
É o dia do apocalipse.
A terra treme, o céu nubla, as pessoas correm, não sabem pra onde, não sabem do que.
Um casal se esconde no canto da sala, abraçando fortemente seus filhos com a esperança de serem consumidos antes do que os pequenos.
Ninguém sabe ao certo a natureza da catástrofe que acabará com tudo, mas todos estão convencidos de que hoje é o último dia de suas vidas.
No meio da rua, entretanto, um homem observa a tudo, estático, enquanto chora copiosamente, de braços abertos.
Pessoas correm indistintamente e ele permanece no mesmo lugar.
O vento frio do tufão que se aproxima vai lhe roubando as lágrimas e esfriando suas extremidades. Ele continua de braços abertos.
Ele não tem alguém a quem abraçar.
Morrerá lamentando profundamente que hoje é o dia que seus filhos ficam com a sua ex-mulher.
Sabrina, eu adoro a ideia do seu conto. É uma forma diferente, e muito interessante, de abordar o amor que um pai nutre pelos seus filhos. Muito bom ver a fuga por modos de contar assuntos “clichês”.
Quanto ao casal, eu discordo, em parte, da Juliana. Por algum motivo, eu consegui relacionar o homem a este casal. Não sei se foi sua intenção, porém, acho que ao mostrar esta cena, você planta a ideia que, pelo menos o casal está com os seus filhos, enquanto o homem lamenta.
A escrita está impecável!
Parabéns!
Apesar de todos as críticas q seu conto teve no desafio, eu continuo gostando mais da primeira versão. Não gostei muito dessa frase nova do casal no canto da sala. Não tem porque incluir outro cenário além da rua, do caos q se instalou na rua, na minha opinião. Eu vejo com muita beleza essa imagem, o caos, a chuva, o vento, o desespero das pessoas q não sabem pra onde ir no último dia de suas vidas (quem saberia afinal?), e ele ali parado, completamente só, com os braços abertos, tal o Cristo Redentor. E no fim de tudo ele está chorando pelos filhos, por saudade deles. É linda essa imagem q vc construiu e acho q vc devia mantê-la e defende-la a todo custo! Parabéns!
Puxa, Juliana, muito obrigada pelo comentário, muito generoso.
E acho que concordo contigo. Essa frase que originalmente existia, com a informação que ela trás, acho que afasta do foco do conto, que é o cara sozinho.
Obrigada mesmo!