EntreContos

Detox Literário.

Sacrificando Lobos (Lady Madonna)

la-catrina-2

“Viva o Rock!”, grito naquela porra de bar que só toca sertanejo universitário. Todos os homens do local – embalados a vácuo em suas calças femininas – me encaram e eu sorrio de forma encantadora.  Acho que jamais vou me cansar disso.

Com apenas um olho aberto, observo a mosca presa na estufa farfalhar suas asas sobre a comida há muito vencida no mundo dos sóbrios.  Como num rodizio, ela se locomove como um glutão absorto em suas obsessões. O voo – como sempre – é errático, e isso faz dela o ser mais próximo de mim em um grande e estranho raio. Dividimos a falta de precisão, o senso de espaço deturpado e a dieta do acaso. Não compartilhamos apenas 60% de nosso DNA, somos doméstico, mas não domesticados. Vivemos de restos, de carne em carne, de trago em trago, de morte em morte… Pensamos pouco e agimos menos ainda. Despertados pelo instinto, pelas funções básicas de nossa risível existência, somos os zumbis sociais. Voamos para mantermos nossos vícios, caminhamos para saciar o espaço eterno e sem fundo.

Não há depressão, pois não existe tempo para reflexão. “Animal racional fingindo viver no pensamento dos outros”. Até a mais simples escolha – sexo/torpor – condicionada ao erário eternamente comprometido. Na falência do homem, ainda maior que a profissional, não se consegue optar nem pelo rótulo mais aprazível. Por essas e por outras, a aguardente simplifica, iguala e traz o melhor retorno. O atalho sombrio e perigoso – provavelmente letal – que te leva ao destino. O único possível.

Uma amiga me disse que seu sonho era morrer num parque de diversão para estragar a diversão de todo mundo. Nunca havia pensado muito nisso, mas acho que gostaria de morrer na Antuérpia só para ter algo interessante em minha biografia de cor pastel. Uma crise de choro ou de riso em frente à catedral de Notre Dame. Derretida pela melancolia da graça infinita. “Foda-se Aristóteles e sua felicidade virtuosa” brado como se estivesse no lombo de um jumento, pronta para mudar o rumo da civilização. Ninguém esboça qualquer reação, o que me faz recordar da história de Dylan Thomas e suas 18 doses de uísque.

Peço a saideira para o homem atrás do balcão que não para de me encarar com olhos raivosos. Logo eu, uma lady em um antro de canalhas. “Não”, rosna ele, sem nem mesmo tentar motivar seu desaforo. Negar a última cerveja para uma mulher em colapso é como quebrar um armistício duramente conquistado. Insisto numa long neck, dizendo que vou levar pra casa. O sujeito suspira alto, coça a cabeça e revira os olhos como um ator principiante em um teste para Malhação. Enfim, cede aos meus encantos, enquanto seu colega começa a jogar água na minha direção. A vida não é uma caixinha de surpresas, ela é uma esfera metálica em uma roleta viciada. Fatos ordinários dentro de uma circunferência que não para de girar. Tudo igual, e de novo, e mais uma vez. Até que o FIM. Não, ainda não. Talvez mais tarde.

Ergo minha cabeça do travesseiro travestido de bancada. Retiro parte do cabelo que cobre meu rosto e ajeito as madeixas atrás da minha orelha direita. Massageio as sobrancelhas com a ponta dos meus dedos. Com as narinas dilatadas inspiro um pouco de dignidade e assopro doses homeopáticas de tédio.

– Adeus, babaca – grito, já do lado de fora da espelunca.

– Tchau, piranha – ele responde, sem perder de vista a caixa registradora.

– Eu vou voltar – digo, parafraseando Jesus Cristo ou Arnold Schwarzenegger, tanto faz.

– Eu sei, você sempre volta.

– Vá se foder.

– Pra você também! – dessa vez ele pisca pra mim e sorri de canto de boca.

A bebida feita de milho – camuflada pela expressão estelionatária de “cereais não maltados” – leva ao pé da letra esse negócio de aquecimento global. Escaldante, desce pela minha garganta e mergulha de cabeça nas ondas rasas de ácido que ricocheteiam no meu estômago vacante. Solto um gemido de agonia, pensando no ator frustrado que deveria ter negado meu pedido e revirado os olhos algumas vezes mais. No segundo gole, o arrependimento já é absoluto. Viver é se arrepender a cada esquina, a cada mensagem enviada pelo celular.  Só imbecis e psicopatas não se arrependem de nada. A certeza é um defeito conquistado com orgulho pelas pessoas que ignoram. Como diria o Papa sem batina “Um homem nunca deve sentir vergonha de admitir que errou, o que é apenas dizer, noutros termos, que hoje ele é mais inteligente do que era ontem.” Portanto, se você não é o Benjamin Button, não sofreu uma sessão irreversível de regressão mental ou não tem uma síndrome rara que come seu cérebro aos poucos, é bem provável que concorde com o tal Alexander Pope.

Sem dar bola para o arrependimento certo, retiro do bolso da calça o pedaço de papel que ostenta os números enfileirados, encimando um nome que pouco importa. Alcanço no fundo da bolsa o meu “I” Bismarck Frankstein. Digito os algarismos na tela recauchutada por inúmeros pedaços de fita adesiva, que tentam manter a integridade da coisa toda. Mando uma mensagem com poucas palavras, porém, com dezenas de carinhas redondas, amarelas e idiotas.

Acendo um cigarro bege e amassado, que é considerado o Cronos da nossa nova mitologia, responsável por arrancar minutos de uma existência que não deveria ter sua meta dobrada. Inspiro a fumaça cinza que traz consigo o sentido da vida e assopro os fantasmas que buscam os atalhos das imunidades comprometidas.  “Eu te amo Phillip Morris”, cicio entre soluços, apagando com o bico da minha bota o resto flamejante. Afinal, sou uma mulher consciente preocupada com as solas do meu Erê. Na aposta de Pascal, prefiro ser a pistoleira que atira para todos os lados, do que a monoteísta convicta barrada na entrada principal.

O celular apita – mensagem recebida – silvos longos e curtos entrelaçados, acho que os guardas de trânsito não deveriam se preocupar com as câmeras silentes. “Estou caminho…” diz o texto. Ele escreve de forma hermética para confundir minha mente, ou referendar, quem sabe, todos os meus preconceitos.

Agora é só esperar o pobre coitado chegar. Nesse mundo onde todos os golpes são conhecidos, não preciso de teias, nem de iscas. Uso a singeleza, onde o resquício de atenção é chamariz suficiente para a geração sem carne e osso. Como diria o Russo mais simpático que conheci “o mal do século é a solidão”. Contudo, sem querer dar uma de cretina arrogante, penso que o plural cairia muito melhor. Quanto mais somos, mais solitários ficamos. Vestimos a variável Malthusiana que comprova a inanição da mente.

O carro chega riscando o asfalto – berrando com a força de seu pulmão motor – com a potência de 300 cavalos histéricos. Uma espécie de evento cósmico que acordaria toda a vizinhança caso houvesse uma. Maldita cidade planejada. O canto do pneu freando é a nota final do espetáculo estúpido.  Ele estaciona bem longe, para que eu observe a máquina em todo o seu esplendor. Pisca os faróis na minha direção, como se eu fosse uma garçonete de drive-in. Deixo ele se deleitar com o momento. “Estar por cima até estar por baixo”, é a lição que tento ensinar todos os dias.

