser mais enxutos e ficariam, imagino, melhores do que já são. Entre tantas coisa boa, destaque para b4 – até no desespero de um ato extremo, vc nos trouxe lirismo. Parabéns e boa sorte.

  12. danielreis1973
    7 de abril de 2021

    Prezado(a) Beija-Flor:
    Sensibilidade à flor da pele em todos os seus contos, que trazem sempre um travo de amargura ou superação. De todos, o que menos gostei foi o A2, no qual parece que o pelotão (pela polissemia) ficou meio não-natural, e destoa dos demais. Apesar de não estar no regulamento, a integridade estilística conta bastante para agradar ao leitor, e percebo que os demais combinam entre si, o que não acontece com o primeiro. Meu preferido, pela concisão, é o C2. Sucesso no desafio!

  13. angst447
    7 de abril de 2021

    Interessante a sua coleção de microcontos. Começa com uma pegadinha bem orquestrada com outro sentido para o pelotão.
    [A4]´passa a ideia/dilema filosófico existencial – o que declarar que não seja deste mundo? Surreal.
    O E2 veio em formato de poema, narrando por versos. O[A] autor[a] não quis mesmo entediar o leitor.
    O meu favorito é [A4].
    Parabéns pela participação e boa sorte.

  14. davenirviganon
    7 de abril de 2021

    [Beija-flor]
    [A2] Uma subversão da palavra pelotão.
    [A4] Gostei da dubiedade. Seria um viajante do espaço? Uma resposta comum a regras alandegárias que permitem coisas de outro mundo e não as deste mundo? Que mundo eles estão falando/estão? Melhor da coleção.
    [B1] Um nascimento do ponto de vista de uma criança que nasceu no Brasil de Bolsonaro.
    [B4] Subversão simples da imagem de um artista de rua que queria um publico grandioso.
    [C1] Parece que alguém estava de boas, caiu e morreu espatifado em algum lugar.
    [C2] O velho conflito entre a razão e a emoção, numa alegoria básica.
    [D3] Fiquei pensando se havia algo de especial na criança que a fizesse temer tanto o primeiro dia, mas acho que cada um pode complementar com sua própria vida e isso deixa o micro excelente.
    [E2] Mais poema que conto. Não gostei deste.

  15. Anorkinda Neide
    6 de abril de 2021

    Bah! falei vários Bahs ao final de quase todos os micros 🙂
    Gostei imenso, faltou só um pouquinho pra ser meu favorito até agora dos que li.. e desconfio quem seja o autor ^^
    No A2 eu gostei da surpresa pq vc em tão pouco espaço nos levou para outro caminho q não o do ciclismo e no final.. bah! Gostei!
    A4 Bah! Bah! Bah! é a resposta que eu diria! fantástico!
    B1, maravilhoso!!! a metáfora com a criança protegida pela placenta e o trauma do nascimento, formidável.. quem pensaria nisso a partir desta imagem? fantástico!
    B4.. quase morri de dó do saxofonista… tantas pessoas com tantos sonhos e tão poucos os realizam… Bah!!
    C1.. Bah que trágico!! Que belo!! um susto, uma cacetada, caro autor, pq vc fez isto conosco? rsrs
    D3, achei o menos inspirado e vc vinha fazendo dois de cada letra, concluo q as imagens não te conectaram. O micro em si é bom, mas pouco vejo conexão com a imagem, fui lá analisar a imagem novamente.. rsrs o ambiente é pesado mesmo, mas mesmo assim, respeito pra onde foi a sua ideia a partir dela, mas não sinto o encaixe…
    E2.. Bah!! príncipe só se for O cara, né? pq fantasmas do passado realmente são dificeis de suplantar. Não vi necessidade de colocar o texto em forma de poema, pq não é um poema, acredito q seja erro de formatação? da forma q está perde um pouco o brilho.
    Parabéns pelo seu trabalho, Beija-flor!!
    Abraços

    • Anorkinda Neide
      6 de abril de 2021

      Me dei conta de que pulei o C2..
      Outro Bah maravilhoso aqui!! incrível a ideia e a execução, primor mesmo. O coração não tem olhos e segue tropeçando.. isso resume a vida sentimental do ser humano! kkkkk

  16. Fil Felix
    5 de abril de 2021

    Olá, Beija-Flor!

