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Detox Literário.

Desalento – Poesia (Francisco Ferreira)

No teu leito de esgoto
fluxo fétido e constante, é raro alterar-se
em tuas margens, fluxos outros
correm céleres, desaceleram… até parar.

Buzinas marginais
rascam imundícies íntimas
acordando fantasmas de peixes
assustando ratos.

Desce lento, Rio Morto
rio esgoto e sem portos
trilha sertão-via-mar.
Em afluentes te purificas
oxigenando-te o vagar.
Vargens, pontes, vagalumes
até as vagas do mar.

Vai-te embora Doce, Manso
Velho Chico, Paraopeba…
Vai-te embora te lavar.

2 comentários em “Desalento – Poesia (Francisco Ferreira)

  1. Brian Oliveira Lancaster
    5 de outubro de 2016
    Avatar de Victor O. de Faria

    Texto leve, mas que consegue reproduzir imagens fortes, com uma crítica embutida. Aprecio textos com camadas.

  2. Olisomar Pires
    24 de agosto de 2016
    Avatar de Olisomar Pires

    Muito belo. Tantos versos e imagens perfeitas. Em especial o ” Vai-te embora te lavar” e “trilha sertão-via-mar”.

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Publicado às 23 de agosto de 2016 por em Poesias e marcado .