A porta é aberta e consigo sentir o ar gelado escapando. O veículo parece possuir sua própria atmosfera.  O capitão atrás do volante solicita minha entrada, gesticulando como se fosse um astronauta arrogante. Mal sabe que estou mais para Alien do que para Sigourney Weaver.  A encenação dura pouco. Olho nos olhos do rapaz e percebo a segurança habitual se encolher. Apesar da bolha metálica, ele está distante do ambiente mendaz de costume.  No momento, é apenas mais uma criança com medo dos acasos. Fico tentada a gritar só pra ver se ele mija nas calças, mas creio que não seria muito profissional da minha parte.

– Então é sério?!

– Como um câncer de próstata.

– Uau!

– Dinheiro antes.

– Eu achei que…

– Não é questão de necessidade, é uma questão de justiça econômica.

– É que você não falou nada.  Pensei que…

– Quem é John Galt?

– Quem?

– Oferta e demanda. Mas você sempre pode se arriscar no mercado.

– Essa hora?

– Tem a madrugada inteira antes do pregão fechar.

– É que não estou muito acostumado.

– Bom, nesse momento só posso te dar um curso básico de como funciona o Dow Jones da bolsa que não para de rodar.

– Acho que… Ok.

– Cinquenta reais o intensivo oral, não trabalho com educação a distância.

Antes que perceba estou sobre ele. Consigo sentir os batimento frenéticos pela veia femoral de sua coxa tenra. Expando e retraio a pele, imitando o movimento que fez do Universo um sucesso. Aplico pressão e velocidade suficiente para apressar o processo milagroso da origem. Sinto-me como uma espécie de acelerador de partículas para universitários mimados. Ele explode de tesão, eu explodo de nojo. Ele explode de raiva, um tapa explode em revolta. São tantas explosões antes do escapamento explodir na minha cara, que eu nem percebo que já estou deitada na calçada fria.  Olho para a lua e contemplo sua melancólica graciosidade. Nem o gosto de bile na boca consegue roubar a magia do momento. Sonho com ela descendo sobre nós, ensinado aos terráqueos como acabar com uma espécie sem perder a classe. Iluminando nosso inevitável salto no escuro, que já é bem mais misericórdia do que qualquer rinoceronte branco conseguiu em seu último suspiro.

Levanto-me com extrema dificuldade, batendo a poeira estelar da bunda e espanando o pó hostil dos pensamentos recorrentes. Tento me equilibrar como uma casa da árvore em cima de um bonsai. Muito se fala em equilíbrio nessa sociedade de extremos, onde toda mediocridade é encarada com desdém. Mas como manter-se de pé quando a gravidade é o menor dos nossos problemas? Se tivesse a mínima ideia não estaria nesse exato momento me escorando no muro de um latifúndio qualquer.

O relógio indica que tenho menos de uma hora para chegar em casa. Calculo mentalmente a distância, observando a minha passada trôpega e os tombos eventuais. Concluo que se começar a avançar agora, tenho grandes chance de fazer a entrega. Honrar o pacto tácito e entregar esse invólucro superestimado. Incólume? Certamente não. Inteiro? Pura questão de perspectiva: Física ou metafisica?

Dou a partida e imagino uma banda marcial ritmando os meus passos. “Run to the hills” assovio contra o vento. Repentinamente, lembro-me daquela anedota clássica e gargalho noite adentro. “Eu sou o pagliacci, doutor”, desafio desafinadamente cortando o silêncio que constrange o fim da história…

… em pele de cordeiro.

É sempre engraçado. Primeiro vem a confusão, depois a náusea e, por último, os indícios da ressaca – física e moral. “A luz irrompe onde nenhum sol brilha…” Porém, isso não é um conto de inverno, e eu não vou começar fazendo floreios sobre o clima. A única coisa que precisa ser dita é que o tempo está ótimo para curtir uma fossa, pena que mais ninguém saiba disto.

Ela corre para o banheiro, que já está acostumado a receber os despejos dos males que o corpo nunca consegue absorver. Reza para que a água gelada purifique sua pele. Esfrega com força cada pedaço de derme que as unhas conseguem alcançar. Abre um frasco verde e despeja metade do conteúdo em seus cabelos. O liquido espumante – desenvolvido por um engenheiro químico frustrado que gostaria de criar uma nova liga de metal, mas acabou atolado em uma divisão de criação de cosméticos – escorre pelo corpo esbelto. O odor de “selva amazônica” reveste momentaneamente com seu perfume os pelos ouriçados da fêmea indefesa dentro da cabine mortal, carinhosamente chamada de box pelos publicitários.

Às vezes, me pego pensando no sujeito que resolveu cercar o chuveiro com vidros finos e cortantes, ou cortinas asfixiantes, mandou colocar a superfície mais lisa do planeta sob nossos pés, e ainda nos recomendou usar uma barra de gordura animal escorregadia, que tem por costume nos cegar com sua ardência. E o pior, conseguiu vender essa ideia para boa parte da humanidade. Todos os gabinetes da previdência social deveriam ter uma foto deste cretino na parede, “septuagenárias, com suas bacias quebradas apodrecendo no chão do banheiro, agradecem” diria a legenda feita pelo engraçadinho da repatriação. Mas, como ela só tem metade dessa idade, consegue terminar o banho arriscado sem maiores percalços. Inteira e cheirosa por fora, alquebrada por dentro.

Olha o visor do rádio relógio e esfrega demoradamente a testa, que não tem nada de lâmpada genial e, por isso, não pode atender os seus pedidos. Em uma espécie de processo autômato, como um manequim com pouca mobilidade que não aguenta mais ser vestido, ela coloca a calça jeans jogada na poltrona e alcança uma blusa branca no fundo do armário. Joga uma jaqueta preta nos ombros, calça sua botinha cano curto e apanha a bolsa no chão, bem ao lado da porta. Realmente, adoro esse universo caótico em perfeita harmonia, ela apenas tolera.

Sai de casa aos solavancos, tentando acordar partes do corpo que se recusam a obedecer. Precisa correr, mas sempre há o risco inerente. Ela sabe das coisas, mesmo depois de toda a pasta de dente ainda consegue sentir o gosto amargo da noite. Apesar de toda a cautela confrontando a pressa do jogo, a peça vai ganhando as casas com a sorte nos dados. Em questão de minutos – muitos se você for um velocista de ponta, poucos se você for um debutante desarmando uma bomba – ela já está percorrendo as ruas alegres do Campus mágico. Em sua própria versão do percurso de tijolos amarelos, os espantalhos são os únicos personagens de sua entourage.

 

Caminha com o orgulho daqueles que acreditam em missões. Ladeada pela certeza que acompanha até o mais inteligente dos idiotas. Apesar de todos os meus avisos, sua fé no labor, levando sua vocação desenfreada em uma espécie de cruzada contra a ignorância, chega a ser comovente. Estúpida, mas comovente. Mesmo depois de 10 anos, ainda entra na sala sentindo o frio na barriga dos calouros em programas de auditório. Encara cada um dos alunos com uma esperança genuína, semelhante à das crianças que saem dos abrigos antes do fim do bombardeio. Não consigo ver qualquer lótus naquele pântano homogêneo, mas ela é a jardineira, eu sou apenas o pesticida.

Após desenhar um esquema detalhado no enorme quadro negro, e receber os olhares de espanto, – parecido com os dos pescadores javaneses que encontram pela primeira vez um manual russo de algum polishop cosmonauta – ela inicia a jornada do tempo perdido.

– Hoje nós falaremos sobre o “Imperativo Categórico” de Immanuel Kant.

– “Hiperativo” Categórico, professora? – pergunta um aluno que, para minha surpresa, ainda usa lápis e caderno.

– “Sim, um conceito ético que não para de pular e não deixa ninguém dormir!” – respondo de forma inaudível, enquanto ela apenas diz – Não, Imperativo, no sentido de se impor.

– Então devia ser “imporativo” – grita um engraçadinho de óculos escuros no fundo da sala, para o deleite da turma de Filosofia III do Curso de Direito.