    Uma coleção grande de microcontos, gostei bastante de dois deles. O primeiro foi B1, trazendo uma imagem visceral sobre o parto e combinando com o estímulo de maneira diferenciada, gostei de abordou esse contraste, de dentro pra fora da barriga. O nascimento, o choque de realidade, o estranho. No trecho final eu fiquei meio assim, achei que não combinou tanto, mas não afetou o todo.

    O segundo é C1, também trazendo uma imagem forte, dessa vez de um acidente. Tudo rodando, a adrenalina lá em cima, o vento no rosto e, de repente, a morte. Além de servir como um alerta para o trânsito, por exemplo, o que mais gostei é por abordar o “tesão de viver”, que as vezes é uma armadilha, onde podemos perder tudo num minuto. Muito bom. Mas de maneira geral, os demais micros não me cativaram tanto porque você optou por uma estrutura que, admito, não sou tão fã. Que são dos contrastes e das surpresas, mostrando A, mas na verdade é B. Mas sei que muitos gostam de ler e criar dentro desse estilo.

  17. Nilo Paraná
    5 de abril de 2021

    ola Beija Flor, posso perceber o cuidado e trabalho nos micros, grandes finais. alguns chocantes. estórias concisas e completas. parabéns

  18. Elisabeth Lorena Alves
    4 de abril de 2021

    Olá, Beija-Flor. Vamos aos seus contos. Gostei que em [A2] você deu uma ideia de que o pelotão era militar em uma linha, ao apresentar a sensação de prisão com o desabafo que inicia o conto e ao fazer uso das palavras disciplinas, regras e pelotão e depois de usar o verbo afastou mostra que não foi por desistência e sim por estratégia, não de soldado, mas de ciclista. gostei desse bom aproveitamento semântico.

    [A4] traz aquele suspense básico de um conto que promete dar um susto e cumpre. [B1] vem com um calor absoluto que assusta a manauara aqui. De resto, curti a assonância provocativa nas palavras “sensações sutis, sons suaves”. A mudança de ambiente do paraíso para um ambiente infernal. A ruptura e troca de ambiente é bem feita.

    [B4] é de uma solidão e tristeza imensa. A introdução e desenvolvimento dão conta de um grande artista vendo sua glória, a ruptura acontece com a fome e como o ganho é pouco o violinista segue para disfarçar o oco estomacal com alguma bebida. Triste e dolorido.

    Já o uso das frases foi muito interessante. A frase de Oscar Wilde [C1] ganha outra vida com esse conto. Conto bem estruturado, tema bem utilizado, ruptura, clímax e desfecho perfeitos. Já em [C2], o tema se expande em um conto que personifica alma e corpo de alguém que não tem sensibilidade. É perfeito. Mesmo elaborado em diálogo, a distinção de narrador e personagens é bem equilibrada. O clímax e desfecho aparecem no discurso do narrador: “responde a cabeça, e segue tropeçando”.

    A ilustração [D3] ganhou nova roupagem. O pânico do abandono do ambiente seguro, o mundo particular da filha é bem captado tanto na narrativa quanto no uso da imagem. Para quem parte, seja para o ensino maternal ou seja para a universidade, o partir é explodir a bolha, deixar seu espaço seguro e seguir rumo ao desconhecido, sentir medo é normal. Gosto dessa humanização da partida sugerida no conto.

    [E2] Traz a busca por equilíbrio através do outro. O que é a pior busca e o conto mostra isso quando a ruptura surge no desencanto que faz com que o autoconhecimento inicie com a descoberta do monstro de mágoas que habita em si e o desfecho brilha com a constatação que não há solução externa pois os príncipes são muito menores que seus problemas. Bela sacada. Tanto em [D3] quanto em [E2], o uso das ideias foi subjetivo, porém ainda assim muito preso ao tema. As imagens de [D3] foram usadas levando em consideração elementos fora do foco, porém não fora da foto.

    Parabéns! Sucesso no Desafio.