– Não faz diferença, o importante é a ideia por trás dessa nomenclatura.

– Por trás é sempre mais importante – o comediante complementa, recebendo as risadas pueris, que são o “éter” das Universidades e preenchem todos os espaços que a cognição resolveu ignorar. Ou seja, muitos.

– Bem espirituoso, – ela fala, causando ondas de desconforto em mim, pois não consigo distinguir uma nota sequer de sarcasmo em sua observação – mas, agora gostaria que vocês anotassem o seguinte…

A professora despeja as informações tal qual um caça níquel que cospe moedas – pérolas aos porcos, ou bacon para os gorilas vegetarianos, se você preferir novas perspectivas. Não que eu seja fã dessa masturbação mental infinita que os filósofos insistem em pregar, mas é preciso reconhecer que um pensamento entediante ainda é melhor que o resumo diário do capítulo da novela das seis. As perguntas feitas nos intervalos do monólogo, não são retóricas. Porém, os questionamentos sempre respondidos pelo silêncio do desprezo.

Próximo ao fim da aula, divide a turma em grupos para um trabalho visando participar de algum seminário despropositado. Provavelmente uma exigência do Coordenador que adora microfones e pronomes de tratamento. Dois meses para escolher um punhado de jovens que mede sua inteligência pelo nível alcançado no Candy Crush. Como um bibliotecário analfabeto que recomenda livros pela capa, ela terá que apontar o grupo vencedor com base em uma apresentação de powerpoint colorida recheada de frases do Wikipédia mal traduzidas. Não será nada fácil, contudo, se o mundo costuma exigir vencedores a qualquer preço, não será ela que negociará os descontos.

“Não há banda!” tenho vontade de gritar antes do sinal tocar e o espetáculo ter seu fim. Contudo, tendo por base a analogia mais esdrúxula que alguém pode pensar, a campainha que indica o final da aula soa como um gongo no final da round. Só que nessa luta diária, todos estão nas cordas: lutadores, juízes, treinadores e espectadores. Rezando de mãos dadas pelo fim e torcendo para receberem algumas gotas de sangue como souvenir. Sorrisos amarelos no telão – meio segundo de fama para constranger o Warhol.

“Porrada, porrada, porrada”, grita a turba do lado de fora da sala. Antes que consiga apagar o giz do quadro-negro, todas as carteiras já estão vazias. Houdini teria inveja de tamanha velocidade e sincronia. Ela não dá a mínima, sua mágica hodierna não abre brechas para a contemplação dessa sorte de evento. Sabe bem que a infelicidade é como uma formiga desfilando na lente dos óculos. Desperta curiosidade, incomoda bastante, mas jamais pode roubar sua atenção.

Semelhante ao soldado programado pelo Comando, ela recolhe seus pertencentes tombados sobre a mesa e segue em busca do próximo posto avançado, ou trincheira claustrofóbica, como prefiro acreditar. A grande verdade é que nesse bunker de teorias, nenhuma turma que não seja do próprio Curso de Filosofia está preocupada com esses projéteis hipotéticos que não deixam o cérebro sobreviver. Não por outra razão, o dia avança com a agilidade de um Guepardo… velho, envenenado por arsênico e morrendo de inanição na beira de um córrego.

– Professora, não deveria ser “A Capital” ao invés de “O Capital”?

(“Sócrates bebe seu vinho com cicuta e rodelas de limão.”)

– Platão viveu em uma caverna, fessora?

(“Nietzsche beija um cavalo ferido, deixando o amor vencer o niilismo.”)

– Esse tal de John Locke foi o mesmo que participou de Lost?

(“Existe alguma utilidade em jogar futebol com a minha cabeça? ´, pergunta Bentham em um meme irônico.”)

– Ei, teacher. Maquiavel escreveu a continuação do Pequeno Príncipe?

(“Do hospital Sartre manda seu recado: ´chupa, Nobel´”.)

Sinceramente, não sei o que me constrange mais. Ela repetir sistematicamente essas ideias que acumulam pó nos rodapés das monografias ou o semblante de estranhamento na turma do control + C. É dantesco. Possui a mesma validade moral de um concurso para ver quem come mais cachorro-quente no coração da África subsaariana. Quero berrar, mas me controlo porque sei que falta pouco. O derradeiro alarme estridente esperneia no alto-falante e ela sorri para os espectros dos alunos que ainda podem ser visualizados. Com o ego inflado pelo alivio de mais um dia vencido, ela caminha no corredor como se pisassem em ovos feitos de nuvem. Ao vê-la nessa hora do dia, consigo sentir uma migalha do que ela costuma guardar pra si. Compreendo a possibilidade de existir algo que eu não compreendo.

O engraçadinho de óculos escuros da primeira classe do seu turno para em sua frente, levando ao pé da letra a noção de obstáculo inconveniente.

– Hoje mais cedo… foi mal. – ele diz com o falso remorso de uma criança obesa que comeu o último pedaço de bolo.

– “Vai se foder” – respondo sem titubear, enquanto ela apenas fala, – Sem problemas, é só prestar mais atenção da próxima vez.

– Sim, claro. Você pode me dar o seu telefone, para eu tirar algumas dúvidas quando estiver estudando e tal? – o cretino pergunta, esfregando a parte de trás da cabeça e forçando os músculos do peitoral, em uma espécie de ritual de sedução aprendido em algum filme adolescente.

– “190, mande chamar o maníaco que engravidou sua mãe” – vocifero de onde estou, ao passo que ela apenas cicia, – Não posso. São as normas da faculdade.

O bastardo sorri de lado – com a confiança de alguém com informações privilegiadas – retira uma caneta da mochila e arranca uma tira de papel do seu caderno imaculado. Interrompe o serviço de uma senhora que veste o uniforme da limpeza e, carinhosamente, ordena que se vire. Com toda a classe que lhe é peculiar, usa as costas cansadas da mulher como se fossem suas. Anota um número e um nome no pedaço da folha e entrega para a professora. A mulher com a vassoura espera alguns segundo o agradecimento que não vem e resolve retornar ao seu martírio. Ele, por sua vez, sai gingando no corredor como um pavão abobalhado. Em seguida, olha para trás e faz um gesto imitando um telefone.

Incrédula, ainda com galanteio nas mãos, observa o engraçadinho – que confunde audácia com falta de noção – sumir no horizonte. Uma gota de água e sal ameaça escapulir do canto de seu olho, porém, seus pés atentos aceleram a passada numa versão corporal do “bitch please”. A Universidade parece diminuir ao seu redor, uma força contraindo a atmosfera, diminuindo seu Universo. Sem ao menos se dar conta, corre para o portão principal. Quase ninguém no pátio repara na figura afoita que cruza a entrada, com o desespero de um mensageiro que traz um pedido de reforços. Em um átimo, se joga no banco traseiro de um taxi e bate na bunda do cavalo.

– Tem certeza, senhora? – o motorista pergunta, só para evitar algum erro de comunicação.

– “Sim!!!” – eu berro pensando em todas as exclamações do mundo, enquanto ela balança a cabeça e cicia apenas com ponto final – Sim.

Em pouco menos de meia-hora, chega na porra do bar que só toca sertanejo universitário. Todos os projetos de cowboy olham em sua direção, enrubescendo suas bochechas de professora de faculdade. Escolhe um dos bancos posicionados de frente para o balcão e ajeita o cós de sua calça. O atendente se aproxima, tal qual um lobo faminto que identificou o seu jantar.

– O de sempre, querida?

– Desculpe, não entendi.

– Uma aguardente para começar!

– Pode ser.

Como o cão de Pavlov, salivamos só de sentir o odor inebriante. As asas começam a escapar da camisa de força. Ou o rabo e os chifres, dependendo do fetiche oportuno do sincretismo religioso de cada um. A transparência do líquido é sublime, como a chave prateada do último cadeado do cinto que protege o pudor. Não há mais volta. Todos os neutrinos do nosso corpo tilintando em um ritual que precede o brinde. Um espasmo gelado escala a sua espinha quando eu assopro extasiado os demônios inquietos. A professora abre a boca e eu recebo a recompensa. O mundo brilha ao meu redor, ofuscando o mundo dela.

E já no primeiro gole, Ela se torna Eu.

72 comentários em “Sacrificando Lobos (Lady Madonna)

  1. JULIANA CALAFANGE
    29 de novembro de 2015
    Avatar de JULIANA CALAFANGE

    Gostei, Rafa! Não tenho nada contra o seu estilo, pra mim fluiu numa boa e eu me identifiquei bastante. Esses 2 lados que coexistem em todos nós, o médico e o monstro. Então vemos a frustração da professora e entendemos porque ela no fim das contas busca sempre se transformar na outra, a que não se deixa frustrar… ou não? Parabéns!

  2. Fabio D'Oliveira
    5 de novembro de 2015
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    ☬ Sacrificando Lobos – Final
    ☫ Lady Madonna

    ஒ Físico: Continuei com a mesma impressão. Bem escrito, mas com um estilo chato. A leitura é pesada e não flui naturalmente. Mas há quem goste de textos assim! Esteticamente, diria que o conto está bonito e a autora parece ter talento na área. O maior problema do estilo é que ele transforma o texto numa obra intelectual. É impossível degustar de verdade.

    ண Intelecto: A estória continua concisa, mas falta algo na essência da obra. Vemos apenas uma tempestade de ideias, que não leva o leitor a lugar algum. Não tem nenhuma reflexão. Não há razão para existir, pois não passa nenhuma mensagem grandiosa. É aquele tipo de conto que lemos apenas para nos distrair. Mas não faz diferença se não lê-lo, pois existem milhares e milhares de textos dessa natureza.

    ஜ Alma: É um dos poucos textos em que o cotidiano do personagem está em voga. Parabéns, parabéns e parabéns! Foi o melhor nesse quesito até o momento. Muitos acreditaram que adaptando o conto na nossa realidade já bastava. Ou apenas mencionar a rotina do personagem. Errado! Você acertou, porém!

    ௰ Egocentrismo: Não posso dizer que gostei do conto. O maior problema, creio eu, é o estilo prolixo, que me incomoda e prejudica minha leitura. Não consigo apreciar o texto. Mas a estória é um bom passatempo.

    Ω Final: A autora escreve muito bem. O estilo escolhido, que é pesado, pode acabar prejudicando seu futuro na escrita. O equilíbrio deve ser encontrado. A estória está concisa, mas não é especial. Está dentro do tema! Parabéns por isso!

    ௫ Nota: 8.

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Fábio.
      Seus apontamentos sempre são interessantes e bem elaborados.
      Minha única ressalva é em relação a essa frase “Não há razão para existir, pois não existe nenhuma mensagem grandiosa.” Nessa frase você liga diretamente as duas coisas, ou seja, negando o direito de existir a todos os textos que não tenham uma ´mensagem grandiosa´” Nesse diapasão, um livro de autoajuda teria necessariamente mais impacto, do que um “trópico de câncer”, por exemplo. Na verdade, não só impacto, mas sim o direito exclusivo de existir. Teríamos uma literatura de sobreviventes do aborto, rs.
      De qualquer modo, respeito seu posicionamento (e o direito inalienável de existir).
      Forte abraço.

      • Fabio D'Oliveira
        10 de novembro de 2015
        Avatar de Fabio D'Oliveira

        Olá, Rafael!

        Olha, entendo o que você disse, e acredito que não consegui me expressar muito bem. Fui muito subjetivo.

        No geral, toda obra é bem vinda. Mesmo que o único intuito de sua existência seja entretenimento. Mas não consigo conceber a ideia de que essas obras tenham o mesmo valor daquelas que trazem algo de bom para a humanidade e o planeta. Que falam sobre a atemporalidade.

        Cara, já fui um idealista. Agora, procuro me desenvolver na filosofia. Então, já deu para imaginar o tipo de pessoa que sou. Tenho olhos otimistas. Sentidos aguçados. E adoro imaginar um mundo onde as pessoas possam viver através de um único ideal.

        HAHAHAHAHAHA! É, é difícil viver assim.

        Um grande abraço e parabéns pelo texto!

  3. G. S. Willy
    5 de novembro de 2015
    Avatar de G. S. Willy

    O conto é bem escrito, nos levando para próximo da mente de uma alcoólatra com dupla personalidade. O uso de ela e eu foi muito bem pensado, e colocado de uma forma interessante.

    Porém o conto tem algumas partes maçantes, que pareciam não levar à nada, e acho também que o passado da personagem poderia ter sido explorado. O que a levou a ter aquela vida? Como iniciou e como ela conciliou isso nos dez anos anteriores. Aliás, não me parece muito real alguém conseguir manter um emprego por tanto tempo nessas condições.

    Achei também que o conto poderia ter um final, algo que concluísse, e não que voltasse a estaca zero.

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, G.S Willy!

  4. Bia Machado
    5 de novembro de 2015
    Avatar de Bia Machado

    Muito bom! A expectativa de encontrar um texto de continuação ainda melhor que o primeiro foi concretizada. Por enquanto, é o meu preferido. Não tenho nada a acrescentar, a não ser que gostei, muito mesmo, da forma como você estruturou e levou a narrativa, não transformando o enredo em um texto simples. Adorei esta personagem!

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado, Bia! Fico muito feliz que tenha gostado da personagem.

  5. Leonardo Jardim
    4 de novembro de 2015
    Avatar de Leo Jardim

    Sacrificando Lobos (Lady Madonna) – Primeira Fase

    📜 Trama: (3/5) apenas uma cena, a primeira parte não chega a ser uma história completa.

    📝 Técnica: (4/5) muito boa, metáforas e todo lugar e muitas referências (não saquei todas). Perdeu um ponto pela prolixidade. Prefiro que esses artifícios sejam melhor intercalados com a trama.

    🎯 Tema: (2/2) não estou descontando muitos pontos nesse quesito, pois pode ser o cotidiano dessa mulher.

    💡 Criatividade: (2/3) pontos pelas boas metáforas e referências e não pela cena em si.

    🎭 Emoção/Impacto: (3/5) simpatizei pela protagonista logo na primeira frase, mas a falta de uma história e de entender os motivos dos acontecimentos me deixaram muito perdido.

    Trecho de destaque: “O carro chega riscando o asfalto – berrando com a força de seu pulmão motor – com a potência de 300 cavalos histéricos. Uma espécie de evento cósmico que acordaria toda a vizinhança caso houvesse uma.”

    • Leonardo Jardim
      4 de novembro de 2015
      Avatar de Leo Jardim

      Sacrificando Lobos (Lady Madonna) – Segunda fase:

      📜 Trama: a trama se fecha melhor, pois entendemos quem é a protagonista e a narradora. A revelação final de que são duas personalidades numa mesma pessoa não causou já havia sido intuída ao longo do texto. (+0.5)

      📝 Técnica: manteve o mesmo bom nível. (0)

      🔧 Gancho/Conexão: muito bom, foi muito interessante conhecer a vida da pessoa por trás daqueles atos tão estranhos da primeira parte. (+0.5)

      🎭 Emoção/Impacto: o impacto final foi diluído por eu ter intuído cedo que eram duas personalidades. Podia ter deixado isso menos aparente no meio do texto. (-0.5)

      ⭐ Nota: 9.0

      • Leonardo Jardim
        4 de novembro de 2015
        Avatar de Leo Jardim

        Dúvida: O trecho “Porém, isso não é um conto de inverno, e eu não vou começar fazendo floreios sobre o clima”, seria uma referência ao meu conto Jogo das Estações? 😀

      • Leonardo Jardim
        4 de novembro de 2015
        Avatar de Leo Jardim

        Desculpe, mas recalculei a nota e deu: 8,5!