  19. Sandra Daher
    3 de abril de 2021

    Beija-flor, gosto bem mais dos cinco primeiros contos, porque trazem boa surpresa, ou para o drama ou para o humor (A4). O conto B1, surpreende, claro, para drama. O último, acho uma história complicada, não cabe num microconto, acho, embora caiba no número de caracteres; acho que tem que ser algo mais ágil… No entanto, todos estão bem escritos. Parabéns, uma boa sorte no desafio!

  20. Fernanda Caleffi Barbetta
    3 de abril de 2021

    [A2]
    Gostei da forma como foi nos conduzindo ao final sem revelar o que estava acontecendo.

    [A4]
    Curto e certeiro. Muito bom.

    [B1]
    Muito bom. Você conseguiu me levar para um cenário completamente diferente do que se revelou ao final. Fui surpreendida.
    Fiquei confusa com o que seria calor absoluto.

    [B4]
    Um começo feliz para um final bem triste. Um bom microconto.

    [C1]
    Mais um micro com um início alegre e um final trágico. Apesar da mudança brusca de cenário, não posso dizer que surpreenda ou que tenha muito impacto, talvez porque não haja um entrelaçamento entre os dois cenários, o que poderia criar uma armadilha ao leitor.

    [C2]
    Gostei do humor deste microconto. Boa sacada.

    [D3]
    Um belo texto, com uma bonita mensagem.

    [E2]
    Não entendi a sua opção por este formato. Bonito, parece um poema.
    o (aqui não seria a?) poderia jamais decapitar.

  21. j2bohn
    2 de abril de 2021

    MICROCONTOS 2021 – BEIJA-FLOR

    A2: Gostei da virada inesperada e da interpretação inovadora do termo “pelotão”.

    A4: Um microconto conciso, que permite uma quantidade de interpretações diferentes e convida à fantasia.

    B1: Amei o contraste dos dois estados (antes e depois da bolha estourar), e da interpretação inovadora da “bolha de sabão” como “bolsa amniótica” no parto.

    B4: Criou um forte contraste através da reviravolta inesperada, com um final triste da fuga para o alcoolismo.

    C1: Tentativa impressionante de reproduzir os últimos segundos de um suicídio em andamento. Forte e pesado. A catástrofe foi quase anunciada e, no entanto, foi chocante em sua brusquidão e violência.

    C2: À primeira vista, parece uma brincadeira. Na segunda leitura, parece a descrição de um dilema filosófico fundamental. Pode-se gostar ou não desta abordagem. Eu adorei.

    D3: Microconto menos forte e expressivo em comparação aos demais. Mesmo assim, acho uma gentil e válida interpretação da foto da criança vulnerável em viagem para um futuro indefinido.

    E2: Este microconto em formato de poema se destacou dos demais da coleção. Descreve uma luta com demônios internos do passado. Assunto pesado, mas bem trabalhado.

    Esta foi, na humilde opinião deste leitor inexperiente, uma das coleções mais diversas e completas do concurso, contendo aforismos, contos elaborados e poemas. Os vínculos com os estímulos foram trabalhados de forma inovadora, e a maioria das conclusões dos microcontos são imprevisíveis com reviravoltas cativantes e comoventes.

    Parabéns pelo ótimo trabalho e boa sorte no desafio!

  22. Luis Fernando Amancio
    2 de abril de 2021

    Oi, Beija-flor!
    Percebe-se, claramente, que você é um(a) autor(a) familiarizada com a produção de microcontos. Uma pessoal que pratique essa arte diariamente, quem sabe? Ein? Não é para qualquer um controlar a tensão em textos tão curtos, desenvolver uma narrativa e ainda reservar uma surpresa para o fim da história. Parabéns, você terá uma das minhas melhores notas, pode ter certeza.
    Às vezes, isso de todo microconto ter um final de “reviravolta” ao fim, algo com impacto, me incomoda um pouco. Acaba virando um pouco padrão, né? Não digo isso como uma crítica, só estou compartilhando algo sobre o qual tenho pensado. Isso funciona bem quando lemos um microconto isolado, ou de diferentes autores. Mas assim, numa pequena coleção autoral, esse modelo acaba ficando evidente.
    Enfim, meus prediletos foram: B1, B4, C2 e, sobretudo, o E2. O último, por sinal, é um primor, dialoga bem com o estímulo e nos dá uma narrativa bem elegante. Os outros microcontos que não destaquei também foram bem avaliados.
    Parabéns pela escrita e boa sorte no concurso!