      • rsollberg
        7 de novembro de 2015
        Avatar de rsollberg

        Obrigado pelo comentário, vizinho!
        Todas as suas observações são pertinentes.
        O trecho citado é uma referencia ao Dylan Thomas, mas creio que o Jogo da Estações pode ter me influenciado.
        Forte Abraço

  6. Pedro Luna
    3 de novembro de 2015
    Avatar de Pedro Luna

    Interessante essa parte 2 que revela a vida dupla da personagem. Um lado que ao se saciar, acaba prejudicando o outro. A escrita é excelente, mas não consegui deixar de pensar que poderia ter sido um texto um pouco mais enxuto, indo direto ao ponto ao invés de se banhar muito nos artifícios e referências que demonstram a bagagem cultural do autor (tanto nas referências a filósofos quanto em brincadeiras como John Locke foi o mesmo que participou de Lost?), mas que me cansaram em algum momento. Mas isso é questão de gosto. Inegável que do jeito que está, está bom. Esse lance de afogar a personalidade em um copo de água que passarinho não bebe sempre acaba em destruição.

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Luna!
      Enxugar é sempre difícil, mas relendo novamente, concordo que o conto poderia ser abreviado em algumas partes. Por isso é tão importante esse retorno aqui, essa dezena de leitores beta com diferentes perspectivas.
      Forte abraço

  7. Thata Pereira
    2 de novembro de 2015
    Avatar de Thata Pereira

    Gostei muito do conto, apensar de ter ficado perdida na segunda parte por causa da narração. Voltei duas vezes tentando entender, procurando quem realmente narrava o conto no início.

    Também achei a cena do táxi bastante corrida e a pergunta do taxista acho que ficou meio no ar…

    Adorei a história e compreendi a confusão na segunda parte do conto, não sei se teria como o(a) autor(a) trabalhar esse final sem causar essa confusão no meio. Para brincar, apenas deixaria mais evidente a figura da professora como o oposto da mulher do bar, pois a mudança de comportamento não me pareceu precisar ser justificada pela interferência de um terceiro. Quero dizer, não senti na professora a “pele de cordeiro”.

    Boa sorte!!

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Thata!
      Eu também tive essa sensação na hora do taxi. Penso agora em tentar refazer com um pouco mais de clama.
      Forte abraço

  8. Felipe Moreira
    2 de novembro de 2015
    Avatar de Felipe Moreira

    Sacrificando Lobos permanece sendo o meu conto favorito nesse desafio. Fiquei fascinado com essa linha de narrativa. Lembra um pouco Rubem Fonseca, sensacional. Minha nota máxima outra vez. A segunda parte não me decepcionou, embora tenha rumado pra uma sequência de eventos que eu não imaginava.

    Parabéns pelo trabalho.

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado Felipe!
      Rubem Fonseca é uma sólida referência para mim. Que bom que tenha visto conexão.
      Forte abraço

  9. Jefferson Lemos
    31 de outubro de 2015
    Avatar de Jefferson Lemos

    Olá, autor (a).

    O conto é, sem dúvida, bem escrito. Há uma aura de estranheza e de conforto que acompanha a leitura, como se pudéssemos entrar em contato com os nossos eus interiores, reforçando a ideia de que todos temos um pouco de loucura por dentro. Cada um com o seu demônio e seus segredos. É interessante porque é verdade.
    Gostei disso no texto, e a personagem exemplifica bem isso.

    A parte narrativa, por outro lado, apesar de ser bem, afiada, peca por excesso. Ao meu ver, há muitas referências e isso não me agrada no texto. O modo como a narradora conta a história é muito “rebuscado”. Fica fazendo analogias o tempo todo, evocando filósofos, cantores, escritores e seja mais o que puder evocar. Não curti muito esse lado da história.

    No geral, o conto é bacana. Consegue passar uma mensagem e nos aproximar daquilo que tememos.

    Parabéns e boa sorte!

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, J.C!
      Você tem razão, é um conto que traz muitas referências. Na realidade, por ser uma história ordinária sobre um personagem complexo, pensei em compensar com esse fluxo de consciência mais elaborado. É bem provável que eu tenha pesado um pouco. Estarei mais atento nos próximos contos.
      Forte abraço.

  10. Gustavo Aquino dos Reis
    28 de outubro de 2015
    Avatar de Gustavo Aquino dos Reis

    Gostei do conto, e creio que a segunda parte ficou melhor que a primeira.

    Não tenho o que falar sobre a escrita sólida do autor(a); a mesma se apresenta com esmero e perfeição.

    Porém, durante toda a narrativa, as alusões, os aforismos, as sacadas oniscientes ao término de cada frase, cansam um pouco. Algumas são muito bem colocadas, mas, mesmo encaixadas com perfeição, tornam-se enfadonhas com a frequência desse artifício narrativo.

    (por favor, não entenda de uma maneira errônea, essa a minha opinião).

    “Pagliacci..”.

    Já não é a primeira vez que vejo esse nome por aqui. Valendo-me da recorrência do sujeito, e das citações de cunho irônico e intelectualóide, desconfio da autoria do trabalho.

    Parafraseando o puto do Henry Morton Stanley, digo:

    “Dr. Cabral, I presume!”.

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Gustavo.
      Antes de tudo gostaria de parabenizá-lo pelo conto primoroso. Volto a repetir, ele ficará gravado na memória do E.C.
      No que diz repeito aos seus apontamentos, você provavelmente tem razão. Essa é basicamente a crítica que o amigo J.C fez. Tentarei ficar bem mais atento nos próximos desafios.
      Forte Abraço.

  11. Tiago Volpato
    27 de outubro de 2015
    Avatar de Tiago Volpato

    Gostei mais da primeira parte. Tem um ritmo, uma energia sensacional. Talvez eu seja suspeito, gosto de personagem porra louca, e já no primeiro paragráfo você me cativou.
    A segunda parte acho que perdeu um pouco desse ritmo. Talvez a mudança de narrador tenha prejudicado. A ideia de duas personalidades em um mesmo corpo é até interessante, mas não gostei da ideia de possessão. No fim pareceu que eram dois textos diferentes.
    Foi um bom texto, gostei muito da primeira parte e o final deixou a desejar.
    Abraços e boa sorte.

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Tiago!
      Realmente existe uma fina linha que divide essa ideia de dupla personalidade e possessão no conto. Vou reler a segunda parte, com nova perspectiva e avaliar mais uma vez essa abordagem.
      Forte abraço

  12. piscies
    24 de outubro de 2015
    Avatar de piscies

    Eita cacete. O que foi que eu li? Tem que pagar alguma coisa pela obra de arte? É de graça mesmo? =)

    Rapaz. Me senti lendo o próximo… o próximo… sei lá, o próximo gênio da literatura, rs rs rs rs. Muito bom!!! Texto cheio de referências, algumas obscuras e algumas mais claras, algumas engraçadas e algumas medonhas… uma linguagem incrível, uma estética sublime… nem sei o que falar disso aqui.

    A transição das duas partes é muitíssimo bem trabalhada, o entendimento de que a segunda parte é o passado vem na hora certa… muito legal!!!

    Parabéns!! Nota 10!!