  23. jeff A Silva
    1 de abril de 2021

    Olá caro autor ou autora

    Uma seleção harmoniosa, poética e original temos aqui. São contos bem delineados e que transmitem bem a mensagem melodiosa. Fica até difícil escolher apenas um como preferido. Mas posso dizer que gostei bastante do A4 (não levamos nada daqui, com certeza!) e do E2! Para mim o fora da curva foi o A2 sendo o mais fraco da seleção. De resto parabéns

    Parabéns pelo trabalho e sorte.

  24. Marlo Romulo Werka
    31 de março de 2021

    Beija-flor, o teu talento salta aos olhos, e flutua soberano.
    Todos os contos são bem escritos, com estilo.
    Pela primeira vez nos meus comentários, não consigo apontar um destaque, tampouco um microconto “fraco”.
    Para mim, o conjunto é harmônico. E isso é positivo.
    Boa sorte.

  25. Evelyn Postali
    30 de março de 2021

    Caro(a) autor(a),
    Microcontos bem escritos, palavras cuidadosas, linha coerente, movimento. O impacto ficou para alguns. Destaco nesse conjunto, A4, B4, C2.
    Boa sorte no desafio.

  26. Fabio D'Oliveira
    30 de março de 2021

    Beija-Flor, deve ser uma pessoa lindinha de alma, todo beija-flor inspira essa beleza, uma delicadeza que transcende. Eu lembro que costumava descansar de tardinha, tirar aquela soneca ou só ficar fazendo vários nadas. Tinha um bebedouro de beija-flor na janela, sabe? Eles vinham e iam, todos assustados, mas um, em especial, pousou na janela e me encarou de volta. Nunca esqueci isso.

    Por que eu contei isso?

    Senti uma boa conexão com seu trabalho. como tive com aquele passarinho. Achei essa coincidência engraçada, haha.

    Além de estar muito bem escrito, organizado bonitinho, todos os micros lembram essa delicadeza que mencionei acima. Eu gosto desse esmero. Adoro pessoas que cuidam muito bem de seus filhos. E nossos textos não são, em geral, nossos filhinhos também?

    Eu gostei especialmente do A2. A revolta, o movimento de desafiar a liderança e tomar a frente, é algo que conheço muito bem. Eu gosto de desafiar o que já está pré-estabelecido, provocar, por mais que isso gere alguns conflitos e rejeições, e até tente mudar, está na alma. Por isso a identificação foi imediata, hahaha.

    Parabéns pelo belo trabalho, Beija-Flor! Gostei mesmo.

  27. Bruno Raposa
    30 de março de 2021

    [A2] Muito legal o uso da palavra de estímulo, fugindo do óbvio. Desenvolve uma breve narrativa e traz um sentimento de fácil identificação, ainda que um bocado pueril. Aposta mais na catarse do leitor do que numa quebra de expectativas. O problema aqui é a repetição de ideias num espaço tão curto. Você falou duas vezes “agora ou nunca”, isso já depois de ter dito um “última chance”. Para um micro, é muita gordura.

    [A4] O texto se ancora numa frase de efeito, que tem lá seu lirismo, mas que, se pararmos para analisá-la um pouco, não parece ter muito sentido. E eu sempre paro, rs. Também não constrói nenhuma narrativa. Não curti esse.

    [B1] Excelente uso do estímulo. Talvez tenha fugido demais da imagem original, mas ganha pontos por pensar fora da caixa. Desenvolve bem a narrativa e forma imagens interessantes. Só não gostei do “presságios do inferno”, que me pareceu excessivamente dramático. Entendo a ideia de formar um contraponto do conforto do útero materno com o caos do mundo real, mas “presságios do inferno” pareceu meio exagerado, rs.