    • piscies
      24 de outubro de 2015
      Avatar de piscies

      PS: A parte da descrição da periculosidade do banho é SENSACIONAL

      • rsollberg
        7 de novembro de 2015
        Avatar de rsollberg

        Obrigado pelo comentário, Piscies!
        Suas observações me deixaram muito feliz.
        Também gostei de escrever a parte do banho, rs.
        Forte abraço

  13. Anorkinda Neide
    24 de outubro de 2015
    Avatar de Anorkinda Neide

    Achei genial a primeira parte.. a segunda continua..mas… rsrsrs
    Achei que pesou um pouco nas piadas e observações ‘intelectuais’, não sei como definir… Gostei do narrador da segunda fase, ‘julgando’ os acontecimentos mas realmente pesou um pouquinho, acho que poderias retirar um pouco de acidez de tua mente, caro autor… tomas umas colheradinhas de mel 😛

    Mas é um texto muito muito muito competente. Parabéns.
    Abração

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Anorkinda!
      Entendo perfeitamente que algumas partes ficaram indigestas, rs.
      Mas não se preocupe que já comprei o mel.
      Forte Abraço

  14. catarinacunha2015
    24 de outubro de 2015
    Avatar de Catarina Cunha

    Parte II: O subTÍTULO tirou minha dúvida de tal forma que me senti idiota, como não percebi a metáfora antes? (2/2). O TEMA cotidiano ficou mais desgraçado ainda, não achei que fosse possível (2/2). Com um FLUXO deste eu leria “em quantidades absurdas” sem parar para comer, mijar, dormir, etc, etc (2/2). A TRAMA invertida foi de uma engenhosidade desconcertante (2/2). Achando pouco, Lady Madonna nos brinda com um FINAL aterrador. Juro que jamais darei uma aula (2/2). 10, nota 10!

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Catarina!
      Fiquei feliz de não ter recebido uma chuva de tomates.
      Forte abraço

  15. Evandro Furtado
    23 de outubro de 2015
    Avatar de Evandro Furtado

    Tema – 10/10 – adequou-se à proposta;
    Recursos Linguísticos – 9/10 – alguns probleminhas de concordância passaram, nada de mais;
    História – 10/10 – bem complexa, mas justificada pelo final sensacional;
    Personagens – 10/10 – construídos com maestria, bem definidos psicologicamente;
    Entretenimento – 7/10 – o excesso de metáforas e divagações travou o texto em alguns momentos, principalmente no início das partes;
    Estética – 9/10 – é um estilo único, sem dúvida, que você vai se adequando conforme a leitura avança. Mas, como já citei, às vezes essa utilização exacerbada de quebras na narrativa deixam o texto um pouco truncado. É preciso tomar cuidado pois a impressão que temos é de um maravilhoso carro de luxo que engasga na passagem de marchas.

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Evandro.
      Todos os apontamentos foram devidamente anotados e serão objetos de reflexão para os próximos desafios. Nunca é tarde para voltar pra autoescola.
      Forte abraço

  16. Fabio Baptista
    23 de outubro de 2015
    Avatar de Fabio Baptista

    O texto completo ficou realmente muito bom.
    Curiosamente, relendo tudo, perdi a primeira impressão de que não era uma mulher narrando.

    Saquei uma caralhada de referências e provavelmente tenha deixado passar outra, pois o texto é muito inteligente e bem sacado.

    NOTA: 10

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Fabio!
      Fico feliz que tenha sacado as referências, isso é uma das recompensas.
      Ah, e vc tinha razão, eu mesmo me confundi com a voz da personagem. Acho que não consegui arrancar a testosterona da minha protagonista!
      Forte abraço;

  17. Claudia Roberta Angst
    20 de outubro de 2015
    Avatar de Claudia Roberta Angst

    Bom, o que dizer deste conto? Não é uma leitura fácil, talvez pela densidade e pela grande quantidade de referências.

    Um cotidiano retratado de forma inusitado, mas sem dúvida, o tema foi abordado.

    O autor sabe lidar com as palavras, criando um curto-circuito muito elaborado de sinapses criativas. O leitor, vez ou outra, perde-se no labirinto de ideias e se pergunta – onde estou? Para onde vou agora?

    Claro que aconteceu comigo o mesmo que deve ter passado com outros aqui – fiquei confusa com a alternância da narração – ora eu, ora ela. Até que – buuum – a luz se fez e entendi o lado esquizofrênico da coisa. A professora e a piranha bêbada. O médico e o louco. As várias personalidades de Sybil. O “ela” que se torna “eu”.

    Não encontrei falhas na revisão exceto – ” somos doméstico ” – faltou um S aí.

    Enfim, li o conto de uma vez só. Não foi fácil, mas gosto de uma areia movediça de vez em quando.

    Boa sorte! 🙂

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Claudia!
      Adorei suas observações!!!
      Forte abraço

  18. Brian Oliveira Lancaster
    20 de outubro de 2015
    Avatar de Victor O. de Faria

    EGUAS (Essência, Gosto, Unidade, Adequação, Solução)

    E: Uma história que se complementa muito bem no decorrer das descrições. Estilo seco e direto, que agrada muitos por aqui. – 9,0.
    G: Não faz meu estilo, mas não posso negar a habilidade do autor ao narrar as situações corriqueiras. É possível sentir a angústia do personagem, ainda mais na segunda parte. – 9,0.
    U: Algumas palavras diferentes, fora do padrão, travaram um pouco a linha de pensamento. Mas não estragou a experiência geral. A escrita flui muito bem. – 9,0.
    A: Um cotidiano bem comum, se isso não for pleonasmo. Conseguiu atingir em cheio o objetivo. – 9,0.
    S: Mostrar o depois para então mostrar o antes, está sendo bem utilizado por aqui. Neste caso você consegue incorporar as duas histórias de maneira sutil, o que foi ótimo. – 9,0.

    Nota Final: 9,0.

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Brian.
      Sempre dou uma risada com esse EGUA, agora no plural. Devia ter percebido quando vi o SWAT.
      Apontamentos armazenados!!!
      Forte abraço

  19. Rubem Cabral
    20 de outubro de 2015
    Avatar de Rubem Cabral

    Olá, Lady Madonna.

    Nossa! Eu já estava impressionado com a primeira parte e, minha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, você revirou tudo ao avesso e conseguiu um complemento ainda superior à primeira! Com que faca afiada você esculpiu essa universidade e sua fauna?!

    Sem mais, nota 10!

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Rubem!
      É sempre muito bacana agradar um escritor que a gente admira, Na realidade, fiquei lisonjeado com o cometário do Gustavo, que achou que o texto fosse seu. Isso sim é elogio!
      Forte abraço

  20. Rogério Germani
    18 de outubro de 2015
    Avatar de Rogério Germani

    Olá, Lady Madonna!

    O sarcasmo e as frases de impacto foram mantidas. Ponto também para a levada rock’n’roll intacta.

    Pondero apenas no exemplo abaixo:

    “Ela corre para o banheiro, que já está acostumado a receber os despejos dos males que o corpo nunca consegue absorver…”
    Gostava mais quando a narração estava na primeira pessoa, combina mais com o resto do texto. Quando inúmeras vozes narram a mesma trama, resta-nos duas opções:

    1) ou a protagonista é desequilibrada o suficiente para ficar falando dela mesma na 3ª pessoa

    2) ou estamos diante do roteiro de Sin City pronto para explodir

    Tudo bem que é uma levada mais punk de “O médico e o Monstro” mas, convenhamos, fazer do “Monstro” o lado mais pensante da dupla e, portanto, senhor de todas as situações, soa exagerado.

    Boa sorte!