    [B4] Traz uma narrativa interessante, uma boa virada. Apela pro emocional de forma um tanto óbvia, mas cumpre bem seu papel. Bom micro.

    [C1] Muito bom! Forte, impactante, trata de um tema muito delicado com competência. O início se estende um pouco além do necessário, mas nada que comprometa. Ótimo microconto, meu favorito dessa coleção.

    [C2] Basicamente uma releitura da frase de estímulo. Não acrescentou muita coisa.

    [D3] Gostei. É simples, mas eficaz, traz um sentimento que é facilmente relacionável. Só achei que não foi um bom aproveitamento da ilustração de estímulo, ficou aquém do que ela poderia oferecer.

    [E2] Não entendi a formatação em versos. Alterna boas imagens (príncipe em formato mínimo), com algumas meio batidas (poço da alma). Outro que flerta com um certo exagero dramático. Mas é um bom micro e faz jus à canção de estímulo. Entra pra lista de acertos.

    Foi uma coleção irregular, com alguns micros realmente bons e outros dispensáveis. Apesar do curto espaço, alguns textos deram a impressão de que se poderia cortar algumas partes, sem nenhum prejuízo. Diria para ficar atento a esse detalhe. E à tendência ao drama também, rs.

    De qualquer forma, foi uma boa leitura, com alguns pontos positivos que realmente se destacaram. [B1] e [C1] são micros que perduram na mente, o que sempre é muito positivo em textos tão curtos. O saldo final é favorável.

    Desejo boa sorte no certame.

    Abraço.

  28. Fheluany Nogueira
    29 de março de 2021

    A presença de um beija-flor em casa, significa que uma alma amada veio visitá-lo e mostrar que está bem. Essa é a sensação que captei no conjunto dos seus textos, o agradável e o desagradável convivendo, cheios de surpresas e arrepios. Em alguns, faltou um pouquinho mais de concisão. Por isso, o meu favorito é “O senhor tem algo a declarar?”, perguntou-lhe o funcionário da alfândega. / “Nada que pertença a este mundo.”

    Parabéns e sucesso no desafio! Abraço.

  29. antoniosbatista
    28 de março de 2021

    A 2- Esse é um micro que engana de início.
    A 4- Muito bom. Metafísico.
    B 1- Esse até me deu medo.
    B 4- Coitado, era alcóolico. Digo coitado porque o vício é uma doença e vencê-lo é quase impossível.
    C 1- Trágico. A narração descreve um suicídio, algo brutal e inútil.
    C 2- Estrutura e conexões figurativas perfeitas.
    D 3- Esse eu achei bem simples, no entanto, a linguagem escrita, interpretada da linguagem visual, ficou perfeita.
    E 2- Esse é um micro conto que não tem uma só interpretação; sobre o passado da garota, o reencontro (com ele?), a fuga da realidade, a vingança e a vitória são coisas impossíveis, etc. e tal.

  30. Kelly Hatanaka
    27 de março de 2021

    Oi Beija Flor.

    Gostei muito de todos os seus microcontos, cada um contando uma história inteira. Muito, muito bons! Gostei especialmente do A4 e do B1. O A4 pela concisão e riqueza de significados e o B1 pela forma tão criativa com que você trabalho o estímulo.

    Microcontos surpreendentes e ricos!

    Parabéns e boa sorte!

  31. Regina Ruth Rincon Caires
    27 de março de 2021

    Microcontos 2021 – Beija-Flor

    [A2] – Palavras: PELOTÃO

    O autor faz referência à capacidade que o homem tem de sair do lugar, de fugir do rebanho, de escolher o caminho. É o livre-arbítrio, o caminhar com responsabilidade, assumindo a vontade e a consequência. A mensagem foi ambientada numa maratona de ciclismo. Será que viajei?! Muito bom. Persuasivo.

    [A4] – Palavras: ALFÂNDEGA

    Senhor autor, seria a “passagem”? Confesso que pensei muito sobre o texto. Desculpe-me se não absorvi a mensagem que você enviou.