    • rsollberg
      8 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Rogério!
      Na verdade, não há mudança na voz do personagem, apenas na perspectiva, de dentro e de fora, que basicamente é a chave do conto. No que diz respeito ao ser mais pensante, nem eu sei se ele realmente o é. Certamente é o mail eloquente e exibido. Com base no seu comentário, estou até cogitando escrever sobre a outra perspectiva, só como exercício mesmo, vamos ver no que vai dar…
      Forte abraço

  21. Renato Silva
    30 de setembro de 2015
    Avatar de Renato Silva

    Olá.

    Começa o conto fazendo uma analogia entre a existência humana e das moscas é algo bem interessante. Mas depois o conto fica estranho. Não gosto muito dos rumos que leva.

    Texto impecável, sem erros.

    Boa sorte

    • rsollberg
      8 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Renato!
      Que bom que tenha achado interessante a primeira analogia, pena que não tenha gostado do rumo do conto. Mesmo diante deste “estranho” tão vago, tentarei melhorar da próxima vez.
      Forte abraço

  22. Gustavo Aquino dos Reis
    30 de setembro de 2015
    Avatar de Gustavo Aquino dos Reis

    Gostei da história e, até o quinto parágrafo, as sacadas magistrais funcionaram. Porém, depois de alguns momentos, começou a ficar cansativo devido as inúmeras referências e o avanço comedido da narrativa. A prostituta com ares de intelectualidade ficou muito bem representada.

    Uma escrita de qualidade impar e que denota genialidade.

    Parabéns pelo trabalho. Acho que sei quem escreveu esse aqui…

  23. catarinacunha2015
    30 de setembro de 2015
    Avatar de Catarina Cunha

    O TÍTULO é bonito, mas não entendi qual é a do lobo(1,5/2). Cotidiano desgraçado honrando o TEMA com louvor (2/2). O estilo ousado combinado com a riqueza do vocabulário fez do FLUXO do conto uma pérola a parte (2/2). TRAMA intimista Underground sempre me fascina (2/2). Com um gancho surpresa soube construir um FINAL digno de continuação (2/2). 9,5

  24. Lucas Rezende
    30 de setembro de 2015
    Avatar de Lucas Rezende

    Olá,
    Muito bom. A escrita está primorosa, foi muito gostoso ler a história. A trama por sua vez é ousada. O(A) autor(a) não teve medo de escrever sobre uma garota trêbada em um bar que depois se prostitui no caminho de casa.
    A personagem é um deleite, suas opiniões e confusões “parafraseando Jesus Cristo ou Arnold Schwarzenegger, tanto faz.” são ótimas.
    O desfecho coube bem ao conto “o silêncio que constrange o fim da história…”
    Parabéns!
    Boa sorte!

    Nota: 10

    • rsollberg
      8 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Lucas!
      Gostei muito de escrever sobre essa personagem, que bom que tenha te agradado.
      Forte abraço

  25. Thata Pereira
    28 de setembro de 2015
    Avatar de Thata Pereira

    Tem muitos contos como esse, que eu gostei bastante, mas que não me deixaram curiosa para uma nova continuação. Acho que o fato de sabermos que as histórias continuarão está influenciando nisso, pelo menos para mim. Não sei se seria bem um gancho, mas algo que despertasse nossa curiosidade. Gostei do conto, mas gostaria que algo nele apimentasse o desejo de mais.

    Boa sorte!!

  26. Bia Machado (@euBiaMachado)
    28 de setembro de 2015
    Avatar de Bia Machado (@euBiaMachado)

    Emoção: 2-2 – Um texto forte e corajoso, gostei bastante.

    Enredo: 1-2 – É bem simples, nada de mais, só que as conjecturas foram bem interessantes de serem acompanhadas.

    Construção das personagens: 2-2 – É um conto escrito para a personagem, não para a situação. E que sustenta o texto.

    Criatividade: 2-2 – Muito boa, não deve ser fácil segurar um leitor com um conto nesse estilo, que é um tanto diferente do que se vê comumente. Fonseca ou Trevisan adorariam, certeza.

    Adequação ao tema proposto: 1-1 – Para mim, está adequado.

    Gramática: 1-1 – Não vi nada que desabonasse, ou o texto me prendeu tanto que nem percebi, rs.

    Trecho destacado: “A vida não é uma caixinha de surpresas, ela é uma esfera metálica em uma roleta viciada. Fatos ordinários dentro de uma circunferência que não para de girar. Tudo igual, e de novo, e mais uma vez. Até que o FIM. Não, ainda não. Talvez mais tarde.”

  27. Gustavo Castro Araujo
    26 de setembro de 2015
    Avatar de Gustavo Castro Araujo

    Seguramente, um dos contos mais inteligentes que já li por aqui e, o que mais importante, sem parecer pedante ou exagerado. O texto é de uma preciosidade sem tamanho, escrito de forma muito inspirado, como se o autor filosofasse sobre seus assuntos favoritos. DE fato, cada linha, cada frase traz alguma sentença que nos faz pensar profundamente. Chega a se parecer com “A Arte da Guerra”, ainda que com foco diametralmente oposto – ou não. E o mais interessante é ver como tudo de junta compondo uma narrativa melancólica, mordaz, irônica e sarcástica. É como se o autor nos fizesse observar o átomo e, aos poucos, nos obrigasse a tomar mais e mais distância, até que percebêssemos o desenho do todo. Genial. Cheguei ao fim com aquele desejo incontido de ver o desdobramento dessa triste e ácida história. Lady Madonna ainda tem muito a contar.
    Nota: 9

    • Gustavo Castro Araujo
      2 de novembro de 2015
      Avatar de Gustavo Castro Araujo

      Retomando…
      Interessante o desdobramento. Ao que parece, o autor deixa de lado o virtuosismo das digressões pessoais e passa à concatenação dos atos. Agora sabemos que nossa protagonista – garota de programa – é na verdade uma professora de faculdade com traços esquizofrênicos. A maneira mordaz de encarar o mundo, de rotular pessoas, de lidar com as dificuldades e de buscar uma saída fácil (!) para uma existência modorrenta permanece intocada na segunda metade do conto. Inteligentemente, o autor não propõe explicações, jamais soa moralista ou didático. Antes, nos oferece um punhado de situações desconfortáveis como quem diz: virem-se. E assim cabe a cada um que se depara com essa filosofia cotidiana extrair dela o sentimento que mais se amolde à sua própria experiência de vida. Pelo pseudônimo escolhido, cheguei a pensar que a história diria respeito a uma mãe solteira com sete tipos de dificuldades, como na canção dos Beatles. Fico feliz que você, caro autor, tenha escapado dessa armadilha que, apesar da homenagem, poderia ter feito com que o enredo se tornasse telegráfico, mesmo que bem construído. Enfim, um belo texto que certamente será bem lembrado por aqui. Excelente trabalho.
      Nota final: 9,0

      • rsollberg
        8 de novembro de 2015
        Avatar de rsollberg

        Obrigado pelo comentário, chefe!
        Fiquei muito feliz com suas impressões. Seu esmero nesta tarefa é algo que sempre me fascina.
        Forte abraço

  28. Tiago Volpato
    25 de setembro de 2015
    Avatar de Tiago Volpato

    Gostei do texto, me ganhou na primeira frase 😛
    Tem muitos pontos interessantes na história e boas reflexões. Algumas delas, na minha opinião, saíram do controle, e para mim perdeu um pouco da graça. Algumas metáforas também me pareceram um pouco exageradas na história, apesar de fazerem sentido com o personagem.
    Mas eu gostei, o texto está bom, acho que faltou alguma coisa para nos apontar pro próximo texto, do jeito que ficou, o segundo texto não vai fazer falta.
    Abraços!

  29. Pedro Viana
    23 de setembro de 2015
    Avatar de Pedro Viana

    Excelente, simplesmente.

    Escrevo este comentário depois de ler todos os contos do grupo e escrever anotações em uma caderneta. Portanto, quando eu digo que este foi o segundo melhor conto que li, não estou sendo leviano. Parabéns!

    Seu texto é forte, denso, pontualmente sagaz. Sua personagem traz camadas de profundidade para a história. Sua escrita, além de demonstrar grande domínio da língua, leva consigo uma “bagagem de analogias” que daria inveja para qualquer escritor.

    Como volto ao EntreContos depois de um longo período distante destas competições, não reconheço apenas pela escrita se você é alguém que conheço ou não. Em todo caso, deixo registrada aqui minha enorme curiosidade para desvendar o nome sob este pseudônimo.

    Sem mais delongas, digo que deixarei um 10 em sua pontuação.

    Abraços e sucesso!

    • rsollberg
      8 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Pedro!
      Fico bem feliz que tenha gostado.
      Forte abraço

  30. Anorkinda Neide
    23 de setembro de 2015
    Avatar de Anorkinda Neide

    Poxa, que conto no ponto.
    Todo acertado, fácil de ler e profundo ao mesmo tempo.
    Encontrei um ‘rodízio’ sem acento.
    Uma intelectual derrotada, desabada numa descrição impecável de uma noite cotidiana qualquer na vida desta mulher. Realmente um espetáculo de leitura. O parágrafo descrevendo a última cerveja ingerida, foi o melhor. E também o último, ela andando trôpega, me lembrou o Capitão Jack Sparrow.. kkk Me fez rir e refletir em todo o texto.
    Parabéns.

  31. pythontrooper
    22 de setembro de 2015
    Avatar de pythontrooper

    Escrito em primeira pessoa, esse conto impressiona pela capacidade poética e pela quantidade de referências. São pensamentos bastante desordenados e confusos, justamente o que se espera de alguém que está bêbada e deprimida. Muito bom.

    • rsollberg
      8 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Pythontrooper.
      Forte abraço

  32. Maurem Kayna
    22 de setembro de 2015
    Avatar de Maurem Kayna

    O excesso de adjetivos e citações (que podem ser uma forma de caracterizar a bagagem / presunção da personagem ou um exibicionismo de quem escreve) tornam a leitura um pouco cansativa, mas o retrato de um cotidiano em decomposição de falta de sentido de um estrato social funciona.

    • rsollberg
      8 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Maurem.
      Prometo que tentarei fazer algo menos cansativo da próxima vez.
      Forte abraço

  33. Brian Oliveira Lancaster
    21 de setembro de 2015
    Avatar de Victor O. de Faria

    Texto cru e direto, com um estilo bem conhecido. O autor escreve muito bem, apesar de não gostar muito desse gênero. Todas as imagens são vívidas e conseguimos nos ater aos pensamentos da personagem, de forma instantânea. Mas, o que há além das colinas?

  34. Felipe Moreira
    20 de setembro de 2015
    Avatar de Felipe Moreira

    Esse conto tem uma narrativa deliciosa. Acho que ele carrega uma acidez adequada, junto, é claro, das referências que fazem dela uma personagem muito mais estruturada. Achei isso muito bom. Quero muito ler a continuação desse texto, mesmo sabendo que possa haver uma espécie de quebra espontânea de simetria nele. Sei lá, pelos menos foi essa a impressão que fiquei quando li esse último parágrafo. Parabéns pelo trabalho, está muito bom.

  35. Fabio D'Oliveira
    18 de setembro de 2015
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    ☬ Sacrificando Lobos
    ☫ Lady Madonna

    ஒ Físico: O teto está bem escrito, mas o estilo, que é um tanto prolixo, poderá cansar muitos leitores. Mas isso não é ruim em si, apenas restringe a base de leitores da autora. A narrativa é concisa e bem construída, assim como a estética do texto. Muito bom!

    ண Intelecto: O leitor consegue sentir a atmosfera do conto, que se trata de uma realidade pessimista e feia. Isso é ótimo! Entretanto, o enredo e a protagonista não inovam e, no final das contas, o texto repassa o que já foi repassado muitas vezes por outros escritores.

    ஜ Alma: Está dentro do tema do desafio. Vemos a rotina da narradora de forma fiel e real. Maravilhoso! O texto se sustenta sozinho, tanto que não precisa de uma continuação. Não tem poder de atração. Não tem nenhum gancho.

    ௰ Egocentrismo: Não gostei do conto, apesar da escrita de qualidade. O texto é obscuro demais para mim. Gosto de apreciar a escuridão, mas não quero fazer parte dela. E o conto não reproduz as trevas… Ele faz parte.

    Ω Final: Um texto bem escrito com um enredo conciso. Tanto a estória como o estilo irão agradar determinado grupo de leitores. Outros irão se afastar. Está dentro do tema, mas não tem muito poder de atração, nem sentido, para uma continuação.

  36. Fabio Baptista
    16 de setembro de 2015
    Avatar de Fabio Baptista

    Muito bom.

    Viajei junto nesse fluxo de consciência quase insano, com ótimas sacadas (tipo de Jesus x Exterminador do Futuro).

    Só teve um pequeno grande problema: o tempo todo imaginei um homem narrando. Quando o texto me lembrava que se tratava de uma mulher, dava um pequeno lag aqui na cabeça.

    A escrita está ótima, só achei esse pequeno detalhe:

    – “Como num rodizio, ela se locomove como um glutão absorto em suas obsessões. O voo – como sempre – é errático”
    >>> Deu uma exagerada nos “como”

    Não há muita trama, mas nesse tipo de narrativa isso não faz muita diferença.

    NOTA: 8

  37. Rubem Cabral
    15 de setembro de 2015
    Avatar de Rubem Cabral

    Olá, Lady Madonna.

    Bukowski “baixou” forte aqui, não? Gostei muito do texto: está muito bem escrito e chega a ser exagerado ao disparar tantas ideias e metáforas com a fúria de uma metralhadora.

    Há pouco o que arrumar no texto, só vi um “somos doméstico” onde o “s” desceu pela garganta da protagonista feito a cerveja quente.

    Enredo: 5 (0-6)
    Escrita: 4 (0-4)

    Parabéns e abraço.

  38. Ruh Dias
    14 de setembro de 2015
    Avatar de Ruh Dias

    Quanta testosterona! A temática do conto não me atraiu, mas talvez eu não seja o público-alvo de um conto como este, então acredito que seja apenas uma questão de gosto pessoal. Nos aspectos técnicos (gramática, desenvolvimento da idéia, etc), o conto está bem escrito.

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Ruh Dias!

  39. Rogério Germani
    12 de setembro de 2015
    Avatar de Rogério Germani

    Olá, Lady Madonna!

    Enredo envolvente com magistral levada do rock! A rebeldia é a chama do conto. Talvez, daí, a falta de pontos de exclamação em algumas frases. De exemplo, deixo esta:

    “– Adeus, babaca – grito, já do lado de fora da espelunca.”

    Pena que o uso de linguagem e pensamentos eloquentes não condizem com a situação de uma personagem que se refugia na absorção compulsiva de bebidas alcoólicas para seguir o seu cotidiano sem se arranhar com a realidade.

    “Não há depressão, pois não existe tempo para reflexão.”

    Existem, sim, a dor do cotidiano, mas como o conto é em primeira pessoa, as palavras ficam inverossímeis na boca de uma personagem que quase sempre entra em coma alcoólica nos botecos da vida.

    “Ergo minha cabeça do travesseiro travestido de bancada.”

    Nota 7

    • rsollberg
      7 de novembro de 2015
      Avatar de rsollberg

      Obrigado pelo comentário, Rogério.

Deixar mensagem para Thata Pereira Cancelar resposta

Informação

Publicado às 12 de setembro de 2015 por em Cotidiano, Cotidiano Trevisan e marcado .