    [B1] – Fotografias: criança com as bolhas de sabão

    O texto é composto por palavras que compõem uma leitura sonora, há vários fonemas sibilantes sequenciados. A sonoridade parece um assobio contido. Viu? Fiz o mesmo. A narrativa precede o nascimento, o parimento. Um texto bonito, poético. A criança chega. Candura.

    [B4] – Fotografias: CLARINETISTA

    A narrativa traz a descrição da queda na vida profissional do músico. O declínio que o levou para as ruas, para as apresentações ao relento. Basta a consciência da perda aflorar, e o sofrimento castigar, ele busca refúgio na bebida. Texto muito triste. Amargo.

    [C1] – Frases: “Há coisas que são preciosas por não durarem.”

    O texto narra um suicídio, a fuga de um sofrimento. Lançou-se de um prédio – “as janelas passaram a uma velocidade vertiginosa”. Conto chocante, daqueles que tiram o sossego. Apavorante.

    [C2] – Frases: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.”

    Acho que o autor quis fazer uma brincadeira (chacota) entre a alma, o coração e a cabeça. Sobraram, para cabeça, os tropeços. Nem sei se entendi, mas “quebrei a cabeça”!!! Trocista.

    [D3] – Ilustração da menina com a mala

    O autor criou uma narrativa que versa sobre a insegurança de uma criança ao enfrentar um novo mundo, uma nova realidade, uma nova escola. E o amparo da mãe, trazendo incentivo, dizendo que tudo é menos difícil do que parece ser, que tudo vai ficar bem. Apaziguador.

    [E2] – Música: Formato Mínimo (Skank)

    A personagem busca alguém para “decapitar” o monstro construído com as dores do passado. Não quer solidão, precisa ser cuidada. O texto é um grito por socorro.
    Muito triste. Torturante.

    Parabéns, Beija-flor!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

  32. mariasantino1
    27 de março de 2021

    Olá, Beija-Flor!

    Gostei do seu trabalho, sobretudo do texto onde vc deu sentido inovador e distinto do que vimos até então (no certame), para a bola de sabão. A bola é a placenta, é a gravidez que retém uma realidade e estoura para outra. Outra que não é boa. Azar. Assim sentimos sabores, doce e amargo, sensações cálidas e frias. Parabéns pelo escrito! Outro muito bom é o do músico onde glória e fracasso faz sentir como se puxassem o tapete. E há muitos artistas que, sem reconhecimento ou respeito, não conseguem viver de sua arte e acabam no vício, esmolando. É algo real que vc trabalhou bem. Mesmo que o artista dos cartazes não seja o próprio músico do violino, ainda assim a sensação é a mesma. O texto da menina em seu primeiro dia na escola é fofo e as palavras que dão ideia de grandeza não incomodam, pois para a menina é um acontecimento grandioso em comparação a percepção de mundo que uma criança possui. O da alfândega é curtinho mais também é bom, pois passa claramente a ideia de frustração do personagem.

    Em geral são contos ligados por frustrações com boa narrativa. Só não curti muito o que foi inspirado na frase do Saint-Exupéry. Achei bobinho, até cabeça, alma… Hum… Não.

    Parabéns e boa sorte!

  33. thiagocastrosouza
    26 de março de 2021

    Comentário:

    Beija-flor, fui pulando de um conto para o outro aproveitando o caminho. Boa parte dos contos tem finais imprevisíveis, além do bom uso dos estímulos. Você trouxe criações diferenciadas para a palavra “pelotão” e para a fotografia da bolha de sabão. Achei que faltou um tico de atenção para enxugar melhor os contos, como o D3, por exemplo. Acho que no micro tudo é essencial e o que sobra, quando sobra, salta aos olhos.

    Destaque:

    “O senhor tem algo a declarar?”, perguntou-lhe o funcionário da alfândega.

    “Nada que pertença a este mundo.”

    O mais sucinto e direto. As respostas para essa pergunta são um leque de possibilidades, e a resposta que escolheu foi perspicaz. De fato, pertences, posses, patrimônios, nada será levado para o céu, o inferno ou para o vazio.

    Parabéns e boa sorte!

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Publicado às 26 de março de 2021 por em Microcontos 2021 e marcado .
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